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Internacionais
0 - Introdução
Esse material teve como origem as notas de aula confeccionadas para a disciplina de
Economia Matemática (EcoMat) do curso de Relações Econômicas Internacionais (REI)
do Departamento de Economia da UFMG. Essa é uma disciplina de 60 horas e é a única
disciplina obrigatória na área de matemática que os estudantes têm em sua trajetória
acadêmica. As notas de aula foram então adaptadas para que a disciplina pudesse ser
lecionada em formato remoto emergencial por causa da pandemia do Covid-19, sendo
esse texto o resultado dessa adaptação.
Para tanto, EcoMat inicia-se com uma revisão de matemática dos ensinos fundamental e
médio em pontos relevantes para o ensino de matemática básica em nível superior. O
intuito é apresentar um nivelamento aos alunos, uma vez que a heterogeneidade dos
mesmos é grande ao ingressarem na UFMG por diversas razões. Em seguida, EcoMat
apresenta tópicos normalmente abordados em disciplinas de matemática no primeiro
semestre no nível superior. Entretanto, os tópicos tendem a ser apresentados com um
rigor teórico muito menor do que normalmente é de praxe em disciplinas de Cálculo I.
O objetivo é apresentar uma disciplina mais leve, tendo como ênfase aplicações em
Economia. A parte final da disciplina aborda questões que normalmente são ensinadas
em disciplinas do segundo semestre em nível superior, também tendo como ênfase
aplicações em Economia, e com um menor rigor teórico do que disciplinas de Cálculo
II.
1
A disciplina foi montada tendo como base o livro: Cálculo Aplicado para Ciências
Sociais, Administrativas e da Vida, do autor S. T. Tan. Essa é a referência central de
consulta e estudo. O programa da disciplina, portanto, se baseia em alguns capítulos
desse livro. Note que tópicos presentes em disciplinas de Cálculo I não são
contemplados, como integração e aplicações. Também não são incluídos pontos
associados à Geometria Analítica e Álgebra Linear (GAAL).
Quatro amigos, José, João, Lucas e Antônio, têm 60 reais cada um para gastar em um
bar. O preço da latinha de Brahma é 5 reais, PB 5 , o preço da latinha de Antártica
também é 5, PA 5 , o preço da latinha de Heineken é 6, PH 6 , e o preço da latinha de
Stelinha é 10, PS 10 . A porção de picanha sai por 20 reais, PP 20. Cada um dos
amigos tem um perfil de preferência de consumo.
José é bebedor de cerveja. Para ele não importa qual, apenas a quantidade é que
importa. Como que ele vai gastar seus 60 reais? Como para ele o que importa é a
quantidade, ele vai consumir sempre a mais barata. No caso desse bar, ele não vai
“desperdiçar” seu dinheiro com Stelinha (S) ou Heineken (H) e irá consumir só as mais
baratas, Brahma (B) e/ou Antártica (A). Se ele consumir só Brahma, consegue consumir
12 latinhas. O mesmo vale para Antártica.
2
O gráfico a seguir mostra as possibilidades de consumo de José. Ele pode consumir
qualquer quantidade de Brahma e de Antártica desde que a soma de ambas seja 12:
A B 12. No caso, temos uma reta. Com veremos em EcoMat, as retas são minuto
usadas em problemas aplicados e também como base para a discussão de pontos
centrais da matemática em nível superior.
12
12 B
João também gosta de cerveja. Não liga para picanha. Mas João gosta mais de Stelinha,
depois de Heineken, depois de Brahma e depois de Antártica. Note que com essa
informação, você já sabe que ele não irá consumir Antártica, pois ele prefere Brahma e
ambas tem o mesmo preço. Se ele gosta mais de Brahma do que de Antártica e ambas
custam 5 reais, ele vai preferir tomar a primeira e nunca a segunda. Mas para continuar
resolvendo o problema, você precisa demais informações. Cada 1,2 Brahmas que ele
bebe vale 1 Heineken Cada 1,2 Heinekens que ele bebe vale 1 Stelinha. Como que ele
vai gastar seus 60 reais?
Ele prefere Stelinha quando comparada com a Heineken. Mas note que a Stelinha é
muito mais cara. Para tomar uma Stelinha, ele gasta 10 reais. Isso vale conforme a
preferência de João o equivalente a 1,2 Heinekens, que irão custar 1,2*6 = 7,2 reais.
Então, ele irá consumir Heinekens e não Stelinhas por causa do custo/benefício.
Gastando 7,2 reais em Heineken, ele obtém a mesma satisfação do que gastando 10
reais em Stelinha. No caso de Brahmas e Heinekens, cada Heineken custa 6 reais e
equivale a tomar 1,2 Brahmas, que também custam 6 reais. Ou seja, João é indiferente
entre tomar 1 Heineken ou 1,2 Brahmas e os gastos são iguais. Se ele gastar todo o
3
dinheiro em Brahma irá consumir 12 latinhas e se consumir tudo em Heineken irá
consumir 10 latinhas. O gráfico 2 mostra as possibilidades de consumo de João.
10
12 B
PB B PH H 60
5 B 6 H 60
Ou reescrevendo:
6 H 5 B 60
5
H B 10
6
Por enquanto os dois primeiros problemas foram resolvidos tendo como conhecimento
essencial a reta.
4
Lucas é bebedor de cerveja, mas também gosta de um tira gosto. Pode tomar só cerveja
ou comer só tira gosto. Nunca consome cerveja com tira gosto. Ou seja, gasta tudo com
cerveja ou gasta tudo com picanha. Cada porção de picanha vale para ele 3 Stelinhas, 4
Heinekens, 4 Brahmas ou 5 Antárticas. Como que será o consumo de Lucas?
Para consumir uma porção de picanha, ele gasta 20 reais. Para consumir 3 Stelinhas, 4
Heinekens ou 5 Antárticas, ele gastaria mais dinheiro para o mesmo nível de satisfação,
respectivamente 30 reais, 24 reais e 25 reais. Assim, nos três casos, Lucas preferiria
consumir picanha em detrimento de qualquer dessas cervejas. Para consumir 4
Brahmas, o custo é de 20 reais, igual ao da picanha, e Lucas é indiferente ao consumo
de 4 Brahmas ou uma picanha. Assim, as possibilidades de consumo são duas. Ele vai
consumir tudo em picanha, 3 porções, ou tudo em Brahma, 12 latinhas. O gráfico
abaixo mostra isso.
B
12
P
3
Antônio bebe cerveja com tira gosto. Ao contrário de Lucas, Antônio sempre consome
os dois juntos. Qualquer cerveja, tanto faz. Ele tem a mesma satisfação em consumir
quatro cervejas de qualquer marca e uma picanha ou duas picanhas e uma cerveja.
Podemos representar a satisfação de Antônio com o consumo de cerveja, C, e picanha,
P, pela seguinte equação:
S (C , P) CP 2 .
Note que a satisfação em consumir quatro cervejas e uma picanha, (C, P) (4,1), é dado
por:
5
S (4,1) 4(1) 2 4.
S (1,2) 1(2) 2 4.
Essa equação é uma função de varias variáveis, sexto tópico da nossa disciplina.
Quanto que Antônio irá consumir de cerveja e picanha? Como o que importa é a
quantidade de cerveja, ele irá consumir Antártica e/ou Brahma. Entretanto, saber quanto
de cerveja e quanto de picanha não é trivial. Os demais problemas podem ser resolvidos
com o conhecimento prévio adquirido no ensino médio. Para resolver problemas como
esse existem métodos bastante eficazes que utilizam conceitos que iremos aprender
nessa disciplina: otimização com restrição de funções de várias variáveis. Na verdade, o
principal objetivo dessa disciplina é fazer todo o caminho do ensino médio até poder
resolver problemas assim.
6
1 - Preliminares
7
Reta Real ()
-2 -1 0 1 2
A reta real vai de até : (, ). Entretanto, podemos selecionar parte desses
valores, obtendo intervalos.
[0,1].
(0,1).
Similarmente, o intervalo (,3) contém todos os números menores que -3, e não
inclui esse último.
Expoentes e radicais
a n a.a... n vezes.
Por exemplo:
23 2.2.2 8
(1) 4 (1)(1)(1)(1) 1
Se n for negativo, podemos fazer uso da seguinte operação para facilitar o cálculo:
1
an .
a n
8
Por exemplo:
1 1
33 3
.
3 27
n
a a1 / n .
Por exemplo:
2
2 21 / 2.
3
8 81 / 3.
Como veremos, é muito mais usual e prático no cálculo escrever as raízes como
expoentes.
Os expoentes têm algumas propriedades muito uteis que são constantemente utilizadas.
Uma delas é a seguinte:
a n a m a nm .
Por exemplo:
23 2 4 234 27.
1
3334 334 31 .
3
a n m
a n.m .
Por exemplo:
5 2 3
52.3 56.
5 2 1/ 2
5.
4 1/ 2 2
4.
9
Polinômios
Por exemplo:
x 2 5 x 1;
x 3 5.
O grau do polinômio é dado pelo monômio de maior grau. No caso desses dois
exemplos, o primeiro é de grau 2 e o segundo é de grau 3.
( x 2 5 x 1)(3x 2) 3x 3 2 x 2 15 x 2 10 x 3x 2 3x 3 17 x 2 13 x 2.
( x 2) 2 ( x 2)( x 2) x 2 2 x 2 x 4 x 2 4 x 4.
(a b) 2 a 2 2ab b 2 .
Muitas vezes podemos fatorar uma expressão, tanto polinômios como de outros tipos de
expressão. Isso pode facilitar em álgebras futuras. Por exemplo:
x 3 x 2 x x( x 2 x 1)
10
Raízes de polinômios de segundo grau
ax2 bx c
ax 2 bx c 0,
x
b b 2 4ac
1/ 2
.
2a
Exemplo
2 x 2 5x 12 0
x
5 5 2 4(2)(12)
1/ 2
5 25 96
1/ 2
5 121
1/ 2
5 11
2(2) 4 4 4
5 11 6 3
x1 .
4 4 2
5 11 16
x2 4.
4 4
Note que:
2
3 3
2 5 12 0
2 2
x x1 x x2 0
11
3
x x ( 4 ) 0
2
3
x x 4 0.
2
Vejamos:
3 12
x 2 x 4x 0
2 2
3 8
x2 x x 6 0
2 2
5
x2 x 6 0
2
2 x 2 5x 12 0
Depois de cada seção serão indicados exercícios do livro-texto. Não deixe para depois.
Faça-os assim que você acabar d estudar esse material, sempre tendo como auxílio o
livro-texto. O livro-texto é muito mais completo do que esse material. Assim, terminada
a primeira seção do capítulo 1, os estudantes devem fazer os exercícios selecionados das
páginas 13/14 do livro-texto, como forma de fixação dos conceitos revisados.
Essa segunda seção continua com a revisão de conceitos normalmente ensinados nos
ensinos fundamental e médio.
Razões
12
x 2 x 2 x 2 x 2 x 4
2
2 .
x 1 x 4 x 1x 4 x 3x 4
x2
x 1 x 2 x 4 x 2 x 4 x 6 x 8 .
2
x 2 x 1 x 2 x 1 x 2 x 2 3 x 2
x4
2 3
2 x 18 x 2 x x 2 18 x x 1
2 3 2 2
2 x 4
4 x 18 x 4 18 x 2
x 1 x 2 x 2 1 x3 2
x 2 1 x3 2
2 x 10 x 3 9 x 2
.
x 1 x 2
2
3
Desigualdades
Exemplo 1
x 2 2x 8 0
x
2 2 2 4(1)(8)
1/ 2
2 4 32
1/ 2
2 36
1/ 2
26
2(1) 2 2 2
x1 4
x2 2
Para valores menores que x 4, por exemplo, x 5, o polinômio é positivo:
(5) 2 2(5) 8 25 10 8 7 0.
13
O mesmo acontece para valores maiores que x 2, por exemplo, x 3 :
(3) 2 2(3) 8 9 6 8 7 0
(0) 2 2(0) 8 8 0.
Exemplo 2
Segue outro exemplo de desigualdade, desta vez com uma razão. Para quais valores de x
x 1
que a desigualdade 0 é satisfeita?
x 1
Note que temos duas possibilidades para que essa desigualdade seja satisfeita:
1) Se x 1 0, x 1 0;
2) Se x 1 0, x 1 0.
x 1 0
x 1
Para valores x 1 :
x 1 0
Para valores x 1 :
x 1 0
14
- 1 +
x 1 0
x 1
Para valores x 1 :
x 1 0
Para valores x 1 :
x 1 0
- -1 +
Assim, temos a união entre esses dois conjuntos como resposta para a desigualdade:
Valor absoluto
1) Se a 0, a a;
2) Se a 0, a a.
Por exemplo:
a 2, 2 2.
15
a 3, 3 3.
Vimos anteriormente a reta de números reais. A partir de duas retas de números reais
dispostas fazendo um ângulo de 90º, obtemos as coordenadas cartesianas. Elas são
muito utilizadas na matemática. Por exemplo, para representar pontos. Qualquer ponto
em duas dimensões pode ser representado nas coordenadas cartesianas como a mostrada
aqui. Nos últimos tópicos da nossa disciplina veremos coordenadas cartesianas em mais
dimensões.
Coordenadas cartesianas
(1,1) (2,1)
1
-2 1 2 x
-2
(-2,-2)
A distância entre quaisquer dois pontos é calculada usando o teorema de Pitágoras. Note
que obtemos um triângulo retângulo no diagrama a seguir.
16
y1
y0
x0 x1
D 2 x1 x0 y1 y0
2 2
D x1 x0 y1 y0
2
2 1/ 2
D 2 1 3 1
2
2 1/ 2
1 2
2
2 1/ 2
51/ 2.
D 2 4 3 4
2
2 1/ 2
6 7
2
2 1/ 2
36 49
1/ 2
811/ 2 9.
Como descrito na introdução desse texto, essa disciplina irá apresentar diversos
problemas aplicados à Economia. Assim, sempre que possível e factível serão
introduzidos exemplos aplicados que ilustram os conceitos sendo discutidos.
O diagrama a seguir mostra uma escola à beira de uma lagoa e uma ilha nessa lagoa. A
distância pela orla da lagoa da escola até o ponto mais perto da ilha é 1000 metros. A
distância mais curta da beira da lagoa até a ilha é 400 metros.
17
Existem diferentes possibilidades para os estudantes chegarem à ilha.
A) Os estudantes podem caminhar até o ponto da orla mais próximo da ilha e depois
podem nadar o restante. Assim, caminhariam 1000 metros e nadariam 400:
A
Danda 1000
A
Dnada 400
B – Eles podem sair nadando direto da escola. Note que isso é a hipotenusa do triângulo
retângulo. Assim, a distância percorrida nadando é (o valor foi aproximado, daí esse
igual meio torto):
B
Danda 0
B
Dnada
1000 2 400 2 1/ 2
1017
C
Danda 1000 200 800
C
Dnada
200 2 400 2 1/ 2
447
Ilha
Qual desses caminhos é o mais rápido? Depende da velocidade que os estudantes andam
e nadam. Vejamos um exemplo com dois estudantes.
18
João
Vanda 6Km / hora 6000 metros / hora 6000 metros / 60 min 100 m / min .
João
Vnada 17m / min .
Maria
Vanda 67m / min .
Maria
Vnada 50m / min .
1000 m 400 m
TAJoão 33,5 min .
100 m / min 17 m / min
1017 m
TBJoão 63 min .
17 m / min
800 m 447 m
TCJoão 34 min .
100 m / min 17 m / min
Como João nada muito lentamente, o caminho A foi o mais rápido e o caminho B foi o
mais lento.
1000 m 400 m
TAMaria 22,9 min .
67 m / min 50m / min
1017 m
TBMaria 21,5 min .
50m / min
800 m 447 m
TCMaria 20,9 min .
67 m / min 50m / min
19
Como Maria nada mais rapidamente, o caminho B foi mais rápido que A, mas o
caminho C foi o mais rápido.
Note que esse cálculo foi feito com x 200 . Podemos escrever esses tempos com o x no
lugar dos 200.
T ( x)
(1000 x) x 2 400 2
1/ 2
Vanda Vnada
Para João:
Para Maria:
Vamos esboçar um gráfico com os tempos de Maria, pois iremos utiliza-lo para
introduzir novos conceitos.
Sabemos que:
T Maria(200 ) T Maria(1000 );
T Maria(200 ) T Maria(0).
20
Juntando os pontos que calculamos de forma aproximada:
T(x)
0 200 1000 x
Com o conhecimento que temos até o momento nessa disciplina poderíamos calcular
diversos pontos para verificar para qual valor de x que o tempo de Maria é o menor
possível:
T Maria(199 ) 20,89
T Maria(200 ) 20,88
T Maria(201) 20,88
T Maria(202 ) 20,87
T Maria(210 ) 20,83
T Maria(250 ) 20,63
T Maria(300 ) 20,45
T Maria(400 ) 20,27
T Maria(500 ) 20,27
21
T Maria(600 ) 20,39
Esse processo pode ser bastante tedioso, principalmente se não for feito com o auxilio
de um computador. Não tem um método melhor? Sim, existe um método que vamos
aprender em breve. Como veremos, é um método relativamente simples e muito
poderoso. Ele utiliza o cocei toda derivada. Pelos resultados acima, nota-se que o
mínimo deve estar entre x = 400 e x = 500. Na verdade, o tempo mínimo para Maria é
em x = 448.
Além disso, para reforçar os conceitos abordados no exemplo de João e Maria, refaça os
cálculos se:
1.4 – Reta
A reta é muito usada em problemas teóricos e aplicados. Além disso, ela é a base de
toda a discussão sobre o uso da derivada. Ou seja, é um conceito essencial para
continuarmos caminhando em direção ao nosso objetivo final da disciplina, que é
calcular o consumo de Antônio no bar.
22
y A
B (3,3) C
(1,2) (6,3)
(0,0) (3,0) x
Esses dois parâmetros definem uma reta: a inclinação e o local onde a reta corta o eixo
dos y. Eles são denominados, respectivamente, de coeficiente angular, e coeficiente
linear ou intercepto.
Inclinação
y y1 y0
m .
x x1 x0
y1 y0 2 0
mA 2.
x1 x0 1 0
30
mB 1.
30
30
mC 1.
63
Note, como já adiantado, que m B mC . Além disso, note que a três inclinações são
positivas. Isso quer dizer que quando x aumenta, y também aumenta, e quando x
23
diminui, y diminui. Entretanto, podemos ter inclinações negativas ou nulas, como
mostra o diagrama abaixo.
m=2
m=1
m=0
m = -1
Intercepto
O intercepto é aonde que a reta corta o eixo y. Vamos representar o intercepto pela letra
b, como usualmente é feito. Retornando a figura com as retas A, B e C, temos:
b A 0.
bB 0 .
bC 3.
Equação da reta
De posse desses dois parâmetros, obtemos a equação da reta. De forma genérica, temos:
y mx b.
y A 2x.
Ou seja, quando:
24
x 0, y 0;
x 1, y 2;
x 4, y 8.
Tomando a reta B como exemplo, temos:
y B x.
Ou seja, quando:
x 1, y 1;
x 2, y 2.
yC x 3.
Nos casos acima, tínhamos um diagrama com as retas e dois pontos para cada uma.
Calculamos a inclinação e obtemos os valores dos interceptos diretamente do diagrama.
Entretanto, o mais usual é termos dois pontos e com eles obtemos a equação da reta sem
o auxilio de figuras.
Por exemplo, qual reta que passa pelos pontos (-2, 5) e (2, -3)? Note que quando x
aumenta, y diminui. Ou seja, a inclinação é negativa. Além disso, não é obvio como
obter o intercepto.
y1 y0 35 8
m 2.
x1 x0 2 (2) 4
y mx b 2 x b.
Depois disso substituímos qualquer dos pontos na equação da reta para determinarmos
b. Por exemplo, o ponto (-2,5) foi o escolhido:
y 2 x b.
5 2(2) b.
25
b 1.
y 2 x 1.
Exemplo 1
João tem 50 reais para gastar em um bar, enquanto José tem 75 reais para gastar no
mesmo bar. O preço da latinha de Brahma é PB 5 e o preço da latinha de Antártica é
PA 5. Qual são as retas que representam as restrições orçamentárias dos dois amigos?
Para João:
PB B PA A 50
5 B 5 A 50
5 A 5 B 50
AJoão BJoão 10
José tem 75 reais, então pode consumir 15 latinhas de cerveja, como mostra a reta em
azul, que é a restrição orçamentária de José. A inclinação é a mesma, pois os preços das
cervejas não mudaram, mas o intercepto é A 15 :
15
10
26
João José
10 15 B
Exemplo 2
João continua a ter 50 reais para gastar. Além do mesmo bar acima, “O Barateiro”,
resolve ir em outro bar, “O Chique”, em que o preço da Brahma continua o mesmo,
PB 5, e o da Antártica é PA 10. Compare as duas restrições orçamentárias. “O
Barateiro” está em azul e do “O Chique” em vermelho.
10
Barateiro
5
Chique
10
ABar. BBar. 10
PB B PA A 50
5 B 10 A 50
10 A 5 B 50
1
AChi. BChi. 5
2
A inclinação mudou por que o preço de um só item mudou. Ou seja, a relação entre os
preços das duas cervejas mudou. O intercepto também mudou, pois João ficou
relativamente mais pobre.
27
Além das retas descritas acima com m 0, temos as retas horizontais e verticais.
y mx b
y b
Por exemplo:
y=2
y = -4
No caso das retas verticais, não usamos a expressão acima. Simplesmente toda a reta
tem o mesmo valor de x:
x = -2 x=5
a) 5 B 5 A 50 e 10 B 10 A 100;
28
b) 5 B 5 A 50 e 5 B 15 A 100 .
29
2 – Funções, limites e derivada
2.1 - Funções
Ilha
T ( x)
(1000 x) x 2 400 2
1/ 2
Vanda Vnada
Para Maria:
T ( x)
(1000 x) x 2 400 2
1/ 2
67 50
30
E confeccionamos um gráfico aproximado:
T(x)
0 200 1000 x
Note pelo gráfico que para cada valor de x, temos um único valor de tempo. Isso
caracteriza uma função. No caso desse problema dizemos que o tempo é uma função de
x.
Mais formalmente:
Uma função é uma regra que determina para cada valor de x A, um único valor de
y B, onde y f (x).
x A yB
31
Exemplos de função:
1) f ( x) x
2) f ( x) x 2
F(Q)
32
Em todos os exemplos acima, para qualquer valor de x A tínhamos um único valor de
y B, onde y f (x).
Um exemplo que não é função, pois um único valor de x leva a dois valores de y:
x2 y2 1
x A yB
Domínio da função
33
mais do que o necessário. Assim, x pode variar entre 0 e 1000, ou seja, a função faz
sentido se definida para esses valores de x.
O domino de uma função f (x) é o conjunto de valores de x tal que a função é definida.
No caso do problema escola/ilha, o domínio dessa função é x [0,1000 ]. O gráfico a
seguir mostra isso.
T(x)
0 200 1000 x
No caso da função F (Q) PQ, Q é a quantidade vendida. Assim, não faz sentindo falar
em quantidade negativa. O domínio da função é Q [0, ), como mostra o gráfico a
seguir.
F(Q)
Um ponto a ser lembrado é que todo polinômio tem como domínio toda a reta real:
x (, ). Por exemplo: f ( x) x 2 . Qualquer número pode ser elevado ao quadrado.
34
Problema aplicado – Fazendo caixas sem tampa a partir de um papelão
Assim como o exemplo da escola/ilha, esse exemplo vai aparecer diversas vezes na
nossa disciplina. Um papelão retangular de dimensões 100 cm x 40 cm vai ser
transformado em uma caixa sem tampa ao dobrarmos as extremidades, x de cada lado,
como mostra o diagrama:
x x
40
x x
100
A altura da caixa será x. O lado menor terá como dimensão 40 – 2x. E o lado maior 100
– 2x.
V ( x) x40 2 x 100 2 x
40 x 2 x 2 100 2 x
35
4000 x 200 x 2 80 x 2 4 x 3
4 x 3 280 x 2 4000 x
Se o papelão não for dobrado, x 0. Se o papelão for dobrado ao meio com relação ao
lado menor, x 20 . O conjunto de valores que a função é definida é o domínio, Logo, o
domínio dessa função é x [0,20].
Note que nesses dois extremos o volume da caixa é zero. Para qualquer outro valor de x,
o volume é positivo. O gráfico abaixo mostra essa relação de forma aproximada:
V(x)
0 20 x
Como veremos depois fazendo uso da derivada, o volume máximo da caixa de papelão
é obtido em x 8,8 :
São três os casos “clássicos” de obtenção de domínio. A tabela a seguir mostra esses
três exemplos.
Para polinômios, como já mencionado, o domínio é toda a reta real. São mostrados dois
exemplos de polinômios.
No caso de raízes, uma raiz só é definida se o que está dentro da raiz for igual ou maior
que zero, como mostrado na tabela.
Por fim, para uma razão, o denominador deve ser diferente de zero, também como
mostrado na tabela.
36
Função Domínio Exemplos
Polinômio (, ) f ( x) x 1;
f ( x) x 2 x 3
Raiz: a a0 f ( x ) x 3;
x 3 0, x 3.
a b0 1
Razão: f ( x) ;
b x 1
x 1 0, x 1.
Imagem da função
Exemplo 1
37
Exemplo 2
f(x)
Exemplo 3
f(x)
38
2.2 – Álgebra de funções
F(Q)
C(Q)
Note que as duas funções tem o mesmo domínio: Q [0, ). Portanto, não existe um
impedimento a esse respeito para somar ou subtrair essas funções.
39
A partir dessas duas funções, podemos obter a função lucro da firma:
L(Q) F (Q) C (Q) 10Q 9 Q 2 Q 2 10Q 9.
Note que essa função é um polinômio de segundo grau, cujo domínio é o mesmo
definido acima. Para esboçar a figura, podemos achar as raízes do polinômio:
Q 2 10Q 9 0
Q 2 10Q 9 0
10 100 36 10 64 10 8
1/ 2 1/ 2
Q
2 2 2
Q1 1
Q2 9
Para valores menores que Q1 1, o lucro é negativo, pois o faturamento é muito baixo
para pagar os custos fixos e variáveis. Note que, para Q 0 :
Para valores acima de Q2 9, o lucro também é negativo, pois o custo variável aumenta
40
L(Q)
O salário de um indivíduo, S(E), varia conforme sua escolaridade, E. Uma curva como a
mostrada a seguir exemplifica isso. Note que um aumento de escolaridade quando a
escolaridade da pessoa já é elevada tem um maior impacto no salário do que quando
essa tem um nível de escolaridade baixo.
S(E)
10000
1000
E
0 16
Assuma que um trabalhador com zero ano de estudo tem um salário de 1000 reais.
Além disso, assuma que um trabalhador com curso superior completo, E = 16, o
41
máximo de escolaridade possível, uma vez que todos que tem pós-graduação são
agrupados aqui, tem um salário de 10000:
S (0) 1000
S (16) 10000
Note que essa curva se parece com a função custo descrita acima. Assim, assumimos
que:
S ( E ) 1000 bE 2 .
b(256 ) 9000
S ( E ) 1000 35,2 E 2 .
42
E(t)
16
12
0 6 t
E (0) 12
E (6) 16
Note que essa curva se parece com a função do salário descrita acima. Assim,
assumimos que:
E (t ) c dt 2 .
E (t ) 12 dt 2 .
E(6) 12 d 6 16
2
d 6 16 12 4
2
d 4 / 36 1 / 9.
Ficamos com:
1
E (t ) 12 t 2 .
9
43
De posse das duas funções, respondemos a seguinte questão: qual é a relação do salário
com o tempo? Temos uma função “dentro da outra”, que é uma função composta:
1
S[ E (t )] 1000 35,212 t 2 .
9
No nosso caso, a função “de dentro” é E(t). O domínio dessa função é t [0,6], que é
mostrado em azul no diagrama a seguir. A imagem dessa função é E (t ) [12,16], que é
mostrada em verde. Note que essa imagem é um subconjunto do domínio de S (E ) ,
E [0,16], que é mostrado em vermelho. Ou seja, a função composta é bem definida.
Para completar, a imagem de S (E ), mostrada em laranja, é S ( E) [1000 ,10000 ].
E (t ) S (E )
E [0,16]
44
2.3 – Funções e modelos matemáticos - Curvas de oferta e demanda
Curva de demanda
Como mostra a figura a seguir, em geral, a medida que o preço de um bem aumenta, a
quantidade demandada pelo bem diminui.
100
Q( P) .
P
Curva de oferta
No caso da curva de oferta, de forma geral, à medida que o preço do bem aumenta mais
firmas o ofertam. Isso está esquematizado no diagrama a seguir.
45
Q
P2
Assuma que essa relação é dada por: Q( P) .
10
Equilíbrio de mercado
Lembrando que Q 0 e P 0.
Para a demanda:
100
Q( P) ;
P
100
P(Q) .
Q
Para a oferta:
P2
Q( P) ;
10
P(Q) 10Q .
1/ 2
Além disso, as duas curvas são colocadas em um mesmo gráfico. Assim, a curva
vermelha e a de demanda e a curva azul é a de oferta.
46
P
Pe
Qe Q
10Qe
100 1/ 2
Qe
2
100
10Qe 1/ 2
2
Qe
10000
10Qe
Qe2
Qe3 1000
Qe 10
100 100
Pe (Qe ) 10.
Qe 10
No equilíbrio de mercado, Qe 10 e Pe 10 .
47
2.4 – Limites
Os limites são a base do cálculo tanto da derivada, que vamos aprender nessa disciplina,
como da integral, que não vamos aprender aqui, mas que é um tema abordado em
disciplinas de Cálculo I. Como veremos, os limites também são muito úteis para
desenhar gráficos. A descrição sobre limites aqui é bastante breve, com foco no
estritamente necessário para prosseguirmos na nossa disciplina.
100
Q( P) .
P
Qual é o domínio da função? Note que o preço deve ser diferente de zero para que a
função seja definida e também positivo: P (0, ).
Exemplo 1
Limite 1
Se P 5, Q 20;
se P 20, Q 5;
se P 100, Q 1;
48
se P 100 .000 .000 .000, Q 1/1.000 .000 .000 0
A medida que P cresce, Q diminui. Podemos fazer P tão grande quanto queiramos.
Assim, fazendo P extremamente grande, dizemos que ele tende a infinito, P . E aí
Q fica extremamente pequena e dizemos que ela tende a zero: Q 0.
Escreve-se assim:
lim Q 0.
P
Limite 2
Se P 1, Q 100;
A medida que P diminui, Q aumenta. Podemos fazer P tão pequeno quanto queiramos.
Fazendo P extremamente pequeno, dizemos que ele tende a zero. Entretanto, note que
P 0, então não temos P negativo. Como P tende para zero, mas a partir de valores
positivos, escreve-se assim: P 0. Quando isso ocorre, Q fica extremamente grande:
Q .
Escreve-se assim:
lim Q .
P 0
Limite 3
Se P 3, Q 33,3;
se P 2,1, Q 47,6;
49
se P 2,001, Q 49,98;
se P 2,000001 , Q 49,99998 .
Como o preço tende para 2 por valores superiores a 2, portanto, P 2 . Além disso,
note que Q 50.
Escreve-se:
lim Q 50.
P 2
Se P 1, Q 100;
se P 1,9, Q 52,6;
se P 1,999, Q 50,03;
se P 1,99999 , Q 50,0003 .
Escreve-se:
lim Q 50.
P 2
lim Q 50.
P 2
Esse ponto será abordado com mais detalhes na próxima seção como os limites laterais.
Exemplo 2
x3 0
x 3.
f ( x)
x 3x 2 x 2.
x 3
No caso, com exceção de x = 3, onde a função não é definida, temos uma reta:
f(x)
3 x
Note que é possível calcular os limites mesmo se a função não for definida no ponto,
pois esse ponto não entra nos limites. O valor tende ao valor específico, mas não é igual
ao valor.
Assim, podemos calcular os limites em torno do ponto aonde a função não é definida:
lim x 2 5;
x 3
lim x 2 5.
x 3
Daí decorre:
lim x 2 5.
x 3
51
Exemplo 3 – Custo médio de produção
200 .000
Note que 100 é o custo variável de produzir cada unidade e é a divisão do
Q
custo fixo pelas unidades produzidas.
O custo fixo passa a ser negligenciável, pois é dividido por uma produção muito grande.
E se a produção for muito pequena? Note que a função Cme (Q) é definida para Q 0 :
Usando essas duas informações, dá para esboçar um gráfico? De forma rudimentar, sim.
Sabemos os dois limites e ligamos os pontos.
52
Cme(Q)
100
Essa seção discute a questão da continuidade de funções, ponto essencial para o cálculo
da derivada. Para discutir a continuidade, fazemos uso do conceito do limite lateral, que
já calculamos antes.
Limites laterais
Exemplo 1
100
Como vimos na seção anterior, dada a função Q( P) , obtemos os limites laterais
P
para P 2.
lim Q 50 .
P2
lim Q 50 .
P2
53
Como os limites são feitos de forma separada para cada lateral de valores, esses são
limites laterais.
Exemplo 2
x 3x 2 .
Retomamos ao exemplo com a função f ( x)
x 3
Também vimos que os limites laterais assumiam os seguintes valores:
lim x 2 5;
x 3
lim x 2 5.
x 3
Note que nesses dois exemplos, os limites laterais são iguais. Mas nem sempre isso
ocorre.
Exemplo 3
f ( x) x 1, se x 0; e
f ( x) x 1, se x 0.
Esboçamos o gráfico dessa função. Note que não são duas funções. É uma única função
definida em duas partes.
54
Note que para x 0, vale f ( x) x 1. Assim, temos:
lim f ( x) lim x 1 1;
x 0 x 0
Limite
O limite em um ponto específico existe quando os limites laterais são iguais e finitos:
lim Q 50 e lim x 2 5.
P 2 x 3
Função contínua
função contínua é aquela que pode ser desenhada sem tirar o lápis do papel.
55
Exemplo 1 – Função contínua
f ( x) x
56
Exemplo 1 – O limite no ponto existe, mas a função não é definida no ponto.
f ( x)
x 3x 2 ,
x 3
f(x)
3 x
f ( x) x 1, se x 0, e
f ( x) x 1, se x 0.
57
Exemplo 3 – A função é definida no ponto, o limite existe, mas o valor do limite
difere do valor da função no ponto.
f ( x) x 2, se x 3
f ( x) 4, se x 3
f(x)
5
4
3 x
Função contínua
2) lim f ( x ) existe;
x a
3) lim f ( x ) f (a )
xa
Nos exemplos acima, o exemplo 1 não satisfaz o primeiro quesito, mas os demais
exemplos satisfazem. O segundo quesito é satisfeito pelo primeiro e terceiros exemplos,
mas não pelo segundo. O terceiro exemplo satisfaz os dois primeiros quesitos, mas não
satisfaz o terceiro.
Note que polinômios são sempre contínuos. Razões de polinômios são contínuos
quando o denominador for diferente de zero.
58
Terminada a quinta seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios
selecionados das páginas 126/127 do livro-texto.
2.6 – A derivada
Como foi mencionado, a reta é a base de toda a discussão sobre o uso da derivada.
Retomamos a discussão de inclinação da reta, com o diagrama a seguir.
(1,2)
(0,0) x
Como vimos, a inclinação de uma reta é a razão entre a variação de y dada uma variação
de x:
y1 y0
m .
x1 x0
20
m 2.
1 0
Agora, partimos de uma função qualquer, obtemos dois pontos dessa função e
calculamos a inclinação da reta formada por esses dois pontos, que é denominada reta
secante.
59
Iniciamos com esses dois pontos de f ( x) x 2 :
(1,1) e (2,4).
4 1
m 3.
2 1
Fazemos isso de novo fixando um dos pontos (1,1) e escolhendo outro ponto que se
3 9
aproxima desse primeiro. No caso, , .
2 4
9 9 4 94 5
1
m 4 4 4 4 4 5 2 10 5 2,5.
3 3 2 3 2 1 4 1 4 2
1
2 2 2 2 2
Repetimos esse procedimento fixando o ponto (1,1) e escolhido outro ainda mais
próximo desse 1,1;1,21.
1,21 1 0,21
m 2,1.
1,1 1 0,1
60
1,002001 1 0,002001
m 2,001 .
1,001 1 0,001
Note que o ponto (1,1) ficou fixo e fomos aproximando o outro ponto desse primeiro.
Na verdade estamos fazendo um limite.
f(x0+h)
f(x0)
x0 x0+h
y1 y0 f ( x1 ) f ( x0 ) f ( x0 h) f ( x0 ) f ( x0 h) f ( x0 )
m .
x1 x0 x1 x0 ( x0 h ) x0 h
Podemos aproximar o segundo ponto tanto quanto queiramos do primeiro. Note que
x1 x0 h, então aproximar os pontos tanto quanto queiramos é o mesmo que h 0.
Obtemos assim um limite.
61
Note que fizemos a aproximação desse exemplo com valores de x maiores que 1. Mas se
fizermos o mesmo com valores abaixo de 1, os resultados serão exatamente iguais. Note
que para esse limite existir, os limites laterais devem ser iguais e finitos:
f ( x0 h) f ( x0 ) f ( x0 h) f ( x0 )
lim lim L.
h0 h h0 h
Caso os limites laterais sejam iguais e finitos, o limite existe. Esse limite é a derivada e
fornece a inclinação da reta tangente à curva. Esse conceito é extremamente importante
e daqui para frente o utilizaremos constantemente.
Derivada
f ( x0 h) f ( x0 )
lim .
h0 h
f(x0)
x0
y y1 y0
m .
x x1 x0
62
Quando calculamos o limite acima, obtemos a inclinação da reta tangente ao ponto.
Note que h 0 é o mesmo que x 0. E se temos uma inclinação finita e x 0,
isso implica em y 0. Quando fazemos o limite trocamos de nomenclatura de x
para dx e de y para dy. Essa troca mostra que estamos calculando o limite:
dy f ( x0 h) f ( x0 )
lim .
dx h 0 h
dy
se lê como: d y d x.
dx
Além disso, existe outra forma de se indicar a derivada de forma mais sintética:
dy f ( x0 h) f ( x0 )
lim f ´( x) y´.
dx h0 h
Coloca-se um tracinho, uma linha, para indicar que temos uma derivada.
dy f ( x h) f ( x)
lim .
dx h0 h
Exemplo 1
f ( x) 2 x
Primeiro note que essa função é uma reta, y mx b, cuja inclinação é m 2. Ou seja,
a reta tem uma mesma inclinação em todo o seu domínio.
f ( x h) f ( x)
.
h
63
f ( x) 2 x
f ( x h) 2( x h)
f ( x h) f ( x) 2( x h) 2 x 2 x 2h 2 x 2h.
f ( x h) f ( x) 2h
2.
h h
dy f ( x h) f ( x)
lim lim 2 2.
dx h 0 h h0
dy
Note que a inclinação da reta tangente, que é a própria reta, tem inclinação 2,
dx
como já sabíamos.
Exemplo 2
f ( x) x 2
64
Vejamos.
f ( x h) f ( x)
.
h
f ( x) x 2
f ( x h) ( x h) 2 x 2 2 xh h 2
f ( x h) f ( x) x 2 2 xh h 2 x 2 2 xh h 2 h(2 x h)
f ( x h) f ( x) h(2 x h)
2 x h.
h h
f ( x h) f ( x)
lim 2 x h 2 x.
dy
lim
dx h 0 h h0
dy
Como já tínhamos verificado, o valor de ( x) 2 x depende do valor de x.
dx
Se x 2,
dy
(2) 2(2) 4.
dx
Se x 5,
dy
(5) 2(5) 10.
dx
Se x 3,
dy
(3) 2(3) 6.
dx
Se x 0,
dy
(0) 2(0) 0.
dx
65
Exemplo 3
f ( x) x 3
Assim como no exemplo anterior, a derivada dessa função assume valores diferentes
dependendo de x. Seguindo os mesmos passos, obtemos a razão.
f ( x) x 3
f ( x h) f ( x) h(3x 2 3xh h 2 )
3x 2 3xh h 2 .
h h
f ( x h) f ( x)
f ´( x) lim lim 3x 2 3xh h 2 3x 2 .
h0 h h0
Se x 2,
f ´( 2) 3(2) 2 12.
Se x 3,
Se x 0,
66
f ´(0) 3(0) 2 0.
Exemplo 4
f ( x) 5
Note que essa é uma reta horizontal com inclinação nula. Ou seja, a derivada é zero par
a todos os valores de x. Ainda assim, obtemos a derivada dessa função:
f ( x) 5
f ( x h) 5
f ( x h) f ( x) 0
f ( x h) f ( x) 0
h h
0
f ´( x) lim 0.
h 0 h
Note que h tende a zero. Ele não é zero. Portanto, 0 dividido por algo que tende a zero é
zero.
67
Note que podemos generalizar alguns resultados a partir desses exemplos, que usaremos
muito no próximo capítulo.
Exemplo Generalização
f (x) f ´(x) f (x) f ´(x)
f ( x) 5 f ´( x) 0 f (x) Constante f ´( x) 0
f ( x) 2 x f ´( x) 2 f ( x) mx b f ´( x) m
f ( x) x 2 f ´( x) 2 x f ( x) x n f ´( x) nx n 1
f ( x) x 3 f ( x) 3 x 2
Agora que aprendemos como calcular a derivada, para que ela serve? O cálculo da
inclinação da reta tangente tem inúmeras aplicações, inclusive em Economia.
Exemplo 1
No nosso caso do exemplo da escola e a ilha, queríamos obter o mínimo do tempo gasto
entre a escola e a ilha.
Ilha
68
O gráfico a seguir mostra o tempo gasto por Maria. O ponto azul é o menor tempo
possível. Note que nesse ponto a inclinação da reta tangente é zero, pois a reta é
horizontal. Ou seja, estamos buscando o ponto onde T ´( x) 0. Simples assim.
T(x)
0 200 1000 x
Exemplo 2
Lá atrás mostrei um exemplo de uma firma que tinha essa função lucro:
L(Q)
Exemplo 3
Além de achar máximos e mínimos, a derivada é usada em muitas outras aplicações. Por
exemplo, na obtenção da produtividade marginal do trabalho, como mostrado no
diagrama a seguir. Ou seja, quanto que a produção, representado pela função de
produção, Q(L), varia quando mudamos o gasto com trabalho, L. Trabalho é comumente
representado pela letra L (em inglês labor). A produtividade marginal do trabalho é a
derivada da função de produção: Q´(L).
69
Na seção 3.4 esse conceito será abordado com mais profundidade.
Q(L)
A derivada e a continuidade
Entretanto, não se pode obter a inclinação da reta tangente de uma função em uma
descontinuidade. A seguir são mostrados três exemplos de função descontínua. No
ponto onde ela é descontínua, não conseguimos obter o limite que define a derivada.
Exemplo 1
70
Exemplo 2
No exemplo 2, um dos limites laterais que definem a derivada poderia ser calculado no
ponto de descontinuidade, o limite superior. Entretanto, o limite lateral inferior não
pode ser calculado, logo o limite que define a derivada não existe.
Exemplo 3
Portanto, a derivada só existe se a função for contínua. Mas somente isso não basta.
71
A função tem que ser “redondinha”. O que isso quer dizer? Não pode ter pontas.
laterais que define a derivada nesse ponto são diferentes, logo o limite não existe, ou
seja, a derivada não existe.
f(x)
Para x 0,
f ( x) x x.
f ( x) x
f ( x h) x h
f ( x h) f ( x) x h x
1
h h
f ( x h) f ( x)
lim lim 1 1
h0 h h0
Para x 0,
f ( x) x x.
f ( x) x
72
f ( x h) ( x h)
f ( x h) f ( x) x h x
1
h h
f ( x h) f ( x)
lim lim 1 1
h0 h h0
Assim, em x 0, os limites laterais são distintos, e o limite, logo a derivada, não existe.
O ponto também não pode ser no fim do domínio. Por exemplo, a função faturamento
representada no gráfico a seguir tem como domínio Q [0, ). Como calcular a
derivada no ponto x 0 ? Um dos limites laterais pode ser obtido, o limite superior,
mas o outro não.
F(Q)
73
3 – Diferenciação
Na verdade, você já viu algumas das regras básicas de derivação, as três primeiras delas.
Duas outras são apresentadas. Em duas delas aparece a letra a, a é uma constante.
d
1- a0
dx
2-
d
mx b m
dx
d n
3- x nx n1
dx
As duas próximas você ainda não viu, mas são bastante simples:
d d
4- af ( x) a f ( x)
dx dx
5-
d
f ( x ) g ( x ) d f ( x) d g ( x)
dx dx dx
Exemplo
f ( x) x 3 2 x 2 3x 4
74
Queremos obter a derivada dessa função. Poderíamos fazer uso da definição de
derivada, mas daria um pouco de trabalho. Utilizando as regras básicas de derivação é
bastante rápido e simples.
A regra 5 mostra que podemos separar a derivada de uma soma de funções em uma
soma de derivadas. Aplicando essa regra ao nosso exemplo, temos:
d
dx
f ( x)
d 3
dx
x 2 x 2 3x 4
dx
x 2 x 2 3x 4.
d 3 d
dx
d
dx
d
dx
Agora temos quatro derivadas mais simples para fazer. Antes de calcularmos cada uma
delas, aplicamos a regra 4. Se uma função é multiplicada por uma constante, a derivada
da função também será multiplicada pela mesma constante. Aplicando essa regra no
nosso exemplo, temos:
x 2 x 2 3x 4 x 3 2 x 2 3 x 4.
d 3 d d d d d d d
dx dx dx dx dx dx dx dx
d
4 0.
dx
d
3 x 3(1) 3.
dx
d 3
x 3x 2 ;
dx
d 2
2 x 2(2 x).
dx
d 3
dx
x 2 x 2 3x 4 3x 2 4 x 3 0 3x 2 4 x 3.
75
Na prática não fazemos todas essas etapas, uma depois da outra. A derivada é feita em
uma etapa só, como mostra essa última expressão. É só questão de se familiarizar com o
processo.
Regra do produto
h( x) f ( x) g ( x).
Exemplo
h( x ) f ( x ) g ( x ) x 3 x1 / 2 1 .
f ( x) x 3 .
g ( x) x1 / 2 1.
76
Depois derivamos cada uma delas.
Usando a regra 3:
f ( x) x 3 .
f ´( x ) 3 x 2 .
g ( x) x1/ 2 1.
g´( x) x1/ 2 1 x1/ 2 1 .
Usando a regra 1, temos:
1 0
Usando a regra 3, temos:
x 12 x
1/ 2 1 / 2
1 1
g´( x) x 1/ 2 0 x 1/ 2 .
2 2
x x
3 1/ 2
1 3x x 2 1/ 2
1 1 7
1 x 3 x 1/ 2 3x 5 / 2 3x 2 x 5 / 2 x 5 / 2 3x 2 .
2 2 2
Assim como foi descrito nas regras básicas de derivação, depois de automatizado , todo
esse processo será feito em uma única etapa.
No caso particular desse exemplo podemos multiplicar antes de derivar, mas nem
sempre isso será possível:
h( x ) x 3 x1 / 2 1 x 7 / 2 x 3 .
77
7 5/ 2
h´( x) x 3x 2 .
2
Nesse caso foi mais fácil multiplicar e derivar, mas não se engane. Muitas vezes é mais
difícil, muitas vezes a multiplicação de funções é complicada, muitas vezes a
multiplicação é impossível (ou quase).
Regra do cociente
f ( x)
h( x ) .
g ( x)
f ( x) f ´( x) g ( x) f ( x) g´( x)
h´( x) .
g ( x) g 2 ( x)
Note o sinal menos no numerador. Não confundir com a regra do produto, que tem o
sinal positivo.
Exemplo 1
x2 1
h( x ) .
x2 1
h´( x)
x 2
1 x2 1 x2 1 x2 1 2 x x 2
1 x 2 1 2 x
2x3 2x 2x3 2x
x 2
1 2
x 2
1 2
x 2
1
2
4x
.
x 2
1
2
Exemplo 2
Podemos ter um produto dentro de um cociente, que é o mesmo que um cociente dentro
de um produto:
78
w( x)
f ( x) g ( x) x 3 1 x1/ 2 3
h( x) x2 1
Em casos assim basta utilizar as duas regras descritas acima, primeiro uma e depois a
outra, tanto faz a ordem de utilização:
w( x)
x 3
1 x1 / 2 3
x 3 1 1/ 2
2 x 3
x2 1 x 1
Partimos do primeiro formato, onde a regra do produto aparece dentro de uma regra do
cociente:
w´( x)
x 3
1 x1/ 2 3 x 2 1 x 3 1 x1/ 2 3 x 2 1
x 1
2 2
79
A derivada poderia ter sido obtida a partir de uma regra do cociente dentro de um
produto. O resultado é exatamente igual.
S(E)
10000
1000
E
0 16
80
E(t)
16
12
0 6 t
dS
1) Qual é a derivada do salário com relação à escolaridade, (E ) ?
dE
S ( E ) 1000 35,2 E 2 .
dS
( E ) 0 70,4E 70,4E.
dE
dS
(1) 70,4.
dE
dS
(10) 704 .
dE
dE
2) Qual é a derivada da escolaridade com relação ao tempo, (t ) ?
dt
1
E (t ) 12 t 2 .
9
dE 2
(t ) t.
dt 9
81
dE 2
(1) .
dt 9
dE 10
(5) .
dt 9
Outra questão é
dS
3 – Qual é a derivada do salário com relação ao tempo, (t ) ?
dt
Nesse exemplo específico, temos duas opções relativamente simples para obter essa
derivada.
2
1 1
S (t ) S E (t ) 1000 35,212 t 2 1000 35,2144 t 2 t 4 .
24
9 9 81
dS 48 4 48 4
(t ) 0 35,2 0 t t 3 35,2 t t 3 .
dt 9 81 9 81
Substituindo t = 1:
dS 48 4 9 * 48 4 9 * 24 2 218
(1) 35,2 35,2 70,4 70,4 .
dt 9 81 81 81 81
Aqui vamos usar a regra da cadeia. Utilizar essa regra pode ser mais fácil do que o
modo anterior. Mas também utilizamos essa regra por que ela pode apresentar
vantagens interpretativas, como no caso desse exemplo aplicado.
Primeiro, montamos a regra da cadeia. Para esse exemplo pode parecer trivial, mas para
exemplos do cálculo de várias variáveis, utilizar esse procedimento para montar a regra
82
da cadeia é bastante útil (Esse ponto não será estudado nessa disciplina e é normalmente
abordado em disciplinas do segundo semestre do nível superior).
S[E(t)]
dS
Pela seta azul: .
dt
dS
Pela primeira seta vermelha: .
dE
dE
Pela segunda seta vermelha: .
dt
dS dS dE
dt dE dt
dS
A derivada que queremos calcular, , é calculada a partir de um produto de duas
dt
dS dE
derivadas: . Note que essas duas últimas derivadas são fáceis de entender
dE dt
depois que as funções foram explicadas. São as inclinações das curvas mostradas nos
diagramas anteriores.
Assim, temos:
dS dE 2
70,4 E t
dS
(t )
dt dE dt 9
Se t 1,
83
1 109
E(1) 12
9 9
dS 109 2 218
(1) 70,4 70,4 .
dt 9 9 81
Aposto que você achou a segunda opção mais complicada. Assim, quais são as
vantagens em se usar regra da cadeia?
4 – A regra da cadeia é uma ferramenta poderosa e pode ser usada em problemas mais
complicados.
Exemplo 2
f ( x) x 2 x 1
g ( y ) y 100
df
2x 1
dx
dg
100 y 99
dy
g f (x).
84
dg
O objetivo é obter a derivada .
dx
Opção 1
g ( x) x 2 x 1 100
Já desisti.
Opção 2
g[f(x)]
dg dg df
100 y 99 2 x 1 100 x 2 x 1 2 x 1.
dx df dx
99
Nesse caso, utilizar a regra da cadeia é muito mais fácil. Realmente é uma ferramenta
poderosa. Além disso, chegamos em uma outra regra que iremos usar bastante, que é a
regra da cadeia com outro nome.
Regra da potência
g ( x) f ( x)
n
g´( x) n f ( x)
n1
f ´( x)
Exemplo 1
g ( x) x 2 x 1 100
g´( x) 100 x 2 x 1 x
99 2
x 1 100 x 2 x 1 2 x 1
99
85
A função pode vir simplesmente como f (x) e o procedimento é o mesmo:
Exemplo 2
f ( x) x 3 3
1/ 2
f ´( x)
2
1 3
x 3 3x 2
1 / 2
Em alguns exemplos temos que usar mais de uma regra, como no exemplo abaixo com
a regra do produto e a regra da potência:
Exemplo 3
f ( x) 2 x 2 1 x 4 3
3
3
f ´( x) 2 x 2 1 x 4 3 2 x 2 1 x 4 3
3
f ´( x) 4 x x 4 3 2 x 2 1 3 x 4 3 4 x 3
3
2
86
3.4 – Aplicações em Economia
Se a firma aumentar de 2 para 3 trabalhadores, a produção irá aumentar de: Q(3) – Q(2).
Essa é a produtividade marginal do terceiro trabalhador. Quanto que a produção irá
Q
aumentar pela introdução desse terceiro trabalhador: PmgL .
L
Q(L)
1 2 3 Q
87
Q(L)
F (Q) 10Q.
F(Q)
F´(Q) 10.
88
O custo de produção da firma é dado por:
C (Q) 9 Q 2 .
C(Q)
O custo marginal cresce com a quantidade produzida. Note que a relação de custo com a
quantidade produzida tem sua inclinação aumentada com o aumento da produção.
L(Q) Q 2 10Q 9.
L(Q)
Q
5
89
Qual é o máximo da curva acima?
LMax ?
2Q 10
Q5
L F C
No LMax :
Fmg Cmg
Elasticidade da demanda
90
A elasticidade da demanda é definida como:
Q
Q
E ( P) .
P
P
Note que se o preço aumenta, espera-se que a demanda diminua. Então E (P) é em geral
positiva, pois foi incluído um sinal negativo na expressão.
Exemplo 1
Vejamos um exemplo. João e José vão para a universidade de carro todos os dias. João
mora em um local onde pegar ônibus é fácil, enquanto José mora em um local onde
pegar ônibus é muito difícil. Se o preço da gasolina subir, João pode facilmente trocar o
carro pelo ônibus, pelo menos em alguns dias. Já para José isso vai ser mais difícil.
P 0,5
0,1 10%.
P 5
João ia todos os dias para a universidade de carro e passou a ir só na metade dos dias.
Assuma que são 20 dias de aula por mês:
QJoão 10 20
0,5 50 %.
QJoão 20
José que também ia todos os dias para a universidade de carro e passou a ir só em 90%
dos dias:
QJosé 18 20
0,1 10%.
QJosé 20
0,5
E João ( P) 5
0,1
91
0,1
E José ( P) 1
0,1
Dada uma variação de preço, a demanda de João variou muito mais do que para José.
Exemplo 2
Q
Q
E ( P) ,
P
P
Q
Q Q P P Q
E ( P) .
P Q P Q P
P
Q
Retomando a nossa discussão do conceito de derivada, note que é a inclinação
P
da reta secante entre dois pontos obtidos da função da demanda.
P dQ
E ( P) .
Q dP
100
Para a função Q( P) , temos:
P
Q 100 P 1
dQ 100
100 P 2 2 .
dP P
92
P dQ P 100
E ( P) 1.
2
Q dP 100 P P
Q
Q
E ( P) 1
P
P
Q P
Q P
Exemplo 3
Q( P) 50 P 2000 .
2000
00
40 P
P dQ P
50
P 50 P
E ( P) .
Q dP 50 P 2000 50 P 2000 P 40
93
10 1
E (10) .
10 40 3
20
E (20) 1.
20 40
30
E (30) 3.
30 40
Para P 20, E( P) 1, ou seja, dada uma variação no preço, a demanda varia menos
que o preço. Diz-se que a demanda é inelástica, varia pouco.
Para P 20, ocorre o contrário, a demanda varia mais que o preço e a elasticidade da
demanda é elástica.
Até aqui tínhamos uma função e obtínhamos a derivada dessa. Por exemplo:
f ( x) x 5 3x 4 x 2 1
f ´( x) 5 x 4 12 x 3 2 x
Entretanto, nada impede de derivarmos a derivada. Para indicar que temos uma derivada
de uma derivada, inserimos mais uma linha. Note que agora temos duas linhas em vez
de uma. Dizemos que temos a derivada segunda. Como veremos no próximo capítulo, a
derivada segunda tem muitas aplicações:
94
f ´´( x) 20 x 3 36 x 2 2.
f ´´´( x) 60 x 2 72 x
f iv ( x) 120 x 72
f v ( x) 120
f vi ( x) 0.
Aqui vamos utilizar somente até as derivadas segunda, mas as derivadas de ordem
superior são usadas em outras aplicações não abordadas na nossa disciplina.
L(Q) Q 2 10Q 9.
L(Q)
Q
5
95
Como também pode ser observado pelo gráfico, para valores Q 5, por exemplo,
Q 4:
L´(4) 2(4) 10 2 0.
L´(6) 2(6) 10 2 0.
L´´(Q) 2 0 ?
100
Q( P) .
P
100
Q´( P) 0.
P2
96
Agora obtemos a derivada segunda:
Q´( P ) 100 P 2
200
Q´´( P) 200 P 3 0?
P3
df
f ´( x) .
dx
d df d 2 f
f ´´( x) 2 .
dx dx dx
d d2 f d3 f
f ´´´( x) 3 .
dx dx 2 dx
A nomenclatura usando linha é mais sintética, mas a outra também é bastante útil.
97
3.7 – Diferenciais
Como o nosso foco é a escolha de Antônio no bar, pulamos essas duas últimas seções,
que são normalmente abordadas em disciplinas de Cálculo I.
98
4 – Aplicações da derivada
Funções crescentes/decrescentes
Vejamos um exemplo
Exemplo 1
f ( x) x 3 3 x 2 24 x 32
f ´( x) 3x 2 6 x 24
Para saber para quais valores de x que a função acima é crescente/descrescente, primeiro
obtemos o(s) ponto(s) onde f ´( x) 0 :
f ´( x) 3 x 2 6 x 24 0
x 2 2x 8 0
2 4 32 2 36 26
1/ 2 1/ 2
x .
2 2 2
26
x1 4.
2
99
26
x2 2.
2
Nesses dois pontos f ´( x) 0, e a reta tangente é horizontal. Esses dois valores dividem
o domínio da função em três intervalos, como mostra o diagrama a seguir. Analisamos o
sinal de f ´(x) em cada um dos três intervalos.
+ - + f (x)
-2 4
Com essa análise dos sinais da derivada primeira, obtemos os intervalos aonde a função
é crescente, (,2) e (4, ) e aonde ela é decrescente (2,4).
100
-2 4
Exemplo 2
1 1 / 2 1 1
f ´( x) x 1 / 2 .
2 2x
+ f (x)
101
Também ainda não sabemos a concavidade da função, só sabemos que ela é crescente,
mas vou desenhar com a concavidade certa.
f(x)
Retornamos com o gráfico do nosso exemplo com o polinômio para definirmos o que
são máximos e mínimos locais. Note que introduzi na curva dois pontos em verde, as
duas retas tangentes horizontais e colchetes em torno dos pontos verdes.
Em um dos pontos verdes, em x 2, a função assume o maior valor entre os pontos
que estão próximos dele, representados pelos pontos no intervalo representado pelo
colchete em amarelo. Como o ponto verde assume o maior valor em sua vizinhança,
dizemos que o ponto é um ponto de máximo local.
O outro ponto em verde é em x 4. A função assume o menor valor entre os pontos que
estão próximos dele, também representados pelo colchete em amarelo. Como o ponto
verde assume o menor valor em sua vizinhança, dizemos que o ponto é um ponto de
mínimo local.
102
-2 4
Note que na explicação utilizei um gráfico, mas não precisamos saber o formato da
função para isso.
Então, imagine que você não sabe que o ponto de máximo local é em x 2, e que o
ponto de mínimo local é em x 4. Você quer justamente achar esses pontos sabendo a
equação da função. Como vimos, temos:
f ( x) x 3 3 x 2 24 x 32
f ´( x) 3 x 2 6 x 24 0
Como já vimos:
x 2 2x 8 0
26
x1 4.
2
26
x2 2.
2
103
Com essa informação, você sabe que nesses pontos a derivada é zero. Pontos em que
f ´( x) 0 são chamados de pontos críticos. Entretanto, com a informação que o ponto é
crítico alinda não sabemos se o ponto é de máximo local ou de mínimo local. Para isso
necessitamos de estudar a concavidade da função, que é o tema da próxima seção.
Exemplo 1
f ( x) x 2
f ´( x) 2 x
f ´´( x) 2 0
Note a inclinação da reta azul. Ela é negativa. Note que a inclinação da reta verde é
positiva. Ou seja, a inclinação está aumentando, como tem que ser com f ´´( x) 0. Uma
função cuja inclinação está aumentando é convexa.
Exemplo 2
f(x)
1 1/ 2
f ´( x) x .
2
1 1 1
f ´´( x) x 3 / 2 3 / 2 0.
4 4 x
Eu gosto de usar esses termos convexa e côncava. Mas também são usados os termos:
105
Exemplo 3
f ( x) x 3 3 x 2 24 x 32
Além disso, com a derivada primeira, f ´( x) 3 x 2 6 x 24, já sabemos que ela é nula
em x 2 e x 4.
+ - + f (x)
-2 4
Anteriormente, eu desenhei a função para você, mas ainda não sabíamos aonde que ela é
côncava e convexa para realmente obtermos aquela figura.
f ´( x) 3x 2 6 x 24
f ´´( x) 6 x 6
Como fizemos com a derivada primeira, obtemos o ponto onde a derivada segunda é
nula e depois fazemos a análise de sinais:
f ´´( x) 6 x 6 0
6x 6
x 1
Em x 1, f ( x) 0.
106
Para x 1, por exemplo, x 0 :
f ´´(0) 6(0) 6 6 0.
A função é côncava.
f ´´( 2) 6(2) 6 6 0.
A função é convexa.
- 1 + f ´´(x)
-2 4
Côncavo Convexo
107
Pontos “especiais”
No diagrama acima foram realçados três pontos que chamei de “especiais. Os dois
verdes já foram discutidos, são os pontos críticos, mas agora podemos fazer uso dos
resultados da derivada segunda para completar a discussão.
Em x 2 :
Em x 4 :
O outro ponto, o roxo, ainda não foi discutido. Note que nesse ponto, f ´´( x) 0. Além
disso, função troca de concavidade de côncava para convexa. Pontos assim com
derivada segunda nula e troca de concavidade são chamados de pontos de inflexão.
Exemplo 4
1
f ( x)
1 x2
1 x 2 0.
Esse fato é sempre observado, pois 1 x 2 0. Assim, o domínio é toda a reta real.
108
2) Depois disso, obtemos os pontos críticos. Note que a derivada é obtida com a regra
da potência. Também trocamos de nomenclatura para a derivada só para o leitor se
lembrar que existe outra forma de expressar derivadas.
1 x 2
1 1
f ( x)
1 x 2
2x
df
1 x2 2 x
2
.
dx 1 x
2 2
df 2x
0
dx 1 x 2 2
2x 0
x0
1 x
2 2
0.
df
para x 0, 2 x 0, 0; e
dx
df
para x 0, 2 x 0, 0.
dx
df
+ 0 -
dx
109
d2 f
4) Agora fazemos uso da derivada segunda para obtermos os pontos com 0,
dx 2
possíveis pontos de inflexão. Note que devemos usar a regra do cociente em conjunto
com a regra da potência.
df 2x
dx 1 x 2 2
d 2 f 2 x 1 x 2 2 x 1 x 2
2
21 x 2 x21 x 2x
2 2 2 2
dx2 1 x2
2 2
1 x 2 4
.
1 x 2 4
1 x
2 4
1 x 2 3
d2 f
0, implica em:
dx 2
2 6 x 2 0.
6x 2 2
2 1
x2
6 3
1/ 2
1
x .
3
d2 f
Portanto, são dois os pontos aonde 0:
dx 2
1/ 2
1
x1 ; e
3
1/ 2
1
x2 .
3
110
Note que esses pontos serão pontos de inflexão se houver troca de concavidade no
ponto.
d 2 f 2 6x2
,
dx 2
1 x2
3
fazendo uso do diagrama. Note que o denominador é sempre positivo.
1/ 2
1
Para x , por exemplo, x 1 :
3
2 6 x 2 2 6 1
2
d2 f
(1) 0.
dx 2
1 x 2 3
A função é convexa.
1/ 2 1/ 2
1 1
Para x e x por exemplo, x 0 :
3 3
2 60
2
d2 f
(0) 0.
dx 2
A função é côncava.
1/ 2
1
Para x , por exemplo, x 1 :
3
2 61
2
d2 f
(1) 0.
dx 2
A função é convexa.
111
1/ 2 1/ 2
1 1
- + - f ´´(x)
3 3
d2 f
Com a informação obtida até aqui, temos dois pontos de inflexão, pontos onde 0
dx 2
1/ 2 1/ 2
1 1
e aonde ocorre troca de concavidade da função: x e x .
3 3
df
Além disso, temos um ponto de máximo local, onde 0, e a função é côncava:
dx
x 0.
Depois desse trabalho todo, dá para esboçar o gráfico? Na próxima seção iremos fazer
isso de forma bastante organizada.
1
f ( x) 0.
1 x2
De posse de tudo até aqui discutido, vejamos o gráfico. Os pontos roxos são os pontos
de inflexão. O ponto verde é o de máximo local.
Vou utilizar o exemplo acima para introduzir dois conceitos. Note que o ponto verde é
máximo local, pois assume valor maior do que os pontos na vizinhança. Mas também
112
assume valor maior que todos os demais pontos da função em todo o domínio. Portanto,
o ponto é de máximo global. O ponto assume o maior valor da função em todo o
domínio.
Além disso, note que a função é simétrica com relação ao eixo y. O gráfico para valores
x 0 é uma imagem espelhada do gráfico para valores x 0. Funções assim são
denominadas funções pares. Note que as funções f ( x) x 2 , f ( x) x 4 , f ( x) x 6 , etc.
são todas funções pares, daí o nome. Esse fato ajuda no esboço de gráficos, pois
podemos fazer o gráfico somente para x 0 e depois refletimos o gráfico.
L(Q) Q 2 10Q 9.
L(Q)
Q
5
L´(Q) 2Q 10 0.
2Q 10
Q5
A função tem um único ponto crítico. Sabemos pelo formato da função que é ponto de
máximo local e global. Mas nem sempre temos o gráfico.
113
Fazemos uso da derivada segunda.
L´´(Q) 2 0
Essa seção mostra uma discussão sistemática de como esboçar gráficos. Na seção
anterior já fizemos o esboço de gráficos, mas sem uma metodologia tão bem
sistematizada.
Seguem dez passos que devem ser seguidos para a obtenção de esboços de gráficos.
Muitos, na verdade a maioria, já foram anteriormente descritos. Note que nem sempre
todos eles serão necessários ou factíveis de serem feitos. Para muitas funções, apenas
serão necessários alguns desses passos.
Exemplo 1
f ( x) x 3 3 x 2 24 x 32
114
1) A função é um polinômio de terceiro grau. Como todo polinômio, o domínio é toda a
reta real.
f ´( x) 3 x 2 6 x 24 0
+ - + f (x)
-2 4
6) Como vimos, para fazer a análise da concavidade, obtemos o ponto aonde a derivada
segunda é nula e depois fazemos a análise de sinais:
f ´´( x) 6 x 6 0
x 1
- 1 + f (x)
115
7) Usamos a informação acima e determinamos os pontos de máximo, de mínimo e de
inflexão. Como vimos:
8) Para obter o valor da função nos pontos de máximo e de mínimo, basta substituir os
dois pontos acima na função:
9) Por fim, achamos os limites nos extremos do domínio, que no caso do polinômio são
em x e x :
lim f ( x) lim x 3 3x 2 24 x 32 lim x 3 ;
x x x
x x
lim f ( x) lim x3 3x 2 24 x 32 lim x 3 .
x
De posse de toda essa informação, esboçamos o gráfico. Grande parte dele já havia sido
esboçada.
116
f(x)
60
-2 4 x
-48
Note que nesse exemplo o ponto de máximo é um ponto de máximo local, pois a função
não tem máximo global, uma vez que tende para o infinito. O mesmo ocorre com o
ponto de mínimo, que é também mínimo local.
Exemplo 2
Agora vamos complicar um pouco no último exemplo da seção, com a seguinte função:
x 1
f ( x) .
x 1
1) A função é uma razão. Como toda razão, o denominador deve ser diferente de zero
para a função ser definida x 1 0. Então, o domínio é x 1.
2) A função não é par. Ou, em caso de dúvida, não é obvio que seja par.
x 1
f ( x) 0,
x 1
117
x 1 0
x 1
4) Para obtermos os pontos críticos devemos derivar a função com a regra do cociente:
f ´( x)
x 1 x 1 x 1x 1 1x 1 x 11 x 1 x 1 2 .
x 12 x 12 x 12 x 12
A função não tem ponto crítico:
f ´( x) 0 em todo o domínio.
- 1 -
2 2
f ´(0) 2 0.
0 1 1
2
2 2
f ´( 2) 2 0.
2 1 1
2
2
f ´( x) .
x 1
2
118
6) Obtemos o ponto onde a derivada segunda é nula e depois fazemos a análise de
sinais:
2
2 x 1
2
f ´( x)
x 12
3
f ´´( x) 2 2x 1 1 4x 1
3 4
x 13
.
- 1 +
4 4
f ´´( 0) 4 0.
0 1 1
3
A função é côncava.
4 4
f ´´( 2) 4 0.
2 1 1
3
A função é convexa.
9) Falta acharmos os limites nos extremos do domínio. No caso dessa função, temos os
seguintes limites: x e x ; e x 1 e x 1.
119
x 1 x
lim f ( x) lim lim lim 1 1.
x x x 1 x x x
x 1 x
lim f ( x) lim lim lim 1 1.
x x x 1 x x x
x 1 2
lim f ( x) lim lim .
x 1 x 1 x 1 x 1 0
x 1 2
lim f ( x) lim lim .
x1 x1 x 1 x1 0
f(x)
x
1
Vou aproveitar o gráfico anterior para introduzir outro conceito, que é o de assíntota.
Note que para esboçar o gráfico fiz uso de uma reta vertical e de outra horizontal. A
função tende para essas retas dependendo do valor de x. Essas retas são a assíntotas
vertical e horizontal.
120
Terminada a terceira seção do capítulo 4, os estudantes devem fazer os exercícios
selecionados das páginas 291/295 do livro-texto.
4.4 – Otimização I
As próximas duas seções são sobre otimização, ponto central no estudo de Economia. Já
vimos diversos conceitos sobre o tema. Vamos retomar alguns deles aqui.
Também vimos que a função não tem máximos ou mínimos globais, pois:
lim f ( x) lim x 3 3x 2 24 x 32 lim x 3 .
x x x
x x
lim f ( x) lim x3 3x 2 24 x 32 lim x 3 .
x
60
-2 4
-48
121
1
Também vimos para f ( x) que a função tem um ponto de máximo, que é
1 x2
global.
Essa função não tem mínimo local/global, apesar dos limites serem finitos:
1
lim f ( x) lim 0; e
x x 1 x 2
1
lim 0.
x 1 x 2
Para ser máximo ou mínimo, o ponto deve ser bem definido, o que não é o caso desse
exemplo.
Note que uma função pode ter mais de um mínimo e mais de um máximo locais/globais.
O diagrama a seguir mostra uma função assim.
Max. Locais
Min. Locais
Em Economia é importante saber se uma função tem máximo e mínimo. Vimos, por
x 1
exemplo, que a função f ( x) não tem máximo ou mínimo.
x 1
122
Quando que uma função tem máximo e mínimo globais?
Uma função com certeza tem máximo e mínimo global se a função é contínua e definida
em um intervalo fechado e finito.
Exemplo
João e José tem 50 reais cada um para gastar em um bar, mas não necessariamente vão
consumir todo o dinheiro. Podem até mesmo não gastar nada. O latão custa 5 reais.
Qual é o intervalo de possibilidades de consumo? Gastar nada, zero latão, gastar tudo,
10 latões:
C [0,10].
Seja esse o domínio da função que dá a satisfação de consumo de cerveja para João:
S João (C ) 2C. Essa função é uma reta e, como todo polinômio, é contínua. Portanto,
essa função terá com certeza máximo e mínimo globais.
S(C)
0 10 C
123
Seja a função S José (C) C(10 C) 10C C 2 a que dá a satisfação de consumo de
cerveja para José, que tem o mesmo domínio da função de João. Essa função é uma
parábola, também um polinômio, é, portanto, contínua. Como a função é contínua e
definida em um intervalo fechado e finito, necessariamente os mínimos globais e o
máximo global existem.
(C ) 10 2C.
S Jose
10 2C 0
10 2C
C 5
Se C 5, por exemplo, C 4 :
´
S José (4) 10 2(4) 2 0.
A função é crescente.
Se C 5, por exemplo, C 6 :
´
S José (6) 10 2(6) 2 0.
A função é decrescente.
(C ) 2 0.
Note que a derivada segunda é S Jose
124
S(C)
0 10 C
4.5 – Otimização II
Essa seção apresenta apenas aplicações da otimização. Com o que já aprendemos, ainda
não conseguimos resolver o problema de Antônio no bar, mas estamos caminhando para
isso. Porém, a lógica de resolução desse problema é a mesma de muitos dos problemas
dessa seção: queremos otimizar algo e temos restrições. No caso do problema de
Antônio, precisamos do cálculo de várias variáveis, que é uma extensão do que já
vimos, além de uma técnica específica, e que serão abordados no último capítulo da
disciplina.
Maria quer cercar um pomar retangular e tem 50 metros de cerca. Qual é o pomar de
maior área que ela consegue cercar?
125
y
Sabemos que Maria tem 50 metros de cerca. Então:
2 x 2 y 50
Essa é a restrição. Ela tem essa quantidade de cerca para resolver o problema.
Max A xy
2 x 2 y 50
2 x 50 2 y
x 25 y
A xy (25 y ) y 25 y y 2 .
A(y)
0 25 y
A´ 25 2 y 0
y 12,5m
Como 2 x 2 y 50 :
126
x 12,5m
Essa é a maior área possível dado que Maria tem 50m de cerca para cercar uma área
retangular.
Laura quer cercar um pomar retangular e também tem 50 metros de cerca. Qual é o
pomar de maior área que ela consegue cercar sabendo que ele se localiza na borda de
um rio?
Rio
2 x y 50
y 50 2 x
Max A xy
A xy x(50 2 x) 50 x 2 x 2 .
A´ 50 4 x 0
127
x 12,5m
Como 2 x y 50 :
y 25m
Note que a cerca paralela ao rio é duas vezes mais longa que a cerca perpendicular ao
rio.
x x
40
X x
100
Como vimos, a altura da caixa será x, o lado menor terá como dimensão 40 – 2x e o lado
maior 100 – 2x.
128
Se o papelão não for dobrado, x 0. Se o papelão for dobrado ao meio com relação ao
lado menor, x 20 . Ou seja, o domínio da função é x [0,20].
Note que nesses dois extremos, o volume da caixa é zero. Para qualquer outro valor de
x, o volume é positivo, como mostra de forma aproximada o gráfico abaixo:
V(x)
0 20 x
O nosso objetivo é achar o volume máximo. Basta derivar a função e igualar a zero:
V ´( x) 12 x 2 560 x 4000 0
6 x 2 280 x 2000 0
3x 2 140 x 1000 0
x
140 140 2 4(3)(1000 )
1/ 2
140 19600 12000 )
1/ 2
140 7600
1/ 2
140 87,2
6 6 6 6
x1 37,9
x2 8,8
Note que o primeiro valor não está no domínio da função, então o valor que maximiza o
volume é:
x 8,8cm
y 40 2 x 40 2(8,8) 22,4cm.
129
O outro lado tem:
O volume máximo é:
Ilha
T ( x)
(1000 x) x 2 400 2
1/ 2
67 50
T(x)
0 1000 x
130
De novo o objetivo é otimizar a função, no caso, minimizar o tempo de deslocamento
entre a escola e a ilha, derivando e igualando a zero:
1 2
1 2
x 400 2 2 x
1 / 2
T ´( x) 0
67 50
1 2
2
x 400 2 2 x
1 / 2
1
50 67
x 1
50 x 400 2
2 1/ 2 67
x 50
x 2
400
2 1/ 2 67
2
x 50 2
x 2 400 2
1/ 2
67
x2 2500
0,56
x 400
2 2
4489
x 2 0,56 x 2 400 2
x 2 0,56 x 2 0,56(160000 )
0,44 x 2 89107
x 2 201106
x 448 m
DNada 400 2 448 2
1/ 2
601m
131
O tempo ótimo é:
552 601
T (448) 8,32 12,02 20,25 min .
67 50
A lata de cerveja no bar custa P 5. O bar está pensando em aumentar o preço para
aumentar o faturamento e o lucro. O preço de custo da lata de cerveja para o bar é
PC 3. Entretanto, o dono do bar sabe que o aumento do preço pode acarretar em uma
O dono do bar quer chegar a um valor ótimo. Ele faz um experimento. Quando o preço
da lata é 5 reais, a demanda é 1000. Quando o preço foi aumentado para 6 reais, a
demanda caiu para 800. Assuma que a relação entre demanda e preço é linear, uma reta,
Q( P) mP b, como mostrado no diagrama:
Q(P)
1000
800
5 6 P
Q2 Q1 800 1000
m 200 .
P2 P1 65
Para cada um real de aumento no preço, a demanda cai 200 latinhas. Já sabemos a
inclinação da reta, agora devemos obter aonde que a reta corta o eixo da quantidade.
Usamos um ponto qualquer para isso, por exemplo (5,1000 ) :
132
Q( P) 200 P b
b 2000
Q( P) 200 P 2000 .
F ( P) PQ P(200 P 2000 )
400 P 2000
2000
P 5
400
L( P) F ( P) C ( P) PQ PC Q ( P PC )Q (5 3) *1000 2000 .
L( P) ( P PC )Q ( P 3)(200 P 2000 )
400 P 2600
2600 26 13
P 6,5.
400 4 2
133
Note que o preço de lucro máximo é superior ao de faturamento máximo.
As vendas irão cair de 300 unidades. O faturamento irá cair, mas o lucro irá aumentar.
L(5) 2000 .
Já o faturamento será:
F (5) 5000 .
O preço da latinha irá depender se o dono quer faturamento máximo ou lucro máximo.
134
5 – Funções exponenciais e logarítmicas
João aplica 1000 reais em um investimento que tem taxa de juros composto r 1% ao
mês.
M (0) 1000 .
M (t ) 1000 (1,01) t .
Ou no caso genérico:
f (t ) (1 r ) t , onde 1 r 1,01.
135
Uma função como essa é uma função exponencial.
Função exponencial
f ( x) b x , com b 0 e b 1.
Exemplo 2
Assim, temos:
See
f ( 0) 2 0 1
f (1) 21 2
f ( 2) 2 2 4
f (3) 2 3 8
1 1
f (1) 2 1
21 2
1 1
f (2) 2 2 2
2 4
Fazendo um gráfico:
f(x)
136
Exemplo 3
x
1
f ( x) .
2
0
1
f ( 0) 1
2
1
1 1
f (1)
2 2
2
1 1
f ( 0)
2 4
1
1
f (1) 21 2
2
2
1
f (2) 22 4
2
Fazendo um gráfico:
f(x)
137
Note que os gráficos são similares, apenas rodados em torno do eixo y. Ou seja, o
x
1
gráfico de f ( x) 2 x , se rodado em torno do eixo y, se torna o gráfico de f ( x) .
2
x
1
Isto é: 2 x.
2
x
1
Ou de forma genérica: b x . Ou seja, uma função exponencial com b 1 pode
b
1
ser representada por um exponencial com 1, trocando o sinal do x.
b
Funções exponenciais tem como domínio toda a reta real, como foi esboçado nos
gráficos acima. Além disso, a imagem é sempre maior que zero.
Além disso, todas as funções exponenciais passam pelo mesmo ponto (0,1), pois
b 0 1.
Imagine se em vez de poupar, Maria partiu de 1000 reais e gastava um terço do que
2
tinha todo mês. Ou seja, restavam do dinheiro de Maria no fim do mês. Quando que
3
ela terá menos que 100 reais?
t
2
M (t ) M (0) .
3
1
2 2000
M (1) 1000 667
3 3
2
2 4000
M (2) 1000 444
3 9
138
3
2 8000
M (3) 1000 296
3 27
4
2 16000
M (4) 1000 198
3 81
5
2 32000
M (5) 1000 132
3 243
6
2 64000
M (6) 1000 88
3 729
Entre o quinto e o sexto meses, Maria terá menos que 100 reais.
Não tem um jeito mais fácil de fazer isso? Tem! Precisamos das funções logarítmicas,
que são discutidas na próxima seção. Mas, por enquanto, seguimos com as funções
exponenciais.
1 2
Vimos quatro exemplos de funções exponenciais, com b 1,01, b 2, b e b .
2 3
Entretanto, em geral no cálculo, utilizamos apenas uma base, a base natural, que é
representada pela letra e. Para que apenas a base natural seja usada, todas as bases
devem ser convertidas nela. Nesse caso também fazemos uso das funções logarítmicas.
Que base natural é essa? E por que usamos essa base como padrão e não qualquer outra?
Usamos a base natural por que calcular derivadas (e também integrais, que não
aprendemos nessa disciplina) nessa base é bastante direto.
e 2,718281 ...
Esse número é esquisito, mas não tem nada de complicado. É algo entre 2 e 3. Apenas
um número. O gráfico a seguir compara as três exponenciais. Note que todas elas
passam pelo ponto (0,1) :
139
3x ex 2x
Qual a origem desse número? É esse limite abaixo. Explicar o porquê desse limite não
será feito aqui, mas é tema de disciplinas de Cálculo I.
m
1
e lim 1
m
m
Assim como vimos no comecinho da disciplina, ainda nos preliminares, para esse
número e também tempos as seguintes propriedades:
e x e y e x y
e
x y
e xy .
Já dei dois exemplos na seção anterior que fazem uso das funções logarítmicas. Elas são
as “irmãs” das funções exponenciais.
140
bx y
Exemplos ilustrativos:
22 4
33 27
41 4
10 2 100
log 2 4 2
log 3 27 3
log 4 4 1
log 10 100 2
De forma genérica:
b x y implica em log b y x.
141
Exemplo 1
log 2 1 0
log 2 2 1
log 2 4 2
log 2 8 3
1
log 2 1
2
1
log 2 2
4
log(x)
Assim como as funções exponenciais que são todas parecidas entre si, todas as funções
logarítmicas também são parecidas e tem o formato mostrado no gráfico.
Além disso, todas as funções logarítmicas passam pelo ponto (1,0), pois um b qualquer
para dar 1 tem que ser elevado a zero.
142
Com essa discussão sobre domínio, imagem e um ponto onde todas as funções
logarítmicas passam, note que existem algumas semelhanças com as funções
exponenciais. Um gráfico com ambas com a mesma base 2 exemplifica isso:
f(x)
2x
log2x
log e x ln x.
Assim ln x significa logaritmo na base natural de x. O gráfico para essa base é muito
parecido com o mostrado acima para a base 2 ou qualquer outra base:
143
f(x)
ex
lnx
Que pares de função tem gráficos espelhados dessa forma? Funções inversas.
y x2 , x 0
y x1 / 2
O gráfico a seguir mostra como essas funções são espelhadas pela função f ( x) x,
assim como as funções exponenciais e logarítmicas.
144
f(x) x
x1/2
x2
2
x x1/ 2 ou x x 2
1/ 2
.
Raiz
x x1/2
Ao quadrado
Ao quadrado
x x2
145
Raiz
O mesmo acontece com as funções exponenciais e logarítmicas. Elas são inversas uma
da outra.
Exponencial
x ex
Logarítmico
Logarítmico
x lnx
Exponencial
x ln e x .
x elnx .
Essas duas relações são muito importantes, bem como as propriedades de funções
exponenciais e logarítmicas, já descritas.
Depois de toda essa discussão sobre funções inversas, vamos responder as questões
pendentes da seção anterior.
146
Como transformar qualquer base em base natural em funções exponenciais? Usamos a
propriedade de funções inversas do segundo caso, x e ln x , e uma das propriedades de
funções exponenciais, e x e xy .
y
Exemplos
x
2 x 2 e ln 2
x
e x ln 2
10 x e x ln10
log b x n n log b x.
x 1
1 x ln
x ln 31
e e
3
e x ln3
3
Assuma que,
log 10 x y ,
10 y x.
Assuma que,
ln x z,
e z x.
10 y e z
147
ln(10 y ) ln( e z ).
y ln 10 z.
Substituindo y e z:
(log 10 x)(ln 10 ) ln x.
ln x
log 10 x .
ln 10
Ou genericamente:
ln x
log b x .
ln b
Vimos esse problema na seção anterior. Maria tinha 1000 reais e gasta um terço do que
tem todo mês. Quando que ela terá menos que 100 reais? Ou seja, para qual valor de t*
que M (t ) 100 ?
t
2
M (t ) M (0)
3
t*
2
100 1000
3
t*
ln 23
100 1000 e
148
t*
100 ln 3
2
e
1000
t*
100 ln 23
ln ln e
1000
1 ln 2 2
ln t* ln e 3 t* ln
10 3
1
ln
1 2
t* ln ln 5,68 .
10
2 10 3
ln
3
t
P(t ) P(0)e rt P(0)e (ln(1r ))t P(0) e (ln(1r )) P(0)(1 r )t ,
149
Rearranjando e aplicando logaritmo dos dois lados, temos:
1500
e 20r
2000
1500
ln ln e
20r
2000
3
ln 20 r
4
3
ln
r 0,0144
4
20
Essa é a taxa de variação anual da população do município. A população cai 1,44% todo
ano. Assim, obtemos a expressão final da variação da população no local:
1000 0 , 0144t *
ln ln e .
2000
1
ln 0,0144 t *
2
ln 2 0,0144 t *
Em 2048, seguindo essa variação populacional, o município terá que se fundir com um
município vizinho.
150
A próxima seção do livro-texto é 5.3 – Juros compostos, já vimos esse ponto nas
seções discutidas.
Iremos pular essas duas seções. Esses pontos são normalmente discutidos no Cálculo I e
em outras disciplinas de matemática do primeiro semestre de cursos de nível superior.
Saber derivar essas funções é um ponto importante em disciplinas básicas de
matemática em nível superior. Entretanto, dada a limitação de tempo, optou-se por
descartar essa discussão da nossa disciplina para poder incluir o cálculo de várias
variáveis como tópico final da disciplina.
Por fim, o tópico 5.6 – Modelos matemáticos que utilizam funções exponenciais já
foi abordado, mesmo que de forma incipiente, na discussão já apresentada.
151
8 – Cálculo de várias variáveis
O que aprendemos nos tópicos anteriores continua valendo aqui, incluindo todas as
regras de derivação, porém, pequenas adaptações serão feitas. Todo o cálculo discutido
nessa disciplina até o momento foi de funções de uma variável. Várias variáveis
significa duas ou mais variáveis.
Exemplo
S ( B) B1 / 2 , B 0.
S(B)
S ( H ) 2 H 2 / 3 , H 0.
152
S(H)
Note que as duas funções são crescentes e côncavas, como é comum em Economia para
esse tipo de análise. Além disso, são funções de uma variável. No primeiro exemplo, a
satisfação só depende do consumo de Brahma e, no segundo, só depende do consumo
de Heineken.
Montamos uma função de várias variáveis, no caso duas variáveis, juntando as duas
anteriores:
S ( B, H ) B1 / 2 2 H 2 / 3 , B 0, H 0.
S (1,1) 11 / 2 2(1) 2 / 3 3.
S (4,8) 41 / 2 2(8) 2 / 3 2 8 10 .
S (4,0) 41 / 2 2(0) 2 / 3 2.
Para se obter o valor da função de várias variáveis, faz-se o mesmo procedimento que
para funções de uma variável. Basta substituir os valores das variáveis na função.
Entretanto, para fazer o gráfico é um pouco mais complicado. Os eixos são assim
representados, dando uma impressão de três dimensões. Além disso, esbocei o gráfico
153
no plano B x S(B,H), quando H = 0, e também no plano H x S(B,H), quando B = 0, para
dar uma ideia. Sugiro o uso de softwares específicos, mas isso não é necessário.
S(B,H)
Note que a visualização de funções de mais variáveis se torna ainda mais difícil ou
impossível. Por exemplo, se a satisfação de consumo de João é dada por:
S ( A, B, H , S ) A B 2H 3S.
Curvas de nível
Exemplo 1
S ( B, H ) B 2H
S ( B, H ) B 2H K , onde K é constante.
Daí, temos:
B 2H K
154
2H B K
B K
H .
2 2
1 K
Uma reta com inclinação m e que corta o eixo Heineken em .
2 2
B 1
H .
2 2
Se K 2, temos outra:
B
H 1.
2
B
H 2.
2
1/2
155
Exemplo 2
S ( B, H ) BH
S ( B, H ) BH K , onde K é constante.
K
Daí, temos: H .
B
Começamos com a figura a seguir. Dada uma função f(x), obtemos dois pontos
quaisquer da função. Em seguida, a partir desses dois pontos, obtemos a reta secante
que passa por eles.
156
f(x0+h)
f(x0)
x0 x0+h
y1 y0 f ( x1 ) f ( x0 ) f ( x0 h) f ( x0 )
m .
x1 x0 x1 x0 h
dy f ( x0 h) f ( x0 )
f ´( x) lim .
dx h0 h
f(x0)
x0
157
Derivadas parciais de uma função de duas variáveis
Note que se calculam as inclinações das retas tangentes à superfície na direção do eixo x
e na direção do eixo y. Como existe mais de uma possibilidade de derivada, diz-se que a
derivada é parcial, daí o nome derivadas parciais.
Como pode ser observado pelo diagrama, a diferença fundamental entre a derivada de
uma função de uma variável e a derivada parcial é:
Função f (x) F ( x, y)
Ponto base x0 ( x0 , y 0 )
Outro ponto x0 h -
Outro ponto – Derivada parcial na direção x - ( x 0 h, y 0 )
Outro ponto – Derivada parcial na direção y - ( x0 , y 0 h)
158
df
No cálculo da derivada de funções de uma variável, utilizam-se os símbolos ou
dx
f ´(x) para expressar a derivada.
F
No exemplo descrito no diagrama com a função F ( x, y), usam-se os símbolos ou
x
Fx para designar a derivada parcial de F com relação a x e, similarmente, os símbolos
F
ou Fy para designar a derivada parcial de F com relação a y.
y
Note que o símbolo das derivadas parciais difere do símbolo d das derivadas de
funções de uma variável. Tampouco se representa a derivada parcial como uma linha,
uma vez que se deve designar com relação a qual variável que a derivada parcial está
sendo feita.
F F ( x0 h, y0 ) F ( x0 , y0 )
( x0 , y0 ) Fx ( x0 , y0 ) lim ;
x h0 h
F F ( x0 , y0 h) F ( x0 , y0 )
( x0 , y0 ) Fy ( x0 , y0 ) lim .
y h 0 h
Para uma função genérica F ( x1 , x2 ,... xn ), a definição de derivada parcial é similar. Para
cada variável xi, temos:
159
Exemplo 1
F ( x. y ) x 2 5 x xy y 3 4.
O mais comum é seguir sempre a mesma ordem. Deriva-se com relação à primeira
variável, no caso x, e depois com relação à segunda variável, no caso y.
Fx 2 x 5 y 0 0
Fx 2 x 5 y
Note que quando a derivada parcial é feita com relação a x, y é constante. Portanto, y3 é
constante nesse caso e a derivada do termo é zero.
Uma derivada que causa um pouco de desconforto no início é na parte xy. Note que y é
constante. Assim, só para ajudar o raciocínio, coloque 5 no lugar do y: 5x. Agora derive:
5. Volte com o y: y.
Seguindo passos similares e lembrando que agora x é constante, a derivada parcial com
relação a y é:
Fy 0 0 x 3 y 2 0
x 3y 2
Exemplo 2
xy
F ( x. y ) .
x y2
2
Note que temos um cociente e, assim, temos que usar a regra correspondente:
Na direção x:
F xy x 2 y 2 xy x 2 y 2
y x 2 y 2 xy2 x x 2 y y 3 2 x 2 y y 3 x 2 y .
x x2 y2 2
x2 y 2
2
x2 y22
x2 y2 2
160
Na direção y:
F xy x 2 y 2 xy x 2 y 2
x x 2 y 2 xy2 y x 3 xy 2 2 xy 2 x 3 xy 2 .
y
x2 y2
2
x2 y2
2
x2 y2
2
x2 y2 2
Exemplo 3
F ( x. y, z ) xyz xy
Note que agora temos uma função de três variáveis, x, y e z. Entretanto, nada muda.
Na direção x:
F
( x, y, z ) yz y.
x
Na direção y:
F
( x, y, z ) xz x.
y
Na direção z:
F
( x, y, z ) xy.
z
Note que as inclinações das retas tangentes em cada uma das três direções dependem de
x, y e/ou z. Podemos calcular essas inclinações para pontos específicos. Por exemplo,
para o ponto (1, 1, 1):
F
(1,1,1) (1)(1) (1) 2;
x
F
(1,1,1) (1)(1) (1) 2;
y
F
(1,1,1) (1)(1) 1.
z
161
Exemplo aplicado 1 – Produtividade marginal
Q(1,1) 11 / 413 / 4 1.
Qual é a produção se L 16 e K 16 ?
3/ 4
1 1K
QL L3 / 4 K 3 / 4 .
4 4 L
1/ 4
3 3 L
Qk L1/ 4 K 1/ 4 .
4 4K
3/ 4
1 1
QL (1,1)
1
1 1 .
4 1 4 4
1/ 4
3 1
Qk (1,1)
3
1 3 .
4 1 4 4
162
3/ 4
1 16
QL (16,16 )
1
1 1 .
4 16 4 4
1/ 4
3 16
Qk (16,16 )
3
1 3 .
4 16 4 4
QL (1,1) QL (16,16);
QK (1,1) QK (16,16).
E no ponto (1,16) ?
3/ 4
1 16
QL (1,16)
1
8 8 2.
4 1 4 4
1/ 4
3 1 31 3
Qk (1,16) .
4 16 4 2 8
Comparando:
QL (1,16) QL (1,1);
QK (1,16) QK (1,1).
Você consegue explicar esse resultado a partir da relação entre trabalho e capital:
L 1
(1,1) ,
K 1
L 1
(1,16) ?
K 16
163
Bens complementares
A demanda por pão depende do preço do pão, mas também depende do preço da
manteiga:
x f ( px , p y ).
Por sua vez, a demanda por manteiga também depende do preço do pão e depende do
preço da manteiga:
y h( px , p y ).
Como vimos, em geral, a demanda de um bem cai com um aumento do preço do próprio
bem. Assim, se o pão aumentar de preço, a demanda por pão deve cair:
f
0.
p x
h
0.
p y
Mas se o preço da manteiga aumenta, espera-se que a demanda de pão caia ou não?
Sim, como são bens complementares, espera-se que caia, pois o consumo de pão e de
manteiga se complementa:
f
0.
p y
h
0.
p x
Bens substitutos
y f ( px , p y ).
Mas se o preço da manteiga aumenta, espera-se que a demanda por margarina varie ou
não? Como são bens substitutos, espera-se que aumente, pois menos pessoas irão
consumir manteiga e irão substituir por margarina:
f
0.
p y
h
0.
p x
Previamente, vimos como obter derivadas de ordem superior para funções de uma
variável. Por exemplo:
f ( x) x 5 3x 4 x 2 1
f ´( x) 5 x 4 12 x 3 2 x
f ´´( x) 20 x 3 36 x 2 2.
Também vimos que a derivada segunda serve para analisar a concavidade de funções.
df
f ´( x) .
dx
165
d2 f
f ´´( x) 2 .
dx
Exemplo 1
F ( x, y ) x 2 xy 2 y 3
F
Fx 2 x y 2
x
F
Fy 2 xy 3 y 2
y
Em seguida, obtemos as derivadas segunda. Mas note agora teremos quatro derivadas
de segunda ordem, pois cada uma das derivadas primeira podem ser derivadas de dois
modos:
F 2 F
Fxx 2
x x x 2
F 2 F
Fxy 2 y
y x yx
F 2 F
Fyx 2 y
x y xy
F 2 F
Fyy 2 x 6 y
y y y 2
Note que nesse problema Fxy Fyx . Isso não foi uma coincidência. Sempre que essas
derivadas segunda forem contínuas, ou que sempre vai ocorrer nessa disciplina, vai
acontecer essa igualdade.
166
Como veremos na próxima seção, assim como as derivadas de segunda ordem de
funções de uma variável, as derivadas segunda de funções de várias variáveis são uteis
para analisar a concavidade da função.
A partir desse ponto da disciplina, o material apresentado aqui vai divergir mais do
livro-texto. Uma boa forma de organizar essas derivadas é fazendo uso da matriz
Hessiana. Essa matriz é muito usada em Economia:
Fxx Fxy
Hessiana .
Fyx Fyy
2 2y
He .
2 y 2x 6 y
Como Fxy Fyx , a matriz é simétrica (Nessa disciplina não discutimos matriz, apenas o
Exemplo 2
F ( x, y, z ) xyz
Fx yz
Fy xz
Fz xy
167
Outros exemplos de matriz Hessiana serão dados na próxima seção.
Como vimos anteriormente para funções de uma variável, podemos obter os pontos de
máximo e de mínimo de funções fazendo uso das derivadas de primeira e segunda
ordens, como exemplifica o diagrama a seguir. Se f ´( x) 0, o ponto é crítico. Além
disso, se f ´´( x) 0, a função é côncava no ponto, e o ponto é de máximo local. Se o
ponto é crítico e, além disso, f ´´( x) 0, a função é convexa no ponto, e o ponto é de
mínimo local.
Para funções de várias variáveis o procedimento é similar. Tomamos como base uma
função de duas variáveis, F ( x, y), uma vez que permite a visualização em gráficos de
três dimensões. Os pontos críticos são aqueles com as derivadas parciais de primeira
ordem nulas: Fx Fy 0.
168
Note que pontos críticos de função de várias variáveis podem ser de três tipos, como
mostram os diagramas a seguir: máximo local ou máximo relativo; mínimo local ou
mínimo relativo; ou ponto de sela.
Máximo local
Mínimo local
169
Ponto de sela
Exemplo 1
F ( x, y ) 3 x 2 4 xy 4 y 2 4 x 8 y 4
Fx 6 x 4 y 4 0
Fy 4x 8 y 8 0
6x 4 y 4 0
6x 4 y 4
4 4 2 2
x y y
6 6 3 3
4x 8 y 8 0
170
2 2
4 y 8 y 8 0
3 3
8 8
y 8y 8 0
3 3
8 8 24 24
y y 0
3 3 3 3
16 16
y 0
3 3
16 16
y
3 3
y 1.
(0,1).
Para saber se ele é ponto de máximo local, mínimo local ou ponto de sela, devemos
analisar a concavidade da função no ponto. Note pelos diagramas acima, que:
6 4
He .
4 8
171
Como essa matriz só tem números, o resultado independe de x e y. Ou seja, o resultado
é o mesmo para todo o domínio da função. Como a função é um polinômio, o domínio é
todo o x : 2 .
Fxx 6 0.
Fxx He Conclusão
>0 >0 Função convexa
<0 >0 Função côncava
- <0 Função nem convexa, nem côncava
O ponto crítico (0,1) é ponto de mínimo local. Como a função é convexa em todo o
Três vilas de população similar se localizam nas posições marcadas com os pontos
azuis. Para facilitar, todas elas se localizam no quadrante positivo do eixo cartesiano. O
bar é o ponto em vermelho “gordinho” entre as vilas.
A = (30, 30)
C = (10, 0) x
172
A distância de cada uma das vilas até o bar é respectivamente:
DA 30 x 30 y
2
2 1/ 2
DB x 2 y 10
2 1/ 2
DC x 10 y 2
2
1/ 2
O objetivo desse problema é achar o ponto vermelho que irá minimizar a soma dessas
distâncias ao quadrado:
F DA2 DB2 DC2 30 x 30 y x 2 y 10 x 10 y 2
2 2 2 2
Primeiramente, obtemos o(s) ponto(s) crítico(s):
60 2 x 2 x 2 x 20 0
80 40
x .
6 3
60 2 y 2 y 20 2 y 0
80 40
y .
6 3
40 40
, .
3 3
Pela lógica do problema esse é um ponto de mínimo. Mas para ter certeza e para termos
mais um exemplo, utilizamos a matriz Hessiana:
6 0
He .
0 6
Fxx 6 0.
173
He (6)(6) (0)(0) 36 0.
Ponto de mínimo.
40 40
O bar localizado na posição , minimiza a soma das distâncias ao quadrado,
3 3
facilitando o acesso de todos.
Esse método é muito utilizado em estatística. Vamos deixar a discussão para lá, no caso
de REI, Métodos Quantitativos I e II. Aqui vamos pular a seção.
porção de picanha sai por PP 20. Antônio bebe cerveja com tira gosto. Ele sempre
consome os dois juntos. Podemos representar a satisfação de Antônio com o consumo
de cerveja, C, e picanha, P, com uma função de várias variáveis: S (C , P) CP 2 . O
objetivo aqui é calcular quanto que Antônio irá consumir de cerveja e picanha.
Note que um ponto fundamental desse problema, que difere dos problemas apresentados
nas seção 8.3, é a restrição. Como assim restrição? Antônio têm 60 reais para gastar e
174
tem que obter o máximo de satisfação, ou como é comum em Economia, o máximo de
utilidade, gastando esse montante.
Então, o primeiro ponto a ser analisado é a restrição, que é comumente chamada nesse
tipo de problema de restrição orçamentária. No caso, temos a equação dos gastos de
Antônio, dividida em gastos com cerveja e gastos com picanha. A soma dos dois tipos
de gasto tem que dar 60 reais:
PC C PP P 60
5C 20 P 60.
Essa é a equação de uma reta. Se Antônio gastar todo o seu dinheiro em cerveja,
consumiria 12 latinhas: C 12 . Se ele gastar todo o seu dinheiro em picanha,
consumiria 3 porções: P 3.
C
12
P
3
Note que o máximo da função S (C , P ) CP 2 deve ser obtido nessa reta. Em outras
palavras, a busca do máximo está restrita a essa reta. Por isso o nome: otimização com
restrição. Esse tipo de problema é central em Economia.
Agora vamos estudar um pouco essa função de satisfação (ou utilidade). Vimos que
podemos analisar essa função com o uso de curvas de nível, como o nível de satisfação
é o mesmo, Antônio é indiferente a qualquer ponto da curva, daí o nome curva de
indiferença.
S (C , P) CP 2 K onde K é constante.
175
K
Daí, temos: C .
P2
Note que as constantes tem valor mais elevado a medida que as curvas são mais
elevadas. A curva amarela fornece uma satisfação acima da curva azul, que por sua vez
é um nível de satisfação acima da curva laranja.
Juntando os dois gráficos, obtemos o gráfico a seguir. Note que a restrição orçamentária
está em verde. Assim, dado que Antônio só tem 60 reais para gastar, ele não consegue
atingir o nível de satisfação da curva amarela. Dada essa restrição, ele consegue
consumir as quantidades de cerveja e picanha representadas pelos círculos vermelhos na
curva laranja. Entretanto, a satisfação obtida com o consumo dessas quantidades é
menor do que no ponto verde, na curva azul, ponto que também é atingível com a
restrição orçamentária de Antônio. Esse ponto é o máximo de satisfação que Antônio
pode atingir dada sua restrição orçamentária.
176
C
Para achar esse ponto utilizamos o Lagrange. Esse método permite a obtenção desse
ponto, uma vez satisfeitas algumas condições que iremos ver em breve.
O método será explicado passo a passo de forma genérica e com nosso exemplo
específico logo em seguida. A primeira vista, o método pode parecer cheio de passos,
mas rapidamente ele se tornará relativamente simples.
O método Lagrange
h( x, y) a 0
No nosso caso:
5C 20 P 60
5C 20 P 60 0
177
F ( x, y)
No nosso caso:
S (C , P) CP 2
3 - Monta-se o Lagrange:
L( x, y, ) F ( x, y) (h( x, y) a)
No nosso caso:
L(C , P, ) CP 2 (5C 20 P 60 )
Não se preocupe com essa variável (lambda). Ela tem significado econômico, mas
aqui ela é usada apenas como uma variável qualquer para a obtenção do resultado
desejado.
Lx Fx hx 0
Ly Fy hy 0
L (h a) 0
No nosso caso:
LC P 2 (5) 0
LP 2CP (20) 0
L (5C 20 P 60) 0
5 – Resolve-se o sistema
P 2 5
178
2CP 20
5C 20 P 60
P 2 2CP
.
5 20
Manipulamos algebricamente:
20 P 2 10CP
2P 2 CP
2 P C.
5C 20 P 60
52 P 20 P 60
30 P 60
P2
C4
Antônio irá consumir 2 porções de picanha e 4 latinhas de cerveja. Serão gastos 40 reais
em picanha e 20 reais em cerveja. Opa, depois de um longo processo, você consegue
resolver o problema de Antônio. Parabéns se você chegou até aqui.
Exemplo 2
Antônio e João vão para o bar barateiro beber. Ambos têm 60 reais para gastar. O preço
da cerveja é PC 5 , e a porção de picanha sai por PP 20. Ambos bebem cerveja com
tira gosto. A restrição orçamentária é a mesma para ambos.
179
João não gosta tanto de carne. A satisfação de João é dada por S (C, P) CP. Quanto
que João irá consumir de cerveja e picanha?
Note que Antônio gosta mais de picanha do que João, pois a picanha aparece ao
quadrado para Antônio, mas não para João. Assim, João irá consumir menos picanha e
mais cerveja que Antônio. Mas quanto?
Segue uma descrição passo a passo, mas apenas para o exemplo específico.
1 – Rescreva a restrição:
5C 20 P 60 0
S (C, P) CP
3 - Monta-se o Lagrange:
LC P (5) 0
LP C (20) 0
L (5C 20 P 60) 0
5 – Resolve-se o sistema
P 5
C 20
5C 20 P 60 .
P C
5 20
20 P 5C
4 P C.
54 P 20 P 60
180
40 P 60
60 3
P
40 2
3
C 4 6.
2
João irá consumir 1,5 porções de picanha e 6 latinhas de cerveja. Serão gastos 30 reais
em picanha e 30 reais em cerveja.
Antônio (4,2);
3
João 6, .
2
Exemplo 3
Antônio foi ao bar barateiro um dia e depois foi ao bar chique com os mesmos 60 reais.
10C 60 P 60 0
L CP 2 (10C 60 P 60 ).
LC P 2 (10) 0
LP 2CP (60) 0
L (10C 60 P 60) 0.
181
P 2 2CP
10 60
P 2C
.
10 60
60 P 20C
3P C.
103P 60 P 60
90 P 60
60 2
P
90 3
2
C 3 2.
3
João irá consumir dois terços de porções de picanha e 2 latinhas de cerveja. Serão gastos
40 reais em picanha e 20 reais em cerveja. Ficou com fome e sede.
No barateiro (4,2);
2
No chique 2, .
3
Agora que está fácil, vamos complicar. Todas as funções de satisfação que usamos não
permitiam o consumo zero de qualquer dos bens, pois os consumos apareciam como
produtos:
S (C , P) CP 2
S (C, P) CP
182
Exemplo 4
Um dia José chega no bar e não tem Heineken, só Brahma e Antártica. Você já sabe a
resposta. Se você não se lembra, volte lá na introdução. Entretanto, vamos fazer por
Lagrange.
A restrição é:
5 B 5 A 60 0.
S ( B, A) B A.
O Lagrange é:
L( B, A, ) B A 5B 5 A 60 .
LB 1 5 0
LA 1 5 0
L 5B 5 A 60 0
1 1
.
5 5
5 B 5 A 60
B A 12
183
A
12
B
12
Exemplo 5
Um dia José chega ao bar e não tem Brahma, só Antártica e Heineken. Você já sabe a
resposta. Como para ele tanto faz a cerveja, vai consumir sempre a mais barata. Porém,
vamos fazer por Lagrange.
A restrição é:
5 A 6 H 60 0.
S ( A, H ) A H .
O Lagrange é:
L A H 5 A 6 H 60 .
LA 1 5 0
LH 1 6 0
L 5 A 6 H 60 0
184
1
5
1
.
6
Como assim? não pode assumir dois valores distintos. Quando der uma aberração
assim temos solução de canto. Um dos bens não é consumido, só o outro. Ou seja, são
das possiblidades de solução de canto ( A, H ) :
Assim, testamos as duas possibilidades para ver qual é a que dá maior satisfação.
S ( A, H ) A H .
S (12,0) 12 0 12.
S (0,10) 0 10 10
10
A
12
Exemplo 6
Um dia Carlos chega ao mesmo bar e não tem Brahma, só Antártica e Heineken. Carlos
gosta muito de Heineken. A satisfação dele é a mesma entre consumir duas Antárticas e
uma Heineken.
A restrição é a mesma:
5 A 6 H 60 0.
185
A função a ser otimizada não é a mesma:
S ( A, H ) A 2H .
O Lagrange é:
L A 2 H 5 A 6 H 60 .
LA 1 5 0
LH 2 6 0
L 5 A 6 H 60 0
1
5
1
?
3
S ( A, H ) A 2H .
S (12,0) 12 0 12.
S (0,10) 0 20 20
10
A
12
186
Terminada a quinta seção do capítulo 8, os estudantes devem fazer os exercícios
selecionados da parte C do arquivo no Moodle exercício 10.
187