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Matemática para estudantes de Relações Econômicas

Internacionais

0 - Introdução

Esse material teve como origem as notas de aula confeccionadas para a disciplina de
Economia Matemática (EcoMat) do curso de Relações Econômicas Internacionais (REI)
do Departamento de Economia da UFMG. Essa é uma disciplina de 60 horas e é a única
disciplina obrigatória na área de matemática que os estudantes têm em sua trajetória
acadêmica. As notas de aula foram então adaptadas para que a disciplina pudesse ser
lecionada em formato remoto emergencial por causa da pandemia do Covid-19, sendo
esse texto o resultado dessa adaptação.

O objetivo central da disciplina é auxiliar os estudantes de REI no entendimento de


disciplinas de Economia, em particular de Microeconomia I. Portanto, a disciplina e
EcoMat é principalmente uma ponte entre o ensino médio e Microeconomia I.
Entretanto, EcoMat também serve para ampliar os conhecimentos do estudante em
matemática, servindo como uma base para as disciplinas de Métodos Quantitativos e
demais matérias de Economia do curso de REI.

Para tanto, EcoMat inicia-se com uma revisão de matemática dos ensinos fundamental e
médio em pontos relevantes para o ensino de matemática básica em nível superior. O
intuito é apresentar um nivelamento aos alunos, uma vez que a heterogeneidade dos
mesmos é grande ao ingressarem na UFMG por diversas razões. Em seguida, EcoMat
apresenta tópicos normalmente abordados em disciplinas de matemática no primeiro
semestre no nível superior. Entretanto, os tópicos tendem a ser apresentados com um
rigor teórico muito menor do que normalmente é de praxe em disciplinas de Cálculo I.
O objetivo é apresentar uma disciplina mais leve, tendo como ênfase aplicações em
Economia. A parte final da disciplina aborda questões que normalmente são ensinadas
em disciplinas do segundo semestre em nível superior, também tendo como ênfase
aplicações em Economia, e com um menor rigor teórico do que disciplinas de Cálculo
II.

1
A disciplina foi montada tendo como base o livro: Cálculo Aplicado para Ciências
Sociais, Administrativas e da Vida, do autor S. T. Tan. Essa é a referência central de
consulta e estudo. O programa da disciplina, portanto, se baseia em alguns capítulos
desse livro. Note que tópicos presentes em disciplinas de Cálculo I não são
contemplados, como integração e aplicações. Também não são incluídos pontos
associados à Geometria Analítica e Álgebra Linear (GAAL).

Programa de Economia Matemática


1 – Preliminares
2 – Funções, limites e derivada
3 – Diferenciação
4 – Aplicações da derivada
5 – Funções exponenciais e logarítmicas
6 – Cálculo de várias variáveis
7 – Otimização sem e com restrição

Portanto, a disciplina pretende iniciar nivelando os alunos vindos de diferentes escolas


de ensino médio e terminar permitindo que o aluno resolva problemas de otimização
com restrição, muito presentes na disciplina de Microeconomia I. Segue um exemplo
aplicado de onde queremos chegar ao final da disciplina.

Quatro amigos, José, João, Lucas e Antônio, têm 60 reais cada um para gastar em um
bar. O preço da latinha de Brahma é 5 reais, PB  5 , o preço da latinha de Antártica
também é 5, PA  5 , o preço da latinha de Heineken é 6, PH  6 , e o preço da latinha de

Stelinha é 10, PS  10 . A porção de picanha sai por 20 reais, PP  20. Cada um dos
amigos tem um perfil de preferência de consumo.

José é bebedor de cerveja. Para ele não importa qual, apenas a quantidade é que
importa. Como que ele vai gastar seus 60 reais? Como para ele o que importa é a
quantidade, ele vai consumir sempre a mais barata. No caso desse bar, ele não vai
“desperdiçar” seu dinheiro com Stelinha (S) ou Heineken (H) e irá consumir só as mais
baratas, Brahma (B) e/ou Antártica (A). Se ele consumir só Brahma, consegue consumir
12 latinhas. O mesmo vale para Antártica.

2
O gráfico a seguir mostra as possibilidades de consumo de José. Ele pode consumir
qualquer quantidade de Brahma e de Antártica desde que a soma de ambas seja 12:
A  B  12. No caso, temos uma reta. Com veremos em EcoMat, as retas são minuto
usadas em problemas aplicados e também como base para a discussão de pontos
centrais da matemática em nível superior.

12

12 B

João também gosta de cerveja. Não liga para picanha. Mas João gosta mais de Stelinha,
depois de Heineken, depois de Brahma e depois de Antártica. Note que com essa
informação, você já sabe que ele não irá consumir Antártica, pois ele prefere Brahma e
ambas tem o mesmo preço. Se ele gosta mais de Brahma do que de Antártica e ambas
custam 5 reais, ele vai preferir tomar a primeira e nunca a segunda. Mas para continuar
resolvendo o problema, você precisa demais informações. Cada 1,2 Brahmas que ele
bebe vale 1 Heineken Cada 1,2 Heinekens que ele bebe vale 1 Stelinha. Como que ele
vai gastar seus 60 reais?

Ele prefere Stelinha quando comparada com a Heineken. Mas note que a Stelinha é
muito mais cara. Para tomar uma Stelinha, ele gasta 10 reais. Isso vale conforme a
preferência de João o equivalente a 1,2 Heinekens, que irão custar 1,2*6 = 7,2 reais.
Então, ele irá consumir Heinekens e não Stelinhas por causa do custo/benefício.
Gastando 7,2 reais em Heineken, ele obtém a mesma satisfação do que gastando 10
reais em Stelinha. No caso de Brahmas e Heinekens, cada Heineken custa 6 reais e
equivale a tomar 1,2 Brahmas, que também custam 6 reais. Ou seja, João é indiferente
entre tomar 1 Heineken ou 1,2 Brahmas e os gastos são iguais. Se ele gastar todo o

3
dinheiro em Brahma irá consumir 12 latinhas e se consumir tudo em Heineken irá
consumir 10 latinhas. O gráfico 2 mostra as possibilidades de consumo de João.

10

12 B

Uma forma de se obter a equação da reta que representa essas possibilidades de


consumo de João é escrever a equação que define os gastos de João. Ele tem 60 para
gastar. O gasto com Brahma é o preço da Brahma, PB , vezes a quantidade de Brahma
consumida, B. O mesmo vale para Heineken. Assim, o gasto com as duas cervejas é
dado por:

PB B  PH H  60

5 B  6 H  60

Esse formato da equação da reta é muito usado em Economia.

Ou reescrevendo:

6 H  5 B  60

5
H    B  10
6

Esse formato também é muito utilizado. Cada qual apresenta vantagens e


particularidades com relação ao outro.

Por enquanto os dois primeiros problemas foram resolvidos tendo como conhecimento
essencial a reta.

4
Lucas é bebedor de cerveja, mas também gosta de um tira gosto. Pode tomar só cerveja
ou comer só tira gosto. Nunca consome cerveja com tira gosto. Ou seja, gasta tudo com
cerveja ou gasta tudo com picanha. Cada porção de picanha vale para ele 3 Stelinhas, 4
Heinekens, 4 Brahmas ou 5 Antárticas. Como que será o consumo de Lucas?

Para consumir uma porção de picanha, ele gasta 20 reais. Para consumir 3 Stelinhas, 4
Heinekens ou 5 Antárticas, ele gastaria mais dinheiro para o mesmo nível de satisfação,
respectivamente 30 reais, 24 reais e 25 reais. Assim, nos três casos, Lucas preferiria
consumir picanha em detrimento de qualquer dessas cervejas. Para consumir 4
Brahmas, o custo é de 20 reais, igual ao da picanha, e Lucas é indiferente ao consumo
de 4 Brahmas ou uma picanha. Assim, as possibilidades de consumo são duas. Ele vai
consumir tudo em picanha, 3 porções, ou tudo em Brahma, 12 latinhas. O gráfico
abaixo mostra isso.

B
12

P
3

Antônio bebe cerveja com tira gosto. Ao contrário de Lucas, Antônio sempre consome
os dois juntos. Qualquer cerveja, tanto faz. Ele tem a mesma satisfação em consumir
quatro cervejas de qualquer marca e uma picanha ou duas picanhas e uma cerveja.
Podemos representar a satisfação de Antônio com o consumo de cerveja, C, e picanha,
P, pela seguinte equação:

S (C , P)  CP 2 .

Note que a satisfação em consumir quatro cervejas e uma picanha, (C, P)  (4,1), é dado
por:

5
S (4,1)  4(1) 2  4.

A satisfação em consumir uma cerveja e duas picanhas, (C, P)  (1,2), é a mesma:

S (1,2)  1(2) 2  4.

Essa equação é uma função de varias variáveis, sexto tópico da nossa disciplina.

Quanto que Antônio irá consumir de cerveja e picanha? Como o que importa é a
quantidade de cerveja, ele irá consumir Antártica e/ou Brahma. Entretanto, saber quanto
de cerveja e quanto de picanha não é trivial. Os demais problemas podem ser resolvidos
com o conhecimento prévio adquirido no ensino médio. Para resolver problemas como
esse existem métodos bastante eficazes que utilizam conceitos que iremos aprender
nessa disciplina: otimização com restrição de funções de várias variáveis. Na verdade, o
principal objetivo dessa disciplina é fazer todo o caminho do ensino médio até poder
resolver problemas assim.

6
1 - Preliminares

Na primeira parte da disciplina iremos revisar os conceitos que teoricamente foram


aprendidos nos ensinos fundamental e médio. Muitos dos conceitos abordados aqui são
conhecidos da maioria dos estudantes. Entretanto, alguns estudantes não os conhecem,
tem uma noção vaga ou tem dificuldades com eles. Portanto, essa parte da disciplina
visa nivelar um pouco os estudantes para que possam acompanhar com maior facilidade
os conceitos normalmente ensinados no nível superior. Muitos dos estudantes irão
considera essa primeira parte da disciplina como muito básica e poderão passar
rapidamente por ela. Dados que vários dos estudantes já dominam os conceitos
discutidos aqui, pelo menos parcialmente, as explicações são bastante sucintas, fato que
não ocorrerá nas demais partes desse texto.

A discussão aqui segue a apresentação do capítulo 1 do livro-texto utilizado. Tanto


nessa parte da disciplina com nas demais, no fim de cada seção são propostos diferentes
exercícios para os estudantes que foram selecionados desse livro-texto. Como são várias
versões desse livro-texto, os exercícios foram escaneados da versão utilizada pelo
professor para evitar confusão. Os estudantes irão notar que os exercícios estão em
inglês. Essa é uma forma do estudante adquirir mais familiaridade com esse idioma,
uma vez que isso será muito importante para muitos dos estudantes que futuramente
serão bacharéis em REI.

Antes, porém, da apresentação de qualquer conceito, os estudantes devem fazer os


exercícios de diagnóstico selecionados das páginas 2/3 do livro-texto, como forma de
iniciar os trabalhos.

1.1 - Revisão de pré-calculo – parte 1

Para podermos resolver o problema de Antônio descrito acima necessitamos do cálculo.


Um importante conceito inicial é a reta dos números reais. Note que qualquer valor
pode ser representado nessa reta, que vai de   até  , e não só os números inteiros,
como destacados.

7
Reta Real ()

-2 -1 0 1 2
 

A reta real vai de   até  :   (, ). Entretanto, podemos selecionar parte desses
valores, obtendo intervalos.

Se queremos um intervalo com todos os valores entre 0 e 1, incluindo esses números,


temos:

[0,1].

Se queremos um intervalo com todos os valores entre 0 e 1, excluindo esses números,


temos:

(0,1).

O intervalo [2, ) contém todos os valores de 2 até  , incluindo esse primeiro.

Similarmente, o intervalo (,3) contém todos os números menores que -3, e não
inclui esse último.

Expoentes e radicais

Usamos muito os expoentes em matemática. Tomando um número n inteiro, de forma


genérica, temos:

a n  a.a... n vezes.

Por exemplo:

23  2.2.2  8

(1) 4  (1)(1)(1)(1)  1

Se n for negativo, podemos fazer uso da seguinte operação para facilitar o cálculo:

1
an  .
a n

8
Por exemplo:

1 1
33  3
 .
3 27

Raízes também podem ser escritas como expoentes:

n
a  a1 / n .

Por exemplo:

2
2  21 / 2.

3
8  81 / 3.

Como veremos, é muito mais usual e prático no cálculo escrever as raízes como
expoentes.

Os expoentes têm algumas propriedades muito uteis que são constantemente utilizadas.
Uma delas é a seguinte:

a n a m  a nm .

Por exemplo:

23 2 4  234  27.

1
3334  334  31  .
3

Outra propriedade muito utilizada é a seguinte:

a n m
 a n.m .

Por exemplo:

5 2 3
 52.3  56.

3 2  3  2


2 4 2 4 4
 38 2 4.

5 2 1/ 2
 5.

4 1/ 2 2
 4.

9
Polinômios

Os polinômios são muito usados no cálculo. Um polinômio é a soma de monômios.

Por exemplo:

x 2  5 x  1;

x 3  5.

O grau do polinômio é dado pelo monômio de maior grau. No caso desses dois
exemplos, o primeiro é de grau 2 e o segundo é de grau 3.

De forma genérica, um polinômio pode ser representado por:

...  a3 x3  a2 x 2  a1 x  a0 , onde a i são números.

Podem-se usar os polinômios para exemplificar diferentes passos algébricos.

Por exemplo, a multiplicação de dois polinômios distintos:

( x 2  5 x  1)(3x  2)  3x 3  2 x 2  15 x 2  10 x  3x  2  3x 3  17 x 2  13 x  2.

Um caso particular da multiplicação de polinômios é quando se eleva o polinômio ao


quadrado. Por exemplo:

( x  2) 2  ( x  2)( x  2)  x 2  2 x  2 x  4  x 2  4 x  4.

No caso geral, para elevar ao quadrado, temos:

(a  b) 2  a 2  2ab  b 2 .

Essa expressão será muito usada durante a nossa disciplina.

Muitas vezes podemos fatorar uma expressão, tanto polinômios como de outros tipos de
expressão. Isso pode facilitar em álgebras futuras. Por exemplo:

x 3  x 2  x  x( x 2  x  1)

a 2b 2 c 2  a 2b 3c  ab2 c 3  ab2 c(ac  ab  c 2 )

10
Raízes de polinômios de segundo grau

É muito comum a obtenção de raízes de polinômios de segundo grau. Um polinômio de


segundo grau pode ser genericamente escrito como:

ax2  bx  c

Para se obter as raízes desse polinômio, basta o igualar a zero

ax 2  bx  c  0,

E, em seguida, utiliza-se a expressão:

x

 b  b 2  4ac 
1/ 2

.
2a

Exemplo

Ache as raízes de 2 x 2  5x  12.

2 x 2  5x 12  0

x

 5  5 2  4(2)(12) 
1/ 2


 5  25  96 
1/ 2

 5  121
1/ 2

 5  11
2(2) 4 4 4

 5  11 6 3
x1    .
4 4 2

 5  11  16
x2    4.
4 4

Note que:

2
3 3
2   5   12  0
2 2

2 4  5 4 12  0


2

Podemos escrever a relação 2 x 2  5x 12  0 fazendo uso dessas raízes:

x  x1 x  x2   0

11
 3
 x    x  ( 4 )   0
 2

 3
 x   x  4   0.
 2

Vejamos:

3 12
x 2  x  4x   0
2 2

3 8
x2  x  x  6  0
2 2

5
x2  x  6  0
2

2 x 2  5x 12  0

Depois de cada seção serão indicados exercícios do livro-texto. Não deixe para depois.
Faça-os assim que você acabar d estudar esse material, sempre tendo como auxílio o
livro-texto. O livro-texto é muito mais completo do que esse material. Assim, terminada
a primeira seção do capítulo 1, os estudantes devem fazer os exercícios selecionados das
páginas 13/14 do livro-texto, como forma de fixação dos conceitos revisados.

1.2 - Revisão de pré-calculo – parte 2

Essa segunda seção continua com a revisão de conceitos normalmente ensinados nos
ensinos fundamental e médio.

Razões

Comumente nós deparamos com razões em matemática, e é importante saber realizar


álgebras elementares com elas, como multiplicação, divisão, somas e subtrações de
razões.

Iniciamos com um exemplo de multiplicação de razões:

12
 x  2  x  2   x  2 x  2    x  4 
2
        2 .
 x  1  x  4   x  1x  4   x  3x  4 

Para dividir razões, basta multiplicar o segundo termo de forma invertida:

 x2
 
 x  1    x  2  x  4     x  2  x  4     x  6 x  8 .
2
   
 x  2   x  1  x  2    x  1 x  2    x 2  3 x  2 
 
 x4

Segue um exemplo de soma de razões, que é similar a uma subtração:


 2   3   

 2 x   18 x   2 x  x  2  18 x x  1
2 3 2 2
       2 x 4
 4 x  18 x 4  18 x 2 

 
 x 1  x  2   x 2 1 x3  2     
   
x 2 1 x3  2  

 2 x 10 x 3  9 x  2
 
 .

 x 1 x  2
2

3
 

Desigualdades

Desigualdades também aparecem constantemente na matemática.

Exemplo 1

Para quais valores de x que a desigualdade x 2  2 x  8  0 é satisfeita?

O primeiro passo é obter as raízes do polinômio de segundo grau, como fizemos na


seção anterior:

x 2  2x  8  0

x

 2  2 2  4(1)(8) 
1/ 2


 2  4  32 
1/ 2

 2  36 
1/ 2

26
2(1) 2 2 2

x1  4

x2  2

Depois de obtidas as raízes, faz-se a análise de sinais.

Para valores menores que x  4, por exemplo, x  5, o polinômio é positivo:

(5) 2  2(5)  8  25  10  8  7  0.

13
O mesmo acontece para valores maiores que x  2, por exemplo, x  3 :

(3) 2  2(3)  8  9  6  8  7  0

Assim, o polinômio é positivo nos intervalos x  (,4) e x  (2, ).

Em contrapartida, para o intervalo x  (4,2), o polinômio é negativo. Basta escolher


qualquer valor de x nesse intervalo, por exemplo, x  0 :

(0) 2  2(0)  8  8  0.

Assim, a desigualdade x 2  2 x  8  0 é satisfeita no intervalo x  (4,2).

Exemplo 2

Segue outro exemplo de desigualdade, desta vez com uma razão. Para quais valores de x
x 1
que a desigualdade  0 é satisfeita?
x 1

Note que temos duas possibilidades para que essa desigualdade seja satisfeita:

1) Se x  1  0, x  1  0;
2) Se x  1  0, x  1  0.

Então fazemos a análise dos sinais em separado para numerador e denominador.

Para o denominador, temos:

x 1  0

x 1

Para valores x  1 :

x 1  0

Para valores x  1 :

x 1  0

A reta real a seguir exemplifica isso:

14
- 1 +

Para o numerador, temos:

x 1  0

x  1

Para valores x  1 :

x 1  0

Para valores x  1 :

x 1  0

A reta real a seguir exemplifica isso:

- -1 +

Então as condições 1) e 2) acima são satisfeitas quando:

1) x  1 e x  1, ou seja, x  (1, ); ou

2) x  1 e x  1, ou seja, x  (,1].

Assim, temos a união entre esses dois conjuntos como resposta para a desigualdade:

x  (,1]  (1, ).

Valor absoluto

O valor absoluto, a , também aparece comumente no cálculo e é sempre positivo:

1) Se a  0, a  a;

2) Se a  0, a  a.

Por exemplo:

a  2, 2  2.

15
a  3,  3  3.

Terminada a segunda seção do capítulo 1, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 23/25 do livro-texto.

1.3 - Coordenadas cartesianas

Vimos anteriormente a reta de números reais. A partir de duas retas de números reais
dispostas fazendo um ângulo de 90º, obtemos as coordenadas cartesianas. Elas são
muito utilizadas na matemática. Por exemplo, para representar pontos. Qualquer ponto
em duas dimensões pode ser representado nas coordenadas cartesianas como a mostrada
aqui. Nos últimos tópicos da nossa disciplina veremos coordenadas cartesianas em mais
dimensões.

A figura a seguir mostra as coordenadas cartesianas e três pontos representados nessas


coordenadas. Um ponto é o (1,1), onde x  1 e y  1. Os outros dois pontos são (2,1) e
(-2,-2).

Coordenadas cartesianas

(1,1) (2,1)
1

-2 1 2 x

-2
(-2,-2)

A distância entre quaisquer dois pontos é calculada usando o teorema de Pitágoras. Note
que obtemos um triângulo retângulo no diagrama a seguir.

16
y1

y0

x0 x1

A distância entre dois pontos, D, que é a hipotenusa do triângulo retângulo, é calculada


a partir dos catetos do triângulo:

D 2  x1  x0    y1  y0 
2 2


D   x1  x0    y1  y0 
2

2 1/ 2

Como exemplo, se os pontos forem (1,1) e (2,3), temos:


D  2  1  3  1
2

2 1/ 2

 1  2
2

2 1/ 2
 51/ 2.

Se os pontos forem (4,4) e (-2,-3), temos:


D   2  4   3  4
2

2 1/ 2

  6   7 
2

2 1/ 2
 36  49 
1/ 2
 811/ 2  9.

Como descrito na introdução desse texto, essa disciplina irá apresentar diversos
problemas aplicados à Economia. Assim, sempre que possível e factível serão
introduzidos exemplos aplicados que ilustram os conceitos sendo discutidos.

Exemplo aplicado – distância entre dois pontos

O diagrama a seguir mostra uma escola à beira de uma lagoa e uma ilha nessa lagoa. A
distância pela orla da lagoa da escola até o ponto mais perto da ilha é 1000 metros. A
distância mais curta da beira da lagoa até a ilha é 400 metros.

17
Existem diferentes possibilidades para os estudantes chegarem à ilha.

A) Os estudantes podem caminhar até o ponto da orla mais próximo da ilha e depois
podem nadar o restante. Assim, caminhariam 1000 metros e nadariam 400:

A
Danda  1000

A
Dnada  400

B – Eles podem sair nadando direto da escola. Note que isso é a hipotenusa do triângulo
retângulo. Assim, a distância percorrida nadando é (o valor foi aproximado, daí esse
igual meio torto):

B
Danda 0

B
Dnada 
 1000 2  400 2  1/ 2
 1017

C – Eles podem caminhar a distância 1000 – x e depois nadar o resto. Se x  200 :

C
Danda  1000  200  800

C
Dnada 
 200 2  400 2 1/ 2
 447

Ilha

400 metros Lagoa

1000 metros Escola

Qual desses caminhos é o mais rápido? Depende da velocidade que os estudantes andam
e nadam. Vejamos um exemplo com dois estudantes.

João anda em uma velocidade de:

18
João
Vanda  6Km / hora  6000 metros / hora  6000 metros / 60 min  100 m / min .

João nada em uma velocidade de:

João
Vnada  17m / min .

Maria anda em uma velocidade de:

Maria
Vanda  67m / min .

Maria nada em uma velocidade de:

Maria
Vnada  50m / min .

O tempo gasto por João nos três caminhos é:

1000 m 400 m
TAJoão    33,5 min .
100 m / min 17 m / min

1017 m
TBJoão   63 min .
17 m / min

800 m 447 m
TCJoão    34 min .
100 m / min 17 m / min

Como João nada muito lentamente, o caminho A foi o mais rápido e o caminho B foi o
mais lento.

Os tempos de Maria são:

1000 m 400 m
TAMaria    22,9 min .
67 m / min 50m / min

1017 m
TBMaria   21,5 min .
50m / min

800 m 447 m
TCMaria    20,9 min .
67 m / min 50m / min

19
Como Maria nada mais rapidamente, o caminho B foi mais rápido que A, mas o
caminho C foi o mais rápido.

Note que esse cálculo foi feito com x  200 . Podemos escrever esses tempos com o x no
lugar dos 200.

T ( x) 

(1000  x) x 2  400 2


1/ 2

Vanda Vnada

Para João:

T João (0)  33,5 min

T João (1000 )  63 min

T João (200 )  34 min

Para Maria:

T Maria(0)  22,9 min

T Maria(1000 )  21,5 min

T Maria(200 )  20,9 min

Vamos esboçar um gráfico com os tempos de Maria, pois iremos utiliza-lo para
introduzir novos conceitos.

Sabemos que:

T Maria(200 )  T Maria(1000 );

T Maria(200 )  T Maria(0).

20
Juntando os pontos que calculamos de forma aproximada:

T(x)

0 200 1000 x

Entretanto, não sabemos se T Maria(200 ) é o menor tempo possível ou se outros valores


de x têm tempos menores, como foi desenhado no gráfico.

Com o conhecimento que temos até o momento nessa disciplina poderíamos calcular
diversos pontos para verificar para qual valor de x que o tempo de Maria é o menor
possível:

T Maria(199 )  20,89

T Maria(200 )  20,88

T Maria(201)  20,88

T Maria(202 )  20,87

T Maria(210 )  20,83

T Maria(250 )  20,63

T Maria(300 )  20,45

T Maria(400 )  20,27

T Maria(500 )  20,27

21
T Maria(600 )  20,39

Esse processo pode ser bastante tedioso, principalmente se não for feito com o auxilio
de um computador. Não tem um método melhor? Sim, existe um método que vamos
aprender em breve. Como veremos, é um método relativamente simples e muito
poderoso. Ele utiliza o cocei toda derivada. Pelos resultados acima, nota-se que o
mínimo deve estar entre x = 400 e x = 500. Na verdade, o tempo mínimo para Maria é
em x = 448.

Terminada a terceira seção do capítulo 1, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 29/32 do livro-texto.

Além disso, para reforçar os conceitos abordados no exemplo de João e Maria, refaça os
cálculos se:

a) O problema continua o mesmo do proposto, mas a distância em terra passa de


1000 para 2000.
b) As distâncias são as mesmas do exemplo mostrado, mas as velocidades mudam
para João, João
Vanda  80m / min e João
Vnada  25m / min, e para Maria
Maria
Vanda  60m / min e Vnada
Maria
 50m / min .

1.4 – Reta

A reta é muito usada em problemas teóricos e aplicados. Além disso, ela é a base de
toda a discussão sobre o uso da derivada. Ou seja, é um conceito essencial para
continuarmos caminhando em direção ao nosso objetivo final da disciplina, que é
calcular o consumo de Antônio no bar.

O diagrama a seguir mostra três retas, A, B e C. As retas A e B diferem na inclinação,


mas note que elas cortam o eixo y no mesmo ponto, (0,0). As retas B e C tem a mesma
inclinação, mas cortam o eixo y em pontos distintos.

22
y A

B (3,3) C

(1,2) (6,3)

(0,0) (3,0) x

Esses dois parâmetros definem uma reta: a inclinação e o local onde a reta corta o eixo
dos y. Eles são denominados, respectivamente, de coeficiente angular, e coeficiente
linear ou intercepto.

Inclinação

A inclinação de uma reta é a razão entre a variação de y e a variação de x. Ou em outras


palavras, quanto que y varia dada uma variação de x:

y y1  y0
m  .
x x1  x0

Como exemplo, calculamos a inclinação das três retas na figura:

y1  y0 2  0
mA    2.
x1  x0 1  0

30
mB   1.
30

30
mC   1.
63

Note, como já adiantado, que m B  mC . Além disso, note que a três inclinações são
positivas. Isso quer dizer que quando x aumenta, y também aumenta, e quando x

23
diminui, y diminui. Entretanto, podemos ter inclinações negativas ou nulas, como
mostra o diagrama abaixo.

m=2

m=1

m=0

m = -1

Intercepto

O intercepto é aonde que a reta corta o eixo y. Vamos representar o intercepto pela letra
b, como usualmente é feito. Retornando a figura com as retas A, B e C, temos:

b A  0.

bB  0 .

bC  3.

Equação da reta

De posse desses dois parâmetros, obtemos a equação da reta. De forma genérica, temos:

y  mx  b.

Tomando a reta A como exemplo, temos:

y A  2x.

Ou seja, quando:

24
x  0, y  0;

x  1, y  2;

x  4, y  8.
Tomando a reta B como exemplo, temos:

y B  x.

Ou seja, quando:

x  1, y  1;

x  2, y  2.

Tomando a reta C como exemplo, temos:

yC  x  3.

Nos casos acima, tínhamos um diagrama com as retas e dois pontos para cada uma.
Calculamos a inclinação e obtemos os valores dos interceptos diretamente do diagrama.
Entretanto, o mais usual é termos dois pontos e com eles obtemos a equação da reta sem
o auxilio de figuras.

Por exemplo, qual reta que passa pelos pontos (-2, 5) e (2, -3)? Note que quando x
aumenta, y diminui. Ou seja, a inclinação é negativa. Além disso, não é obvio como
obter o intercepto.

Primeiro, obtemos a inclinação da reta:

y1  y0 35 8
m    2.
x1  x0 2  (2) 4

De posse da inclinação, substituímos na equação da reta:

y  mx  b  2 x  b.

Depois disso substituímos qualquer dos pontos na equação da reta para determinarmos
b. Por exemplo, o ponto (-2,5) foi o escolhido:

y  2 x  b.

5  2(2)  b.

25
b  1.

y  2 x  1.

Problema aplicado – Restrição orçamentária

Exemplo 1

João tem 50 reais para gastar em um bar, enquanto José tem 75 reais para gastar no
mesmo bar. O preço da latinha de Brahma é PB  5 e o preço da latinha de Antártica é
PA  5. Qual são as retas que representam as restrições orçamentárias dos dois amigos?

Para João:

PB B  PA A  50

5 B  5 A  50

5 A  5 B  50

AJoão   BJoão  10

A inclinação da reta é m  1 e o intercepto é A  10 .

José tem 75 reais, então pode consumir 15 latinhas de cerveja, como mostra a reta em
azul, que é a restrição orçamentária de José. A inclinação é a mesma, pois os preços das
cervejas não mudaram, mas o intercepto é A  15 :

AJosé   BJosé  15.

O gráfico a seguir mostra a restrição orçamentária de João em vermelho e de José em


azul. Note que os preços não mudaram, portanto as inclinações das retas são iguais, mas
o intercepto de José, o mais “rico”, está acima de João.

15

10

26
João José

10 15 B

Exemplo 2

João continua a ter 50 reais para gastar. Além do mesmo bar acima, “O Barateiro”,
resolve ir em outro bar, “O Chique”, em que o preço da Brahma continua o mesmo,
PB  5, e o da Antártica é PA  10. Compare as duas restrições orçamentárias. “O
Barateiro” está em azul e do “O Chique” em vermelho.

10

Barateiro
5
Chique
10

Como vimos, para “ O Barateiro” a restrição orçamentária é:

ABar.   BBar.  10

Note que para o “O Chique”, a inclinação e o intercepto mudaram:

PB B  PA A  50

5 B  10 A  50

10 A  5 B  50

1
AChi.   BChi.  5
2

A inclinação mudou por que o preço de um só item mudou. Ou seja, a relação entre os
preços das duas cervejas mudou. O intercepto também mudou, pois João ficou
relativamente mais pobre.

Retas horizontais e verticais

27
Além das retas descritas acima com m  0, temos as retas horizontais e verticais.

As retas horizontais são aquelas com m  0 :

y  mx  b

y b

Por exemplo:

y=2

y = -4

No caso das retas verticais, não usamos a expressão acima. Simplesmente toda a reta
tem o mesmo valor de x:

x = -2 x=5

Terminada a quarta seção do capítulo 1, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 41/45 do livro-texto.

Além disso, compare as restrições orçamentárias:

a) 5 B  5 A  50 e 10 B  10 A  100;

28
b) 5 B  5 A  50 e 5 B  15 A  100 .

Parabéns, você acaba de terminar o capítulo 1 do livro-texto. Seguimos para o capítulo


2.

29
2 – Funções, limites e derivada

O primeiro capítulo do livro-texto procurou relembrar e nivelar os estudantes com


relação a conceitos comumente ensinados nos ensinos fundamental e médio. Esse
capítulo também discute alguns conceitos que normalmente são aprendidos no ensino
médio, mas introduz conceitos que normalmente são ensinados em disciplinas de
matemática do primeiro semestre do nível superior.

2.1 - Funções

Para começar a discutir o conceito de função, retornamos ao nosso problema da escola e


da ilha.

Ilha

400 metros Lagoa

1000 metros Escola

Vimos que o tempo gasto da escola até a ilha é:

T ( x) 

(1000  x) x 2  400 2


1/ 2

Vanda Vnada

Para Maria:

T ( x) 

(1000  x) x 2  400 2


1/ 2

67 50

30
E confeccionamos um gráfico aproximado:

T(x)

0 200 1000 x

Note pelo gráfico que para cada valor de x, temos um único valor de tempo. Isso
caracteriza uma função. No caso desse problema dizemos que o tempo é uma função de
x.

Mais formalmente:

Uma função é uma regra que determina para cada valor de x  A, um único valor de
y  B, onde y  f (x).

x A yB

31
Exemplos de função:

1) f ( x)  x

2) f ( x)  x 2

3) F (Q)  PQ, onde F é faturamento, P é preço e Q é quantidade.

F(Q)

32
Em todos os exemplos acima, para qualquer valor de x  A tínhamos um único valor de
y  B, onde y  f (x).

Um exemplo que não é função, pois um único valor de x leva a dois valores de y:

x2  y2  1

x A yB

Domínio da função

Retomamos ao nosso exemplo da escola e da ilha. Se os estudantes saírem nadando


direto da escola, x  1000 . Se eles caminharem até o ponto mais próximo da ilha e
começarem a nadar dali, x  0. Qualquer trajeto entre esses dois extremos também é
factível. Mas fora desses extremos, os trajetos não fazem sentido. Por exemplo,
x  1000 significa que os estudantes iriam andar na direção oposta da ilha, para mais
longe, para depois nadarem mais do que o necessário. O mesmo vale para x  0. Os
estudantes iriam passar do ponto mais próximo da ilha andando para depois nadarem

33
mais do que o necessário. Assim, x pode variar entre 0 e 1000, ou seja, a função faz
sentido se definida para esses valores de x.

O domino de uma função f (x) é o conjunto de valores de x tal que a função é definida.
No caso do problema escola/ilha, o domínio dessa função é x [0,1000 ]. O gráfico a
seguir mostra isso.

T(x)

0 200 1000 x

No caso da função F (Q)  PQ, Q é a quantidade vendida. Assim, não faz sentindo falar
em quantidade negativa. O domínio da função é Q [0, ), como mostra o gráfico a
seguir.

F(Q)

Um ponto a ser lembrado é que todo polinômio tem como domínio toda a reta real:
x  (, ). Por exemplo: f ( x)  x 2 . Qualquer número pode ser elevado ao quadrado.

34
Problema aplicado – Fazendo caixas sem tampa a partir de um papelão

Assim como o exemplo da escola/ilha, esse exemplo vai aparecer diversas vezes na
nossa disciplina. Um papelão retangular de dimensões 100 cm x 40 cm vai ser
transformado em uma caixa sem tampa ao dobrarmos as extremidades, x de cada lado,
como mostra o diagrama:

x x

40

x x

100

A altura da caixa será x. O lado menor terá como dimensão 40 – 2x. E o lado maior 100
– 2x.

O volume da caixa é dado pela multiplicação da altura vezes a área da base:

V ( x)  x40  2 x 100  2 x 

 
 40 x  2 x 2 100  2 x 

35
 4000 x  200 x 2  80 x 2  4 x 3

 4 x 3  280 x 2  4000 x

Se o papelão não for dobrado, x  0. Se o papelão for dobrado ao meio com relação ao
lado menor, x  20 . O conjunto de valores que a função é definida é o domínio, Logo, o
domínio dessa função é x  [0,20].

Note que nesses dois extremos o volume da caixa é zero. Para qualquer outro valor de x,
o volume é positivo. O gráfico abaixo mostra essa relação de forma aproximada:

V(x)

0 20 x

Como veremos depois fazendo uso da derivada, o volume máximo da caixa de papelão
é obtido em x  8,8 :

V (8,8)  48,8  2808,8  4000 8,8  16243 cm3


3 2

Domínios de função – casos “clássicos”

São três os casos “clássicos” de obtenção de domínio. A tabela a seguir mostra esses
três exemplos.

Para polinômios, como já mencionado, o domínio é toda a reta real. São mostrados dois
exemplos de polinômios.

No caso de raízes, uma raiz só é definida se o que está dentro da raiz for igual ou maior
que zero, como mostrado na tabela.

Por fim, para uma razão, o denominador deve ser diferente de zero, também como
mostrado na tabela.

36
Função Domínio Exemplos
Polinômio (, )   f ( x)  x  1;
f ( x)  x 2  x  3

Raiz: a a0 f ( x )  x  3;
x  3  0, x  3.
a b0 1
Razão: f ( x)  ;
b x 1
x  1  0, x  1.

Imagem da função

A imagem da função é o conjunto de valores que a função assume.

Exemplo 1

No caso do exemplo da caixa de papelão, o volume mínimo é 0 cm3 , em x0 e


x  20, e o volume é 16243 quando x  8,8. Assim, o conjunto de valores que a função
assume é V ( x) [0,16243 ], que é a imagem da função.

Seguem outros exemplos.

37
Exemplo 2

Para o polinômio f ( x)  x 2 , sabemos que o domínio é x  (, ). No caso da imagem


de f (x) tem como valor mínimo zero e assume todos os valores positivos. Assim, a
imagem é f ( x) [0, ).

f(x)

Exemplo 3

Para o polinômio, f ( x)  x, a imagem é f ( x)  (, )  .

f(x)

Terminada a primeira seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 57/61 do livro-texto.

38
2.2 – Álgebra de funções

Depois de aprendidos os conceitos iniciais referentes às funções, essa seção aborda a


questão da álgebra de funções. A discussão se inicia com um exemplo muito utilizado
em disciplinas básicas de Economia.

Soma e subtração de funções – exemplo aplicado – Função lucro

O faturamento de uma firma é dado por:

F (Q)  10Q, onde Q é a quantidade de produto vendida.

F(Q)

O custo de produção da firma é dado por:

C (Q)  C f  Cv (Q)  9  Q 2 onde C f é o custo fixo, que independe da quantidade

produzida, e Cv (Q ) é custo variável, que depende de Q.

C(Q)

Note que as duas funções tem o mesmo domínio: Q [0, ). Portanto, não existe um
impedimento a esse respeito para somar ou subtrair essas funções.

39
A partir dessas duas funções, podemos obter a função lucro da firma:

 
L(Q)  F (Q)  C (Q)  10Q  9  Q 2  Q 2  10Q  9.

Note que essa função é um polinômio de segundo grau, cujo domínio é o mesmo
definido acima. Para esboçar a figura, podemos achar as raízes do polinômio:

 Q 2  10Q  9  0

Q 2  10Q  9  0

10  100  36  10  64  10  8
1/ 2 1/ 2
Q  
2 2 2

Q1  1

Q2  9

Ambos os valores pertencem ao domínio.

Quando a produção é Q1  1 ou Q2  9, o lucro é zero.

Para valores menores que Q1  1, o lucro é negativo, pois o faturamento é muito baixo
para pagar os custos fixos e variáveis. Note que, para Q  0 :

L(0)  0 2  10 (0)  9  9.

Que é justamente o custo fixo.

Para valores acima de Q2  9, o lucro também é negativo, pois o custo variável aumenta

com Q 2 . Por exemplo, em Q  10, temos:

L(10 )  10 2  10 (10 )  9  9.

Entre Q1  1 e Q2  9, o lucro é positivo. No caso particular desse problema, o lucro


máximo é atingido em Q  5 :

L(5)  5 2  10(5)  9  25  50  9  16.

40
L(Q)

Assim, o domínio da função lucro é Q [0, ) e a imagem é L(Q)  (,16].

Função composta – Exemplo aplicado – Escolaridade e salários

Uma função composta é “uma função dentro da outra”. Vejamos um exemplo:

O salário de um indivíduo, S(E), varia conforme sua escolaridade, E. Uma curva como a
mostrada a seguir exemplifica isso. Note que um aumento de escolaridade quando a
escolaridade da pessoa já é elevada tem um maior impacto no salário do que quando
essa tem um nível de escolaridade baixo.

S(E)
10000

1000

E
0 16

Assuma que um trabalhador com zero ano de estudo tem um salário de 1000 reais.
Além disso, assuma que um trabalhador com curso superior completo, E = 16, o

41
máximo de escolaridade possível, uma vez que todos que tem pós-graduação são
agrupados aqui, tem um salário de 10000:

S (0)  1000

S (16)  10000

O domínio da função é E [0,16] e a imagem é S ( E) [1000 ,10000 ].

Note que essa curva se parece com a função custo descrita acima. Assim, assumimos
que:

S ( E )  a  bE 2 , onde a e b são números.

Então, S (0)  a  1000 ,

S ( E )  1000  bE 2 .

S (16)  1000  b16   10000


2

b16  10000 1000  9000


2

b(256 )  9000

b  9000 / 256  35,2.

S ( E )  1000  35,2 E 2 .

Segundo essa função, qual é o salário de um trabalhador com ensino fundamental


completo, E = 9, e qual é o salário de um trabalhador com ensino médio completo, E =
12?

S (9)  1000  35,2(9) 2  3848

S (12)  1000  35,2(12) 2  6063

Assuma que os trabalhadores acima são estudantes universitários. Ou seja, tem


escolaridade entre 12 e 16. A escolaridade do indivíduo, E(t), varia conforme seu tempo
na universidade, t. Uma curva como a seguir exemplifica isso. No começo da
universidade o estudante tem mais dificuldades, não consegue passar em algumas
disciplinas e, portanto, sua escolaridade sobe mais devagar.

42
E(t)

16

12

0 6 t

Um estudante tem E = 12 quando entra na universidade em t = 0 e tem E = 16 quando


forma em t = 6:

E (0)  12

E (6)  16

Note que essa curva se parece com a função do salário descrita acima. Assim,
assumimos que:

E (t )  c  dt 2 .

Então, E(0)  c  12,

E (t )  12  dt 2 .

E(6)  12  d 6  16
2

d 6  16 12  4
2

d  4 / 36  1 / 9.

Ficamos com:

1
E (t )  12  t 2 .
9

43
De posse das duas funções, respondemos a seguinte questão: qual é a relação do salário
com o tempo? Temos uma função “dentro da outra”, que é uma função composta:

 1 
S[ E (t )]  1000  35,212  t 2 .
 9 

Devemos, entretanto, ter um cuidado ao definir a função composta. A imagem da


função “de dentro” deve ser um subconjunto do domínio da função “de fora”.

No nosso caso, a função “de dentro” é E(t). O domínio dessa função é t [0,6], que é
mostrado em azul no diagrama a seguir. A imagem dessa função é E (t ) [12,16], que é
mostrada em verde. Note que essa imagem é um subconjunto do domínio de S (E ) ,
E  [0,16], que é mostrado em vermelho. Ou seja, a função composta é bem definida.
Para completar, a imagem de S (E ), mostrada em laranja, é S ( E)  [1000 ,10000 ].

t [0,6] E(t ) [12,16]

E (t ) S (E )

E [0,16]

Terminada a segunda seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 72/73 do livro-texto.

44
2.3 – Funções e modelos matemáticos - Curvas de oferta e demanda

Funções e modelos matemáticos são utilizados nas mais diferentes áreas do


conhecimento. Uma aplicação muito utilizada em disciplinas de Economia são as curvas
de demanda e de oferta.

Curva de demanda

Como mostra a figura a seguir, em geral, a medida que o preço de um bem aumenta, a
quantidade demandada pelo bem diminui.

Para exemplificar, assuma que essa relação é dada por:

100
Q( P)  .
P

Curva de oferta

No caso da curva de oferta, de forma geral, à medida que o preço do bem aumenta mais
firmas o ofertam. Isso está esquematizado no diagrama a seguir.

45
Q

P2
Assuma que essa relação é dada por: Q( P)  .
10

Equilíbrio de mercado

Economistas tem o costume de usar os eixos invertidos nas funções acima.

Lembrando que Q  0 e P  0.

Para a demanda:

100
Q( P)  ;
P

100
P(Q)  .
Q

Para a oferta:

P2
Q( P)  ;
10

P(Q)  10Q .
1/ 2

Além disso, as duas curvas são colocadas em um mesmo gráfico. Assim, a curva
vermelha e a de demanda e a curva azul é a de oferta.

46
P

Pe

Qe Q

No ponto onde as curvas se encontram existe um equilíbrio de mercado, quando a oferta


é igual a demanda. Obtemos esse ponto igualando qualquer par de equações:

 10Qe 
100 1/ 2

Qe

 
2
 100 
  10Qe 1/ 2
2

 Qe 

10000
 10Qe
Qe2

Qe3  1000

Qe  10

100 100
Pe (Qe )    10.
Qe 10

No equilíbrio de mercado, Qe  10 e Pe  10 .

Terminada a terceira seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 85/91 do livro-texto.

47
2.4 – Limites

Os limites são a base do cálculo tanto da derivada, que vamos aprender nessa disciplina,
como da integral, que não vamos aprender aqui, mas que é um tema abordado em
disciplinas de Cálculo I. Como veremos, os limites também são muito úteis para
desenhar gráficos. A descrição sobre limites aqui é bastante breve, com foco no
estritamente necessário para prosseguirmos na nossa disciplina.

Retome a função demanda mostrada anteriormente:

100
Q( P)  .
P

Qual é o domínio da função? Note que o preço deve ser diferente de zero para que a
função seja definida e também positivo: P  (0, ).

Exemplo 1

Vamos utilizar essa função para obter alguns limites.

Limite 1

Se P  5, Q  20;

se P  20, Q  5;

se P  100, Q  1;

se P  100 .000, Q  1/ 1000 ;

48
se P  100 .000 .000 .000, Q  1/1.000 .000 .000  0

A medida que P cresce, Q diminui. Podemos fazer P tão grande quanto queiramos.
Assim, fazendo P extremamente grande, dizemos que ele tende a infinito, P  . E aí
Q fica extremamente pequena e dizemos que ela tende a zero: Q  0.

Isso que acabamos de fazer é um limite. Quando P  , no limite Q  0.

Escreve-se assim:

lim Q  0.
P 

E lê-se assim: limite de Q quando P tende a infinito é zero.

Limite 2

Outro exemplo usando a mesma função.

Se P  1, Q  100;

se P  1/1000 , Q  100 .000;

se P  1/1.000 .000 .000, Q  100 .000 .000 .000

A medida que P diminui, Q aumenta. Podemos fazer P tão pequeno quanto queiramos.
Fazendo P extremamente pequeno, dizemos que ele tende a zero. Entretanto, note que
P  0, então não temos P negativo. Como P tende para zero, mas a partir de valores

positivos, escreve-se assim: P  0. Quando isso ocorre, Q fica extremamente grande:
Q  .

Escreve-se assim:

lim Q  .
P 0 

Limite 3

Um terceiro exemplo usando a mesma função.

Se P  3, Q  33,3;

se P  2,1, Q  47,6;

49
se P  2,001, Q  49,98;

se P  2,000001 , Q  49,99998 .

Note que o preço tende para 2.

Como o preço tende para 2 por valores superiores a 2, portanto, P  2 . Além disso,
note que Q  50.

Escreve-se:

lim Q  50.
P 2 

Se P  1, Q  100;

se P  1,9, Q  52,6;

se P  1,999, Q  50,03;

se P  1,99999 , Q  50,0003 .

Como o preço tendeu para 2 por valores inferiores a 2, temos P  2 . Novamente


Q  50.

Escreve-se:

lim Q  50.
P 2 

Como lim Q  lim Q  50, escreve-se simplesmente:


P 2 P2

lim Q  50.
P 2

Esse ponto será abordado com mais detalhes na próxima seção como os limites laterais.

lim Q  50 e lim Q  50 são limites laterais.


P 2 P2

Exemplo 2

Segue um exemplo com outra função.


50
x  3x  2 ,
Dada a função f ( x)  qual o domínio da função?
x  3
Como a função é uma razão, o denominador tem que ser diferente de zero:

x3 0

x  3.

Se x  3, pode-se simplificar a expressão acima:

f ( x) 
x  3x  2  x  2.
x  3
No caso, com exceção de x = 3, onde a função não é definida, temos uma reta:

f(x)

3 x

Note que é possível calcular os limites mesmo se a função não for definida no ponto,
pois esse ponto não entra nos limites. O valor tende ao valor específico, mas não é igual
ao valor.

Assim, podemos calcular os limites em torno do ponto aonde a função não é definida:

lim  x  2   5;
x 3

lim  x  2   5.
x 3

Daí decorre:

lim  x  2   5.
x 3

51
Exemplo 3 – Custo médio de produção

Segue um exemplo aplicado com o custo médio de produção.

O custo de produção de uma firma é dado por:

C(Q)  C f  Cv (Q)  200.000  100Q.

O custo médio de produção para cada item produzido é dado por:

C (Q) 200 .000  100 Q 200 .000


Cme (Q)    100  .
Q Q Q

200 .000
Note que 100 é o custo variável de produzir cada unidade e é a divisão do
Q
custo fixo pelas unidades produzidas.

Qual é o Cme (Q) se a produção for muito muito grande?

 200 .000  200 .000


lim 100    lim 100  lim  100  0  100 .
Q
 Q  Q Q Q

O custo fixo passa a ser negligenciável, pois é dividido por uma produção muito grande.

E se a produção for muito pequena? Note que a função Cme (Q) é definida para Q  0 :

 200 .000  200 .000


lim 100    lim 100  lim  100    .
Q0
 Q  Q0 Q0 Q

Usando essas duas informações, dá para esboçar um gráfico? De forma rudimentar, sim.
Sabemos os dois limites e ligamos os pontos.

52
Cme(Q)

100

Terminada a quarta seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 111/114 do livro-texto.

2.5 – Limites laterais e continuidade

Essa seção discute a questão da continuidade de funções, ponto essencial para o cálculo
da derivada. Para discutir a continuidade, fazemos uso do conceito do limite lateral, que
já calculamos antes.

Limites laterais

Exemplo 1

100
Como vimos na seção anterior, dada a função Q( P)  , obtemos os limites laterais
P
para P  2.

Por um lado, com valores maiores que 2:

lim Q  50 .
P2

E, por outro lado, com valores menores que 2:

lim Q  50 .
P2

53
Como os limites são feitos de forma separada para cada lateral de valores, esses são
limites laterais.

Exemplo 2

x  3x  2 .
Retomamos ao exemplo com a função f ( x) 
x  3
Também vimos que os limites laterais assumiam os seguintes valores:

lim  x  2   5;
x 3

lim  x  2   5.
x 3

Note que nesses dois exemplos, os limites laterais são iguais. Mas nem sempre isso
ocorre.

Exemplo 3

Tome a função definida em duas partes:

f ( x)  x  1, se x  0; e

f ( x)  x  1, se x  0.

Esboçamos o gráfico dessa função. Note que não são duas funções. É uma única função
definida em duas partes.

Calculamos os limites laterais em torno de x  0.

54
Note que para x  0, vale f ( x)  x  1. Assim, temos:

lim f ( x)  lim x  1  1.


x 0  x 0

Por outro lado, note que para x  0, vale f ( x)  x  1:

lim f ( x)  lim x  1  1;
x 0  x 0

Nos exemplos 1 e 2, os limites laterais são iguais. Já no exemplo 3, os limites laterais


são distintos. Isso tem implicações, como veremos. Vejamos a definição de limite.

Limite

O limite em um ponto específico existe quando os limites laterais são iguais e finitos:

lim f ( x)  lim f ( x)  L, onde L é finito.


x a  x a

Assim, nos exemplos 1 e 2, os limites existem, respectivamente:

lim Q  50 e lim  x  2   5.
P 2 x 3

No exemplo 3, o limite em x = 0 não existe, pois os limites laterais, apesar de finitos,


são distintos.

Função contínua

Uma definição de função contínua “grosseira” seria:

função contínua é aquela que pode ser desenhada sem tirar o lápis do papel.

Seguem alguns exemplos.

55
Exemplo 1 – Função contínua

Exemplo 2 – Função contínua

f ( x)  x

Exemplos de funções que não são contínuas.

56
Exemplo 1 – O limite no ponto existe, mas a função não é definida no ponto.

f ( x) 
x  3x  2 ,
x  3

f(x)

3 x

Exemplo 2 – Os limites laterais são distintos, e o limite não existe.

f ( x)  x  1, se x  0, e

f ( x)  x  1, se x  0.

57
Exemplo 3 – A função é definida no ponto, o limite existe, mas o valor do limite
difere do valor da função no ponto.

f ( x)  x  2, se x  3

f ( x)  4, se x  3

f(x)

5
4

3 x

Função contínua

Uma função é contínua em a se:

1) f (a) é definida no ponto;

2) lim f ( x ) existe;
x a

3) lim f ( x )  f (a )
xa

Nos exemplos acima, o exemplo 1 não satisfaz o primeiro quesito, mas os demais
exemplos satisfazem. O segundo quesito é satisfeito pelo primeiro e terceiros exemplos,
mas não pelo segundo. O terceiro exemplo satisfaz os dois primeiros quesitos, mas não
satisfaz o terceiro.

Note que polinômios são sempre contínuos. Razões de polinômios são contínuos
quando o denominador for diferente de zero.

58
Terminada a quinta seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios
selecionados das páginas 126/127 do livro-texto.

2.6 – A derivada

Como foi mencionado, a reta é a base de toda a discussão sobre o uso da derivada.
Retomamos a discussão de inclinação da reta, com o diagrama a seguir.

(1,2)

(0,0) x

Como vimos, a inclinação de uma reta é a razão entre a variação de y dada uma variação
de x:

y1  y0
m .
x1  x0

No caso particular dessa reta:

20
m  2.
1 0

Agora, partimos de uma função qualquer, obtemos dois pontos dessa função e
calculamos a inclinação da reta formada por esses dois pontos, que é denominada reta
secante.

A função escolhida é f ( x)  x 2 . Obtemos dois pontos quaisquer. Traçamos a reta entre


esses dois pontos.

59
Iniciamos com esses dois pontos de f ( x)  x 2 :

(1,1) e (2,4).

Em seguida, calculamos a inclinação entre esses pontos:

4 1
m  3.
2 1

Essa é a inclinação da reta secante entre esses pontos.

Fazemos isso de novo fixando um dos pontos (1,1) e escolhendo outro ponto que se

3 9
aproxima desse primeiro. No caso,  , .
2 4

Novamente calculamos a inclinação da reta secante:

9 9 4 94 5
1 
m 4  4 4  4  4  5 2  10  5  2,5.
3 3 2 3 2 1 4 1 4 2
1 
2 2 2 2 2

Repetimos esse procedimento fixando o ponto (1,1) e escolhido outro ainda mais
próximo desse 1,1;1,21.

Calculamos a inclinação da reta secante:

1,21  1 0,21
m   2,1.
1,1  1 0,1

Seguindo o mesmo procedimento, tome como base os pontos (1,1) e 1,001;1,002001  :

60
1,002001  1 0,002001
m   2,001 .
1,001  1 0,001

E, de novo, tendo como base os pontos (1,1) e 1,0000001 ;1,0000002000 0001  :

1,0000002000 0001  1 0,0000002000 0001


m   2,0000001 .
1,0000001  1 0,0000001

Note que o ponto (1,1) ficou fixo e fomos aproximando o outro ponto desse primeiro.
Na verdade estamos fazendo um limite.

Para facilitar o raciocínio, trocamos a nomenclatura de algumas coisas: y0  f ( x0 ) e

y1  f ( x1 ). Depois trocamos x1  x0  h, o que implica em x1  x0  h.

Assim, ficamos com a seguinte figura:

f(x0+h)

f(x0)

x0 x0+h

Depois de trocada a nomenclatura, temos:

y1  y0 f ( x1 )  f ( x0 ) f ( x0  h)  f ( x0 ) f ( x0  h)  f ( x0 )
m    .
x1  x0 x1  x0 ( x0  h )  x0 h

Essa é a inclinação das retas secantes que calculamos acima.

Podemos aproximar o segundo ponto tanto quanto queiramos do primeiro. Note que
x1  x0  h, então aproximar os pontos tanto quanto queiramos é o mesmo que h  0.
Obtemos assim um limite.

61
Note que fizemos a aproximação desse exemplo com valores de x maiores que 1. Mas se
fizermos o mesmo com valores abaixo de 1, os resultados serão exatamente iguais. Note
que para esse limite existir, os limites laterais devem ser iguais e finitos:

f ( x0  h)  f ( x0 ) f ( x0  h)  f ( x0 )
lim  lim  L.
h0 h h0 h

Caso os limites laterais sejam iguais e finitos, o limite existe. Esse limite é a derivada e
fornece a inclinação da reta tangente à curva. Esse conceito é extremamente importante
e daqui para frente o utilizaremos constantemente.

Derivada

f ( x0  h)  f ( x0 )
lim .
h0 h

Inclinação da reta tangente

f(x0)

x0

Agora introduzimos um pouco mais de nomenclatura par facilitar a discussão futura.

Para a inclinação de uma reta qualquer:

y y1  y0
m  .
x x1  x0

62
Quando calculamos o limite acima, obtemos a inclinação da reta tangente ao ponto.
Note que h  0 é o mesmo que x  0. E se temos uma inclinação finita e x  0,
isso implica em y  0. Quando fazemos o limite trocamos de nomenclatura de x
para dx e de y para dy. Essa troca mostra que estamos calculando o limite:

dy f ( x0  h)  f ( x0 )
 lim .
dx h 0 h

dy
se lê como: d y d x.
dx

Além disso, existe outra forma de se indicar a derivada de forma mais sintética:

dy f ( x0  h)  f ( x0 )
 lim  f ´( x)  y´.
dx h0 h

Coloca-se um tracinho, uma linha, para indicar que temos uma derivada.

f ´(x) se lê como: efe linha de x.

y´ se lê como: ípsilon linha.

Seguem alguns exemplos de como calcular a derivada a partir da definição. Para


facilitar, trocamos x0 por x, e obtemos uma expressão genérica:

dy f ( x  h)  f ( x)
 lim .
dx h0 h

Exemplo 1

f ( x)  2 x

Primeiro note que essa função é uma reta, y  mx  b, cuja inclinação é m  2. Ou seja,
a reta tem uma mesma inclinação em todo o seu domínio.

Para calcular a derivada, antes de pensarmos em limite, devemos obter a razão

f ( x  h)  f ( x)
.
h

63
f ( x)  2 x

f ( x  h)  2( x  h)

f ( x  h)  f ( x)  2( x  h)  2 x  2 x  2h  2 x  2h.

f ( x  h)  f ( x) 2h
  2.
h h

Depois de obtida a razão, calculamos o limite:

dy f ( x  h)  f ( x)
 lim  lim 2  2.
dx h 0 h h0

dy
Note que a inclinação da reta tangente, que é a própria reta, tem inclinação  2,
dx
como já sabíamos.

Exemplo 2

f ( x)  x 2

Primeiro note que a inclinação da reta tangente depende do valor de x. Se x  0, a


dy dy
inclinação é negativa,  0. Se x  0, a inclinação é positiva,  0. Se x  0, a reta
dx dx
dy
tangente é horizontal e tem inclinação nula,  0.
dx

64
Vejamos.

Para calcular a derivada, devemos obter a razão

f ( x  h)  f ( x)
.
h

f ( x)  x 2

f ( x  h)  ( x  h) 2  x 2  2 xh  h 2

f ( x  h)  f ( x)  x 2  2 xh  h 2  x 2  2 xh  h 2  h(2 x  h)

f ( x  h)  f ( x) h(2 x  h)
  2 x  h.
h h

Depois de obtida a razão, calculamos o limite:

f ( x  h)  f ( x)
 lim 2 x  h  2 x.
dy
 lim
dx h 0 h h0

dy
Como já tínhamos verificado, o valor de ( x)  2 x depende do valor de x.
dx

Vejamos alguns exemplos com valores específicos de x.

Se x  2,

dy
(2)  2(2)  4.
dx

Se x  5,

dy
(5)  2(5)  10.
dx

Se x  3,

dy
(3)  2(3)  6.
dx

Se x  0,

dy
(0)  2(0)  0.
dx
65
Exemplo 3

f ( x)  x 3

Assim como no exemplo anterior, a derivada dessa função assume valores diferentes
dependendo de x. Seguindo os mesmos passos, obtemos a razão.

f ( x)  x 3

f ( x  h)  ( x  h) 3  ( x  h)( x 2  2 xh  h 2 )  x 3  2 x 2 h  xh2  x 2 h  2 xh2  h 3


 x 3  3x 2 h  3xh2  h 3 .

Note que assim como (a  b) 2  a 2  2ab  b 2 , o termo (a  b) 3  a 2  3a 2 b  3ab 2  b 3


aparece bastante no cálculo.

Prosseguindo no cálculo da derivada:

f ( x  h)  f ( x)  x 3  3x 2 h  3xh 2  h 3  x 3  3x 2 h  3xh 2  h 3  h(3x 2  3xh  h 2 )

f ( x  h)  f ( x) h(3x 2  3xh  h 2 )
  3x 2  3xh  h 2 .
h h

Calculamos o limite e trocamos a nomenclatura só para familiarizar o leitor:

f ( x  h)  f ( x)
f ´( x)  lim  lim 3x 2  3xh  h 2   3x 2 .
h0 h h0

Se x  2,

f ´( 2)  3(2) 2  12.

Se x  3,

f ´( 3)  3(3) 2  18.

Se x  0,

66
f ´(0)  3(0) 2  0.

Note que f ´( x)  0 se x  0. Ou seja, a função f ( x)  x 3 sempre cresce em x  0 :

Exemplo 4

f ( x)  5

Note que essa é uma reta horizontal com inclinação nula. Ou seja, a derivada é zero par
a todos os valores de x. Ainda assim, obtemos a derivada dessa função:

f ( x)  5

f ( x  h)  5

f ( x  h)  f ( x)  0

f ( x  h)  f ( x) 0

h h

0
f ´( x)  lim    0.
 
h 0 h

Note que h tende a zero. Ele não é zero. Portanto, 0 dividido por algo que tende a zero é
zero.

67
Note que podemos generalizar alguns resultados a partir desses exemplos, que usaremos
muito no próximo capítulo.

Exemplo Generalização
f (x) f ´(x) f (x) f ´(x)
f ( x)  5 f ´( x)  0 f (x)  Constante f ´( x)  0
f ( x)  2 x f ´( x)  2 f ( x)  mx  b f ´( x)  m

f ( x)  x 2 f ´( x)  2 x f ( x)  x n f ´( x)  nx n 1

f ( x)  x 3 f ( x)  3 x 2

Agora que aprendemos como calcular a derivada, para que ela serve? O cálculo da
inclinação da reta tangente tem inúmeras aplicações, inclusive em Economia.

Um ponto central em Economia é obter pontos ótimos, máximos e mínimos: máximo de


lucro, mínimo de custo, etc.

Exemplo 1

No nosso caso do exemplo da escola e a ilha, queríamos obter o mínimo do tempo gasto
entre a escola e a ilha.

Ilha

400 metros Lagoa

1000 metros Escola

68
O gráfico a seguir mostra o tempo gasto por Maria. O ponto azul é o menor tempo
possível. Note que nesse ponto a inclinação da reta tangente é zero, pois a reta é
horizontal. Ou seja, estamos buscando o ponto onde T ´( x)  0. Simples assim.

T(x)

0 200 1000 x

Exemplo 2

Lá atrás mostrei um exemplo de uma firma que tinha essa função lucro:

L(Q)

Se queremos maximizar o lucro, basta achar o ponto onde L´(Q)  0.

Exemplo 3

Além de achar máximos e mínimos, a derivada é usada em muitas outras aplicações. Por
exemplo, na obtenção da produtividade marginal do trabalho, como mostrado no
diagrama a seguir. Ou seja, quanto que a produção, representado pela função de
produção, Q(L), varia quando mudamos o gasto com trabalho, L. Trabalho é comumente
representado pela letra L (em inglês labor). A produtividade marginal do trabalho é a
derivada da função de produção: Q´(L).

69
Na seção 3.4 esse conceito será abordado com mais profundidade.

Q(L)

A derivada e a continuidade

Já discutimos o conceito de continuidade com o uso de limites. Também já


apresentamos o conceito de derivada com a obtenção da inclinação da reta tangente.

Entretanto, não se pode obter a inclinação da reta tangente de uma função em uma
descontinuidade. A seguir são mostrados três exemplos de função descontínua. No
ponto onde ela é descontínua, não conseguimos obter o limite que define a derivada.

Exemplo 1

No exemplo 1, a função não é definida em um ponto. Nesse ponto específico não


podemos obter o limite que define a derivada. Note que no nosso primeiro exemplo
utilizamos o ponto base (1,1). Necessitamos de um ponto base, que no caso desse ponto
específico não é definido.

70
Exemplo 2

No exemplo 2, um dos limites laterais que definem a derivada poderia ser calculado no
ponto de descontinuidade, o limite superior. Entretanto, o limite lateral inferior não
pode ser calculado, logo o limite que define a derivada não existe.

Exemplo 3

No exemplo 3, o cálculo dos limites laterais que definem a derivada é impossibilitado


no ponto de descontinuidade, pois lim f ( x)  f (a).
x a

Portanto, a derivada só existe se a função for contínua. Mas somente isso não basta.

71
A função tem que ser “redondinha”. O que isso quer dizer? Não pode ter pontas.

Como exemplo temos a função f ( x)  x . Em x  0, ela tem uma ponta. Os limites

laterais que define a derivada nesse ponto são diferentes, logo o limite não existe, ou
seja, a derivada não existe.

f(x)

Obtendo os limites laterais:

Para x  0,

f ( x)  x  x.

f ( x)  x

f ( x  h)  x  h

f ( x  h)  f ( x) x  h  x
 1
h h

f ( x  h)  f ( x)
lim  lim 1  1
h0 h h0

Para x  0,

f ( x)  x   x.

f ( x)   x

72
f ( x  h)  ( x  h)

f ( x  h)  f ( x)  x  h  x
  1
h h

f ( x  h)  f ( x)
lim  lim  1  1
h0 h h0

Assim, em x  0, os limites laterais são distintos, e o limite, logo a derivada, não existe.

O ponto também não pode ser no fim do domínio. Por exemplo, a função faturamento
representada no gráfico a seguir tem como domínio Q [0, ). Como calcular a
derivada no ponto x  0 ? Um dos limites laterais pode ser obtido, o limite superior,
mas o outro não.

F(Q)

Terminada a sexta seção do capítulo 2, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 145/148 do livro-texto.

Parabéns, você terminou o capítulo 2. Seguimos para o terceiro capítulo do livro.

73
3 – Diferenciação

No capítulo 2, você aprendeu o que é a derivada. Utilizamos a definição de limite para


isso. Entretanto, na prática, não utilizamos muito a definição da derivada para obter
derivadas de funções. Usamos as regras de derivação. Porém, entender o que é a
derivada é extremamente importante. Não se esqueça do conceito, nem do que ele
significa. Nesse capítulo você vai aprender as regras de derivação. Não são muitas.

3.1 – Regras básicas de derivação

Na verdade, você já viu algumas das regras básicas de derivação, as três primeiras delas.
Duas outras são apresentadas. Em duas delas aparece a letra a, a é uma constante.

Regras básicas de derivação

Como você já viu:

d
1- a0
dx

2-
d
mx  b  m
dx

d n
3- x  nx n1
dx

As duas próximas você ainda não viu, mas são bastante simples:

d d
4- af ( x)  a f ( x)
dx dx

5-
d
 f ( x )  g ( x )   d f ( x)  d g ( x)
dx dx dx

Melhor explicar todas essas 5 regras básicas de derivação com um exemplo.

Exemplo

A função é um polinômio de grau 3:

f ( x)  x 3  2 x 2  3x  4

74
Queremos obter a derivada dessa função. Poderíamos fazer uso da definição de
derivada, mas daria um pouco de trabalho. Utilizando as regras básicas de derivação é
bastante rápido e simples.

A regra 5 mostra que podemos separar a derivada de uma soma de funções em uma
soma de derivadas. Aplicando essa regra ao nosso exemplo, temos:

d
dx
f ( x) 
d 3
dx

x  2 x 2  3x  4  
dx
x  2 x 2   3x   4.
d 3 d
dx
d
dx
d
dx

Agora temos quatro derivadas mais simples para fazer. Antes de calcularmos cada uma
delas, aplicamos a regra 4. Se uma função é multiplicada por uma constante, a derivada
da função também será multiplicada pela mesma constante. Aplicando essa regra no
nosso exemplo, temos:

x  2 x 2   3x   4  x 3  2 x 2  3 x  4.
d 3 d d d d d d d
dx dx dx dx dx dx dx dx

Agora sim, vamos separar cada uma das derivadas.

Usando a regra 1, temos:

d
4  0.
dx

Usando a regra 2, temos:

d
3 x  3(1)  3.
dx

Usando a regra 3, temos:

d 3
x  3x 2 ;
dx

d 2
2 x  2(2 x).
dx

Agora basta somar essas quatro partes:

d 3
dx
x  2 x 2  3x  4  3x 2  4 x  3  0  3x 2  4 x  3.

75
Na prática não fazemos todas essas etapas, uma depois da outra. A derivada é feita em
uma etapa só, como mostra essa última expressão. É só questão de se familiarizar com o
processo.

Terminada a primeira seção do capítulo 3, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 164/167 do livro-texto.

3.2 – Regras do produto e do cociente

Depois de aprendidas as regras básicas de derivação, nessa seção aprenderemos duas


outras: a regra do produto; e a regra do cociente. Não se preocupe, depois dessas duas
iremos aprender apenas mais algumas.

Regra do produto

Essa regra é usada quando temos um produto de funções, por exemplo:

h( x)  f ( x) g ( x).

Já aprendemos a derivar somas e subtrações. No caso da multiplicação, utilizamos a


seguinte regra:

h´( x)   f ( x) g ( x) ´ f ´( x) g ( x)  f ( x) g´( x).

A derivada de um produto é igual a derivada do primeiro termo vezes o segundo, mais o


primeiro termo vezes a derivada do segundo.

Exemplo

 
h( x )  f ( x ) g ( x )  x 3 x1 / 2  1 .

Assim, podemos separar as duas funções:

f ( x)  x 3 .

g ( x)  x1 / 2  1.

76
Depois derivamos cada uma delas.

Usando a regra 3:

f ( x)  x 3 .

f ´( x )  3 x 2 .

Usando a regra 5, temos:

g ( x)  x1/ 2  1.

 
 
g´( x)  x1/ 2  1  x1/ 2  1 .  
Usando a regra 1, temos:

1  0
Usando a regra 3, temos:

x   12 x
1/ 2 1 / 2

Somando as duas últimas expressões:

1 1
g´( x)  x 1/ 2  0  x 1/ 2 .
2 2

Substituindo na expressão da regra do produto:

 f ( x) g ( x)  f ´( x) g ( x)  f ( x) g´( x).

x x
3 1/ 2
1   3x x 2 1/ 2
   1  1 7
 1  x 3  x 1/ 2   3x 5 / 2  3x 2  x 5 / 2  x 5 / 2  3x 2 .
2  2 2

Assim como foi descrito nas regras básicas de derivação, depois de automatizado , todo
esse processo será feito em uma única etapa.

No caso particular desse exemplo podemos multiplicar antes de derivar, mas nem
sempre isso será possível:

 
h( x )  x 3 x1 / 2  1  x 7 / 2  x 3 .

77
7 5/ 2
h´( x)  x  3x 2 .
2

Nesse caso foi mais fácil multiplicar e derivar, mas não se engane. Muitas vezes é mais
difícil, muitas vezes a multiplicação de funções é complicada, muitas vezes a
multiplicação é impossível (ou quase).

Regra do cociente

Essa regra é usada quando temos um cociente de funções, por exemplo:

f ( x)
h( x )  .
g ( x)

No caso, utilizamos a seguinte regra:


 f ( x)  f ´( x) g ( x)  f ( x) g´( x)
h´( x)     .
 g ( x)  g 2 ( x)

Note o sinal menos no numerador. Não confundir com a regra do produto, que tem o
sinal positivo.

Exemplo 1

x2 1
h( x )  .
x2 1

Vamos fazer direto usando a regra acima:

 
h´( x) 
x 2
  
 1 x2  1  x2  1 x2  1    2 x x 2
  
 1  x 2  1 2 x 

2x3  2x  2x3  2x
x 2
1 2
x 2
1 2
x 2

1
2

 4x
 .
x 2

1
2

Exemplo 2

Podemos ter um produto dentro de um cociente, que é o mesmo que um cociente dentro
de um produto:

78
w( x) 

f ( x) g ( x) x 3  1 x1/ 2  3

 
h( x) x2 1  
Em casos assim basta utilizar as duas regras descritas acima, primeiro uma e depois a
outra, tanto faz a ordem de utilização:

w( x) 
x 3
  
 1 x1 / 2  3

 x 3  1  1/ 2  
    2  x 3 
x2 1  x 1 

Partimos do primeiro formato, onde a regra do produto aparece dentro de uma regra do
cociente:

w´( x) 
x 3
    
 1 x1/ 2  3  x 2  1  x 3  1 x1/ 2  3 x 2  1

  
x  1
2 2

x 3  1 x1/ 2  3  x 3  1x1/ 2  3  x 2  1  x 3  1x1/ 2  3 x 2  1


   
w´( x)  
x 2  12
 2 1/ 2
   1 1 / 2  2
  
 3 x x  3  x  1  2 x  x  1  x  1 x  3 2 x 
3 3 1/ 2
    
 

x2 1
2
 
 5/ 2
  1 5 / 2 1 1 / 2  2

 3 x  9 x   2 x  2 x  x  1  x  x  3 x  3 2 x 
2 7/2 1/ 2 3
   
 

x2 1
2
 
 7 5 / 2 1 1 / 2  2
 2 x  9 x  2 x  x  1  2 x  2 x  6 x  6 x
2 9/2 3/ 2 4
   
 

x2 1
2
 
 7 9/ 2 1 3/ 2 7 5/ 2 1 1 / 2 
 x  9x  x  x  9x  x   2x  2x  6x  6x
4 2 9/ 2 3/ 2 4
 
 
2 2 2 2
x 1
2 2
 
3 9/ 2 7 3 1
x  3x 4  x 5 / 2  9 x 2  x 3 / 2  6 x  x 1 / 2
2 2 2 2 .
x 1
2 2
 

79
A derivada poderia ter sido obtida a partir de uma regra do cociente dentro de um
produto. O resultado é exatamente igual.

Terminada a segunda seção do capítulo 3, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 174/176 do livro-texto.

3.3 – Regra da cadeia

Anteriormente vimos uma função composta.

O salário de um indivíduo, S(E), varia conforme sua escolaridade, E,


S ( E )  1000  35,2 E 2 :

S(E)
10000

1000

E
0 16

A escolaridade do indivíduo, E(t), varia conforme seu tempo na universidade, t,


1
E(t )  12  t 2 :
9

80
E(t)

16

12

0 6 t

De posse das duas funções, respondemos as questões:

dS
1) Qual é a derivada do salário com relação à escolaridade, (E ) ?
dE

S ( E )  1000  35,2 E 2 .

dS
( E )  0  70,4E  70,4E.
dE

Substituindo E por valores, temos:

dS
(1)  70,4.
dE

dS
(10)  704 .
dE

dE
2) Qual é a derivada da escolaridade com relação ao tempo, (t ) ?
dt

1
E (t )  12  t 2 .
9

dE 2
(t )  t.
dt 9

Substituindo t por valores, temos:

81
dE 2
(1)  .
dt 9

dE 10
(5)  .
dt 9

Outra questão é

dS
3 – Qual é a derivada do salário com relação ao tempo, (t ) ?
dt

Como vimos essa função é composta: S E (t ).

Nesse exemplo específico, temos duas opções relativamente simples para obter essa
derivada.

Opção 1 – Substituindo e derivando

2
 1   1 
S (t )  S E (t )  1000  35,212  t 2   1000  35,2144  t 2  t 4 .
24
 9   9 81 

dS  48 4   48 4 
(t )  0  35,2 0  t  t 3   35,2 t  t 3 .
dt  9 81   9 81 

Substituindo t = 1:

dS  48 4   9 * 48  4   9 * 24  2   218 
(1)  35,2    35,2   70,4   70,4 .
dt  9 81   81   81   81 

Nessa opção utilizamos o que já aprendemos.

Opção 2 - Regra da cadeia

Aqui vamos usar a regra da cadeia. Utilizar essa regra pode ser mais fácil do que o
modo anterior. Mas também utilizamos essa regra por que ela pode apresentar
vantagens interpretativas, como no caso desse exemplo aplicado.

Primeiro, montamos a regra da cadeia. Para esse exemplo pode parecer trivial, mas para
exemplos do cálculo de várias variáveis, utilizar esse procedimento para montar a regra

82
da cadeia é bastante útil (Esse ponto não será estudado nessa disciplina e é normalmente
abordado em disciplinas do segundo semestre do nível superior).

Para montar a regra da cadeia, usamos o diagrama a seguir:

S[E(t)]

dS
Pela seta azul: .
dt

dS
Pela primeira seta vermelha: .
dE

dE
Pela segunda seta vermelha: .
dt

Montamos a regra da cadeia assim:

dS  dS  dE 
  
dt  dE  dt 

dS
A derivada que queremos calcular, , é calculada a partir de um produto de duas
dt
 dS  dE 
derivadas:   . Note que essas duas últimas derivadas são fáceis de entender
 dE  dt 
depois que as funções foram explicadas. São as inclinações das curvas mostradas nos
diagramas anteriores.

Assim, temos:

 dS  dE  2 
  70,4 E  t 
dS
(t )   
dt  dE  dt  9 

Como exemplo com números:

Se t  1,

83
1 109
E(1)  12  
9 9

dS   109   2   218 
(1)   70,4     70,4 .
dt   9   9   81 

Note que os resultados são exatamente iguais.

Aposto que você achou a segunda opção mais complicada. Assim, quais são as
vantagens em se usar regra da cadeia?

1 – Às vezes é mais fácil.

2 - Às vezes as derivadas da regra da cadeia tem significado.

3 - Às vezes é mais fácil de interpretar.

4 – A regra da cadeia é uma ferramenta poderosa e pode ser usada em problemas mais
complicados.

No nosso exemplo acima, os quesitos 2 e 3 podem justificar o uso da regra da cadeia.


Vejamos outros exemplos que ilustram os quesitos 1 e 4.

Exemplo 2

Dadas duas funções, obtemos as derivadas:

f ( x)  x 2  x  1

g ( y )  y 100

df
 2x 1
dx

dg
 100 y 99
dy

Se y  f (x), obtemos uma função composta:

g  f (x).

84
dg
O objetivo é obter a derivada .
dx

Opção 1


g ( x)  x 2  x  1 100

Imagina você multiplicando isso aí em cima!

Já desisti.

Opção 2

g[f(x)]

dg  dg  df 
  
     100 y 99 2 x  1  100 x 2  x  1 2 x  1.
dx  df  dx 
99

Nesse caso, utilizar a regra da cadeia é muito mais fácil. Realmente é uma ferramenta
poderosa. Além disso, chegamos em uma outra regra que iremos usar bastante, que é a
regra da cadeia com outro nome.

Regra da potência

g ( x)   f ( x) 
n

g´( x)  n f ( x)
n1
f ´( x)

Exemplo 1


g ( x)  x 2  x  1  100



g´( x)  100 x 2  x  1  x
99 2
  
 x  1  100 x 2  x  1 2 x  1
99

85
A função pode vir simplesmente como f (x) e o procedimento é o mesmo:

Exemplo 2


f ( x)  x 3  3 
1/ 2

f ´( x) 
2

1 3
x  3 3x 2 
1 / 2

Em alguns exemplos temos que usar mais de uma regra, como no exemplo abaixo com
a regra do produto e a regra da potência:

Exemplo 3

 
f ( x)  2 x 2  1 x 4  3 
3

 
3
 
f ´( x)  2 x 2  1 x 4  3  2 x 2  1 x 4  3
3 
 
    
f ´( x)  4 x  x 4  3  2 x 2  1 3 x 4  3 4 x 3
3
  
2

Parabéns, você acaba de aprender as regras de derivação. Em geral, derivar não é


complicado, basta se acostumar com essas poucas regras. Entretanto, pode ser
trabalhoso, como no exemplo da regra do produto dentro de uma regra do cociente.
Essas regras de derivação que você aprendeu também são válidas para o cálculo de
várias variáveis, último tópico dessa disciplina.

Terminada a terceira seção do capítulo 3, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 189/191 do livro-texto.

O restante desse capítulo e o capitulo 4 apresentam várias aplicações em Economia do


que acabamos de aprender.

86
3.4 – Aplicações em Economia

Essa seção apresenta algumas aplicações da derivada em Economia muito prestes em


disciplinas inicias desse curso. Nos já vimos algumas, dentre elas o conceito de
marginal, que será mostrado aqui em maior detalhamento.

Produtividade marginal do trabalho

Já vimos rapidamente o conceito de produtividade marginal do trabalho. Utiliza-se a


nomenclatura PmgL para a produtividade marginal do trabalho. Para discutir esse

conceito com um pouco mais de cuidado, utilizamos um exemplo discreto. Os


trabalhadores só podem ser empregados em números inteiros, 1, 2, 3..., como mostra o
diagrama a seguir.

Se a firma aumentar de 2 para 3 trabalhadores, a produção irá aumentar de: Q(3) – Q(2).
Essa é a produtividade marginal do terceiro trabalhador. Quanto que a produção irá
Q
aumentar pela introdução desse terceiro trabalhador: PmgL  .
L

Q(L)

1 2 3 Q

Mas no cálculo, em geral, utilizamos funções contínuas e redondinhas, portanto, com


derivadas bem definidas. Como mostra o gráfico a seguir, vimos que a produtividade
dQ
marginal do trabalho é a derivada da função de produção: PmgL  . Nesse caso, a
dL
derivada é definida para Q > 0.

87
Q(L)

Ou seja, para funções assim: marginal = derivada.

Faturamento, custo e lucro marginais

Retornando a um exemplo já citado, o faturamento de uma firma é dado por:

F (Q)  10Q.

F(Q)

Qual é o faturamento marginal?

F´(Q)  10.

Utiliza-se também essa nomenclatura:

Fmg (Q)  10.

O faturamento marginal é constante, pois o faturamento é dado por uma reta.

88
O custo de produção da firma é dado por:

C (Q)  9  Q 2 .

C(Q)

Qual é o custo marginal?

Cmg (Q)  C´(Q)  2Q.

O custo marginal cresce com a quantidade produzida. Note que a relação de custo com a
quantidade produzida tem sua inclinação aumentada com o aumento da produção.

A partir dessas duas funções, obtemos a função lucro da firma:

L(Q)  Q 2  10Q  9.

L(Q)

Q
5

Qual é o lucro marginal?

Lmg (Q)  2Q  10.

89
Qual é o máximo da curva acima?

LMax ?

Lmg (Q)  2Q  10  0.

2Q  10

Q5

Em Q = 5, o lucro marginal é zero, o lucro é máximo, a inclinação das funções


faturamento e custo são iguais:

L  F C

Lmg  Fmg  Cmg

No LMax :

Lmg  Fmg  Cmg  0

Fmg  Cmg

Elasticidade da demanda

Além do conceito de marginal, outro muito presente em disciplinas de Economia é o de


elasticidade, em particular o da elasticidade da demanda. Vimos que, em geral, a
medida que o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada pelo bem diminui:

90
A elasticidade da demanda é definida como:

Q
Q
E ( P)   .
P
P

Em palavras: dada uma variação percentual do preço, P , qual é a variação percentual


P

da demanda pelo bem, Q .


Q

Note que se o preço aumenta, espera-se que a demanda diminua. Então E (P) é em geral
positiva, pois foi incluído um sinal negativo na expressão.

Exemplo 1

Vejamos um exemplo. João e José vão para a universidade de carro todos os dias. João
mora em um local onde pegar ônibus é fácil, enquanto José mora em um local onde
pegar ônibus é muito difícil. Se o preço da gasolina subir, João pode facilmente trocar o
carro pelo ônibus, pelo menos em alguns dias. Já para José isso vai ser mais difícil.

Se a gasolina custava 5 reais e passou a custar 5,50, temos:

P 0,5
  0,1  10%.
P 5

João ia todos os dias para a universidade de carro e passou a ir só na metade dos dias.
Assuma que são 20 dias de aula por mês:

QJoão 10  20
  0,5  50 %.
QJoão 20

José que também ia todos os dias para a universidade de carro e passou a ir só em 90%
dos dias:

QJosé 18  20
  0,1  10%.
QJosé 20

Qual é a elasticidade da demanda dos dois?

 0,5
E João ( P)   5
0,1

91
 0,1
E José ( P)   1
0,1

Dada uma variação de preço, a demanda de João variou muito mais do que para José.

Exemplo 2

Em geral, usamos funções contínuas no cálculo. Retomando o nosso exemplo com


100
Q( P)  , como calcular a elasticidade da demanda?
P

Vamos manipular a expressão que define a elasticidade da demanda,

Q
Q
E ( P)   ,
P
P

mas sugere-se utiliza-la na hora de interpretar os resultados.

Manipulando essa expressão, temos:

Q
Q  Q  P   P  Q 
E ( P)          .
P  Q  P   Q  P 
P

 Q 
Retomando a nossa discussão do conceito de derivada, note que   é a inclinação
 P 
da reta secante entre dois pontos obtidos da função da demanda.

Tomando o limite quando P  0 e, consequentemente, Q  0, temos:

 P  dQ 
E ( P)    .
 Q  dP 

100
Para a função Q( P)  , temos:
P

Q  100 P 1

dQ  100
 100 P 2  2 .
dP P

92
 P  dQ   P   100 
E ( P)        1.
 2 
 Q  dP   100 P  P 

A elasticidade da demanda é sempre 1. Se o preço aumenta, a demanda cairá da mesma


quantidade em termos proporcionais:

Q
Q
E ( P)   1
P
P

Q   P
Q P

Exemplo 3

Vejamos outro exemplo com a seguinte função demanda:

Q( P)  50 P  2000 .

O gráfico a seguir mostra essa função:

2000
00

40 P

Calculando a elasticidade da demanda:

 P  dQ       P 
 50   
P 50 P
E ( P)        .
 Q  dP    50 P  2000    50 P  2000    P  40 

Se P muda, a elasticidade também muda:

93
 10  1
E (10)    .
  10  40  3

 20 
E (20)     1.
  20  40 

 30 
E (30)     3.
  30  40 

Para P  20, E( P)  1, ou seja, dada uma variação no preço, a demanda varia menos
que o preço. Diz-se que a demanda é inelástica, varia pouco.

Para P  20, ocorre o contrário, a demanda varia mais que o preço e a elasticidade da
demanda é elástica.

Para P  20, E ( P)  1, a elasticidade é unitária.

Terminada a quarta seção do capítulo 3, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 204/207 do livro-texto.

3.5 – Derivadas de ordem superior

Até aqui tínhamos uma função e obtínhamos a derivada dessa. Por exemplo:

f ( x)  x 5  3x 4  x 2  1

f ´( x)  5 x 4  12 x 3  2 x

Note que a função é um polinômio de grau 5 e sua derivada também é um polinômio, só


que de grau 4. Vimos que a derivada da função representa a inclinação da reta tangente,
que tem inúmeras aplicações.

Entretanto, nada impede de derivarmos a derivada. Para indicar que temos uma derivada
de uma derivada, inserimos mais uma linha. Note que agora temos duas linhas em vez
de uma. Dizemos que temos a derivada segunda. Como veremos no próximo capítulo, a
derivada segunda tem muitas aplicações:

94
f ´´( x)  20 x 3  36 x 2  2.

Podemos prosseguir derivando. No caso de polinômios, e também de outras funções,


esse processo pode ser feito de forma infinita:

f ´´´( x)  60 x 2  72 x

f iv ( x)  120 x  72

f v ( x)  120

f vi ( x)  0.

Essas são as derivadas de ordem superior.

Aqui vamos utilizar somente até as derivadas segunda, mas as derivadas de ordem
superior são usadas em outras aplicações não abordadas na nossa disciplina.

Exemplo aplicado 1 – Função lucro

Como vimos, a função lucro de uma firma é dada por:

L(Q)  Q 2  10Q  9.

L(Q)

Q
5

A derivada primeira nos fornece a inclinação da reta tangente:

L´(Q)  2Q  10.

Como vimos, o máximo da curva é em Q  5, quando L´(Q)  0.

95
Como também pode ser observado pelo gráfico, para valores Q  5, por exemplo,
Q  4:

L´(4)  2(4)  10  2  0.

A inclinação é positiva e a função cresce de valor.

Para valores Q  5, por exemplo, Q  6 :

L´(6)  2(6)  10  2  0.

A inclinação é negativa e a função cresce de valor.

Mas para que serve a derivada segunda?

L´´(Q)  2  0 ?

Daqui a pouco eu respondo.

Exemplo aplicado 2 – Função demanda

Retornamos para a nossa função demanda:

100
Q( P)  .
P

Como já vimos com a demanda:

 100
Q´( P)   0.
P2

A função é sempre decrescente.

96
Agora obtemos a derivada segunda:

Q´( P )  100 P 2

200
Q´´( P)  200 P 3   0?
P3

Compare os dois exemplos. No primeiro, a derivada segunda é negativa e no segundo


ela é positiva.

Note a concavidade da função: côncava no primeiro exemplo e convexa no segundo. É


isso: a derivada segunda serve para analisar a concavidade de funções.

Se f ´´( x)  0, a função é côncava.

Se f ´´( x)  0, a função é convexa.

Esse ponto será abordado com mais detalhes no próximo capítulo.

Antes, porém, de terminar a seção, seguem alguns comentários sobre nomenclatura.

Vimos que a derivada primeira pode ser escrita de dois modos:

df
f ´( x)  .
dx

O mesmo ocorre com as derivadas de ordem superior:

d  df  d 2 f
f ´´( x)     2 .
dx  dx  dx

d d2 f  d3 f
f ´´´( x)     3 .
dx  dx 2  dx

A nomenclatura usando linha é mais sintética, mas a outra também é bastante útil.

Terminada a quinta seção do capítulo 3, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 212/213 do livro-texto.

3.6 – Diferenciação implícita e taxas relacionadas

Iremos pular essa seção.

97
3.7 – Diferenciais

Iremos pular essa seção.

Como o nosso foco é a escolha de Antônio no bar, pulamos essas duas últimas seções,
que são normalmente abordadas em disciplinas de Cálculo I.

Parabéns, você acaba de terminar o capítulo 3 do livro-texto.

98
4 – Aplicações da derivada

Como o nome do capítulo está indicando, esse capítulo apresenta aplicações da


derivada. No capítulo 2 aprendemos o que é derivada, sua definição como limite. No
capitulo 3 aprendemos as regras de derivação. Agora você está pronto para aprender as
aplicações da derivada. Na verdade nós já vimos algumas delas nos capítulos anteriores,
que foram usados para ilustrar os conceitos, mas aqui os pontos serão abordados com
maior detalhamento. São dois os pontos principais abordados nesse capítulo: o estudo
de funções; e a otimização.

4.1 – Aplicações da derivada primeira

Como já foi brevemente introduzido, a derivada primeira fornece a inclinação da reta


tangente e é muito utilizada para saber quando que a função é crescente ou decrescente.

Funções crescentes/decrescentes

Vejamos um exemplo

Exemplo 1

Começamos com um polinômio. Lembrando que o domínio de polinômio é toda a reta


real.

f ( x)  x 3  3 x 2  24 x  32

f ´( x)  3x 2  6 x  24

Para saber para quais valores de x que a função acima é crescente/descrescente, primeiro
obtemos o(s) ponto(s) onde f ´( x)  0 :

f ´( x)  3 x 2  6 x  24  0

x 2  2x  8  0

2  4  32  2  36  26
1/ 2 1/ 2
x   .
2 2 2

26
x1   4.
2

99
26
x2   2.
2

Nesses dois pontos f ´( x)  0, e a reta tangente é horizontal. Esses dois valores dividem
o domínio da função em três intervalos, como mostra o diagrama a seguir. Analisamos o
sinal de f ´(x) em cada um dos três intervalos.

Para x  2, por exemplo, x  3 :

f ´( 3)  3(3) 2  6(3)  24  27  18  24  21  0.

A derivada primeira é positiva, e a função é crescente, como mostrado no diagrama.

Para x  2 e x  4, por exemplo, x  0 :

f ´(0)  3(0) 2  6(0)  24  24  21  0.

A derivada primeira é negativa, e a função é decrescente.

Para x  4, por exemplo, x  5 :

f ´(5)  3(5) 2  6(5)  24  75  30  24  21  0.

A derivada primeira é positiva, e a função é crescente.

+ - + f (x)

-2 4

Com essa análise dos sinais da derivada primeira, obtemos os intervalos aonde a função
é crescente, (,2) e (4, ) e aonde ela é decrescente (2,4).

De posse dessa informação, pode-se esboçar de forma rudimentar o gráfico de


f ( x)  x 3  3x 2  24 x  32 . Ainda nesse capítulo iremos aprender a desenhar com maior
precisão o gráfico de funções. Não sabemos ainda a concavidade da função, pois não
usamos a derivada segunda, mas vou desenhar com a concavidade certa.

100
-2 4

Exemplo 2

Faremos nesse exemplo o mesmo procedimento para a função f ( x)  x1 / 2 . Como


vimos, o domínio da função é x  0. Saber qual é o domínio é o primeiro passo para o
estudo da função. Esse passo é muito importante, pois já sabemos que não precisamos
nos preocupar com x  0.

Para saber para quais valores de x a função é crescente/decrescente, derivamos a função:

1 1 / 2 1  1 
f ´( x)  x   1 / 2 .
2 2x 

Como x  0, f ´( x)  0. Ou seja, a função é sempre crescente.

+ f (x)

101
Também ainda não sabemos a concavidade da função, só sabemos que ela é crescente,
mas vou desenhar com a concavidade certa.

f(x)

Máximos e mínimos locais

Retornamos com o gráfico do nosso exemplo com o polinômio para definirmos o que
são máximos e mínimos locais. Note que introduzi na curva dois pontos em verde, as
duas retas tangentes horizontais e colchetes em torno dos pontos verdes.

Em um dos pontos verdes, em x  2, a função assume o maior valor entre os pontos
que estão próximos dele, representados pelos pontos no intervalo representado pelo
colchete em amarelo. Como o ponto verde assume o maior valor em sua vizinhança,
dizemos que o ponto é um ponto de máximo local.

O outro ponto em verde é em x  4. A função assume o menor valor entre os pontos que
estão próximos dele, também representados pelo colchete em amarelo. Como o ponto
verde assume o menor valor em sua vizinhança, dizemos que o ponto é um ponto de
mínimo local.

102
-2 4

Em ambos os pontos, a inclinação da reta tangente é zero. Assim, para obtermos os


pontos de máximos e mínimos locais, se a derivada existir nesses pontos, basta
obtermos a derivada e igualarmos ela a zero.

Note que na explicação utilizei um gráfico, mas não precisamos saber o formato da
função para isso.

Então, imagine que você não sabe que o ponto de máximo local é em x  2, e que o
ponto de mínimo local é em x  4. Você quer justamente achar esses pontos sabendo a
equação da função. Como vimos, temos:

f ( x)  x 3  3 x 2  24 x  32

Necessitamos obter a derivada e verificar em quais pontos ela é zero.

f ´( x)  3 x 2  6 x  24  0

Como já vimos:

x 2  2x  8  0

26
x1   4.
2

26
x2   2.
2

103
Com essa informação, você sabe que nesses pontos a derivada é zero. Pontos em que
f ´( x)  0 são chamados de pontos críticos. Entretanto, com a informação que o ponto é
crítico alinda não sabemos se o ponto é de máximo local ou de mínimo local. Para isso
necessitamos de estudar a concavidade da função, que é o tema da próxima seção.

Terminada a primeira seção do capítulo 4, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 255/259 do livro-texto.

4.2 – Aplicações da derivada segunda

Como vimos, a derivada segunda é utilizada no estudo da concavidade de funções. Aqui


veremos esse ponto em maior detalhamento.

Exemplo 1

f ( x)  x 2

f ´( x)  2 x

f ´´( x)  2  0

Como vemos pelo gráfico, a função é convexa. A definição de côncava e convexa é


feita olhando o gráfico de baixo para cima.
104
Note que a derivada primeira fornece a inclinação da reta tangente. Ou seja, a variação
da função. Se f ´( x)  0, então f (x) cresce.

Se a derivada primeira fornece a variação da função, a derivada segunda fornece a


variação da derivada primeira. Se f ´´( x)  0, então f ´(x) cresce.

Note a inclinação da reta azul. Ela é negativa. Note que a inclinação da reta verde é
positiva. Ou seja, a inclinação está aumentando, como tem que ser com f ´´( x)  0. Uma
função cuja inclinação está aumentando é convexa.

Exemplo 2

Faremos o mesmo com f ( x )  x1 / 2 , cujo domínio é x  0.

f(x)

Derivamos a função duas vezes:

1 1/ 2
f ´( x)  x .
2

1 1 1 
f ´´( x)   x 3 / 2    3 / 2   0.
4 4 x 

Note que a derivada segunda fornece a variação da derivada primeira. Então, se


f ´´( x)  0, f ´(x) decresce. Uma função cuja inclinação está diminuindo é côncava (de
novo: olhando de baixo para cima).

Eu gosto de usar esses termos convexa e côncava. Mas também são usados os termos:

côncava para baixo = côncava;

côncava para cima = convexa.

105
Exemplo 3

Retornarmos ao nosso polinômio:

f ( x)  x 3  3 x 2  24 x  32

Sabemos que o domínio é toda a reta real.

Além disso, com a derivada primeira, f ´( x)  3 x 2  6 x  24, já sabemos que ela é nula
em x  2 e x  4.

Também sabemos quando que a função é crescente e decrescente:

+ - + f (x)

-2 4

Anteriormente, eu desenhei a função para você, mas ainda não sabíamos aonde que ela é
côncava e convexa para realmente obtermos aquela figura.

Agora, com o uso da derivada segunda, analisamos a concavidade da função.

f ´( x)  3x 2  6 x  24

f ´´( x)  6 x  6

Como fizemos com a derivada primeira, obtemos o ponto onde a derivada segunda é
nula e depois fazemos a análise de sinais:

f ´´( x)  6 x  6  0

6x  6

x 1

Em x  1, f ( x)  0.

O diagrama a seguir mostra a análise de sinais da derivada segunda.

106
Para x  1, por exemplo, x  0 :

f ´´(0)  6(0)  6  6  0.

A função é côncava.

Para x  1, por exemplo, x  2 :

f ´´( 2)  6(2)  6  6  0.

A função é convexa.

- 1 + f ´´(x)

Tendo essa informação, segue um esboço melhor do gráfico:

-2 4

Côncavo Convexo

107
Pontos “especiais”

No diagrama acima foram realçados três pontos que chamei de “especiais. Os dois
verdes já foram discutidos, são os pontos críticos, mas agora podemos fazer uso dos
resultados da derivada segunda para completar a discussão.

Em x  2 :

f ´( x)  0 e f ´´( x)  0. O ponto é crítico e, além disso, a função é côncava no ponto.


Conclusão, o ponto é de máximo local.

Em x  4 :

f ´( x)  0 e f ´´( x)  0. O ponto é crítico e a função é convexa no ponto. Conclusão, o


ponto é de mínimo local.

O outro ponto, o roxo, ainda não foi discutido. Note que nesse ponto, f ´´( x)  0. Além
disso, função troca de concavidade de côncava para convexa. Pontos assim com
derivada segunda nula e troca de concavidade são chamados de pontos de inflexão.

Exemplo 4

Em alguns dos exemplos anteriores, sabíamos a forma da função e aproveitamos esse


fato para introduzir alguns conceitos. Nesse quarto exemplo, partiremos da função e
iremos obtendo os resultados associados aos diversos conceitos já discutidos. Esse é, em
geral, o procedimento mais usual.

A função é dada por:

1
f ( x) 
1 x2

1) Primeiro passo é obtermos o domínio. No caso é uma razão, então o denominador


deve ser diferente de zero:

1  x 2  0.

Esse fato é sempre observado, pois 1  x 2  0. Assim, o domínio é toda a reta real.

108
2) Depois disso, obtemos os pontos críticos. Note que a derivada é obtida com a regra
da potência. Também trocamos de nomenclatura para a derivada só para o leitor se
lembrar que existe outra forma de expressar derivadas.

 1  x 2 
1 1
f ( x) 
1 x 2

 2x
df

  1  x2  2 x 
2
.
dx 1  x 
2 2

df  2x
 0

dx 1  x 2  2

 2x  0

x0

Essa função tem um único ponto crítico, em x  0 .

3) Agora vejamos os intervalos aonde que a função é crescente ou decrescente. Note


que o denominador na derivada primeira é sempre positivo:

1  x 
2 2
 0.

Assim, quem vai determinar o sinal é o numerador,  2x :

df
para x  0,  2 x  0,  0; e
dx

df
para x  0,  2 x  0,  0.
dx

Passando essa informação para o diagrama:

df
+ 0 -
dx

109
d2 f
4) Agora fazemos uso da derivada segunda para obtermos os pontos com  0,
dx 2
possíveis pontos de inflexão. Note que devemos usar a regra do cociente em conjunto
com a regra da potência.

df  2x


dx 1  x 2  2


 
d 2 f  2 x  1  x 2   2 x  1  x 2

2
     21  x   2 x21  x 2x
2  2 2 2

dx2 1  x2
2 2
  1  x  2 4

 21  x 2   8 x 2 1  x 2  1  x 2  21  x 2   8 x 2   2  6 x 2


2

   .
1  x  2 4
1  x 
2 4
1  x 2 3

Note que o denominador é sempre positivo, 1  x 2   0, portanto, o numerador que vai


3

determinar o sinal da derivada segunda.

d2 f
 0, implica em:
dx 2

 2  6 x 2  0.

6x 2  2

2 1
x2  
6 3

1/ 2
1
x    .
 3

d2 f
Portanto, são dois os pontos aonde  0:
dx 2

1/ 2
1
x1    ; e
 3

1/ 2
1
x2    .
 3

110
Note que esses pontos serão pontos de inflexão se houver troca de concavidade no
ponto.

5) De posse dessa informação, fazemos a análise de sinal para a derivada segunda,

d 2 f  2  6x2
 ,
dx 2 
1  x2
3

fazendo uso do diagrama. Note que o denominador é sempre positivo.

1/ 2
1
Para x    , por exemplo, x  1 :
 3

 2  6 x 2  2  6 1 
2
d2 f
(1)       0.
dx 2

1 x 2 3
  

A função é convexa.

1/ 2 1/ 2
1 1
Para x    e x  por exemplo, x  0 :
 3  3

 2  60 
2
d2 f
(0)      0.
dx 2
 

A função é côncava.

1/ 2
1
Para x    , por exemplo, x  1 :
 3

 2  61 
2
d2 f
(1)      0.
dx 2
 

A função é convexa.

111
1/ 2 1/ 2
1 1
-   +   - f ´´(x)
 3  3

d2 f
Com a informação obtida até aqui, temos dois pontos de inflexão, pontos onde 0
dx 2
1/ 2 1/ 2
1 1
e aonde ocorre troca de concavidade da função: x    e x  .
 3  3

df
Além disso, temos um ponto de máximo local, onde  0, e a função é côncava:
dx
x  0.

Depois desse trabalho todo, dá para esboçar o gráfico? Na próxima seção iremos fazer
isso de forma bastante organizada.

Aqui, ainda precisamos de mais uma informação bastante simples:

1
f ( x)   0.
1 x2

De posse de tudo até aqui discutido, vejamos o gráfico. Os pontos roxos são os pontos
de inflexão. O ponto verde é o de máximo local.

Vou utilizar o exemplo acima para introduzir dois conceitos. Note que o ponto verde é
máximo local, pois assume valor maior do que os pontos na vizinhança. Mas também

112
assume valor maior que todos os demais pontos da função em todo o domínio. Portanto,
o ponto é de máximo global. O ponto assume o maior valor da função em todo o
domínio.

Além disso, note que a função é simétrica com relação ao eixo y. O gráfico para valores
x  0 é uma imagem espelhada do gráfico para valores x  0. Funções assim são
denominadas funções pares. Note que as funções f ( x)  x 2 , f ( x)  x 4 , f ( x)  x 6 , etc.
são todas funções pares, daí o nome. Esse fato ajuda no esboço de gráficos, pois
podemos fazer o gráfico somente para x  0 e depois refletimos o gráfico.

Exemplo aplicado 5 – Função lucro

Nem sempre queremos esboçar o gráfico, mesmo que de forma rudimentar. Em


Economia é muito comum buscarmos pontos de máximo ou de mínimo.

Como vimos, a função lucro de uma firma é dado por:

L(Q)  Q 2  10Q  9.

L(Q)

Q
5

Obtendo o ponto crítico:

L´(Q)  2Q  10  0.

2Q  10

Q5

A função tem um único ponto crítico. Sabemos pelo formato da função que é ponto de
máximo local e global. Mas nem sempre temos o gráfico.
113
Fazemos uso da derivada segunda.

L´´(Q)  2  0

A função é sempre côncava e o ponto crítico é de máximo global.

Terminada a segunda seção do capítulo 4, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 274/279 do livro-texto.

4.3 – Esboçando gráficos

Essa seção mostra uma discussão sistemática de como esboçar gráficos. Na seção
anterior já fizemos o esboço de gráficos, mas sem uma metodologia tão bem
sistematizada.

Seguem dez passos que devem ser seguidos para a obtenção de esboços de gráficos.
Muitos, na verdade a maioria, já foram anteriormente descritos. Note que nem sempre
todos eles serão necessários ou factíveis de serem feitos. Para muitas funções, apenas
serão necessários alguns desses passos.

1) Determine o domínio da função.


2) Verifique se a função é par (se for fácil).
3) Ache as raízes (se for fácil).
4) Ache os pontos críticos.
5) Determine os intervalos aonde a função é crescente ou decrescente.
6) Analise a concavidade
7) Determine os pontos de máximo, de mínimo e de inflexão.
8) Obtenha o valor da função nos pontos de máximo e de mínimo.
9) Ache os limites nos extremos do domínio.
10) Esboçar o gráfico a partir das informações acima.

Exemplo 1

f ( x)  x 3  3 x 2  24 x  32

114
1) A função é um polinômio de terceiro grau. Como todo polinômio, o domínio é toda a
reta real.

2) Não é par. Ou pelo menos isso não é obvio.

3) Achar as raízes de um polinômio de terceiro grau é complicado.

4) Obtendo os pontos críticos.

f ´( x)  3 x 2  6 x  24  0

Já sabemos que os pontos críticos são em x  2 e x  4.

5)Também sabemos quando que a função é crescente ou decrescente:

+ - + f (x)

-2 4

6) Como vimos, para fazer a análise da concavidade, obtemos o ponto aonde a derivada
segunda é nula e depois fazemos a análise de sinais:

f ´´( x)  6 x  6  0

x 1

- 1 + f (x)

115
7) Usamos a informação acima e determinamos os pontos de máximo, de mínimo e de
inflexão. Como vimos:

em x  2, f ´( x)  0 e f ´´( x)  0, e o ponto é de máximo local;

em x  4, f ´( x)  0 e f ´´( x)  0, e o ponto é de mínimo local;

em x  1, f ´´( x)  0, ocorre a troca de concavidade, e o ponto é de inflexão.

Note que até aqui já tínhamos feito todos esses passos.

8) Para obter o valor da função nos pontos de máximo e de mínimo, basta substituir os
dois pontos acima na função:

f (2)   2  3 2  24 2  32  8  12  48  32  60.


3 2

f (4)  4  34  244  32  64  48  96  32  48.


3 2

9) Por fim, achamos os limites nos extremos do domínio, que no caso do polinômio são
em x   e x   :

   
lim f ( x)  lim x 3  3x 2  24 x  32  lim x 3  ;
x x x

x x
 
lim f ( x)  lim x3  3x 2  24 x  32  lim x 3  .
x

10) Esboçar o gráfico

De posse de toda essa informação, esboçamos o gráfico. Grande parte dele já havia sido
esboçada.

116
f(x)

60

-2 4 x

-48

Note que nesse exemplo o ponto de máximo é um ponto de máximo local, pois a função
não tem máximo global, uma vez que tende para o infinito. O mesmo ocorre com o
ponto de mínimo, que é também mínimo local.

Exemplo 2

Agora vamos complicar um pouco no último exemplo da seção, com a seguinte função:

x 1
f ( x)  .
x 1

1) A função é uma razão. Como toda razão, o denominador deve ser diferente de zero
para a função ser definida x  1  0. Então, o domínio é x  1.

2) A função não é par. Ou, em caso de dúvida, não é obvio que seja par.

3) Achar as raízes da razão e o mesmo que achar as raízes do numerador:

x 1
f ( x)   0,
x 1

o que implica em:

117
x 1  0

x  1

4) Para obtermos os pontos críticos devemos derivar a função com a regra do cociente:

f ´( x) 
x  1 x  1  x  1x  1  1x  1  x  11  x  1  x  1   2 .
x  12 x  12 x  12 x  12
A função não tem ponto crítico:

f ´( x)  0 em todo o domínio.

5) Para sabermos quando que a função é crescente ou decrescente fazemos a análise de


sinal, lembrando do domínio, x  1 :

- 1 -

Para x  1, por exemplo, x  0 :

2 2
f ´(0)    2  0.
0  1 1
2

Para x  1, por exemplo, x  2 :

2 2
f ´( 2)    2  0.
2  1 1
2

Ou podemos verificar que x 12  0 no domínio, e que, portanto, para todos os


valores de x no domínio:

2 
f ´( x)    .
x  1 
2

Como sabíamos, a função é sempre decrescente.

118
6) Obtemos o ponto onde a derivada segunda é nula e depois fazemos a análise de
sinais:

2
 2 x  1
2
f ´( x) 
x  12

 3

f ´´( x)  2  2x  1 1  4x  1 
3 4
x  13
.

Então, f ´´( x)  0 em todo o domínio.

Para fazer a análise de sinais, lembrando que o domínio é x  1 :

- 1 +

Para x  1, por exemplo, x  0 :

4 4
f ´´( 0)    4  0.
0  1  1
3

A função é côncava.

Para x  1, por exemplo, x  2 :

4 4
f ´´( 2)    4  0.
2  1 1
3

A função é convexa.

7) Como f ´´( x)  0 , a função não tem ponto de inflexão. Como f ´( x)  0 , a função


também não tem pontos de máximo ou mínimo.

8) Não tem pontos de máximo ou mínimo.

9) Falta acharmos os limites nos extremos do domínio. No caso dessa função, temos os
seguintes limites: x   e x  ; e x  1 e x  1.

119
x 1 x
lim f ( x)  lim  lim  lim 1  1.
x x x  1 x x x

x 1 x
lim f ( x)  lim  lim  lim 1  1.
x x x  1 x x x

Note que 0 é um número positivo e 0 é um número negativo.

x 1 2
lim f ( x)  lim  lim   .
x 1 x 1 x  1 x 1 0

x 1 2
lim f ( x)  lim  lim   .
x1 x1 x  1 x1 0

10) Esboçar o gráfico.

De posse de toda essa informação:

f(x)

x
1

Vou aproveitar o gráfico anterior para introduzir outro conceito, que é o de assíntota.
Note que para esboçar o gráfico fiz uso de uma reta vertical e de outra horizontal. A
função tende para essas retas dependendo do valor de x. Essas retas são a assíntotas
vertical e horizontal.

120
Terminada a terceira seção do capítulo 4, os estudantes devem fazer os exercícios
selecionados das páginas 291/295 do livro-texto.

4.4 – Otimização I

As próximas duas seções são sobre otimização, ponto central no estudo de Economia. Já
vimos diversos conceitos sobre o tema. Vamos retomar alguns deles aqui.

Vimos para f ( x)  x 3  3 x 2  24 x  32 que o ponto (-2, 60) é um máximo local e que o


ponto (4, -48) é um mínimo local.

Também vimos que a função não tem máximos ou mínimos globais, pois:

   
lim f ( x)  lim x 3  3x 2  24 x  32  lim x 3  .
x x x

x x
 
lim f ( x)  lim x3  3x 2  24 x  32  lim x 3  .
x

60

-2 4

-48

121
1
Também vimos para f ( x)  que a função tem um ponto de máximo, que é
1 x2
global.

Essa função não tem mínimo local/global, apesar dos limites serem finitos:

1
lim f ( x)  lim  0; e
x x 1  x 2

1
lim  0.
x 1  x 2

Para ser máximo ou mínimo, o ponto deve ser bem definido, o que não é o caso desse
exemplo.

Note que uma função pode ter mais de um mínimo e mais de um máximo locais/globais.
O diagrama a seguir mostra uma função assim.

Max. Locais

Min. Locais

Em Economia é importante saber se uma função tem máximo e mínimo. Vimos, por
x 1
exemplo, que a função f ( x)  não tem máximo ou mínimo.
x 1

122
Quando que uma função tem máximo e mínimo globais?

Uma função com certeza tem máximo e mínimo global se a função é contínua e definida
em um intervalo fechado e finito.

Exemplo

João e José tem 50 reais cada um para gastar em um bar, mas não necessariamente vão
consumir todo o dinheiro. Podem até mesmo não gastar nada. O latão custa 5 reais.
Qual é o intervalo de possibilidades de consumo? Gastar nada, zero latão, gastar tudo,
10 latões:

C [0,10].

Note que esse intervalo é fechado e finito.

Seja esse o domínio da função que dá a satisfação de consumo de cerveja para João:
S João (C )  2C. Essa função é uma reta e, como todo polinômio, é contínua. Portanto,
essa função terá com certeza máximo e mínimo globais.

 (C )  2  0. Ou seja, a satisfação de João sempre


A função é sempre crescente, S João
aumenta quando aumenta seu consumo de cerveja. Note que a derivada segunda é nula:
´´
S João (C)  0. A reta é côncava e convexa ao mesmo tempo.

Como a função é contínua e definida em um intervalo fechado e finito, necessariamente


o mínimo global e o máximo global existem, como mostrado pelos círculos azuis no
gráfico a seguir:

S(C)

0 10 C

123
Seja a função S José (C)  C(10  C)  10C  C 2 a que dá a satisfação de consumo de
cerveja para José, que tem o mesmo domínio da função de João. Essa função é uma
parábola, também um polinômio, é, portanto, contínua. Como a função é contínua e
definida em um intervalo fechado e finito, necessariamente os mínimos globais e o
máximo global existem.

A função é em parte crescente e em parte decrescente.

 (C )  10  2C.
S Jose

10  2C  0

10  2C

C 5

Esse ponto é crítico.

Se C  5, por exemplo, C  4 :

´
S José (4)  10  2(4)  2  0.

A função é crescente.

Se C  5, por exemplo, C  6 :

´
S José (6)  10  2(6)  2  0.

A função é decrescente.

 (C )  2  0.
Note que a derivada segunda é S Jose

A função é sempre côncava.

O diagrama a seguir mostra toda essa informação. Os pontos de máximo e mínimo


globais são mostrados pelos círculos azuis. Note que a satisfação de José aumenta só até
a quinta cerveja. Depois disso ela diminui.

124
S(C)

0 10 C

Terminada a quarta seção do capítulo 4, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 305/310 do livro-texto.

4.5 – Otimização II

Essa seção apresenta apenas aplicações da otimização. Com o que já aprendemos, ainda
não conseguimos resolver o problema de Antônio no bar, mas estamos caminhando para
isso. Porém, a lógica de resolução desse problema é a mesma de muitos dos problemas
dessa seção: queremos otimizar algo e temos restrições. No caso do problema de
Antônio, precisamos do cálculo de várias variáveis, que é uma extensão do que já
vimos, além de uma técnica específica, e que serão abordados no último capítulo da
disciplina.

Exemplo 1 – Cercando um pomar retangular

Maria quer cercar um pomar retangular e tem 50 metros de cerca. Qual é o pomar de
maior área que ela consegue cercar?

Em problemas assim, deve-se, se possível, desenhar o problema a ser resolvido. O


pomar é retangular, como mostrado no diagrama.

125

y
Sabemos que Maria tem 50 metros de cerca. Então:

2 x  2 y  50

Essa é a restrição. Ela tem essa quantidade de cerca para resolver o problema.

Maria quer a maior área possível:

Max A  xy

Isolamos uma variável da restrição:

2 x  2 y  50

2 x  50  2 y

x  25  y

E substituímos na função a ser otimizada:

A  xy  (25  y ) y  25 y  y 2 .

Note a semelhança com a função de satisfação de José, como mostra o diagrama a


seguir. Se x for pequeno, ou seja, y é próximo de 25, a área é pequena. Se y for pequeno,
a área também é pequena. Tem dimensões ótimas, que é o que estamos buscando.

A(y)

0 25 y

Basta derivar e igualar a zero:

A´ 25  2 y  0

y  12,5m

Como 2 x  2 y  50 :

126
x  12,5m

Obtemos um quadrado com área igual a:

A  xy  (12,5)(12,5)  156 ,25m 2 .

Essa é a maior área possível dado que Maria tem 50m de cerca para cercar uma área
retangular.

Exemplo 2 – Cercando um pomar retangular na beira de um rio

Laura quer cercar um pomar retangular e também tem 50 metros de cerca. Qual é o
pomar de maior área que ela consegue cercar sabendo que ele se localiza na borda de
um rio?

Desenhamos o problema a ser resolvido:

Rio

Sabemos que Laura tem 50 metros de cerca. Então:

2 x  y  50

Isolamos uma variável da restrição:

y  50  2 x

Laura quer a maior área possível:

Max A  xy

Substituímos a variável isolada nessa função:

A  xy  x(50  2 x)  50 x  2 x 2 .

A lógica é igual do problema anterior. Basta derivar e igualar a zero:

A´ 50  4 x  0

127
x  12,5m

Como 2 x  y  50 :

y  25m

Note que a cerca paralela ao rio é duas vezes mais longa que a cerca perpendicular ao
rio.

Obtemos um retângulo com área igual a:

A  xy  (12,5)(25)  312 ,50 m 2 .

Esse retângulo é o de maior área possível dada a restrição.

Exemplo 3 – Fazendo caixas sem tampa a partir de um papelão

Retomamos o exemplo do papelão retangular de dimensões 100 cm x 40 cm que vai ser


transformado em uma caixa sem tampa ao dobrarmos as extremidades, x de cada lado,
como mostra o diagrama:

x x

40

X x

100

Como vimos, a altura da caixa será x, o lado menor terá como dimensão 40 – 2x e o lado
maior 100 – 2x.

Assim, o volume da caixa é dado por:

V ( x)  x40  2 x 100  2 x   4 x 3  280 x 2  4000 x

128
Se o papelão não for dobrado, x  0. Se o papelão for dobrado ao meio com relação ao
lado menor, x  20 . Ou seja, o domínio da função é x  [0,20].

Note que nesses dois extremos, o volume da caixa é zero. Para qualquer outro valor de
x, o volume é positivo, como mostra de forma aproximada o gráfico abaixo:

V(x)

0 20 x

O nosso objetivo é achar o volume máximo. Basta derivar a função e igualar a zero:

V ´( x)  12 x 2  560 x  4000  0

6 x 2  280 x  2000  0

3x 2  140 x  1000  0

x

140  140 2  4(3)(1000 ) 
1/ 2


140  19600  12000 )
1/ 2

140  7600 
1/ 2

140  87,2
6 6 6 6

x1  37,9

x2  8,8

Note que o primeiro valor não está no domínio da função, então o valor que maximiza o
volume é:

x  8,8cm

Um dos lados tem:

y  40  2 x  40  2(8,8)  22,4cm.

129
O outro lado tem:

z  100  2 x  100  2(8,8)  82,4cm.

O volume máximo é:

V (8,8)  xyz  8,8(23,4)(83,4)  16243 cm3

Exemplo 4 – Minimizando o tempo da escola para a ilha

Retornamos com o nosso exemplo do problema da escola e da ilha.

Ilha

400 metros Lagoa

1000 metros Escola

Vimos que o tempo gasto da escola até a ilha para Maria é:

T ( x) 

(1000  x) x 2  400 2


1/ 2

67 50

E confeccionamos um gráfico aproximado:

T(x)

0 1000 x

130
De novo o objetivo é otimizar a função, no caso, minimizar o tempo de deslocamento
entre a escola e a ilha, derivando e igualando a zero:

1 2
1 2
x  400 2   2 x 
1 / 2

T ´( x)   0
67 50

1 2
2

x  400 2  2 x 
1 / 2

1

50 67

x 1


50 x  400 2

2 1/ 2 67

x 50

x 2
 400 
2 1/ 2 67

2
 x   50  2
   
 
 x 2  400 2 
1/ 2 
  67 

x2 2500
  0,56
x  400
2 2
4489 
x 2  0,56 x 2  400 2  
x 2  0,56 x 2  0,56(160000 )

0,44 x 2  89107

x 2  201106

x  448 m

Esse valor de x que irá minimizar o tempo gasto por Maria.

Ela irá caminhar:

D Anda  1000  448  552 m

Ela irá nadar:


DNada  400 2  448 2 
1/ 2
 601m

131
O tempo ótimo é:

552 601
T (448)    8,32  12,02  20,25 min .
67 50

Exemplo 5 – Faturamento e lucro de um bar

A lata de cerveja no bar custa P  5. O bar está pensando em aumentar o preço para
aumentar o faturamento e o lucro. O preço de custo da lata de cerveja para o bar é
PC  3. Entretanto, o dono do bar sabe que o aumento do preço pode acarretar em uma

diminuição da demanda. Assim, dependendo da elasticidade da demanda, se a demanda


cair muito, seu faturamento e/ou lucro podem diminuir.

O dono do bar quer chegar a um valor ótimo. Ele faz um experimento. Quando o preço
da lata é 5 reais, a demanda é 1000. Quando o preço foi aumentado para 6 reais, a
demanda caiu para 800. Assuma que a relação entre demanda e preço é linear, uma reta,
Q( P)  mP  b, como mostrado no diagrama:

Q(P)

1000

800

5 6 P

O primeiro passo é achar a inclinação da reta:

Q2  Q1 800  1000
m   200 .
P2  P1 65

Para cada um real de aumento no preço, a demanda cai 200 latinhas. Já sabemos a
inclinação da reta, agora devemos obter aonde que a reta corta o eixo da quantidade.
Usamos um ponto qualquer para isso, por exemplo (5,1000 ) :

132
Q( P)  200 P  b

1000  200 (5)  b

b  2000

Q( P)  200 P  2000 .

Se o dono do bar der a cerveja, ou seja, P  0, a demanda será 2000 unidades.

O faturamento do bar é dado por:

F ( P)  PQ  P(200 P  2000 )

Derivando usando regra do produto e igualando a zero:

F´( P)  (1)(200 P  2000 )  P(200 )  0

 200 P  2000  200 P  0

400 P  2000

2000
P 5
400

O bar já cobrava o preço do faturamento máximo:

F (5)  5(200 (5)  2000 )  5(1000 )  5000 .

O lucro do bar com esse preço é:

L( P)  F ( P)  C ( P)  PQ  PC Q  ( P  PC )Q  (5  3) *1000  2000 .

Mas qual será o preço de lucro máximo do bar? Vejamos:

L( P)  ( P  PC )Q  ( P  3)(200 P  2000 )

L´( P)  (1)(200 P  2000 )  ( P  3)(200 )  0

 200 P  2000  200 P  600  0

400 P  2600

2600 26 13
P    6,5.
400 4 2

133
Note que o preço de lucro máximo é superior ao de faturamento máximo.

Qual é a demanda por latinhas com esse preço?

Q(6,5)  200(6,5)  2000  700.

As vendas irão cair de 300 unidades. O faturamento irá cair, mas o lucro irá aumentar.

O lucro máximo do bar com esse preço será:

L(6,5)  (6,5  3) * 700  2450 .

Esse valor é superior a:

L(5)  2000 .

Já o faturamento será:

F (6,5)  (6,5)(700 )  4550 .

Esse valor é inferior a:

F (5)  5000 .

O preço da latinha irá depender se o dono quer faturamento máximo ou lucro máximo.

Terminada a quinta seção do capítulo 4, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 319/322 do livro-texto.

Faça também os exercícios da parte A do arquivo no Moodle exercício 10.

Parabéns, você acaba de terminar o capítulo 4 do livro-texto. Só faltam mais dois.

134
5 – Funções exponenciais e logarítmicas

As funções exponenciais e logarítmicas são muito utilizadas em Economia. Elas


também enriquecem em muito nossas possibilidades de análise. Em disciplinas de
Cálculo I, as funções trigonométricas também são normalmente abordadas, mas não
nesta disciplina, pois a aplicabilidade da trigonometria é menor em Economia.

5.1 – Funções exponenciais

Vamos começar a explicação de funções exponenciais com um exemplo aplicado.

Exemplo aplicado 1 - Juros compostos

João aplica 1000 reais em um investimento que tem taxa de juros composto r  1% ao
mês.

Então no inicio ele tem:

M (0)  1000 .

Depois de um mês ele terá:

M (1)  1000 (1,01)  1010 .

Depois de dois meses ele terá:

M (2)  1000 (1,01)(1,01)  1000 (1,01) 2  1020 ,10.

Depois de três meses ele terá:

M (3)  1000 (1,01)(1,01)(1,01)  1000 (1,01) 3  1030 ,30.

Bom, depois de t meses ele terá:

M (t )  1000 (1,01) t .

Ou no caso genérico:

M (t )  M (0)(1  r ) t , onde M (0) é montante inicial e r é taxa de jutos composto.

Vamos focar nossa atenção em parte dessa função:

f (t )  (1  r ) t , onde 1  r  1,01.

135
Uma função como essa é uma função exponencial.

Segue a definição de função exponencial.

Função exponencial

Uma função exponencial é aquela nesse formato:

f ( x)  b x , com b  0 e b  1.

Exemplo 2

Segue outro exemplo de função exponencial com b  2.

Assim, temos:

See

Inserindo valores para x:

f ( 0)  2 0  1
f (1)  21  2
f ( 2)  2 2  4
f (3)  2 3  8
1 1
f (1)  2 1  
21 2
1 1
f (2)  2 2  2 
2 4

Fazendo um gráfico:

f(x)

136
Exemplo 3

Note que uma função exponencial tem b  0 e b  1. No exemplo acima b  2  1. Nesse


caso, a função é crescente em todo o domínio. Entretanto, se b  1, a função é
1
decrescente. Segue um exemplo com b  :
2

x
1
f ( x)    .
2

Inserindo valores para x:

0
1
f ( 0)     1
2
1
1 1
f (1)    
2 2
2
1 1
f ( 0)    
2 4
1
1
f (1)     21  2
2
2
1
f (2)     22  4
2

Fazendo um gráfico:

f(x)

137
Note que os gráficos são similares, apenas rodados em torno do eixo y. Ou seja, o
x
1
gráfico de f ( x)  2 x , se rodado em torno do eixo y, se torna o gráfico de f ( x)    .
2
x
1
Isto é:    2  x.
2

x
1
Ou de forma genérica:    b  x . Ou seja, uma função exponencial com b  1 pode
b
1
ser representada por um exponencial com  1, trocando o sinal do x.
b

Funções exponenciais tem como domínio toda a reta real, como foi esboçado nos
gráficos acima. Além disso, a imagem é sempre maior que zero.

Domínio: x  (, ).

Imagem: f ( x)  (0, ).

Além disso, todas as funções exponenciais passam pelo mesmo ponto (0,1), pois

b 0  1.

Exemplo aplicado 4 – Gastos proporcionais

Imagine se em vez de poupar, Maria partiu de 1000 reais e gastava um terço do que
2
tinha todo mês. Ou seja, restavam do dinheiro de Maria no fim do mês. Quando que
3
ela terá menos que 100 reais?

t
2
M (t )  M (0)  .
3

1
 2  2000
M (1)  1000     667
3 3

2
2 4000
M (2)  1000     444
3 9

138
3
 2  8000
M (3)  1000     296
3 27

4
 2  16000
M (4)  1000     198
3 81

5
2 32000
M (5)  1000     132
3 243

6
2 64000
M (6)  1000     88
3 729

Entre o quinto e o sexto meses, Maria terá menos que 100 reais.

Não tem um jeito mais fácil de fazer isso? Tem! Precisamos das funções logarítmicas,
que são discutidas na próxima seção. Mas, por enquanto, seguimos com as funções
exponenciais.

1 2
Vimos quatro exemplos de funções exponenciais, com b  1,01, b  2, b  e b .
2 3
Entretanto, em geral no cálculo, utilizamos apenas uma base, a base natural, que é
representada pela letra e. Para que apenas a base natural seja usada, todas as bases
devem ser convertidas nela. Nesse caso também fazemos uso das funções logarítmicas.

Que base natural é essa? E por que usamos essa base como padrão e não qualquer outra?

Usamos a base natural por que calcular derivadas (e também integrais, que não
aprendemos nessa disciplina) nessa base é bastante direto.

E que número é esse?

e  2,718281 ...

Esse número é esquisito, mas não tem nada de complicado. É algo entre 2 e 3. Apenas
um número. O gráfico a seguir compara as três exponenciais. Note que todas elas
passam pelo ponto (0,1) :

139
3x ex 2x

Qual a origem desse número? É esse limite abaixo. Explicar o porquê desse limite não
será feito aqui, mas é tema de disciplinas de Cálculo I.

m
 1
e  lim 1  
m
 m

Assim como vimos no comecinho da disciplina, ainda nos preliminares, para esse
número e também tempos as seguintes propriedades:

e x e y  e x y
e 
x y
 e xy .

Terminada a primeira seção do capítulo 5, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 334/335 do livro-texto.

5.2 – Funções logarítmicas

Já dei dois exemplos na seção anterior que fazem uso das funções logarítmicas. Elas são
as “irmãs” das funções exponenciais.

Então, para continuarmos a discussão sobre as funções logarítmicas, retomamos uma


função exponencial genérica:

140
bx  y

Exemplos ilustrativos:

22  4

33  27

41  4

10 2  100

Para cada um desses exemplos ilustrativos e vou fazer uma pergunta:

Qual é o número que eu tenho que elevar 2 para dar 4? 2.

Qual é o número que eu tenho que elevar 3 para dar 27? 3.

Qual é o número que eu tenho que elevar 4 para dar 4? 1.

Qual é o número que eu tenho que elevar 10 para dar 100? 2.

Essa é a pergunta respondida pela função logarítmica:

“qual é o número que eu tenho que elevar” = log.

log 2 4  2

log 3 27  3

log 4 4  1

log 10 100  2

De forma genérica:

b x  y implica em log b y  x.

141
Exemplo 1

A partir dessa lógica, vamos obter o gráfico de f ( x)  log 2 x.

Alguns valores numéricos:

log 2 1  0

log 2 2  1

log 2 4  2

log 2 8  3

1
log 2  1
2

1
log 2  2
4

Com esses números construímos um gráfico.

log(x)

Assim como as funções exponenciais que são todas parecidas entre si, todas as funções
logarítmicas também são parecidas e tem o formato mostrado no gráfico.

Funções logarítmicas têm como domínio x  (0, ) e tem como imagem


f ( x)  (, ).

Além disso, todas as funções logarítmicas passam pelo ponto (1,0), pois um b qualquer
para dar 1 tem que ser elevado a zero.

142
Com essa discussão sobre domínio, imagem e um ponto onde todas as funções
logarítmicas passam, note que existem algumas semelhanças com as funções
exponenciais. Um gráfico com ambas com a mesma base 2 exemplifica isso:

f(x)

2x

log2x

Uma função é a imagem especular da outra, sendo o espelho a função f ( x)  x. Os


domínios, imagens e pontos de passagens são trocados:

Função Exponencial Logarítmica


Domínio x  (, ). x  (0, ).
Imagem f ( x)  (0, ). f ( x)  (, ).
Ponto de passagem (0,1) (1,0)

Assim como fizemos com as funções exponenciais, em geral, para as funções


logarítmicas também só utilizamos a base natural, e. E para ficar bonito e mais fácil de
escrever, utiliza-se uma nomenclatura própria:

log e x  ln x.

Assim ln x significa logaritmo na base natural de x. O gráfico para essa base é muito
parecido com o mostrado acima para a base 2 ou qualquer outra base:

143
f(x)

ex

lnx

As funções logarítmicas também têm algumas propriedades, todas elas decorrentes da


primeira propriedade. Aqui apresentamos para a base natural, mas essas relações valem
para qualquer base:

ln( mn )  ln( m)  ln( n).

ln( m) n  ln( m.m...m)  ln( m)  ln( m)  ...  ln( m)  n ln( m).

ln( m / n)  ln( m)  ln(1 / n)  ln( m)  ln( n) 1  ln( m)  ln( n).

Vimos acima que as funções exponenciais e logarítmicas são “irmãs” e “similares”.


Além disso, os gráficos são espelhados a partir da função f ( x)  x.

Que pares de função tem gráficos espelhados dessa forma? Funções inversas.

Exemplo de função inversa

Um exemplo de par de funções inversas são as funções:

y  x2 , x  0

y  x1 / 2

O gráfico a seguir mostra como essas funções são espelhadas pela função f ( x)  x,
assim como as funções exponenciais e logarítmicas.
144
f(x) x

x1/2

x2

As funções y  x 2 e y  x1 / 2 são inversas para x  0.

Tanto faz se aplicamos a raiz primeiro e o quadrado depois ou vice-versa, para x  0 :

  2
x  x1/ 2 ou x  x 2  
1/ 2
.

Os diagramas a seguir exemplificam isso.

Se fizermos a raiz de x, obtemos x1/ 2 . Se elevamos x1/ 2 ao quadrado, retornamos com


x.

Raiz

x x1/2

Ao quadrado

Ou de forma similar, se elevamos x, obtemos x 2 . Se tiramos a raiz de x 2 , retornamos


com x.

Ao quadrado

x x2

145
Raiz

O mesmo acontece com as funções exponenciais e logarítmicas. Elas são inversas uma
da outra.

Exponencial

x ex

Logarítmico

Logarítmico

x lnx

Exponencial

No primeiro caso, fazemos o exponencial de x, obtendo e x . Em seguida, tomamos o


logaritmo de e x e voltamos para x:

 
x  ln e x .

No segundo caso temos a relação:

x  elnx .

Essas duas relações são muito importantes, bem como as propriedades de funções
exponenciais e logarítmicas, já descritas.

Depois de toda essa discussão sobre funções inversas, vamos responder as questões
pendentes da seção anterior.

146
Como transformar qualquer base em base natural em funções exponenciais? Usamos a
propriedade de funções inversas do segundo caso, x  e ln x , e uma das propriedades de

funções exponenciais, e x   e xy .
y

Exemplos

x
 
2 x  2  e ln 2
x
 e x ln 2

10 x  e x ln10

Para esse próximo exemplo também usamos a seguinte propriedade do logaritmo:

log b x n  n log b x.

x 1
1 x ln 
x ln 31
  e   e
3
 e  x ln3
3

Como transformar qualquer base em base natural em funções logarítmicas? Para


exemplificar isso usamos a base 10.

Assuma que,

log 10 x  y ,

o que implica em:

10 y  x.

Assuma que,

ln x  z,

o que implica em:

e z  x.

Igualando as duas expressões com os respectivos valores de x:

10 y  e z

Tomando o logaritmo natural dos dois lados:

147
ln(10 y )  ln( e z ).

Usando as propriedades já discutidas:

y ln 10  z.

Substituindo y e z:

(log 10 x)(ln 10 )  ln x.

Rearranjando, chegamos na expressão desejada:

ln x
log 10 x  .
ln 10

Ou genericamente:

ln x
log b x  .
ln b

Podemos, assim, transformar um logaritmo em qualquer base em um logaritmo na base


natural, pois ln b é um número.

Exemplo 1 aplicado – Montante de dinheiro

Vimos esse problema na seção anterior. Maria tinha 1000 reais e gasta um terço do que
tem todo mês. Quando que ela terá menos que 100 reais? Ou seja, para qual valor de t*
que M (t )  100 ?

t
2
M (t )  M (0) 
3

t*
2
100  1000  
3

Escrevemos em função da base natural:

t*
 ln 23 
100  1000  e 
 

148
t*
100  ln 3 
2
 e 

1000  

Aplicamos o logaritmo natural dos dois lados:

t*
 100   ln 23 
ln    ln e 
 1000   
 

1  ln 2  2
ln    t* ln  e 3   t* ln  
 10    3

1
ln  
1 2
t*     ln    ln    5,68 .
10
2  10  3
ln  
3

Esse tipo de desenvolvimento é muito comum em estudos sociais, em particular na


Economia.

Exemplo 2 – Variação a taxas constantes

A população de um município varia a taxas constantes, ou seja, como juros compostos.


Sabemos que em 2000, a população era de 2.000. Depois, em 2020, a população era
1500. Qual é a taxa de crescimento populacional anual? Quando que o município terá
menos de 1000 habitantes e terá que se fundir a outro?

Vimos para os juros compostos que M (t )  M (0)(1  r ) t , M (0) é o montante inicial e r


é a taxa de juros. Nesse caso o depósito é mensal. No caso de populações, como a
variação é a todo o momento, utilizamos uma expressão um pouco diferente:

 t
P(t )  P(0)e rt  P(0)e (ln(1r ))t  P(0) e (ln(1r ))  P(0)(1  r )t ,

Assim, usamos essa expressão,

P(t )  P(0)e rt , onde P(0) é a população inicial e r é a taxa de variação anual da


população.

No nosso exemplo, queremos calcular r sabendo as populações inicial e final:

1500  2000 e 20r .

149
Rearranjando e aplicando logaritmo dos dois lados, temos:

1500
 e 20r
2000

 1500 
ln    ln e
20r

 2000 

3
ln    20 r
4

3
ln  
r     0,0144
4
20

Essa é a taxa de variação anual da população do município. A população cai 1,44% todo
ano. Assim, obtemos a expressão final da variação da população no local:

P(t )  P(0)e 0, 0144t .

Para saber quando que a população atingirá os mil habitantes:

1000  2000 e 0,0144t* .

Rearranjando e aplicando logaritmo dos dois lados, temos:

 1000  0 , 0144t *
ln    ln e .
 2000 

1
ln    0,0144 t *
2

ln 2  0,0144 t *

t*  ln 2 / 0,0144  48,2.

Em 2048, seguindo essa variação populacional, o município terá que se fundir com um
município vizinho.

Terminada a segunda seção do capítulo 5, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 343/344 do livro-texto.

150
A próxima seção do livro-texto é 5.3 – Juros compostos, já vimos esse ponto nas
seções discutidas.

Depois disso, temos:

5.4 – Derivadas de funções exponenciais

5.5 – Derivadas de funções logarítmicas

Iremos pular essas duas seções. Esses pontos são normalmente discutidos no Cálculo I e
em outras disciplinas de matemática do primeiro semestre de cursos de nível superior.
Saber derivar essas funções é um ponto importante em disciplinas básicas de
matemática em nível superior. Entretanto, dada a limitação de tempo, optou-se por
descartar essa discussão da nossa disciplina para poder incluir o cálculo de várias
variáveis como tópico final da disciplina.

Por fim, o tópico 5.6 – Modelos matemáticos que utilizam funções exponenciais já
foi abordado, mesmo que de forma incipiente, na discussão já apresentada.

Parabéns, você acaba de terminar o capítulo 5 do livro-texto.

O capítulo seguinte é 6 – Integração, que é seguido do 7 – Tópicos Adicionais de


Integração. A integração é comumente estudada no Cálculo I e em outras disciplinas de
matemática do primeiro semestre de cursos de nível superior. O tema é importante e tem
muitas aplicações em Economia. Porém, também devido a limitações de tempo, esses
tópicos não serão abordados. Portanto, para o estudante interessado em aprofundar sues
conhecimento em matemática em nível superior, sugere-se a disciplina de Cálculo I. Os
estudantes do curso de Economia da UFMG fazem essa disciplina, que é
complementada pela disciplina Economia Matemática do curso de Economia, que difere
da disciplina de mesmo nome de REI.

151
8 – Cálculo de várias variáveis

O cálculo de várias variáveis é comumente lecionado em disciplinas de segundo


semestre do nível superior, inclusive no Cálculo II. Na disciplina de matemática para o
curso de REI, como essa é a única disciplina de matemática obrigatória desse curso,
optou-se por contar com esse tópico em detrimento de uma abordagem mais longa de
funções exponenciais e logarítmicas e pela não inclusão de integração.

O que aprendemos nos tópicos anteriores continua valendo aqui, incluindo todas as
regras de derivação, porém, pequenas adaptações serão feitas. Todo o cálculo discutido
nessa disciplina até o momento foi de funções de uma variável. Várias variáveis
significa duas ou mais variáveis.

8.1 – Funções de várias variáveis

Exemplo

João vai a um bar. A satisfação dele em tomar Brahmas é dada por:

S ( B)  B1 / 2 , B  0.

S(B)

Também para João, a satisfação em tomar Heineken é dada por:

S ( H )  2 H 2 / 3 , H  0.

152
S(H)

Note que as duas funções são crescentes e côncavas, como é comum em Economia para
esse tipo de análise. Além disso, são funções de uma variável. No primeiro exemplo, a
satisfação só depende do consumo de Brahma e, no segundo, só depende do consumo
de Heineken.

A pergunta é “qual a satisfação de tomar Brahma e Heineken na mesma noite?”

Montamos uma função de várias variáveis, no caso duas variáveis, juntando as duas
anteriores:

S ( B, H )  B1 / 2  2 H 2 / 3 , B  0, H  0.

Qual é a satisfação de João em tomar uma Brahma e uma Heineken, ( B, H )  (1,1) ?

Basta substituir na função.

S (1,1)  11 / 2  2(1) 2 / 3  3.

Qual a satisfação de João em tomar ( B, H )  (4,8) ?

S (4,8)  41 / 2  2(8) 2 / 3  2  8  10 .

Qual a satisfação de João em tomar ( B, H )  (4,0) ?

S (4,0)  41 / 2  2(0) 2 / 3  2.

Para se obter o valor da função de várias variáveis, faz-se o mesmo procedimento que
para funções de uma variável. Basta substituir os valores das variáveis na função.
Entretanto, para fazer o gráfico é um pouco mais complicado. Os eixos são assim
representados, dando uma impressão de três dimensões. Além disso, esbocei o gráfico

153
no plano B x S(B,H), quando H = 0, e também no plano H x S(B,H), quando B = 0, para
dar uma ideia. Sugiro o uso de softwares específicos, mas isso não é necessário.

S(B,H)

Note que a visualização de funções de mais variáveis se torna ainda mais difícil ou
impossível. Por exemplo, se a satisfação de consumo de João é dada por:
S ( A, B, H , S )  A  B  2H  3S.

Curvas de nível

Tem um jeito mais fácil de representar a satisfação de João com o consumo de B e H?


Podem-se usar as curvas de nível, que sempre tem uma dimensão a menos do que o
gráfico original. Para exemplos assim em três dimensões, as curvas de nível têm duas
dimensões e são de mais fácil visualização.

Seguem alguns exemplos.

Exemplo 1

S ( B, H )  B  2H

Em uma curva de nível, a função assume um valor constante:

S ( B, H )  B  2H  K , onde K é constante.

Daí, temos:

B  2H  K

154
2H   B  K

B K
H   .
2 2

1 K
Uma reta com inclinação m   e que corta o eixo Heineken em .
2 2

Se K  1, temos uma curva de nível:

B 1
H   .
2 2

Se K  2, temos outra:

B
H   1.
2

Se K  4, temos uma terceira:

B
H   2.
2

Fazendo o gráfico com essas três curvas de nível:

1/2

Note que tínhamos um gráfico em três dimensões, S ( B, H )  B  2H , e representamos


essa função com um conjunto de curvas de nível em um gráfico com duas dimensões,
B K
H   . Note que esse conjunto permite visualizar a função em 3 dimensões.
2 2

155
Exemplo 2

S ( B, H )  BH

Em uma curva de nível:

S ( B, H )  BH  K , onde K é constante.

K
Daí, temos: H  .
B

Terminada a primeira seção do capítulo 8, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 542/544 do livro-texto.

8.2 – Derivadas parciais

A explicação do que é a derivada parcial, inicia-se com a discussão de derivada de


funções de uma variável, apresentada no capítulo 2.

Começamos com a figura a seguir. Dada uma função f(x), obtemos dois pontos
quaisquer da função. Em seguida, a partir desses dois pontos, obtemos a reta secante
que passa por eles.

156
f(x0+h)

f(x0)

x0 x0+h

Depois calculamos a inclinação da reta:

y1  y0 f ( x1 )  f ( x0 ) f ( x0  h)  f ( x0 )
m   .
x1  x0 x1  x0 h

Essa é a inclinação da reta secante.

Fazendo o limite com h  0, obtemos a derivada e a inclinação da reta tangente:

dy f ( x0  h)  f ( x0 )
 f ´( x)  lim .
dx h0 h

f(x0)

x0

No caso de uma função de várias variáveis, por exemplo, F ( x, y), o raciocínio é


análogo. O diagrama a seguir mostra uma função assim.

157
Derivadas parciais de uma função de duas variáveis

Note que se calculam as inclinações das retas tangentes à superfície na direção do eixo x
e na direção do eixo y. Como existe mais de uma possibilidade de derivada, diz-se que a
derivada é parcial, daí o nome derivadas parciais.

Como pode ser observado pelo diagrama, a diferença fundamental entre a derivada de
uma função de uma variável e a derivada parcial é:

se a derivada parcial é na direção x, y é constante;

se a derivada parcial é na direção y, x é constante.

Assim, fazendo um paralelo entre a derivada de funções de uma variável e derivadas


parciais, temos:

Função f (x) F ( x, y)
Ponto base x0 ( x0 , y 0 )
Outro ponto x0  h -
Outro ponto – Derivada parcial na direção x - ( x 0  h, y 0 )
Outro ponto – Derivada parcial na direção y - ( x0 , y 0  h)

158
df
No cálculo da derivada de funções de uma variável, utilizam-se os símbolos ou
dx
f ´(x) para expressar a derivada.

F
No exemplo descrito no diagrama com a função F ( x, y), usam-se os símbolos ou
x
Fx para designar a derivada parcial de F com relação a x e, similarmente, os símbolos

F
ou Fy para designar a derivada parcial de F com relação a y.
y

Note que o símbolo  das derivadas parciais difere do símbolo d das derivadas de
funções de uma variável. Tampouco se representa a derivada parcial como uma linha,
uma vez que se deve designar com relação a qual variável que a derivada parcial está
sendo feita.

Assim, similarmente à definição de derivadas de funções de uma variável, temos as


seguintes expressões para as derivadas parciais:

F F ( x0  h, y0 )  F ( x0 , y0 )
( x0 , y0 )  Fx ( x0 , y0 )  lim ;
x h0 h

F F ( x0 , y0  h)  F ( x0 , y0 )
( x0 , y0 )  Fy ( x0 , y0 )  lim .
y h 0 h

Para uma função genérica F ( x1 , x2 ,... xn ), a definição de derivada parcial é similar. Para
cada variável xi, temos:

F F ( x1 ,.., x i  h,...xn )  F ( x1 ,.., x i ,...xn )


 Fxi  lim .
xi h0 h

As condições necessárias para a existência das derivadas parciais são similares às


condições para a existência da derivada de funções de uma variável. As regras de
derivação são as mesmas, levando em conta que quando a derivada é obtida com relação
a uma variável específica, todas as demais são constantes.

Em seguida, utilizamos as regras de derivação aplicada à funções de vária variáveis em


diferentes exemplos.

159
Exemplo 1

Obtenha as derivadas parciais da função:

F ( x. y )  x 2  5 x  xy  y 3  4.

O mais comum é seguir sempre a mesma ordem. Deriva-se com relação à primeira
variável, no caso x, e depois com relação à segunda variável, no caso y.

Derivando F(x,y) com relação a x, lembrando que y é constante, temos:

Fx  2 x  5  y  0  0

Fx  2 x  5  y

Note que quando a derivada parcial é feita com relação a x, y é constante. Portanto, y3 é
constante nesse caso e a derivada do termo é zero.

Uma derivada que causa um pouco de desconforto no início é na parte xy. Note que y é
constante. Assim, só para ajudar o raciocínio, coloque 5 no lugar do y: 5x. Agora derive:
5. Volte com o y: y.

Seguindo passos similares e lembrando que agora x é constante, a derivada parcial com
relação a y é:

Fy  0  0  x  3 y 2  0

x  3y 2

Exemplo 2

Complicando mais um pouco, obtenha as derivadas parciais da função:

xy
F ( x. y )  .
x  y2
2

Note que temos um cociente e, assim, temos que usar a regra correspondente:

Na direção x:



 
F xy x 2  y 2  xy x 2  y 2

 
      
 y  x 2  y 2  xy2 x  x 2 y  y 3  2 x 2 y  y 3  x 2 y .
x x2  y2 2
 
x2  y 2 
2
x2  y22

x2  y2  2

160
Na direção y:



  
F xy x 2  y 2  xy x 2  y 2


     
x  x 2  y 2  xy2 y   x 3  xy 2  2 xy 2  x 3  xy 2 .
y 
x2  y2
2
 
x2  y2 
2
 
x2  y2
2

x2  y2 2

Exemplo 3

Obtenha as derivadas parciais da função:

F ( x. y, z )  xyz  xy

Note que agora temos uma função de três variáveis, x, y e z. Entretanto, nada muda.

Na direção x:

F
( x, y, z )  yz  y.
x

Na direção y:

F
( x, y, z )  xz  x.
y

Na direção z:

F
( x, y, z )  xy.
z

Note que as inclinações das retas tangentes em cada uma das três direções dependem de
x, y e/ou z. Podemos calcular essas inclinações para pontos específicos. Por exemplo,
para o ponto (1, 1, 1):

F
(1,1,1)  (1)(1)  (1)  2;
x

F
(1,1,1)  (1)(1)  (1)  2;
y

F
(1,1,1)  (1)(1)  1.
z

161
Exemplo aplicado 1 – Produtividade marginal

Uma função de produção é dada por Q ( L, K )  L1 / 4 K 3 / 4 .

Qual é a produção se o trabalho é L  1 (Como vimos, no inglês: L = Labor), e o capital


é K  1 (Em alemão: K = Kapital)?

Q(1,1)  11 / 413 / 4  1.

Qual é a produção se L  16 e K  16 ?

Q(16,16)  (16)1 / 4 (16) 3 / 4  (2)(8)  16.

Note que os insumos para produção foram aumentados em 16 vezes e a produção


também.

Obtenha as produtividades marginais do trabalho e do capital dessa função de produção.


As produtividades marginais do trabalho e do capital são respectivamente o mesmo que
derivadas parciais de Q com relação a L e de Q com relação a K. Essas relações podem
Q Q
ser representadas respectivamente por: Pmgl   QL ; e Pmgk   QK .
L K

Produtividade marginal do trabalho:

3/ 4
1 1K
QL  L3 / 4 K 3 / 4    .
4 4 L 

Produtividade marginal do capital:

1/ 4
3 3 L 
Qk  L1/ 4 K 1/ 4    .
4 4K 

Quais são as produtividades marginais nos pontos especificados acima?

3/ 4
1 1
QL (1,1)    
1
1  1 .
4 1 4 4
1/ 4
3 1
Qk (1,1)    
3
1  3 .
4 1 4 4

162
3/ 4
1  16 
QL (16,16 )    
1
1  1 .
4  16  4 4
1/ 4
3  16 
Qk (16,16 )    
3
1  3 .
4  16  4 4

Note que os valores são iguais:

QL (1,1)  QL (16,16);

QK (1,1)  QK (16,16).

E no ponto (1,16) ?

3/ 4
1  16 
QL (1,16)    
1
8  8  2.
4 1  4 4
1/ 4
3 1  31 3
Qk (1,16)       .
4  16  4 2 8

Comparando:

QL (1,16)  QL (1,1);

QK (1,16)  QK (1,1).

Você consegue explicar esse resultado a partir da relação entre trabalho e capital:

L 1
(1,1)  ,
K 1

L 1
(1,16)  ?
K 16

Se não consegue, espere por Microeconomia I.

Exemplo aplicado 2 – Bens complementares e substitutos

Pão e manteiga são considerados bens complementares. Um complementa o outro.

Manteiga e margarina são bens substitutos. Um bem substitui o outro.

163
Bens complementares

Seja pão (x) e manteiga (y).

A demanda por pão depende do preço do pão, mas também depende do preço da
manteiga:

x  f ( px , p y ).

Por sua vez, a demanda por manteiga também depende do preço do pão e depende do
preço da manteiga:

y  h( px , p y ).

Como vimos, em geral, a demanda de um bem cai com um aumento do preço do próprio
bem. Assim, se o pão aumentar de preço, a demanda por pão deve cair:

f
 0.
p x

O mesmo vale para a manteiga:

h
 0.
p y

Mas se o preço da manteiga aumenta, espera-se que a demanda de pão caia ou não?
Sim, como são bens complementares, espera-se que caia, pois o consumo de pão e de
manteiga se complementa:

f
 0.
p y

O mesmo vale para a manteiga:

h
 0.
p x

Se o preço da manteiga aumenta, a demanda por pão cai e vice-versa.

Bens substitutos

Seja manteiga (x) e margarina (y).

A demanda por manteiga depende do preço de manteiga e de margarina:


164
x  f ( px , p y ).

O mesmo vale para margarina:

y  f ( px , p y ).

Em geral, a demanda de um bem cai com um aumento do preço do próprio bem:


f h
0 e  0.
p x p y

Mas se o preço da manteiga aumenta, espera-se que a demanda por margarina varie ou
não? Como são bens substitutos, espera-se que aumente, pois menos pessoas irão
consumir manteiga e irão substituir por margarina:

f
 0.
p y

O mesmo vale para a margarina:

h
 0.
p x

Ou seja, sabendo o sinal da elasticidade cruzada da demanda (o preço de um bem varia


e a demanda do outro bem varia), tem-se um indicativo se os bens são complementares
ou substitutos.

Derivadas parciais de segunda ordem

Previamente, vimos como obter derivadas de ordem superior para funções de uma
variável. Por exemplo:

f ( x)  x 5  3x 4  x 2  1

f ´( x)  5 x 4  12 x 3  2 x

f ´´( x)  20 x 3  36 x 2  2.

Também vimos que a derivada segunda serve para analisar a concavidade de funções.

Vimos também que as derivadas podem ser escritas de dois modos:

df
f ´( x)  .
dx

165
d2 f
f ´´( x)  2 .
dx

Para as derivadas parciais é bastante similar, como veremos em dois exemplos.

Exemplo 1

F ( x, y )  x 2  xy 2  y 3

Inicialmente, obtemos as derivadas primeiras:

F
 Fx  2 x  y 2
x

F
 Fy  2 xy  3 y 2
y

No caso da derivada primeira de funções de uma variável, tínhamos uma só derivada.


Aqui para funções de duas variáveis, temos duas derivadas parciais.

Em seguida, obtemos as derivadas segunda. Mas note agora teremos quatro derivadas
de segunda ordem, pois cada uma das derivadas primeira podem ser derivadas de dois
modos:

  F   2 F
   Fxx  2
x  x  x 2

  F   2 F
   Fxy  2 y
y  x  yx

  F   2 F
   Fyx  2 y
x  y  xy

  F   2 F
   Fyy  2 x  6 y
y  y  y 2

Note que nesse problema Fxy  Fyx . Isso não foi uma coincidência. Sempre que essas

derivadas segunda forem contínuas, ou que sempre vai ocorrer nessa disciplina, vai
acontecer essa igualdade.

166
Como veremos na próxima seção, assim como as derivadas de segunda ordem de
funções de uma variável, as derivadas segunda de funções de várias variáveis são uteis
para analisar a concavidade da função.

A partir desse ponto da disciplina, o material apresentado aqui vai divergir mais do
livro-texto. Uma boa forma de organizar essas derivadas é fazendo uso da matriz
Hessiana. Essa matriz é muito usada em Economia:

 Fxx Fxy 
Hessiana   .
 Fyx Fyy 

No caso desse problema:

 2 2y 
He   .
 2 y 2x  6 y 

Como Fxy  Fyx , a matriz é simétrica (Nessa disciplina não discutimos matriz, apenas o

essencial para nossos objetivos. A disciplina Geometria Analítica e Álgebra Linear


(GAAL) aborda os temas iniciais de matriz, sendo essa disciplina comumente lecionada
no primeiro semestre de cursos de nível superior).

Exemplo 2

F ( x, y, z )  xyz

Inicialmente, obtemos as três derivadas parciais de primeira ordem:

Fx  yz

Fy  xz

Fz  xy

Em seguida, montamos a matriz Hessiana com as derivadas segunda, lembrando que


essa matriz é simétrica e, portanto, não precisamos fazer todas as nove derivadas,
apenas seis delas:

 Fxx Fxy Fxz   0 z y 


   
He   Fyx Fyy Fyz    z 0 x .
F Fzy Fzz   y x 0 
 zx

167
Outros exemplos de matriz Hessiana serão dados na próxima seção.

Terminada a segunda seção do capítulo 8, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados das páginas 554/555 do livro-texto.

8.3 – Máximos e mínimos de funções de várias variáveis

Como vimos anteriormente para funções de uma variável, podemos obter os pontos de
máximo e de mínimo de funções fazendo uso das derivadas de primeira e segunda
ordens, como exemplifica o diagrama a seguir. Se f ´( x)  0, o ponto é crítico. Além
disso, se f ´´( x)  0, a função é côncava no ponto, e o ponto é de máximo local. Se o
ponto é crítico e, além disso, f ´´( x)  0, a função é convexa no ponto, e o ponto é de
mínimo local.

Para funções de várias variáveis o procedimento é similar. Tomamos como base uma
função de duas variáveis, F ( x, y), uma vez que permite a visualização em gráficos de
três dimensões. Os pontos críticos são aqueles com as derivadas parciais de primeira
ordem nulas: Fx  Fy  0.

168
Note que pontos críticos de função de várias variáveis podem ser de três tipos, como
mostram os diagramas a seguir: máximo local ou máximo relativo; mínimo local ou
mínimo relativo; ou ponto de sela.

Máximo local

Mínimo local

169
Ponto de sela

Obtemos os pontos críticos com as derivadas parciais de 1ª ordem e depois analisamos a


matriz Hessiana para sabe de qual tipo é o ponto crítico.

Exemplo 1

F ( x, y )  3 x 2  4 xy  4 y 2  4 x  8 y  4

Obtendo as derivadas parciais e igualando-as a zero, temos:

Fx  6 x  4 y  4  0

Fy  4x  8 y  8  0

Resolvendo esse sistema, iniciamos manipulando a primeira equação:

6x  4 y  4  0

6x  4 y  4

4 4 2 2
x y  y
6 6 3 3

Depois disso, substituímos na segunda equação:

 4x  8 y  8  0

170
2 2
 4 y    8 y  8  0
3 3

8 8
 y   8y  8  0
3 3

8 8 24 24
 y  y 0
3 3 3 3

16 16
y 0
3 3

16 16
y
3 3

y  1.

Depois de obtido o valor de uma das variáveis, calculamos o valor da outra:


2 2 2 2
x y   (1)   0.
3 3 3 3

Obtemos, assim, um único ponto crítico:

(0,1).

Para saber se ele é ponto de máximo local, mínimo local ou ponto de sela, devemos
analisar a concavidade da função no ponto. Note pelos diagramas acima, que:

no ponto de máximo, a função é côncava;

no ponto de mínimo, a função é convexa;

no ponto de sela, a função não é côncava e nem convexa.

O estudo da concavidade da função no ponto é feito a partir da matriz Hessiana. Assim,


obtemos essa matriz para o exemplo:

 6  4
He   .
 4 8 

171
Como essa matriz só tem números, o resultado independe de x e y. Ou seja, o resultado
é o mesmo para todo o domínio da função. Como a função é um polinômio, o domínio é
todo o  x  :  2 .

Como analisar essa matriz? Necessitamos de dois valores. O primeiro deles:

Fxx  6  0.

Também necessitamos do determinante da matriz Hessiana:

He  Fxx Fyy  Fxy Fyx  (6)(8)  (4)(4)  32  0.

A tabela a seguir mostra como analisar esses resultados.

Fxx He Conclusão
>0 >0 Função convexa
<0 >0 Função côncava
- <0 Função nem convexa, nem côncava

O ponto crítico (0,1) é ponto de mínimo local. Como a função é convexa em todo o

domínio e o domínio é o  2 , esse ponto é mínimo global.

Exemplo 2 – Localizando um botequim

Três vilas de população similar se localizam nas posições marcadas com os pontos
azuis. Para facilitar, todas elas se localizam no quadrante positivo do eixo cartesiano. O
bar é o ponto em vermelho “gordinho” entre as vilas.

A = (30, 30)

B = (0, 10) (x, y)

C = (10, 0) x

172
A distância de cada uma das vilas até o bar é respectivamente:


DA  30  x   30  y 
2

2 1/ 2


DB  x 2   y  10  
2 1/ 2


DC   x  10   y 2
2
1/ 2

O objetivo desse problema é achar o ponto vermelho que irá minimizar a soma dessas
distâncias ao quadrado:

    
F  DA2  DB2  DC2  30  x   30  y   x 2   y  10   x  10   y 2
2 2 2 2

Primeiramente, obtemos o(s) ponto(s) crítico(s):

Fx  230  x  1  2 x   2x  10 1  0

 60  2 x  2 x  2 x  20  0

80 40
x  .
6 3

Fy  230  y 1  2 y 101  2 y   0

 60  2 y  2 y  20  2 y  0

80 40
y  .
6 3

Encontramos um único ponto crítico:

 40 40 
 , .
 3 3 

Pela lógica do problema esse é um ponto de mínimo. Mas para ter certeza e para termos
mais um exemplo, utilizamos a matriz Hessiana:

 6 0
He   .
 0 6

Fxx  6  0.

173
He  (6)(6)  (0)(0)  36  0.

Ponto de mínimo.

 40 40 
O bar localizado na posição  ,  minimiza a soma das distâncias ao quadrado,
 3 3 
facilitando o acesso de todos.

Terminada a terceira seção do capítulo 8, os estudantes devem fazer os exercícios


selecionados da parte B do arquivo no Moodle exercício 10.

8.4 – O método dos mínimos quadrados

Esse método é muito utilizado em estatística. Vamos deixar a discussão para lá, no caso
de REI, Métodos Quantitativos I e II. Aqui vamos pular a seção.

8.5 – Máximos e mínimos restritos e o método dos multiplicadores de Lagrange

Chegamos na última seção da disciplina, que discute o método dos multiplicadores de


Lagrange ou, simplesmente, Lagrange. Esse é um método muito eficaz quando se quer
obter máximos e mínimos com restrição. Já vimos alguns exemplos anteriormente
nessa disciplina que tinham uma lógica similar e que foram resolvidos por outros
métodos. Mas esse método é bastante poderoso e permite a resolução de muitos
problemas. Voltamos ao problema de Antônio com uma pequena modificação.

Antônio têm 60 reais para gastar em um bar. O preço da latinha de cerveja é PC  5 , e a

porção de picanha sai por PP  20. Antônio bebe cerveja com tira gosto. Ele sempre
consome os dois juntos. Podemos representar a satisfação de Antônio com o consumo
de cerveja, C, e picanha, P, com uma função de várias variáveis: S (C , P)  CP 2 . O
objetivo aqui é calcular quanto que Antônio irá consumir de cerveja e picanha.

Note que um ponto fundamental desse problema, que difere dos problemas apresentados
nas seção 8.3, é a restrição. Como assim restrição? Antônio têm 60 reais para gastar e

174
tem que obter o máximo de satisfação, ou como é comum em Economia, o máximo de
utilidade, gastando esse montante.

Então, o primeiro ponto a ser analisado é a restrição, que é comumente chamada nesse
tipo de problema de restrição orçamentária. No caso, temos a equação dos gastos de
Antônio, dividida em gastos com cerveja e gastos com picanha. A soma dos dois tipos
de gasto tem que dar 60 reais:

PC C  PP P  60

5C  20 P  60.

Essa é a equação de uma reta. Se Antônio gastar todo o seu dinheiro em cerveja,
consumiria 12 latinhas: C  12 . Se ele gastar todo o seu dinheiro em picanha,
consumiria 3 porções: P  3.

C
12

P
3

Note que o máximo da função S (C , P )  CP 2 deve ser obtido nessa reta. Em outras
palavras, a busca do máximo está restrita a essa reta. Por isso o nome: otimização com
restrição. Esse tipo de problema é central em Economia.

Agora vamos estudar um pouco essa função de satisfação (ou utilidade). Vimos que
podemos analisar essa função com o uso de curvas de nível, como o nível de satisfação
é o mesmo, Antônio é indiferente a qualquer ponto da curva, daí o nome curva de
indiferença.

Em uma curva de nível:

S (C , P)  CP 2  K onde K é constante.

175
K
Daí, temos: C  .
P2

Note que as constantes tem valor mais elevado a medida que as curvas são mais
elevadas. A curva amarela fornece uma satisfação acima da curva azul, que por sua vez
é um nível de satisfação acima da curva laranja.

Juntando os dois gráficos, obtemos o gráfico a seguir. Note que a restrição orçamentária
está em verde. Assim, dado que Antônio só tem 60 reais para gastar, ele não consegue
atingir o nível de satisfação da curva amarela. Dada essa restrição, ele consegue
consumir as quantidades de cerveja e picanha representadas pelos círculos vermelhos na
curva laranja. Entretanto, a satisfação obtida com o consumo dessas quantidades é
menor do que no ponto verde, na curva azul, ponto que também é atingível com a
restrição orçamentária de Antônio. Esse ponto é o máximo de satisfação que Antônio
pode atingir dada sua restrição orçamentária.

176
C

O ponto verde tem algumas características importantes. A primeira é que a reta da


restrição é tangente à curva de nível. Ou seja, as inclinações da reta e da curva no ponto
são iguais. Além disso, o ponto verde pertence à reta e à curva. Assim, estamos
buscando um ponto com essas características, que será o máximo da função dada a
restrição.

Para achar esse ponto utilizamos o Lagrange. Esse método permite a obtenção desse
ponto, uma vez satisfeitas algumas condições que iremos ver em breve.

O método será explicado passo a passo de forma genérica e com nosso exemplo
específico logo em seguida. A primeira vista, o método pode parecer cheio de passos,
mas rapidamente ele se tornará relativamente simples.

O método Lagrange

1 – Escreva a restrição no formato:

h( x, y)  a  0

No nosso caso:

5C  20 P  60

5C  20 P  60  0

2 – Qual é a função a ser otimizada?

177
F ( x, y)

No nosso caso:

S (C , P)  CP 2

3 - Monta-se o Lagrange:

L( x, y,  )  F ( x, y)   (h( x, y)  a)

No nosso caso:

L(C , P,  )  CP 2   (5C  20 P  60 )

Não se preocupe com essa variável  (lambda). Ela tem significado econômico, mas
aqui ela é usada apenas como uma variável qualquer para a obtenção do resultado
desejado.

Depois de montado o Lagrange, faz-se as derivadas parciais.

4 – Obtêm-se as derivadas parciais e iguala-se a zero

Lx  Fx  hx  0

Ly  Fy  hy  0

L  (h  a)  0

No nosso caso:

LC  P 2   (5)  0

LP  2CP   (20)  0

L  (5C  20 P  60)  0

5 – Resolve-se o sistema

Somente para o nosso caso.

Primeiro passamos a limpo as equações acima:

P 2  5

178
2CP  20 

5C  20 P  60

Isolamos  das duas primeiras equações e igualando-as:

P 2 2CP
  .
5 20

Manipulamos algebricamente:

20 P 2  10CP

2P 2  CP

Lembrando que P  0, pelo próprio formato gráfico:

2 P  C.

O consumo de cerveja será duas vezes maior do que o de picanha. Substituindo na


última equação:

5C  20 P  60

52 P   20 P  60

30 P  60

P2

C4

Antônio irá consumir 2 porções de picanha e 4 latinhas de cerveja. Serão gastos 40 reais
em picanha e 20 reais em cerveja. Opa, depois de um longo processo, você consegue
resolver o problema de Antônio. Parabéns se você chegou até aqui.

Exemplo 2

Antônio e João vão para o bar barateiro beber. Ambos têm 60 reais para gastar. O preço
da cerveja é PC  5 , e a porção de picanha sai por PP  20. Ambos bebem cerveja com
tira gosto. A restrição orçamentária é a mesma para ambos.

Podemos representar a satisfação de Antônio pela equação S (C , P)  CP 2 . Quanto que


Antônio irá consumir de cerveja e picanha? Você já calculou: (C, P)  (4,2).

179
João não gosta tanto de carne. A satisfação de João é dada por S (C, P)  CP. Quanto
que João irá consumir de cerveja e picanha?

Note que Antônio gosta mais de picanha do que João, pois a picanha aparece ao
quadrado para Antônio, mas não para João. Assim, João irá consumir menos picanha e
mais cerveja que Antônio. Mas quanto?

Segue uma descrição passo a passo, mas apenas para o exemplo específico.

1 – Rescreva a restrição:

5C  20 P  60  0

2 – Qual é a função a ser otimizada?

S (C, P)  CP

3 - Monta-se o Lagrange:

L(C, P,  )  CP   (5C  20 P  60)

4 – Obtém-se as derivadas parciais e iguala-se a zero

LC  P   (5)  0

LP  C   (20)  0

L  (5C  20 P  60)  0

5 – Resolve-se o sistema

P  5

C  20

5C  20 P  60 .

P C
 
5 20

20 P  5C

4 P  C.

54 P   20 P  60

180
40 P  60

60 3
P 
40 2

3
C  4   6.
2

João irá consumir 1,5 porções de picanha e 6 latinhas de cerveja. Serão gastos 30 reais
em picanha e 30 reais em cerveja.

Note a diferença para (C, P) :

Antônio (4,2);

 3
João  6, .
 2

Exemplo 3

Antônio foi ao bar barateiro um dia e depois foi ao bar chique com os mesmos 60 reais.

O preço da cerveja no barateiro é PC  5 , e a porção de picanha sai por PP  20. A

satisfação de Antônio é representada por S (C , P)  CP 2 . O ponto de máxima satisfação


você já sabe e é (C, P)  (4,2).

O preço da cerveja no chique é PC  10 , e a porção de picanha sai por PP  60. A


equação da satisfação de Antônio é a mesma do exemplo acima. Qual é o ponto de
máxima satisfação? A única coisa que você sabe é que ele vai consumir menos, pois os
preços são mais caros.

Seguindo os mesmos passos:

10C  60 P  60  0

L  CP 2   (10C  60 P  60 ).

LC  P 2   (10)  0

LP  2CP   (60)  0

L  (10C  60 P  60)  0.

181
P 2 2CP
 
10 60

P 2C
 .
10 60

60 P  20C

3P  C.

103P   60 P  60

90 P  60

60 2
P 
90 3

2
C  3   2.
3

João irá consumir dois terços de porções de picanha e 2 latinhas de cerveja. Serão gastos
40 reais em picanha e 20 reais em cerveja. Ficou com fome e sede.

Compare os consumos de Antônio (C, P) :

No barateiro (4,2);

 2
No chique  2, .
 3

Agora que está fácil, vamos complicar. Todas as funções de satisfação que usamos não
permitiam o consumo zero de qualquer dos bens, pois os consumos apareciam como
produtos:

S (C , P)  CP 2

S (C, P)  CP

Se C = 0 ou P = 0, a satisfação é nula. Entretanto, nem sempre é assim. Voltamos com


o exemplo de José da introdução da disciplina com pequenas modificações.

182
Exemplo 4

José têm 60 reais para gastar em um bar. O preço da latinha de Brahma é PB  5 , o


preço da latinha de Antártica é PA  5 e o preço da latinha de Heineken é PH  6 . José
é bebedor de cerveja. Para ele não importa qual, apenas a quantidade é que importa.
Como que ele vai gastar seus 60 reais?

Um dia José chega no bar e não tem Heineken, só Brahma e Antártica. Você já sabe a
resposta. Se você não se lembra, volte lá na introdução. Entretanto, vamos fazer por
Lagrange.

A restrição é:

5 B  5 A  60  0.

A função a ser otimizada é:

S ( B, A)  B  A.

O Lagrange é:

L( B, A,  )  B  A   5B  5 A  60 .

As derivadas parciais são:

LB  1   5  0

LA  1   5  0

L  5B  5 A  60   0

Resolvendo, das duas primeiras equações temos:

1 1
  .
5 5

E daí? Nenhuma informação.

Então vale a terceira equação:

5 B  5 A  60

B  A  12

183
A

12

B
12

Qualquer ponto da reta, inclusive zero de Brahma ou de Antártica, são possibilidades de


consumo. Você já sabia. José é indiferente entre Brahma e Antártica e os preços são
iguais.

Exemplo 5

Um dia José chega ao bar e não tem Brahma, só Antártica e Heineken. Você já sabe a
resposta. Como para ele tanto faz a cerveja, vai consumir sempre a mais barata. Porém,
vamos fazer por Lagrange.

A restrição é:

5 A  6 H  60  0.

A função a ser otimizada é:

S ( A, H )  A  H .

O Lagrange é:

L  A  H   5 A  6 H  60 .

As derivadas parciais são:

LA  1   5  0

LH  1   6  0

L  5 A  6 H  60   0

Resolvendo, das duas primeiras equações temos:

184
1

5
1
 .
6

Como assim?  não pode assumir dois valores distintos. Quando der uma aberração
assim temos solução de canto. Um dos bens não é consumido, só o outro. Ou seja, são
das possiblidades de solução de canto ( A, H ) :

Solução 1 – Só Antártica: (12,0);

Solução 2 – Só Heineken: (0,10).

Assim, testamos as duas possibilidades para ver qual é a que dá maior satisfação.

S ( A, H )  A  H .

S (12,0)  12  0  12.

S (0,10)  0  10  10

10

A
12

O ponto de máxima satisfação é o azul e não o vermelho. Vai consumir tudo de


Antártica, a mais barata.

Exemplo 6

Um dia Carlos chega ao mesmo bar e não tem Brahma, só Antártica e Heineken. Carlos
gosta muito de Heineken. A satisfação dele é a mesma entre consumir duas Antárticas e
uma Heineken.

A restrição é a mesma:

5 A  6 H  60  0.

185
A função a ser otimizada não é a mesma:

S ( A, H )  A  2H .

O Lagrange é:

L  A  2 H   5 A  6 H  60 .

As derivadas parciais são:

LA  1   5  0

LH  2   6  0

L  5 A  6 H  60   0

Resolvendo, das duas primeiras equações temos:

1

5
1
 ?
3

Solução de canto. Testamos as duas possibilidades:

S ( A, H )  A  2H .

S (12,0)  12  0  12.

S (0,10)  0  20  20

10

A
12

O ponto de máxima satisfação é o azul e não o vermelho. Vai consumir tudo de


Heineken, pois ela custa menos que o dobro da Antártica.

186
Terminada a quinta seção do capítulo 8, os estudantes devem fazer os exercícios
selecionados da parte C do arquivo no Moodle exercício 10.

Parabéns, você terminou a disciplina. Opa, isso merece uma comemoração.

187

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