Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Relatório de Estágio
Licenciatura em Bioquímica
_____________________________________________________
Co-Orientador de Estágio
_____________________________________________________
Director de Curso
_____________________________________________________
Winston Churchill
Agradecimentos
O espaço limitado desta secção de agradecimentos não me permite agradecer, como
devia, a todas as pessoas que, ao longo deste semestre me ajudaram directa ou indirectamente,
a cumprir os meus objectivos e que contribuíram para a realização deste estágio. Desta forma,
deixo apenas algumas palavras, poucas, mas com um sentido e profundo sentimento de
agradecimento, porque sem eles nada teria sido possível.
Ao Professor Doutor José Manuel Almeida, orientador deste estágio, agradeço toda a
disponibilidade e empenho que sempre revelou para comigo, pela amabilidade e boa
disposição, pelos ensinamentos que me proporcionou e que me permitiram evoluir
cientificamente. Obrigado pela paciência e apoio demonstrados ao longo desta caminhada.
À Dona Cesaltina, agradeço, essencialmente, pela paciência que teve para me aturar
durante estes meses e pela boa disposição constante demonstrada. Sem a tua ajuda, as tuas
dicas, este trabalho seria muito mais difícil de realizar. Muito obrigado!
Ao Sr. Luís Fernando, agradeço-lhe, acima de tudo, a tua boa disposição, e pela tua
importante ajuda neste trabalho.
Aos meus amigos, Rafa, Carina, Daniela, Vera, que me acompanharam mais de perto
neste trabalho, agradeço por me encorajarem e me apoiarem sempre. A vossa amizade e os
vossos conselhos foram uma mais-valia para que esta etapa tivesse corrido da melhor
maneira.
i
A todos os amigos que conheci, em Vila Real, e aos que já eram antes de vir cá, um
muito obrigado pela vossa amizade. Os meus dias são muito melhores, por saber que posso
contar com pessoas como vós. Muito do que sou hoje, deve-se a vós. Muito obrigado!
À minha família, Pai, Mãe, irmãos, primos, tios e avós, muito obrigado por sempre
acreditarem em mim. Sei que nem sempre mostrei a minha gratidão para convosco, mas quero
que saibam que vos estou eternamente grato e que agradeço do fundo do coração por me
terem permitido continuar estudar, mesmo depois de as coisas não me terem corrido bem nos
primeiros anos. Sois a minha vida!
ii
Índice de Figuras
Figura 1 - Compostos fenólicos: A-Oleuropeína; B-Hidroxitirosol; C-Tirosol. ....................... 8
Figura 2 - Gráfico de observações da análise em componentes principais (PCA) para os
parâmetros químicos analisados nas diferentes réplicas dos locais de amostragem. ............... 20
Figura 3 - Gráfico de observações da análise discriminante linear (LDA) para aos parâmetros
químicos analisados nas diferentes réplicas dos locais de amostragem ................................... 22
Figura 4 – Dendrograma aplicado aos parâmetros químicos. ................................................. 23
Figura 5 – Espectros obtidos por FTIR de cada réplica (média das repetições) dos diferentes
locais de amostragem. .............................................................................................................. 24
Figura 6 - Gráfico de observações da análise em componentes principais (PCA) para os
dados obtidos por FTIR nas diferentes réplicas dos locais de amostragem.Erro! Marcador
não definido.
Figura 7 - Gráfico: Comunalidade versus Números de Onda (cm-1) ...................................... 27
Figura 8 - Gráfico com os valores previstos pelo método PLS-R e os valores medidos para
polifenóis totais. ....................................................................................................................... 28
Figura 9 - Perfis cromatográficos dos extractos fenólicos de águas ruças a 280 nm de duas
réplicas: 1-Hidroxitirosol; 2-Tirosol; 3-Ácido Ferúlico; 4-Ácido m-cumárico e 5-Oleuropeína
para Tabuaço 2; 6-Hidroxitirosol; 7-Tirosol; 8-Ácido Tânico e 9-Oleuropeína para Mirabaga
2. ............................................................................................................................................... 29
Figura 10 - Gráfico de observações da análise em componentes principais (PCA) para os
dados de HPLC nas diferentes réplicas dos locais de amostragem. ......................................... 33
Figura 11 – Relação entre os picos de HPLC e a sua variabilidade. ....................................... 34
Figura 12 - Caixas de Petri com culturas puras de Candida albicans, Candida parapsilosis e
Candida oleophila, respectivamente, usadas no teste de difusão em disco. ............................ 36
iii
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Valores para produção, consumo e exportação de azeite em Portugal entre 2002 a
2012 (1 000 toneladas) (Fonte: http://www.internationaloliveoil.org/estaticos/view/131-
world-olive-oil-figures) .............................................................................................................. 2
Tabela 2 – Padrões interpretativos do diâmetro de inibição versus MIC (Concentração
Mínima de Inibição) correspondentes para Candidas pp. ao Fluconazole 25 µg/disco ........... 16
Tabela 3 - Resultado dos parâmetros químicos das amostras analisadas. ............................... 18
Tabela 4 – Matriz de coeficientes de correlação de Pearson para os parâmetros químicos. ... 20
Tabela 5 – Matriz de confusão para as amostras de calibração e para validação cruzada com
base nos parâmetros químicos. Classificações observadas nas linhas, e classificações previstas
nas colunas. .............................................................................................................................. 22
Tabela 6 – Desempenho de qualidade do modelo PLS-R para polifenóis totais. ................... 28
Tabela 7 – Percentagem (%) de área relativa de cada pico para todas as réplicas. ................. 31
Tabela 8 – Contribuições das variáveis (%) de F1 e F2 para cada pico. ................................. 34
iv
Lista de abreviaturas
AHC – do inglês Agglomerative Hierarchical Chusters, clusters hierárquicos aglomerativos;
CQO – Carência Química de Oxigénio;
FTIR – do inglês Fourier Transform Infrared spectroscopy, Espectroscopia de Infravermelhos
com Transformada de Fourier;
FTIR-ATR – do inglês Fourier Transform Infrared spectroscopy –Attenuated Total
Reflectance, Espectroscopia de Infravermelhos com Transformada de Fourier e com reflecção
total atenuada;
HPLC – do inglês High-Permormance Liquid Chromatography, Cromatografia Líquida de
Alta Eficiência;
HPLC-MS-MS – do inglês High-Permormance Liquid Chromatography with tandem Mass
Spectrometry, Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Espectroscopia de Massa;
KMO – do inglês Kaiser-Meyer-Olkin measure, valor de Kaiser-Meyer-Olkin;
LDA – do inglês Linear Discriminant Analysis, Análise Discriminante Linear;
LDL – do inglês Low Density Lipoprotein, lipoproteína de baixa densidade;
LOOCV – do inglês Leave-One-Out Cross Validation, Validação cruzada leave-one-out;
MIC – do inglês Minimal Inhibitory Concentrtion, Concentração Mínima Inibitória;
OMWW – do inglês Olive Mil Wastewaters, águas ruças;
PCA – do inglês Principal Components Analisys, Análise em Componentes Principais;
PLS-R – do inglês Partial Least Squares Regression, Regressão por Mínimos Quadrados
Parciais;
R2 – Coeficiente de regressão;
RMSEC – do inglês Root Mean Square Error of Calibration, Erro Médio Quadrático de
Calibração;
RMSECV – do inglês Root Mean Square Error of Cross-Validation, Erro Médio Quadrático
de Validação Cruzada.
RP-HPLC – do inglês Reverse-Phase - High Performance Liquid Chromatography,
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência de Fase Reversa.
v
Resumo
Nas últimas décadas, a indústria olivícola tem sofrido um desenvolvimento
considerável, devido ao aumento da produção e do consumo de azeite. Esta gordura vegetal,
típica da dieta mediterrânica, está associada à diminuição do risco de incidência de doenças
cardiovasculares e de cancro. Estes efeitos têm sido atribuídos aos elevados teores em
compostos fenólicos existentes na azeitona. Durante o processo de extracção do azeite, apenas
1 a 2% desses compostos ficam retidos no azeite, ficando os restantes 98 a 99% retidos nos
subprodutos. Os subprodutos, como as águas ruças e os bagaços, poderão ser uma fonte
valiosa para a extracção de compostos bioactivos com potencial utilização nas indústrias
farmacêuticas, cosmética ou para aditivos alimentares.
vi
Este trabalho permitiu concluir que os métodos seleccionados caracterizam de forma
fidedigna as amostras analisadas. O FTIR é uma metodologia expedita de caracterização das
fracções fenólicas com potencial bioactivo, quando associada a avaliações quimiométricas. A
utilização da metodologia de extracção líquido/líquido, e a escolha do solvente acetato de
etilo revelou-se de eficácia elevada e baixa complexidade, pelo que a sua utilização é
recomendada para a obtenção destes extractos
vii
Abstract
In recent decades, the olive industry has experienced considerable development due to
increased production and consumption of olive oil. This vegetable fat, typical of the
Mediterranean diet is associated with decreased risk of cardiovascular disease and cancer.
These effects have been attributed to high levels of phenolic compounds found in olives.
During the extraction process of olive oil, only 1 to 2% of these compounds are retained in the
olive oil and 98 to 99% remain in by-products. The by-products such as pomace and olive
mill wastewaters may therefore be a valuable source for the extraction of bioactive
compounds with potential use in the pharmaceutical, cosmetic or food additives industries.
In this study representative samples of olive oil extraction by-products were collected
in two-and three phase olive mills located in Trás-os-Montes and Alto Douro region. The
three phase mills are located in Tabuaço and Lamego (Alvelos), and the two phase are located
in “Terra Quente Transmontana”, particularly in Murça (CAOM), Mirandela (Mirabaga) and
Valpaços (Aucama). From their efflents a liquid-liquid extraction with ethyl acetate was done
to obtain phenolic fractions that were evaluated relative to chemical parameters, such as total
polyphenols, flavonoids and ortho-diphenols, IR spectrophotometry and phenolic acids
composition by RP-HPLC.
The same phenolic extracts showed no antifungal activity for Candida albicans,
Candida parapsilosis and Candida oleophila species.
This work showed that the selected methods can reliably characterize the samples
analyzed. The FTIR combined with chemometric analisys is an expeditious method for
characterization of potential bioactive phenolic fractions. The use of the method liquid/liquid
extraction and the choice of ethyl acetate as solvent proved to be of low complexity and high
efficiency, so that its use is recommended for obtaining these extracts.
viii
Índice Geral
Agradecimentos ...................................................................................................................................... i
Índice de Figuras .................................................................................................................................. iii
Índice de Tabelas .................................................................................................................................. iv
Lista de abreviaturas............................................................................................................................. v
Resumo .................................................................................................................................................. vi
Abstract ................................................................................................................................................ viii
Índice Geral .......................................................................................................................................... ix
Objectivos do trabalho ......................................................................................................................... xi
1. Introdução .......................................................................................................................................... 1
1.1. Produção de azeite em Portugal e no Mundo .......................................................................... 1
1.1.1. Extracção do azeite ................................................................................................................ 3
1.1.2. Subprodutos ........................................................................................................................... 5
1.1.3. Impactos ambientais .............................................................................................................. 6
1.2. Caracterização de bioactivos ..................................................................................................... 8
1.3. Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) ........................... 9
1.3.1. Aplicações ........................................................................................................................... 10
1.4. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) .............................................................. 11
1.4.1. Aplicações ........................................................................................................................... 11
1.5. Quimiometria ............................................................................................................................ 11
1.5.1 Análise em Componentes Principais (PCA)......................................................................... 12
1.5.2. Análise Discriminante Linear (LDA) .................................................................................. 12
1.5.3. Regressão por Mínimos Quadrados Parciais (PLS-R) ........................................................ 12
2. Material e Métodos.......................................................................................................................... 13
2.1. Amostragem .............................................................................................................................. 13
2.2. Extracção da fracção fenólica ................................................................................................. 13
2.3. Caracterização química ........................................................................................................... 14
2.3.1. Polifenóis totais ................................................................................................................... 14
2.3.2. Orto-difenóis ....................................................................................................................... 14
2.3.3. Flavonóides ......................................................................................................................... 14
2.4. Bioactividade: Antimicrobiana ............................................................................................... 15
2.5. Medição de espectros no infravermelho médio...................................................................... 16
2.5.1. Preparação de amostras e recolha de dados ......................................................................... 16
ix
2.6. Obtenção dos cromatogramas por RP-HPLC ....................................................................... 16
2.6.1. Preparação de amostras e recolha de dados ......................................................................... 16
2.7. Análise Estatística..................................................................................................................... 17
3. Resultados e Discussão .................................................................................................................... 18
3.1. Caracterização química ........................................................................................................... 18
3.2. Análise Quimiométrica para os parâmetros químicos .......................................................... 19
3.2.1. Análise em Componentes Principais (PCA)........................................................................ 19
3.2.2. Análise Discriminante Linear (LDA) .................................................................................. 21
3.2.3. Clusters hierárquicos Aglomerativos (AHC) ...................................................................... 23
3.3. Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier ...................................... 24
3.3.1. Análise dos resultados experimentais .................................................................................. 24
3.3.2. Análise em Componentes Principais (PCA) dos espectros de IV ....................................... 25
3.3.3. Regressão por Mínimos Quadrados Parciais (PLS-R) aplicada aos dados espectroscópicos
....................................................................................................................................................... 27
3.4. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) .............................................................. 29
3.4.1. Identificação de compostos fenólicos .................................................................................. 29
3. 4. 2. Análise em Componentes Principais (PCA) para HPLC................................................... 32
3.5. Bioactividade: Antimicrobiana ............................................................................................... 35
4. Conclusões e perspectivas futuras.................................................................................................. 37
5. Bibliografia ...................................................................................................................................... 39
x
Objectivos do trabalho
Com este trabalho pretende-se:
xi
1. Introdução
1.1. Produção de azeite em Portugal e no Mundo
A oliveira é uma das mais antigas árvores cultivadas, estando a sua origem como
colheita datada de 4000-3000 AC, na região da Palestina (Rapoport, 2008). A sua propagação
está associada à expansão das civilizações mediterrânicas, que durante séculos dominaram a
humanidade, deixando a sua marca na cultura ocidental (IOC, 2014). Actualmente, cerca de
95% da área plantada, a nível mundial, encontra-se na zona mediterrânica (Rapoport, 2008).
Cientificamente, a oliveira é conhecida como Olea europaea L.. Pertence à família das
Oleacea e é a única espécie desta família com fruto comestível. É uma árvore de porte médio,
apresentando entre 4 a 8 metros de altura, dependendo da variedade. Consegue sobreviver e
ser produtiva durante centenas de anos. A sua copa é arredondada e o seu tronco é grosso,
apresentando uma casca de cor cinza/verde acinzentada. As folhas da oliveira são perenes e,
em regra, sobrevivem 2/3 anos. O fruto, a azeitona, é pequeno e apresenta forma elipsoidal e
globosa. Mede 1 a 4 cm de comprimento e tem um diâmetro compreendido entre 0,6 a 2 cm.
Quando atinge a maturação final, a azeitona fica preta, preta-púrpura ou avermelhada, porém,
em muitos casos, é colhida mais cedo, no seu estado verde (Rapoport, 2008).
O azeite é um dos óleos comestíveis mais consumidos, com volumes que têm vindo a
crescer constantemente desde 2005. A olivicultura e a indústria do azeite têm uma enorme
repercussão a nível económico e social, especialmente, para os países Mediterrânicos
(Dermeche et al., 2013). De acordo com estatísticas recentes (IOC, 2014), os maiores
produtores mundiais de azeite (dados referentes à colheita do ano 2011/2012) estão na UE
(72,1%), sendo a Espanha a líder desta classificação com 48,6%, seguindo-se a Itália com
12,0%, a Grécia com 9,9% e Portugal com 2,3%. Fora da UE, mas ainda dentro da zona
Mediterrânica, podemos encontrar alguns produtores com valores relevantes, como sejam:
Marrocos (3,6%), Síria (6,0%), Tunísia (5,5%) e a Turquia (5,75%). Relativamente, aos
maiores consumidores de azeite, os países que mais contribuem, estatisticamente, são os da
área Mediterrânica, principalmente Itália (19,8%) e Espanha (18,6%). Portugal apresenta,
similarmente aos valores produzidos, um consumo com valores interessantes (2,5%). É de
realçar que, os Estados Unidos da América são o terceiro país que mais consome azeite, a
nível mundial, com 9,7 %.
1
O azeite possui excelentes propriedades nutricionais e o seu consumo, que outrora era
exclusivo da área Mediterrânica, está a aumentar à escala global. Países como a Argentina,
Austrália, EUA e África do Sul estão a surgir no cultivo da oliveira de forma intensa. Na
última década, a produção de azeite aumentou, aproximadamente 40% em todo o mundo. Este
fenómeno pode ser explicado pelo sucesso da dieta mediterrânica, à qual está associado uma
menor incidência de aterosclerose, determinados cancros e doenças cardiovasculares e
neurodegenerativas (Owen et al., 2000; López, et al., 2004; Perona et al., 2006). Estes
aparentes benefícios para a saúde foram, em parte, atribuídos ao consumo de azeite virgem
pelas populações da área mediterrânica. Os compostos fenólicos, senso lato, e o ácido oleico
presentes no azeite são os responsáveis pela crescente popularidade deste óleo pois podem
afectar a razão lípidos/lipoproteínas plasmáticas (Perona et al., 2006) e actuar como
antioxidantes naturais para prevenir doenças humanas (Owen, 2000). Além da actividade
antioxidante, os compostos fenólicos têm, também, propriedades anti-inflamatórias, anti-
proliferativas e propriedades anti-aterogénicas (Hajimahmoodi et al., 2008; Atmani et al.,
2009; Cicerale, 2010; Ilias et al., 2011; Loizzo et al., 2011).
Tabela 1 - Valores para produção, consumo e exportação de azeite em Portugal entre 2002 a 2012 (1
000 toneladas) (Fonte: http://www.internationaloliveoil.org/estaticos/view/131-world-olive-oil-figures)
2002/ 2003/ 2004/ 2005/ 2006/ 2007/ 2008/ 2009/ 2010/ 2011/
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Produção 28,9 31,2 41,2 29,1 47,5 36,3 53,4 62,5 62,9 76,2
Consumo 64,9 67 74,5 71,6 76,8 75,8 87,5 87,8 82 78
Exportação 13,1 15,9 16,6 16,7 23,2 29 30,7 35,8 42,7 51,5
2
Interior com 10%, Ribatejo e Oeste com 7% e Beira Litoral com, apenas, 5%. Sendo o
Alentejo a maior região produtora de Portugal, é de salientar que esta está dividida em três
áreas: Norte Alentejano, Alentejo Interior e Moura. De entre as variedades conhecidas,
Portugal cultiva principalmente Carrasquenha, Cobrançosa, Cordovil de Castelo Branco,
Cordovil de Serpa, Galega Vulgar, Maçanilha Algarvia, Redondal (IOC, 2014).
Na primeira etapa, após a colheita nos olivais, as azeitonas são colocadas num
reservatório que está anexo a uma correia em movimento. A remoção das folhas e a lavagem
são importantes pois têm como finalidade remover todo o material estranho que possa ser
prejudicial para a maquinaria ou, mesmo, contaminar o produto final, como é o caso das
folhas que conferem um sabor amargo ao azeite.
3
que, assim, se evite a destruição dos componentes voláteis, haja mudança da cor do azeite
para tons avermelhados ou ocorra o aumento da acidez (Kapellakis et al., 2008).
4
um resíduo sólido conhecido como bagaço (bolo de azeitonas) e duas fases líquidas (azeite e
agua ruça). Este sistema tem como vantagens a automatização completa, uma melhor
qualidade do azeite e uma menor área necessária para a maquinaria. Porém, também,
apresenta desvantagens como sejam um maior consumo de água e energia, uma descarga de
águas ruças superior e uma instalação mais cara (Roig et al., 2006). Apesar do elevado
consumo de água, o sistema de três fases é o método mais amplamente empregado para a
produção de azeite virgem, especialmente nos países do Mediterrâneo menos desenvolvidos,
como a Turquia, Tunísia, Síria e Marrocos (Kapellakis et al., 2008).
Para minimizar o volume de águas ruças, o processo de duas fases foi desenvolvido na
década de 90. Com esta tecnologia, a pasta de azeitonas é separada em duas fases: azeite e
bagaço húmido. O bagaço húmido é um semi-sólido, ou seja, é uma combinação de casca e
polpa de azeitona e águas ruças. Este subproduto pode ser reprocessado para extrair óleo de
bagaço usando hexano e aumentar, assim, o rendimento. Os sistemas de duas fases têm sido
apelidados de decantadores “ecológicos” devido à redução no consumo de água (10 L/100 Kg
de águas ruças) comparativamente com os lagares de três fases (Roig et al., 2006; Kapellakis
et al., 2008). No entanto, o bagaço resultante é difícil de gerir devido à sua carga poluente ser
mais concentrada (McNamara et al., 2008).
1.1.2. Subprodutos
Durante o processamento da azeitona são produzidos três produtos residuais
principais: o bagaço ou bagaço húmido (subproduto resultante de um decantador de três fases
e de um decantador de duas fases, respectivamente), os resíduos vegetais como pequenos
galhos e as algumas folhas, e a água ruça.
5
As águas ruças são um subproduto caracterizado, principalmente, por uma elevada
carga orgânica. De entre as diferentes substâncias orgânicas encontradas neste efluente
incluem-se os açúcares, taninos, compostos fenólicos, os ácidos orgânicos e lípidos (Zbakh e
El-Abbassi, 2012). Este líquido, que contem água na sua constituição (83-92%), caracteriza-
se por uma cor vermelha escura, ligeiramente ácido (pH à volta de 5) e com alta
condutividade.
6
2008; Amaral et al., 2012). Este entrave à biodegradação e a elevada carga orgânica das águas
ruças faz com que estes resíduos sejam responsáveis pelos vários problemas ambientais, em
particular, na zona mediterrânica.
Os principais impactos ambientais deste subproduto são o perigo adjacente para a vida
aquática, visto que as águas ruças são mais concentradas em compostos orgânicos do que os
efluentes municipais e logo que há uma descarga para a água doce, a disponibilidade de
oxigénio reduz substancialmente, causado um desequilíbrio em todo o ecossistema
(Kapellakis et al., 2008). Para além disso, o aumento da concentração de nutrientes
(eutrofização) provenientes das águas ruças promove o desenvolvimento de algas; os odores
provocados por fenómenos de fermentação nos tanques ao ar livre ou pela descarga directa no
solo ou, mesmo, em efluentes naturais. Isto leva a que o metano e outros gases, como o
sulfureto de hidrogénio, sejam emitidos; os lípidos das águas ruças formam uma película
impenetrável sobre a superfície da água, bloqueando a “entrada” de luz solar e oxigénio para
os microrganismos da água, levando à redução do crescimento das plantas e o aumento da
erosão; a coloração das águas naturais é causada pela oxidação e posterior polimerização dos
taninos que produzem polifenóis de cor escura, e que são difíceis de remover dos efluentes; a
toxicidade provocada pelas águas ruças, devido à presença de vários ácidos voláteis
fitotóxicos e compostos fenólicos, que são tóxicos, na sua constituição. Os fenóis em conjunto
com os álcoois, aldeídos e ácidos fenólicos provocam a redução do pH, pelo que as águas
ruças devem ser tratadas removendo a fracção fenólica (Adhoum e Monser, 2004).
No que diz respeito às águas ruças, o quadro jurídico existente destaca alguns
problemas significativos. Um deles está relacionado com a falta de uma política comum e
específica entre os membros da UE, visto haver diferentes normas para o tratamento de
efluentes agro-industriais que têm vindo a ser implementados em toda região mediterrânica.
Por exemplo, há muito tempo que foram adoptadas directrizes para aplicação de águas ruças
no solo em Itália (Bettazzi et al., 2006) e Espanha (Cabrera et al., 1996), mas na Grécia, além
de ser proibido, cada uma das regiões tem a sua própria política, chegando até a ser
contraditórias (Kapellakis et al., 2006).
7
1.2. Caracterização de bioactivos
Existem inúmeros compostos fenólicos diferentes que foram identificados em águas
ruças (Obied et al., 2005; Garcia-Castello et al., 2010). No entanto, os principais compostos
fenólicos encontrados são a oleuropeína, o hidroxitirosol e o tirosol (Figura 1).
Vários estudos têm sugerido que os danos oxidativos são um factor importante
etiológico da aterosclerose. O hidroxitirosol e a oleuropeína foram mencionados para impedir
a oxidação das LDL (Low Density Lipoproteins) e para retardar o desenvolvimento de placas
ateroscleróticas em modelos animais (González-Santiago et al., 2006; Omar, 2010),
propondo, assim, a eficácia deste compostos no tratamento e prevenção de aterosclerose.
As águas ruças possuem actividade protectora contra o ácido hipocloroso (HOCl) que
induz a danificação da catalase, que é de importância biológica significativa, nomeadamente
na degradação do peróxido de hidrogénio (H2O2) (Visioli et al., 1999; Czerwinska et al.,
2011).
8
Noutros estudos, o hidroxitirosol e a oleuropeína são responsáveis por terem efeitos
importantes na formação e manutenção dos ossos e podem ser usados como fármacos eficazes
no tratamento de sintomas da osteoporose (Hagiwara et al., 2011).
Obied e colaboradores (2007) referiram que a fracção fenólica das águas ruças
demonstrou actividade anti-bacteriana contra várias espécies de bactérias, como a
Staphylococus aureus, Bacillus subtilis, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa. Além
disso, em outros estudos, foi demonstrado que as actividades bactericidas e fungicidas
significativas das águas ruças estão, directamente, relacionadas com o conteúdo fenólico em
hidroxitirosol e tirosol (Yangui et al., 2009, 2010)
O infravermelho médio (400-4000 cm-1) é a região que mais vezes é usada para a
análise de compostos orgânicos porque estes possuem frequências de absorção características
das vibrações das ligações nesta região. Quando a radiação IV atravessa uma amostra são
absorvidos comprimentos de onda específicos fazendo com que as ligações químicas
presentes na amostra sofram vibrações de stretching, contracting e bending. Os grupos
funcionais presentes numa molécula tendem a absorver a radiação IV no mesmo intervalo de
comprimentos de onda, independentemente de outras estruturas na molécula. Há, portanto,
uma correlação entre as posições das bandas de absorção IV e as estruturas químicas na
molécula. Para além de fornecer informação qualitativa sobre os grupos funcionais, os
espectros de IV podem fornecer informação quantitativa, tal como acontece na avaliação da
concentração de bactérias num meio de crescimento (Schawe et al., 2011).
9
Resumidamente, um espectroscópio de infravermelhos com Transformada de Fourier
funciona da seguinte maneira: a fonte de IV emite radiação que atravessa um interferómetro,
geralmente um interferómetro de Michelson, que possui um divisor de feixe, um espelho fixo
e um espelho móvel. O interferómetro utiliza padrões de interferência para fazer medições
precisas do comprimento de onda da luz. Quando a radiação de IV passa através da amostra,
parte da radiação é absorvida e o resto é transmitido para o detector. Este mede todos os
interferogramas gerados para todos os comprimentos de onda infravermelhos. Uma função
matemática denominada de Transformada de Fourier, transforma o interferograma num
espectro IV. Graficamente aparecem, no eixo dos Y, os valores das absorvâncias ou
transmitâncias e no eixo dos X, aparecem os números de onda.
Na espectroscopia de FTIR, a reflexão total atenuada (ATR) é uma das técnicas mais
usadas para a obtenção dos espectros em que é utilizada a reflexão interna total. Este método
pode ser utilizado na análise de amostras quer de sólidos quer de líquidos pouco ou muito
viscosos. Os cristais utilizados nas células ATR são feitos a partir de materiais que possuem
baixa solubilidade em água e apresentam um índice de refracção muito elevado. Esses
materiais podem ser seleneto de zinco (ZnSe), germânio (Ge) e bromo-iodeto de tálio (KRS-
5) (Stuart, 2004).
1.3.1. Aplicações
Actualmente, a espectroscopia de infravermelhos é uma das técnicas analíticas mais
interessantes, porque permite estudar, praticamente, qualquer tipo de amostra sendo elas,
orgânicas, inorgânicas ou biológicas. Esta técnica tem especial utilidade, por exemplo, na
10
indústria farmacêutica (Sherazi et al., 2010), na microbiologia (Beeke et al., 2007), em
análises forenses (Panayioyou e Kokot, 1999), na indústria alimentar (Cerna et al., 2003),
entre outras.
O HPLC utiliza uma coluna que contém uma fase estacionária, uma bomba que
movimenta a fase móvel através da coluna e um detector que mostra os tempos de retenção
das moléculas. O tempo de retenção varia com as interacções que são feitas entre a fase
estacionária, as moléculas a analisar e o solvente utilizado. O tempo de retenção é assim
chamado, pois refere-se ao tempo que um analito demora a sair da coluna.
1.4.1. Aplicações
O HPLC é uma ferramenta que é usada nas mais diversas áreas. É usada para fins
médicos, na detecção dos níveis da vitamina D no soro sanguíneo (Lukaszkiewicz et al.,
1989), forenses, na detecção de drogas no plasma sanguíneo (Fernández et al., 2006), de
investigação, na detecção de compostos fenólicos (Chirinos et al, 2008), e farmacêuticos, no
controlo de qualidade de produtos farmacêuticos (Gravel et al., 2005).
1.5. Quimiometria
A quimiometria é a aplicação de métodos estatísticos ou matemáticos a dados
experimentais de forma a extrair o máximo de informação possível. De entre todas as
ferramentas destacam-se as seguintes:
11
Regressão de componentes principais (PCR)
Regressão por mínimos quadrados parciais (PLS-R)
Análise factorial de correspondência (CFA)
Análise discriminante linear (LDA)
Análise canónica de correlação
Métodos de selecção de variáveis.
12
2. Material e Métodos
2.1. Amostragem
As amostras foram recolhidas na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, durante o
mês de Fevereiro de 2014. Para tal foram recolhidas três réplicas em cada um dos locais de
amostragem. A escolha dos cinco locais para se proceder à recolha das amostras, teve por
base o tipo de processo de extracção de azeite e o tipo de subprodutos gerados.
Das cinco estações, Tabuaço e Alvelos, eram lagares que usavam um método de
extracção trifásico. Na Cooperativa Agrícola de Tabuaço, as amostras foram retiradas de um
reservatório de águas ruças, apelidado de inferno. Em Alvelos (Lamego), as amostras foram
recolhidas directamente do decantador, pelo que estas amostras resultaram de processos de
lavagem do azeite.
Todas as amostras foram mantidas em gelo até à chegada ao laboratório onde foram
mantidas no frio até serem processadas. Por razões de comodidade, as amostras são chamadas
de Tabuaço (1,2 e 3), Alvelos (1,2,3), CAOM (1,2 e 3), Mirabaga (1,2 e 3) e Aucama (1,2 e
3).
Na segunda etapa, a partir das amostras obtidas na etapa anterior, a fracção fenólica foi
extraída, com n-hexano, duas vezes, na proporção 2:3 (v/v) (águas ruças:n-hexano). Neste
13
procedimento, as amostras foram agitadas vigorosamente, e deixadas em repouso overnight
para total separação de fases. Após o tempo de espera, foi eliminada a fase com o hexano.
2.3.2. Orto-difenóis
Os Orto-difenóis foram determinados colorimetricamente, usando molibdato de sódio
(Na2MoO4). A solução de molibdato de sódio foi preparada dissolvendo 1 g de molibdato de
sódio em 10 mL de uma solução com metanol (CH3OH) e água (H2O) na proporção 1:1 (v/v).
Neste método, foram adicionados 200 µL de amostra a 50 µL da solução de molibdato de
sódio e a 2250 µL de H2O. Após 15 minutos, a absorvância foi medida, num
espectrofotómetro JASCO V530, a 370 nm. Foi usado ácido gálico (C7H6O5) para fazer os
padrões com procedimento idêntico ao utilizado para as amostras.
2.3.3. Flavonóides
Os flavonóides foram determinados colorimetricamente, de acordo com o seguinte
método. A 500 µL de amostra foram adicionados 150 µL de uma solução de nitrito de sódio
(NaNO2) a 5%. Após 5 minutos, foram adicionados 150 µL de cloreto de alumínio (AlCl3) a
10%. Após mais 6 minutos, foi adicionado 1 mL de solução de hidróxido de sódio (NaOH) a
1M. Foi, então, medida a absorvância, num espectrofotómetro JASCO V530, a 510 nm. Foi
14
usado catequina (C15H14O6) para fazer os padrões com procedimento idêntico ao utilizado
para as amostras.
a) Preparação do inóculo
15
halos de inibição de crescimento foram interpretados de acordo com as tabelas pré-
estabelecidas para classificar os isolados em resistentes ou susceptíveis.
≤ 14 mm ≥ 64 µg/mL Resistente
≥ 19 mm ≤ 8 µg/mL Susceptível
15-18 mm 16-32 µg/mL Susceptível Dose-Dependente
16
Este procedimento decorreu a 35⁰C usando um volume de injecção de 25 µL. A
detecção foi efectuada a 280 e a 325 nm, usando um perfil de eluição em gradiente com
solvente A, 5% de ácido fórmico (v/v), e o solvente B, 100% de metanol. A eluição foi
efectuada do seguinte modo: 0 aos 2 minutos, 5% de eluente B e 95% de eluente A; 2 aos 65
minutos, gradiente automático começado com 5% do eluente B e foi aumentando até 65 % do
eluente B; 65 aos 66, gradiente automático começado com 65% do eluente B e foi diminuindo
até 5% do eluente B; 67 aos 75 minutos, final da corrida com 5% do eluente B e 95% do
eluente A. Os compostos fenólicos foram, então, identificados comparando os seus espectros
UV e tempos de retenção respectivos com padrões externos injectados nas mesmas condições.
Para os dados espectais obtidos por FTIR foi usada a análise em componentes
principais, entre os 592,04 cm-1 e 1799,27 cm-1. Foi ainda usada a regressão por mínimos
quadrados parciais (PLS-R) para relacionar os parâmetros químicos com as variáveis
espectroscópicas.
Para analisar os compostos fenólicos identificados por HPLC, foi usada, também, a
análise em componentes principais (PCA).
17
3. Resultados e Discussão
O acetato de etilo foi escolhido como solvente de extracção dos biofenóis de águas
ruças por ser um método frequentemente seleccionado e já testado por outros autores (De
Marco et al., 2007; El-Abbassi et al., 2012; Kalogerakis et al., 2013; Rubio-Senent et al.,
2013). Allouche e colaboradores (2004) demonstraram que o acetato de etilo exibe um maior
poder de extracção relativamente a outros solventes, tais como o 4-metil-2-pentanona, butan-
2-ona e etoxietano, mais conhecido como éter etílico.
A análise dos resultados permite-nos dizer que, para os polifenóis totais e orto-
difenóis, os pontos de amostragem Aucama, Mirabaga e CAOM apresentam valores de
concentrações superiores aos obtidos para as estações de Tabuaço e Alvelos. O primeiro
grupo de resultados refere-se a amostras que resultam de processos de centrifugação de duas
fases e o segundo grupo, refere-se a amostras que resultaram de processo de centrifugação de
18
três fases. É, portanto, possível vislumbrar uma diferença dos resultados para os dois tipos de
extracção de azeite.
Comparando os resultados por nós obtidos com estudos já publicados (Ergül et al.,
2009; Amaral et al., 2012), os valores medidos para polifenóis totais são inferiores. Tais
resultados podem estar relacionados com o estado de maturação das azeitonas, sendo que para
um estado de maturação maior, a quantidade de polifenóis totais é, também, superior (Amaral
et al., 2008). Azaizeh e colaboradores (2012) obtiveram, por sua vez, resultados concordantes
com os obtidos neste estudo, para o parâmetro polifenóis totais.
19
Tabela 4 – Matriz de coeficientes de correlação de Pearson para os parâmetros químicos.
Estas análises estatísticas dependem muito dos resultados e, neste trabalho, houve
algumas amostras para as quais não se obtiveram medições, nomeadamente as réplicas de
Mirabaga 3, Alvelos1, Alvelos 2 e Alvelos 3, por não existir amostra suficiente, o que explica,
parcialmente, a ausência de correlações entre as amostras.
0,5 Alvelos 2
F2 (33,12 %)
Alvelos 1 Tabuaço 2
Alvelos 3
0
Mirabaga 3
Tabuaço 1
Mirabaga 2
-0,5 Mirabaga 1
Caom 1
-1 Tabuaço 3
Caom 2
-1,5
Caom 3
-2
-3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
F1 (63,18 %)
Figura 2 - Gráfico de observações da análise em componentes principais (PCA) para os parâmetros químicos
analisados nas diferentes réplicas dos locais de amostragem.
20
O gráfico de observações (Figura 2) mostra que é possível distinguir as amostras
provenientes dos diferentes locais de amostragem e, ainda, agrupar as amostras consoante a
origem de processos de centrifugação de duas ou três fases.
A análise utilizada (Figura 3) revelou que o primeiro factor discriminante (F1) explica
92,99% da variância e o segundo factor discriminante (F2) explica 6,55% da variância. Isto
significa que em apenas dois factores discriminantes, é explicada 99,54% da variância.
21
Observações (eixos F1 e F2: 99,54 %)
15
10
Aucama 3
5 Aucama 2
Aucama 1
ALV
F2 (6,55 %)
Alvelos 1 Alvelos 3
Tabuaço 2
Alvelos 2 0 AUC
Tabuaço 1 Mirabaga 3
-20 -15 -10 -5 0 Mirabaga
5 1 10 15 20 CAO
Mirabaga 2
Tabuaço 3 Caom 1 MIR
Caom 2
-5 Caom 3 TAB
-10
-15
F1 (92,99 %)
Figura 3 - Gráfico de observações da análise discriminante linear (LDA) para aos parâmetros químicos analisados nas
diferentes réplicas dos locais de amostragem
De forma semelhante à análise de PCA, a LDA revela que, no caso dos lagares de
Alvelos e Tabuaço, o factorial F2 não os discrimina tão claramente como no caso dos lagares
de duas fases. Há uma maior proximidade entre as amostras de lagares de três fases entre si do
que entre as amostras de lagares de duas fases, em que Aucama é claramente diferente da
CAOM e Mirabaga, sendo que estas já apresentam uma maior proximidade entre si.
Tabela 5 – Matriz de confusão para as amostras de calibração e para validação cruzada com base nos
parâmetros químicos. Classificações observadas nas linhas, e classificações previstas nas colunas.
22
3.2.3. Clusters hierárquicos Aglomerativos (AHC)
A aplicação da análise de clusters hierárquicos aglomerativos permite agrupar ou
dividir elementos mediante as semelhanças ou diferenças entre si. Na figura 4, está
representado o dendrograma que mostra a dissimilaridade entre réplicas e locais de
amostragem. Dendrograma
Caom 3
Caom 2
Caom 1
Mirabaga 3
Mirabaga 1
Mirabaga 2
Aucama 2
Aucama 1
Aucama 3
Alvelos 3
Tabuaço 2
Tabuaço 1
Tabuaço 3
Alvelos 2
Alvelos 1
0 5 10 15 20 25
Dissimilaridade
23
3.3. Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier
0,25
0,2
Absorvância
0,15
0,1
0,05
0
1800 1600 1400 1200 1000 800 600
Números de onda (cm-1)
Tabuaço 1 Tabuaço 2 Tabuaço 3 Aucama 1
Aucama 2 Aucama 3 Mirabaga 1 Mirabaga 2
Mirabaga 3 Caom 1 Caom 2 Caom 3
Alvelos 1 Alvelos 2 Alvelos 3
Figura 5 – Espectros obtidos por FTIR de cada réplica (média das repetições) dos diferentes locais de amostragem.
Da análise da figura 5, pode-se dizer que para os extractos obtidos das amostras de
Tabuaço, Aucama, Mirabaga e CAOM os espectros são todos muito semelhantes entre si,
havendo pouca variação dos números de onda para cada pico específico. Com Alvelos, os
espectros obtidos apresentam diferenças, ao nível da absorvância e ao nível do número de
onda, relativamente às outras amostras. Isto pode ser explicado devido à quantidade
insuficiente de amostra obtida por extracção da fracção fenólica para apresentar resultados
estatisticamente coerentes, pelo que na análise da PCA, esta amostra não será considerada
para análise.
24
carboxílicos. A banda a 1240 cm-1 está relacionado com as ligações C-O de ésteres, éteres
(normalmente, éteres aromáticos), álcoois e grupos fenol. A banda a 1043 cm-1 está
relacionada com ligações C-O de álcoois primários e secundários, ésteres insaturados e
aromáticos, e éteres aromáticos (Silverstein et al., 2005).
2 fases
10
Tabuaço
Aucama
F2 (19,29 %)
0 Mirabaga
CAOM
-10
3 fases
-20
-30 -20 -10 0 10 20 30 40 50
F1 (58,50 %)
Figura 6 - Gráfico de observações da análise em componentes principais (PCA) para os dados
obtidos por FTIR nas diferentes réplicas dos locais de amostragem.
25
A partir do gráfico das observações (figura 6), podemos concluir que os espectros, obtidos
pela técnica de FTIR, permitem distinguir as amostras provenientes de pontos de amostragem
diferentes e ainda permite agrupa-las consoante o método usado para extrair azeite.
Nitidamente, no lado negativo da componente F1 aparecem as amostras relativas a processos
de centrifugação de duas fases e no lado positivo da componente F1 aparece a amostra
relativa ao processo de centrifugação de três fases.
No gráfico da figura 7, os números de onda nos intervalos: 1760,7 cm-1 a 1708,63 cm-
1
; 1527,35 cm-1 a 1509,99 cm-1; 1465,64 cm-1 a 1457,93 cm-1; 1375 cm-1 a 1369,22 cm-1;
1282,43 cm-1 a 1274,72 cm-1; 1270 cm-1 a 1236,15 cm-1; 1066,44 cm-1 a 998,95 cm-1; 983,52
cm-1 a 962,31 cm-1 possuem comunalidade superior a 0,6 e, portanto, foram seleccionados
como potenciais números de onda associados à variabilidade entre as amostras.
A banda 1760,7 cm-1 a 1708 cm-1 está associada ao grupo funcional carbonilo (C=O)
de cetonas, ésteres e ácidos carboxílicos. A banda 1527,35 cm-1 a 1509,99 cm-1 poderá estar
associada a ligações C=C aromáticas. As bandas 1465,64 cm-1 a 1457,93 cm-1; 1375 cm-1 a
1369,22 cm-1 e 983,52 cm-1 a 962,31 cm-1 estão associadas a diferentes vibrações do grupo
funcional C-H. As bandas 1282,43 cm-1 a 1274,72 cm-1 e 1270,86 cm-1 a 1236,15 cm-1 estão
associadas a ligações C-O de ésteres, éteres álcoois e grupos fenol. E, finalmente, a banda
1066,44 cm-1 a 998,95 cm-1 poderá estar associada ao grupo funcional C-O de álcoois
primários e secundários, ésteres aromáticos e éteres aromáticos, por exemplo (Silverstein et
al., 2005).
26
1,2
0,8
Comunalidade
0,6
0,4
0,2
0
1800,00 1600,00 1400,00 1200,00 1000,00 800,00 600,00
Números de onda (cm-1)
Figura 7 - Gráfico: Comunalidade versus Números de Onda (cm-1)
Para esta análise, não foi usada a amostra de Alvelos pelas razões supracitadas. A
tabela 6 mostra o desempenho de qualidade do modelo PLS-R para o coeficiente de regressão
27
(R2) e para os erros quadráticos médios de calibração e de validação. Pode-se afirmar que o
modelo PLS-R aqui aplicado apresenta um bom desempenho, devido R2 ser relativamente
elevado e o RMSE ser baixo. A figura 8 mostra a precisão e o desempenho do modelo que
correlaciona os valores medidos experimentalmente com os valores previstos pelo modelo a
partir dos dados de FTIR.
R² RMSE
Parâmetro
químico
Calibração Validação Calibração Validação
150
100
50
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Polifenóis totais medidos (Eq (mg/L) Ác. Cafeico)
Figura 8 - Gráfico com os valores previstos pelo método PLS-R e os valores medidos para
polifenóis totais.
28
3.4. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC)
Figura 9 - Perfis cromatográficos dos extractos fenólicos de águas ruças a 280 nm de duas réplicas: 1-
Hidroxitirosol; 2-Tirosol; 3-Ácido Ferúlico; 4-Ácido m-cumárico e 5-Oleuropeína para Tabuaço 2; 6-Hidroxitirosol;
7-Tirosol; 8-Ácido Tânico e 9-Oleuropeína para Mirabaga 2.
29
Cada cromatograma apresentou em, muitos casos, mais de 50 picos, sendo que cada
pico representará uma substância diferente. Para cada réplica, foram seleccionados no
máximo 16 picos, que apresentavam maior percentagem de área relativa e maiores mAU
(Unidades Arbitrárias). Os tempos de retenção e os espectros UV (ultravioleta) de padrões
externos puros injectados previamente foram comparados com os picos seleccionados dos
cromatogramas com o objectivo de identificar o máximo de compostos fenólicos possíveis.
O hidroxitirosol foi identificado em todas as amostras, excepto Alvelos. Isto pode ser
explicado, em parte, devido à quantidade de amostra disponível usada para a análise, que foi
muito inferior a todas as outras, pelo que a quantidade de amostra usada poderia, porventura,
ter prejudicado a identificação do hidroxitirosol. De realçar que, o hidroxitirosol foi o
composto identificado com maior percentagem de área relativa. Em outros estudos este
composto foi, também, identificado, usando um método de extracção da fracção fenólica com
acetato de etilo (De Marco et al., 2007; Rubio-Senent et al., 2013). O hidroxitirosol está, por
exemplo, associado à diminuição de doenças degenerativas, nomeadamente, à doença de
Alzheimer (Scarmeas et al., 2009). Está, também, associado à formação e manutenção dos
ossos (Hagiwara et al., 2011).
30
Tabela 7 – Percentagem (%) de área relativa de cada pico para todas as réplicas (ALV-Alvelos; AUC-Aucama; Mira-Mirabaga; TAB-Tabuaço).
Nome Picos TAB 1 TAB 2 TAB 3 AUC 1 AUC 2 AUC 3 MIRA 1 MIRA 2 MIRA 3 CAOM 1 CAOM 2 CAOM 3 ALV 1 ALV 2 ALV3
Hidroxitirosol p1 17,23 21,43 21,83 45,26 44,03 46,82 27,87 24,76 27,78 43,97 52,72 48,41
Tirosol p2 10,39 10,63 5,17 12,58 12,57 14,73 13,67 13,73 14,13 12,30 13,67 14,82 11,26 13,80 14,83
Ácido m-cumárico p3 13,76 2,21 1,01 1,12
Ácido Tânico p4 2,96 1,58 1,41 1,94 1,89 2,01 1,66
Ácido Ferúlico p5 3,62 4,11 12,92 1,18 1,12
Ácido 3,4,5-trimetoxibenzóico p6 0,99
Oleuropeína p7 1,14 3,22 0,23 2,29 2,56 2,68 1,83 1,88
p8 3,09 289,00 4,08 5,42 8,57 9,41 9,52 4,11 4,61 5,04 4,92 2,64
p9 5,04 5,69 3,25
p10 2,63
p11 6,72 6,21 2,45
p12 13,76 13,10 11,61 5,65 5,84 4,81 6,36 8,71 9,24 5,76 4,10 4,74 4,73 4,23 4,05
p13 1,94 1,89 2,01 1,66 1,29 1,39
p14 5,57 6,18
p15 1,43 1,43 3,66 2,77 2,55
p16 10,02 5,57 23,27 1,59
p17 2,96 2,69 1,96 4,92 4,10 3,84 2,70 0,84 1,26
p18 6,41 5,97 6,63 3,01 2,00 2,00 1,25 2,37 2,76
p19 2,11 2,05 1,01 1,12
p20 1,68 2,35 1,70
Desconhecido p21 1,18 1,12
p22 0,64
p23 2,88 2,73 3,85 2,87 4,36 3,33
p24 1,18 1,41 1,04 1,49 1,37 0,26
p25 0,81 1,24 1,23 2,60 2,27 2,24
p26 0,85 1,87 2,79 2,73 1,78 1,62 1,46 1,53 2,27 1,00
p27 1,29 3,71 4,79 5,15 3,99 2,06 3,26 3,38 5,09
p28 7,69 8,27 9,06 6,25 5,73 3,45 5,72 7,03 7,51 5,98 4,97 5,53
p29 7,28 6,82 6,33 6,59 7,47 7,32 1,75 2,61 1,88
p30 66,61 70,43 64,53
p31 3,56 3,77 1,47
p32 6,50 6,02 4,09 2,83 0,59 6,81 8,39 7,23 2,96 0,50 0,99
p33 1,30 4,28 2,28 2,36
p34 1,69 2,57 4,02 4,28
31
A oleuropeína foi, também um composto fenólico identificado, embora,
maioritariamente, em Aucama, Mirabaga e CAOM, ou seja, proveniente de amostras relativas
a processos de extracção de azeite de duas fases. No entanto, a percentagem de área relativa
destes compostos, é na ordem dos 1 a 3%, ou seja, muito inferior as percentagens obtidas com
o hidroxitirosol e tirosol. A oleuropeína é um dos compostos bioactivos mais importantes, que
actua, por exemplo, contra a hipertensão em paciente em fase 1 (Susalit et al., 2011) ou até
actuar como um cardioprotector (Omar, 2010).
32
principais, o PCA consegue explicar 92,3% da variância das amostras. Todos os seis
componentes principais possuem Eigenvalues superiores a 1.
Tabuaço 3 3 fases
Tabuaço 1
Mirabaga 2
Tabuaço 2 Mirabaga 1
2 Mirabaga 3
F2 (21,89 %)
0 Aucama 1
CAOM 3 CAOM 1
Aucama 3
Aucama 2
CAOM 2
-2
2 fases
Alvelos 1
Alvelos 2
Alvelos 3
-4
-6 -4 -2 0 2 4 6
F1 (35,05 %)
Figura 10 - Gráfico de observações da análise em componentes principais (PCA) para os dados de HPLC
nas diferentes réplicas dos locais de amostragem.
33
Ainda para este factorial contribuem picos desconhecidos que não foi possível identificar,
devido à inexistência de espectros UV de padrões puros.
Na análise da figura 11, podemos ver os picos que mais se relacionam entre si. Essa
relação existe entre os picos 3 (Ácido m-cumárico), 5 (Ácido Ferúlico), 12, 16 e 18; entre os
picos 28 e 32; entre os picos 1 (Hidroxitirosol), 4 (Ácido Tânico), 7 (Oleuropeína), 13, 15, 17,
26, 27, 29 e 33; e entre os picos 2 (Tirosol), 6 (Ácido 3,4,5-trimetoxibenzóico), 8, 23, 24. Na
tabela 8, podemos verificar a percentagem com que essas variáveis contribuem para a
distinção e separação das amostras.
p7
p12 2,630 13,753 p1
p29p27
p13 5,512 2,065 0 p8 p26
34
A análise de PCA dos dados de HPLC contribuem, significativamente, para
diferenciar as amostras estudadas provenientes de lagares de duas ou três fases.
Efectivamente, a identificação dos picos referidos acima, em particular tirosol, os ácidos
tânico e ferúlico e a oleuropeína permitem inferir se a amostra tem origem num lagar de duas
ou de três fases.
Na observação das placas, constatou-se que não houve formação de halos de inibição
para nenhuma das espécies testadas. Estes resultados não eram os esperados para as espécies
Candida albicans e Candida parapsilosis, pois são espécies patogénicas e oportunistas,
respectivamente, e como tal deveriam apresentar halos de inibição devido às propriedades
antifúngicas de fenóis identificados em águas ruças (Brenes et al., 2011).
35
Figura 12 - Caixas de Petri com culturas puras de Candida albicans, Candida parapsilosis e Candida oleophila,
respectivamente, usadas no teste de difusão em disco.
Ainda que não se tenha obtido inibição do crescimento para estas espécies de
microrganismos, isso não significa que os extractos obtidos com acetato de etilo neste
trabalho, não apresentem actividade antibacteriana (Obied et al., 2007), investigação que
deverá ser efectuada no futuro.
Neste estudo, estes investigadores não obtiveram inibição usando extractos de per si,
mas quando combinado com fluconazole, o composto maioritário dos extractos, punicalagina,
potenciou a formação de halos de inibição para a levedura Candida albicans. Será, portanto,
interessante testar a combinação do fluconazole com os extractos fenólicos por nós obtidos,
para se saber se esta combinação apresenta, ou não, o mesmo tipo de resultados.
36
4. Conclusões e perspectivas futuras
Com este trabalho pretendeu-se analisar amostras de águas ruças provenientes de dois
tipos de processos de centrifugação diferentes de cinco locais de amostragem na região de
Trás-os-Montes e Alto Douro.
37
seria interessante saber que condições podem ser alteradas para potenciar o aparecimento de
resultados positivos.
38
5. Bibliografia
Adhoum, N., Monser, L. (2004). “Decolourization and removal of phenolic compounds from
olive mill wastewater by electrocoagulation”. Chemical Engineering and Processing 43:
1281-1287.
Allouche, N., Fki, I., Sayadi, S. (2004). “Toward a High Yield Recovery of Antioxidants and
Purified Hydroxytyrosol from Olive Mill Wastewaters”. Journal of Agricultural and Food
Chemistry 52: 267-273.
Amaral, C., Lucas, M. S., Coutinho, J., Crespí, A. L., Anjos, M. R., Pais, C. (2008).
“Microbiological and physicochemical characterization of olive mil wastewaters from a
continuous olive mill in Northeastern Portugal”. Bioresource Technology 99: 7215-7223.
Amaral, C., Lucas, M. S., Sampaio, A., Peres, J. A., Dias, A. A., Peixoto, F., Anjos, M. R.,
Pais, C. (2012). “Biodegradation of olive mil wastewaters by a wild isolate of Candida
oleophila”. International Biodeterioration & Biodegradation 68: 45-50.
Anne, K. (2011). Magnesium and calcium in drinking water and heart diseases. In
“Encyclopedia of environmental health”, edited by Elias, S. A., Elsevier.
Atmani, D., Chaher, N., Atmani., D., Berboucha, M., Debbache, N., Boudaoud, H. (2009).
“Flavonoids in human health: from structure to biological activity”. Current Nutrition & Food
Science 5: 225-237.
Azaizeh, H., Halahlih, F., Najami, N., Brunner, D., Faulstich, M., Tafesh, A. (2012).
“Antioxidant activity of phenolic fractions in olive mill wastewater”. Food Chemistry 134:
2226-2234.
Beekes, M., Lasch, P., Nauman, D. (2007). “Analytical applications of Fourier transform-
infred (FT-IR) spectroscopy in microbiology and prion research”. Veterinary Microbiology
123: 305-319.
39
Bertin, L., Ferri, F., Scoma, A., Marchetti, L., Fava, F. (2011). “Recovery of high added value
natural polyphenols from actual olive mill wastewater through solid phase extraction”.
Chemical Engineering Journal 171: 1287-1293.
Bettazzi, E., Morelli, M., Caffaz, S., Caretti, C., Azzari, E., Lubello, C. (2006). ”Olive mill
wastewater treatment: an experimental study”. Water Science and Techology 54: 17-25.
Bianco, A., Buiarelli, F., Cartoni, G., Coccioli, F., Jasionowska, R., Margherita, P. (2003).
“Analysis by liquid chromatography-tandem mass spectrometry of biophenolic compounds in
olives and vegetation waters, Part I”. Journal of Separation Science 26: 409-416.
Bisignano, G., Laganà, M. G., Trombetta, D., Arena, S., Nostro, A., Uccella, N., Mazzanti,
G., Saija, A. (2001). “In vitro antibacterial activity of some aliphatic aldehydes from Olea
europaea L.”. FEMS Microbiology Letters 198: 9-13.
Bisignano, G., Tomaino, A., Lo Cascio, R., Crisafi, G., Uccella, N., Saija, A. (1999). “On the
in-vitro antimicrobial activity of oleuropein and hydroxytyrosol” Journal Pharmacy and
Pharmacology 51: 971-974.
Brenes, M., Gárcia, A., de los Santos, B., Medina, E., Romero, C., de Castro, A., Romero, F.
(2011). “Olive glutaraldehyde-like compounds against plant pathogenic bacteria and fungi”.
Food Chemistry 125: 1262-1266.
Cabrera, F., Lopez, R., Martinez-Bordiu, A., Dupuy de Lome, E., Murillo, J. M. (1996).
“Land treatment of olive oil mil wastewater”. International Biodeterioration &
Biodegradation 38: 215-225.
Capasso, R., Evidente, A., Schivo, L., Orru, G., Marcialis, M. A., Cristinzio, G. (1995).
“Antibacterial polyphenols from olive oil mil waste waters”. Journal of Applied Bacteriology
79: 393-398.
Carrasco-Pancorbo, A., Cerretani, L., Bendini, A., Segura-Carretero, A., Del Carlo, M.,
Gallina-Toschi, T., Lercker, G., Compagnome, D., Fernández-Gutiérrez, A. (2005).
“Evaluation of the antioxidant capacity of individual phenolic compounds in virgin olive oil”.
Journal of Agricultural Food Chemistry 53: 8918-8925.
40
Cerna, M., Barros, A. S., Nunes, A., Rocha, S. M., Delgadillo, I., Copíková, J., Coimbra, M.
A. (2002). “Use FT-IR spectroscopy as a tool for the analysis of polysaccharide food
additives”. Carboydrate Polymers 51: 383-389.
Chirinos, R., Betalleluz-Pallardel, I., Huamán, A., Arbizu, C., Pedreschi, R., Campos, D.
(2008). “HPLC-DAD characterisation of phenolic compounds from Andean oca (Oxalis
tuberosa Mol.) tubers and their contribution to the antioxidant capacity”. Food Chemistry
113: 1243-1251.
Cicerale, S., Lucas, L., Keast, R. (2010). “Biological activities of phenolic compounds present
in virgin olive oil”. International Journal of Molecular Sciences 11: 458-479.
Davis, R., Mauer, L.J. (2010). Fourier tansform infrared (FT-IR) spectroscopy: A rapid tool
for detection and analysis of foodborne pathogenic bacteria In “Current Research, Technology
and Education Topics in Applied Microbiology and Microbial Biotechnology” edited by
Méndez-Vilas, A., Formatex.
Deiana, M., Corona, G., Incani, A., Loru, D., Rosa, A., Atzeri, A., Melis, M. P., Dessì, M. A.
(2010). “Protective effect of simple phenols from extra virgin olive oil against lipid
peroxidation in intestinal Caco-2 cells”. Food and Chemical Toxicology 48: 3008-3016.
De Marco, E., Savarese, M., Paduano, A., Sacchi, R. (2007). “Characterization and
fractionation of phenolic compounds extracted from olive oil mill wastewaters”. Analytical,
Nutritional and Clinical Methods 104: 858-867.
Dermeche, S., Nadour, M., Larroche, C., Moulti-Mati, F., Michaud, P. (2013). “Olive mil
wastes: Biochemical characterizations and valorization strategies”. Process Biochemistry 48:
1532-1552.
El-Abbassi, A., Hafidi, A., García-Payo, M. C., Khayet, M. (2009). “Concentration of olive
mill wastewater by membrane distillation for polyphenols recovery”. Desalination 245: 670-
674.
El-Abbassi, A., Khayet, M., Hafidi, A. (2011). “Micellar enhanced ultrafiltration process for
the treatment of olive mill wastewater”. Water Research 45: 4522-4530.
41
El-Abbassi, A., Kiai, H., Hafidi, A. (2012). “Phenolic profile and antioxidant activities of
olive mill wastewater”. Food Chemistry 132: 406-412.
Ena, A., Pintucci, C., Carlozzi, P. (2011). “The recovery of polyphenols from olive mill waste
using two adsorbing vegetable matrices”. Journal of Biotechnology 157: 573-577.
Endo, E. H., Cortez, D. A. G., Ueda-Nakamura, T., Nakamura, C. V., Filho, B. P. D. “Potent
antifungal activity of extracts and pure compound isolated from pomegranate peels and
synergism with fluconazole against Candida albicans”. Research in Microbiology 161: 534-
540.
Ergül, F. E., Sargin, S., Öngen, G., Sukan, F. V. (2009). “Dephenolisation of olive mill
wastewater using adapted Trametes versicolor”. International Biodeterioration &
Biodegradation 63: 1-6.
Fernández, P., Morales, L., Vázquez, C., Bermejo, A. M., Tabernero, M. J. (2006). “HPLC–
DAD determination of opioids, cocaine and their metabolites in plasma”. Forensic Science
International 161: 31-35.
Ferri, F., Bertin, L., Scoma, A., Marchetti, L., Fava, F. (2011). “Recovery of low molecular
weight phenols through solid phase extraction”. Chemical Engineering Journal 166: 994-
1001.
Galanakis, C. M., Tornberg, E., Gekas, V. (2010). “Clarification of high-added value products
from olive mill wastewater”. Journal of Food Engineering 99: 190-197.
Garcia-Castello, E., Cassano, A., Criscuoli, A., Conidi, C., Drioli, E. (2010). “Recovery and
concentration of polyphenols from olive mill wastewaters by integrated membrane system”.
Water Research 44: 3883-3892.
González-Santiago, M., Martín-Bautista, E., Carrero, J. J., Fonollá, J., Baró, L., Bartolomé,
M. V., Gil-Loyzaga, P., López-Huertas, E. (2006). “One-month administration of
hydroxytyrosol, a phenolic antioxidant present in olive oil, to hyperlipemic rabbits improves
blood lipid profile, antioxidant status and reduces atherosclerosis development”.
Atherosclerosis 188: 35-42.
Gravel, E., Bourget, P., Mercier, L., Paci, A. (2005). “Fluorescence detection combined with
either HPLC or HPTLC for pharmaceutical quality control in a hospital chemotherapy
42
production unit: Application to camptothecin derivatives”. Journal of Pharmaceutical and
Biomedical Analysis 39: 581-586.
Hagiwara, K., Goto, T., Araki, M., Miyazaki, H., Hagiwara, H. (2011). “Olive polyphenol
hydroxytyrosol prevents bone loss”. European Journal of Pharmacology 662: 78-84.
Hajimahmoodi, M., Sadeghi, N., Jannat, B., Oveisi, M. R., Madani, S., Kiayi, M. (2008).
“Antioxidant activity reducing power and total phenolic content of iranian olive”. Jornal of
Biological Sciences 8:779-783.
Ilias, F., Kholkhal, W., Gaouar, N., Bekhechi, C., Bekkara, F. A. (2011). “Antibacterial and
antifungal Activities of olive (Olea europaea L.) from Algeria”. Journal of Microbiology and
Biotechnology Research 1: 69-73.
IOC (International Olive Oil Council, 2014). World and EU olive oil figures.
http://www.internationaloliveoil.org/estaticos/view/131-world-olive-oil-figures. Consultado a
4 Julho de 2014
Kalogerakis, N., Politi, M., Foteinis, S., Chatzisymeon, E., Mantzavinos, D. (2013).
“Recovery of antioxidants from olive mill wastewaters: A viable solution that promotes their
overall sustainable management”. Journal of Environmental Management 128: 749-758.
Kapellakis, I. E., Tsagarakis, K. P., Avramaki, Ch., Angelakis, A. N. (2006). “Olive mill
wastewater management in river basins: a case study in Greece”. Agricultural Water
Management 82: 354-370.
Kapellakis, I. E., Tsagarakis, K. P., Crowther, J. C. (2008). “Olive oil history, production and
by-product management”. Reviews in Environmental Science and Biotechnology 7: 1-26.
Lesage-Meesen, L., Navarro, D., Maunier, S., Sigoillot, J-C., Lorquin, J., Delattre, M., Simon,
J-L., Asther, M., Labat, M. (2001). “Simple phenolic content in olive oil residues as a
function of extraction systems”. Analytical, Nutritional and Clinical Methods Section 75:
501-507.
Leug, S. W., Siddhanti, S., Williams, B., Chan, A. W. K., Minski, M. J., Daniels, C. K., Lai,
J. C. K. (2010). “Effects of diet intakes on metal and electrolyte distributions in vital organs”.
Procedia Environmental Sciences 2: 92-97.
43
Loizzo, M. R., Di Lecce, G., Boselli, E., Menichini, F., Frega, N. G. (2011). “Inhibitory
activity of phenolic compounds from extra virgin olive oils on the enzymes involved in
diabetes, obesity and hypertension”. Journal of Food Biochesmistry 35: 381-399.
López, S., Pacheco, Y. M., Bermudez, B., Abia, R., Muriana, F. J. G. (2004). “Olive oil and
cancer”. Grasas Aceites 55: 33-41.
Lucaszkiewicz, J., Bibik, K., Lorenc, R. S. (1989). “Simplified HPLC method for
quantification of vitamin D in blood serum”. Journal of Pharmacological Methods 21: 247-
254.
Marrugat, J., Covas, M. I., Fitó, M., Schoder, H., Miro-Casas, E., Gimeno, E., López-Sabater,
M. C., De La Torre, R., Farré, M. (2004). “Effects of differing phenolic content in dietary
olive oils on lipids and LDL oxidation a randomized controlled trial”. European Journal of
Nutrition 43: 140-147.
Obied, H. K., Allen, M. S., Bedgood, D. R., Prenzler, P. D., Robards, K. (2005).
“Investigation of Australian olive mill waste for recovery of biophenols”. Journal of
Agricultural and Food Chemistry 53: 9911-9920.
Ogawa, S., Yoshimura, E. (2012). “Comparision of methanol and acetonitrile eluents for the
quantification of chelators specific to soft-metal ions by HPLC”. Journal of Chromatograohy
B 909: 34-36.
44
Owen, R.W., Giacosa, A., Hull, W. E., Haubner, R., Spiegelhalder, B., Bartsch, H. (2000).
“The antioxidant/anticancer potential of phenolic compounds isolated from olive oil”.
European Journal of Cancer 36: 1235-1247.
Papayiotou, H., Kokot, S. (1999). “Matching and discrimination of single human-scalp hairs
by FT-IR micro-spectroscopy and chemometrics”. Analytica Chimica Acta 392: 223-235.
Perona, J. S., Cabello-Moruno, R., Ruiz-Gutierrez, V. (2006). “The role of virgin olive oil
components in the modulation of endothelial function”. Journal of Nutritional Biochemistry
17: 429-445.
Petroni, A., Blasevich, M., Papini, N., Salami, M., Sala, A., Galli, C. (1997). “Inhibition of
leukocyte leukotriene B4 production by an olive oil-derived phenol identified by mass-
spectrometry”. Thrombosis Research 87: 315-322.
Rapoport, H. F. (2008). Botánica y Morfología. In “El cultivo del olivo”, edited by Barranco,
D., Fernandez-Escobar, R., Rallo, L., Ediciones Mundi-Prensa.
Rohman, A., Che Man, Y. B. (2011). “The chemometrics approach applied to FTIR spectral
data for the analysis of rice bran oil in extra virgin olive oil”. Chemometrics and Intelligent
Laboratory Systems 110: 129-134.
Roig, A., Cayuela, M. L., Sánchez-Monedero, M. A. (2006). “An overview on olive mill
wastes and their valorisation methods”. Waste Management 26: 960-969.
Sassi, A. B., Ouazzani, N., Walker, G. M., Ibnsouda, S., El Mzibri, M., Boussaid, A. (2008).
“Detoxification of olive mill wastewaters by Moroccan yeast Isolates”. Biodegradation 19:
337-346.
Scarmeas, N., Stern, Y., Mayeux, R., Manly, J. J., Schpf, N., Luchsinger, J. A. (2009).
“Mediterranean diet and mild cognitive impairment”. Archives of neurology 66: 216-225.
45
Schawe, R., Fetzer, I., Tonniges, A., Hartig, C., Geyer, W., Harms, H., Chatzinotas, A.
(2011). “Evaluation of FT-IR spectroscopy as a tool to quantify bacteria in binary mixed
cultures”. Journal of Microbiological Methods 86: 182-187.
Schaffer, S., Muller, W. E., Eckert, G. P. (2010. “Cytoprotective effects of olive mill
wastewater extract and its main constituent hydroxytyrosol in PC12 cells”. Pharmacological
Research 62: 322-327.
Schaffer, S., Podstawa, M., Visiolo, F., Bogani, P., Muller, W. E., Eckert, G. P. (2007).
“Hydroxytyrosol-rich olive mill wastewater extract protects brain cells in vitro and ex vivo”.
Journal of Agricultural and Food Chemestry 55: 5043-5049.
Stuart, B. (2004). “Infrared Spectroscopy: Fundamentals and Applications”. John Wiley &
Sons, Inc.
Susalit, E., Agus, N., Effendi, I., Tjandrawinata, R. R., Nofiarny, D., Perrinjaquet-Moccetti,
T., Verbruggen, M. (2011). “Olive (Olea europaea) leaf extract effective in patients with
stage-1 hypertension: Comparison with Captopril”. Phytomedicine 18: 251:258.
Tapp, H. S., Defernez, M., Kemsley, E. K. (2003). “FTIR Spectroscopy and Multivariate
Analysis Can Distinguish the Geographic Origin of Extra Virgin Olive Oils”. Journal of
Agricultural and Food Chemistry 51: 6110-6115.
Vekiari, S. A., Papadopoulou, P., Koutsaftakis, A. (2002). “Comparision of diffetent olive oil
extraction systems and the effect of storage conditions on the quality of the virgin olive oil”.
Grasas Aceites 53: 324-329.
Yangui, T., Dhouib, A., Rhouma, A., Sayadi, S. (2009). “Potential of hydroxytyrosol-rich
composition from olive mill wastewater as a natural disinfectant and its effect on
seeds vigour response”. Food Chemistry 117: 1-8.
46
Yangui, T., Sayadi, S., Gargoubi, A., Dhouib, A. (2010). “Fungicidal effect of
hydroxytyrosol rich preparations from olive mill wastewater against Verticillium
dahliae”. Crop Protection 29: 1208-1213.
Zbakh, H., El-Abbassi, A. (2012). “Potential use of olive mil wastewater in the preparation of
functional beverages: An review”. Journal of Fuctioanl Foods 4: 53-65.
Zhu, L., Liu, Z., Freng, Z., Hao, J., Shen, W., Li, X., Sun, L., Sharman, E., Wang, Y., Wertz,
K., Weber, P., Shi, X., Liu, J. (2010). “Hydroxytyrosol protects against oxidative damage by
simultaneous activation of mitochondrial biogenesis and phase II detoxifying enzyme systems
in retinal pigment epithelial cells”. The Journal of Nutritional Biochemistry 21: 1089-1098.
47