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conhecido e o desconhecido
1
Lyandra Fonseca Pereira
2
Caroline Queiroz Cerqueira
3*
Vol. 19, Nº 04, jul/ago de 2022
Jhenyfer Caroliny de Almeida ISSN: 1983-9006
4 www.nutritime.com.br
Sandra Regina Marcolino Gherardi
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral
1
Graduanda em Ciência e Tecnologia em Alimentos. Instituto Federal Goiano da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de
Campus Urutaí. literatura, artigos técnicos e científicos bem como resulta-
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Graduanda em Ciência e Tecnologia em Alimentos. Instituto Federal Goiano dos de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do
Campus Urutaí. endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br.
3
Tecnóloga em Alimentos, Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí. **E- Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira res-
mail:jhenyfer.caroliny@outlook.com.
4
Docente do curso superior de Ciência e Tecnologia em Alimentos, Instituto ponsabilidade dos seus autores.
Federal Goiano, Campus Urutaí.
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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido
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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido
pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança vão sendo liberadas no mercado. Os milhões de
(CTNBio) para comercializar a semente de soja RR hectares plantados com transgênicos (Figura 1)
(soja transgênica Roundup Ready), apesar de que a ressaltam a grande adesão mundial por estes, visto
cultivar já era plantada no país de forma ilegal por o englobamento de diferentes países através de
meio de sementes vindas da Argentina (CASTRO, várias espécies de transgênicos (JAMES, 2017).
2016). Entretanto, esta aprovação foi contestada por
diversas instituições, entre elas o Instituto de Defesa FIGURA 1: Área plantada nos maiores produtores de
do Consumidor (IDEC) e pelo Greenpeace, e o transgênicos em 2016
resultado deste descontentamento nacional foi o
adiamento da legalização do uso de transgênicos no
Brasil. Os OGMs foram legalizados no Brasil, de
forma provisória, ano de 2003 por meio da Lei
10.688, e de forma definitiva em 2005 a partir da
aprovação da Lei de Biossegurança. Desde que foi
regulamentado, o uso de transgênicos na produção
das lavouras no Brasil tem aumentado
consideravelmente (CELERES, 2017a).
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Mudanças do fluxo de vias bioquímicas, que tanto nos produtos embalados como nos
resultando na produção de metabólitos produtos vendidos a granel ou in natura, no rótulo da
secundários indesejados; embalagem ou do recipiente em que estão contidos
Mutagênese pela inserção do novo gene. deverá constar em destaque, no painel principal e
juntamente com o símbolo (Figura 2) a ser definido
ROTULAGEM DE ALIMENTOS FORMULADOS A mediante ato do Ministério da Justiça, uma das
PARTIR DE TRANSGÊNICOS seguintes expressões, dependendo do caso: "(nome
A rotulagem de alimentos é um tema amplamente do produto) transgênico", "contém (nome do
discutido nos últimos anos, e tem passado por ingrediente ou ingredientes) transgênico(s)" ou
constantes reformulações. A rotulagem é o processo "produto produzido a partir de (nome do produto)
de estabelecer canais de comunicação entre as transgênico (Figura 3).
empresas de produção de alimentos e os
consumidores, visto que os consumidores buscam FIGURA 2: Símbolo de produtos transgênicos a ser
ter seus direitos assegurados pela Defesa do utilizado em embalagens de alimentos
Consumidor, e de obterem mais informações sobre
os produtos que compram. A primeira norma
referente à rotulagem de alimentos, no Brasil, no
âmbito do Ministério da Saúde foi o decreto-lei n°
986 de 1969, o qual determina que "todo o alimento
será exposto ao consumo ou entregue à venda Fonte: http://www.cantareira.org/noticias/periferia-brasilandia-
depois de registrado no Ministério da Saúde". Tal camara-transgenicos.
rótulo destes produtos devem estar expressos transparência, e aprovada pela Câmara: “Os
senadores aprovaram [...], o Projeto de Lei da
através de imagens ou escrita, os riscos que a
Câmara (PLC) 34/2015 que determina a retirada do
ingestão de tais alimentos podem ou não causar ao
símbolo “T”, que identifica a presença de
consumidor (COTA, 2015). O artigo 40 da lei
transgênicos nas embalagens dos produtos.”
1.105/2005, no decreto de n° 4.680/2003,
(DIPLOMATIQUE BRASIL, 2018). Embora tenha
regulamenta a rotulagem dos alimentos
sido aprovada na câmara, a proposta veio a ser
transgênicos, como também em outras fontes legais,
rejeitada no senado. “A Comissão de Fiscalização e
tornando-se presente em qualquer alimento que
Controle (CTFC) do Senado rejeitou [...] o projeto de
contenha mais de 1 % de transgênicos. Está previsto
lei (PLC 34/2015) que previa a retirada do "T" dos
no decreto 4.680/2003 em seu art. 2º, parágrafo 1º,
rótulos dos alimentos e produtos transgênicos.”
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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido
de lavouras transgênicas pode provocar ao ambiente mente, alimentos que tenham sido
são restritos, favorecendo uma carência grande de submetidos a tais níveis de avaliação e rigor
informações (VECCHIO, 2004). Essa falta de científico como os transgênicos. Vários
informação pode estar vinculada à falta de alimentos que já consumimos resultam de
problematização no espaço acadêmico sobre melhoramentos genéticos grosseiros, muitas
inovações tecnológicas que circundam os riscos vezes resultam de milhares de genes de
incertos. À vista disso, há também escassez de espécies distintas. Outros são decorrentes
dados relacionados à opinião pública sobre os de mutações, espontâneas ou induzidas por
organismos geneticamente modificados (RIBEIRO, agentes mutagênicos. Eles são consumidos
2012). pela população humana sem que tenham
sido testados com o mesmo rigor que os
A polêmica relacionada aos transgênicos mostra transgênicos. É uma utopia, portanto, querer
uma grande divergência de opiniões. Ao mesmo que os alimentos transgênicos só sejam
tempo em que alguns setores da sociedade liberados quando tivermos 100% de
consideram o uso de transgênicos indispensáveis, segurança de que não haverá problemas de
outros setores já desprezam o uso destes sem que alergia ou outros”.
sejam realizados testes longos e detalhados sobre
os impactos que o plantio e consumo desses Quanto ao consumo dos alimentos geneticamente
alimentos podem acarretar para a saúde humana e modificados, este deve ser realizado de forma
também para o meio ambiente. Contudo, apesar da segura e informada, pois o consumidor deve ter
sociedade conhecer pouco sobre os efeitos dos conhecimento sobre o que está utilizando, visto que
transgênicos, Furnival e Pinheiro (2008) destacam há a existência de potenciais riscos à saúde humana
que há uma grande procura, por parte do mercado não descartados pela ciência (EFING, BAGGIO,
consumidor, por informações sobre os OGMs. MANCIA, 2008).
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causar ainda são poucos, e percebe-se o quão é CIÊNCIA É TUDO; Biotecnologia na produção de
necessário conhecer as informações sobre os alimentos. 2020. Disponível em: <Biotecnologia
alimentos que são consumidos diariamente, bem na produção de alimentos>. Acesso em: 16 nov.
como, a necessidade de se investir em pesquisas 2021.
que sanem as dúvidas na mesma intensidade com COMISSÃO do Senado rejeita projeto que retira “T”
que são realizadas para produção de novos de transgênicos. Instituto Brasileiro de Defesa
organismos geneticamente modificados. As do Consumidor, 19 novembro 2019. Disponível
informações contraditórias encontradas nas em: <https://idec.org.br/noticia/comissao-do-
publicações acerca deste tema geram por vezes, senado-rejeita-projeto-queretira-t-de-produtos-
dificuldade na compreensão do assunto. transgenicos>. Acesso em: 13 mai. 2020.
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