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Sumário
Introdução ..................................................................................................................................... 2
1. Origens ..................................................................................................................................... 2
1.1 Aspectos comuns à ciência ............................................................................................ 2
1.2 Aspectos comuns à mitologia ......................................................................................... 3
1.3 A racionalidade nascente ................................................................................................ 4
2. Conceitos-chave ..................................................................................................................... 5
2.1 Physis ................................................................................................................................. 6
2.2 Kosmos............................................................................................................................... 6
2.3 Arkhé................................................................................................................................... 7
3. Escola de Mileto ...................................................................................................................... 7
3.1 Tales de Mileto .................................................................................................................. 8
3.2 Anaximandro de Mileto .................................................................................................... 8
3.3 Anaxímenes de Mileto ..................................................................................................... 9
Conclusão ................................................................................................................................... 10
Bibliografia .................................................................................................................................. 10
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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
Introdução
1. Origens
1.1 Aspectos comuns à ciência
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capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá” do séc. XVIII, é um exemplo
claro dessa inter-relação. O livro não trata de investigações existenciais; limita-se a
expor desenhos realistas das espécies de animais com as quais se deparava o viajante,
a fim de fornecer um inventário para posterior pesquisa.
Em terceiro lugar, o mais alto título acadêmico para muitas especialidades
científicas no mundo anglo-saxão é PhD, que significa Philosophy Doctor.
A partir do séc. XIX, as ciências foram se tornando independentes da Filosofia e
constituindo os seus próprios campos, com métodos, jargões e objetos de estudo cada
vez mais específicos. À Filosofia restaram algumas questões mais abrangentes,
principalmente as relativas à realidade, ao conhecimento à avaliação das condutas
humanas. Tais preocupações podem ser enquadradas nas seguintes áreas,
respectivamente:
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Tudo isso indica que, em seu nascedouro, a Filosofia se confunde tanto com a
Ciência, quanto com a Mitologia. É preciso ter isso em mente ao analisar o que e como
pensaram os homens que estudaremos a seguir.
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A diferença que se aponta, então, não é aquela comum que afirma que a
Filosofia e racional e que o Mitologia é irracional. Ambas guardam racionalidades se por
isso entendemos linguagem encadeada e que corresponde a uma dada realidade. A
diferença é na abordagem aos problemas que tenta resolver.
Enquanto a Mitologia faz majoritariamente referência aos deuses, seus
nascimentos, reproduções e mortes para explicar o mundo, a Filosofia nascente passa
a lançar mão de explicações cada vez menos dependentes de divindades e cada vez
mais relacionadas a elementos materiais do próprio mundo.
Enquanto a Mitologia faz uso de uma linguagem metafórica e alegórica para
explicar a realidade, a Filosofia nascente prefere usar conceitos e argumentos para
dar conta de explicações da realidade, fiando-se na qualidade dos raciocínios e não
na autoridade do poeta que narra uma história.
Por fim, enquanto a Mitologia não encontra problemas em apelo ao
sobrenatural, mesmo que isso não se coadune com outras crenças mitológicas e com
elas conflite diretamente, a Filosofia nascente passa a cada vez mais solicitar
explicações naturais para a natureza que precisa ser compreendida.
Em resumo, os filósofos nascentes tentavam descrever a realidade com
2. Conceitos-chave
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reflexões. Isso quer dizer que, enquanto um rótulo que se pretenda exato, o termo “pré-
socrático” pode enganar. Ainda assim, para designar um grupo de pensadores definido
pode ainda ser útil.
Esse grupo de pensadores não pertence a apenas uma escola de pensamento.
Ao contrário, diferem consideravelmente em suas visões. Ainda assim, compartilham
certo modo de encarar a realidade que justifica estudá-los no mesmo grupo. A seguir
estudaremos alguns conceitos-chave que permeiam todos eles.
2.1 Physis
A palavra physis deu origem à palavra Física. Ela pode ser traduzida sem muito
cuidado por “natureza”. Por que sem muito cuidado? Porque essa concepção de
natureza não se confunde com a concepção de natureza da qual partiam os poetas,
rapsodos e sacerdotes. Para estes, a natureza só existia porque havia elementos além
do natural para lhes garantir a existência – os deuses. Em contrapartida, physis
expressa uma concepção de natureza que não apresenta uma causa para além da
própria natureza e de seus elementos e princípios.
Assim, physis é
2.2 Kosmos
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2.3 Arkhé
Há uma citação famosa de Friedrich Nietzsche, que foi um dos estudiosos dos
pré-socráticos:
“A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é
a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la
a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo
sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e,
enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está
contido o pensamento: Tudo é um.”
A palavra arkhé pode ser compreendida a partir do modo como o filósofo alemão
interpreta seus antecessores. Os pensadores da antiguidade se preocupavam com a
origem das coisas, procediam com progressivo apelo ao mundo natural e por meio de
conceitos e tentavam explicar a multiplicidade a partir da unidade. Assim, a palavra que
concentra a busca pela origem, pelo conceito e pela unidade é arkhé.
Ajuda também na compreensão do vocábulo notar as palavras que hoje ainda
se usam e que dela derivam. Um exemplo é arqueologia, ciência que estuda a cultura
dos povos originários. Outro exemplo é monarquia, forma de governo em que o poder
está na mão de um só indivíduo. Arkhé, então, tem um duplo sentido de origem e
governo.
Por isso, costuma-se traduzir a palavra por princípio. Afinal de contas, princípio
é aquilo que origina, dado que significa também “início”. Igualmente, governa, posto que
também denota regras gerais a partir das quais guiamos nossa conduta. A arkhé, então,
é o princípio que origina e governa a realidade (a physis e o kosmos).
Como dissemos antes, os filósofos discordam entre si, embora possam ser
enquadrados no mesmo grupo quanto a suas principais preocupações. Não costumam
discordar quanto a ideia de physis, tampouco de kosmos. Quanto à arkhé, no entanto,
a discordância é tremenda. É o que veremos a seguir.
3. Escola de Mileto
Mileto era a mais importante cidade de uma região grega antiga chamada de
Jônia. Ali nasceu a Filosofia, tal qual a tradição nos legou. No mundo de então, era
famosa por ser um centro comercial e marítimo, cujos navegadores circulavam por toda
a região do Mar Mediterrâneo e mantinham intensas trocas comerciais e culturais com
diversos povos. É nela que se encontram os mais antigos filósofos pré-socráticos: Tales,
Anaximandro e Anaxímenes. Todos os fragmentos de autores clássicos que citarmos
dos filósofos em questão são retirados do livro Os filósofos pré-socráticos (Editora
Cultrix, s/d), de organização de Gerard Bornheim.
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2.
“Entre os que afirmam um único princípio móvel – por Aristóteles chamados propriamente de
físicos –, uns consideram-no limitado, assim, Tales de Mileto, filho de Examias de Hipo – que
parece ter sido ateu. Dizem que a água é o princípio. As aparências sensíveis os conduziram a
esta conclusão; porque aquilo que é quente necessita de umidade para viver, o que é morto seca,
e todos os germes são úmidos, e todo alimento é cheio de suco; ora, é natural que cada coisa se
nutra daquilo de que provém; a água é o princípio da natureza úmida, que mantém todas as coisas;
e assim concluíram que a água é o princípio de tudo e declararam que a terra repousa sobre a
água.” (Simplícius, Física, 23, 21)
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2.
“Tudo é princípio ou procede de um princípio; ora, não há princípio do ilimitado, pois se tivesse
seria limitado. No mais, por ser princípio, deve ser não engendrado e indissolúvel. Porque
necessariamente tudo o que é gerado chega a um fim e há um termo a toda dissolução. Por isto,
como dizemos, não tem princípio, mas ele próprio parece ser o princípio das outras coisas, e
abraçá-las e governa-las todas, como afirmam todos aqueles que não admitem outras causas além
do ilimitado, como por exemplo, a Inteligência ou a Amizade. E é a divindade: imortal e imperecível,
como o querem Anaximandro e a maioria dos fisiólogos. (Aristóteles, Física, III, 4, 203b)
A relação entre alma (psikhé) e ar (aér) e o sopro vital é uma ideia que remonta
aos textos de Homero. A assimilação do universo a um ser vivo que respira coincide
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