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GOIÂNIA
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE COLETIVA
GOIÂNIA
2015
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E
DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG
1
Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita
justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de
embargo.
GILMA MOREIRA DE SOUSA
GOIÂNIA
2015
Ficha catalográfica elaborada automaticamente
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a), sob orientação do Sibi/UFG.
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
ABSTRACT
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTO
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS E TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………….. 14
2 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………... 17
3 OBJETIVOS……………………………………………………………………... 19
3.1 Geral……………………………………………………………………………. 19
3.2 Específicos……………………………………………………………………… 19
4 REFERENCIAL TEÓRICO……………………………………………………. 20
4.1 Segurança na Administração de Medicamentos ……………………………. 20
4.2 Complicações Resultantes da Administração de Medicamentos IM……….. 22
4.3 Administração de Medicamentos Via IM……………………………………. 24
4.3.1 Região Deltoide………………………………………………………… 26
4.3.2 Região Vasto Lateral da Coxa………………………………………….. 27
4.3.3 Região Dorso Glútea……………………………………………………. 28
4.3.4 Região Ventro Glútea ou Técnica de Hochstetter……………………… 30
4.4 Aspectos Éticos da Enfermagem na Administração de Medicamentos……. 32
4.5 Formação Básica dos Profissionais da Enfermagem ……………………….. 32
5 METODOLOGIA……………………………………………………………….. 36
5.1 Local do Estudo………………………………………………………………... 36
5.2 População Alvo………………………………………………………………… 37
5.2.1 Critérios de Inclusão……………………………………………………. 38
5.3 Amostras...……………………………………………………………………... 39
5.4 Variáveis..………………………………………………………………………. 39
(Continua)
SUMÁRIO
(Continuação)
5.5 Coleta de Dados……………………………………………………………… 39
5.6 Análise dos Dados……………………………………………………………. 40
5.7 Aspectos Éticos……………………………………………………………….. 40
6 RESULTADOS…………………………………………………………………. 41
7 DISCUSSÃO…………………………………………………………………….. 49
8 CONCLUSÕES………………………………………………………………….. 56
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………… 57
9.1 Sugestões……………………………………………………………………….. 58
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………… 59
APÊNDICES………………………………………………………………………... 63
APÊNDICE A Questionário………………………………………………………… 63
APÊNDICE B Termo de Consetimento Livre e Esclarecido……………………….. 65
ANEXOS……………………………………………………………………………. 68
ANEXO A - Parecer Consubstanciado do CEP
ANEXO B- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Oeste
ANEXO C- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Sul
ANEXO D- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Campinas Centro
ANEXO E- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Norte
ANEXO F- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Sudoeste
ANEXO G- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Leste
ANEXO H- Encaminhamento da SMS para Distrito Sanitário Noroeste
14
1-INTRODUÇÃO
A prática de administração de medicamento, por via parenteral, teve início no século XIX,
sendo que, inicialmente, era um procedimento restrito aos profissionais de medicina e
posteriormente foi repassada para a enfermagem e a outros profissionais da área da saúde
(DUQUE; CHAGAS, 2009).
A Organização Mundial de Saúde OMS (2006) estima que, anualmente, são administradas 16
bilhões de injeções, tanto com fins preventivos quanto curativos. É um dos procedimentos mais
rotineiros das atividades exercidas pelos profissionais de enfermagem, todavia é um
procedimento invasivo, que deve ser executado com conhecimentos de anatomia humana,
fisiologia, bioquímica e farmacologia, além da habilidade para executar a técnica (FAKIH;
FREITAS; SECOLI, 2009; FRANCO et al, 2010; MENESES; MARQUES, 2007).
O músculo deltoide deve ser o local de última escolha para administrar medicamento
intramuscular, por ser um músculo pequeno, intolerante a substâncias irritáveis e com um risco
15
potencial de lesionar os nervos axilar, radial e ulnar e artérias braquial e axilar, podendo
comprometer a função motora do braço. São comuns complicações pós a administração de
medicamento na região deltoide, apesar das recomendações na literatura a respeito dos riscos
ao utilizar este músculo (CASSIANI; RANGEL, 1999; DA SILVA; VAZ, 2013).
A região VLC, foi indicada pela primeira vez por Turner, em 1920, como alternativa segura
devido as contra indicações das regiões D e DG, recomendada especialmente para crianças, por
ser um músculo bem desenvolvido e de fácil localização, tanto para o profissional como para o
usuário que faz auto aplicação de medicamento IM. Essa região não está livre de complicações,
além da dor mais acentuada, principalmente em adultos, há risco de lesionar estruturas
neurovasculares quando o local da aplicação não é delimitado corretamente e o comprimento
da agulha é divergente com o tamanho da musculatura (CASTELLANOS, 1977).
A região VG foi descrita pela primeira vez em 1954, pelo anatomista suíço Von Hochstetter e
seus colaboradores, que realizaram profunda investigação anatômica na região glútea com a
intenção de explicar os acidentes decorrentes da aplicação de medicamentos intraglútea.
Concluiu-se ser esta a região mais indicada, por apresentar menor risco. Essa região é
delimitada pela espinha ilíaca ântero-superior; grande trocanter e crista ilíaca superior, sendo
recomendada para administração de medicamentos IM em indivíduos idosos, magros e crianças
(CARTER-TEMPLETON; MCCOY, 2008; DALMOLIN et al, 2013).
A região VG é descrita na literatura como um local seguro e adequado, por apresentar ausência
de nervos e vasos calibrosos diminuindo a ocorrência de lesões neurais e vasculares
importantes. Sendo a musculatura grande, bem definida e demarcada, a camada de tecido
adiposo é menos espessa, diminuindo a possibilidade de depósito do medicamento no tecido
subcutâneo. Além disso, os músculos glúteo médio e mínimo, presentes nesta região, são bem
desenvolvidos tanto em adultos quanto em crianças. O sítio é de fácil localização e tem sido
16
associado à menor dor durante e após a administração de injeções (DALMOLIN et al, 2013;
GREENWAY, 2004; HEMSWORTH, 2000).
Devido as várias vantagens quando comparada a outras regiões, a VG tem sido recomendada
por muitos autores como sendo a de primeira escolha para administração de medicamento IM
(DALMOLIN et al, 2013; DA SILVA; VAZ, 2013; GODOY; NOGUEIRA; MENDES 2004;
GREENWAY, 2004; JUNQUEIRA et al, 2010; MENESES; MARQUES, 2007).
2- JUSTIFICATIVA
Portanto, esta pesquisa partiu da perspectiva das questões: Quais são os fatores que influenciam
os profissionais de enfermagem na escolha da região para administração de medicamentos IM?
A escolha é segura de acordo com as evidências científicas? Os conhecimentos dos
profissionais estão adequados para essa prática?
por via intramuscular e na adesão pela região mais segura, contribuindo para a melhoria da
qualidade dos cuidados de enfermagem prestados aos usuários dos serviços de saúde.
19
3- OBJETIVOS
4- REFERENCIAL TEÓRICO
Nas últimas décadas, a segurança e a qualidade da assistência à saúde tem sido uma
preocupação global. Políticas públicas foram criadas para diminuir os danos causados durante
os cuidados de saúde. A OMS lançou em 2004 o programa Aliança Mundial de Segurança do
Paciente recomendando aos países membros a adoção de medidas de segurança e melhoria da
assistência prestadas nos serviços de saúde (WHO, 2010).
No tocante, a segurança nas duas últimas décadas, houve grandes avanços tecnológico na área
da saúde e no conhecimento de doenças, mas os avanços na formação dos profissionais de saúde
não seguem o mesmo ritmo, especialmente em relação a prestação de cuidados seguros. Para
enfrentar este desafio a OMS construiu em parceria com associações de profissionais de saúde,
associações estudantis, universidades e escolas de saúde o Guia multiprofissional curriculum
segurança do paciente, o qual orienta profissionais, educadores e estudantes sobre prestação de
cuidados seguros (WHO, 2011).
21
Os erros no que se refere a medicamento são muito frequentes, tanto no ambiente hospitalar
como ambulatorial. Nos Estados Unidos ocorrem 7.000 mortes por ano, decorrente de erros de
medicamentos. Em cada paciente internado ocorre a pelo menos um erro de medicamento por
dia (BOURBONNAIS; CASWELL, 2014).
A terapia medicamentosa passa por várias etapas. Inicia-se com a prescrição do medicamento,
transcrição, dispensação, distribuição, preparo e administração, monitorização e vigilância do
paciente (FRANCO et al, 2010; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).
material e a estrutura física do ambiente de trabalho, como: iluminação inadequada e ruídos que
podem contribuir na interrupção dos procedimentos. Já os erros centrados no profissional,
ocorrem por falha humana, lapso de atenção especialmente em contextos de sobrecarga de
trabalho, e também por negligência, imperícia e imprudência (OLIVEIRA; LUPPI; ALVES,
2010).
Oliveira; Luppi; Alves (2010) relatam que os profissionais têm medo de notificar os erros
ocorridos durante a assistência, pois estas notificações, que deveriam ser analisadas para
identificar as causas e corrigi-las, geralmente são usadas para punir os profissionais.
Encontram-se amplos relatos na literatura sobre estes tipos de erros, inclusive com percentual
para cada tipo. O mesmo não acontece sobre as complicações oriundas da execução da técnica
de administração de medicação IM. Não é comum as pessoas retornarem aos serviços de saúde
com queixas de complicações após receber o medicamento IM, pois às vezes atribuem os
sintomas como algo natural ao procedimento, e somente os casos graves procuram os serviços,
sendo que nem sempre é o mesmo serviço onde foi realizado o procedimento (CASSIANI;
RANGEL, 1999).
Na administração de medicamentos IM, além das recomendações feitas pela OMS para a
segurança no procedimento, é fundamental que o profissional tenha habilidade para executar a
técnica de forma correta, ser capaz de identificar todas as estruturas de risco envolvidas na
administração de injeção IM, a avaliação da musculatura adequada de acordo com o sexo, idade
e peso do paciente, tipo e volume da droga a ser aplicado, escolha do tamanho da agulha,
considerando a massa corpórea do paciente, garantindo que o medicamento alcance a massa
muscular e que a sua absorção não seja prejudicada, além de evitar outros danos
(HEMSWORTH, 2000; HUNTER, 2008; SMALL, 2004; DA SILVA; VAZ, 2013).
Uma revisão bibliográfica sobre complicações pós injeção IM, as autoras verificaram que as
principais causas foram: as técnicas de aplicação incorreta, repetidas aplicações no mesmo
local, tamanho inadequada da agulha, local inapropriado para o tipo de substância injetado,
volume incompatível com o tamanho do músculo e assepsia feita de forma incorreta
(CASSIANI; RANGEL, 1999).
As lesões mais citadas na literatura são do nervo isquiático, tendo as crianças, pessoas de baixo
peso e idosas como as principais vítimas, devido a redução da massa muscular na região glútea,
seguido por lesões dos nervos radial, axilar e ulnar na região deltoide, e o nervo cutâneo femoral
posterior na região vasto lateral da coxa (KAKATI, et al, 2013).
As complicações vasculares estão relacionadas com lesões de artérias, arteríolas e veias com a
entrada de substâncias na luz do vaso, ou por ação caustica na parede dos vasos. As substâncias
oleosas quando penetram na luz da artéria produzem êmbolos e obstruem o lúmen da mesma.
Já substâncias aquosas provocam lesões do endotélio produzindo trombose secundária,
podendo ainda causar isquemia de extremidade no membro afetado, causando necroses,
mumificação e amputação de dedos ou do membro (DUQUE; CHAGAS, 2009).
Estudo realizado na cidade de Belo Horizonte com 1060 escolares, na faixa etária de sete a 13
anos, encontraram uma prevalência de 2,5% (diferença estatisticamente significante) de
24
Kakati et al (2013), relataram que, em 11% das lesões neurais encontradas em seu estudo
haviam sido provocadas por injeções IM, sendo que a maioria destas foram do nervo isquiático
em crianças e adolescentes abaixo de 16 anos de idade, no entanto esses autores afirmam que a
incidência de complicações causadas por injeções ainda é desconhecida.
A escolha da musculatura para administração de medicamentos deve ser aquela que apresenta
menor risco de complicações, considerando a idade o estado físico do paciente, característica
farmacológica das drogas e a capacidade de absorção muscular (CARSTENS, 2010; DA
SILVA; VAZ, 2013).
O Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos indicadores usados pelo Ministério da Saúde
(MS) para verificação do estado nutricional, calculados a partir da formula: peso atual (Kg) /
estatura (m)², sendo os resultados dos indivíduos adultos com valores do IMC acima de 30 kg/
m² considerado obesos, e IMC abaixo de 18.5 kg/m² magros (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2004).
Para que o medicamento alcance a musculatura é necessário que a agulha ultrapasse a epiderme
a derme e o tecido subcutâneo (Figura 01), sendo este, menos vascularizado e mais sensível em
relação ao músculo, tornando o procedimento mais doloroso, quando a droga é depositada neste
espaço, além do risco de redução da atividade terapêutica e de lesões do tecido (BEYEA;
NICOLL, 1995).
25
FONTE: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/salavac_treinando_textos11_20.pdf
O fluxo sanguíneo no local da aplicação é outro fator que influência na rapidez da absorção do
fármaco, em músculo mais vascularizado como o deltoide a absorção é rápida, já nos músculos
glúteos a absorção é mais lenta (CRAIG; STITZEL, 2005).
O deltoide é um músculo superficial cujo nome origina da semelhança com a letra grega “delta”
invertida. É fixado no terço lateral da clavícula; acrômio e espinha da escapula com inserção
no úmero. Tem como função fletir, abduzir, estende e roda medial e lateralmente o braço.
Localiza- se na face externa da articulação gleno – umeral. Inervado pelo nervo axilar e irrigado
por veia e artéria axilar e circunflexa (MOORE; DALLEY; AGUR, 2011). Sendo uma
musculatura bem vascularizada oferece absorção rápida da droga, e comumente, é utilizado
para administração de vacinas em adolescentes e adultos (COCOMAN; MURRAY, 2008;
DAVIDSON; ROURKE, 2013; HEMSWORTH, 2000).
Essa região oferece como vantagem a facilidade de acesso, com exposição mínima do corpo no
momento da administração do medicamento (COCOMAN; MURRAY, 2008; DAVIDSON;
ROURKE, 2013; HEMSWORTH, 2000). No entanto, as desvantagens comprovadas em vários
estudos fazem com que contra indique essa região para a maioria dos fármacos, uma vez que
apresenta musculatura pequena em comparação as demais regiões e, consequentemente
capacidade menor de absorção do fármaco. Comporta no máximo dois ml de medicamentos, e
ainda, restringe a administração de medicamentos leitosos, oleosos e irritáveis (COCOMAN;
MURRAY, 2008; DA SILVA; VAZ, 2013; DAVIDSON; ROURKE, 2013; SMALL, 2004).
FONTE: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/salavac_treinando_textos11_20.pdf.
O músculo utilizado para aplicação de medicamento é o vasto lateral, que é um músculo grande,
situando na face lateral da coxa, inervado pelo nervo femoral do plexo lombar e irrigado por
ramos descendentes da artéria circunflexa femoral (MOORE; DALLEY; AGUR, 2011).
Possuindo musculatura bem desenvolvida e de fácil acesso, apresenta como uma das principais
vantagens ser livre de grandes vasos e nervos, sendo considerado um local seguro à aplicação
de medicamento IM, é indicado para pessoas de qualquer idade, além de ser um músculo que
apresenta uma maior taxa de absorção da medicação em comparação aos músculos glúteos
(COCOMAN; MURRAY, 2008; HEMSWORTH, 2000; HUNTER, 2008; SMALL, 2004).
A região glútea é composta por camada muscular superficial e profunda, sendo a camada
superficial formada por três grandes músculos, os glúteos máximos, médio e mínimo, fixados
na superfície posterolateral externa e às margens das asas do ílio, com função de extensão
abdução e rotação medial da coxa (MOORE; DALLEY; AGUR, 2011).
29
A região dorso glútea é constituída pelo glúteo máximo, que é inervado pelo nervo glúteo
inferior, do prexo lombosacral e na parte mais profunda pelo isquiático e irrigado pela artéria
glútea superior e inferior (MOORE; DALLEY; AGUR, 2011).
Ainda, possui tecido adiposo mais espesso em comparação aos outros locais utilizados para
administração de medicamento IM, sendo que, em mulheres é mais acentuado, variando de um
a nove cm de espessura, necessitando de agulha com tamanho adequado para a introdução da
substância na camada mais profunda da musculatura (COCOMAN; MURRAY, 2010;
GREENWAY, 2004). Como vantagem, o fácil acesso e ventre muscular bem distribuído, além
de ser a técnica tradicionalmente exercida pelos profissionais de enfermagem (DA SILVA;
VAZ, 2013; GIMENES; RAMOS, 2013; SMALL, 2004).
No entanto, há contra indicação: não deve ser utilizada em crianças abaixo de 02 anos de idade,
por possuir massa muscular pouco desenvolvida, assim como em pessoas magérrimas e idosas
(CARSTENS, 2010; CASTELLANOS, 1977). Além disso, em pessoas obesas há risco do
medicamento ser injetado no tecido subcutâneo, causando dor e comprometendo a absorção do
fármaco, com risco de complicações como granuloma, abcesso, também podem ocorrer lesões
do nervo isquiático e artéria glútea superior (COCOMAN; MURRAY, 2010; SMALL, 2004).
O volume máximo recomendado é de quatro ml para adultos; em crianças acima de dois anos
e adultos com musculatura pouco desenvolvida é dois ml (HEMSWORTH, 2000).
A região ventro glútea é composta pelos músculos glúteo médio e mínimo que têm forma de
leque e localizam-se na face anterior e lateral do trocanter maior do fêmur suas fibras têm o
mesmo sentido. São inervados pelo nervo glúteo superior do plexo lombosacral, e supridos pela
artéria glútea superior (MOORE; DALLEY; AGUR, 2011). A VG possui musculatura grande,
livre de grandes nervos e vasos sanguíneos, selado por estruturas ósseas bem definidas e a
camada de gordura subcutânea é inferior a 3,75 cm (COCOMAN; MURRAY, 2008;
GREENWAY, 2004; HEMSWORTH, 2000).
A região VG foi descrita pela primeira vez em 1954, pelo anatomista suíço Von Hochstetter e
seus colaboradores, como local alternativo e seguro para administração de medicamento
intramuscular (COCOMAN; MURRAY, 2010; GREENWAY, 2004).
Em 1957, Van Schmidt na Universidade de Basel, Suíça, realizou um estudo, em que foi
comparada a aplicação de contraste em cadáveres nas regiões VG e DG. Concluiu-se ser a VG
preferível a DG, pois foi observado que em algumas aplicações de contraste na região DG
resultou em depósito subcutâneo o que não foi encontrado na VG e ainda ser impossível a lesão
direta de nervos e vasos importantes. Em 1959, a técnica da VG foi introduzida nos serviços
médicos Veteran’s Administration Hospital de Topeka, no Kansas EUA. No Brasil, a primeira
publicação a respeito da VG foi em 1973 por Horta e Teixeira (MENESES; MARQUES, 2007).
Embora não tenhamos encontrado nenhuma contra indicação para o uso da VG, a literatura
mostra que este sítio ainda é pouco adotado pelos profissionais de enfermagem, sendo a DG a
mais utilizada.
Outro estudo realizado no Canadá observou que a frequência na escolha do local para a
administração de medicamento IM foi de 71% DG, 14% VG, 7,20% VLC e 7,20% D (WALSH;
BROPHY, 2010).
Nos EUA, a DG também é o local de primeira escolha e lá foram encontrados 75% das
administrações IM na DG e somente 12% na VG (CARTER-TEPLETON; MCCOY, 2008).
32
O ensino e a prática da enfermagem no Brasil passaram por várias transformações ao logo dos
anos, passando da imagem vocacional para o campo profissional. Até o final do século XIX, os
cuidados de enfermagem eram embasados nos conhecimentos empíricos, e executados
principalmente por religiosos e por voluntários leigos, sem exigência de qualquer nível de
33
Em 1923, na cidade do Rio de Janeiro, foi criada a escola Anna Nery, uma das primeiras escolas
de enfermagem do Brasil, preparando os enfermeiros especialmente para a docência, pois as
atividades técnicas eram executadas por profissionais sem maiores preparos (SCHERER;
SCHERER; CARVALHO, 2006).
Em 1949, a formação do auxiliar de enfermagem foi estabelecida por meio da lei n° 775/49 a
qual estipulava as normas mínimas para a formação desse profissional, sendo o curso
profissionalizante com duração de 18 meses, exigindo que o candidato possuísse o nível
primário de educação. Já o curso técnico de enfermagem foi criado em 1966, com nível de
ensino secundário, e o auxiliar de enfermagem passa a ser exigido o ensino fundamental. Difere
a formação do auxiliar e técnico de enfermagem a carga horária teórico e prática do curso (ITO;
TAKAHASHI, 2005).
Diante das necessidades de adequar a atuação dos profissionais de saúde com a política de saúde
e a formação profissional, foi incorporada a integração entre saúde e educação nas Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) (MARTINÉLI et al, 2011).
34
As DCN para o curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF) foram definidas por meio da
resolução CNE/CES Nº 03 de 07/11/2001, determinando o processo de formação do
profissional e o perfil do enfermeiro egresso, estipulando competências e habilidades gerais a
serem adquiridas na formação acadêmica, como a atenção à saúde abrangendo as ações de
prevenção, promoção, proteção e reabilitação, tanto em nível individual como coletivo,
comunicação, tomada de decisões, liderança, educação permanente, administração e
gerenciamento (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, 2001).
A EPS preconiza o ambiente de trabalho como o ponto de partida para o aprender e o ensinar,
ou seja, há a troca de conhecimentos e experiência entre os profissionais a partir de problemas
enfrentados no dia a dia. Portanto, as necessidades de formação e capacitação surgem nas
relações cotidianas do trabalho (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Silva et al (2013) acreditam que a educação permanente é uma estratégia útil na manutenção de
conhecimentos atualizados para os profissionais de enfermagem, na prática baseada em
evidências científicas
Gimenes, Machado e Atila (2014), avaliaram os conhecimentos dos profissionais antes e após
treinamento teórico e prático sobre a técnica de administração de medicamento IM na região
ventro glútea e concluíram que os profissionais que tinham dificuldade em colocar em prática
o aprendizado da técnica adquirida durante a sua formação profissional, após o treinamento
houve uma significativa adesão à técnica ensinada. Sugerindo assim, a implantação de
programas de educação continuada nos serviços de saúde, para os profissionais de enfermagem,
com ensino teórico e prático, utilizando metodologias interativas, propiciando maior segurança
nos procedimentos.
5 METODOLOGIA
Distrito Leste: CAIS Amendoeiras, CAIS Chácara do Governador, CAIS Novo Mundo
Não foram incluídos na pesquisa duas unidades: o CIAMS Novo Horizonte e o CIAMS Urias
Magalhães, porque estavam fechadas para reforma no período da coleta de dados.
Nessas unidades, os enfermeiros são responsáveis pelos cuidados aos pacientes atendidos na
sala de reanimação, sutura e injeções, enfermarias de observação, e também pelo acolhimento
com avaliação de risco.
38
5.3 Amostra
5.4 - Variáveis:
A análise descritiva foi realizada por meio de distribuição de frequências absolutas e relativas,
com o uso do programa SPSS. Para a análise dos dados foi dividido a categoria de enfermagem
em dois grupos, sendo enfermeiros versos auxiliares/técnicos de enfermagem. Os valores de P
abaixo de 0,005 foram considerados estatisticamente significante. Os dados são apresentados
na forma tabelas e figuras.
O presente estudo foi realizado após a anuência da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia-
Go e a apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Federal de Goiás – UFG, sob o parecer de número 523.725 em 03 de fevereiro de 2014 (Anexo
A).
41
6 RESULTADOS
Categoria profissional
Enfermeiro 58 33,0
Técnico de enfermagem 111 63,1
Auxiliar de enfermagem 7 4,0
Sexo
Masculino 15 8,5
Feminino 161 91,5
Idade (anos)
≤ 30 39 22,2
31-40 63 35,8
41-50 46 26,1
>50 28 15,9
Período de trabalho
Diurno 132 75,0
Noturno 33 18,8
Diurno e noturno 11 6,3
Em relação à frequência da administração dos medicamentos por via intramuscular 99,0% dos
auxiliares/técnicos de enfermagem referiram que realizavam regularmente, enquanto que os
enfermeiros, 32,7% raramente e 5,2% nunca o faziam (Figura 07).
42
99,0%
62,1%
32,7%
1,0% 5,2% 0
Enfermeiro Auxiliar/Técnico Enf
24,6%), tamanho da agulha (24,1% e 12,7%), espessura do tecido adiposo (15,5% e 7,6%),
preferência do usuário (3,4% e 4,2%) e prática cotidiana do serviço (8,6% e 27,1%), sendo que
este último apresentou uma diferença estatisticamente significante entre enfermeiros e
auxiliares/técnico de enfermagem (0,005), e o tamanho da agulha apresentou diferença
marginal (0,08).
A região dorso glútea foi citada como a mais utilizada para a administração de medicamento
IM em adultos, tanto pelos enfermeiros (56,6%) quanto pelos auxiliares/técnicos de
enfermagem (69,8%). Tendo como segunda opção pelos enfermeiros, a região deltoide
(17,5%).
A região vasta lateral da coxa foi a mais utilizada em recém-nascidos (85,7% e 76,5%) e
lactentes (80,4% e 70,2%), seguida pela região dorso glútea em recém-nascidos (5,4% e 13,9%)
e lactente (10,7% e 14,0%) e, a região deltoide em recém-nascidos (5,4% e 6,1%) e lactentes
(7,1% e 8,8%) pelos enfermeiros e auxiliares/técnicos de enfermagem, respectivamente.
A região dorso glútea foi o local mais referido para a aplicação de injeções em crianças (44,6%
e 50,9%), adulto (61,8% e 65,8%), idoso (64,3% e 65,8%), e em obeso (62,5% e 60,9%), tanto
pelos enfermeiros quanto pelos auxiliares/técnicos de enfermagem, respectivamente.
46
O sítio escolhido para a administração de medicamentos com característica leitosa foi a região
dorso glútea (48,2% e 54,8%) seguida da região ventro glútea (48,2% e 39,1%) pelos
enfermeiros e auxiliares/ técnicos de enfermagem, respectivamente (Figura 08)
54,8%
48,2% 48,2%
39,1%
QUALQUER LOCAL DG VG VLC
Enfermeiro Técnico/Auxiliar de enfermagem
Para os medicamentos em veículo oleoso, 52,6% dos enfermeiros referiram utilizarem a região
ventro glútea e 42,1% a dorso glútea. Assim como 49,1% dos auxiliares/técnicos de
enfermagem utilizam a dorso glútea e 37,9% a ventro glútea (Figura 09).
48
52,6%
49,1%
42,1%
37,9%
QUALQUER LOCAL DG VG VLC D
Enfermeiro Técnico /Auxiliar de enfermagem
50,9%
42,6%
25,9%
23,7%
18,5%
14,9%
QUALQUER LOCAL DG VG VLC D
Enfermeiro Técnico/Auxiliar de enfermagem
49
7 DISCUSSÃO
A maioria dos profissionais investigados são do sexo feminino, técnicos de enfermagem, com
até 40 anos de idade e 10 anos de atuação na profissão, o que não difere do perfil encontrado
por outros autores em estudos brasileiros (GIMENES; RAMOS, 2013; GODOY; NOGUEIRA;
MENDES, 2003). Silva et al (2013) encontraram 84,0% de auxiliares ou técnicos de
enfermagem em unidades de urgência e emergência, mas com média de atuação na profissão
de 16,76 anos foi superior ao encontrado no presente estudo.
Outros pesquisadores atribuem essa falha à deficiência no ensino, com método tradicional de
bancada, falta de inovações para técnicas simples e usual, como uso de laboratórios de
simulação realística para a transmissão de novos conhecimentos (CARTER-TEMPLETON;
MCCOY. 2008; GODOY et al, 2004; GREENWAY, 2004; SCHERER; SCHERER;
CARVALHO, 2006).
Nessa investigação, evidenciou-se que as técnicas ensinadas durante a formação são também
as mais praticadas pelos profissionais. Como a região VG não é técnica tradicional, foi
mencionada como desconhecida na formação acadêmica por vários profissionais, sendo a de
menor uso na prática clínica, já a região DG foi referida como a de maior uso na prática
profissional.
chama a atenção, uma vez que o esperado seria que tivessem conhecimentos e habilidades para
executar todas as técnicas disponíveis. No Brasil, o auxiliar e o técnico de enfermagem são os
que realizam a administração de medicamentos na maioria das instituições de saúde
(COIMBRA; CASSIANI, 2001).
Segundo Walsh e Brophy (2010), os profissionais que aprenderam a teoria e a prática com uso
de laboratório são mais propensos a utilizar todas as técnicas na prática clínica. Apesar de
possíveis falhas existentes na formação, o profissional deve aprimorar os seus conhecimentos
técnicos e científicos, embasando suas ações em evidências científicas. O código de ética dos
profissionais de enfermagem atribui o aprimoramento de conhecimentos como uma
responsabilidade do profissional (COFEN, 2007).
Ao investigar o volume máximo indicado para cada região muscular em pessoas adultas, as
respostas preponderantes tanto dos enfermeiros como dos auxiliares/técnicos de enfermagem
foram: no musculo deltoide volume superior a dois ml, ventro glútea e dorso glútea volume
superior a quatro ml e acima de três ml na região vasto lateral da coxa. Percebe-se que os
conhecimentos em relação ao volume máximo para cada região muscular não estão de acordo
com o recomendado na literatura (SMALL, 2004).
Small (2004) recomenda que o volume máximo de medicamento para uma musculatura bem
desenvolvida deve ser de quatro ml para adultos, dois ml em crianças acima de dois anos e
também em indivíduo com musculatura pouco desenvolvida. Em crianças menores de dois anos
esse volume é de até um ml. Já na região D, independentemente do tipo de musculatura o ideal
é de até um ml. Volume acima do recomendado, favorece a ocorrência de eventos adversos
como compressão de vasos e nervos, e consequentemente riscos de lesões vasculares com
hiperemia, edema e necroses do tecido muscular, dentre outros (CARTER-TEMPLETON;
MCCOY,2008).
A literatura contra indica o uso da DG em crianças abaixo dos dois anos de idade devido ao
pouco desenvolvimento dessa musculatura e sua estrutura não ser bem definida, aumentando o
risco de lesão do nervo isquiático e da artéria glútea superior, assim como a região do músculo
deltoide pelo mesmo motivo, aumentando o risco de lesões neurais e vasculares (CARSTENS,
2010). Para pessoas obesas há o risco do medicamento ser injetado no tecido subcutâneo
afetando negativamente a taxa de absorção além de provocar lesões locais. Então, a melhor
opção é a região VLC (HUNTER, 2008; SMALL, 2004).
52
Nesse quesito, também foi preocupante o que a maioria dos profissionais que executam a
técnica relataram: que independentemente da idade e tipo físico, a região preferida foi a DG. E
ainda, os profissionais que são legalmente responsáveis pela supervisão, que são os
enfermeiros, responderam ser a VG indicada apenas para pessoas magras, não sendo citada para
faixas etárias extremas (crianças e idosos).
Os medicamentos viscosos são pouco solúveis tornando a absorção lenta e deve ser evitado a
administração destes no músculo deltoide, com risco do medicamento alcançar o interior dos
vasos ou intramural e provocar distúrbios isquêmicos, necroses e amputação nas extremidades
dos membros (DUQUE; CHAGAS, 2009).
Ainda, em relação aos locais escolhidos pelos profissionais de acordo com as características
das substâncias, os medicamentos em veículo aquosos são administrados preferencialmente na
região VLC, tanto pelos enfermeiros como pelos auxiliares/técnicos de enfermagem. No caso
das substâncias em veículo oleoso, os enfermeiros citaram com maior frequência a VG e
auxiliares/técnicos de enfermagem a DG. No entanto, houve um percentual de 3,5% dos
enfermeiros e também de 7,8% dos auxiliares/técnicos de enfermagem que citaram a utilização
de qualquer região, sem critérios de escolha.
medicamentos IM deve ser cuidadoso, seguindo evidências científicas para maior segurança do
paciente, já que esta é uma prática cotidiana do serviço.
A região dorso glútea (59,6%) seguida das regiões deltoide (17,5%), ventro glútea (15,8%) e
vasto lateral da coxa (7,1%), foram os locais citados pelos enfermeiros como preferidas para
aplicação das injeções. Os auxiliares/técnicos de enfermagem escolheram como primeira opção
a região dorso glútea (69,9%), seguido pela ventro glútea e vasto lateral da coxa (10,3%) com
os mesmos percentuais, e o último sitio escolhido por esta categoria foi o deltoide (9,5%). A
ordem de escolha recomendada na literatura é a VG, DG, VLC e D (GODOY; NOGUEIRA;
MENDES, 2004; GREENWAY, 2004).
Estes resultados são semelhantes a outros estudos que demonstraram a preferência dos
profissionais de enfermagem na utilização da região dorso glútea, tanto no Brasil como em
outros países como EUA, Canadá e Reino Unido (CARTER-TEMPLETON; MCCOY, 2008;
DALMOLIN et al, 2013; GREENWAY, 2004; WALSH; BROPHY, 2010).
A preferência pela região DG é global. Nos Estados Unidos, a primeira opção dos enfermeiros
é administrar o medicamento IM na região DG (75,0%) e como última opção a VG (12,0%)
(CARTER-TEMPLETON; MCCOY, 2008). No Canadá, a ventro glútea foi citada como
segunda opção, e a DG continua no pódio, apesar dos riscos de lesionar o nervo isquiático. Os
motivos citados pela escolha da região DG são os mesmos: segurança em executar a técnica,
54
Ainda, mais preocupante do que ter encontrado a região DG como a preferida entre os
profissionais de enfermagem, foi ter a região deltoide como a segunda opção pelos enfermeiros
deste estudo, sendo que deveria ter sido o último local de escolha, devido aos riscos maiores de
complicações relacionadas à administração de medicação nessa região. Estudo de Dalmolin et
al (2013), corroboram com este resultado. Small (2004) recomenda que a região deltoide seja
de uso exclusivo para administração de vacinas em adultos pois, são muitos os relatos de lesões
de ramos vasculares e neurais no deltoide.
Quanto à recusa do usuário em receber a aplicação da injeção na região VG, são necessárias
maiores investigações para ratificar essa afirmação, podendo ser esta justificativa dos
profissionais devido a insegurança para a execução da técnica, o que difere da pesquisa de Silva
et al (2013), que não encontraram recusa dos indivíduos em submeter-se a administração de
medicamento nessa região.
Os achados nesse estudo corroboram com os citados na literatura, de que apesar do enfermeiro
receber mais conhecimentos na formação, o nível de insegurança é semelhante aos
auxiliares/técnicos de enfermagem. Essa observação nos leva a concluir que a baixa adesão dos
55
8 CONCLUSÕES
A prática de administração de medicamentos por via intramuscular entre os enfermeiros e
auxiliares/técnicos de enfermagem em unidades pré-hospitalares fixas de urgência, mostrou
que 37,9% dos enfermeiros não ou raramente realizam injeções. 64.9% dos enfermeiros
citaram terem experiência em administrar medicamento IM em todas as regiões musculares,
enquanto 41,0% dos auxiliares/técnicos referiram o mesmo, sendo esta diferença
estatisticamente significante (0,0003). A administração de medicamento IM não tem sido
executada de acordo com o preconizado na literatura, tanto pelos enfermeiros como por
auxiliares/técnicos de enfermagem,
Tanto os enfermeiros como os auxiliares/técnicos de enfermagem relataram que o
conhecimento das técnicas de aplicação de injeções na formação profissional foi
insuficiente, não atendendo todas as técnicas preconizadas, principalmente às técnicas
inovadoras como VG e VLC.
Os critérios utilizados pelos enfermeiros e auxiliares/técnicos de enfermagem para a escolha
do local da administração de injeção IM foram: o volume da droga, idade do paciente,
tamanho da musculatura, tamanho da agulha, espessura do tecido adiposo e preferência do
usuário. Outro critério foi a prática cotidiana do serviço utilizados por 27,1% dos
auxiliares/técnicos de enfermagem e por 8,6% dos enfermeiros, sendo esta diferença entre
os dois grupos, estatisticamente significante (0,005).
As regiões mais utilizadas para a administração de medicamento IM, tanto pelos
enfermeiros como pelos auxiliares/técnicos de enfermagem, foi a DG em crianças e adultos
e a vasto lateral da coxa em recém-nascidos e lactentes.
A pouca adesão dos profissionais de enfermagem, na administração de medicamentos na
região VG, foi referida pela insegurança na execução da técnica e pela falta de
conhecimentos na identificação correta do local. Fica evidente a deficiência dos cursos de
formação profissional quanto a transmissão de conhecimentos da técnica de aplicação de
injeções e, em especial, da utilização da região ventro glútea.
57
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a coleta de dados foi comum a indagação dos profissionais a respeito de qual era a
região dorso glútea e ventro glútea, ficando evidente a confusão na nomenclatura dessas duas
regiões, e ainda, houve solicitações dos participantes da pesquisa por capacitação,
especialmente da técnica ventro glútea.
Para o desenvolvimento deste estudo encontramos várias limitações na coleta dos dados como:
dificuldade dos profissionais em dispor de tempo para responder ao questionário justificando
sobrecarga de trabalho e também na aplicação do questionário aos profissionais que trabalham
no período noturno, devido a dinâmica do serviço. O pequeno número da amostra, somente
21,5% do total de profissionais de enfermagem que trabalham nas unidades pré-hospitalares
fixas de urgências clínica e pediátrica podem ter influenciado nos resultados encontrados.
Esperamos que os resultados demonstrados, contribuam para reflexão dos profissionais, dos
educadores e gestores da saúde sobre as práticas de aplicação de injeções seguras e que,
decisões sejam tomadas para a melhoria da assistência de enfermagem ao usuário.
Estes resultados nos surpreenderam, pois, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia tem
investido em capacitações na área de aplicação de vacinas na região ventro glútea para os
enfermeiros das unidades básicas, por meio de um projeto de extensão universitária da Profa.
Dra. Ana Luiza Neto Junqueira, há quatro anos consecutivos e o objetivo é que estes
profissionais sejam multiplicadores do conhecimento. Sentimos com isso, que há necessidade
de maiores investimentos direcionados aos profissionais de urgência e emergência.
Esperamos que este estudo contribua para o conhecimento da enfermagem e assistência segura
ao paciente.
58
9-1 Sugestões
Realizar capacitações, teórico e práticas, com o uso de método de ensino integrativas para
os profissionais de enfermagem que trabalham nas unidades pré-hospitalares fixas de
urgência, com abordagem na administração de medicamentos IM, enfatizando os
procedimentos seguros, técnica da VG, critérios para escolha da musculatura mais adequada
de acordo com idade e espessura do tecido adiposo do paciente e também a respeito do
volume e características das substâncias seguros para cada músculo.
Implantar serviços de educação continuada nas Unidades pré-hospitalares fixas de urgência.
Incluir na sistematização da assistência de enfermagem a avaliação muscular e prescrição
do local indicado para a administração de medicamento IM, considerando o tipo de fármaco
e as características do paciente.
Criar formulário específico para notificação de eventos adversos resultantes da
administração de medicamento e, que seja criado a cultura de aprendizagem com os erros;
Apresentar os resultados deste estudo a direção do Departamento de Urgência e Emergência
da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia-Go.
Elaborar e implantar protocolos sobre a administração de medicamento por via
intramuscular, embasado em evidências científicas. O qual deve conter as seguintes
informações:
a) Práticas seguras na administração de medicamentos injetáveis;
b) Orientações quanto ao preparo e administração de medicamento IM;
c) Volume máximo para cada músculo de acordo com a idade e estrutura muscular;
d) Tamanho da agulha indicada de acordo com a estrutura muscular e a espessura do tecido
adiposo;
e) Características das regiões musculares, indicando as vantagens, desvantagens e contra
indicações de cada músculo;
f) Delimitação anatômica do músculo e particularidade de cada técnica;
g) Posição adequada do usuário de acordo com o local da administração do medicamento IM;
h) Critérios que devem ser utilizados na escolha do local;
i) Técnica em Z;
j) Relacionar os medicamentos potencialmente perigosos e os cuidados e medidas de
segurança específicos para cada um.
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REFERÊNCIAS
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
Data:
1-Local de trabalho
LOCT ( )
2-Profissão
1-Enfermeiro (a) ( ); 2- Técnico de Enfermagem( ); 3- Auxiliar de Enfermagem ( ) PROF ( )
4-Sexo: M ( ) F ( ) SEXO ( )
10-Qual o local que você utiliza com maior freqüência para a aplicação
de injeção intramuscular? LOCALINJ ( )
1- Deltóide ( ) 2- Vasto lateral da coxa ( )
3- Ventro Glútea ( ) 4- Dorso Glútea ( )
11-Existe algum dos músculos indicados para medicação IM no qual você nunca aplicou
injeção? Qual?
1- Deltóide ( ) 2- Vasto lateral da coxa ( ) SITIONUAPLI ( )
3-Ventro Glútea ( ) 4- Dorso Glútea ( )
5-Já apliquei injeção em todos os músculos ( )
12- Se existe algum músculo em que você nunca aplicou injeção IM, quais os motivos?
1-Insegurança ( )
2-Dificuldade na identificação do local correto ( )
3-Recusa do usuário ( ) MOTNUAPLIC ( )
4-Não conhece a técnica de aplicação ( )
13- Quais os critérios que você utiliza para a escolha do local para a aplicação de injeção
intramuscular?
1- Idade do paciente ( ) 2- Tipo de medicamento ( )
3- O usuário indica a preferência ( ) 4- Tipo físico do usuário ( ) MULTESCOL ( )
5- Rotina do serviço ( ) 6- Volume a ser aplicado ( )
7-Tamanho da agulha disponível ( ) 8- Desenvolvimento do músculo ( )
9- Obesidade ( )
14-No caso de Múltiplas injeções IM no mesmo usuário enumere de 01 a 04 qual a ordem
de preferência na escolha do local da injeção
Deltóide ( ) Vasto lateral da coxa ( ) ESCOLOCAL ( )
Ventro Glútea ( ) Dorso Glútea ( )
64
16-Qual o volume máximo de medicação você aplica no músculo vasto lateral da coxa?
1 ml ( ) 2ml ( ) 3ml ( ) 4ml ( ) 5ml ( ) VOLVLC ( )
22- Quando você aplica injeção em recém nascido qual a região escolhida?
1-Deltóide ( ) 2-Vasto lateral da coxa ( ) RNLOCAL ( )
3- Ventro Glútea ( ) 4- Dorso Glútea ( ) 5- Qualquer Local ( )
28- Quando você aplica injeção em pessoas obesas qual a região escolhida?
1-Deltóide ( ) 2-Vasto lateral da coxa ( ) OBESLOCAL ( )
3- Ventro Glútea ( ) 4-Dorso Glútea ( ) 5- Qualquer Local ( )
APÊNDICE B
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário (a), em uma pesquisa. Meu
nome é Gilma Moreira de Sousa sou a pesquisadora responsável e minha área de atuação é
Enfermagem
Após receber os esclarecimentos e as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é da
pesquisadora responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de forma alguma.
Em caso de dúvida sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com o(s) pesquisador(es)
responsável(is),Gilma Moreira de Sousa e Dra Ana Luiza Neto Junqueira nos telefones(62)
8547-7055 e (62) 3521-1822, (62) 91821818 . Em casos de dúvidas sobre os seus direitos
como participante nesta pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, nos telefones: 3521-1075 ou 3521-1076.
o que não haverá nenhum tipo de pagamento ou gratificação financeira pela sua participação.
Garantimos que você terá liberdade de recusar participar desta pesquisa ou retirar o seu
consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo algum.
Local e data:________________________________________________
ANEXOS
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C
ANEXO D
ANEXO E
ANEXO F
ANEXO G
ANEXO H