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537-4/22
GABINETE DA CONSELHEIRA SUBSTITUTA
ANDREA SIQUEIRA MARTINS
VOTO GCS-2
GAASM126
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Processo nº 104.537-4/22
GABINETE DA CONSELHEIRA SUBSTITUTA
ANDREA SIQUEIRA MARTINS
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implica atribuição de poder legiferante a esta Egrégia Corte de Contas para, em substituição
ao legislador federal, fixar normas gerais de Direito Financeiro;
b) à luz do art. 11, caput, inciso III, alínea “c” da Lei Complementar federal n° 95/98, a
interpretação lógica da regra do parágrafo único do art. 8° da LRF só pode ser a de que este
complementa a regra do caput do mesmo dispositivo;
e) justamente por ser “dinheiro não afetado a determinado fim”, a disponibilidade de caixa pode
ser utilizada para cobrir a insuficiência de recursos destinados à certa finalidade, ou seja,
para cobrir despesas não suficientemente cobertas pela receita de fonte vinculada;
f) o art. 50, caput, inciso I, da LRF veicula norma de contabilidade pública e de escrituração de
contas públicas, que, em momento algum, veda a utilização de recursos livres para despesas
vinculadas;
h) de acordo com a metodologia de cálculo adotada pelo próprio Tribunal de Contas da União,
órgão de controle externo conhecido pelo rigor na aplicação das normas de Direito
Financeiro, considera-se cumprida a norma do art. 42 da LRF “quando existem suficientes
disponibilidades financeiras líquidas (após a inscrição em restos a pagar não processados)
não vinculadas a determinada destinação (recursos ordinários ou livres) para cobrir eventuais
insuficiências em grupos de fontes vinculadas de forma agregada ou em fontes vinculadas
específicas”, sendo esta muito mais adequada do que a nova, proposta pelo Corpo Instrutivo
desta Egrégia Corte de Contas;
i) os agentes públicos não poderão ser responsabilizados, no exercício financeiro de 2022, por
violação ao art. 42 da Lei Complementar federal nº 101/00, caso este decorra da perda de
arrecadação do ICMS decorrente das alterações introduzidas na legislação tributária pela Lei
Complementar Federal nº 194/22, conforme dispõe o seu art. 9º, §2º.
É o parecer, s.m.j.
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É o relatório.
Conforme exposto em meu relatório, este feito trata de consulta subscrita pelo
Governador do Estado do Rio de Janeiro, acerca da metodologia de apuração do
cumprimento da norma prevista no artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal, e da
aplicabilidade do artigo 9º da Lei Complementar nº 194, de 23 de junho de 2022.
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Cabe consignar, inicialmente, que o artigo 3º, §§1º e 2º, da Deliberação TCE-
RJ nº 276/2017, prevê que a resposta à consulta constitui prejulgamento de tese, sem
caráter normativo ou vinculante e sem adentrar em caso concreto, devendo ser
considerada revogada ou reformada sempre que este Tribunal de Contas firmar nova
interpretação.
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Outro ponto levantado pelo signatário do expediente inicial diz respeito aos
impactos estimados sobre a arrecadação estadual, oriundos da edição da Lei
Complementar nº 194/2022, que alterou a Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional) e
a Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir), para considerar bens e serviços essenciais os
relativos aos combustíveis, à energia elétrica, às comunicações e ao transporte coletivo,
para fins de incidência do ICMS.
§ 1º A exclusão de responsabilização prevista no caput deste artigo também se aplica aos casos
de descumprimento dos limites e das metas relacionados com os dispositivos nele enumerados.
§ 2º O previsto neste artigo será aplicável apenas se o descumprimento dos dispositivos referidos
no caput deste artigo resultar exclusivamente da perda de arrecadação em decorrência do
disposto nesta Lei Complementar.
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(i) a utilização do critério global e do critério de grupo de fontes, separado por fontes vinculadas
e fontes livres e;
(ii) a possibilidade de compensar eventuais fontes vinculadas negativas com o resultado positivo
da soma dos recursos não vinculados.
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pelo resultado positivo de outra fonte do próprio grupo. E não seria admitida a
compensação de insuficiência de disponibilidade de caixa atinente à fonte de receitas
vinculadas com o saldo positivo do grupo das fontes de recursos sem destinação
específica.
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No mérito, a celeuma posta à apreciação desta corte versa acerca da possibilidade ou não de
compensar eventuais fontes de recursos vinculadas negativas com o resultado positivo de fontes
não vinculadas na apuração da disponibilidade de caixa, para fins de avaliação do cumprimento
do art. 42 da LRF nas contas do Chefe do Poder Executivo do ERJ do exercício financeiro de
2022 a serem apresentadas no exercício de 2023.
1 Disponível em https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/contabilidade-e-custos/manuais/edicoes-anteriores-a-partir-da-
12a-edicao-em-2022/12a-edicao-manual-de-demonstrativos-fiscais-mdf-versao-4-de-15-06-2022-valido-ate-2022/view. Acesso
em: 16 de janeiro de 2023.
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recursos financeiros disponíveis não vinculados podem ser utilizados para saldar obrigações
decorrentes de fontes vinculadas para fins de verificação do cumprimento do art. 42 da LRF.
(...)
Ante todo exposto, o parquet de contas acompanha o fundamentado parecer da douta PGT, no
sentido de que não há impedimento legal para que os recursos financeiros de livre aplicação
sejam utilizados para pagamento de despesas vinculadas, podendo, portanto, eventuais sobras
de disponibilidades financeiras não vinculadas compensarem eventuais insuficiências de
disponibilidades financeiras para a cobertura de obrigações decorrentes de fontes vinculadas,
para fins de apuração do cumprimento do art. 42 da LRF.
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