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REPRESENTAÇÃO N. 965788
Representante: Procuradoria Geral de Justiça de Minas Gerais
Representada: Prefeitura Municipal de Leopoldina
Parte: Benedito Rubens Renó Bené Guedes, Prefeito Municipal de
Leopoldina à época
Procurador: Emanuel Araújo de Azevedo Antunes, OAB/MG n. 82.536
MPTC: Cristina Andrade Melo
RELATOR: Conselheiro Mauri Torres
EMENTA
Primeira Câmara
4ª Sessão Ordinária − 13/02/2019
I – RELATÓRIO
Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 1811213
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS
II – FUNDAMENTAÇÃO
Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 1811213
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Verifica-se que a nota de sub empenho nº 4360, no valor de R$80.487,39, fl. 527, listada
dentre aquelas despesas realizadas nos dois últimos quadrimestres do mandato do gestor,
fl. 97, refere-se à 3ª medição de obra de 50 unidades habitacionais do Bairro Caiçaras,
construção iniciada meses antes do período sob análise, e que, com a paralização das
obras estaria causando a depreciação daquilo que havia sendo construído, conforme
Parecer da Procuradoria Geral do Município, fl.528. Assim, entende-se que não se trata
de despesa nova, contraída nos dois últimos quadrimestres do mandato.
Outras despesas que também poderiam gerar dúvida quanto ao cumprimento do art. 42 da
Lei, são aquelas repassadas a título de contribuições. Observa-se, no entanto, que estas
despesas são recorrentes, dispostas também em orçamentos anteriores e que foram
discriminadas no Orçamento de 2012, conforme “Quadro Sumário da Despesa Orçada
Consolidado”, fl. 529. Exemplo é a nota de empenho nº 0296, fl. 530, referente a
contribuição à Cooperativa Agropecuária Regional Leste para a realização da 76ª
Exposição Agropecuária e Industrial de Leopoldina, conforme Convênio 49/2012, parcela
02/02, referente ao mês de julho de 2012, no valor de R$40.000,00, listada à fl. 98.
III - CONCLUSÃO
A documentação apresentada pelo ex-Prefeito de Leopoldina, Sr. Benedito Rubens Renó
Bené Guedes, fls. 341 a 522, foi examinada, tendo sido capaz de alterar a ocorrência
apontada no relatório técnico, às fls. 332 a 336-v, no sentido de que o titular do Poder
Executivo não infringiu as normas inscritas no “caput” do art. 42 e seu parágrafo único da
LC nº 101/2000.
O Ministério Público junto ao Tribunal, por sua vez, considerou procedente a representação,
conforme trecho do parecer, de fls. 532/537, abaixo transcrito:
O dispositivo legal em destaque determina que a contração de despesas de natureza
contínua pela Administração exige detido planejamento, do qual se destacam a estimativa
do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que devam entrar em vigor e nos
dois subsequentes e a compatibilidade da despesa com o Plano Plurianual e da Lei de
Diretrizes Orçamentárias.
O descumprimento de tais premissas para assunção de despesas deste tipo maculam os
referidos gastos como não autorizados, irregulares e lesivas ao patrimônio público.
Portanto, a assunção de obrigações essenciais ao ente não exime o gestor de promover o
adequado planejamento e fluxo de caixa. Em relação à obras e projetos, mesmo se
previstos nos instrumentos de planejamento público, o valor do investimento referente à
parcela a ser paga em cada medição deve estar disponível em caixa ao final do exercício.
Noutro giro, o que caracteriza o caráter contínuo de um determinado serviço é a sua
essencialidade para assegurar a integridade do patrimônio público de forma rotineira e
permanente ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do ente
administrativo, de modo que sua interrupção possa comprometer a prestação de um
serviço público ou o cumprimento da missão institucional1
Portanto, as mencionadas despesas não podem ser caracterizadas como serviços de
natureza contínua.
Não obstante, fato é que algumas notas de empenho acostadas aos autos registram
despesas de manutenção, como gastos com material de expediente de diversas Secretarias
Municipais. Contudo, também há despesas que se referem à contribuição para: Loja
Maçonica, banda musical, grupo folclórico, grupo cultural Capoeira Nova Era,
1 TCU, Acórdão n° 132/2008, Segunda Câmara, Relator: Ministro Aroldo Cedraz, j 12/02/2008.
Documento assinado por meio de certificado digital, conforme disposições contidas na Medida Provisória 2200-2/2001, na Resolução n.02/2012 e na Decisão Normativa
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Associação Com. Distrito de Abaiba e Tebas, Clube Leopoldinense de Voo Livre, dentre
outras, que não constituem despesas classificáveis como de natureza contínua ou
essenciais (fls. 486/493).
Repise-se, que diante do apurado, o Município não possuía disponibilidade financeira
para inscrever restos a pagar atrelados a recursos não vinculados (próprios).
Ainda, em relação à disponibilidade financeira, aduziu a defesa que os recursos recebidos
no mês de janeiro de 2013, a título de FPM e ICMS (R$1.162.017,36), relativos à
competência dezembro de 2012, deveriam ser contabilizados como disponibilidade de
caixa, aptos ao pagamento de despesas empenhadas em 2012, nos termos da Consulta n.
751.506 desta Corte de Contas. (fls. 310).
Neste ponto, o interessado alegou que o prefeito sucessor “utilizou ou poderia ter
utilizado” os mencionados recursos para o pagamento de despesas relativas a 2012.
Contudo, não há evidências contábeis dos registros de tais valores em nenhum
demonstrativo, em que pese a mencionada Consulta n. 751.506, citada pelo gestor
responsável, detalhar como deve ser informado o respectivo lançamento no sistema
patrimonial e orçamentário.
Apesar de a restrição estabelecida no art. 42 da Lei Complementar n. 101/00 se limitar
aos dois últimos quadrimestres do respectivo mandato, a LRF estabelece que a
responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente que previnam
riscos e corrijam desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas (art.1º, §1º), o
que impõe que os ajustes devam ser observados no decorrer de todo o mandato, de forma
que as receitas não sejam superestimadas, nem haja acúmulo excessivo de passivos
financeiros.
De início, ressalto que este Tribunal de Contas já se manifestou com relação ao significado que
deve se dar ao termo “contrair obrigação de despesa”, extraído do art. 42 da Lei de
Responsabilidade Fiscal, ao responder à Consulta 885.864, nos seguintes termos:
Nesse contexto, respondo aos questionamentos apresentados nos termos da seguinte tese
reiterada adotada por este Tribunal:
a) para fins do disposto no art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal, “contrair
obrigação de despesa” não tem o mesmo significado de empenhar despesa que, na
verdade, é apenas uma das fases processamento da despesa. A expressão adotada
no citado artigo é o da geração da despesa, por exemplo, contratação de obra ou
serviços, contratação de operação de crédito, parcelamento de dívida, celebração de
convênio e outras. Consultas n. 751506 (27/06/2012) e n. 660552 (08/05/2002) e
Inspeção Ordinária n. 704.637 (03/05/2012;
[...]
De mais a mais, convergente com o posicionamento da Unidade Técnica, há nesta Casa
entendimento segundo o qual a vedação do art. 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal não
alcança as despesas de natureza obrigatória e de caráter continuado, ou contratadas antes dos
dois últimos quadrimestres do mandato.2
Isso posto, em consonância com a manifestação da Unidade Técnica, que adoto como
fundamentos de minha decisão, considero que, no caso em tela, não ficou demonstrado o
descumprimento do disposto no art. 42 da Lei Complementar n. 101 de 2000.
2
Refiro-me ao Processo Administrativo n. 768.664, de relatoria do Conselheiro Cláudio Couto Terrão, apreciado
na Sessão da Segunda Câmara do dia 17 de abril de 2013.
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III – VOTO
ACÓRDÃO
MAURI TORRES
Presidente e Relator
(assinado eletronicamente)
jc/jb
CERTIDÃO
Certifico que a Súmula desse Acórdão foi
disponibilizada no Diário Oficial de Contas de
___/___/______, para ciência das partes.
Tribunal de Contas, ___/___/_____.
_________________________________
Coordenadoria de Sistematização de
Deliberações e Jurisprudência
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