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VOTO GC-5
Trata-se de consulta formulada pelo Sr. Glauco Barbosa Hoffman Kaizer, Prefeito do Município
de Queimados (Ofício nº 164/GAP/2022), com vistas a sanar dúvidas sobre o alcance do permissivo
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constitucional contido no art. 37, XVI, “a” para fins de acumulação de cargos (ou empregos) públicos, por
meio dos quesitos a seguir:
1 – A luz do mandamento constitucional, bem como das respectivas leis de criação dos cargos e
normas editalícias anexadas ao presente, as carreiras de Supervisor Escolar e Inspetor de
Disciplina poderiam ser equiparados para fins de acumulação de cargos previstas na hipóteses
constantes no artigo 37, inciso XVI, "a" ?
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O processo foi, então, submetido à apreciação da d. Procuradoria Geral deste Tribunal, tendo sido
proferido parecer de acordo com o entendimento da CAR, o que foi devidamente aprovado pelo titular
do órgão.
É O RELATÓRIO.
Inicialmente, observo, nos termos da análise do corpo instrutivo (instrução de 13/09/22), que
restam preenchidos os requisitos de admissibilidade da consulta, eis que a hipótese posta é pertinente a
matéria de competência deste Tribunal, fora formulada por autoridade legítima, indicando precisamente
seu objeto, e está de acordo, ademais, com as previsões do art. 4º, II, e do art. 5º da Deliberação TCE/RJ
nº 276/2017.
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Desse modo, desde que haja compatibilidade de horários, possível a acumulação nas hipóteses
estritamente previstas no inciso XVI.
Conforme bem observado pelo corpo instrutivo, a Emenda nº 78/2020 modificou o artigo 77,
inciso XIX da Constituição do Estado do Rio de Janeiro para incluir nas exceções o cargo de especialista
em educação, valendo-se, ainda da expressão “cargos de natureza técnico-pedagógica” nos demais incisos.
Pois bem.
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ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição
Federal.
III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos
supra.” Grifos acrescentados
Nesse cenário, seja pela hierarquia da Constituição Federal, seja pelo fato de serem as regras
atinentes à acumulação de cargos públicos de repetição obrigatória, ou mesmo em razão do STF –
guardião da constitucionalidade das normas – já ter se manifestado acerca da impossibilidade de
elastecer-se a interpretação do termo “professor” do inciso XVI do art. 37, constata-se como inviável a
utilização do dispositivo estadual recém alterado como permissivo para o alargamento das exceções
trazidas expressa e literalmente nas alíneas do referido dispositivo (inciso XVI do art. 37) da Constituição
da República.
Dito isso, destaco que o Estatuto do Magistério Público Municipal de Queimados, Lei nº 169/95,
de 17 de fevereiro de 1995, dispõe:
CAPÍTULO I
§ 1º - Para efeito deste Estatuto, Especialista em Educação é o Servidor que efetivamente exerça
função de orientador Educacional, orientador Pedagógico, Supervisor de Ensino ou
Administrador Escolar.
I – MAG-1 – Docente com habilitação específica do 2º grau, obtida em curso de três ou quatro
anos.
II – MAG-2 – Docente com habilitação específica do 2º grau, obtida em curso de três ou quatro
anos, seguidos de estudos adicionais; e docente com habilitação específica de grau superior,
obtida em curso superior de graduação correspondente à licenciatura curta, de acordo com a
legislação vigente.
III – MAG-3 – Docente com habilitação específica no Magistério, de grau superior, de graduação
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O Estatuto local, em outra passagem, ao dispor sobre a carreira de magistério, prevê apenas os
professores como membros dessa carreira, verbis:
TÍTULO VI
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo
exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para
ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por
titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada
ou das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V
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Além disso, em outra consulta formulada pelo mesmo jurisdicionado, processo TCE-RJ nº
209.013-3/17, assentou este Plenário que os cargos de Orientador Educacional, Orientador
Pedagógico e Supervisor de Ensino são técnicos, verbis:
I- Pelo CONHECIMENTO IN CASU da presente Consulta, para que seja respondido ao consulente
que:
1. Para os fins do disposto na Lei Municipal nº 169/95, são considerados cargos técnicos, nos
termos do art. 37, inciso XVI, alínea “b”, da Constituição Federal, apenas os cargos de
Orientador Educacional, Orientador Pedagógico e Supervisor de Ensino;
Desse modo, impossível serem considerados como cargos docentes, eis que possuem natureza
técnica, conforme assentado na jurisprudência deste Tribunal, os cargos de Orientador Educacional,
Orientador Pedagógico e Supervisor de Ensino. Com efeito, negativa a resposta ao quesito 3 da
consulta: “3 – Considerando que as funções de Professor, Supervisor Escolar, Orientador Pedagógico e
Orientador Educacional encontram-se enquadrados na mesma carreira, a de magistério, poderiam ser
equiparados para fins de cumulação de cargos previstas na constituição, nos termos do art. 37, XVI, "a".?”
Nesse momento, friso que considerei o cargo de supervisor de ensino, não obstante o consulente
utilizar a denominação supervisor escolar, haja vista a nomenclatura utilizada na lei nº 169/95, de 17 de
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No que tange aos cargos de Inspetor de Disciplina (quesito 1 da consulta), observo que a propria
Lei de Diretrizes e Bases da Educaçao Nacional – Lei nº 9.394/96 – diferencia os professores e os
demais trabalhadores da educação, como se depreende de seu art. 61:
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo
exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e
nos ensinos fundamental e médio;
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em
administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área
pedagógica ou afim. (grifos nossos)
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Como se vê, as hipóteses de acumulação de cargos são taxativas, não sendo possível estender
aos demais cargos integrantes estrutura educacional as vantagens atribuídas de forma
excepcional e específica ao professor. Deve prevalecer, portanto, uma interpretação restritiva da
norma constitucional.
VOTO:
II – pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao Consulente para que tome ciência da decisão desta Corte, com as
seguintes diretrizes:
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GC-5,
MARIANNA M. WILLEMAN
CONSELHEIRA-RELATORA
Documento assinado digitalmente