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PROCESSO Nº : 36.

207-7/2017
INTERESSADO : SINDICATO DOS TRABALHADORES DO ENSINO PÚBLICO – SIN-
TEP (SUB SEDE CUIABÁ)
ASSUNTO : CONSULTA
RELATOR : CONSELHEIRO INTERINO LUIZ CARLOS PEREIRA
PARECER Nº : 97/2017

Excelentíssimo Senhor Conselheiro,

Trata-se de pedido de reexame de tese apresentado pelo Senhor João Custódio


da Silva, representante legal do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público –
SINTEP, que, por intermédio de seu advogado, Senhor Bruno Boaventura, instrumento
de procuração anexo aos autos, solicita que esta Corte de Contas reexamine o teor da
Resolução de Consulta nº 07/2017 – TP, que dispõe sobre aposentadoria especial de
profissionais de educação, nos seguintes termos:

SINDICATO DOS TRABALHADORES DO ENSINO PÚBLICO -


SINTEP(...)
(…) vem à presença de Vossa Excelência, propor o presente pedi-
do de Reapreciação da Resolução de Consulta nº 07/2017 ante
a decisão de repercussão geral do acórdão do Recurso Extraordiná-
rio número 1039644 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL(...).

O consulente juntou aos autos os seguintes documentos:


1) Instrumentos de Procuração;
2) Estatuto Social do SINTEP;
3) Inteiro Teor do Acórdão do RE nº 1.039.644 RG/SC;
4) Outros documentos cujos teores não se mostram relevantes para a presente
proposta de reexame.

É o breve relatório.

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1. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

Inicialmente, é pertinente salientar que o artigo 237 da Resolução TCE-MT nº


14/2007 (Regimento Interno do TCE-MT – RITCE) faculta à iniciativa do Presidente da
Corte, de Conselheiros, de Conselheiros Substitutos, do representante do Ministério
Público de Contas ou a requerimento do interessado o deflagamento de processos de
reexame de teses prejulgadas a este Tribunal, desde que o pedido se faça acompanhar
da devida fundamentação.

Outrossim, observa-se que a instrução dos processos de pedido de reexame de


tese deve observar, no que couber, os mesmos procedimentos adotados na tramitação
dos processos de consulta (§ 2º do art. 237 do RITCE).

Nesse contexto, é importante salientar que a locução “a requerimento do


interessado” refere-se ao rol de legitimados a formular consultas a esta Corte de Contas,
previsto no art. 233 do RITCE, que não contempla os representantes de entidades
sindicais.

Dessa forma, defende-se que o interessado (representante legal do Sindicato dos


Trabalhadores do Ensino Público – SINTEP) não possui legitimidade necessária para
propor pedidos de reexames de teses prejulgadas por este Tribunal, tendo em vista não
constar sua inclusão no rol de legitimados estatuído no artigo 233 do RITCE.

Além disso, entende-se que o proponente não conseguiu demonstrar a


fundamentação técnico jurídica necessária para sustentar o seu pedido de reexame, em
face da Resolução de Consulta nº 07/2017 – TP, conforme se exige no art. 237 do
RITCE.

Isso porque o requerente não instruiu a sua peça de reexame com a


comprovação da ocorrência de fatos novos ou a superveniência de inovações legislativas
ou jurisprudenciais que comprometam, contestem ou invalidem a decisão plenária
consubstanciada na mencionada Resolução de Consulta.

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Com efeito, ao contrário disso, limitou-se o proponente a carrear aos autos a
Ementa do Recurso Extraordinário nº 1.039.644 RG/SC cuja repercussão geral foi
reconhecida e que no mérito reafirmou a jurisprudência dominante no STF, notadamente
aquela consubstanciada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3772, em que
se calcou tanto a Resolução de Consulta nº 48/2010 – TP desta Corte de Contas quanto
a novel Resolução de Consulta TCE-MT nº 07/2017 – TP, que apreciou pedido de
reexame de tese apresentado pela Prefeitura Municipal de Cuiabá, mantendo inalterado o
teor normativo da Resolução de Consulta TCE-MT nº 48/2010 – TP, restringindo-se a
acrescentar verbete àquela Resolução a fim de complementar e aclarar os seus
dispositivos.

Nesse contexto, a título de comparação de seus teores normativos, é oportuno


colacionar a ementa da mencionada ADI 3772, que serviu de supedâneo à elaboração
das referidas Resoluções de Consulta, consoante já mencionado, seguida da ementa do
RE nº 1039644, que serviu de pretensa fundamentação jurídica do presente pedido de
reexame de tese:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANE-


JADA CONTRA O ART. 1o DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE
ACRESCENTOU O §2o AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA
DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXER-
CENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E AS-
SESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS.
40, §4o, E 201, §1o, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊN-
CIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE COM IN-
TERPRETAÇÃO CONFORME.
I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho
em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a cor-
reção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e
o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade esco-
lar.
II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagó-
gico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em es-
estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, ex-
cluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as
desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido
nos arts. 40 , § 4º , e 201 , § 1º , da Constituição Federal. (grifou-se)
III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação
conforme, nos termos supra.
(STF, ADI n. 3772/DF, relator p/ o acórdão: Min. Ricardo Lewando-
wski, j. 29.10.2008)

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EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO EX-
TRAORDINÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL DOS PROFESSO-
RES (CONSTITUIÇÃO, ART. 40, § 5º). CONTAGEM DE TEMPO
EXERCIDO DENTRO DA ESCOLA, MAS FORA DA SALA DE AULA.
1. Revela especial relevância, na forma do art. 102, § 3º, da Consti-
ituição, a questão acerca do cômputo do tempo de serviço presta-
do por professor na escola em funções diversas da docência para
fins de concessão da aposentadoria especial prevista no art. 40, §
5º, da Constituição.
2. Reafirma-se a jurisprudência dominante desta Corte nos termos
da seguinte tese de repercussão geral: Para a concessão da apo-
sentadoria especial de que trata o art. 40, § 5º, da Constituição, con-
ta-se o tempo de efetivo exercício, pelo professor, da docência e das
atividades de direção de unidade escolar e de coordenação e asses-
soramento pedagógico, desde que em estabelecimentos de educa-
ção infantil ou de ensino fundamental e médio.
3. Repercussão geral da matéria reconhecida, nos termos do art.
1.035 do CPC. Jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
reafirmada, nos termos do art. 323-A do Regimento Interno. (grifou-
se)
(STF, RE 1039644 RG/SC, relator p/ o acórdão: Min. Alexandre de
Moraes, j. 27.09.2017)

Assim, resta patente que não houve qualquer inovação jurisprudencial trazida
pelo RE nº 1.039.644 RG/SC que justifique o presente pedido de reexame da tese
prejulgada da Resolução de Consulta nº 07/2017 – TP, posto que o RE tão somente
reafirmou a jurisprudência do STF, já há anos sedimentada pela ADI 3772.

Ademais, observa-se que o instituto do reexame origina uma espécie de decisão


plenária exarada por este Tribunal (Resolução de Consulta) cuja finalidade é a de alterar,
aclarar, complementar ou revogar teses prejulgadas e não é passível de ser questionado
por expedientes recursais.

Dessa forma, eventual pedido de reexame de consulta não pode ser considerado
como uma forma de apelo à decisão firmada em sede de reexame de tese. Isto é, os
entendimentos fixados em sede de reexame de tese não são passíveis de “recurso” e um
novo pedido de reexame não pode servir de sucedâneo recursal, como, na prática,
pretende o requerente.

Em face de todo o exposto, defende-se que o presente pedido de reexame não


reúne todos os requisitos de admissibilidade para o seu conhecimento, pois o proponente
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não possui legitimidade para a sua proposição, uma vez que não faz parte do rol dos
legitimados constantes do art. 233 do RITCE, descumprindo-se, portanto, o art. 232,
inciso I, do RITCE, além de não apresentar fundamentação plausível, requerida pelo art.
237 do RITCE.

2. CONCLUSÃO

Posto isso, diante do não preenchimento dos requisitos de admissibilidade


previsto no inciso I do art. 232 e art. 237 do Regimento Interno desta Corte de Contas,
sugere-se o arquivamento da presente proposta de reexame de tese, mediante
julgamento singular do Conselheiro Relator, nos termos do art. 232, § 2º do RITCE.

Cuiabá-MT, 15 de dezembro de 2017.

Ademir Aparecido Peixoto de Azevedo Edicarlos Lima Silva


Auditor Público Externo Secretário Chefe da Consultoria Técnica

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