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Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins
SECRETARIA DA PRESIDÊNCIA

REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº 0011927-83.2021.8.27.2722/TO


PROCESSO ORIGINÁRIO: Nº 0011927-83.2021.8.27.2722/TO
REQUERENTE: BRUNO LEONARDO DE URZEDA REIS (AUTOR)
ADVOGADO: MARINA DE URZÊDA VIANA (OAB GO047635)
REQUERIDO: FUNDAÇAO UNIRG (RÉU)

DECISÃO

Trata-se de Recurso Extraordinário fundamentado nas disposições do


artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal, interposto pelo Ministério
Público do Estado do Tocantins, em face do acórdão proferido pela 1ª Turma da 2ª
Câmara Cível desta Corte, que, por unanimidade de votos, negou provimento à
remessa necessária, em julgamento cuja ementa ficou assim redigida:

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA. MANDADO DE SEGURANÇA.


DEFERIMENTO DE LIMINAR. REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA DE
GRADUAÇÃO EM MEDICINA. MODALIDADE SIMPLIFICADA.
DECURSO DE LAPSO TEMPORAL. APLICAÇÃO DA TEORIA DO FATO
CONSUMADO. SENTENÇA MANTIDA.

A confirmação, por Sentença, de Decisão liminar concessiva de segurança


– determinando-se que a autoridade impetrada receba e instaure o
procedimento para Revalidação de Diplomas de Graduação Obtido no
Exterior – deve ser mantida em observância a teoria do fato consumado,
como forma de preservar a situação consolidada pelo tempo, frente à
inexistência de dano à outra parte.

Em suas razões, o recorrente alega que o órgão julgador incorreu em


negativa de vigência à norma insculpida no artigo 207 da Constituição Federal, eis
que aplicou indevidamente a teoria do fato consumado, e, com isso, negou
provimento ao reexame necessário e manteve a sentença que concedeu a segurança e

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determinou que a autoridade impetrada procedesse ao recebimento e à instauração
do procedimento para revalidação de diplomas de graduação obtido no exterior,
deixando de considerar, contudo, o princípio constitucional da autonomia didático-
científica, que confere às instituições de ensino a autonomia universitária.

Aduz que as instituições de ensino superior possuem a prerrogativa de


organizar as atividades necessárias ao funcionamento de seus serviços, à gestão do
seu patrimônio e à disciplina de todos os atos de natureza administrativa que devem
ser praticados para o desempenho desse mister, sendo que o exercício dessa
autonomia deve ocorrer desprovido de ingerência ou subordinação de entes
políticos ou administrativos aos quais estão vinculados.

Refere que o procedimento de revalidação de diplomas de graduação


expedidos por estabelecimentos de ensino superior se encontra regulamentado pela
norma contida no artigo 48 da Lei Federal nº 9.394/96, e, também, pela Resolução
CNE/CES nº 3, de 22 de junho de 2016, expedida pelo Conselho Nacional de
Educação, asseverando que a Instituição de Ensino à qual se encontra vinculada a
autoridade coatora não possui a obrigatoriedade de adotar o procedimento
simplificado de revalidação de diplomas de graduação obtido no exterior,
constituindo medida discricionária.

Defende que no caso não deve ser aplicada a teoria do fato consumado,
porquanto inexistente o decurso de longo espaço de tempo fomentado por inação
estatal.

Apregoa, ainda, que o entendimento firmado pelo plenário desta Corte


no julgamento do IAC nº 5, decorrente da arguição efetuada na Remessa Necessária
nº 0000009-48.2022.8.27.2722, padece de vício insanável, sendo despido de eficácia
jurídica, pela inobservância do quórum qualificado estabelecido no art. 312, § 2º, do
Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins.

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Com esses argumentos, postula o provimento de seu apelo
constitucional, a fim de ver desconstituído o acórdão guerreado.

Devidamente intimadas, as recorridas apresentaram suas contrarrazões


ao recurso.

Eis o relato do essencial.

Decido.

O recurso é próprio e adequado, a parte recorrente tem interesse em


recorrer, a insurreição é tempestiva e a comprovação do preparo é dispensável, por
força do artigo 1.007, §1º, do CPC.

Ainda, observo que a Recorrente elaborou tópico específico


discorrendo sobre a existência de repercussão geral da matéria, pelo que entendo
como preenchidos os requisitos de admissibilidade relacionados à regularidade
formal do recurso.

Conquanto preenchidos os requisitos extrínsecos de admissibilidade, o


extraordinário é inadmissível, eis que o dispositivo constitucional reputado pela
parte recorrente como violado ─ artigo 207 da Constituição Federal ─ não foi objeto
de apreciação e debate perante o órgão julgador, que sobre ele não efetuou qualquer
juízo de valor, padecendo o presente Recurso do necessário prequestionamento,
esbarrando nos enunciados n.º 282 e 356, das Súmulas do Supremo Tribunal
Federal, que consideram ser “inadmissível o recurso extraordinário, quando não
ventilada, na decisão recorrida, a questão federal suscitada” e que “o ponto omisso
da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser
objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.

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Ademais, ainda que superado esse entendimento, por certo que o
recurso extraordinário não superaria o juízo provisório de admissibilidade, eis que a
análise das questões levantadas pelo recorrente em seu apelo extraordinário somente
seria possível após o reexame prévio das normas infraconstitucionais que
regulamentaram a matéria – o artigo 48 da Lei Federal nº 9.394/96 e a Resolução
CNE/CES nº 3, de 22 de junho de 2016, expedida pelo Conselho Nacional de
Educação – de onde se conclui que, a alegada contrariedade ao dispositivo da
Constituição da República, acaso houvesse, teria ocorrido de forma meramente
reflexa, o que torna inviável a admissão do recurso extraordinário, em face da
incidência do óbice contido no enunciado sumular nº 280 do Supremo Tribunal
Federal.

Diante do exposto, NÃO ADMITO o Recurso Extraordinário, razão


pela qual determino a remessa dos autos à Secretaria de Recursos Constitucionais
para as providências de mister.

Intimem-se. Cumpra-se.

Documento eletrônico assinado por JOAO RIGO GUIMARAES, Presidente, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Instrução Normativa nº 5, de 24 de outubro de 2011. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.tjto.jus.br,
mediante o preenchimento do código verificador 680211v2 e do código CRC 60d50f4e.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): JOAO RIGO GUIMARAES
Data e Hora: 30/11/2022, às 16:36:37

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