Você está na página 1de 9

Processo nº 216.

392-1/22

Rubrica Fls.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


GABINETE DO CONSELHEIRO SUBSTITUTO
CHRISTIANO LACERDA GHUERREN

PROCESSO ELETRÔNICO - VOTO GCS 3

PROCESSO: TCE-RJ No 216.392-1/22


ORIGEM: INST PREVIDÊNCIA CABISTA ARRAIAL DO CABO
ASSUNTO: CONSULTA

CONSULTA. DÚVIDA ACERCA DA LICITUDE


DA ACUMULAÇÃO DO CARGO DE
PROFESSOR COM O CARGO DE
SUPERVISOR EDUCACIONAL. ESPECIALISTA
EM EDUCAÇÃO. CONHECIMENTO. EXPEDIÇÃO
DE OFÍCIO. ARQUIVAMENTO.

Cuida o presente processo de Consulta formulada pela Senhora Shanna Barros


de Andrade, Presidente do Instituto de Previdência Cabista, que, por intermédio do
Ofício IPC nº 048/2022, formulou a seguinte indagação:

“A presente consulta se baseia na dúvida da licitude da acumulação


do cargo de professor com o cargo de supervisor educacional
(considerado como especialista em educação), uma vez que o cargo
de especialista em educação não é cargo de professor, a dúvida se
baseia em relação a configuração do cargo como técnico ou científico.
Portanto, pergunta-se: De acordo com a Constituição Federal, é licita
acumulação do cargo de professor com supervisor educacional?

O procedimento foi examinado pela Coordenadoria de Análise de Consultas e


Recursos ̶ CAR que, por meio da instrução constante da peça eletrônica “Informação
CAR – 20/07/2022”, considerou parcialmente cumpridos os requisitos de

2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

admissibilidade da Consulta, uma vez que ausente o parecer jurídico aludido no


parágrafo único, do art. 5°, da Deliberação TCE-RJ n° 276/2017, propondo, contudo, o
conhecimento parcial e a expedição de ofício de resposta ao consulente.

Quanto ao mérito da Consulta, pronunciou-se nos seguintes termos:

“...
A dúvida da Consulente reside no disposto na alínea “b” do inciso XVI
do art. 37 da CRFB, ou seja, se o cargo de supervisor educacional
estaria na definição de “cargo técnico”, de modo a ser possível a
acumulação com o cargo de professor.
Há uma certa controvérsia acerca do que venham a ser cargo técnico
e cargo científico. Uma corrente entende que as expressões "técnico"
e "científico" seriam sinônimas, e indicariam a necessidade de se tratar
de cargo que exigiria nível superior. Porém, entendemos que a
interpretação constitucionalmente mais adequada é no sentido de que:
cargo científico é o cargo de nível superior que trabalha com a
pesquisa em uma determinada área do conhecimento – advogado,
médico, biólogo, antropólogo, matemático, historiador. Cargo técnico é
o cargo de nível médio ou superior que aplica os conceitos de uma
ciência: técnico em química, em informática etc. Portanto, não
interessa a nomenclatura do cargo, mas sim as atribuições.
Tanto o STJ quanto o TCU possuem precedentes que aceitam o cargo
técnico de nível médio, desde que exigida para o provimento uma
qualificação específica (curso técnico específico).
“O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que cargo
técnico ou científico, para fins de acumulação com o de
professor, nos termos do art. 37, XVII, da Lei Fundamental, é
aquele para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos
técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente
de nível superior." (STJ, 5ª Turma, RMS 20.033/RS, Relator
Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de 12.03.2007).”
“a conceituação de cargo técnico ou científico, para fins da
acumulação permitida pelo texto constitucional, abrange os
cargos de nível superior e os cargos de nível médio cujo
provimento exige a habilitação específica para o exercício de
determinada atividade profissional, a exemplo do técnico em
enfermagem, do técnico em contabilidade, entre outros."
(TCU, 1ª Câmara, Acórdão nº 408/2004, Relator Ministro
Humberto Guimarães Souto).”
De acordo com o Ofício Circular SAF nº 07/90 – itens III e IV, e
Acórdão TCU n. 408/2004 e AC 1.136/2008, são considerados cargos
técnicos ou científicos:
a) Aqueles para cujo exercício seja indispensável a escolaridade
completa em curso de nível superior;

2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

b) Aqueles para cujo exercício seja indispensável a escolaridade de,


no mínimo, nível médio (2º grau), com atribuições características de
“técnico”. Exemplo: técnico de laboratório, técnico em contabilidade (é
necessário, em todas as situações, analisar as atribuições do cargo
para verificar se é acumulável com o cargo de professor).
“a conceituação de cargo técnico ou científico, para fins da
acumulação permitida pelo texto constitucional, abrange os
cargos de nível superior e os cargos de nível médio cujo
provimento exige a habilitação específica para o exercício de
determinada atividade profissional, a exemplo do técnico em
enfermagem, do técnico em contabilidade, entre outros.”
(Acórdão TCU n. 408/2004, 1ª Câmara).
“5. Vê-se, pois, que o cargo de professor só pode ser
acumulado com outro de professor ou com outro técnico ou
científico, sendo esse último definido na jurisprudência como
“aquele que exige formação específica, não podendo possuir
atribuições de natureza eminentemente burocráticas ou
repetitivas” (AI 192.918-AgR, STF; RMS 14456/AM e MS
7.216/DF, STJ)”. (Acórdão TCU n. 2456/2013 – Plenário).
Não se pode olvidar que o que caracteriza um cargo técnico, científico,
ou burocrático, são suas atribuições e não sua titulação. Cargo técnico
é aquele que exige conhecimento específico em uma área do saber de
seu ocupante, para que possa desempenhar suas atribuições.
A título explicativo, vejamos o que dispõe o art. 16 da Lei Estadual
1614/90, que dispõe sobre o plano de carreira do magistério público
estadual:
Art. 16 – A classe de Supervisor Educacional é integrada pelo
conjunto de professores responsáveis pelas diretrizes,
orientação e controle do processo ensino-aprendizagem nas
unidades escolares e no âmbito intermediário e central do
Sistema Estadual de Educação.
Vejam que, neste caso, não haveria qualquer empecilho à
acumulação, pois a classe de supervisor educacional é integrada por
professores.
Seria lícita, portanto, a acumulação dos cargos de professor e
supervisor educacional se (1) o cargo de supervisor educacional fosse
integrado por professor; ou (2) se o cargo de supervisor educacional
se enquadrar na definição de cargo técnico ou científico.
Assim, podemos responder ao questionamento do Consulente da
seguinte forma: Será lícita acumulação do cargo de professor com
supervisor educacional se: (a) o cargo de supervisor educacional for
integrado por professores; ou (b) se, para o cargo de supervisor
educacional, a lei do ente exija habilitação específica para o exercício
da atividade, não necessariamente de nível superior.
CONCLUSÃO
Face o exposto, sugere-se:
1. O CONHECIMENTO PARCIAL da presente consulta;
2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

2. A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao consulente, dando-lhe ciência da


decisão desta Corte, consignando a seguinte tese:
• Será lícita acumulação do cargo de professor com supervisor
educacional se:
a) o cargo de supervisor educacional for integrado por professores; ou
b) se, para o cargo de supervisor educacional, a lei do ente exija
habilitação específica para o exercício da atividade, não
necessariamente de nível superior.
3. O posterior ARQUIVAMENTO deste processo.

A Procuradoria-Geral deste Tribunal representada pela Procuradora Dra. Joana


Tavares da Silva, em semelhante exercício de cognição, conclui seu parecer nas linhas
a seguir reproduzidas:

“...
Diante do exposto, acompanho o entendimento proposto pela CAR e
sugiro o conhecimento da presente consulta, bem como a expedição
de ofício à Consulente informando-lhe da seguinte resposta à sua
indagação:
• Admite-se a acumulação do cargo de professor com o de supervisor
educacional desde que, para o seu exercício, a lei do ente exija
habilitação específica, que não deve ser necessariamente de nível
superior.”

O Exmo. Sr. Procurador-Geral, Dr. Sergio Cavalieri Filho, ratifica o referido


parecer in totum.

O douto Ministério Público Especial junto ao TCE-RJ, representado pelo Exmo.


Senhor Procurador-Geral Dr. Henrique Cunha de Lima, manifesta-se no mesmo sentido
da PGT, em parecer formalizado no documento digital “Informação GPG – 30/09/2022”.

É o Relatório.

Inicialmente, registro que atuo nestes autos em virtude de convocação


promovida pela Presidência desta Egrégia Corte de Contas, em Sessão Plenária de
17/04/2018.

No tocante aos pressupostos de admissibilidade da Consulta que ora me é


submetida, verifico que não foi encaminhado o parecer técnico e/ou jurídico do ente de

2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

origem. Neste ponto, cabe esclarecer que o artigo 5°, parágrafo único, da Deliberação
TCE-RJ n° 276/17 faculta o seu envio, nos seguintes termos:

Art. 5° (...)
Parágrafo único. As consultas devem ser instruídas, sempre que
possível, com parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da
autoridade consulente ou do órgão central ou setorial dos Sistemas de
Administração Financeira, de Contabilidade e de Auditoria. (grifo nosso)

Desta forma, reputo preenchidos os requisitos de admissibilidade da Consulta


em apreço, nos termos do artigo 68 do Regimento Interno e da Deliberação n° 276, de
29 de junho de 2017.

No mérito, como bem identificado pelas instâncias instrutivas, pretende a


consulente, em linhas gerais, o esclarecimento sobre a possibilidade de se qualificar o
cargo de Supervisor Educacional (Especialista em Educação) como cargo técnico ou
científico para fins de acumulação com o cargo de Professor, na forma
excepcionalmente admitida na alínea “b”, do inciso XVI, do art. 37 da Constituição
Federal.

Ora, tal questionamento carece de uma abordagem sistemática, a qual


procurarei empreender a seguir.

Conforme se extrai da leitura do texto produzido na peça que inaugura este


procedimento, o Município de Arraial do Cabo tem como pacífico o fato de que o cargo
de Supervisor Educacional, embora integre a categoria de Profissional de Educação,
não se equipara ao cargo de Professor.

Tal assertiva decorre da conclusão de que referida categoria não tem o dever da
docência na forma definida na Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 3.772. Observe-
se que tal intelecção não decorre do nomen iuris do cargo, mas de suas atribuições.
Este modo de avaliação é o prevalecente nesta Corte de Controle a rigor dos excertos
de decisões a seguir reproduzidas:

Decisão aprovada em Sessão Plenária de 08/02/2022 no processo TCE-RJ n°


214.866-9/19:

“... De fato, para o primeiro cargo, a servidora foi admitida mediante contratação em
17/03/1987 (carteira de trabalho juntada aos autos) e posteriormente, com a
2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

implantação do Regime Jurídico Único, foi nomeada em 27/04/1990 para exercer o


cargo efetivo de Professora de Licenciatura Plena, conforme a Portaria nº 183/90.
Ocorre que posteriormente, por meio da Portaria nº 282/92, de 29/06/92, houve
uma transformação de cargo, por meio da qual a servidora foi “promovida”
para o cargo de Pedagoga, nível 03, do Anexo I do Estatuto do Magistério.

Examinando-se o cargo ocupado pela servidora, bem como as funções por


ela ocupadas ao longo de sua carreira, verifica-se que eles não envolviam,
dentre suas atribuições, a atividade de docência.
...
Em relação ao segundo cargo, a servidora foi aprovada em concurso público,
promovido pelo município de Barra Mansa, para exercer o cargo de Orientadora
Pedagógica (e não o de professora) na Fundação Educacional do referido
município, conforme a Portaria nº 185/99, de 18/01/1999. Embora a Lei Municipal nº
4.468/2015, que instituiu o Plano de Classificação de Cargos e Salários dos
Profissionais da Educação do Município de Barra Mansa, tenha enquadrado o
cargo de orientador pedagógico como professor IV, ela não se presta aos fins
pretendidos pela interessada, na medida em que as atribuições do cargo, de
acordo com a mesma lei, não são de efetiva docência, como se depreende do
seguinte trecho de seu art.5º 1: ...”

Decisão aprovada em Sessão do Plenário Virtual de 01/08/2022 no processo TCE-


RJ n° 205.590-7/19:

“...
Sendo assim, percebe-se que os servidores da Secretaria de Municipal de
Educação de Três Rios, investidos em cargos efetivos de Professor Supervisor
Educacional, não têm o dever da docência.

Diante de todo o exposto, conclui-se que a acumulação de cargos firmada pela


interessada, envolvendo os cargos de Professor Supervisor Educacional e o
de Operador de Sistema, não encontra respaldo na Constituição Federal, pois
que a regra permissiva contida no artigo 37, XVI, b da Carta Magna, alcança
estritamente o cargo de professor, não abrangendo demais profissionais do
magistério, configurando, pois, uma situação acumulativa irregular que se estende
aos proventos de inatividade ...”

Nesta linha de raciocínio, afasto a sugestão formulada pela diligente CAR de ser
possível a acumulação dos cargos de professor e supervisor educacional, se o cargo
de supervisor educacional fosse integrado por professor, a uma, porque a própria
consulente afirma, em sua peça de ingresso, que, no Município de Arraial do Cabo, o
cargo de especialista em educação não é cargo de professor, e, a duas porque o
dispositivo legal trazido à baila pela Equipe Técnica como fundamento para a
interpretação por ela veiculada não trata do magistério local, mas do corpo funcional da
educação no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.

2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

Por fim, como já sedimentado, é necessário verificar suas atribuições, e não a


nomenclatura legalmente atribuída. Em outras palavras, o fato de tal função ser
desempenhada por professor, não o exime do dever de docência que o distinguirá dos
Especialistas em Educação, e lhe garantirá o respaldo para a excepcional acumulação
dos cargos.

A perquirição acerca da natureza jurídica do cargo de Supervisor Educacional no


Município de Arraial do Cabo – quanto a ser técnico ou científico - , todavia, como bem
exposto pelas instâncias que me antecederam, conduz que somente encontrará abrigo
na exceção constitucional caso lei daquele ente exija habilitação específica para o
exercício da atividade, não necessariamente de nível superior.

Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça já se posicionou conforme


decisões ementadas nas seguintes linhas:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. ACUMULAÇÃO


DE CARGOS PÚBLICOS. PROFESSOR SUBSTITUTO E ASSISTENTE EM
ADMINISTRAÇÃO. NATUREZA DE CARGO TÉCNICO NÃO CARACTERIZADA.
IMPOSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO. PRECEDENTES. 1. A Constituição Federal,
em seu art. 37, XVI, veda a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto para
dois cargos de professor, um de professor com outro técnico ou científico e dois
cargos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas, desde
que haja compatibilidade de horários, observado em qualquer caso, o teto de
vencimentos e subsídios previstos no inciso XI do mesmo dispositivo. 2. Para fins da
acumulação autorizada na alínea "b" do referido dispositivo constitucional,
assentou-se nesta Corte que cargo técnico é o que requer conhecimento
específico na área de atuação do profissional.
Precedentes: REsp 1.678.686/RJ, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,
DJe 16/10/2017; AgInt no RMS 33.431/PR, Rel. Ministra Regina Helena Costa,
Primeira Turma, DJe 20/4/2017. 3. O cargo de assistente de administração não se
enquadra na classificação de cargo técnico ou científico, tendo em vista que não
requer formação específica ou conhecimento técnico, pelo que fica, induvidosamente,
vedada a acumulação com outro cargo de professor. Precedente: RMS 15.660/MT,
Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, Quinta Turma, DJe 1/9/2003.
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp n. 1.800.258/SC, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma,
julgado em 13/8/2019, DJe de 16/8/2019.)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
APLICABILIDADE. FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO RECORRIDO NÃO
IMPUGNADOS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. ACUMULAÇÃO DE
CARGOS PÚBLICO. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. REQUISITO
2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

NECESSÁRIO. APLICAÇÃO DE MULTA. ART. 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 2015. DESCABIMENTO.
I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte, na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do
provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o Código de Processo Civil de
2015.
II - O recurso ordinário em mandado de segurança cujas razões não combatem os
fundamentos do acórdão recorrido padece de irregularidade formal e ofende o
princípio da dialeticidade.
III - A Constituição Federal estabelece como regra a impossibilidade da acumulação
de cargos públicos, permitindo-a, excepcionalmente, quando houver compatibilidade
de horários, nas hipóteses de exercício de dois cargos de professor, de um cargo de
professor com outro técnico ou científico e de dois cargos privativos de profissionais
de saúde, sendo certo que cargo técnico é aquele que requer conhecimento
específico na área de atuação do profissional, com habilitação específica de
grau universitário ou profissionalizante de ensino médio. Precedentes.
IV - Em regra, descabe a imposição da multa, prevista no art. 1.021, § 4º, do Código
de Processo Civil de 2015, em razão do mero improvimento do Agravo Interno em
votação unânime, sendo necessária a configuração da manifesta inadmissibilidade ou
improcedência do recurso a autorizar sua aplicação, o que não ocorreu no caso.
V - Agravo interno não conhecido.
(AgInt no RMS n. 63.910/DF, relatora Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma,
julgado em 11/11/2020, DJe de 13/11/2020.)

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ACUMULAÇÃO DE


CARGOS PÚBLICOS. PROFESSOR E AGENTE EDUCACIONAL.
IMPOSSIBILIDADE. CARGO TÉCNICO OU CIENTÍFICO. NÃO OCORRÊNCIA.
1. No caso dos professores, a Constituição, em caráter excepcional e apenas quando
houver compatibilidade de horários, admitiu a acumulação de exercício de dois cargos
de professor e de um cargo de professor com outro técnico ou científico. 2. De acordo
com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, cargo técnico é aquele
que requer conhecimento específico na área de atuação do profissional, com
habilitação específica de grau universitário ou profissionalizante de 2º grau.
Precedentes: AgInt no AgInt no RMS 50.259/SE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Turma, DJe 24/4/2018; EDcl no REsp 1.678.686/RJ, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 1/2/2018; RMS 33.056/RO, Rel. Ministro Teori Albino
Zavascki, Primeira Turma, DJe 26/9/2011; RMS 20.033/RS, Rel. Ministro Arnaldo
Esteves Lima, Quinta Turma, DJe 12/3/2007, p. 261;
RMS 20.394/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJe 19/3/2007, p.
363. 3. No caso concreto, o cargo exercido pela recorrente - Agente Educacional II -
não pode ser considerado como técnico, considerando o disposto no art. 7º da Lei
Complementar Estadual 123/2008, o qual estabelece que as atribuições do cargo são
de administração escolar, de operação de multimeios escolares - atividades
meramente burocráticas, cujo ingresso requer apenas o ensino médio completo.
4. Recurso Ordinário não provido.

2869
Processo nº 216.392-1/22

Rubrica Fls.

(RMS n. 57.846/PR, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em


15/8/2019, DJe de 11/10/2019.)

Assim sendo, – adotando, como razões de decidir, aquelas constantes no


documento digital “22/09/2022 – Informação PGT”, posiciono-me PARCIALMENTE DE
ACORDO com a proposta do Corpo Instrutivo e DE ACORDO com os doutos
pareceres da Procuradoria-Geral deste Tribunal de Contas e do Ministério Público
Especial, e

VOTO:

I. Pelo CONHECIMENTO da presente Consulta;

II. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO à consulente, para que tome ciência desta
decisão, sendo-lhe respondido, com base nas razões expostas neste Voto, acerca da
possibilidade de acumulação do cargo de professor com o de supervisor educacional
desde que, para o exercício deste último, a lei do ente exija habilitação específica, que
não deve ser necessariamente de nível superior;

III. Pelo posterior ARQUIVAMENTO deste processo.

GCS 3,

CHRISTIANO LACERDA GHUERREN


Conselheiro Substituto

2869

Assinado Digitalmente por: CHRISTIANO LACERDA GHUERREN


Data: 2022.12.14 13:46:41 -03:00
Razão: Processo 216392-1/2022. Para verificar a autenticidade
acesse https://www.tcerj.tc.br/valida/. Código: d69e109e-18a9-
439a-a816-400763dbb42a
Local: TCERJ

Você também pode gostar