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392-1/22
Rubrica Fls.
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Processo nº 216.392-1/22
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“...
A dúvida da Consulente reside no disposto na alínea “b” do inciso XVI
do art. 37 da CRFB, ou seja, se o cargo de supervisor educacional
estaria na definição de “cargo técnico”, de modo a ser possível a
acumulação com o cargo de professor.
Há uma certa controvérsia acerca do que venham a ser cargo técnico
e cargo científico. Uma corrente entende que as expressões "técnico"
e "científico" seriam sinônimas, e indicariam a necessidade de se tratar
de cargo que exigiria nível superior. Porém, entendemos que a
interpretação constitucionalmente mais adequada é no sentido de que:
cargo científico é o cargo de nível superior que trabalha com a
pesquisa em uma determinada área do conhecimento – advogado,
médico, biólogo, antropólogo, matemático, historiador. Cargo técnico é
o cargo de nível médio ou superior que aplica os conceitos de uma
ciência: técnico em química, em informática etc. Portanto, não
interessa a nomenclatura do cargo, mas sim as atribuições.
Tanto o STJ quanto o TCU possuem precedentes que aceitam o cargo
técnico de nível médio, desde que exigida para o provimento uma
qualificação específica (curso técnico específico).
“O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que cargo
técnico ou científico, para fins de acumulação com o de
professor, nos termos do art. 37, XVII, da Lei Fundamental, é
aquele para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos
técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente
de nível superior." (STJ, 5ª Turma, RMS 20.033/RS, Relator
Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de 12.03.2007).”
“a conceituação de cargo técnico ou científico, para fins da
acumulação permitida pelo texto constitucional, abrange os
cargos de nível superior e os cargos de nível médio cujo
provimento exige a habilitação específica para o exercício de
determinada atividade profissional, a exemplo do técnico em
enfermagem, do técnico em contabilidade, entre outros."
(TCU, 1ª Câmara, Acórdão nº 408/2004, Relator Ministro
Humberto Guimarães Souto).”
De acordo com o Ofício Circular SAF nº 07/90 – itens III e IV, e
Acórdão TCU n. 408/2004 e AC 1.136/2008, são considerados cargos
técnicos ou científicos:
a) Aqueles para cujo exercício seja indispensável a escolaridade
completa em curso de nível superior;
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Diante do exposto, acompanho o entendimento proposto pela CAR e
sugiro o conhecimento da presente consulta, bem como a expedição
de ofício à Consulente informando-lhe da seguinte resposta à sua
indagação:
• Admite-se a acumulação do cargo de professor com o de supervisor
educacional desde que, para o seu exercício, a lei do ente exija
habilitação específica, que não deve ser necessariamente de nível
superior.”
É o Relatório.
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origem. Neste ponto, cabe esclarecer que o artigo 5°, parágrafo único, da Deliberação
TCE-RJ n° 276/17 faculta o seu envio, nos seguintes termos:
Art. 5° (...)
Parágrafo único. As consultas devem ser instruídas, sempre que
possível, com parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da
autoridade consulente ou do órgão central ou setorial dos Sistemas de
Administração Financeira, de Contabilidade e de Auditoria. (grifo nosso)
Tal assertiva decorre da conclusão de que referida categoria não tem o dever da
docência na forma definida na Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 3.772. Observe-
se que tal intelecção não decorre do nomen iuris do cargo, mas de suas atribuições.
Este modo de avaliação é o prevalecente nesta Corte de Controle a rigor dos excertos
de decisões a seguir reproduzidas:
“... De fato, para o primeiro cargo, a servidora foi admitida mediante contratação em
17/03/1987 (carteira de trabalho juntada aos autos) e posteriormente, com a
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Sendo assim, percebe-se que os servidores da Secretaria de Municipal de
Educação de Três Rios, investidos em cargos efetivos de Professor Supervisor
Educacional, não têm o dever da docência.
Nesta linha de raciocínio, afasto a sugestão formulada pela diligente CAR de ser
possível a acumulação dos cargos de professor e supervisor educacional, se o cargo
de supervisor educacional fosse integrado por professor, a uma, porque a própria
consulente afirma, em sua peça de ingresso, que, no Município de Arraial do Cabo, o
cargo de especialista em educação não é cargo de professor, e, a duas porque o
dispositivo legal trazido à baila pela Equipe Técnica como fundamento para a
interpretação por ela veiculada não trata do magistério local, mas do corpo funcional da
educação no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.
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VOTO:
II. Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO à consulente, para que tome ciência desta
decisão, sendo-lhe respondido, com base nas razões expostas neste Voto, acerca da
possibilidade de acumulação do cargo de professor com o de supervisor educacional
desde que, para o exercício deste último, a lei do ente exija habilitação específica, que
não deve ser necessariamente de nível superior;
GCS 3,
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