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Licenciatura em Engenharia

Eletrotécnica e de Computadores

L.EEC019 — Eletrónica 1

Introdução Sintética à Simulação de


Circuitos Elétricos com o LTspice

Vı́tor Grade Tavares


vgt@fe.up.pt

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto


Departamento de Engenharia Eletrotécnica e Computadores

Fevereiro, 2023
Versão 1.0
Conteúdo
1 Introdução 3

2 LTspice 4
2.1 Netlist . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Edição de esquemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 Criar, abrir ou guardar um esquema de circuito elétrico . . . . 6
2.2.2 Desenho do esquema de circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.3 Parametrização dos elementos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.4 Sistema de representação numérica . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.5 Atribuição de etiquetas (Labels) aos nós . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Diretrizes de simulação e visualização de resultados . . . . . . . . . . 9
2.3.1 Ponto de operação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.2 Análise transitória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3.3 Visualização dos resultados de uma análise transitória . . . . . 11

3 Conclusão 13
Introdução Sintética à Simulação de Circuitos Elétricos com o LTspice

1 Introdução
As ferramentas do tipo SPICE (Simulation Program with Integrated Circuit
Emphasis) definem, presentemente, uma classe de simuladores de circuitos elétricos.
A primeira versão data do inı́cio dos anos 70 do século passado e foi inicialmente de-
senvolvida por Larry Nagel na Universidade da Califórnia, em Berkeley, sob o nome
de SPICE1. A ferramenta passou para o domı́nio público em 1971 e, desde então,
tem vindo a sofrer melhoramentos diversos, a partir dos quais eclodiram uma série
de simuladores comerciais que usam o SPICE como base no seu motor de cálculo,
nomeadamente, o Pspice, IS Spice, Rspice, Micro Cap (requalificado recentemente
para utilização livre e sem licença), Multisim, HSPICE, entre outros, e também o
LTspice.
O objetivo de uma simulação elétrica é o de prever numericamente o compor-
tamento de circuitos no seu funcionamento real. Os simuladores são hoje, por
conseguinte, uma peça incontornável no processo de projeto de circuitos e siste-
mas eletrónicos modernos, sendo possı́vel, com bons modelos1 dos dispositivos e
simulações cuidadas, obter um projeto final que nos dá excelentes garantias de fun-
cionamento à primeira após o fabrico.
O simulador SPICE recorre a técnicas de resolução numérica de sistemas de
equações que resultam da análise nodal do circuito a simular. Sumariamente, po-
demos interpretar um simulador como sendo uma máquina de cálculo que constrói
um sistema de equações com base nas leis de kirchhoff e usa métodos numéricos
para calcular as correntes e tensões no circuito. Concomitantemente, o problema da
convergência está sempre muito presente no ato de simular. O algoritmo de cálculo
numérico nem sempre converge para uma solução, exigindo o envolvimento do utili-
zador no processo de alterar a configuração de simulação, tanto ao nı́vel do esquema
como do controlo de variáveis internas associadas ao algoritmo de simulação, de
modo a reverter os problemas de convergência.
Os circuitos podem ser descritos tanto pelo desenho de um esquema elétrico,
neste caso estará associado ao simulador um programa de captura de esquemáticos,
como por um ficheiro texto escrito numa linguagem de descrição de circuitos, com
sintaxe e semântica próprias. O LTspice oferece ambas possibilidades.
Na verdade, as ferramentas de simulação tipicamente geram representações in-
ternas dos esquemas desenhados a partir de uma conversão prévia do esquema para
uma descrição textual designada por netlist. Este processo corresponde à extração
do esquemático e é a partir da interpretação da netlist que o simulador cria o sis-
tema de equações. Além da indicação dos componentes, dos respetivos parâmetros e
suas interligações, a descrição do circuito também deve incluir um conjunto de dire-
trizes para controlar a simulação (precisão, método de integração, ...), definir o tipo
de simulação a realizar (dc, temporal, frequência, ...), bem como para especificar o
formato das grandezas elétricas pretendidas. Os resultados de simulação podem ser
1
Modelos de simulação elétrica são representações matemáticas (ou simbólicas) parametrizáveis,
com ou sem significado fı́sico, que relacionam as tensões e correntes no dispositivo elétrico (e.g. o
modelo de uma resistência ideal é v = R i e o parâmetro do modelo é o R) e que se destinam a uma
resolução numérica por computador. O modelo é tanto melhor, quanto melhor for a sua previsão
numérica do real, na presunção de que as condições de funcionamento em ambiente de simulação
são semelhantes (réplicas virtuais — modelo) às reais.

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2 LTspice

Netlist gerada pelo LTspice


(com adição de comentários)
* Amplificador *

* A primeira linha é ignorada pelo simulador.


* O LTspice usa a primeira linha para nome e caminho do ficheiro.
* O texto à direita do * é ignorado (comentário).
* O comentário a meio de uma linha começa com ;

G1 vo vx vw vx 0.2 ; Fonte de corrente controlada por tens~


ao
R1 vo 0 10k ; Resist^
encia
R2 vx 0 470
R3 vw vx 1.2k
R4 vs vw 50
V1 vs 0 1 ; Fonte de tens~
ao independente
.backanno ; diretriz do LTspice
.end ; Fim de descriç~
ao.

(a netlist tem sempre de terminar com .end)

Figura 1: Exemplo de um esquema elétrico criado no LTspice e respetiva netlist aı́ obtida.

apresentados na forma de texto (e.g. a sequência de valores que definem a forma de


onda de um sinal) ou gráfica.
Os componentes principais disponı́veis para construir um circuito são resistências,
condensadores, indutâncias, fontes de corrente e de tensão dependentes ou indepen-
dentes, linhas de transmissão e dispositivos semicondutores. Nestes incluem-se os
dı́odos, transı́stores bipolares de junção (BJT) e de efeito de campo (FET). Modelos
comportamentais de outros dispositivos (e.g. amplificadores operacionais) podem
ser construı́dos combinando e parametrizando convenientemente estes componen-
tes. Do mesmo modo, outras funções podem ser realizadas tirando partido das suas
caracterı́sticas funcionais. (Por exemplo, um amperı́metro pode obter-se inserindo
uma fonte de tensão independente de valor nulo no ramo onde se pretende efetuar
a medição e especificando como grandeza a observar a corrente nessa fonte.)

2 LTspice
O LTspice é uma ferramenta de software SPICE para simulação de circuitos
elétricos que incorpora captura de esquemático e visualização gráfica de formas
de onda. O software é disponibilizado gratuitamente pela Analog Devices, Inc.
(ADI) e existe para duas plataformas: Windows e Mac OS X. Para os sistemas baseados
em Linux pode ser instalada a versão Windows com recurso à aplicação Wine. Na
figura 1 apresenta-se um exemplo de desenho de um esquema elétrico, justaposto
com a representação textual equivalente.

2.1 Netlist
A descrição textual do circuito a simular e as diversas diretrizes necessárias ao
controlo da simulação são definidas num ficheiro de formato texto. À descrição
textual chamamos netlist. Este ficheiro é gerado automaticamente pelo LTspice
segundo o esquema do circuito que é desenhado na plataforma. Em alternativa, o
utilizador tem a possibilidade de construir o ficheiro recorrendo a um qualquer editor
de texto. No ambiente LTspice este ficheiro deve ter como extensão xxx.asc. O
ficheiro netlist contém toda a informação sobre o circuito a simular, podendo facil-

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Introdução Sintética à Simulação de Circuitos Elétricos com o LTspice

mente ser utilizado por diferentes ferramentas de software com fins diversos, mesmo
entre simuladores de diferentes plataformas, representando um beneficio muito rele-
vante em termos de portabilidade.
Caso decida descrever o circuito via ficheiro netlist, atente que a primeira
linha do ficheiro é sempre ignorada, sendo habitualmente utilizada para identificar o
circuito editado, no exemplo da figura 1 — * Amplificador *. Embora o sı́mbolo *
não seja necessário para o caso particular da primeira linha do ficheiro, em todas as
restantes linhas, se esta começar por *, tudo à sua direita é considerado comentário
(é ignorado quando o simulador interpreta o conteúdo do ficheiro). Comentários a
meio ou nos finais de linha são precedidos de ; (e não *).
Cada linha do texto define um componente ou elemento de circuito, como este é
interligado no contexto do circuito e diretrizes. A linguagem de descrição é interpre-
tada e segue uma sintaxe muito simples. A primeira letra de cada linha referencia
o tipo de elemento e o seu sufixo identifica o elemento de forma inequı́voca no seio
do circuito. Contudo, se a linha iniciar por um ponto (como .backanno ou .end na
figura 1), então trata-se de uma diretriz (controlo ou tipo de simulação). Na tabela
1 são apresentados alguns exemplos de diferentes elementos e respetiva sintaxe. É
um bom exercı́cio observar a figura 1 e fazer a correspondência com a sintaxe listada
na tabela 1. Note que foram dados nomes (etiquetas — labels) aos nós no esquema
que, naturalmente, têm correspondência na netlist gerada. Caso se escuse de dar
nomes aos nós, o LTspice fa-lo-á de forma automática (o nome começa sempre por
N seguido de um valor numérico de sequenciação como sufixo). É bom realçar que
o nó de referência global (a massa, como vulgarmente designamos) é pré-definido e
representado por 0 (zero), como poderá extrapolar da figura 1. Note que um nó
com a designação de 00 é um nó diferente do nó 0. Se se iniciar o nome de
um nó por $G então esse nó é assumido na netlist como global (e.g. $G VDD).
O sistema de representação numérica de <Valores> será discutido um pouco
mais à frente. Para uma referência mais exaustiva da sintaxe, consulte o manual
disponibilizado pelo LTspice no menu Help.

Tabela 1: Alguns exemplos de elementos elétricos e sintaxe. O SPICE é insensı́vel a letras


maiúsculas ou minúsculas. Na coluna sintaxe, n deve ler-se “nó” (corresponde ao terminal de
ligação do elemento).

Descritor Elemento Sintaxe


R Resistência R<id> n1 n2 <Valor>
C Condensador C<id> n+ n- <Valor>
L Indutor L<id> n+ n- <Valor>
V Fonte de Tensão independente V<id> n+ n- <Valor>
I Fonte de Corrente independente I<id> n+ n- <Valor>
E Tensão controlada por tensão E<id> n+ n- nc+ nc- <Ganho>
G Corrente controlada por corrente G<id> n+ n- nc+ nc- <Ganho>
M MOSFET M<id> nd ng ns nb <Modelo>
[W=<Valor>] [L=<Valor>] [· · ·]

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2.2 Edição de esquemático

2.2 Edição de esquemático

Praticamente tudo o que necessita para editar o esquema elétrico é obtenı́vel na


barra de ferramentas indicada na figura 2. Muitos dos comandos podem também
ser encontrados nos menus, ou clicando o botão direito do rato numa zona vazia da
Novo esquema
área de desenho.

Abrir ficheiro Gravar ficheiro


Figura 2: Barra de ferramentas.

2.2.1 Criar, abrir ou guardar um esquema de circuito elétrico

Os primeiros botões definem a criação de um novo esquema, abrir um existente


ou gravar o presente, conforme indicado na figura 3. Ao fazê-lo, ativam-se uma série
de botões da barra de ferramentas.

Novo esquema

Abrir ficheiro Gravar ficheiro

Figura 3: Criar novo esquema e ação sobre ficheiros.

2.2.2 Desenho do esquema de circuito

Para desenhar o esquema do circuito, selecione sucessivamente os diferentes ele-


mentos disponı́veis. Sempre que seleciona um componente e o posiciona no local
pretendido da área de trabalho, premindo o botão esquerdo do rato, uma nova cópia
do elemento será automaticamente ativada. Para desativar e escolher outro ele-
mento, ou para qualquer outra ação, basta premir a tecla ESC do teclado.
A figura 4 mostra onde pode encontrar diferentes elementos (componentes).
Depois de dispor os diferentes componentes na área de trabalho, estes deverão
ser interligados por fios para completar o esquema. Se, entretanto, pretender in-
terpor um componente numa ligação já pré-existente, bastará arrastar e pousar o
componente em cima do fio. O LTspice encarregará-se-á de quebrar o fio e de ligar
o elemento corretamente. Estão ainda disponı́veis uma série de outras ferramentas
de auxı́lio à edição do desenho, conforme pode identificar na figura 4.

Todos os Componentes
GND Adicionar texto
Iniciar Simulação Modo de Apagar Label Arrastar

Diretriz SPICE

Suspender Simulação Controlo de Zoom Procurar


Fios de ligação Componentes: undo Rodar
Resistência redo Espelhar
Condensador
Mover
Indutor
díodo

Figura 4: Descrição das ações principais obtida na barra de ferramentas.


Novo esquema

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Abrir ficheiro Gravar ficheiro
Introdução Sintética à Simulação de Circuitos Elétricos com o LTspice

(a): Janela de seleção de compo- (b): Instanciação de resistência (c): Fonte de tensão independente.
nentes. (iniciar escrita de res na caixa de
texto ou selecionar da lista).

(f): Mais exemplos de nomes de


componentes.
Nome Componente
cap Condensador
ind Indutor
e fonte de tensão
controlada por
tensão
current Fonte de corrente
independente
diode Dı́odo
nmos4 MOSFET canal n
(4 terminais)
(d): Fonte de corrente controlada (e): Fonte de corrente controlada pmos4 MOSFET canal p
por tensão (ver chamada na caixa por tensão com a polaridade de (4 terminais)
de texto). controlo invertida face à anterior. npn BJT NPN
pnp BJT PNP

Figura 5: Busca de componentes ou elementos

Ative o botão component para aceder a outros componentes (todos os componen-


tes na figura 4). Será aberta uma nova janela, como aquela representada na figura 5a,
a partir da qual poderá selecionar os componentes desejados (vários exemplos na
figura 5).
Mais uma vez, para sair do modo de instanciação de componentes, ou
de qualquer outro estado de ação, basta premir a tecla de ESC.

2.2.3 Parametrização dos elementos

Cada elemento ou dispositivo no esquema contém um ou mais parâmetros que


devem ser acedidos e alterados, principalmente aqueles que não possuem valores
por defeito. Por exemplo, a resistência tem por defeito o valor R. Se tentar simular
será reportado um erro uma vez que o valor tem de ser definido numericamente (já
agora, é possı́vel definir o valor sob a forma de variável). Tomando a resistência como
exemplo, prima o botão direito do rato sobre o componente (o apontador do rato
transforma-se numa mão com os dedos polegar e apontador proeminentes). Surgirá
a janela de propriedades do componente, tal como representado na figura 6a, onde
poderá inserir o valor pretendido ou, alternativamente, definir o valor por seleção
numa lista, conforme indica a figura 6b. Cada componente tem a si associado
diferentes janelas com propriedades diversas.

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2.2 Edição de esquemático

(b): Ao premir o botão Select


(a): Janela de alteração de Resistor pode selecionar o valor a
parâmetro. Editar o valor R na partir de uma lista.
caixa para um valor numérico (e.g.
10k). Pode também definir uma
tolerância (erro de fabrico) e a
máxima potência ativa que a re-
sistência pode suportar antes de
“queimar”.

Figura 6: Busca de componentes ou elementos

2.2.4 Sistema de representação numérica

Os valores numéricos das grandezas associadas aos diferentes parâmetros dos


elementos de circuito podem ser expressos em notação cientı́fica, ou de engenharia
pelo acréscimo de sufixos aos valores numéricos (prefixo da unidade) que definem
a ordem de grandeza (fator de multiplicação) do valor numérico representado. Por
exemplo, uma resistência de 10.5 kΩ pode ser representada como 10.5e3, 10500,
ou 10.5k, todos são equivalentes a 10.5 × 103 (é possı́vel indicar o valor na forma
10k5, onde o fator multiplicativo assume também o papel de separador decimal, mas
convém verificar se esta opção está ativa na configuração). Note que o separador
decimal é definido por um ponto e não por virgula. Os diferentes fatores de
multiplicação estão listados na tabela 2.

Tabela 2: Sufixos e ordens de grandeza correspondentes.

Sufixo Fator de Mult.


T ou t tera = 1012
G ou g giga = 109
Meg mega = 106
K ou k kilo = 103
Mil ou mil mil = 25.4 × 10−6
m ou M milli = 10−3
u ou U (ou µ) micro = 10−6
n ou N nano = 10−9
p ou P pico = 10−12
f ou F femto = 10−15
a ou A ato = 10−18

2.2.5 Atribuição de etiquetas (Labels) aos nós

Tal como referido anteriormente, caso não se fixem nomes para os nós do cir-
cuito, o LTspice encarrega-se de o fazer. Mas para facilitar a leitura do circuito e

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Introdução Sintética à Simulação de Circuitos Elétricos com o LTspice

Figura 7: Janela para associar um nome a um determinado nó. A massa (GND) é um nó muito
relevante (é global) e tem a si associada um sı́mbolo especial, o COM não tem grande significado e a
caixa permite editar um nome a nosso gosto. É possı́vel também definir que o nó a designar é um
porto e pode-se determinar de que tipo se trata: se é de entrada, saı́da ou bidirecional. Se o nó é
do tipo porto, ou não, é irrelevante para a netlist, a distinção apenas permite uma leitura mais
fácil do esquema. Há, no entanto, ferramentas que podem utilizar esta informação para verificar
regras elétricas, por exemplo, poderá não fazer muito sentido ligar entre si dois portos que são
ambos saı́das.

a sua organização, bem como possibilitar uma rápida identificação dos nós que são
relevantes analisar, é muito importante que se dê um nome escolhido pelo utilizador,
principalmente àqueles mais essenciais. Note que se a dois fios que não estão
ligados no desenho do esquema do circuito, lhes for atribuı́do o mesmo
nome, então esses fios ficam eletricamente curto-circuitados (são o mesmo
nó do ponto de vista da netlist). Pode verificar quais fios estão eletrica-
mente ligados destacando um deles. Prima o botão direito do rato sobre
o fio a verificar e escolha Highlight Net, na sequência todas as ligações comuns
serão realçadas com uma cor predefinida.
Para dar um nome aos nós do circuito, prima o botão correspondente na barra
de ferramentas (figura 4), daı́ surgirá uma janela de dialogo como aquela indicada na
figura 7. Após o OK, bastará arrastar a Label e fixar a respetiva âncora (o quadrado
azul) ao fio que se pretende dar o nome. Em alternativa, pode também posicionar
o ponteiro do rato sobre o fio que pretende dar nome e, premindo o botão direito,
selecionar Label Net.

Tabela 3: Tipos de simulação.

Tipo de Simulação Tipo de Análise


transient Análise temporal, respostas
de amplitude/tempo
AC Análise de pequeno sinal
DC Análise dc com varrimento
Noise Análise de comportamento
com ruı́do
DC Transfer Análise de Func. Tranf. DC
DC op Ponto de operação DC com
sinal nulo

Figura 8: Janela com os tipos de


análise.

2.3 Diretrizes de simulação e visualização de resultados


Após concluı́do o desenho, não é ainda possı́vel correr a simulação e observar
resultados, uma vez que não foi dada qualquer indicação ao LTspice sobre qual o
tipo de análise que se pretende obter. O simulador disponibiliza seis tipos diferentes

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2.3 Diretrizes de simulação e visualização de resultados

de análise e que pode aceder no menu principal, em Simulate → Edit Simulation


Cmd. A janela de dialogo indicada na figura 8 abre e a tabela 3 lista os tipos de análise
aı́ disponı́veis.

2.3.1 Ponto de operação

O ponto de operação, diretriz .op, apenas simula a resposta do circuito para dc.
Ao conjunto de tensões e correntes que daqui resulta também se designa frequente-
mente por ponto de funcionamento estático (PFE), ou em repouso, do circuito. Se
a este estiver associado uma ou mais fontes independentes de sinal temporal (e.g.
sinusoidal), o valor dc assumido em .op será o correspondente à amplitude dos sinais
em t = 0 s.
Selecionando o DC op pnt na janela de diretrizes da figura 8, observa-se o in-
dicado na figura 9a e, premindo OK, podemos agora fixar a dita diretriz no espaço
de trabalho, conforme indica a figura 9b. Antes de simular, convém definir pri-
meiro o valor de tensão da fonte V1, alterando as suas propriedades, neste caso, para
1 V. Agora sim, premindo o botão para correr a simulação (figura 4) obteremos o
resultado indicado na figura 9c.
A simulação do tipo .op apenas lista os valores resultantes da simulação, nome-
adamente, as tensões nos nós e correntes nos componentes. Pode optar por colocar
uma etiqueta no fio com a indicação do respetivo resultado de simulação. Para esse
fim, clique com o botão direito do rato no fio e escolha Place .op Data Label; o
respetivo resultado será mostrado no esquema como uma etiqueta.
A simulação .op é o equivalente virtual de ensaios em laboratório recorrendo a
medições de tensão e corrente com voltı́metros e amperı́metros, respetivamente, em
modo dc.

(a): Janela de seleção do ponto de (b): Esquema da figura 1 com a (c): Resultado da simulação.
operação. diretriz .op adicionada.

Figura 9: Adição de uma análise de PFE e respetiva resposta simulada.

2.3.2 Análise transitória

Este tipo de análise tem como objetivo simular o comportamento de um circuito


no domı́nio temporal e pode ser selecionada na opção Transient da janela de di-
retrizes (figura 8). A análise transitória (transient) representa o equivalente virtual
dos testes e medições feitas em laboratório, com os circuitos sujeitos a excitações
vindas de geradores de sinal e visualização de resultados em osciloscópio. A opção

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Introdução Sintética à Simulação de Circuitos Elétricos com o LTspice

Transient tem a forma representada na figura 10a. Bastará indicar o tempo de


simulação (segundo a figura 10b, optou-se por 1 ms).
Note o que acontece ao .op quando a diretriz .tran é agora adicionada ao espaço
de trabalho (figura 10c); o ponto de operação é comentado, portanto, será ignorado
na simulação. Na verdade, o LTspice não permite correr mais do que um tipo
de simulação a cada passo, embora muitas outras ferramentas SPICE o permitam.
Contudo, estando presente uma análise .tran na netlist, é o valor da fonte de
excitação em t = 0 s quem define o seu valor no cálculo do PFE, sobrepondo-se ao
.op. Isto é particularmente relevante numa análise .ac.

(a): Janela de seleção de análise (b): Análise transitória de 1 ms. (c): Esquema da figura 1 com a di-
transitória. retriz .tran adicionada.

Figura 10: Adição de uma análise transitória.

Para adicionar sinal ao circuito, temos de ativar novamente as propriedades da


fonte de tensão independente, selecionar Advanced e escolher um dos tipos de sinal
disponı́veis. No exemplo da figura 11a, será uma sinusoide com 2 V de valor médio
(dc), 1 V de amplitude e 10 kHz de frequência. Depois do OK, deverá posicionar a
função na área trabalho (figura 11b).

(a): Definição de um sinal sinusoidal. (b): Análise transitória de 1 ms.

Figura 11: Configuração de simulação transitória com sinal sinusoidal.

2.3.3 Visualização dos resultados de uma análise transitória

Após a simulação, os resultados obtidos são apresentados na forma indicada na


figura 12a. Na janela de cima pode escolher um novo sinal (traço) a adicionar e,
para o efeito, se arrastar o ponteiro do rato para o fio, este transforma-se num ı́cone
de probe e, clicando, o sinal será adicionado (vs na figura 12b). Podemos também
observar a corrente. Repetindo o procedimento no fio, mas agora premindo a tecla
Alt, ou passando o apontador do rato por cima do componente, o ı́cone transforma-
se numa probe de corrente. Após a seleção, a corrente no ramo (ou melhor, do
componente no ramo) é adicionada — figura 12c.

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2.3 Diretrizes de simulação e visualização de resultados

(a): Visualização do sinal em vo. (b): Adição do sinal em vs..

(c): Corrente no ramo de R1.

Figura 12: Resultado da simulação transitória.

(a): Adição de um novo painel gráfico. (b): Adição de um novo sinal —


Neste exemplo o sinal é a expressão
abs(vo) − 5.

(c): Resultado da expressão.

Figura 13: Adição de novos painéis, traços (sinal) e expressões.

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Introdução Sintética à Simulação de Circuitos Elétricos com o LTspice

Passando com o rato pela janela do gráfico e premindo o botão direito acede
a mais opções que permitem editar os gráficos, adicionar sinais (traços), definir
expressões com sinais, alterar escalas, formatar, etc... Pode consultar a lista de
expressões que podem ser aplicadas aos sinais no menu Help → Help Topics →
LTspice XVII → Waveform Viewer → Waveform Arithmetic.
A figura 13 mostra um exemplo de como proceder para gerar um novo painel
gráfico e visualizar o resultado de uma expressão aplicada ao sinal vo. Com o apon-
tador do rato sobre o painel gráfico, premir o botão direito →Add Plot Pane. Um
novo gráfico, ainda vazio, é adicionado conforme a figura 13a apresenta. Repetindo
o processo, agora sob o novo gráfico vazio (figura 13a) →Add Traces abre uma
nova janela, tal como indica a figura 13b. Pode agora editar a expressão desejada
(se selecionar o sinal da lista, este será adicionado à caixa de edição) e, finalmente,
obtém-se o resultado depois do OK (figura 13c).
Se pretender alterar escalas, selecione a opção adequada em View após premir o
botão direito do rato no espaço gráfico. As ferramentas de zoom também podem ser
utilizadas para uma melhor visualização.
Por fim, pode adicionar cursores para medição sobre os gráficos. Basta clicar no
nome do traço que se encontra no topo de cada gráfico.

3 Conclusão
Este documento não pretende ser uma referência exaustiva sobre o LTspice, mas
contém o essencial para iniciar a simulação em SPICE. Deve sempre complementar
a informação aqui presente com o manual disponı́vel no Help do LTspice. Toda-
via, muitas das referências relativas aos métodos de simulação aqui descritos são
transversais a outras ferramentas de simulação baseadas em SPICE.
Finalmente, é sempre bom consultar o ficheiro .log que o LTspice gera após
cada simulação, encontra aı́ a informação sobre como esta correu e o registo de
eventuais erros.

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