Eletroestética Facial

Bases da Eletroterapia
 Sumário
Desenvolvimento do material Bases da Eletroterapia
Denise Macharete Vieira da Rocha e Kassia Hellen da Silva
Ahmad Para Início de Conversa... ................................................................................ 3
1. Fundamentos da Eletroterapia ................................................................. 3
1ª Edição 2. Classificação das Correntes Elétricas ..................................................... 9
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3. Principais Efeitos das Correntes Elétricas ............................................. 12
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Para Início de Conversa...
As bases da eletroterapia são tão importantes que vão se repetir em
Eletroterapia Corporal e em qualquer outro momento em que seja pedido
seu conhecimento em eletroterapia, pois esta fundamenta corretamente
tudo o que é importante para uma boa aplicação prática desses recursos.
Neste primeiro momento, serão abordados os princípios relevantes
da biofísica, como: intensidade, potência e frequência, assim como os
seus efeitos fisiológicos e terapêuticos, além dos tipos de correntes
aplicadas e as formas de pulso usadas nas principais correntes. Por que
é importante se apoderar desses saberes? A partir do momento em que
se tem conhecimento do que é a eletroterapia e os efeitos que ela causa
no organismo humano, tem-se um ponto de partida para criar uma
noção de onde deve ser aplicada, nos procedimentos estéticos. De que
adianta a cliente ter queixas sobre acne e melasma, por exemplo, se
não compreende o benefício real da eletroterapia? Deve-se, portanto,
levar em consideração que o paciente não escolhe o recurso, mas, sim,
o profissional, a partir do momento em que se realiza uma consulta
estética.
Eletroestética Facial
1. Fundamentos da Eletroterapia
Antes de fundamentá-la, vamos compreender o que é a eletroterapia.
A eletroterapia consiste na aplicação de energia eletromagnética no
organismo (de formas diferentes), com o principal objetivo de produzir
sobre ele reações, principalmente fisiológicas e terapêuticas.
Breve Histórico sobre a Eletricidade
Tales de Mileto, no século VII A.C., conhecia a propriedade apresentada
pelo âmbar amarelo (no caso, uma resina fóssil, de cor amarela, muito
utilizada em joalheria e ornamentação), que era capaz de atrair corpos
leves quando atritado por um pano (no caso, a lã).
Daí, a origem da palavra eletricidade; pois,
em grego, elektron significa âmbar.
A eletricidade é a parte da Física que
estuda as manifestações elétricas
e é dividida em: eletrostática e
eletrodinâmica.
Eletrostática
A eletrostática é a parte da
eletricidade que estuda as propriedades
e o comportamento das cargas elétricas
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em repouso ou que estuda os fenômenos do equilíbrio da eletricidade
nos corpos que, de alguma forma, tornam-se carregados ou eletrizados. Estrutura do átomo
Em alguns recursos da eletroterapia, conhecer a química geral é
importante, para uma melhor aplicação do aparelho. Mas, a fim de
Nêutron
Núcleo
termos uma melhor compreensão, vamos a uma breve revisão.
Próton
Conforme é aprendido nos tempos de colegial, o átomo é o componente
de toda a matéria.

E o que é a matéria? É tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no

espaço, ou seja, tem volume (exemplo: plástico, madeira, água etc.). Toda
matéria é constituída por átomos. Portanto, a
Elétron
terra, o universo e todos os seres vivos são
constituídos de átomos.

Átomo: é a menor porção da matéria,

ou seja, toda matéria é constituída
por minúsculas partículas chamadas
de átomos. Estes são formados por
duas partes fundamentais: o núcleo e
Figura 1: Estrutura do átomo. Fonte: Dreamstime.
a eletrosfera.
Núcleo: o núcleo é a parte central do átomo e é constituído por
prótons (partículas que têm massa e carga elétrica positiva) e nêutrons
(partículas que têm massa e não têm carga elétrica).

Eletroestética Facial 4
Elétrons: praticamente não possuem massa, pois a massa do elétron é
1.836 vezes menor que a massa do próton, sendo, portanto, desprezível.
Entretanto, os elétrons têm carga elétrica negativa e se distribuem nas
camadas eletrônicas de acordo com o número máximo de elétrons que
comportam cada camada.
desse esquema de íons será mais fácil de associar quando estivermos na
unidade 3, na qual o conteúdo abordado será sobre iontoforese, que fala
a respeito da permeação de íons.

Os elétrons giram ao redor do núcleo. Isso significa que existe uma

força que atrai os elétrons para esse núcleo. Essa força vem das cargas
elétricas que as partículas atômicas possuem:
PRÓTON – CARGA POSITIVA (+)
ELÉTRON – CARGA NEGATIVA (-)
NÊUTRON – CARGA NULA (0)

Com isso, verificou-se, enfim, que o átomo é o componente de toda a

matéria.

Ainda falando sobre um átomo, vamos pontuar sobre os íons:

Íons: um átomo pode ganhar ou perder elétrons da eletrosfera (espaço
existente em volta do núcleo, no qual giram os elétrons em órbitas
conhecidas por camadas eletrônicas), sem sofrer alterações em seu
núcleo, resultando, daí, partículas denominadas íons.
Quando um átomo ganha elétrons, ele se torna um íon negativo (ânion) e,
quando perde elétrons, torna-se um íon positivo (cátion). A compreensão
Eletrodinâmica
A eletrodinâmica é a parte da Física que estuda os corpos elétricos em
movimento. Para que os elétrons possam se deslocar de um lado para
outro, é necessário que uma força os impulsione. A essa força chamamos
de força eletromotriz e ela ocorre quando, em determinado material,
temos zonas com falta ou excesso de elétrons (Diferença de Potencial –
DDP).

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Diferença de potencial: apresenta-se como um desequilíbrio elétrico
existente entre os polos de um gerador. Unidade de medida: Volt (127
antes 110/220 Volts). Essa diferença de potencial é gerada a partir da
corrente elétrica.
Ela é caracterizada pelo fluxo ordenado de elétrons que são produzidos
quando existe uma diferença de potencial entre os extremos de um
condutor. Esse é o fenômeno físico em que os portadores de carga
elétrica, como os elétrons, são conduzidos pelo interior de algum
material em razão da aplicação de uma diferença de potencial elétrico.
Figura 2: Diferença de potencial. Fonte: Dreamstime.
Condutor: é todo corpo que conduz, rapidamente, a eletricidade. Os
tecidos do corpo humano são bons condutores devido à presença de
componentes salinos. A camada córnea, presente na pele, serve como
Eletroestética Facial
ligeira isolante; porém, quando molhamos, ou seja, umidificamos a
superfície cutânea, podemos vencer essa propriedade. Por essa razão,
veremos, em várias situações, o uso do gel de contato entre a pele do
cliente e o eletrodo.
Quando fazemos uso dos recursos eletroterápicos, precisamos saber o
que é um BOM CONDUTOR de energia. Nesse caso, os metais são bons
condutores, pois facilitam a passagem da corrente elétrica.
Figura 3: Exemplo de bom condutor. Fonte: Dreamstime.
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E o que seria um mau condutor de energia? A borracha é um mau Podem ser confeccionados com diversos tipos de material: alumínio,
condutor, pois dificulta a passagem da corrente elétrica. silicone, autoadesivo (gel) etc. Possuem várias formas de utilização: em
forma de placas quadradas, retangulares e redondas, colocadas sobre a
pele, podendo ser em forma de tubos, máscaras, canetas, entre outros.

Figura 4: Borracha, um exemplo de condutor ruim. Fonte: Dreamstime.

Ao aplicarmos a corrente na pele do cliente, utilizamos objetos

conhecidos como eletrodos. O que são os eletrodos? São excelentes
Figura 5: Exemplo de eletrodos. Fonte: Dreamstime.
objetos condutores, responsáveis por conduzir a corrente do aparelho ao
cliente.

Eletroestética Facial 7
 Os recursos eletroterápicos necessitam de uma programação adequada, a
fim de alcançarem um resultado favorável ao paciente. Para tal, fazemos
uso das unidades de medida. São elas: intensidade, frequência e potência;
e a tensão elétrica está relacionada com volts.
Intensidade: é classificada como o número de elétrons que circula por
meio de um condutor. Ela é mensurada em “amperes”, podendo ser
microampere (µA) ou miliampere (mA), sendo que sua intensidade está
relacionada com o depósito de energia.
Potência: é uma grandeza física que mensura a energia que está sendo
transformada na unidade de tempo, ou seja, mede o trabalho realizado
por uma determinada máquina na unidade de tempo, ou, ainda, a
quantidade de energia que esse circuito converte em outras formas de
energia, a cada segundo. A unidade de potência, no sistema internacional
de medidas, é o watt (W), em homenagem ao matemático e engenheiro
James Watts, que aprimorou a máquina a vapor. Na prática clínica,
usamos o (w/cm²) aplicado, geralmente, nos equipamentos de ultrassom.
Frequência: está relacionada ao número de ciclos por segundo. Sua
medida é em hertz (Hz), sendo relacionada à profundidade da corrente.
A frequência interfere no limiar sensitivo. Sendo assim, quanto maior a
frequência, menor será a percepção referida pelo cliente.
São exemplos de recursos de baixa frequência: (1- 1000Hz) as
microcorrentes, farádicas e a corrente galvânica. Exemplos de média
frequência: (1000-100.000 Hz) a corrente russa e australiana. Exemplos
de alta frequência: (100.000hz em diante) os recursos de ultrassom e de
alta frequência.
Porém, para uso dessas terapias, em determinados momentos, é
necessário fazer alterações, e, nesse caso, isso
é chamado de modulação. A modulação é
qualquer alteração que se faz na corrente
original. Pode ocorrer devido às variações
de largura e amplitude de pulso, da
frequência da corrente ou em trens de
pulso.
Exemplos de recursos que passam por
modulações: corrente russa, corrente
de média frequência, modulada em baixa
frequência.

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 Corrente alternada: quando a corrente é bidirecional, ou seja, seus
2. Classificação das Correntes Elétricas elétrons ora se deslocam em uma direção, ora em outra (isso acontece
As correntes elétricas são classificadas de algumas formas. Primeiramente, quando um gerador de corrente alternada origina uma troca contínua de
quanto ao seu tipo, podendo ser contínuas ou alternadas. polaridade nos extremos de um circuito). Seu gráfico possui duas fases
(positiva e negativa) e não possui efeitos polares.
Corrente contínua: quando a corrente é unidirecional, ou seja, seus
elétrons se deslocam em uma única direção (isso ocorre quando um
gerador pode manter os extremos de um circuito carregados como
negativo e outro, positivo).
I (A)

Outros exemplos de correntes do tipo alternada:

t (s)

A
Outros exemplos de correntes do tipo contínua:

Além do tipo, a corrente apresenta formas de pulso:

Elas podem apresentar várias formas de pulso (onda), das quais são
decorrentes as suas denominações. As formas de pulso mais comuns são:
contínua, triangular, retangular, senoidal etc.

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Contínua Senoidal

I (A) A

t (s)
Monofásicos: os pulsos podem ser monofásicos quando estão somente
Triangular em uma fase (positiva ou negativa) e dão origem a efeitos polares.

Exemplo:
I (A)

t (s)

Retangular
Bifásicos: quando se descrevem nas duas fases e não originam efeitos
polares.

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Acerca de sua natureza, os pulsos bifásicos podem ser: simétricos ou Exemplo de único:
assimétricos, contínuos ou únicos.

Exemplo de simétrico:

Nome Comercial das Correntes

Exemplo de assimétrico:
O nome comercial é o nome que a corrente recebe. Pode ser o nome da
pessoa que a descobriu ou o nome pode fazer referência à sua descrição.
Veja os exemplos de gráfico a seguir:

Corrente Galvânica

I (A)

Exemplo de contínuo:

t (s)

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Corrente Farádica Após todas essas informações, qual resumo podemos fazer sobre a
corrente elétrica? A corrente elétrica pode ser classificada em dois tipos:
contínua e alternada. Vale ressaltar que a contínua é caracterizada pelos
benefícios dos polos positivo e negativo. Já na corrente alternada, não é
possível fazer proveito dos polos.

Pensando nas formas de pulso, deve-se analisar da seguinte forma:

1º) desenhos: observar se são retangulares, senoidais, contínuos ou
Corrente Russa triangulares. 2º) observar se a fase representada no gráfico é monofásica
ou bifásica. 3º) analisar se esse gráfico é simétrico ou assimétrico (nesse
2.500Hz 2.500Hz
caso, só vale para bifásicos); e, por fim, 4º) analisar se é contínuo ou
único (sendo esse válido apenas para bifásicos).

ciclo 3. Principais Efeitos das Correntes Elétricas

O motivo de se fazer uso da corrente elétrica é devido aos efeitos
que a mesma causa no organismo humano, sendo estes fisiológico e
Microcorrentes
terapêutico, usados, de forma associada, nas disfunções faciais ou não.

Vamos começar com o efeito térmico: é comprovado que, quando o

condutor percorrido pela corrente se aquece, ocorre o efeito joule. Ex:
chuveiro elétrico, ebulidor, forno de Bier.

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Efeito fisiológico: ocorre quando a corrente atravessa um organismo
vivo e atua no sistema nervoso, muscular etc. São exemplos desse efeito:
síntese de ATP (adenosina trifosfato), síntese de PTN (proteína), síntese
de colágeno, ação no sistema linfático, transporte ativo de aminoácidos,
aumento no transporte ativo de membrana, aumento no aporte
sanguíneo.
Efeito terapêutico: ele acontece como resposta aos efeitos fisiológicos.
Ex: reparação tecidual, analgesia, anti-inflamatório, bactericida,
resolução de edema.
Efeito químico: a corrente altera a composição química de algumas
substâncias. Ex: eletrólise. Esse efeito será abordado melhor na terapia
com a corrente galvânica, que será vista mais adiante.
tradicional e amplia a possibilidade de tratamentos quando estes são
associados, de maneira inteligente, com a cosmetologia, sustentados,
ainda, por um bom conhecimento de fisiologia.
Referências
GUYTON, A. C. Fisiologia Humana. [S.l.]: Guanabara, 1996.
KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia de Clayton. 10 ed. São Paulo: Manole,
1998.
SALGADO, A. S. I. Eletrofisioterapia – Manual Clínico. Londrina: Midiograf,
1999.

Não se assuste: fazer uso da eletroterapia vai muito além de usar um

equipamento na pele da paciente; vai muito além da prática clínica.
A fim de se obter resultado nos procedimentos, é preciso conhecer as
bases e os princípios da eletroterapia. Isso porque é por meio desse
conhecimento que, daqui em diante, você irá agregar informações
relevantes sobre o que é cada equipamento, quais efeitos possuem
na pele e, principalmente, quais condutas de tratamento associar.
Parâmetros como intensidade, frequência, todos esses dados você
encontrará nos equipamentos. Leia esse conteúdo quantas vezes for
necessário, pois a prática da eletroterapia aplicada na estética é algo

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