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FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

BACHARELANDOS EM DIREITO 2020

O ASSÉDIO MORAL SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL E PENAL

SÃO PAULO
2020
1-Antônio Lucas Luan Souza Morais-------------------------------------------- RA:201000608
2-Carlos Eduardo Conceição------------------------------------------------------RA:192001017
3-Edson Evangelista de Mello Junior------------------------------------------- RA:192000576
4-Helbert Casagrande dos Santos----------------------------------------------- RA:192000637
5-Johnny Paiva Camargo---------------------------------------------------------- RA:192000655
6-Jonas de Almeida Silva---------------------------------------------------------- RA:192000589
7-Maxwel Ferreira Azevedo------------------------------------------------------- RA:192000643
8-Tatiana Uehara--------------------------------------------------------------------- RA:172000690
9-Wagner Antonio Rodrigues----------------------------------------------------- RA:192000995
BACHARELANDOS DO CURSO DE DIREITO 2020

O ASSÉDIO MORAL SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL E PENAL

​TRABALHO INTEGRALIZADO ORIENTADO APRESENTADO


A BANCA EXAMINADORA DA FACULDADE CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE COMO EXIGÊNCIA PARCIAL PARA
OBTENÇÃO DE NOTA SOB ORIENTAÇÃO DO PROFº
MS.PAULO HENRIQUE CAMARGO RINALDI.

SÃO PAULO
2020
BACHARELANDOS EM DIREITO 2020

O ASSÉDIO MORAL SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL E


PENAL

BANCA EXAMINADORA DA FACULDADE CARLOS


DRUMMOND DE ANDRADE

PROFº MS. ORIENTADOR PAULO HENRIQUE RINALDI

AVALIAÇÃO DA BANCA

DATA -----/-----/-----
NOTA ------/-----/-----

FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


SÃO PAULO
2020
Dedicamos este trabalho aos nossos queridos mestres desta faculdade,aos
familiares e amigos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos a Deus que em todo tempo é o maior mestre que


podemos ter, em especial ao nosso professor orientador MS. Paulo Henrique que
nos orientou nessa empreitada não apenas racional mas, na manifestação do
caráter e afetividade não apenas em nos ensinar mas,por nos fazer aprender.
agradecemos todos nossos professores. A palavra mestre nunca fará justiça aos
nossos professores que sem nominar tem nossos eternos agradecimentos.

“​A moral consiste em fazer os instintos simpáticos sobre


os impulsos egoístas”.
Auguste Comte
RESUMO

O presente trabalho busca o entendimento do assédio moral dentro do ordenamento


jurídico brasileiro, se atendo especificamente ao direito constitucional e penal.
entende-se que a atual legislação brasileira ainda é deficiente na árdua busca por
justiça no que tange o assédio moral,uma das ferramentas muito importante que
os operadores do direito usam como amparo é a jurisprudência.
No direito constitucional vem amparado nos princípios como o princípio da dignidade
da pessoa humana , princípio da legalidade, princípio da igualdade e princípio da
intimidade.
É importante citar que o assédio moral é muito comum no ambiente de trabalho e a
importância dos sindicatos na conscientização para prevenir tal prática e também
atentar que nem tudo configura assédio moral.
O direito penal trata que embora ainda não tipificado traz em seu contexto a
injúria,calúnia e difamação que estão expressamente previsto no código penal
brasileiro tratando também de matéria de preconceito.

Palavras Chave: ​assédio moral,preconceito, princípios,jurisprudência,calúnia,


difamação.
ABSTRACT

This paper seeks to understand moral harassment within the Brazilian legal system,
paying particular attention to constitutional criminal law.
it is understood that the current Brazilian legislation is still deficient in the arduous
search for justice with regard to moral harassment, one of the very important tools
that the legal operators use as protection is the jurisprudence.
No constitutional right is supported by principles such as the principle of human
dignity, the principle of legality, the principle of equality and the principle of intimacy.
It is important to mention that harassment is very common in the workplace and the
importance of the union in raising awareness to prevent such practice and also to
note that not everything constitutes moral harassment.
Criminal law treats that although not yet typified, it brings in its context the injury,
slander and defamation that are expressly provided for in the Brazilian penal code,
also dealing with prejudice.

Keywords: ​moral harassment, prejudice, principles, jurisprudence, slander,


defamation.
SUMÁRIO

RESUMO------------------------------------------------------------------------------------------------07
INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------10
CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA---------------------------------------------------------11
1.1 Breves relatos históricos------------------------------------------------------------------------11
1.2 Conceito de assédio-----------------------------------------------------------------------------12

CAPÍTULO 2- TIPOS DE ASSÉDIO--------------------------------------------------------------13


2.1 Assédio moral e suas formas------------------------------------------------------------------13
2.2 O que não caracteriza assédio----------------------------------------------------------------13
2.3 Assédio no ambiente de trabalho-------------------------------------------------------------14
2.4 Prevenção ao assédio pelo sindicato--------------------------------------------------------17

CAPÍTULO 3- DIREITO CONSTITUCIONAL--------------------------------------------------18


3.1 O assédio moral e os princípios constitucionais------------------------------------------18
3.2 Princípio da legalidade--------------------------------------------------------------------------19
3.3 Princípio da igualdade---------------------------------------------------------------------------21
3.4 Princípio da dignidade da pessoa humana-------------------------------------------------23
3.5 Princípio da intimidade--------------------------------------------------------------------------26

CAPÍTULO 4- DIREITO PENAL-------------------------------------------------------------------28


4.1 Assédio Moral na legislação brasileira------------------------------------------------------28
4.2 Constrangimento ilegal--------------------------------------------------------------------------31
4.3 Calúnia,injúria e difamação--------------------------------------------------------------------32
4.4 Preconceito-----------------------------------------------------------------------------------------33
Conclusão-----------------------------------------------------------------------------------------------35
Referências bibliográficas---------------------------------------------------------------------------36
10

INTRODUÇÃO

Este trabalho trata da problemática de identificar e prevenir o assédio moral,traz um


conceito histórico apresentando suas formas e características, foi feita uma análise
na legislação e identificou-se que o assédio moral está presente em todos os eixos
da sociedade.
todavia o presente trabalho delimitou-se na legislação constitucional e penal,claro
que foi feita uma análise no ambiente de trabalho que é a área mais comum para tal
prática.
O direito constitucional mostra nitidamente que o assédio moral viola em alto grau
vários princípios fundamentais da nossa vigente carta magna.
O direito penal mostrou como é possível penalizar o agente que pratica tal ato,muito
embora não havendo uma legislação específica em nosso ordenamento jurídico são
apresentados projetos existentes para taxar como crime esse delito.
11

CAPÍTULO 1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Desde os tempos de escravidão o assédio moral no Brasil permanece, pois se


voltarmos um pouco na história lembraremos que os escravos eram submetidos a
uma condicão deplorável e humilhante de assédio,que sofriam intensos terror
psicológico,com condições de trabalho torturantes,marcados pela desigualdade e
perseguições,sem contar que suas familias eram vendidas e ainda sofriam castigos
severos os levando muitas das vezes a morte.

Apesar do fim da escravidão,os imigrantes que chegavam ao Brasil sofriam como


escravos,eram alojados em senzalas e sofriam de uma pratica violenta e muito
comum que era o assédio moral e sexual.

1.1- Breve relato histórico

O mundo moderno trouxe várias mudanças no sistema da sociedade no que diz


respeito a aspectos políticos ,econômico,cultural e jurídico.E essas mudanças fez
com que os indivíduos da sociedade tivesse uma nova visão do que é moral.​1

É importante ressaltar, que na esfera jurídica a moral é apenas uma das fontes
materiais no ramo do direito para nortear a regulamentação da conduta humana.

Durante a revolução industrial, a relação de trabalho era tutelada por empregado e


empregador, no início do século XX a visão que se tinha era contrária a preservação
de uma unidade econômica e apenas se tutelava o instrumento de produção de
riqueza.

1
Moral: relação de valores e bons costumes
Dicionário escolar da língua Brasileira. pág.877
12

Nossa carta magna vigente trouxe em seu ordenamento os princípios fundamentais


para instituir o estado democrático de direito,que traz como alguns de seus
princípios a dignidade da pessoa humana.A Constituição federal assegura no art 5º
inc V e X a indenização no caso de violação dos direitos à vida,intimidade,honra e
imagem da pessoas,é o que positiva a lei:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;

1.2- Conceito De Assédio

A tarefa de identificar o assédio não é fácil,de tal maneira que se faz necessário
conceituar os requisitos para sua conceituação.
O assédio moral é uma prática intencional contra alguém de forma hostil e
humilhante ,que ocorre em várias áreas da sociedade ,mais comum no ambiente de
trabalho,escola,e até no próprio ambiente familiar resultando em um abalo à saúde
física e psicológica da vítima assediada.
normalmente essa prática e destinada a pessoas hierarquicamente inferiores.É
importante destacar que esse tipo de assédio decorre por certo tempo e frequência.
Para que seja configurado assédio existem é necessário a existência de alguns
requisitos:
repetição
frequência
intenção do assediador
ato de hostilidade,abuso,existência ou não
ambiente determinado
objetivos de assediador
impedir a expressão da vítima
prejuízo a saúde da vítima
isolamento e desconsideração da vítima
13

CAPÍTULO 2 TIPOS DE ASSÉDIO

2.1- Assédio moral e suas formas

O assédio moral pode ocorrer na modalidade individual ou coletiva, assim cometido


por um ou mais indivíduos, Também podendo ser vertical ou horizontal,feminino ou
masculino, profissional ou familiar, patológico ou estratégico,descendente ou
ascendente, individual ou grupal. O assédio moral individual é cometido no caso por
apenas uma pessoa.
Diferente do coletivo, que são duas ou mais pessoas assediadoras. A forma coletiva
pode ser dividida em estratégica ou organizacional,transversal e mista,Estratégica
ou organizacional, normalmente são usadas pelas empresas para forçar o
trabalhador pedir demissão assim, custos gerados pelos pagamentos de verbas
rescisórias são diminuídos, Quando o assédio torna-se estratégia da empresa, tem a
denominação de bossing. A forma institucional caracteriza-se pela empresa fixar
metas absurdas para estes na transversal tem sua identidade por uma única pessoa
ser escolhida pelo grupo para se tornar a vítima do assédio.Com a união de todas
estas formas de assédio anteriores temos assim a forma mista.

2.2- O que não caracteriza assédio moral

É de grande importância sabermos claramente o que é assédio moral, devido a


grande demanda de processos na justiça comum e especializada, com vários
pedidos de indenização.
O assédio moral é diferente de outros tipos de assédio porém muitos confundem a
distinção entre eles, conflitos normais que qualquer sociedade possui, a violência e o
assédio sexual, geram essa confusão, Desinteligência em uma sociedade é algo
comum, mas não podemos deixar que isso vire uma perseguição reiterada, podendo
se transformar em assédio moral. O assédio sexual diferentemente do moral que
14

procura excluir, afastar,isolar a vitima de algo, tem como objetivo aproximar o


assediado. Pode ser uma violência física ou mental, uma forma de obrigar a pessoa
a fazer algo que não queira. Na maior parte das vezes esta relacionado com o sexo
o que já caracteriza assédio sexual .

2.3- Assédio no ambiente de trabalho

Uma empresa que se preze deve saber que a saúde mental do seu empregado
prioridade para o seu rendimento. No entanto é comum acabar acontecendo mesmo
em grandes empresas Existem três tipos de assédio pelos quais o trabalhador pode
passar, o moral, sexual e a intimidação.
Moral: O assédio moral acontece quando, de forma repetitiva e prolongada, o
agressor expõe o colaborador a situações humilhantes, com ofensas ou ameaças.
Veja como isso ocorre:
situações vexatórias​: o trabalhador recebe broncas, gritos e ofensas diante de
alguns colegas ou de todo o setor. Seu trabalho também é criticado de forma
exagerada ou sem motivo.
ameaças: o agressor deixa claro o tempo todo que poderá demitir a vítima caso ela
faça ou deixe de fazer algo.
sobrecarga: além de um volume de trabalho muito maior do que o normal, o
superior exige metas inatingíveis; atividades incompatíveis: a atribuição de tarefas
que nada tenham a ver com o cargo, normalmente em prazos impossíveis de
cumprir.
agressões:​ além das verbais, o superior também dá empurrões ou outras atitudes
violentas.
discriminação: ​o agressor humilha a vítima por sua etnia, gênero, cor, religião,
orientação sexual ou características físicas, com zombarias e críticas sobre sua vida
pessoal..
omissão de informações: são negados dados que possam ajudar nas tarefas da
vítima induzindo-a ao erro.
negação de folgas: mesmo sendo de direito do trabalhador, ele é forçado a
trabalhar fora do horário ou dia legalizado.
15

isolamento: o funcionário não consegue se comunicar com outros colegas de


trabalho ou é interrompido constantemente em reuniões.
boatos:​ o agressor espalha rumores para ferir a dignidade do colaborador.
apropriação de ideias: o assediador diz ser o autor de ideias, projetos e propostas
da vítima.
Geralmente, o assédio moral pode ser subdividido em duas categorias, o assédio
moral vertical e o horizontal.
Assédio moral vertical descendente : O mais comum de todos os tipos de assédio
no ambiente de trabalho é quando um membro da equipe em posição de poder,
geralmente um gestor ou colaborador com mais tempo de casa, usa de sua
hierarquia para assediar outras pessoas. Isso pode tomar várias formas, desde a
atribuição de tarefas excessivas a um mesmo indivíduo até ameaças de demissão.
Por estar apoiado na hierarquia da empresa, esse também é um tipo de assédio
difícil de combater em um primeiro momento, especialmente para pessoas que não
têm tanta experiência profissional. Sendo assim, a responsabilidade por evitá-lo
cabe muito mais à própria empresa e aos seus colaboradores.
Assédio horizontal:​ trata de assédio cometido por colega de trabalho diminuindo
humilhando e inventando boatos para que outro não cresça na empresa. Já o
organizacional aparece quando o assédio faz parte da cultura da empresa — como
em estabelecimentos extremamente competitivos, em que empregados são
estimulados a competir entre si. Por fim menos comum, há o ascendente, quando
um empregado ou grupo humilha e zomba de um superior. O agressor, na maioria
das vezes inseguro e egocêntrico, encontra como vítima uma pessoa também
insegura e em situação de vulnerabilidade. A Lei 12250/06, conhecida como Lei
Contra o Assédio Moral, específica que as penalidades para o assediador podem
variar entre advertência, suspensão e demissão. Ele também pode ser julgado nos
moldes da lei trabalhista é o que expressa o artigo 483 da CLT:

Art. 483 ​- O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a


devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com
rigor excessivo;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama;
16

Sexual:​ Segundo o artigo 216 do Código Penal, esse tipo de assédio se baseia na
chantagem ou no constrangimento para obter favores sexuais. O superior, utiliza
essa arma para ameaçar de demissão ou fazer com que a vítima suba de cargo na
empresa. Caracterizam-se como assédios contatos físicos forçados, palavras,
convites, humilhação e intimidação com fundo sexual. A pena para esse agressor
varia entre um e dois anos de prisão, podendo aumentar até um terço se a vítima for
menor de 18 anos. Uma pesquisa do site Vagas.com mostrou que, inclusive,
enquanto o assédio moral é equilibrado entre homens e mulheres, no sexual, elas
formam 80% das vítimas.
Intimidação: ​O assédio por intimidação é outro ponto que exige bastante atenção,
especialmente por parte dos colegas de trabalho. Como o nome já diz, ele ocorre
quando um colaborador usa de ameaças para conseguir algo, geralmente coagindo
expor um segredo ou espalhar um rumor a respeito do indivíduo, o que poderia
comprometer sua credibilidade e/ou permanência no negócio.Em geral, as vítimas
tendem a ser os colaboradores com menos tempo de casa, aqueles com mais
dificuldade para se encaixar socialmente ou os mais inseguros, o que também torna
mais difícil que o indivíduo busque ajuda por conta própria. Nesse ponto, a maior
aproximação entre os colaboradores é a chave para evitar esse tipo de assédio.
Afinal, uma pessoa que se sente parte da equipe é mais difícil de intimidar e um
grupo desse tipo tem menas chances de abarcar alguém que tenha essas atitudes
por muito tempo.​2

2
HIRIGOYEN, 2006, p. 179
http://www.tst.jus.br​ cartilha de prevenção ao assédio moral
Renum Novarun carta encíclica editora paulinas 18ªedição pág 23
17

2.4- Prevenção ao assédio pelo sindicato

O papel do sindicato é proteger os trabalhadores e enfrentar as injustiças cometidas


contra os funcionários.
O empregado assediado tem por meio do sindicato uma forma de conseguir fazer
denúncias interpessoais, pois por ser um contratado do assediador, ele não encontra
meios de denunciar tal abuso. O sindicato protege os interesses do trabalhador,
dentro desses interesses o ambiente saudável no qual não existe assédio e/ou
abuso psicológico. O sindicato tem que funcionar juntamente aos trabalhadores para
fiscalizar as relações existentes entre o empregado e o empregador. Somente a
organização sindical pode fazer existir normas regulamentadoras dentro das
empresas.
O fiscal do trabalho, porém, não tem apenas a função de aplicador de multas ou de
fiel cumpridor das leis, mas também de orientador, no sentido de mostrar às
empresas como a lei deve ser aplicada, principalmente em se tratando de legislação
recente. Na verdade, o fiscal do trabalho vai mostrar os erros cometidos pela
empresa, para esta se enquadrar na legislação trabalhista, inclusive quanto à
medicina e segurança do trabalho.
O sindicato do trabalhador deve analisar minuciosamente as relações de trabalho,
como a estabilidade, a remuneração, a alteração e o encerramento do contrato do
trabalhador para que seja pontuado se houve ou não assédio moral.
O sindicato pode adotar várias medidas para interferir na prática do assédio como
por exemplo: orientar através de campanhas e distribuição de folhetos e cartilhas
nas empresas e até na própria sociedade.
Uma medida que seria bastante relevante seria a visita do sindicato nas empresas
para ouvir os trabalhadores,lembrando que qualquer superior que comete o assédio
dentro da empresa é responsabilidade do empregador.
Cabe aos sindicatos trazer em pauta todas situações referentes a
saúde,segurança,inclusive o assédio moral que de maneira direta ou indireta afeta a
saúde física ou psicológica da vítima. 3​

3
LUNA 2003 e FABRO MAEHLER 2015
http://www.sintrinal.org.br/ver-noticia/VOCE-SABE-QUAL-E-A-IMPORTANCIA-DO-SINDICATO
18

CAPÍTULO 3 -DIREITO CONSTITUCIONAL

O assédio moral diante da constituição federal de 1988 vem pautado nos princípios
especificamente nos direitos fundamentais,sendo eles princípio da dignidade da
pessoa humana,igualdade,intimidade e legalidade, é o que conceitua Alexandre de
moraes:

“O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano


que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de
sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o estabelecimento de
condições mínimas de vida e de desenvolvimento da personalidade
humana pode ser definido como direitos humanos fundamentais.”

Sendo assim se for cometido qualquer ato de assédio contra uma pessoa de modo a
diminuí-la ,envergonhá-la ou humilhá-la ,fere os princípios constitucionais aqui
citados.

3.1- O assédio moral os princípios constitucionais

Nossa constituição federal de 1988 versa em seu respectivos títulos I e II acerca


dos direitos fundamentais e também difusos sendo direito de todos.
Conforme a Constituição federal de 1988,o seu primeiro título é fortemente lançado
em seu Art 1º incisos II e III o princípio da dignidade da pessoa humana e a
cidadania no qual aponta a importância do indivíduo na sociedade atual.
Vale destacar que o Art.3º incisos I,III e IV trata de uma sociedade livre justa e
solidária,a fim de erradicar a pobreza e a marginalização fim de reduzir as
desigualdades sociais, promovendo o bem estar de todos sem preconceito ou
qualquer forma de discriminação.
Alude o Art.4º acerca dos direitos humanos que repudia terrorismo e racismo.
A Proteção do ser humano está expresso no Art. 5º inciso V que assegura o direito
de resposta o inciso X que certifica a indenização por danos morais.
19

É importante ressaltar que a declaração universal dos direitos humanos,já


consagrava em 1948 a princípio os direitos individuais,sendo eles o direito a vida e
liberdade trazendo também direito como a nacionalidade e o asilo a todo aquele que
fosse perseguido, bem como liberdade de expressão,sendo contrário poderia ser
considerado assédio moral fato que priva e invade a vida do indivíduo,do ponto de
vista doutrinário bastos leciona:

​"Do ponto de vista estritamente jurídico a declaração não é se não uma


Resolução, cujo conteúdo não pode tornar-se obrigatório para os Estados, a
não ser quando ele é retomado sob a forma de uma convenção ou pacto
entre eles firmado"(Bastos.Saraiva 22º ed.p.205)

3.2-Princípio da legalidade

O princípio da legalidade é aquele que tem que estar expresso na lei,este princípio
está consagrado na constituição federal em seu Art.5º inciso II que diz:

“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer


alguma coisa senão em virtude de lei;”

este princípio segue duas vertentes entre direito público e privado,no direito público
só se pode fazer aquilo em que estiver expresso na lei,vemos que nessa vertente
pública existe uma subordinação à lei o que do contrário nada é possível ser feito.
Já no direito privado,existe o interesse particular ou seja,tudo que a lei não proíbe ao
particular é permitido.
o princípio da legalidade coloca um fim a possíveis exigências por parte do executivo
judiciário protegendo particulares de possíveis abusos.
podemos dizer que o princípio foi uma conquista constitucional contra o
absolutismo,a legalidade colocou fim aos privilégios dos detentores do poder
absolutista .
20

este princípio tem sua semelhança uma garantia constitucional,ele não garante um
bem e sim um direito,assegurando o particular a rejeição do quena estiver detido em
lei.
é nesse sentido que o raciocínio de Celso Ribeiro Bastos complementa:

“o princípio da legalidade mais se aproxima de uma garantia


constitucional do que a um direito individual, já que ele não tutela,
especificamente, um bem de vida, mas assegura, ao particular, a
prerrogativa de repelir as injunções que lhe sejam impostas por uma
outra via que não seja a da lei”.

Em uma linguagem jurídica o princípio da legalidade diz que,ninguém será obrigado


a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
O princípio da legalidade complementa o conjunto dos princípios da nossa carta
magna e está intimamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana que
trata do respeito aos seres humanos que em contrapartida vemos o princípio da
legalidade dizendo que ninguém será obrigado a fazer nada que não estiver
expresso em lei,até porque a liberdade de escolha e o respeito integramos dois
princípios.
portanto o respeito da dignidade da pessoa humana infelizmente não é reconhecido
pelo assédio moral,e o princípio da legalidade está baseado em regras que a própria
lei impõe em questão de fazer ou não fazer.​4

4
BASTOS, Celso Ribeiro.Curso de Direito Constitucional 12ªedição p.172
21

3.3-Princípio da igualdade

O princípio da igualdade se dá no caput do Art.5º que diz: “Todos são iguais


perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade”.

Artigo 5º. “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade”

O objetivo desse princípio é vedar as diferenças arbitrárias que podem decorrer na


vida do ser humano tendo em vista que a justiça tem em sua própria exigência tratar
os iguais na medida de sua igualdade e os desiguais na medida de sua
desigualdade visando proteger certas finalidades.
portanto o princípio da igualdade será lesado quando o agente executor não tem a
finalidade acolhida pelo direito.
A concordância do direito não manifesta que não haja individualização no
tratamento jurídico, estas são porém , ao contrário, uma exigência da igualdade, pois
na visão aristotélica consiste em “tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais, na medida de suas desigualdades."
A ideia é igualar de maneira a corrigir tratamentos discriminatórios apresentados na
sociedade utilizando critérios racionais.
Objetividade:​ Devem identificar o grupo desfavorecido,bem como a sua esfera.
Proporcionalidade: diante regras que devem ser ponderadas em face da
desigualdade a ser corrigida.
Adequação: As normas devem ser adequadas à correção da desigualdade que se
deve corrigir.
Finalidade:​ simplesmente objetiva corrigir as desigualdades sociais.
22

Sendo assim,é nítida a conexão do assédio moral com o princípio da igualdade que
toca na igualdade de todos,pois possuem direitos e garantias fundamentais de igual
modo.
Além disso,a constituição permite algumas diferenciações porém,não se deve
aproveitar de tais diferenciações para praticar assédio moral.
ainda que o princípio da igualdade seja protegido constitucionalmente,ainda há
aspectos que desigualam as pessoas,por exemplo:diferença física,econômica já é
fato utilizado para desencadear o assédio moral. 5​ O art.5º da constituição federal
expressa que:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;”

É nítido que o artigo supracitado assegura o direito de todos em alguns princípios,


como por exemplo o mencionado, também diz que homens e mulheres são iguais
tanto em direitos quanto em obrigações porém há diferenciações ,exemplo disso é a
idade para aposentadoria que faz a diferença entre tempo de trabalho e idade o que
não deve ser confundido como assédio moral ,o fato dessa diferença objetiva uma
sociedade mais justa e igualitária que é um dos objetivos fundamentais do estado.
por fim o art 3º da CF/88 estabelece em seu inciso I- construir uma sociedade livre,
justa e solidária.
Vê-se finalmente que nossa carta magna dispõe o tratamento igualitário a todos ,e
respeitando as diferenças de cada cidadão,sendo assim todo aquele que pratica ato
de assédio moral contra alguém fere o princípio da igualdade,além de ser tratamento

5
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13a ed. Rev. Atual. e ampl. São
Paulo: Saraiva. p. 679.
25 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 13a ed. São
Paulo: Saraiva. p. 142.
23

desumano e degradante vedado pelo art.5º inciso III da consagrada Constituição


Federal Brasileira de 1988. 6​

3.4- Princípio da dignidade da pessoa humana

A Carta Magna de 1988 trouxe normas constitucionais que buscam a construção


de uma justiça social que garanta a evolução permanente da concepção do mínimo
existencial evitando-se, assim, o retrocesso social e estabeleceu que o Estado
Democrático de Direito tenha como fundamento a dignidade da pessoa humana
artigo 1º inciso III da CF/88:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.” Constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;”

A dignidade da pessoa humana é própria ao ser humano e,conforme leciona o


professor Rizzatto Nunes:

“a dignidade humana é valor preenchido a priori, isto é, todo ser humano


tem dignidade só pelo simples fato já de ser pessoa”.

Mesmo com todo valor dado a este princípio, temos em nosso dia a dia ações que o
violam, uma delas é o assédio moral, sendo que o limite de uma dignidade passa a
ser a igual dignidade ou direito do outro, não se podendo privilegiar um em prejuízo
de outro com igual dignidade ou direito.
No Brasil, tendo em vista a inexistência de lei específica que criminalize o assédio
moral, o abalo psicológico sofrido se limita apenas ao ressarcimento pecuniário, haja
vista que a obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na
Constituição Federal artigo 5º, inciso V.

6
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 5o, caput e inciso I e III
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 3o, caput e inciso I
24

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: V- é assegurado o direito de
resposta,proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;”

Como se vê, todos têm direito à preservação de sua dignidade e quando ocorre a
prática do assédio moral esse direito é automaticamente violado onde poderá
assediado mover ação chamando os princípios constitucionais em seu favor.
pois seria arbitrário a república federativa permitir tal ato degradante pois está bem
explícita no caput do art.1º inciso III .
A dignidade da pessoa humana também é citada na Declaração Universal Dos
Direitos Humanos,assinado também pelo Brasil em meados de 10 de
Dezembro de 1948, na ONU,que traz em seu preâmbulo:

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos


os membros da família humana e de seus direitos iguais e
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo,

Considerando que todos os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da


ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser
humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram
promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais
ampla em seu 1º art:

“Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e


direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em
relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Vale ressaltar que o Brasil Participou de várias declarações,como por exemplo a


Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem de Bogotá em 1948,o
Pacto de São José da Costa Rica em 1969.
25

Essas declarações outorgam que os direitos fundamentais tem seus fundamentos na


dignidade da pessoa humana,todasas declarações têm sua semelhança com o texto
da ONU,protegendo a dignidade.
Os direitos fundamentais traz uma característica importante que complementa todos
os direitos de modo a ter sua interpretação de forma conjunta de maneira que não
haja hierarquia entre eles.
todos devem concorrer para um único fim, atentando para garantia do princípio da
dignidade da pessoa humana que obviamente seria princípio ausente se o princípio
da igualdade, intimidade ou liberdade fosse diminuído não haveria dignidade
humana absoluta é o que preceitua José Afonso da silva:

“Dignidade da Pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de


todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida”

Portanto existindo assédio moral configura-se a violação dos princípios tais


como:princípio da intimidade, igualdade e legalidade,que prova que não existe
dignidade sem a proteção desses princípios constitucionais. 7​

7
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. Malheiros Editores, 30ª edição,
São
Paulo, 2008, p.207.
ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-151/assedio-moral-uma-analise-a-luz-do-principio-da-dignidade-
da-pessoa-humana-das-consequencias-juridicas-que-recaem-sobre-o-assediador
26

3.5- Princípio da intimidade

Ligado diretamente ao Princípio da Dignidade Humana, o princípio da Intimidade e


Privacidade é um direito positivado em nossa Constituição Federal, tamanha sua
relevância. Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa humana decorrente
de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.
Nossa Constituição Federal traz, em seu artigo 5º, incisos X, XI E XII:
“X– são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal”.
Também podemos encontrar menção no Código Civil, em seu artigo 21:

“Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a


requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide ADIN 4815)”
O direito à privacidade abrange os direitos à intimidade, o direito à honra, à
imagem, a
inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados das comunicações telefônicas.

Em casos de lesão a este princípio a Constituição Federal garante ao ofendido o


direito à indenização, seja por dano material, moral ou à imagem, com base no
artigo 5º, inciso V, concedendo a reparação total em decorrência dos prejuízos
ocasionados.

Artigo 5º, inciso V – “é assegurado o direito de resposta, proporcional


ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”.
27

A novidade aqui trazida é a introdução do dano moral como fator desencadeante da


reparação. De fato não faz parte da tradição do nosso direito indenizar
materialmente o dano moral.
cumpre salientar que tanto a proteção à intimidade como à vida privada devem ser
fundados no princípio maior que é a proteção à dignidade da pessoa humana, da
qual procede toda e qualquer proteção ao indivíduo.​8

8
18 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. 30a edição. São Paulo, 2008, p.105.
19 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 12a edição, p.181 e 182
20 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30ª p.206, 207 e 208
28

CAPÍTULO 4 DIREITO PENAL

O assédio moral no Brasil não é tipificado como crime, também conhecido como
violência moral, fazendo com que assim o agressor não seja punido por esse
comportamento lamentável, mas existente.
a lei prevê atualmente punição para casos de assédio sexual em que o superior
aproveita sua hierarquia para obter favores sexuais de seus empregados. ainda há
uma deficiência de lei para criminalização do assédio moral.
no dia 12 de março de 2019 a câmara dos deputados aprovou o projeto de lei nº
4742/2001 porém no ambiente de trabalho e necessita de aprovação no senado que
se for aprovada se dará pela seguinte redação:

Art. 146-A “desqualificar,reiteradamente,por meio de palavras,gestos ou


atitudes,a auto-estima,a segurança ou a imagem do servidor público ou
empregado em razão de vínculo hierárquico funcional ou laboral.
Pena:​ Detenção de 3(três)meses ao ano e multa”

É claro que tal redação se dará pela aprovação do senado que ainda está em
análise,existem projetos na esfera municipal,estadual e federal todos lutando pela
criminalização do assédio moral dentro do código penal que até então é passível de
punição em matéria indenizatória trabalhista e cível,que pune através de multa dano
moral dada por redação constitucional e civil.

4.1- Assédio moral na legislação Brasileira

O assédio moral na legislação brasileira está tipificado na constituição federal dentro


dos princípios e também no código civil onde se pune a conduta com dano moral,no
direito do trabalho é punível também em danos morais,contudo não tem tipificação
penal,há que se falar apenas em propostas que estão em análise algumas até
aprovada pela câmara no entanto necessitando de aprovação do senado. A
29

Constituição Federal eleva a dignidade da pessoa humana a fundamento da


República Federativa do Brasil e como finalidade da ordem econômica.
Assim é o que se vê no art. 1ª a seguir transcrito:

Art. 1º A República Federativa do Brasil,formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos: inciso III - a dignidade da
pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Fácil perceber que o princípio da dignidade da pessoa humana é o maior entre todos
os princípios, o que leva ao raciocínio de que todos os direitos e liberdades
fundamentais nascem do princípio da dignidade da pessoa humana. Mas ainda, a
própria ordem econômica deve ter por fim assegurar a dignidade humana. A
exposição do trabalhador a condutas abusivas, pressões psicológicas desumanas e
condições de trabalho precárias, representa, com clareza, violação ao princípio da
dignidade da pessoa humana, o que fundamenta a tutela jurídica do assédio moral.
No Brasil, o Assédio Moral, existe legislação punitiva na esfera legislativa de alguns
municípios brasileiros e em alguns estados da federação:
São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, existindo projetos de lei em tramitação em
outros estados e outros no Congresso Nacional acrescentando um artigo a Lei que
regulamenta os direitos e deveres dos servidores federais, conhecida como Regime
Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais, relatados abaixo:
O projeto de lei 4591/2001 que acrescenta ao art. 117 do Regime Jurídico
Único – Lei 8112/90 (estatuto dos servidores federais), conduta punitiva de quem
assedia moralmente inferior hierárquico define o assédio moral assim:

parágrafo único: “Para fins do disposto neste artigo considera-se assédio


moral todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a
autoestima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua
competência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução
profissional ou à estabilidade física, emocional e funcional do servidor
incluindo, dentre outras: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar
alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais;
tomar crédito de ideias de outros; ignorar ou excluir um servidor só se
dirigindo a ele através de terceiros; sonegar informações necessárias à
elaboração de trabalhos de forma insistente; espalhar rumores maliciosos;
criticar com persistência; segregar fisicamente o servidor, confinando-o em
local inadequado, isolado ou insalubre; subestimar”
30

Entretanto, pode-se afirmar que existe de fato uma legislação vigente que verse
sobre o tema, mas o fato é que nenhuma dessas leis caracterizam o assédio moral
interpessoal e institucional que os pune ficando a cargo da constituição punir em
forma de dano moral como foi citado no art. 5o inciso V, "é assegurado o direito de
resposta proporcional ao agravo além da indenização por danos morais" e inciso X, "
são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação". ou assegura como o empregado ou empregados e ou particulares podem
obter justiça.
sabe-se que dentro da esfera civil taxada pelo Art.186 c/c que diz: todo aquele por
ação ou omissão espontânea negligência ou imprudência violar direito ou causar
dano a outrem ainda que “exclusivamente moral” ​comete ato ilícito,de igual modo
o Art.927 diz que aquele que por ato ilícito causar dano a outrem fica obrigado a
repará-lo. 9​

9
​https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=28115
SILVA – Luis de Pinho Pedreira Reparação do Dano Moral no Direito do Trabalho, 2005, pg;172
https://migalhas.uol.com.br/depeso/299442/assedio-moral-vai-virar-crime
31

4.2- Constragimento ilegal

o constrangimento ilegal é o ato em que o indivíduo ataca de forma ameaçadora


avítima lhe reduzindo a capacidade ou resistência através de ameaça ou violência
coagindo a vítima de forma violenta,assim o código penal em seu respectivo Art.146
assevera:

Art.146-Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou


depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
 
 

Assim,o agente incutido de intenção direta obrigando então alguém a fazer algo
contra sua vontade empregando força mediante violência ou grave ameaça,em
confronto ao Art.5º inciso II da nossa Carta Magna,que expressa:

Art. 5º II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;

Resta afirmar que,todo ser humano é livre sendo garantido a ele liberdade para fazer
o que bem lhe aprouver,ficando apenas sujeito ao que a lei lhe impor.vale ressaltar
que para caracterização total do constrangimento ilegal a pretenção deve ser
absoluta e agente não precise de nenhum motivo para coagire sem nenhum direito a
ser exigido.
Outra forma também a se destacar é a coação relativa ou seja, o agente tem motivo
para praticar o ato e o faz mediante violência e grave ameaça tipificando esse delito
ao ​exercício arbitrário das próprias razões.
Cumpre ressaltar,que o ato for cometido por funcionário público, especificamente em
exercício de suas funções a tipificação será dada por abuso de autoridade,agora se
finalidade for exclusivamente a vantagem econômica restará configurado o crime de
extorsão. No que tange às penas aplicadas,o crime de constrangimento ilegal será
32

aumentado quando houver mais de tês pessoas e emprego de arma de fogo a pena
será aumentada em dobro mais a multa.
4.3- Calúnia injúria e difamação

Mais corriqueiro dose pode imaginar,a injúria,calúnia e difamação são crimes que vai
contra a honra de uma pessoa mas, para entender melhor daremos a seguir a
definição legal para cada um deles.

Calúnia: ato pelo qual se imputa falsamente ato criminoso a alguém ou seja, ela
atribui um ​ fato criminoso​ .
exemplo: joana roubou uma joalheria sabendo o agente que isso é mentira mas,
atribuiu a joana um crime que não foi cometido.
o crime de calúnia está tipificado no Art. ​art. 138, ​§​ 1º do código penal que diz:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como


crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala


ou divulga.

Injúria: é um ato contra a honra da pessoa atribuindo algo que venha ferir sua
honra não sem se importar se é verdade ou mentira na injúria não se imputa fato
mas qualidade negativa

exemplo: acusar uma pessoa de charlatanismo que usa de má fé para enganar as


pessoas visando obter lucro.

A injúria também pode ser cometida de forma física,verbal e até escrita,no caso de
injúria física apenas aumenta por se tratar de agressão como por exemplo um soco
no rosto.

também existe a injúria discriminatória referente cor,religião,condição de idoso ou


deficiência,tipificadas no Art. 140 ​§​ 3º do código penal.
33

Difamação:​atribuição de fato ofensivo a reputação de uma pessoa este ato atinge


apenas a honra objetiva,ao contrário do muitos pensam a difamação não é nenhum
tipo de xingamento e sim uma conversa paralela a respeito da honra de uma
determinada pessoa espalhando boatos,fofocas.

exemplos: fulano comprou e nao pagou, fulano veio trabalhar bêbado ontem,fulana
traiu o marido sendo que os boatos não verdade.

A difamação está tipificada no Art.139 do CP diz:

Art. 139 ​- Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

4.4- preconceito

O preconceito é o ato de julgar alguma coisa alguém,este ato pode ser aplicado nas
mais diversas coisas do dia a dia alguém,pode se dar pela raça,cor da pele, Como
se pode ver,o preconceito é um juízo de valor contra alguém que sem motivo se
manifesta de maneira intolerante contra várias coisas. religião,na sexualidade
enfim,existem muitas formas de preconceito.

E qualquer forma de preconceito seja qual for utilizada,abala a estrutura do estado


democrático de direito pois não pode construir uma sociedade justa ferindo a lei.

o preconceito no Brasil vem atingindo as mais variadas classes,uma delas é


homofobia praticada contra a opção sexual na sequência temos racismo que aliás
existe desde a época da escravidão e que infelizmente mesmo com leis que pune tal
prática ainda vem ocorrendo frequentemente no Brasil e no mundo.
34

vale ressaltar que,a religião também esta margem de preconceito e até o peso das
pessoas entra na modalidade tratando de gordofobia.

Porém, todas as práticas aqui citadas tem embasamento legal sendo passíveis de
punição como assevera a lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989 em seu Art. 20 que
diz:

“Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor,


etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e
multa”.​10

10
GONÇALVES, Victor Eduardo. Direito Penal: Dos Crimes Contra a Pessoa. São Paulo, Ed.Saraiva,
2009, p.153.
Direito Penal Parte Geral – 22o edição Revista Atual – São Paulo: Saraiva, 1.999, pg.3
SILVA.Marcos Paraíso ed.Fontenele são paulo 2017 pág 66
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/preconceito
35

CONCLUSÃO

Conclui-se portanto que assédio moral é uma forma de violência intencional de lapso
e com uma certa frequência de humilhar alguém.
O trabalho exposto trouxe uma pequena análise histórica bem como conceito do
assédio moral.
Foi importante destacar as formas de assédio moral e o que não caracteriza
assédio.
Tratou de compreender o assédio no ambiente de trabalho bem como o trabalho de
prevenção realizado pelo sindicato.
no direito constitucional esta questão é tratada dentro dos princípios constitucionais
como princípio da dignidade da pessoa humana que trata do direito de preservação
da dignidade das pessoas que no momento em que são assediadas tem seu
princípio violado.
Também traz o princípio da intimidade que ao praticar o assédio tem seu princípio e
sua honra violados, ferindo também o princípio da igualdade que tem como objetivo
vedar as arbitrariedades no tocante às diferenciações e discriminações através do
assédio moral.
Correlacionando o princípio da legalidade quando diz que ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
O direito penal trouxe a problemática e a ausência de lei para criminalização do
assédio moral,embora ainda não exista lei no Brasil que venha tipificar o assédio
moral como crime na esfera penal, tratamos de alguns fatores que toca de forma
ilegal na na honra das pessoas sendo eles a injuria, calunia, difamação,
constrangimento ilegal e o preconceito .
36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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pio-da-dignidadeda-pessoa-humana-das-consequencias-juridicas-que-recaem-sobre
-o-assediador
BASTOS, Celso Ribeiro.Curso de Direito Constitucional 12ªedição
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 5o, caput e inciso I e III
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, art. 3o, caput e inciso I
Dicionário escolar da língua Brasileira. pág.877
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 13a ed.
São Paulo: Saraiva. p. 142
GONÇALVES, Victor Eduardo. Direito Penal: Dos Crimes Contra a Pessoa. São
Paulo, Ed.Saraiva, 2009 Direito Penal Parte Geral
HIRIGOYEN, 2006, p. 179
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13a ed. Rev. Atual. São
Paulo Saraiva. p. 679
LUNA FABRO 2003 e MAEHLER 2015
https://migalhas.uol.com.br/depeso/299442/assedio-moral-vai-virar-crime​–22ª edição
migalhas.uol.com.br/leitores/171133/moral-e-bons-costumes
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/preconceito
Revista atual são paulo saraiva 1999.pág.03
Renum Novarun carta encíclica 18ªedição pág 23
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. Malheiros Editores,
30ª edição
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional. 30a edição. São Paulo,
2008, p.105.
SILVA, Luis de Pinho Pedreira Reparação do Dano Moral no Direito do Trabalho,
2005, pg;172
SILVA, Marcos paraíso da o gerenciamento do guerreiro ed.fontenele 2017 pág.66
37

http://www.sintrinal.org.br/ver-noticia/VOCE-SABE-QUAL-E-A-IMPORTANCIA-DO-SI
NDICATO
http://www.tst.jus.br​ cartilha de prevenção ao assédio moral

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