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O gueto dos anos 1980 é muito diferente do da década de 1950. O gueto pós-
guerra compreendia um pleno complemento de classes negras entrelaçadas por uma ma
consciência coletiva unificada e uma divisão social do trabalho. O conceito de gueto para
aquela época constituia não como sistema, mas sim como um lifeworld, ou seja, refere-se
às experiências e relações concretas de seus ocupantes.
O gueto hoje tem mudado sua composição interna juntamente com seu ambiente e
com os processos institucionais que simultaneamente o atrelam ao restante da sociedade
norte-americana e nela asseguram sua localização dependente e marginal.
Antes de traçar um retrato das condições sociais e da vida nas zonas centrais
contemporâneas, três advertências devem ser feitas.
Primeiro, é importante ressaltar que o gueto não é só uma entidade topográfica ou
uma agregação de famílias e indivíduos pobres. Também é considerado uma forma
institucional. Em uma definição menos complexa, o conceito de gueto pode ser
determinado como uma formação socioespacial delimitada, racial e/ou culturalmente
uniforme, baseada no banimento forçado de uma população negativamente tipificada.
O segundo ponto que deve ser levado em consideração é resistir à tendência de
tratar o gueto como um espaço estranho. É comum e equivocado ver nele apenas o que é
diferente devido a reportagens jornalísticas e nos preconceitos de raça e classe comuns
contra os negros pobres.
Já a terceira advertência diz que o gueto não sofre de “desorganização social”, um
conceito que também é considerado equivocado. Em vez disso, o termo correto seria
“diferentemente organizado”, em resposta à impiedosa pressão da necessidade
econômica, da insegurança social, da hostilidade racial e da estigmatização política.