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GERHARD
BORMANN
Uma notável figura para a arquitetura Brasileira
GERHARD BORMANN
UM POUCO SOBRE SUA VIDA
O arquiteto Gerhard Ernst Bormann, reconhecido profissional em sua área foi uma figura
de grande importância na região do Nordeste, mais especificamente no Ceará, região
onde atuou com maior envoltura entre as décadas de 1960 e final de 1970.
Em 1960, iniciou seus estudos acadêmicos, tendo sido aprovado com a 1ª colocação do Concurso de
Habilitação à Faculdade Nacional de Arquitetura. Em que pese o ambiente marcadamente conservador
daquela instituição à época, alguns nomes do corpo docente são destacados pela arquiteta Nícia Paes
Bormann (informação verbal), então colega de Gerhard, por suas atuações mais antenadas ao pulsante
momento vivido pela arquitetura brasileira (extramuros acadêmicos); nomeadamente o engenheiro-
arquiteto Paulo Santos e os arquitetos Ernani Vasconcelos e Marcos Konder.
Por esta época (transição dos anos 1950 para os 60), na vaga da construção de Brasília e do prestígio
alcançado pela categoria profissional dos arquitetos no país, o debate sobre as questões que envolvem a
arquitetura ganham evidência na agenda nacional. O período também é assinalado pelas primeiras
censuras públicas, inclusive no exterior, à arquitetura moderna brasileira; censuras que, mesmo
veementemente refutadas, irão quebrar o tom de unanimidade quanto à favorável aceitação, por parte da
crítica internacional, à contribuição brasileira.
OBRAS E PROJETOS
GERHARD BORMANN
CONTRIBUIÇÕES
Durante os primeiros anos, no Ceará, Gerhard Bormann teve uma atuação
praticamente exclusiva junto à Universidade Federal, nas condições de
professor da Escola de Arquitetura e como arquiteto do Departamento de
Obras e Projetos (informação verbal).
A atividade como profissional liberal terá início após o seu retorno do estágio
acadêmico, realizado em Stuttgart, em 1968. Este ano, aliás, marcará o início
do desenvolvimento do seu maior projeto executado (em parceria com os
arquitetos Liberal de Castro, Reginaldo Rangel, Marcílio Dias de Luna e Ivan G E R HARD E NÍCI A B O R M A N N .
C E N TROS DE CUL T U R A D A U F C .
Britto), o Estádio Governador Plácido Castelo – Castelão. F O R TALEZA, 196 6 - 6 7 .
F O N TE: ARQUIVO N E A R C O A R A Ú J O .
ESTÁDIO GOVERNADOR PLÁCIDO CASTELO
O governo de Plácido Castelo (1966-1971) é marcado por grandes
realizações no Estado, propostas como símbolos de uma nova etapa de
poder que se instituía no país com o golpe militar de 1964.
Com este intento, o Governador sanciona a Lei No. 9.108-A, em 27 de julho A reportagem acima, veiculada (a posteriori) no periódico local Tribuna do Ceará,
de 1968, publicada no Diário Oficial do Estado em 13 de agosto do mesmo refere-se à inscrição dos arquitetos Gerhard Ernst Bormann, José Liberal de
ano, a qual em seu primeiro artigo determina “a construção de um estádio Castro, Reginaldo Mendes Rangel, Marcílio Dias de Luna e Ivan da Silva Britto.
na cidade de Fortaleza em proporções compatíveis com as previsões do
seu desenvolvimento”. A mesma lei criava a FADEC – Fundação de Havia, entretanto, um entrave à realização do tal concurso, que dizia respeito à
Assistência Desportiva do Estado do Ceará –, entidade jurídica de direito indefinição do terreno de implantação e do programa de necessidades do novo
privado diretamente subordinada ao Governador, que seria o órgão empreendimento. Foi então que o recém-empossado diretor-executivo da FADEC,
responsável pela construção do novo estádio Eng. Newton Aderaldo Castelo, tendo em vista a celeridade do processo, sugeriu a
formação de uma equipe para a realização do projeto, composta pelos cinco
Segundo Liberal de Castro (informação verbal) 35, que destaca Plácido arquitetos inscritos. Todos os cinco profissionais eram professores da Escola de
Castelo pela probidade no trato da coisa pública, a criação da FADEC teve Arquitetura; assim, o conhecimento mútuo propiciado pela rotina acadêmica e
por maior objetivo dar um direcionamento técnico às futuras decisões precedentes de parcerias entre alguns deles facilitaram o aceite de tal
acerca deste assunto, salvaguardando o Governador das intenções recomendação.
duvidosas de parte de alguns políticos que, no momento, estavam
envolvidos com esta causa.
ESTÁDIO GOVERNADOR PLÁCIDO CASTELO
A equipe então contratada tratou de logo se estruturar com a montagem de O desenho do pórtico de suporte destas arquibancadas também foi motivo
um escritório para este fim exclusivo; foram alugadas duas salas de pormenorizados estudos da equipe de arquitetos, juntamente aos
comerciais no recém-inaugurado Edifício Palácio do Progresso, à época, o engenheiros estruturais Hugo Alcântara Mota e Eduardo Sabóia de
mais moderno edifício comercial de Fortaleza, cujo projeto era de autoria Carvalho. Os arquitetos não admitiam uma solução com muitos pilares
de Liberal de Castro. Foram, também, contratados alguns valorosos (solução “paliteiro”, conforme a qualifica Liberal de Castro), como
auxiliares, como o estudante de arquitetura (futuro arquiteto, artista acontece em alguns estádios brasileiros, a exemplo do Estádio Mineirão.
plástico e professor da Escola de Arquitetura da UFC) Nearco Araújo e o Assim, a princípio, o desenho foi realizado com dois pilares, conforme
desenhista e maquetista Jair Quezado. pode ser visto nas fotografias de uma das maquetes realizadas. A solução
não pôde ser efetivada devido à superposição dos blocos de fundação
destes dois pilares, indicados pelo cálculo. O desenho definitivo acabou
por utilizar um único apoio, conferindo expressiva leveza ao conjunto.
Gerhard Bormann, Liberal de Castro, Reginaldo Rangel, Marcílio Dias e Ivan Britto.
Estádio Plácido Castelo, 1968-73.
Planta Nível 2.
Fonte: Arquivo Nícia Bormann
ESTÁDIO GOVERNADOR PLÁCIDO CASTELO
Quanto à organização espacial do estádio, a distribuição dos espectadores
era feita em três níveis distintos: no nível inferior encontravam-se as
“populares” (também conhecidas como “geral”), com acesso por duas
rampas dispostas segundo o maior eixo do estádio; no intermediário, que
correspondia ao nível do contorno externo, encontravam-se as cadeiras,
com acesso segundo o eixo menor; e no nível superior, as arquibancadas,
com acesso por quatro rampas situadas nos quadrantes do complexo.
Reportagem ressaltando a
autoria e qualidade desta grande
obra pública.
Fonte: Jornal da Confiança,
15/11/1973. p.12.
Sua base europeia leva-o a uma caracterização mais moderna de seus espaços e
como eles são otimizados em favor da classe trabalhadora, que necessita da
diminuição da área construída e de custos.
Outro ponto trazido ao arquiteto foi a maneira que seu projeto se comporta, as
suas etapas e como um maior detalhismo no estudo das demais condicionantes
de um projeto podem valorizar seu objetivo final.
Margarete Schütte-Lihotzky.
Cozinha de Frankfurt, 1926.
Fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/
Frankfurt_kitchen.
OUTROS PROJETOS
Apesar de grande contribuição à arquitetura, as demais obras de
Bormann possuem poucos materiais para estudo disponíveis. Dentre
áreas de fins hospitalares, indústria e postos de serviços e
residências de diferentes módulos, não há nada além de referências
de colegas arquitetos e de seus parceiros em tais, como Liberal de
Castro.