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UNIGOIÁS Turma: 083 – Noturno

Docentes: Adriana Figueiredo e Daniele Disciplina: Fundamentos do Urbanismo


Godinho

Aluna: Ana Caroline Barbosa Porto Curso de Arquitetura e Urbanismo

ATTILIO: TRAÇOS, ARQUITETURA E CIDADES

Trata-se de um documentário que retrata a história de Attilio, um dos mais notáveis arquitetos
da época, responsável pela criação do projeto urbanístico da cidade de Goiânia. É abordado,
também, nesse documentário sobre sua saída do projeto de construção da capital do Goiás.

Attilio Corrêa Lima nasceu em 8 de abril de 1901, em Roma. Seu pai José Octávio Corrêa Lima,
era escultor e professor da escola nacional de belas artes, por ter ganhando um prêmio de
viagem ele estaria em Roma, onde se casou e teve um filho. José Octávio ficou cerca de 5 anos
na Europa, depois retornou ao Brasil, em 1909 para realizar a estátua do Almirante Barroso
precisaria de fundição, porém no Rio de Janeiro onde se encontra a estátua não se encontrava
fundição capaz de fundir uma peça tão grande, então ele retornou a Europa, entretanto na
França dessa vez. Attilio acompanhou o pai, e acabou frequentando uma escola primaria na
França. Devido a vida ocupada de seu pai, Attilio sempre frequentou internatos.

Por viver ao meio a vida artística, Attilio se interessou pela arquitetura. Ele se formou em 1925,
na Faculdade Escola Nacional Belas Artes, do Rio de Janeiro, em virtude de ter se destacado
como um brilhante aluno, foi convidado a fazer um estágio, ganhando uma bolsa, para estudar
urbanismo na Universidade de Paris. Em 1927 ele se mudou para Paris com sua esposa, Olga
Fernandes, onde residiriam por 4 anos. Attilio e Olga se casaram no mesmo mês de embarque
para a Europa, ambos se conheciam desde quando tinham 15 e 16 anos de idade.

No curso de urbanismo, Attilio recebeu influência dos principais urbanistas europeus, e a França
se destacava sendo berço desses urbanistas. A Universidade de Paris era uma escola clássica de
desenho francês urbano, que naquela época formava urbanistas para atuar em cidades que
estavam sendo destruídas no período entre as grandes guerras e nas colônias de países que
estavam avançando seus territórios.

Attilio fazia suas construções urbanísticas, porém sempre visando a arquitetura, ele fez um curso
particular com um russo de arquitetura de concreto armado, o que não teve experiência na
faculdade. Dentre seus 4 anos na França, Attilio faz um estágio com o arquiteto e urbanista
francês Alfred Agache, que foi contratado pelo governo do Distrito Federal, para fazer um plano
de remodelação, extensão e embelezamento. Agache contrata Attilio para trabalhar com ele, e
em 1929 ele vai fazer um estágio no escritório de Agache.

Na tese de Attilio, ele usava a faixa litorânea de Niterói para o mar aberto, e cogitava a expansão
das áreas residenciais na orla marítima. Diversos arquitetos que estavam fazendo trabalho em
Niterói, pegavam emprestado sua tese para ver como o mesmo já pensava naquela época, e
também ganhou o prêmio de máximo da Sorbonne, na época, devido ser estrangeiro não
poderia ganhar o prêmio em dinheiro, então a própria universidade patrocinou a impressão de
sua tese. E foi considerado por muitos como o melhor trabalho daquele ano no Instituto de
Urbanismo de Paris.

No tempo de apresentação de sua tese em Paris, seu filho, Bruno Corrêa Lima, nasceu. Ficaram
cerca de um ano na França, depois voltaram para o Brasil. Attilio Corrêa foi o primeiro professor
de urbanismo no Brasil, sendo convidado por Lúcio Costa para lecionar na Escola Nacional de
Belas Artes. Ele começa sua atividade como professor em 1931 e encerrou no final de 1937.

Desde os séculos XVIII e XIX, os governadores gerais do estado de Goiás já cogitavam a ideia de
transferir a capital do estado, pois achavam o local onde se sediava a capital inadequado, que
era a Cidade de Goiás, porém não tiveram sucesso na época. Nos anos 30 quando Getúlio Vagas
chegou ao poder, Pedro Ludovico se torna inventor. Pedro, então, começa a pensar em uma
capital, ele escolhe uma comissão e a mesma tem embates para escolherem o local, entretanto
acabam decidindo pela região margeando Campinas, e contrataram o arquiteto e urbanista
Attilio Corrêa para desenvolver o projeto da nova capital.

Attilio é o iniciador da moderna arquitetura brasileira que abriu as portas para surgirem Lúcio
Costa e Oscar Niemayer. Para ele realizar o projeto de Goiânia teria que ter uma firma, então
através do escritório de seu amigo e sócio, Paulo Antônio Ribeiro, ele conseguiu desenvolver
esse projeto. Ao assinar o contrato com o governo de Goiás ele se compromete a acompanhar
as obras por dois anos, o que faz ele se mudar para os acampamentos da obra.

O escritório de plano de Goiânia ficava localizado no Rio de Janeiro, o que se tornava difícil a
locomoção entre as cidades na época. Attilio fez o projeto urbanístico da cidade e, também, o
projeto de arquitetura dos principais edifícios da capital e algumas casas dos futuros servidores
do estado e governo municipal. Muitos dos materiais de construção chegavam ao local em
carros de boi, os operários eram contratados de São Paulo, pois no local não se encontravam
pessoas especializadas. Acredita-se que ele teve limitações financeiras, o que fez com que
muitos dos edifícios fossem alterados entre a ideia inicial e a execução.

O padrão da escola clássica de urbanismo francês contava dentro dos conceitos de como
planejar uma sociedade, elementos marcantes, que podem ser encontrados tanto em Goiânia
quanto em Camberra, capital da Austrália, que foi planejada em 1912, esses elementos
determinam uma cidade que tem por trás desse traço símbolos do poder político, o que era a
intenção.

O projeto de Attilio contava com um ponto central, a praça cívica, onde se encontraria o palácio
do governo, todas suas secretarias, a parte de administração, o que seria a representação do
poder político. O plano de projeto de Attilio para Goiânia, se daria uma cidade setorizada por
funções, o primeiro elemento do urbanismo moderno, o mesmo afirma que não deveria ser
nada rigoroso e ele determina o setor residencial, o setor comercial e industrial, e outro
elemento seriam as rotatórias, criando o crescimento da cidade em estrela. O desenho do
núcleo inicial foi projetado para 50 mil pessoas, o que faz perceber que a intenção de Attilio era
planejar uma cidade aberta com um urbanismo híbrido.

A natureza que já existia no local de construção da capital permaneceu de acordo com o traçado,
reservas verdes existentes no local de urbanização foram transformados em parques urbanos.
No plano original, cada cidadão tinha 127 metros quadrados de áreas verdes ao seu dispor.
Enquanto ele desenvolvia a parte topográfica em Goiânia, no Rio de Janeiro desenvolviam os
projetos que ele fazia dos edifícios e do palácio do governo. No seu escritório na capital do Goiás,
ele fazia os projetos dos edifícios, mandava eles para o Rio de Janeiro onde eram desenvolvidos
e depois retornavam para ele com o projeto definitivo. Devido as dificuldades da época, a pouca
verba disponibilizada para o desenvolvimento do projeto e, também, o prestigio político de
Pedro Ludovico já não era mais o mesmo do início do projeto, fizeram com que ele chegasse a
conclusão de que não valia mais a pena continuar no desenvolvimento do projeto da capital.

Um dos documentos mais importantes que foi encontrado no acervo do Attilio foi uma planta
urbana do projeto final de Goiânia. Ele elaborou o projeto e entregou para o estado de Goiás,
cumprindo o decreto que o contratou, o estado de Goiás contratou, também, os irmãos Coimbra
Bueno os executores da obra. Esse documento encontrado é a grande prova de que Attilio não
só realizou, ele faz uma entrega formal a um documento do plano diretor de 1935, que não foi
reconhecido.

Jerônimo Coimbra sobrinho de Pedro Ludovico, engenheiro recém-formado, questiona a


capacidade de Attilio de realizar e idealizar o projeto sem uma comissão, ele faz um documento
dirigido ao interventor. Attilio então se afastou, entregando todos os documentos, plantas e
projetos, e faz uma carta ao interventor, dizendo que já teria realizado todo o contrato e pede
desculpas pela demora, porque a distância era longa. A partir desse momento os Coimbra
Bueno, além de vender os lotes na capital, no Rio de Janeiro, eles eram funcionários do governo
e passaram a ser os construtores de Goiânia.

Os Coimbra Bueno se intitulavam autores do projeto da capital do Goiás, e quando falavam


sobre o projeto nunca mencionavam o nome de Attilio. Corrêa Lima chegou a iniciar um
processo contra os irmãos Coimbra Bueno devido à falta de ética de não o citar e as vezes até
desmerecer o plano, e chegaram a modificar o plano, como alterações nas áreas verdes, que no
plano eram para serem preservadas, para aumentarem a quantidade de lotes no setor oeste,
áreas que foram doadas a igreja em troca de favores e apoio político. Uma das partes do plano
que foi modificada pelos irmãos Coimbra Bueno foi a praça, no plano inicial ela era uma praça
fechada, uma praça seca e não uma praça aberta com espelhos d’água nas dimensões das
avenidas principais.

Attilio voltou para o Rio de Janeiro, e lá montou um escritório. Em 1937 o ministério de viações
de obras públicas, promove um concurso, para arquitetos, para a realização de um projeto de
construção de uma estação de hidroaviões, Corrêa Lima se inscreve no concurso e juntamente
com ele 4 antigos alunos da Escola Nacional Belas Artes recém-formados, eles apresentam uma
proposta para o concurso e saem vencedores do concurso. A fotografia do prédio de Attilio e
sua equipe foi utilizada na capa do livro “Brasil Bild” que falava da arquitetura brasileira, e foi
publicada em 1943 pelo Museu de Arte Moderna de Nova York.

Corrêa Lima fez todo o paisagismo entorno ao prédio vencedor do concurso, a partir de então
começou a se dedicar mais ao paisagismo, desenvolvendo diversos projetos na área. Já no
urbanismo, ele é convidado para fazer o projeto de urbanização de Recife, onde trabalhou
durante o ano de 36. O último convite de trabalho que recebeu foi para o projeto da fábrica
nacional de motores, onde apenas mostrou o relatório e logo após veio a falecer. Attilio faleceu
aos 42 anos de idade em um acidente de avião.

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