Você está na página 1de 2

Hector cruzou os portões da fortaleza.

Fumaça saiamde alguns pontos onde tochas e fogueiras já apagadas a algum tempo
expeliam seus ultimos vestigios de calor. Era uma cena desoladora, para qualquer direção
que se olhava, era possível ver corpos caidos já sem vida.

Ele se enrolou mais forte em sua capa, usando parte dela como mascara para aliviar o odor
da batalha que ocorreu ali. O silencio seria absoluto, não fosse um riso frenético vindo da
maior porta do patio. Foi para lá que se dirigiu.

Caminhava em um ritmo lento, não por cautela, sabia que não existia ser naquele local
capaz de lhe fazer mal, porem não sentia vontade de se mover mais rapido, independente
da urgencia da situação, andava assim por respeito a todos os que haviam tombado a sua
volta, naquele tarde cinzenta.

O clima interno era pesado, vindo das luminárias da parede, o cheiro de oleo queimado se
misturava ao da morte. No corredor que se seguia, em meio aos mortos, duas figuras se
destacavam pelo equipamento de guerra que estavam vestidos, pesadas armaduras de
placas adornadas por simbolos runicos e pesados machados de guerra. Haviam sido
mortos cumprindo o dever de proteger a entrada para o salão principal.

Empurrou a pesada porta e adentrou o salão fracamento iluminado, ouvindo cada vez mais
alta a doentia risada que o atriu até ali. O salão era bastante amplo, com duas longas
mesas indo de ponta a ponta, entre elas se extendiam um belo tapete vermelho já surrado
pelo tempo, grande o bastante para se passar um batalhão de cavalaria em formação de
combate e na ponta oposta do salão, um imponente trono elevado por um lance de
escadas.

Ajoelhado ao lado do trono, havia um cavaleiro vestido de uma bela armadura de um azul
metálico e de ar atéreo, dela emanava uma fraca luz, como uma miragem. Ele estava
ajoelhado, com a cabeça apoiada em sua espada, que estava fincada a sua frente e caido a
sua frente de bruço, um corpo raquitico e velho, com uma roupa escura esfarrapada, não
tivesse se mexendo, poderia ser considerado uma mumia. Os ombros e cabeça daquele ser
medonho mexiam-se agitados em uma gargalhada frenética de gelar o sanguê, um riso
persistente e estridente.

Hector fez um movimento com o braço e imediatamente o som sessou, os movimentos do


corpo em sua frente continuaram com dificuldade, como se debaixo de um grande peso. O
silencio era total agora. Se aproximando, ajoelhou-se ao lado de Galahad Edbar, o cavaleiro
e amigo de longa data. Pode ouvir sua respiração, lenta e forçada.

– Consegue ficar de pé?


– Ele já estava morto e continuava rindo. – Respondeu sem levantar a cabeça – continuava
rindo.
– Vamos embora daqui, já acabou.
– Ele me amaldiçoou antes de morrer. – Disse Galahad Edbar.
– Consegue ficar de pé? – Hector disse novamente, de forma mais firme.
– Estou bem fraco, mas acho que consigo. – Respondeu enquanto ageitava a mão em volta
do cabo da espada, para usa-la de apoio para se levantar.

Hector pegou em seu ombro para ajuda-lo a levantar-se, nesse instante, espectros negros
saidos do chão começaram a circulalos com hurros grotescos, que faziam despertas
lembraças sombrias nos corações dos dois. Por reflexo, Galahad Edbar tampou os ouvidos
com ambas as mãos cobertas por manoplas de combate, feitas de pesadas placas de metal
e coure nas articulações.
Os gritos ficavam cada vez mais altos, conforme mais espectros saiam do chão e fechavam
o circulo em torno deles, Hector se viu transportado pelas lembraças para uma caverna
escura, estava ajoelhado com outras pessoas em torno de um altar de pedra, era algum
ritual sombrio, a sua frente do outro lado do circulo, avistou os olhos de uma garota de
cabelos negros, a troca de olhar foi rapida mas atravessou o seu ser como uma lança direto
no peito.

Despertou de seu devaneio e imediatamente levantou a mão que logo começou a emanar
um forte brilho dourado e disse com uma voz ampliada pela magia, tão alta que se sobrepos
aos hurros dos espectros e fez com que todas as paredes da grande fortaleza tremerem.

– Eu disse que acabou. – E socou o chão com a mão que estava levantada, criando a partir
do ponto do impacto um brilho tão intenso que era como se todo o mundo fosse feito de
pura luz, uma luz dourada que não feria os olhos. Os espectros foram todos desintegrados
junto com os veios de magina negra que se espalhavam por debaixo do solo, que agora
apareciam em forma de rachaduras que emanavam uma luz intensa, que perdurou por
alguns minutos depois que o clarão inicial já havia passado.

Galahad Edbar, que já estava de pé, guardava sua grande espada na bainha em suas
costas, ele estava com o rosto lavado em lagrimas. Era possível ver profundos arranhoes e
cavidades amassadas em sua armadura, porem além de alguns poucos arranhões em sua
face, não parecia estar ferido.

– Não importa, o quer que tenha visto, não importa, vamos para casa. – Disse Hector,
enquanto ajudava seu amigo a seguir em direção a saida.

Você também pode gostar