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Análise do filme Gênio Indomável

Patrícia Fabiana Pimentel Ferreira

Percebe-se no filme que o personagem Will está a todo tempo em conflito com
a sua existência. Para se encaixar no mundo ele se sujeita a situações que,
devido a capacidade intelectual adquirida ao longo da vida, não precisaria
passar. Demonstra que não se encontra no mundo em que o outro vive. Ele
poda suas potencialidades para não sobressair aos seus. Vive uma vida
inautêntica onde raramente pode mostrar-se como é.
É exprimido no filme na cena em que no bar em Harvard se vê obrigado a se
mostrar para defender seu amigo. Ele sabe da sua capacidade, mas omite em
detrimento do convívio social no meio em que está inserido. Esse meio lhe
proporciona segurança afetiva, por isso não se arrisca em momento algum.
Sua existência marca uma perda do ente, ou seja, ele não age como realmente
é (ser).
Por não ser o que realmente é ele vive uma constante angustia existencial.
Pois sabe que o que irá se tornar é inteiramente de sua responsabilidade e por
medo de não ser aceito adia essa tomada de decisão. Ele é livre para decidir o
rumo de sua existência, mas essa decisão é tão dura que se omite dessa
responsabilidade. Descarrega então em comportamentos não convencionais,
como brigas sem sentido, entre outros.
Quando conhece a namorada ele cria um personagem para que ela não o
rejeite. Em decorrência do que viveu no passado não consegue enxergar as
possibilidades de aprimoramento gerando um vazio existencial e uma
descrença em sua própria existência.
Nas entrevistas de emprego arranjadas pelo professor demonstra que possui
uma consciência reflexiva de mundo. Ele compreende e projeta o mundo, mas
não se insere nele. Se vê como uma simples peça.
Embora esteja no mundo, Will não se permite relacionar com ele de forma
autêntica. Quer seja nos trabalhos, quer seja na forma de lidar com as pessoas
ao seu redor. Com os amigos ele se mostra, mas para com os outros construiu
um muro de separação. Através de conhecimentos teóricos afasta as pessoas
dele, para que não sofra novamente com o abandono. Esse distanciamento
das pessoas o impede se ser atingido pelas coisas do mundo.
Só a partir do encontro verdadeiro que teve com o terapeuta Will consegue se
abrir para tornar-se algo novo. Para tanto todo um processo de aceitação,
reflexão e de quebra de conceitos foi necessária.
A autenticidade do terapeuta foi essencial para esse processo de mudança.
Como exemplificado no filme a mera aplicação de ferramentas (hipnose, por
exemplo) não surtiu efeito por ainda não existir um encontro entre cliente e
terapeuta. Só o encontro proporciona a mudança. Quando Will traz isso para a
consciência ele compreende que pode ser melhor do que é ao ser ele mesmo.
Estar aberto a decidir sem deixar que o medo de errar o direcione.

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