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Artigo Original
RESUMO
O presente artigo tem em vista trabalhar acerca dos desafios da integração dos refugiados no ensino superior no
Brasil, analisando as barreiras e as formas de acolhimento educacional para essas pessoas, como possíveis
soluções existem diversas iniciativas dentro das instituições de ensino superior que visam integrar e acolher os
refugiados, assim como, manter eles dentro da universidade minimizando os reflexos negativos que essa
problemática pode trazer. Para tanto no trabalho desenvolveu-se o método dedutivo e a revisão bibliográfica para
fazer a análise da problemática encontrada pela integração dos refugiados na educação superior, com objetivo de
explicar os conteúdos das premissas. Nesse sentido, esse método irá se adaptar melhor ao objetivo da pesquisa,
no qual busca uma resposta à problemática do tema abordado, buscando subsídios para compreensão e a
aprofundamento do tema. Assim, o presente instrumento versa analisar a melhor decisão a ser tomada nos casos
de desigualdade de direitos a educação superior e violação dos Direitos Humanos aos refugiados em situação de
vulnerabilidade para a promoção da igualdade social.
ABSTRACT
This article aims to work on the challenges of integrating refugees into higher education in Brazil, analyzing the
barriers and forms of educational reception for these people, as possible solutions there are several initiatives
within higher education institutions that aim to integrate and welcome refugees, as well as keeping them within
the university, minimizing the negative effects that this problem can bring. For that, the work developed the
deductive method and the bibliographical review to analyze the problem encountered by the integration of
refugees in higher education, with the objective of explaining the contents of the premises. In this sense, this
method will better adapt to the objective of the research, in which it seeks an answer to the problem of the topic
addressed, seeking subsidies for understanding and deepening the theme. Thus, this instrument deals with
analyzing the best decision to be taken in cases of inequality of rights to higher education and violation of the
Human Rights of refugees in vulnerable situations for the promotion of social equality.
1. INTRODUÇÃO
A princípio para que possamos compreender melhor a temática aqui proposta iremos a
analisar os importantes instrumentos que contribuem para proteção dos refugiados no Brasil.
Em face às diversas vulnerabilidades que atingem diversos estratos sociais é preciso
que o direito tenha um olhar mais atento a determinados sujeitos de direito. Nesse caso,
estamos falando dos refugiados.
De acordo com Arôca (2019), a Segunda Guerra Mundial foi marcada pelo grande
número de refugiados europeus se deslocando para outros países, com isso houve a
necessidade de proteger essas pessoas que não tinha mais seus lares. Assim, o Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), no qual seu mandato inicial foi
de três anos, mas devido à crise humanitária que se alastrou foi renovada diversas vezes
permanecendo até os dias de hoje com o “órgão responsável pela proteção internacional dos
refugiados” (JUBILUT, 2007, p.27).
O ACNUR é um órgão, no qual é subsidiário da ONU e segue as normas fornecidas
pela Assembléia Geral ou pelo Conselho Econômico e Social teve papel importante, pois sua
aproximação com as autoridades locais facilitaram no avanço para a construção de normas
inclusivas.
Desse modo, em 1993 foi proposto um anteprojeto pela ACNUR ao Ministério das
Relações Exteriores e ao Ministério da Justiça, no qual foi inspirado na Declaração de
Cartagena que contém uma denominação vasta a respeito dos refugiados. Segundo Andrade
(2017), essa Declaração foi fundamental para conduzir na formulação da lei, pois ampliava os
direitos das pessoas que não foram acobertadas pela Convenção de 1951 e seu protocolo
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que as normas sejam efetivadas e pessoas refugiadas e migrantes tenham acesso ao direito à
educação superior e a formação técnica profissional para garantir um direito igualitário para
todos.
O acesso as universidades públicas tem uma grande importância histórica, que vai
além de simplesmente incluir estudantes das universidades, refere-se a uma luta contra a
desigualdade social que reduz o número de indivíduos nas instituições de ensino superior.
Desse modo, conforme Pereira, Gutierrez e May (2016), afirmam que nesse sentido
reinicia a democratização do acesso às universidades públicas por meio de instrumentos que
permitam condições igualitárias de concorrência para todos os cidadãos com o surgimento de
políticas públicas afirmativas.
Assim, no começo do século XXI no Brasil, segundo Guarnieri e Melo (2017), o país
iniciou um trabalho para adotar formalmente o pacto de combate ao racismo com ações
afirmativas que tivessem o objetivo de reparação de danos históricos a essas ações que eram
importantes na luta contra o racismo e contra as desvantagens relacionadas à economia e o
direito social dos brasileiros.
Com isso as políticas públicas, no qual foram legitimadas por lei federal,
incentivaram as cotas para acabar com as desigualdades presentes na sociedade e dar garantia
a todas as pessoas, independente de raça ou poder aquisitivo, para terem direito ao acesso as
universidades públicas.
Nesse sentido, em 2012 foi promulgada a Lei nº 12.711/ 2012, que tem como o
objetivo o ingresso de pessoas aos institutos federais de ensino médio e as universidades
públicas com reserva de no mínimo de 50% das vagas para estudantes que tenham renda
familiar de igual ou inferior a 1,5 salários- mínimo por pessoas e para pretos, pardos,
indígenas e pessoas com deficiência, no qual seja proporcional ao número da população com
direito as cotas ao estado onde a instituição for localizada de acordo com o último censo do
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, além de ter cursado todo ensino médio
em escolas públicas (BRASIL, 2012).
Ainda nesse sentido, além das cotas citadas anteriormente, existem outros grupos que
se enquadram nos requisitos para ingressar nas universidades através de políticas públicas,
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Com isso, podemos observar que a Cátedra Sergio Vieira de Mello tem um importante
papel para a inclusão das pessoas refugiadas às universidades através das políticas públicas
afirmativas que ajudam essas pessoas terem seus direitos garantidos.
Ainda, segundo Rodrigues (2021), não basta apenas ter um sistema diferenciado para
ingressar os refugiados às universidades. É importante uma política igualitária que
mantenham essas pessoas nas instituições através do sistema de bolsas de permanência, no
qual seja comprovada a necessidade do refugiado, além de bolsas que remunerem os
estudantes que auxiliem os refugiados no processo de aprendizagem.
Nesse contexto, o Relatório Anual da Cátedra Sergio Vieira de Melo (2022), aponta
que:
Para muitas pessoas, a falta de recursos para aportar em alojamento, alimentação e
transporte dificultam ou impossibilitam a permanência na universidade. Para evitar
um aumento na evasão, algumas universidades têm apoiado os estudantes em
diversas frentes, como auxílio financeiro, bolsas de estudo, auxílio moradia, vagas
em residência estudantil, apoio com auxílio transporte, entre outros. Pensando nessa
integralidade das ações, a UFBA mantém um Programa de Assistência e Apoio aos
Estudantes de Baixa Condição Socioeconômica. A UNISANTOS, por sua vez, tem
projeto de acompanhamento dos discentes, com contatos com os alunos e os
coordenadores dos cursos em que estão matriculados a fim de diagnosticar formas
de auxiliá-los (RODRIGUES, 2022, p. 259).
Assim, podemos perceber como essas ações afirmativas tem um papel fundamental na
inclusão social para que esses direitos tenham efetividade e que os direitos dos refugiados
tenham aplicabilidade, pois existe um grande desequilíbrio social acerca do acesso ao ensino
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superior e os refugiados fazem parte dessa parcela de pessoas vulneráveis do nosso país em
direitos e oportunidades.
De acordo com o Rodrigues (2021), uma jovem descendente de família árabe foi
vítima de discriminação por um professor francês, no qual foi retratado no filme “O orgulho”
que mostra exatamente essa barreira estrutural, no qual no Brasil infelizmente ainda não é tão
exposta como na França e em outros países da Europa, dificultando, assim, o acesso e a
permanência dos refugiados nas instituições de ensino superior de forma igualitária.
Desse modo, no próximo tópico iremos analisar as formas de integração e acolhimento
dos alunos refugiados dentro das instituições de ensino superior, verificando os principais
desafios dessas pessoas e os instrumentos de enfrentamento da desigualdade nas
universidades públicas.
pós- graduação, esses documentos não são reconhecidos no país e com isso os imigrantes
acabam assumindo cargos divergentes das suas respectivas áreas de conhecimento. Dessa
forma, existe o obstáculo para essas pessoas terem acesso às universidades para regularizarem
seus diplomas ou ingressarem em um novo curso superior.
Assim, conforme Giroto e Paula (2020), a legislação brasileira abrange documentos
oficiais que protegem os estrangeiros na validação de diplomas e reconhecimento de pós-
graduação em cursos que são concluídos em outros países. A Resolução CNE/CES Nº 1, de
28 de janeiro de 2002 “estabelece normas para a revalidação de diplomas de graduação
expedidos por estabelecimentos estrangeiros de ensino superior” (BRASIL, 2002, p.1).
Nesse sentido, esse documento aponta em seu parágrafo segundo que:
Outro ponto importante analisado foi o crescimento entre 2017 a 2022 de diplomas
Por mais que haja comunicação via “portunhol” (resultado em grande medida de um
louvável esforço de comunicação intercultural, sobretudo em regiões de fronteira),
há obviamente notáveis diferenças entre os dois idiomas que impedem a inserção
socioeconômica de quem não domina a língua. Daí que o aprendizado do idioma é
essencial para restaurar e reforçar a dignidade do migrante (RODRIGUES, 2021,
p.268).
5. CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro
de 1996.
BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 24 mai. 2017. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13445.htm. Acesso em: 20 de
Nov. de 2022.
CSVM. Cátedra Sérgio Vieira de Mello. Relatório Anual 2022. Brasília, 2022.
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GEDIEL, José Antônio Peres. Políticas Públicas Educacionais e Inclusão de Migrantes nas
Universidades Brasileiras. Refúgio, Migrações e Cidadania, p. 109, 2021.
RODRIGUES, GILBERTO M.A. ACNUR. Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados. 70 Anos da Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados - (1951-2021) )
perspectivas de futuro / Organizadores: André de Carvalho Ramos; Gilberto M. A. Rodrigues;
Guilherme Assis de Almeida – Brasília: ACNUR Brasil, 2021, p. 258-278.
SIMÕES, G. da F.. Uma análise da proteção internacional aos refugiados no âmbito da ONU.
A ONU aos 70: contribuições, desafios e perspectivas. Boa Vista, Editora da UFRR, 2016, p.
852-883. p. 867.