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Aula 1: Princípios constitucionais tributários ................................................................................ 5
Introdução ............................................................................................................................. 5
Conteúdo................................................................................................................................ 6
Princípios constitucionais vinculados ao valor segurança jurídica ......................... 6
Princípio da Legalidade .................................................................................................... 7
Princípio da Irretroatividade .......................................................................................... 11
Princípio da Anterioridade ............................................................................................. 13
Princípio da Noventena ou Anterioridade Nonagesimal, Mínima ou Mitigada ... 14
Princípios constitucionais vinculados ao valor justiça ............................................. 14
Princípios constitucionais vinculados aos valores liberdade e federalismo ........ 20
Atividade proposta .......................................................................................................... 25
Aprenda Mais....................................................................................................................... 26
Referências........................................................................................................................... 26
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 27
Notas ........................................................................................................................................... 34
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 34
Aula 1 ..................................................................................................................................... 34
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 34
Aula 2: Imunidades tributárias .................................................................................................... 37
Introdução ........................................................................................................................... 37
Conteúdo.............................................................................................................................. 38
Conceito, natureza jurídica e institutos afins ............................................................. 38
Nomenclatura .................................................................................................................. 38
Obrigações acessórias (dever jurídicos instrumentais) ............................................ 39
Institutos afins .................................................................................................................. 41
Natureza jurídica e interpretação ................................................................................. 42
Imunidades genéricas ..................................................................................................... 43
Imunidade recíproca ....................................................................................................... 43
Imunidades de culto ....................................................................................................... 45
Imunidades dos partidos políticos e suas fundações ............................................... 46
Imunidades das entidades sindicais de trabalhadores ............................................. 46
Imunidades das entidades de educação e de assistência social ............................ 47
Objetivo:
1. Identificar os princípios constitucionais tributários vinculados ao valor
segurança jurídica e seus aspectos mais relevantes;
2. Examinar os princípios constitucionais tributários vinculados ao valor justiça e
suas principais controvérsias e dificuldades
de efetivação;
3. Explorar os princípios constitucionais tributários vinculados aos valores
liberdade e federalismo e suas aplicações práticas.
1 – Legalidade
João, conhecido como João Sem Terra, foi rei da Inglaterra de 1199 a 1216.
Seu reinado sofreu de grande ataques militares em guerras com a França, que
deixaram suas contas bastante deficitárias. Como recurso para reforçar seu
exército e seu reino de forma geral, aumentava tributos, o que deixava os
barões bastante insatisfeitos. Assim, para tentar um acordo com os barões, se
viu forçado a assinar um dos documentos mais famosos de toda a história, a
Magna Carta.
Aliás, que tipo de lei é essa? Como regra, a criação de tributos se dá por lei
ordinária. Ao contrário do que muitos estudantes do Direito acabam por
decorar, a criação de tributos não será objeto de lei complementar. A lei
complementar tem como principal função o estabelecimento de normas gerais,
ou seja, aquelas que estabelecem um padrão de comportamento a ser
Medida provisória
Ainda outro ponto, que há muito se discutiu, é a possibilidade de medida
provisória criar ou aumentar tributo. Medida provisória não é lei. Mas tem força
de lei. Sendo assim, como ficamos? A insatisfação poderia surgir do fato de que
a medida provisória é ato normativo editado diretamente pelo Executivo e que
já começa a produzir efeitos antes mesmo de qualquer chancela do Legislativo
– poder que representa a vontade do povo na criação de atos normativos. Mas
o STF nunca reconheceu nenhuma inconstitucionalidade em medida provisória
e, recorrentemente, temos novas medidas provisórias sobre a matéria. Aliás, a
Emenda Constitucional nº 32/2001, que introduziu novas regras relativas à
Exceções
Um último ponto a tratarmos sobre a Legalidade é que há exceções. Mas
devemos entender, antes, as razões dessas exceções. Como será tratado na
próxima aula, nem todos os impostos têm função arrecadatória, nem todos se
prestam a prover, simplesmente, dinheiro aos cofres públicos. Alguns tributos
têm a função de intervir na economia, de servir de instrumento de política
pública. Assim é com os impostos sobre o comércio exterior (importação e
exportação), sobre produtos industrializados e sobre operações financeiras. E,
nesse sentido, caso fosse necessária a publicação de uma lei para qualquer
aumento ou redução em suas alíquotas, considerando a quantidade de leis que
ocupam a jornada do Legislativo, essas alterações somente seriam aprovadas
depois de a intervenção não mais ser necessária. É por isso que os quatro
impostos acima relatados são, na forma do Artigo 153, §1º, da CR, verdadeiras
exceções à legalidade. Mas isso só no que diz respeito às suas alíquotas, ou
seja, o percentual correspondente. Todos os outros elementos desses tributos
deverão ser fixados por lei.
Princípio da Tipicidade
2 – Tipicidade
Na doutrina alemã, desenvolveu-se outro princípio, que não encontra previsão
expressa em nossa Constituição. É o princípio da tipicidade. Tipo é a descrição
legal da situação que deverá ocorrer para que os efeitos nela previstos sejam
aplicados. Em matéria de tributos, é correto afirmar que o tipo tributário é
composto pelos elementos da obrigação tributária (que serão vistos na próxima
disciplina, mas que aqui já adiantamos): aspecto material, temporal,
espacial, subjetivos e quantitativos; ou seja, o que precisa ocorrer,
quando se considera isto ocorrido, onde se considera isto ocorrido, quem
pagará, a quem, e o quanto.
Atenção
Na prática, acaba valendo a tipicidade aberta. Não é, em
verdade, possível conviver sem os conceitos legais
indeterminados. Até seria possível abrir mão das normas em
branco. Mas quando a linguagem cria obstáculos ao legislador,
eles costumam ser bem difíceis de serem ultrapassados. Assim,
o uso de expressões abertas é um recurso indissociável da
atividade legislativa.
Princípio da Irretroatividade
3 – Irretroatividade
Não basta, para a segurança, que o tributo seja fixado por lei. Até porque a lei
poderia criar regras para situações já ocorridas e isto traria uma grande
insegurança. Então, o Artigo 150, III, a, da Constituição determina que as leis
somente podem alcançar fatos geradores/situações que ocorrem na vigência
que os instituiu ou aumentou.
Note bem um detalhe que difere do Princípio da Legalidade: aqui, a redução de
tributo pode alcançar fato que ocorreu antes. É claro que se a Constituição não
trouxer regra que o proíba (e não há), a lei pode fixar tratamento mais benéfico
para situação anterior.
Princípio da Irretroatividade
Assim como os demais princípios vistos até aqui, esse possui pontos a serem
destacados. Vejamos a seguir:
Imposto de renda
Mas, de tudo isso, o que traz maior perplexidade no estudo desse princípio é a
análise da Súmula nº 584 do STF. O fato gerador do imposto de renda é
definido, por muitos doutrinadores, como complexivo ou periódico (formado por
um conjunto de fatos ocorridos ao longo de determinado período – a saber, 1º
de janeiro a 31 de dezembro). Caso uma lei entre em vigor em qualquer outro
dia que não 1º de janeiro, a pergunta lançada é: qual é a lei aplicável ao
imposto de renda? A antiga, até que feche o ano? A nova, a partir da sua
vigência? A nova para o ano todo?
De acordo com o Artigo 105 do CTN, parece-nos que a lei nova seria aplicável
retroagindo a 1º de janeiro do mesmo ano em que entra em vigor. Mas isso
viola, flagrantemente, o princípio da irretroatividade. Pela Súmula nº 584 do
STF, a solução é ainda mais gravosa para o contribuinte. Ela determina que
seja aplicada a lei que estiver em vigor, não no ano da ocorrência do fato, mas
no ano em que deve ser feita a declaração. É isso mesmo que você está lendo!
Aos rendimentos que você tem recebido, será aplicada a lei que estiver em
vigor no ano que vem! O que deve prevalecer é a aplicação do Artigo 150, III,
Princípio da Anterioridade
4 – Anterioridade
Se refletirmos sobre o propósito de garantir segurança jurídica ao contribuinte,
tão somente Legalidade mais Irretroatividade não produzem um resultado
satisfatório. Imagine você firmar um contrato, contando com uma carga
tributária tal e, amanhã, ser publicada (com vigência imediata) uma lei que
duplique esta carga tributária. Ainda assim, haveria insegurança. É por isso que
o ordenamento jurídico brasileiro conta com o Princípio da Anterioridade – a lei
que cria ou aumenta um tributo deve ser publicada até o ano anterior para que
possa ser aplicada.
Anualidade
Mas nem sempre foi assim; ou melhor, nem sempre que se quis garantir esse
reforço à segurança jurídica, se fez pelo princípio da anterioridade. O outro
recurso era o princípio da anualidade tributária, que consistia na exigência de
uma autorização no orçamento anual para que, naquele ano, o tributo pudesse
ser cobrado. Dessa maneira, a ausência de previsão orçamentária impedia a
cobrança do tributo naquele ano. Se você quiser, pode confirmar: a nossa
Constituição não trata do princípio da anualidade. Este princípio esteve presente
na Constituição de 1824, 1946 (até ser revogado pela EC nº 18/65) e 1967 (até
ser também revogado pela EC nº 1/69).
Exceções
Você viu que a legalidade tem exceções por conta da extrafiscalidade? O
mesmo ocorre com a anterioridade, tanto para os casos de extrafiscalidade
como para os casos de urgência. As exceções se encontram listadas nos
seguintes artigos da Constituição de 1988: Artigo 150, §1º, primeira parte;
Artigo 195, §6º; Artigo 177, §4º, I, b; e Artigo 155, §4º, IV, c.
Por isso, é tão difícil compreender que nossa Constituição possua tantos
dispositivos que protegem o valor justiça. Mas vamos a eles.
Generalidade e universalidade
Como decorrência imediata do princípio da isonomia, encontram-se no Artigo
153, §2º, I, da Constituição, os princípios da generalidade e da universalidade.
Aliás, para um leigo, essas duas palavras poderiam ser consideradas sinônimas.
Mas uma regra fundamental de interpretação da Constituição afirma que ela
não contém palavras inúteis ou desnecessárias. Assim, temos de encontrar uma
diferença. Parte da doutrina vai afirmar que generalidade é uma expressão que
traz uma ideia de subjetividade, de sujeito. Assim é que generalidade significa
que “todo aquele que manifestar riqueza será, em princípio, contribuinte”. É por
isso que a Constituição veda tratamento privilegiado a determinadas categorias
– como é comum ocorrer em regimes ditatoriais que tendem a privilegiar a
categoria que se encontra no poder. De igual forma, afirma-se que
universalidade traz uma ideia de objetividade, de objeto. Universalidade
significa que “todo fato que demonstre riqueza será, em princípio, gerador de
tributo”. Então, encontramos aqui o fundamento para a tributação de várias
situações, até mesmo do ato ilícito – princípio do pecúnia non olet. Aliás, sobre
este princípio, vamos guardar detalhes, pois deixaremos para cuidar dele ao
falar de imposto de renda. Também é importante dizer que esses princípios não
pertencem exclusivamente ao imposto de renda; são eles princípios aplicáveis a
Capacidade contributiva
Mas a maior concretização do princípio da isonomia é, sem dúvida, o princípio
da capacidade contributiva. Cada um deve contribuir, ainda que forçosamente,
para as despesas públicas na medida das forças de sua riqueza.
Neste momento, você deve abrir a sua Constituição e ler o §1º do Artigo 145;
nele, você encontra a positivação do princípio. A partir dessa redação, vamos
fazer a sua análise. A primeira expressão a merecer destaque é “sempre que
possível”. O que significa isso? Ora, significa que nem sempre é possível... É
verdade! Será possível aplicar esse princípio nos chamados tributos indiretos
(aqueles que vêm embutidos no preço daquilo que compramos, que quem
recolhe é o comerciante ou mesmo a indústria)? O fisco teria como saber se
aquele que suporta o encargo tributário tem condições de pagar? A resposta é
simples: não! Afinal, quem consome arroz? Rico ou pobre? Os dois.
Não confisco
Outro princípio afeto ao valor justiça é o não confisco, com previsão expressa
no Artigo 150, IV, da Constituição. Esse princípio está carente de desejável grau
de concretude, ou seja, é bastante difícil afirmar, de forma pacífica, quando há
ou não confisco. E o que é confisco? Poderíamos dizer que tributação
confiscatória é aquela tão elevada que é capaz de extinguir a riqueza tributada.
Assim, há uma divergência no fato de como fazer essa análise. O confisco
deveria ser analisado de forma geral (ou seja, pela soma de todos os tributos
devidos) ou de forma isolada (ou seja, por cada tributo). É claro que a forma
mais justa e mais efetiva é a forma geral. No entanto, ela não vem
prevalecendo, e o STF somente tem feito essa análise de maneira isolada, até
porque, se já o tivesse feito, de forma geral, poderia, segundo muitos, ter
reconhecido o confisco no direito brasileiro, afinal, temos as maiores cargas
tributárias do mundo. Esse princípio, todavia, cede espaço para a
extrafiscalidade. É claro que objetivos maiores podem fazer com que o não
confisco seja abandonado; por exemplo, uma alíquota de 330% para o cigarro
não é considerada como confiscatória, nem uma alíquota de 60% para as
importações. Em ambos os casos, o propósito do fisco é evitar a ocorrência
desses fatos geradores.
Não cumulatividade
Esse princípio está afeto ao valor justiça, pois evita que cada cadeia seja
onerada gradativamente. Vejamos a explicação: há tributos que se classificam
Neutralidade
Esse princípio não está positivado em nossa Constituição, mas pode ser
extraído do conjunto justiça e ordem econômica. A tributação deve ser
distribuída nos diversos da economia, como forma de evitar demasiada
oneração para uma categoria e privilégio para as demais.
Um exemplo para isso pode ser visto no Artigo 146-A, que determina que a lei
complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação para evitar
desequilíbrios da concorrência.
Liberdade
Apesar de não ter sido o primeiro a passar por nosso objeto de análise, a liberdade é o
primeiro grande valor a ser construído contra o Estado. Aliás, podemos até dizer que
os outros se originam de sua construção. Afinal, sem liberdade, o homem não seria
capaz de lutar pelos demais, nem por justiça nem por segurança.
Federalismo
Para fecharmos o estudo dos princípios, é importante tratarmos de um valor
que não é adotado, nem pode ser, por outros países – o federalismo.
Para esclarecermos, federalismo é o sistema político pelo qual vários Estados se
reúnem para formar um Estado federal, sem abrir mão de sua autonomia.
Assim, é importante em um Estado como o Brasil o respeito pela União da
autonomia de Estados e municípios.
Uniformidade geográfica
Não é só intervindo na tributação dos outros entes que a União pode afrontar o
pacto federativo e colocar em conflito os vários entes federativos. Isso pode
ocorrer também quando ela conceder algum tratamento mais benéfico aos
contribuintes que estejam em um ente da federação. Assim é que o Artigo 151,
I, da Constituição, proíbe que a União conceda tratamento que não seja
uniforme no território nacional, à exceção da concessão de benefício que tenha
por escopo o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico nas diversas
Atividade proposta
O site http://www.impostometro.com.br demonstra uma previsão, segundo
estudos técnicos, do montante de tributo arrecadado. Os valores variam
conforme o mês, mas permitem apurar o quanto um brasileiro já arcou de
tributos naquela data. O que este site permite que a sociedade perceba?
Material complementar
Referências
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos.
8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz
da doutrina e da jurisprudência. 15. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2013.
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional, Financeiro e
Tributário. v. 1. Rio de Janeiro: Renovar, 2009.
Questão 2
Em setembro de 2011, a União editou decreto determinando a elevação das
alíquotas de IPI sobre a importação de automóveis, e instrução normativa
determinando a prorrogação do direito de dedução, sobre o imposto de renda
anual da pessoa física, da contribuição previdenciária paga a empregado
doméstico. Em ambas as normas, há cláusula de vigência para o dia da
publicação desses atos normativos. Acerca desse aspecto, é correto afirmar, em
conformidade com a CF e com o CTN, que:
a) Os efeitos do decreto produzem-se a partir de 1º de janeiro de 2012, e
os da instrução normativa, a partir da publicação.
b) Os efeitos do decreto produzem-se após 90 dias contados da publicação,
e os da instrução normativa, a partir da publicação.
Questão 3
Analise a seguinte afirmação: “Não basta, no Direito Tributário, a razoável
equivalência entre o fato e a hipótese legal caracterizadora dos modelos
abertos; exige-se, rigorosamente, o preciso amoldamento do fato ao tipo
legalmente definido. É que, na espécie, o modelo legal é cerrado, fechado, não
ensejando dilargamento pelo aplicador da lei, o que confere à preservação de
garantias e direitos prestigiados pela Constituição”. (BARRETO, 2009, p. 30). O
trecho acima se refere, mais precisamente, ao princípio da:
a) Legalidade
b) Irretroatividade
c) Igualdade
d) Não confisco
e) Tipicidade
Questão 4
Qual dos tributos abaixo não obedece ao Princípio da Anterioridade Mínima
Nonagesimal?
a) Imposto de renda
b) Imposto sobre serviço
c) Imposto sobre produtos industrializados
d) Contribuição social
e) CIDE combustível
Questão 6
A instituição de tributo com alíquotas progressivas, sem ser exageradamente
oneroso, não podendo, portanto, ser considerado confisco, faz transparecer, no
direito tributário, na instituição do referido tributo, o cuidado com o princípio
da:
a) Seletividade
b) Não diferenciação tributária
c) Legalidade estrita
Questão 7
Analise as assertivas dispostas abaixo:
I. O tributo de cunho confiscatório não se define por intermédio de um
percentual, mas pelo ônus econômico que se torne insuportável para o
contribuinte.
II. A dificuldade de se aferir o caráter confiscatório de um tributo encontra-se
justamente na determinação prática o que se deve entender como grau abusivo
de exigência do patrimônio do contribuinte, sendo que tal determinação deve
se processar em cada situação concreta.
III. Representa afronta ao princípio do não confisco por parte do Poder Público
Municipal, a cobrança simultânea dos valores de Imposto Predial Territorial
Urbano devidos por proprietário de imóvel dos últimos cinco anos e que não
foram pagos na oportunidade própria.
IV. O princípio tributário do não confisco é uma decorrência da premissa
constitucional que assegura aos cidadãos o direito de propriedade, desde que
esta desempenhe a sua função social. Portanto, constitui uma afronta a esse
princípio o estabelecimento por Lei de Alíquota do Imposto Territorial Rural em
20% (vinte por cento) para as chamadas terras absolutamente improdutivas.
a) Apenas I e II estão corretas
b) Apenas I, II e IV estão corretas
c) Todas estão corretas
d) Apenas II e III estão corretas
Questão 8
Conforme a Constituição da República Federativa do Brasil, poderá ser
progressivo o seguinte tributo municipal:
a) IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana)
b) IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículo Automotores)
c) IR (Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza)
Questão 9
O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257, de 10 de junho de 2001, que regulamenta
os Artigos 182 e 183 da Constituição Federal) é uma norma que disciplina o(a):
a) IPTU Progressivo
b) Sobretaxa
c) Empréstimo Compulsório
d) IPVA
e) ISS
Questão 10
O princípio da seletividade se aplica:
a) Ao ICMS
b) Às taxas
c) Às contribuições
d) Aos tributos
e) Ao IR
Questão 11
Considere a seguinte situação hipotética: lei federal fixou alíquotas aplicáveis ao
IPI e estabeleceu que a alíquota relativa aos carros de luxo produzidos no
Estado de Sergipe é de 12%, e a dos produzidos nos demais Estados da região
Nordeste é de 18%. Tal enunciado normativo viola o princípio constitucional:
a) Da uniformidade geográfica da tributação
b) Da capacidade contributiva
c) Da liberdade de tráfego
d) Da não diferenciação tributária entre a procedência e o destino do
produto
e) Do não confisco
Questão 13
Suponha que a República Federativa do Brasil, ao celebrar acordo bilateral com
o país K, com ratificação do respectivo acordo internacional pelo Congresso
Nacional e observância de todos os trâmites legislativos impostos pela ordem
jurídica interna e internacional, tenha como escopo realizar projeto de
comercialização de gás mediante dutos instalados nos territórios das
respectivas partes envolvidas, sendo concedida, por meio do referido acordo,
isenção de todos os impostos incidentes nesta operação. Ocorre que, no
decorrer das obras de construção civil vinculadas à implementação do
respectivo projeto, certo Município, localizado no Brasil, no qual era realizada
parte das obras, promoveu o lançamento do ISS incidente sobre tais atividades
de prestação de serviço realizadas em seu território, por entender que cabe
exclusivamente à Municipalidade legislar sobre isenção de tributos de sua
competência. À vista disso, o Município:
a) Tem razão, tendo em vista que se configura isenção heterônoma,
vedada pelo artigo 151, III, da Constituição Federal em vigor, o qual
veda a União a instituir isenções de tributos da competência dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios, sem ressalvas.
Questão 14
Com relação ao princípio constitucional da imunidade recíproca, previsto na
Constituição Federal, Artigo 150, VI, podemos afirmar que:
a) Os Municípios estão impedidos de cobrar, da União e dos Estados, taxas
pelo serviço de coleta de lixo, bem como quaisquer outras taxas de
polícia.
b) É defeso à União, Estados, Distrito Federal e Municípios exigir impostos
sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, bem como das
autarquias ou fundações por eles mantidas, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades
essenciais ou delas decorrentes.
c) Não incide Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
sobre os imóveis pertencentes à União, mas o imposto pode ser cobrado
dos Estados em relação aos imóveis de que são proprietários.
d) Fica vedada a instituição de impostos e de contribuições sociais sobre
livros, jornais e periódicos e o papel destinado à sua impressão.
Aula 1
Exercícios de fixação
Questão 1 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 106, II, c, do CTN, que se refere ao
ato não definitivamente julgado.
Questão 3 - E
Justificativa: Resposta fundada na doutrina, para a qual, especificamente,
temos o Princípio da Tipicidade, que determina que todos os elementos da
obrigação tributária devem ser dotados de precisão, consubstanciando o tipo
tributário.
Questão 4 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, §1º, 2ª parte, da Constituição,
que estabeleceu as exceções ao princípio constitucional.
Questão 5 - A
Justificativa: Resposta fundada no Princípio da Anterioridade, Artigo 150, III, b,
da Constituição
Questão 6 - D
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 145, §1º, que conceitua o princípio da
capacidade contributiva.
Questão 7 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, IV, que conceitua o princípio da
vedação ao confisco.
Questão 8 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 156, §1º, I, da Constituição.
Questão 10 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 155, §2º, III, da Constituição.
Questão 11 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 151, I, da Constituição.
Questão 12 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 151, I, da Constituição.
Questão 13 - D
Justificativa: Resposta fundada na noção de que a República Federativa do
Brasil representa todos os entes federativos, e, portanto, não há vedação a
esse tratado internacional.
Questão 14 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, VI, a, da Constituição.
Questão 15 - D
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, §4º, da Constituição.
Isso ocorre por meio da imunidade, que, dessa forma, configura-se, como
leciona Ricardo Lobo Torres, como verdadeiras intributabilidades de liberdades
fundamentais. Há determinadas situações em que não se pode sequer correr o
risco de tributar. Alguém sempre pode errar na dose.
Objetivo:
1. Distinguir imunidades tributárias no ordenamento jurídico;
2. Examinar as imunidades tributárias genéricas;
3. Analisar as imunidades tributárias específicas.
Não estamos diante de uma norma que veda a competência (na verdade, ela
não existe). Não é renúncia fiscal, favor ou benefício. O tributo não poderia
sequer existir. Só há favor quando o ente federativo pode cobrar o tributo e
não o faz; na imunidade, ele não pode e nunca pôde. Do mesmo modo que a
Constituição outorga competências, ela também afasta determinadas situações.
Nomenclatura
É por isso que, na próxima disciplina, veremos que não estamos, em verdade,
diante de uma relação de acessoriedade e, sim, de uma relação de
instrumentalidade; isto porque, pela teoria da gravitação jurídica, o acessório
segue a sorte do principal.
Classificações
A doutrina traz várias classificações para as imunidades. À medida que
estudamos as classificações, aprofundamos nossos conhecimentos.
Por isso, tentaremos ser abrangentes. Veja a seguir.
Institutos afins
Para melhor compreendermos como opera nosso ordenamento, é bom
sabermos que nem sempre que deixamos de pagar um tributo estaremos
diante de uma imunidade. Imunidade somente quando a Constituição
determinar; de outra forma, será não incidência pura e simples, isenção,
alíquota zero ou, ainda, remissão. Conheça mais sobre o assunto.
Isenção
É, ao leigo, semelhante à imunidade. A isenção também terá previsão de que
não poderá ser cobrada; porém, esta isenção não se encontra na Constituição,
ela está em norma infraconstitucional. Aliás, essa é a diferença mais importante
entre os dois institutos. Podemos então dizer que a imunidade é a hipótese de
Alíquota zero
É uma hipótese de incidência. Nesse caso, o tributo índice seria devido.
Contudo, um dos aspectos quantitativos é reduzido a zero, e, ao multiplicarmos
pelo outro aspecto quantitativo (a base de cálculo), o resultado será sempre
zero; isto é muito comum nos tributos regulatórios em que a alíquota é uma
exceção do princípio da legalidade e pode ser alterada pelo próprio executivo.
Assim, quando se quer incentivar algum setor econômico, ao invés de criar uma
isenção – o que demandaria todo um processo legislativo demorado –, o
governo pode reduzir a alíquota a zero.
Remissão
É um favor legal, no qual o tributo era originariamente devido, mas,
posteriormente, o seu pagamento foi perdoado. Aqui, o benefício surge depois
da ocorrência do fato gerador, diferente de todas as hipóteses acima.
Imunidades genéricas
Artigo 150, VI, da CR.
As imunidades que serão tratadas agora estão no Artigo 150, VI, da CR, e
tratam de vedações para qualquer ente federativo e para todo e qualquer
imposto. Aqui há uma proteção da liberdade de várias espécies: política,
religiosa, etc. Essa imunidade se aplica aos impostos (em princípio todo e
qualquer imposto), pois eles não possuem qualquer parâmetro para sua
fixação, por se tratar do único tributo não vinculado.
Imunidade recíproca
Determina que é vedado instituir impostos sobre o patrimônio, rendas e
serviços uns dos outros (entes federativos, inclusive suas autarquias e
fundações). É como afirma Humberto Ávila:
Ela atinge não só o templo físico – como parece dizer a Constituição – mas tudo
aquilo que guarnece a atividade religiosa; é, assim, uma imunidade subjetiva.
Isso gerou (e ainda gera) algumas controvérsias. Uma destas que se tornou
histórica é a possibilidade de incidir tributo sobre a residência paroquial; se esta
pertencer ao patrimônio do templo, ela continuará a gozar da imunidade. Outro
ponto é o imóvel da igreja que lhe serve de estacionamento ou, ainda, as
vendas realizadas em quermesses. Se os recursos obtidos forem utilizados nas
atividades religiosas, tudo permanece imune. Caso contrário, o tributo deve
incidir.
Será que uma instituição de educação que cobra elevadas mensalidades e que
tem lucro pode se beneficiar dessa imunidade? É claro que sim. Basta que ela
aplique esse lucro na sua atividade. Não ter fins lucrativos não é o mesmo que
não ter lucro. O lucro é extremamente positivo para alcançar seus propósitos;
ele não pode é ser distribuído.
Imunidade musical
A Constituição de 1988 foi objeto da Emenda Constitucional nº 75 de 2013, que
passou a contar com a seguinte alínea do Artigo 150, VI:
Imunidades específicas
A divisão aqui proposta tem como objetivo maior facilitar o nosso estudo, pois
selecionamos aquelas mais importantes, que geram maiores controvérsias, e
deixamos as pontuais para este momento final. Estas imunidades dizem
Atividade Proposta
Consulte o site do STF sobre o tema imunidade e tributos indiretos, consultando
alguns ou todos os artigos acima vistos na aula no endereço
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/pesquisarJurisprudencia.asp.
Elabore um parecer técnico que reproduza o entendimento do tribunal.
Aprenda Mais
Material complementar
Referências
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
Exercícios de fixação
Questão 1
Toda vez que a Constituição Federal estabelece que determinado imposto “não
incide”, é correto afirmar que estamos diante de um caso de:
a) Imunidade
b) Isenção
c) Remição
d) Remissão
e) Anistia
Questão 2
A imunidade deve ser interpretada de que forma?
a) Exclusivamente literal, para compreender exclusivamente o que está no
texto legal.
b) Gramatical, limitando-se ao que o leigo poderia compreender do texto
constitucional.
c) Extensiva, uma vez que se trata de um direito fundamental.
d) Restritiva, pois segue o mesmo sentido da isenção.
e) Estrita, pois trata de uma simples exceção que não consubstancia
nenhuma norma especial.
Questão 3
Com relação ao tema das limitações ao poder de tributar, julgue os itens
subsequentes.
Questão 4
Assinale a alternativa correta sobre a diferença entre isenção e imunidade.
a) Isenção e não incidência são iguais, já a imunidade assemelha-se à
chamada alíquota zero.
b) A isenção é criada por decreto do chefe do Executivo, já a imunidade é
criada por decreto legislativo.
c) Isenção somente se refere a taxas e contribuições, já a imunidade
abrange todos os tipos de tributos.
d) Isenção é prevista em lei, já a imunidade é constitucionalmente
estipulada.
e) Imunidade e não incidência são sinônimos, pois ambos estão previstos
na Constituição e na lei.
Questão 6
Em decorrência de imunidade tributária, o ICMS NÃO pode ser cobrado em
relação:
a) À conferência de bens imóveis ao capital de sociedades, em aumento de
capital.
b) À venda de mercadorias, tendo como destino partidos políticos, para
aplicação direta na atividade política aprovada pelo Tribunal Regional
Eleitoral.
c) A prestações de serviços de comunicação nas modalidades de
radiodifusão sonora e de sons e imagens, de recepção livre e gratuita.
d) À importação de bens na modalidade “importação por encomenda”
realizadas em favor de entidade religiosa (templo de qualquer culto).
Questão 7
Determinada empresa pública federal obteve o reconhecimento, no Supremo
Tribunal Federal, de equiparação das suas atividades com a União Federal,
atingindo, como efeito reflexo, a sua sujeição tributária. Nesse sentido,
requereu ao Estado W que não fosse compelida a pagar o Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA em relação à sua frota. Tal
requerimento está embasado na:
a) Anistia
b) Moratória
c) Imunidade
d) Isenção
e) Não incidência
Questão 8
Conforme a CF, é permitido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
municípios instituirem impostos sobre:
a) Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos
b) Entidades sindicais patronais
c) Livros, jornais e periódicos
d) Fundações instituídas por partidos políticos
e) Templos de qualquer culto
Questão 9
O Artigo 150, VI, da Constituição Federal, dispõe sobre as chamadas
imunidades tributárias, as quais consistem em normas nas quais fica proibida a
tributação sobre situações ou pessoas expressamente indicadas. Nesse sentido,
é correto afirmar:
Questão 10
Determinada editora de livros, revistas e outras publicações foi autuada pela
fiscalização de certo Estado, onde mantém a sede da sua indústria gráfica, pela
falta de recolhimento de ICMS incidente sobre álbum de figurinhas. Nessa linha,
à luz do entendimento do STF sobre a matéria em pauta, tal cobrança é:
a) Inconstitucional, por força da aplicação da isenção tributária.
b) Inconstitucional, por força da aplicação da imunidade tributária.
c) Constitucional, por força da inaplicabilidade da imunidade tributária.
d) Inconstitucional, por estar o referido tributo adstrito à competência
tributária da União Federal.
e) Constitucional, por força de interpretação literal da imunidade tributária.
Questão 11
A respeito da gratuidade de justiça, é correto afirmar que:
a) Abrangerá exclusivamente as custas judiciais, mas não os honorários de
perito.
b) Pode ser conceituada como uma imunidade tributária.
c) Não encontra regulamentação infraconstitucional.
Questão 12
É correto afirmar que o idoso encontra proteção também nas imunidades.
Assim sendo, será ele imune, exceto:
a) Rendimentos provenientes de aposentadoria quando maior de 65 anos.
b) Rendimentos provenientes de pensão quando maior de 65 anos.
c) Imunidade dos transportes coletivos.
d) Imunidades que beneficiem outras pessoas também.
e) Imunidades relativas aos impostos sobre a propriedade
Questão 13
Sobre as exportações, é correto afirmar que incidirá:
a) ICMS e IE
b) IPI e IE
c) ICMS e IPI
d) ICMS, IPI e IE
e) Somente o IE
Questão 14
As instituições de assistência social deverão recolher:
a) Todos os impostos, taxas e contribuição de melhoria.
b) Somente os impostos e as contribuições da seguridade social.
c) Os tributos, excetuados os impostos e as contribuições da seguridade
social.
d) Taxas e contribuição de melhoria.
e) Taxas, contribuições e empréstimos compulsórios.
Aula 2
Exercícios de fixação
Questão 1 - A
Justificativa: Resposta fundada no conceito doutrinário.
Questão 2 - C
Justificativa: Resposta fundada nas regras de interpretação constitucional.
Questão 3 - D
Justificativa: Resposta fundada na classificação doutrinária das imunidades.
Questão 4 - D
Justificativa: Resposta fundada no conceito doutrinário dos institutos.
Questão 5 - A
Justificativa: Resposta fundada em vários dispositivos da Constituição.
Questão 6 - C
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, VI, e, da Constituição.
Questão 8 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, VI, da Constituição.
Questão 9 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, VI, da Constituição.
Questão 10 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, VI, d, da Constituição.
Questão 11 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 5º, LXXIV, da Constituição.
Questão 12 - E
Justificativa: Resposta fundada nos Artigos 153, §2º, II, e 230, §2º, da
Constituição.
Questão 13 - E
Justificativa: Resposta fundada nos Artigos 153, §2º, II, e 230, §2º, da
Constituição.
Questão 14 - C
Justificativa: Resposta fundada nos Artigos 150, VI, c, e 195, §7º, da
Constituição.
Questão 15 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 5º, LXXVI, da Constituição.
Objetivo:
1. Definir competência tributária com seus atributos;
2. Distinguir competência tributária de capacidade tributária ativa;
3. Arrolar as espécies de competência tributária.
A criação dos tributos não nasce da vontade das partes que se encontram
nessa obrigação. Você vai rever que a obrigação tributária é uma espécie de
obrigação ex lege, ou seja, ela não nasce da vontade das partes, mas, sim,
nasce da vontade da lei, cujo exercício é exemplo da soberania estatal. Assim, a
soberania do Estado cria tributos e arrecada.
Mas há, por outro lado, uma regra no nosso direito que parece impor o
contrário. Na Lei Complementar nº 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal), o
Artigo 11 determina que não poderá haver transferências voluntárias (ou seja,
a entrega de recursos além dos predeterminados na Constituição) para ente
federativo que não tenha instituído todos os seus impostos. Mas não é isso. O
que a Lei de Responsabilidade Fiscal quer é evitar que um ente federativo se
torne dependente de outro ente sem que haja necessidade. Assim, um ente
federativo somente poderá receber recursos de outro quando exercer a sua
competência prevista na Constituição de tal forma que somente receberá
recursos quando o que arrecadar não for suficiente.
A competência tributária é determinada não sem motivo. Ela existe para que os
entes federativos tenham autonomia, competência proporcionada apenas se o
ente possuir recursos próprios. Ele possuirá recursos próprios através de alguns
mecanismos e, hoje, a receita pública mais importante é o tributo. O Estado
não é mais um empresário que obtém recursos nos exercícios de atividades
econômicas, visto que ele o adquire diretamente da sociedade, que deve
contribuir para a prestação de serviços públicos. Uma vez que a competência
tributária é determinada para garantir a autonomia financeira, e que a
autonomia dos entes federativos é algo irrenunciável, já que é essencial para a
federação, a competência tributária é igualmente irrenunciável.
O CTN diz que as funções de arrecadar e fiscalizar podem, sim, ser delegadas.
Isso, contudo, não é competência, mas, sim, capacidade tributária ativa.
De igual forma, uma vez que estamos diante de um instituto criado para
garantir a integridade da federação, a competência é inalterável. A
Constituição não permite que um ente amplie ou diminua a sua competência.
De certa forma, somente uma emenda constitucional poderia ampliar a
competência. Um exemplo de uma possível ampliação de competência tributária
por emenda constitucional é a que você teve ciência pelo artigo separado para
esta aula. Ele retrata uma proposta legislativa de nacionalizar o ICMS. Hoje,
contamos com um infindável conjunto de leis que tratam do ICMS. Para além
de uma legislação nacional, ou seja, elaborada pelos Estados, para valer
perante todos eles (os convênios interestaduais), cada Estado tem a sua
legislação própria. Isso cria um conflito entre eles, uma confusão para o
contribuinte e um custo para o próprio pagamento do tributo, visto que este
não é só caro em si, como também é caro pagar o tributo.
Mas, será possível, ainda que por emenda constitucional, alterar essa
competência? Um impeditivo é a questão da cláusula pétrea determinada no
Artigo 60, §4º, I, da CR, que não poderá sequer ser objeto de emenda a
proposta tendente a abolir a forma federativa de estado. Assim, os contrários a
essa proposta defendem que transferir a instituição do ICMS para a União,
ainda que a destinação de receitas fique com os Estados, retire a autonomia, o
E, por fim, para aqueles que defendem, por exemplo, a instituição do Imposto
sobre grandes fortunas, a competência é incaducável, ou seja, haverá sempre
a possibilidade de lutar por sua instituição. Não há prazo, visto que a
Constituição é de 1988, já se contam mais de duas décadas e não se perdeu o
prazo para instituí-lo.
Além disso, qualquer legislação que já foi elaborada (e que até esteja em vigor)
também poderá ser alterada, pois o poder de legislar não está submetido a
prazo no nosso ordenamento jurídico.
Isso já foi possível no nosso ordenamento jurídico, quer por haver expressa
autorização na Constituição que falava das competências tributárias
concorrentes, quer por não haver prévia designação constitucional de
competência, o que deixava os entes federativos livres para criarem os tributos
como bem quisessem. Realidade que não é mais a Constituição atual que
divide, minuciosamente, os fatos e as espécies tributárias entre os três entes
federativos.
Bis in idem
Segundo o STF, haverá bis in idem quando o mesmo ente federativo estiver
instituindo a mesma espécie tributária sobre o mesmo fato gerador. É uma
repetição. Tudo igual. Deve ser a mesma espécie de tributo (um dos cinco)
sobre o mesmo fato gerador.
Aqui, estamos tratando do poder de instituir tributos por lei, exercício da função
legislativa, denominada de competência tributária. Mas, para podermos
compreender melhor os seus contornos e darmos o tratamento adequado,
precisamos distinguir da outra função de poder, que, por vezes, é confundida
pela lei: função administrativa.
Mas será que se pode renunciar à cobrança do tributo? Tudo dependerá do que
a lei determina. Se for a Constituição que define os contornos da competência,
na capacidade tributária ativa estes contornos são definidos por lei. E aqui
podemos falar do instituto da remissão. O CTN estabelece no Artigo 156, IV, a
remissão. Remissão é o perdão do tributo devido. Seria a renúncia à cobrança
do tributo. Ela não é livre, pois determina o Artigo 172 do CTN que a lei poderá
autorizar a remissão.
Ora, se há prazo para dar cumprimento à lei que instituiu o tributo, este é o
prazo para o exercício da capacidade ativa tributária. Então, a capacidade ativa
tributária caduca é diferente da competência tributária.
Da classificação tradicional
A doutrina extrai da Constituição quatro formas de dividir a competência
tributária: privativa, comum, residual e extraordinária.
Privativa
É aquela que a Constituição, dentro do capítulo do Sistema Tributário Nacional,
atribui a um ente federativo determinado especificamente. Assim, basta
abrirmos o Capítulo I do Título VI da Constituição que veremos exatamente
quem vai cobrar tributo sobre determinado fato gerador.
Para a União, isso ocorre no Artigo 153 (quanto aos impostos), no Artigo 148
(quanto ao empréstimo compulsório) e no Artigo 149 (quanto às contribuições
especiais). Somente a União poderá instituir esses tributos. Para os Estados,
encontramos a regra do Artigo 155, que autoriza a criação de três impostos por
entes. E para os Municípios, a regra do Artigo 156, que autoriza a criação de
três impostos também.
Comum
É aquela que a Constituição atribui, indistintamente, aos três entes federativos
dentro do capítulo do Sistema Tributário Nacional. Vemos isso com relação às
taxas e contribuição de melhoria. A Constituição dirá que esses tributos
Então, significa dizer que todos poderão criar a mesma taxa, por exemplo? É
claro que não, afinal, a competência tributária é privativa. Então, significa dizer
que quem criar primeiro poderá exercer a competência tributária? Claro que
não, a Constituição não poderia permitir um conflito desse porte entre os entes
federativos. Então, como se resolve essa questão? Como saber quem poderá
criar qual taxa? Ou qual contribuição de melhoria? A questão se resolve no
âmbito da competência administrativa.
Residual
É aquela que você não encontra o fato escrito na Constituição, em nenhum
dispositivo. Na verdade, porque o legislador, em qualquer esfera, é incapaz de
listar tudo aquilo que um dia poderá ser criado pelo homem, enumerar todos os
fatos e atos jurídicos, antecipar tudo aquilo que um dia poderá acontecer e
sobre o que se poderá criar um tributo.
Extraordinária
É aquela que não está à disposição normalmente, ou seja, é necessária a
ocorrência de uma situação incomum para que ela possa ser exercida. Assim,
podemos dizer que a competência da União para instituir o imposto
extraordinário de guerra é uma competência extraordinária – hoje ela não
poderá ser exercida. Aliás, alguns estudiosos afirmam que o Brasil é um
exemplo de pacifismo. Teria sido o Brasil o primeiro país do mundo a prever
que o uso das forças armadas seria prioritariamente para restabelecer a paz.
Assim, afirmam que este seria o motivo para uma tradição que se estende
desde 1947: a abertura da Assembleia Geral da ONU é feita sempre por um
discurso de representante do Brasil. Isso nos garante menos um imposto!
Classificações incomuns
É possível que você ainda encontre outras classificações na doutrina. Você já
sabe como é a doutrina do direito brasileiro. Às vezes, parece que se debruçam
em criar novas classificações apenas para fazer algo diferente, mesmo que não
haja qualquer utilidade. Mas não estou dizendo que essas classificações são
inúteis. Apenas que não são aquelas que qualquer doutrinador deve citar. Por
isso, destaquei-as em outro tópico, para que você não pense que grandes obras
são incompletas.
Atividade proposta
O aluno deve ler o projeto de lei complementar para instituição do imposto
sobre grandes fortunas disponível em
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=21
594. Identifique quais são os elementos da obrigação tributária: aspectos
material (situação necessária ao nascimento da obrigação tributátia), temporal
(momento de sua ocorrência – se trata-se de fato gerador continuado), e
espacial, bem como os aspectos subjetivos (credor e devedor) e quantitativos
(base de cálculo e alíquota), apresentando, em forma de parecer técnico as
informações.
Aprenda Mais
Material complementar
Para saber mais sobre os assuntos discutidos até agora, assista aos
vídeos “Programa Academia – Competência tributária”, “Segurança
jurídica, confiança e exercício da competência tributária” e “ABRADT
– Os conflitos de competência na tributação de serviços”, disponíveis
em nossa galeria de vídeos.
Referências
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz
da doutrina e da jurisprudência. 15. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2013.
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional, Financeiro e
Tributário. v. 1. Rio de Janeiro: Renovar, 2009.
Questão 2
O cometimento a pessoa de direito privado, como os bancos, do encargo de
arrecadar tributos.
a) Constitui ato de delegação de competência, de acordo com a legislação
tributária vigente.
b) Constitui delegação da capacidade tributária passiva.
c) Constitui ato legal em que se atribui apenas a capacidade de arrecadar,
não cabendo fiscalização ou cobrança do tributo.
d) Não pode ser revogado unilateralmente.
e) Pode ser anulado, e não revogado, visto que a revogação tem de ser
feita por mútuo consentimento.
Questão 3
Acerca dos atributos da competência, indique as opções corretas:
Questão 4
Município Deixa pra Lá, não conseguindo, hipoteticamente, exercer sua
competência constitucional tributária para instituir o ITBI no seu território,
celebrou acordo com o Estado federado em que se localiza, para que esse
Estado passasse a exercer, em seu lugar, a competência constitucional para
instituir o referido imposto em seu território municipal e, ainda, para que
exercesse as funções de fiscalizar e arrecadar esse tributo, recebendo, em
contrapartida, um pagamento fixo anual, a título de "retribuição
compensatória".
Relativamente a essa situação, o Município Deixa pra Lá
a) Pode delegar sua competência tributária e suas funções de arrecadar e
de fiscalizar tributos a outra pessoa jurídica de direito público.
b) Não pode delegar sua competência tributária a qualquer outra pessoa
jurídica de direito público, embora possa delegar as funções de arrecadar
e de fiscalizar tributos de sua competência tributária.
c) Não pode delegar sua competência tributária, nem suas funções de
fiscalizar tributos a qualquer outra pessoa jurídica de direito público,
embora possa delegar suas funções de arrecadar tributos de sua
competência tributária.
Questão 5
No que concerne à competência tributária, assinale a opção correta.
a) O poder de criar tributos é repartido entre os vários entes políticos, e a
CF assinala a esfera de competência dos níveis federal, estadual e
municipal.
b) Mesmo na ausência de normas gerais da União, os estados e o DF não
têm a possibilidade de exercer a competência legislativa plena em
matéria tributária.
c) As principais características da competência tributária são a
transmissibilidade e a renunciabilidade, conforme a legislação em vigor.
d) Sendo, como regra geral, delegável a competência tributária, justifica-se
a delegação da atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos.
e) À luz do CTN, o não exercício da competência tributária pelo ente
competente defere a outra pessoa jurídica de direito público o exercício
tributário, que não pode ser obstaculizado.
Questão 6
Pode ser objeto de delegação:
a) A capacidade tributária ativa.
b) O poder tributário.
c) A competência tributária.
d) A soberania tributária.
e) A autonomia tributária.
Questão 8
Acerca dos atributos da capacidade tributária ativa, indique as opções corretas:
I – a capacidade tributária ativa é caducável, em razão dos institutos da
decadência e da prescrição
II – a capacidade tributária ativa é renunciável, pois poderá ocorrer a remissão,
que corresponde ao perdão do tributo
III – a capacidade tributária é concorrente, já que na hipótese do Estado não
cobrar o IPVA, o Município como destinatário de 50% dele poderá fazê-lo
IV – a capacidade tributária é facultativa, cabendo à autoridade administrativa
avaliar a conveniência e oportunidade de sua cobrança
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) II e IV
Questão 9
Indique abaixo atributo que corresponde à competência e não à capacidade
tributária ativa:
a) Privativa
b) Facultativa
c) Improrrogável
Questão 10
Quanto ao artigo 153 §4º III da Constituição é correto afirmar que:
a) Se trata de verdadeira exceção à regra da indelegabilidade da
competência.
b) Se trata de verdadeira exceção à regra da indelegabilidade da
capacidade tributária ativa.
c) Se trata de competência concorrente entre a União e o Município.
d) Se trata de delegação da capacidade tributária ativa.
e) É norma inconstitucional.
Questão 11
A prestação de serviços de transporte intermunicipal e interestadual é fato
gerador de imposto de competência:
a) Dos Municípios
b) Dos Estados e do Distrito Federal
c) Da União
d) Concorrente
e) Comum
Questão 12
A competência para instituir contribuições especiais de interesse das categorias
profissionais e econômicas, cabe:
a) A União
b) Aos Estados
c) Ao Distrito Federal
d) Aos Municípios
e) Aos Estado e ao Distrito Federal
Questão 13
Questão 14
Dentro da competência da União, estão os impostos:
a) Imposto sobre a propriedade territorial rural, imposto sobre transmissão
de bens imóveis e direitos a eles relativos, imposto sobre a propriedade
territorial urbana.
b) Imposto sobre produtos industrializados, imposto sobre a propriedade
territorial rural.
c) Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, imposto sobre
a propriedade territorial rural e imposto sobre propriedade de veículos
automotores.
d) Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, imposto sobre
a propriedade territorial rural, imposto sobre transmissão de bens
imóveis e direitos a eles relativos.
e) Impostos sobre serviços de qualquer natureza.
Questão 15
Consoante a Constituição Federal, entre os impostos cuja competência
tributária é dos Estados-membros, estão:
Questão 2 - C
Justificativa: Resposta fundada nos arts. 7º e seguintes do CTN.
Questão 3 - A
Justificativa: Resposta fundada em conceitos doutrinários.
Questão 4 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 7º do CTN.
Questão 5 - A
Justificativa: Resposta fundada nos arts. 145, 148, 149, 153 a 156 da
Constituição.
Questão 6 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 7º do CTN.
Questão 7 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 119 do CTN.
Questão 8 - A
Justificativa: Resposta fundada em conceitos doutrinários.
Questão 9 - B
Justificativa: Resposta fundada em conceitos doutrinários.
Questão 11 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 155 II da Constituição.
Questão 12 - A
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 149 da Constituição.
Questão 13 - D
Justificativa: Resposta fundada na interpretação do Artigo 146 III combinada
com o artigo citado na questão.
Questão 14 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 153 da Constituição.
Questão 15 - D
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 155 da Constituição.
Afinal, no Artigo 153, vemos que a União tem sete impostos. No Artigo 155, os
Estados têm três. No Artigo 156, os municípios possuem três também. Então,
vence a máxima de que “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte
ou é bobo ou não tem arte”? Vamos ver como é isso.
Objetivo:
1. Definir repartição de receitas tributárias e sua função;
2. Distinguir as formas de repartição de receitas tributárias;
3. Identificar as vedações e as autorizações para retenção dessas repartições.
Nossa Constituição é daquelas mais recentes, que arrola quais são seus
objetivos fundamentais, as necessidades da sociedade, do povo brasileiro. E,
dentre eles, não encontramos a geração de riquezas individuais.
Então, por que razão o que vamos estudar cuida mais de Direito Financeiro do
que de Direito Tributário? Tenho uma chave para facilitar a sua conclusão!
Quando você estiver diante de uma situação que cuide do patrimônio do estado
sem qualquer relação com a sua origem, origem que seja necessariamente do
patrimônio de outro, obtida decorrente do poder de império e através de lei,
estamos diante de algo que deve ser objeto do Direito Financeiro. Se, por outro
lado, a situação tratar de um conflito entre o Estado e um particular, ou alguém
qualquer que esteja devendo um pagamento ao Estado – pagamento fundado
em seu poder de império – estaremos diante do Direito Tributário.
Essa repartição está nos Artigos 157 a 162 da Constituição. Se você verificar, a
distribuição é praticamente só de impostos. Não sei se você já sabe, ou
consegue deduzir o motivo. Esse é o tributo que possui, como elemento
diferenciador, não possuir destinação específica; assim, é possível dividir entre
os entes federativos. Claro! Se houvesse destinação, qualquer divisão poderia
prejudicar a respectiva despesa.
Essa repartição merece controle de todos os entes federativos, de tal forma que
a Constituição determinará a publicação da receita que foi repartida até o
último dia do mês subsequente.
Essa forma merece um controle maior por parte dos destinatários, uma vez que
pode haver conflito entre os entes federativos relativamente à prestação de
contas quanto ao efetivamente arrecadado. É por esse motivo que vimos
Destacamos essa hipótese, pois ela gera um problema que é a quem direcionar
a ação quando há uma retenção indevida. Deve ser direcionada ao arrecadador
ou ao ente competente? Se, por um lado, o cumprimento das obrigações
acessórias, como é o exemplo da declaração de ajuste anual do imposto de
renda, deve se dar diretamente à União, por outro lado, na hipótese de
repetição de indébito, a demanda é formada por quem teve o empobrecimento
indevido (o contribuinte) e por quem teve o enriquecimento indevido (o ente
federativo que fez a retenção).
O STJ editou a súmula 447 que diz que “os Estados e o Distrito Federal são
partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte
proposta por seus servidores”. É claro que o mesmo entendimento deve ser
aplicado nas outras hipóteses de repartição por retenção.
b.2) Outra hipótese que já foi vista pela metade é a prevista no inciso II do art.
158 da CR. Vimos, como forma de repartição direta propriamente dita, que toda
vez que a União fiscalizar e cobrar o ITR, metade dele será entregue ao
município onde estiver localizado o imóvel. Mas como fica se o imposto for
fiscalizado e cobrado pelo próprio município em hipótese de delegação de
capacidade tributária ativa?
Aliás, qual seria o interesse da União em transferir esse tributo? E qual seria o
interesse do município em arcar com a arrecadação? Como vimos, para a
União, esse tributo é extrafiscal e dá enorme trabalho arrecadar. Imagine para
a União criar uma estrutura para fiscalizar cada propriedade rural no imenso
território brasileiro. Então, na verdade, ele é muito mal fiscalizado. Imagine
ainda mais que a alíquota varia em função não só do tamanho do imóvel, mas
também da utilização. Isso significa dizer que a fiscalização deve ser constante,
próxima ao contribuinte. Se isso não ocorrer, o tributo não cumpre a sua
função e nem gera a arrecadação devida.
A Federação
E o que podemos extrair dessa discussão? Estamos diante de um dos valores
mais altos de nosso país: a Federação. Veja que o governador de Minas Gerais
chegou a falar até em “intervenção federal”. Intervenção federal é medida que
Por certo que, não somente por condições financeiras, diferenciam-se estados
das cinco regiões do país. Os gastos e os instrumentos de arrecadação são
diversos. A economia é diferente. Se, na Região Sudeste, atividades industriais
e comerciais predominam, na Região Centro-Oeste, a atividade rural é a mais
importante. Assim, os tributos arrecadados são distintos e os programas sociais
e investimentos de governo também são distintos.
É por isso que a Constituição deixa expresso, no Artigo 160, que é vedada a
retenção desses recursos. A regra geral é esta: não pode um ente federativo
pretender colocar o outro ente à sua dependência por via de bloqueio de
repasses. Mas, veja, essa é a regra geral. Diga-se, por oportuno, que nenhum
ente federativo pode criar condições outras para esse repasse. O Estado de
Sergipe, por exemplo, quis estabelecer condições, e o STF se pronunciou neste
sentido:
Das hipóteses
Conheça as possibilidades hipotéticas de bloqueio:
1ª hipótese
A primeira hipótese que autoriza o bloqueio diz respeito à garantia dos créditos
do ente que está repassando o tributo. Curiosamente, aqui vemos que alguns
julgadores do TRF da 4ª Região teria exercido a opção pela teoria dualista que
veremos na primeira aula da próxima disciplina. Segundo essa teoria, apesar de
a obrigação tributária nascer com o fato gerador, o crédito tributário nasce
somente com o lançamento. Nesse sentido, há julgados que somente admitem
o bloqueio do repasse, em se tratando de crédito tributário, após o devido
lançamento. É o que você pode ler no AMS 1999.71.005108-0 da 1ª Turma do
TRF da 4ª Região. Mas isso não é pacífico.
2ª hipótese
A segunda hipótese é para o cumprimento do disposto no Artigo 198, § 2º, II e
III, da CR. Aqui temos a questão relativa aos percentuais da arrecadação em
ações e serviços públicos de saúde previstos no orçamento, na Lei
Atividade proposta
Acesse o site que trata do ICMS ecológico http://www.icmsecologico.org.br/ e
identifique como os Estados podem utilizar a repartição de receitas tributárias
como forma de estimular os Municípios a realizar investimentos relativos à
proteção do meio ambiente.
Em 1996, foi considerado pela Fundação Getúlio Vargas, uma das cem
experiências mais importantes em administração pública no Brasil. Ainda no
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Material complementar
Referências
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012.
CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012.
Exercícios de fixação
Questão 1
De acordo com o que estabelece a Constituição Federal, o IPVA é tributo de
competência estadual e 50% de sua receita deve ser repassada aos municípios,
observados os critérios constitucionais para isto.
Nesse sentido, considere:
I. As atribuições do Estado do Rio de Janeiro para arrecadar o crédito tributário
do IPVA e para fiscalizá-lo são delegáveis aos municípios fluminenses,
relativamente aos veículos neles licenciados.
II. A competência do Estado do Rio de Janeiro para instituir o IPVA é delegável
aos municípios fluminenses, em cujos territórios os proprietários de veículos
tenham seus domicílios.
III. Caso o Estado do Rio de Janeiro decida por não exercer sua competência
tributária, tal fato só deferirá esta competência aos municípios fluminenses que
tiverem veículos licenciados em seus territórios.
IV. O Estado do Rio de Janeiro tem competência legislativa plena em relação ao
IPVA, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal e na
Constituição Estadual Fluminense.
V. O fato de os municípios fluminenses terem direito a receber 50% da receita
do IPVA não retira a competência do Estado do Rio de Janeiro para legislar
sobre este imposto, mas permite o compartilhamento da atividade legislativa
em relação às obrigações tributárias acessórias.
Com base no CTN, está correto o que se afirma APENAS em:
a) IV e V
b) I e II
c) III e V
d) II e III
e) I e IV
Questão 2
No que tange à repartição das receitas tributárias, o tributo cujo produto da
arrecadação não sofre nenhum tipo de divisão é o imposto:
Questão 3
A respeito da repartição da receita tributária, assinale a opção correta.
a) Nenhum imposto municipal sofre repartição do tributo de sua
arrecadação.
b) Todos os impostos estaduais têm o produto de sua arrecadação
repartidos.
c) Cinquenta por cento do produto da arrecadação dos impostos sobre
importação e exportação pertencem aos estados, conforme a origem.
d) Segundo o STJ, quando um servidor público estadual pretende obter
isenção de imposto de renda retido na fonte, a União deve ocupar o polo
passivo de eventual demanda judicial, haja vista ser o ente competente
para instituí-lo.
e) O município tem direito a 25% do produto da arrecadação do IPVA de
veículos licenciados em seu território.
Questão 4
O tributo cuja receita não se submete a repartição de natureza constitucional é
o imposto sobre:
a) Circulação de mercadorias e serviços.
b) Produtos industrializados.
c) Importação de produtos estrangeiros.
d) Propriedade territorial rural.
e) Propriedade de veículos automotores.
Questão 5
Em nosso sistema tributário, em termos de distribuição de receitas:
a) Estados e Municípios não participam da arrecadação de contribuições
sociais.
b) Somente a União participa da arrecadação da CIDE.
c) Somente a União e os Estados participam da arrecadação da CIDE.
d) A União, os Estados e Municípios participam, em condições de igualdade,
da arrecadação da CIDE.
e) A União, os Estados e Municípios participam da arrecadação da CIDE,
cabendo à União um maior percentual.
Questão 7
Com relação às normas de repartição das receitas tributárias, assinale a opção
incorreta.
a) No sistema tributário brasileiro, a repartição das receitas tributárias
abrange os impostos e a contribuição de intervenção no domínio
econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de
petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível (CIDE- combustíveis).
b) Ao Distrito Federal pertence a metade do produto do imposto de renda
incidente na fonte sobre os rendimentos pagos, a qualquer título, por
ele, por suas fundações públicas e autarquias.
c) Se determinado município optar por fiscalizar e cobrar o imposto sobre a
propriedade territorial rural (ITR), de competência da União, este não
poderá implicar redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia
fiscal, e a integralidade do produto de sua arrecadação caberá ao
município.
d) A Constituição Federal determina que metade dos recursos do fundo
para os programas de financiamento ao setor produtivo das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste que forem destinados à região Nordeste
será assegurada ao semi-árido nordestino.
e) Se a União decidir exercer a sua competência residual, ela deverá
entregar aos Estados 20% do produto da arrecadação oriunda deste.
Questão 9
Os Municípios podem optar, na forma da lei, desde que não implique redução
do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal, pela fiscalização e
cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR), relativamente aos imóveis neles
situados, caso em que, do produto da arrecadação do referido imposto, terão
direito a:
a) Vinte e dois e meio por cento.
b) Vinte e cinco por cento.
c) Trinta por cento.
d) Cinquenta por cento.
e) Totalidade.
Questão 10
A remuneração que os Municípios pagam a seus servidores está sujeita à
incidência do Imposto sobre a Renda retido na fonte (IR-Fonte). Assinale a
alternativa que indica o ente público ao qual pertence o produto da arrecadação
do IR- Fonte nesse caso específico.
a) Ao Município que efetua o pagamento da remuneração.
b) À União.
c) Ao Estado em que está situado o Município que efetua o pagamento da
remuneração.
d) Metade à União e metade ao Município que efetua o pagamento da
remuneração.
e) A União, os Estados e Municípios em quotas iguais.
Questão 11
Questão 12
Avalie as assertivas abaixo e indique as opções corretas.
I – o repasse das transferências pode ser livremente bloqueado quando se trate
de transferências voluntárias
II – o bloqueio das transferências voluntárias pode ser estabelecido na
Constituição Estadual no que tange às transferências do Estado para os
Municípios
III – o bloqueio das transferências obrigatórias é regulado exclusivamente pela
Constituição
IV – o bloqueio das transferências poderá depender dos gastos com educação
a) Nenhuma afirmativa é correta
b) Apenas a afirmativa I é correta
c) Apenas a afirmativa II é incorreta
d) Apenas a afirmativa III é correta
e) Todas as afirmativas são corretas
Questão 13
Analise as afirmativas abaixo e indique a correta.
a) A transferência de receitas intergovernamentais se presta a reequilibrar a
distribuição de rendas na federação.
b) A transferência voluntária não se submete a nenhuma condição legal.
c) A transferência obrigatória pode se dar do Município para o Estado.
d) O bloqueio é medida excepcional que somente pode ser realizado nas
hipóteses previstas na Constituição, por se constituir em verdadeira
quebra do pacto federativo.
e) O Artigo 160 pode ser livremente emendado pois não trata de hipótese
que a Constituição erige à qualidade de cláusula pétrea.
Questão 14
Os maiores devedores da União e de sua autarquia federal – INSS são os
Municípios. É possível que se utilizem de qual instrumento de cobrança:
a) Bloqueio das transferências intergovernamentais
Questão 15
As parcelas dos fundos de participação podem ser bloqueadas ante a
inadimplência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios junto ao
governo federal e suas autarquias, bem como para cumprimento do disposto no
Artigo 198, § 2º, incisos II e III da Constituição Federal. Esse bloqueio encontra
respaldo no parágrafo único do Artigo 160 da CF, com a redação dada pela
Emenda Constitucional nº 29/2000.
O bloqueio e o desbloqueio – que se dá com a regularização da inadimplência
ou o cumprimento do disposto no Artigo 198, § 2°, incisos II e III da CF – são
da competência dos órgãos federais, entre os quais destacamos, exceto:
a) Órgãos regionais da Secretaria da Receita Federal do Brasil, quanto aos
débitos relativos ao Pasep.
b) Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, quando se tratar de débitos
inscritos na dívida ativa da União.
c) Instituto Nacional do Seguro Social, com relação aos débitos
previdenciários.
d) Tribunais de Contas, quando forem verificadas irregularidades ou nos
casos de descumprimento de suas determinações, relativas ao Artigo 198
§2º.
e) Pagamento de débitos para com Furnas no que tange ao fornecimento
de energia elétrica.
Aula 4
Exercícios de fixação
Questão 1 - E
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 155, III, e Artigo 158, III, da
Constituição e Artigo 7º do CTN.
Questão 3 - E
Justificativa: Resposta fundada na interpretação dos arts. 157 a 162 e na lógica
do sistema de repartição de receitas que retira dos entes federativos maiores
para aqueles mais próximos do contribuinte.
Questão 4 - C
Justificativa: Resposta fundada nos Artigo 157 a 159 da Constituição que só
preveem a transferência dos outros tributos.
Questão 5 - E
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 159 da Constituição que traz uma
exceção à regra de que somente os impostos possuem transferências
obrigatórias.
Questão 6 - C
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 158 III da Constituição.
Questão 7 - B
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 158 I da Constituição, a destinação é
da totalidade.
Questão 8 - C
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 153 §5º da Constituição.
Questão 9 - E
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 158 II da Constituição.
Questão 11 - E
Justificativa: Resposta fundada no parágrafo único do Artigo 160 da
Constituição.
Questão 12 - C
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 160 da Constituição.
Questão 13 - D
Justificativa: Resposta fundada em conceitos doutrinários, que estabelecem a
relação entre federação e repartição de receitas.
Questão 14 - E
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 160 da Constituição.
Questão 15 - E
Justificativa: Resposta fundada no parágrafo único do Artigo 160 da
Constituição.