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Como se originou o ditado popular " Chorar no pé do caboclo"

Por filosofia de vida, não suporto gente que perde precioso tempo de vida e
torce pelo insucesso dos outros, assim como não suporto a mentira e a
falsidade. O que vemos de bom em outras pessoas, temos que valorizar e
apreciar, vendo a possibilidade de aproveitar algo em nossas vidas. As
mesmas colocações servem para qualquer atividade, assim como com outros
clubes e outros torcedores.

Sendo sincero, existem determinados momentos, que a verdade vem à tona e,


sem dúvida alguma, nos deixa mais feliz. A falsa verdade não pode ficar
impune por muito tempo.

Olhando o futebol brasileiro, de uma maneira geral, quem trabalhou mais


quieto, mas focado e dentro da verdade, merecem a nossa justa admiração,
continuam vivos na Taça Libertadores, onde gostaríamos de estar e onde é
nosso lugar. Aos outros, os justamente desclassificados, cantados em prosa e
em verso, aqui em Salvador tem um ditado baiano: “Vá chorar no pé do
caboclo”. Ou seja: “se virem”.

Aproveitando a oportunidade, só para recordar um pouco da história e entender


a expressão colocada, no dia 2 de Julho, dia da festa da Independência da
Bahia, a maior data cívica do Estado, uma espécie de 7 de Setembro, acontece
o que penso ser a mais expressiva festa da cultura baiana, isso porque é difícil
ver em outras uma mistura tão harmônica de política, religião e festa. No
cortejo de dia 2 de Julho o povo aplaude quem acha que deve, vaia quem
acha que merece e não é à toa que políticos se esforçam para seguir atrás do
cortejo rodeado de cabos eleitorais, inclusive serve de termômetro para quem
se aventura na disputa das urnas para saber se está bem ou em baixa.

Não tenho notícias de um lugar onde existe uma parada cívica com
capoeiristas, gente vestida de baiana e vaqueiros devidamente trajados,
misturados às representações oficiais da Polícia Militar e da Marinha do Brasil.
As estátuas do casal de caboclos que lidera o cortejo foram criadas para
representar o povo brasileiro. Além disso, muita gente vai para fazer orações e
agradecimentos. Os caboclos a as caboclas do 2 de Julho já se associaram às
entidades homônimas saudadas nos candomblés baianos e na umbanda.

No dia 2 de Julho de 1823, o povão, no mais puro baianês, estava retado.


Depois de tantas promessas o Brasil estava livre de Portugal, mas
descendentes de índios, escravos e libertos, muitos dos quais tinham entrado
na guerra ou perdido familiares nos combates, continuavam do mesmo jeito:
pobres e sem liberdade nenhuma.
Aquela história de Exército Libertador não apagou as diferenças entre elite e
povo. Tudo continuava como antes.

E talvez tenha sido aí que começou a tomar forma um outro famoso ditado
baiano: “Vá chorar no pé do caboclo”. Ou seja: “se virem”. O povo resolveu
apelar para o caboclo, literalmente.

Origem e história do Caboclo e cabocla

Caboclo é um termo Tupi que designava os filhos de indígenas com os brancos


europeus. Os caboclos, aqui tratados, são os descendentes da miscigenação entre brancos
europeus (portugueses e espanhóis), negros e índios durante os séculos de colonização
portuguesa. Na região oeste do Estado de Santa Catarina, a ocupação dos caboclos data
da segunda metade do século XVII e do final do século XIX. Originário do Rio Grande do
Sul, o termo caboclo é mais utilizado para representar um “modo de ser” do que para
caracterizar um tipo racial. 
Chamado também de “lavrador nacional”, “nacional”, “brasileiro” ou “ervateiro”, o
caboclo foi vítima de uma marginalização social por não corresponder ao projeto
modernizador brasileiro a partir da segunda década do século XX, em contraposição aos
colonos europeus que chegavam, principalmente, da Itália e Alemanha. Posseiros,
agricultores de subsistência, criadores de porcos e coletores de erva-mate, os caboclos
foram sendo fragmentados e expropriados das terras que ocupavam. 

O Projeto Registrando os Saberes: Cultura Popular dos Caboclos do Oeste de Santa


Catarina objetivou o registro, a difusão e valorização de saberes dos caboclos em relação
a sua cultura tradicional: o palavreado, as crenças religiosas, as superstições, os versos e
mancebos, os benzimentos e as formas de cura por meio das ervas, raízes, simpatias e
rezas, as festas, os pratos típicos e os seus costumes de um modo geral. É uma forma de
proteção dos conhecimentos tradicionais associados aos benzimentos, e uma importante
forma de registro desta identidade marginalizada durante décadas. Esculpido por
Manoel Inácio da Costa, o caboclo representa os índios e
mestiços baianos que lutaram pela Independência da Bahia
contra as tropas portuguesas, derrotadas no dia 2 de Julho de
1823. Somente em 1840 ou 1849 (há controvérsias quanto à data
precisa), é que surgiu a imagem da cabocla, representando a
índia Catarina Paraguaçu e a figura feminina nas lutas pela
independência.
Os registros históricos mais antigos sobre o pavilhão da Lapinha
onde ficavam abrigadas as imagens datam de 1835, época em
que a Associação Patriótica 2 de Julho providenciou o espaço. O
Pavilhão Dois de Julho foi inaugurado nos moldes atuais em 1918
pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
A Cabocla representa as mulheres heroínas, sintetizando as
figuras de Maria Quitéria, Catarina Paraguaçu e tantas outras
anônimas, que ajudaram (e continuam ajudando) a construir a
pátria. O Caboclo, por sua vez, representa os guerreiros; os
bravos homens que lutaram (e lutam) pela liberdade do seu
povo.

E importância deles na sociedade

Os principais símbolos da Independência da Bahia, o caboclo e a


cabocla, ícones da participação popular nas lutas pela
Independência estão sendo restaurados desde segunda -feira
(27), pelo restaurador e professor da Escola de Belas Artes da
Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Dirson de Argolo.

Todo ano, nesta época, os dois principais símbolos do Dois de


Julho, como também, as carruagens de madeira que conduzem
as imagens, passam por uma restauração a fim de manter as
características originais.

O caboclo e a cabocla são abrigados no pavilhão Dois de Julho,


no Largo da Lapinha. Durante todo o ano, os carros saem do
pavilhão com as imagens do caboclo e da cabocla, em direção ao
Campo Grande, centro da cidade. O retorno das imagens ocorre
na próxima terça-feira (5),com outra grande fanfarra, em geral à
noite e regido por orquestras, estudantes, músicos, entidades
culturais, charanga e batucadas.
História

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