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Francine da Rosa Furlan
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ERNST LUDWIG KIRCHNER:
VIDA E OBRA
Santa Maria, RS
2022
Ernst Ludwig Kirchner foi um artista expressionista da arte moderna, e sua vida
teve início em 6 de maio de 1880, na cidade de Aschaffenburgo na Alemanha. Nascido
em uma família burguesa, o seu pai trabalhava como engenheiro em uma fábrica de papel,
e desejava que Kirchner estudasse arquitetura. Mais tarde, em 1890, a família se mudou
para a cidade de Chemnitz após o pai ser nomeado como professor na academia
profissional da cidade.
Mais tarde, em 1903, ele viajou para Munique e frequentou uma escola de arte
privada chamada “ateliê de ensino e experimentação das artes aplicadas e livres”, onde
tivera aulas de composição e pintura de nu, um tema que frequentemente faria parte da
sua trajetória como artista. Ainda em Munique, Kirchner frequentou assiduamente
exposições de artistas como Georges Seurat, Camille Pissarro e van Gogh, tornando-se
um acontecimento importante para a sua obra, pois contribuiu para ele encontrar o seu
próprio estilo de pintura. Enquanto desaprovou a pintura de Seurat e Pissarro devido ao
pontilhismo demasiado disciplinado, van Gogh foi o artista que mais o influenciou
durante os seus primeiros anos como artista.
Por fim, em 1937 durante o período nazista alemão, 639 de suas obras foram
confiscadas, e sua arte foi considerada “degenerada”. Assim, nos alpes suíços, em 15 de
junho de 1938, desgostoso pela difamação da sua obra e nunca realmente curado de sua
doença mental, Ernst Ludwig Kirchner decidiu dar um fim a sua vida, aos 58 anos de
idade.
Die Brücke
Kirchner foi o membro que teve maior repercussão na cidade grande, alcançando
o reconhecimento que tanto ambicionou. O artista reagiu de maneira expressiva ao novo
ambiente, e seu estilo de pintura sofreu algumas modificações. O seu traçado de formas
arredondadas deu lugar a um traço anguloso, a tinta aplicada lado a lado em camadas
finas passou a ter uma aparência entrelaçada, aplicada em pinceladas vigorosas, enquanto
o tema pictórico superou o nu, incluindo a paisagem e cenas noturnas que observava em
Berlim.
Nos primeiros anos de Kirchner como artista, o estilo pictórico de van Gogh foi o
que mais o influenciou. Na obra “Cabeça de Mulher Defronte de Girassóis” (figura 2), é
possível ver a referência ao artista pós-impressionista, tanto nas pinceladas curtas e
dinâmicas, na escolha das cores, quanto por incluir um objeto bastante conhecido nas
obras de van Gogh – os girassóis. O quadro é um exemplo do estilo pictórico das primeiras
obras de Kirchner. Este trabalho é uma pequena pintura executada em 1906, e trata-se de
Dodo, a namorada de Kirchner na época. Nesta obra, é possível reconhecer um esforço
em concentrar uma força de expressão nas pinceladas. As cores são aplicadas de forma
plana, uma ao lado da outra, e os tons utilizados são vibrantes. As sombras não estão bem
desenvolvidas, assim, a forma curta e direcionada das pinceladas são responsáveis pela
sensação de volume. Há um contorno vermelho nas flores que se estende até a cabeça, e
esse traçado é um elemento estilístico que pode ser encontrado também em outras obras
do artista.
A imagem seguinte (figura 3), é uma obra do período que Kirchner mudou-se para
Berlim e modificou a sua forma de pintar. O traçado que o artista usou para a obra
“Elisabethufer Vermelho em Berlim”, de 1912, é bastante diferente do que é visto dos
tempos em Dresda. Este trabalho representava um canal da metrópole, e demonstra uma
pincelada mais ritmada, mais angulosa e mais direcionada através de uma cor vibrante
em meio aos outros tons cinzentos. A direita, é possível reconhecer dois corpos, mas a
paisagem foi o ponto principal desta pintura, que transparece uma sensação de cidade
isolada, sem a presença humana.
Este tema de paisagem urbana tornou-se comum na obra de Kirchner, e pode ser
observado também na pintura “A Torre Vermelha em Halle” (figura 4) de 1915. Nesta
obra, Kirchner também retratou a arquitetura da cidade de Berlim, através de tons
cinzentos e poucas cores vibrantes que chamam a atenção, como o tom avermelhado e
bem demarcado. Os traços agudos permanecem na representação da arquitetura, bem
definidos pelas pinceladas de cores fortes aplicadas de maneira precisa.
Figura 2 – KIRCHNER, Ernst Ludwig. Cabeça de Mulher Defronte de Girassóis, 1906. Óleo
sobre tela, 70 x 50 cm. Offenburg, Coleção Burda.
Até 1938, Kirchner produziu diversas pinturas em óleo sobre tela e xilogravuras,
nas mais diversas temáticas, como o nu, paisagem natural, paisagem urbana, retrato e
autorretrato; além de ter se pronunciado sobre a sua arte em diversos escritos. Ainda que
mais de 600 das suas obras tenham sido confiscadas de coleções públicas e difamadas
como “degeneradas” pelos nazistas, muitas das suas obras expressionistas podem ser
encontradas online (figuras 7 e 8).
Figura 5 – KIRCHNER, Ernst Ludwig. Rua, Berlim, 1913. Óleo sobre tela, 120,6 x 91,1 cm.
Elger, Dietmar. Expressionismo: Uma revolução alemã na arte. Tradução: Ruth Correia.
Taschen, 2007.