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A Arte Conceitual foi iniciada nos anos 60 e estendeu-se pela década de 70, o
que, a partir de então, implicou uma remodelação dos processos criativos
e expressivos.
Na arte conceitual valorizava-se mais a ideia da obra do que o produto aca-
bado, sendo que às vezes este produto nem mesmo precisava existir. A arte
conceitual foi expressada através de fotografias, vídeos, mapas, textos escritos
e performances. Não existiam limites muito bem definidos para que uma obra
fosse considerada conceitual já que esta abrangia vários aspectos, e tinha como
intenção desafiar as pessoas a interpretar uma ideia, um conceito, uma crítica
ou uma denúncia. O objetivo era que o observador refletisse sobre o ambiente,
a violência, o consumo e a sociedade.
Os principais artistas da Arte Conceitual são Joseph Kosuth (1945), Robert
Barry (1936), Douglas Huebler (1924-1997) e Lawrence Weiner (1942). Para al-
guns artistas a linguagem atingiu um status quase formal, existindo como ma-
terial e tema e a obra conceitual concentrou-se na questão de definir a arte.
Vito Acconci (1940), Cris Burden (1946-2015) e a equipe inglesa Gilbert
(1943) e George (1942), utilizam a linguagem em conjunto com seus corpos ou
vidas. Acconci estabelece uma intimidade incômoda e forçada com o público,
intensificada pelo uso repetitivo e obsessivo de palavras. Burden ficou famoso
por uma performance em 1971, que consistiu em dar um tiro no próprio bra-
ço. Foi também crucificado em um automóvel e arrastou-se sobre estilhaços de
vidro, além de raptar uma apresentadora de TV. Gilbert e George designam-se
esculturas vivas e segmentam suas existências numa forma artificial e exibível.
Outros artistas registram a passagem do tempo, como On Kawara (1933-
2014) que trabalhou uma pequena tela a cada dia com a data em letras bran-
cas (até hoje). Ou o holandês Jan Dibbets (1941), que fotografa a transição da
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luz do dia para a noite. Ou ainda o artista polonês Roman Opalka (1931-2011),
que tem trabalhado desde 1965 a sua série de um ao infinito enchendo telas
com uma quantidade infindável de números e recitando cada número para um
gravador em tempo real (à medida que é pintado). O que lembra o trabalho de
Robert Morris Caixa Com Som de Sua Própria Produção, uma caixa contendo
uma fita com os ruídos de serrar e martelar.
Os limites da Arte Conceitual não são claramente definidos. E também defi-
nir quais seus artistas e mesmo suas características é uma tarefa árdua.
Dos movimentos artísticos do século XX, talvez este tenha sido o mais ge-
nuinamente internacional e de mais rápido crescimento. Não pode ser redu-
zido a alguns artistas em determinados países. Entretanto, Joseph Kosuth,
Robert Barry, Douglas Huebler e Lawrence Weiner, que se apresentaram juntos
em 1968 e 1969, são mencionados com maior frequência, mas o movimento
alastrou-se rapidamente. O termo foi inicialmente utilizado pelo artista cali-
forniano Edward Kienholz (1927-1994) no começo dos anos de 1960. Foi muito
teorizado principalmente por Sol LeWitt (em 1960, um dos primeiros a utilizar
o termo), por Kosuth e mesmo Donald Judd.
Parece que o momento conceitual terminou por volta de 1975, mas persistiu
uma atividade conceitual em meio a um terreno povoado de pintura e escultu-
ra, em boa parte influenciada por ele. O período que se seguiu (anos de 1980)
viu um rejuvenescimento da pintura e uma ênfase renovada sobre os materiais
trabalhados manualmente, sobre a superfície espessa e áspera da pintura e da
escultura e uma atração pelo tema.
A Arte Conceitual foi a primeira brecha na infalibilidade abstrata. Ao lado
de uma influência renovada da Pop Art, a Arte Conceitual ajudou a revitalizar o
uso do humor e da ironia na arte, das imagens fotográficas, da figura humana,
de temas e linguagem autobiográficos. Parece mais importante o sentimento
de liberdade que ela gerou como efeito secundário. O conceitualismo não de-
mocratizou a arte nem eliminou o objeto de arte único, tampouco suprimiu o
mercado da arte ou revolucionou a propriedade artística. O mercado ajustou-
se e foi flexibilizado. Surgiu inclusive uma nova categoria de obra de arte: a do
livro de artistas.
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CURIOSIDADE
Livros de artistas são obras de arte realizadas sob a forma de um livro. Habitualmente publi-
cados em pequenas edições, são por vezes produzidos como obras de arte únicas. Segundo
a definição de Stephen Bury (1959), "Livros de artista são livros ou objetos em forma de livro;
sobre os quais, na aparência final o artista tem um grande controle. O livro é entendido nele
mesmo como uma obra de arte. Estes não são livros com reproduções de obras de artistas,
ou apenas um texto ilustrado por um artista. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/
Livro_de_artista, acesso em 23 de abril de 2016, às 13:06h
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