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S729e SOUZA, modulares

•  Unidades LEONARA GUIMARÃES


– partes DE
iguais, repetição e superfícies neutras; e,
Estética e história da arte contemporânea / Leonara Guimarães de Souza. Rio de
•  Formas
Janeiro: geométricas
SESES, 2016. simples, unitárias, usadas como unidades indepen-
184 p: il. - ISBN: 978-85-5548-318-9
dentes ou como uma série de unidades idênticas repetidas.
1. ARTE. 2. ESTÉTICA. 3. HISTÓRIA DA ARTE. 4. ARTE CONTEMPORÂNEA. 5.
Artistas. I. SESES. II. Estácio.
Diretoria de Ensino artistas
Os principais — Fábrica minimalistas
de Conhecimento foram Donald Judd (1928-1994), Dan
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Flavin (1933-1996),
Rio Comprido Robert
— Rio de JaneiroMorris (1931),
— rj — cep Frank Stella (1936), Sol LeWitt (1928-
20261-063
2007) e Carl André (1935).

5.4.2 A Arte Conceitual

A Arte Conceitual foi iniciada nos anos 60 e estendeu-se pela década de 70, o
que, a partir de então, implicou uma remodelação dos processos criativos
e expressivos.
Na arte conceitual valorizava-se mais a ideia da obra do que o produto aca-
bado, sendo que às vezes este produto nem mesmo precisava existir. A arte
conceitual foi expressada através de fotografias, vídeos, mapas, textos escritos
e performances. Não existiam limites muito bem definidos para que uma obra
fosse considerada conceitual já que esta abrangia vários aspectos, e tinha como
intenção desafiar as pessoas a interpretar uma ideia, um conceito, uma crítica
ou uma denúncia. O objetivo era que o observador refletisse sobre o ambiente,
a violência, o consumo e a sociedade.
Os principais artistas da Arte Conceitual são Joseph Kosuth (1945), Robert
Barry (1936), Douglas Huebler (1924-1997) e Lawrence Weiner (1942). Para al-
guns artistas a linguagem atingiu um status quase formal, existindo como ma-
terial e tema e a obra conceitual concentrou-se na questão de definir a arte.
Vito Acconci (1940), Cris Burden (1946-2015) e a equipe inglesa Gilbert
(1943) e George (1942), utilizam a linguagem em conjunto com seus corpos ou
vidas. Acconci estabelece uma intimidade incômoda e forçada com o público,
intensificada pelo uso repetitivo e obsessivo de palavras. Burden ficou famoso
por uma performance em 1971, que consistiu em dar um tiro no próprio bra-
ço. Foi também crucificado em um automóvel e arrastou-se sobre estilhaços de
vidro, além de raptar uma apresentadora de TV. Gilbert e George designam-se
esculturas vivas e segmentam suas existências numa forma artificial e exibível.
Outros artistas registram a passagem do tempo, como On Kawara (1933-
2014) que trabalhou uma pequena tela a cada dia com a data em letras bran-
cas (até hoje). Ou o holandês Jan Dibbets (1941), que fotografa a transição da

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luz do dia para a noite. Ou ainda o artista polonês Roman Opalka (1931-2011),
que tem trabalhado desde 1965 a sua série de um ao infinito enchendo telas
com uma quantidade infindável de números e recitando cada número para um
gravador em tempo real (à medida que é pintado). O que lembra o trabalho de
Robert Morris Caixa Com Som de Sua Própria Produção, uma caixa contendo
uma fita com os ruídos de serrar e martelar.
Os limites da Arte Conceitual não são claramente definidos. E também defi-
nir quais seus artistas e mesmo suas características é uma tarefa árdua.
Dos movimentos artísticos do século XX, talvez este tenha sido o mais ge-
nuinamente internacional e de mais rápido crescimento. Não pode ser redu-
zido a alguns artistas em determinados países. Entretanto, Joseph Kosuth,
Robert Barry, Douglas Huebler e Lawrence Weiner, que se apresentaram juntos
em 1968 e 1969, são mencionados com maior frequência, mas o movimento
alastrou-se rapidamente. O termo foi inicialmente utilizado pelo artista cali-
forniano Edward Kienholz (1927-1994) no começo dos anos de 1960. Foi muito
teorizado principalmente por Sol LeWitt (em 1960, um dos primeiros a utilizar
o termo), por Kosuth e mesmo Donald Judd.
Parece que o momento conceitual terminou por volta de 1975, mas persistiu
uma atividade conceitual em meio a um terreno povoado de pintura e escultu-
ra, em boa parte influenciada por ele. O período que se seguiu (anos de 1980)
viu um rejuvenescimento da pintura e uma ênfase renovada sobre os materiais
trabalhados manualmente, sobre a superfície espessa e áspera da pintura e da
escultura e uma atração pelo tema.
A Arte Conceitual foi a primeira brecha na infalibilidade abstrata. Ao lado
de uma influência renovada da Pop Art, a Arte Conceitual ajudou a revitalizar o
uso do humor e da ironia na arte, das imagens fotográficas, da figura humana,
de temas e linguagem autobiográficos. Parece mais importante o sentimento
de liberdade que ela gerou como efeito secundário. O conceitualismo não de-
mocratizou a arte nem eliminou o objeto de arte único, tampouco suprimiu o
mercado da arte ou revolucionou a propriedade artística. O mercado ajustou-
se e foi flexibilizado. Surgiu inclusive uma nova categoria de obra de arte: a do
livro de artistas.

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CURIOSIDADE
Livros de artistas são obras de arte realizadas sob a forma de um livro. Habitualmente publi-
cados em pequenas edições, são por vezes produzidos como obras de arte únicas. Segundo
a definição de Stephen Bury (1959), "Livros de artista são livros ou objetos em forma de livro;
sobre os quais, na aparência final o artista tem um grande controle. O livro é entendido nele
mesmo como uma obra de arte. Estes não são livros com reproduções de obras de artistas,
ou apenas um texto ilustrado por um artista. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/
Livro_de_artista, acesso em 23 de abril de 2016, às 13:06h

Apesar do grande número de obras produzidas, poucas se tornaram obras


primas de museus. Contudo, sua influência foi enorme, chegando até as ten-
dências artísticas mais conservadoras.
No Brasil, podemos encontrar artistas citados em livros sobre a Arte
Conceitual internacional, como Hélio Oiticica, Ligia Clark e Ligia Pape, Artur
Barrio, Cildo Meirelles, Antônio Manuel, Antônio Dias entre outros. Na nossa
produção atual temos diversos artistas consagrados que usam estratégias da
Arte Conceitual como Waltercio Caldas, Tunga, Jac Leirner (1961), Vic Muniz
(1961) dentre outros.
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Figura 5.6 – Obra Inmensa, de Cildo Meirelles, Inhotim.

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