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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

THIAGO SILVA DO ROSÁRIO

SANTA CASA DOS BRANCOS ABASTARDOS DO MARANHÃO.

Resumo:XXXXXX

São Luís

– 2016 –
Introdução:

Este presente texto pretende trabalhar as características sociais, morais e


organizacionais dos associados – e da – irmandade Santa Casa de Misericórdia do
Maranhão. Baseado em pesquisa bibliográfica e documental.

Dividido em 6 (seis) capítulos, o primeiro traz a conjuntura das irmandades no período


colonial; o segundo localiza a organização e a atuação das Santa Casas de Misericórdia
no Brasil e Maranhão; o terceiro, quarto e quinto capítulos são sobre os três,
consecutivamente, primeiros capítulos do Compromisso da Irmandade Santa Casa de
Misericórdia do Maranhão; o quarto e ultimo capitulo é a conclusão que explana as
conclusões do autor sobre a pesquisa.

1. Irmandades:

As irmandades religiosas tiveram papel fundamental na montagem do sistema


colonial portuguesa no Brasil. Auxiliando na expansão da santa fé católica e
promovendo assistência social, esquecida pela politica colonizadora.

Segundo José Sousa Junior (2009) as irmandades foram erguidas entre os séculos
XVII e XIX no Brasil, reunindo leigos em torno da devoção de um santo, devoção
católica esta marcada pela realização de procissões e festas. Essas instituições
promoviam ajudas mutuas como: cerimônia de velório e enterramento, auxilio aos
irmãos necessitados (doentes, presos , cativos).

Lacoix (2012) nos aponta que as irmandades eram diferenciadas basicamente por
cor de pele, posição social e poder aquisitivo. Essas diferenciações são demostradas nas
características de construção de igrejas, enquanto a dos brancos eram suntuoso e em
lugares privilegiados na cidade, as dos negros e pardos erguiam ou frequentavam igrejas
em lugares em menos destaque.

Estas instituições estavam organizadas asseguradas por estatutos denominados de


“Compromissos” que dependiam da aprovação da Igreja Católica, Presidente da
Província e autoridade monárquica.

Estes Compromissos regia todo o funcionamento da Irmandade, funcionava como


leis internas que determinava diretrizes como: quem e em qual numero de pessoas
poderiam ser irmãos, motivos de expulsão de membros, divisão de trabalhos, santo
padroeiro, objetivos, forma de atuação.

2. Santa Casa de Misericórdia do Maranhão:

A Santa Casa de Misericórdia é uma das irmandades mais antigas do Brasil, que
foram instituídas em varias províncias durante os séculos XVII à XIX, é de se observar
sua permanência – em outras configurações – nos dias atuais em diversos estados
brasileiro.

Segundo Lacroix (2012) a Irmandade de Misericórdia é a mais antiga de São Luís,


instituída em 1622. Mas em pesquisa para este artigo foi localizado pelo o autor no
Arquivo Público Maranhão no setor de documentos da Arquiosese do Maranhão o
Compromisso da Santa Casa de Misericórdia do Maranhão assinada pelo secretario de
governo Gregorio da Costa em 1841.

Este Compromisso é organizado segundo a lei provincial Nº 79 de 16 de Julho de


1840. É dividido em 9 (nove) capítulos que organizam a administração e as ações da
instituição. Estes capítulos são, respectivamente: “Do numero e qualidade dos irmãos
da Misericórdia”, “Das obrigações dos irmãos”, “Das causas por que hão de ser
despedidos os irmãos da Misericórdia”, “Do modo por que ser hão de fazer as eleições
do provedor, mexarios e Definidores da Sancta Caxa da Misericordia e das qualidades,
que estes devem ter”, “Da posse aos novos mesários e Definidores”, “Da Junta
definidora”, “Atribuições dos mexarios provedor”, “Dos empregados por salario”, “Do
hospital dos lázaros”.

Este trabalho pretende se ater aos três primeiros capítulos, analisando seus artigos
para montar o perfil de um bom trabalhador da causa da Misericórdia e quem eram os
excluídos da participação desta irmandade.

3. Do numero e qualidade dos Irmãos da Misericórdia:

O primeiro capitulo começa frisando o padroeiro devoto da irmandade, o São José,


que os irmãos deveriam seguir. (Art.1) Os trabalhadores, em numero de 320 (trezentos e
vinte), da casa deveriam ser sem dificuldade fazendo notareis trabalhos para a
instituição. (Art. 2) Além deste numero deveria existir mais 15 (quinze) irmão,
denominados de “Supranumeranis”, entre eles 8 (oito) letrados, em disposição da
irmandade para suprir a falta dos efetivos e caso de ausência, impedimento e morte.

As qualidades dos irmãos é determinada no artigo 3 (três): ser temente a deus,


modesto e caritativo; ter mais de 21 anos; ter “entendimento e saber” (saber ler, escrever
e contar); ser abastardo em fazenda (para não ocorrer dificuldade financeiras para
cumprir os serviços e nem ser suspeito de se aproveita da instituição); e não receber
qualquer tipo de salario por seus serviços.

A forma de se inscrever a vaga na irmandade (Art. 5) é através de uma petição por


inscrito, declarando nome, idade, lugar de nascimento e emprego, este documento
deveria está devidamente assinado. Caso haver dados controverso contrato deveria ser
anulado.

A formalidade da admissão era feita através de um juramento em forma de oração


que a todo momento reitera o servir a Deus, servir a Irmandade e cumprir as obras de
misericórdia.

4. Das obrigações dos irmãos:

O segundo capitulo determina as obrigações dos irmãos a instituição. (Art. 12)


Comparecer de prontidão às determinações da mesa de organização; aceitar sua
ocupação. (Art. 13) Comparecer na Casa no dia do padroeiro, procissão dos ossos,
assistir os enterros dos que falecerem e comparecer nas mesas definidoras.

5. Das causas por que hão de ser despedidos os irmãos da Misericórdia:

O terceiro capitulo define motivos que leva um Irmão ser exonerado da instituição:
ser entregue escandalosamente a vícios que desonrem e envergonhem a irmandade;
proferir palavras “afrontosas e de notável escândalo” quando em serviço da instituição;
desobediência a determinações; quebra de segredo; fazer acordo de votos nas mesas
definidoras para proveito seu ou de outrem; usar dinheiro da irmandade sem autorização
da mesma.

(Art. 15) A acusação e julgamento destes atos deveria ser feios em conjuntos, nas mesas
definidoras.

6. Conclusão:
Tendo em vista a politica colonizadora focada nas questões politicas e econômicas,
os assuntos sociais eram deixados de importância. Para amenizar os problemas sociais
as irmandades, formada por leigos – que não tinha ligação institucional com o clero e
nem estado –, foram apoiadas e legitimadas pelos poderes administrativo e religiosos do
sistema colonial.

As Santa Casas de Misericórdia foram as irmandades mais antigas criadas no


território da américa portuguesa, entre o século XVII e XIX, com atuação na maioria
das províncias. Seu objetivo era a assistência aos pobres – doentes, presos e cativos –.

A Santa Casa de Misericórdia do Maranhão foi a irmandade mais antiga formada,


seu Compromisso de 1841 nos mostra como ela foi organizada, seu funcionamento,
diretrizes politicas e morais.

Partindo da analise dos três primeiros capítulos do Compromisso da Santa Casa de


Misericórdia do Maranhão de 1841 podemos concluir que era uma irmandade elitista e
branca. Quando se aceita apenas pessoas alfabetizadas e abastardas em fazenda;
dificuldades econômicas era motivo de não admissão e até mesmo expulsão da
instituição.

Seu caráter religioso é evidente na determinação de um padroeiro – São José – e a


organização de festejos e procissões para o mesmo, a obrigação de participar de destes
festejos e da procissão dos ossos; juramento em forma de oração frisando a fé e a
obrigação para com Deus, a Igreja e a Irmandade.

As obrigações morais dos irmãos, em serem modestos, caritativos e obedientes, pela


aceitação das ocupações sem questionamento; obediências às determinações da
Irmandade; o não envolvimento com vícios – pressupõe-se meretrícios, jogatina e
alcoolismo – e quebra de segredos e ações para proveito individual.

Todas essas características sociais excluía os pardos e negros que dificilmente


conseguia cumprir esses parâmetros para ter condição de associar-se a Santa Casa de
Misericórdia do Maranhão.
Bibliografia

SOUSA, José Pereira Junior. Irmandades religiosas: espaço de devoção e disputas


politicas na Paraíba oitocentista. ANPUH: XXV Simpósio Nacional de História.
Fortaleza, 2009.

LACROIX, Maria de Lourdes. São Luís do Maranhão: corpo e alma. São Luís, 2012.

IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO MARANHÃO.


Compromisso da Santa Casa do Maranhão. Arquivo Público do Maranhão. São Luís,
1841.

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