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tema em destaque

Roscas de Tubagens
PARTE 2

Introdução
Complementando o estudo de roscas de tubagens efectuado no tema em
destaque da APTitude n.º 38, iremos abordar as questões relacionadas com
a designação normalizada das roscas de ligação NP EN 10226-1 e roscas de
fixação NP EN ISO 228-1, análise de exemplos práticos de utilização dos dois
sistemas de roscas e cuidados na combinação dos dois sistemas.

Designação normalizada das roscas de ligação NP EN 10226-1 e roscas de fixação NP EN ISO 228-1

De acordo com a norma NP EN 10226-1, o elemento de descrição de uma De acordo com a norma NP EN ISO 228-1, o elemento de descrição de uma
“Ligação Roscada” deverá ter quatro componentes: “Ligação Mecânica” deverá ter quatro ou cinco componentes:
1. Rosca de tubagem 1. Rosca de tubagem
2. EN 10226 2. ISO 228
3. R - rosca de ligação exterior cónica 3. G - rosca de fixação cilíndrica
Rp - rosca de ligação interior cilíndrica 4. Dimensão em polegadas
4. Dimensão em polegadas 5. Classe de tolerância (apenas aplicável às roscas exteriores)
Exemplo: Exemplo:
Designação completa para uma rosca direita de dimensão 1 1/2: Designação completa para uma rosca direita de dimensão 1 1/2:
· Rosca interior cílindrica: Rosca de tubagem EN 10266 Rp 1 1/2 · Rosca interior cílindrica: Rosca de tubagem ISO 228 G 1 1/2
· Rosca exterior cónica: Rosca de tubagem EN 10226 R 1 1/2 · Rosca exterior cílindrica classe A: Rosca de tubagem ISO 228 G 1 1/2 A
Para roscas esquerdas, as letras LH deverão ser adicionadas à designação. · Rosca exterior cílindrica classe B: Rosca de tubagem ISO 228 G 1 1/2 B
Para roscas esquerdas, as letras LH deverão ser adicionadas à designação.

Uma crítica à norma NP EN ISO 228-1 é que na designação da rosca não contempla qualquer informação que possibilite a destrinça entre roscas de perfil completo
e roscas de perfil truncado (consultar Figuras 7 e 8 da Tema em Destaque da APTitude n.º 38, exemplificativas deste dois tipos de perfil). Daí que para aplicações
críticas (ex. instalações de gás para edifícios), não é recomendável combinar roscas interiores NP EN ISO 228-1 com roscas exteriores NP EN 10226-1.

Exemplos de utilização das roscas de ligação NP EN 10226-1 e roscas de fixação NP EN ISO 228-1
1
Na prática existem inúmeros exemplos de aplicação destes dois tipos de para gerar uma compressão entre duas superfícies de
roscas, com a seguinte importante diferenciação em termos de utilização: estanquidade, com ou sem a assistência de um material
a) As ligações roscadas NP EN 10226-1, são aplicáveis em tubagens nas situações de vedação. Sendo esta zona de estanquidade fisicamente distinta da rosca.
onde a estanquidade à pressão é efectuada directamente na rosca. Este c) Todos os tubos de aço para canalizações, com acabamentos preto ou galvani-
tipo de ligação destina-se a configurar uma união permanente, realizada zado, conformes as normas NP EN 10255 e NP EN 10240, quando unidos a
uma vez, sendo que a operação de desmontagem somente se pode realizar outros componentes mediante roscas, deverão ser munidos unicamente com
por inutilização da mesma, não garantindo a sua qualidade de ligação roscas de ligação exteriores cónicas (R) conformes a normas NP EN 10226-1.
estanque numa posterior remontagem, a menos que seja novamente realizada Contudo existem excepções ao anteriormente disposto nas alíneas a) e b),
como se de uma primeira execução se tratasse. onde são incorporados componentes de tubagem com roscas NP EN 10226-1
b) As ligações mecânicas NP EN ISO 228-1, são aplicáveis em tubagens nas em conjunto com componentes equipados com roscas NP EN ISO 228-1, que
situações onde a estanquidade à pressão é efectuada fora da rosca. Este serão adiante analisadas.
tipo de ligação destina-se a configurar uma união facilmente desmontável Em seguida são apresentados diversos exemplos práticos:
e remontável, onde a rosca realiza unicamente o aperto mecânico necessário

Rosca interior cilíndrica Rp Rosca exterior cónica R aperto manual (binário)


Exemplo 1: Acessórios roscados NP EN 10242

Dimensão da Rosca Fase 1


Aperto manual

Rosca de ligação a
NP EN 10226-1 Rp 1 material auxiliar de estanquidade (ex. fita teflon, pastas de vedação, etc.)3)
(cilíndrica - Rp) Rosca interior cilíndrica Rp Rosca exterior cónica R
aperto com ferramenta (binário)

Joelho roscado ref.ª 90 (A1) Tê roscado ref.ª 130 (B1) Fase 2


Aperto com
Os acessórios roscados em ferro fundido maleável para canalizações, ferramenta
Gama de acessórios roscados
conformes a norma NP EN 10242, são todos munidos de roscas conformes a NP EN 10242 a b
de ligação NP EN 10226-1 (ou equivalente ISO 7-1), com excepção plano de controlo Rp a - comprimento de controlo (aperto manual)
b - comprimento de montagem (aperto com ferramenta)
dos acessórios do tipo junção e joelho junção (ver Exemplo 3). x
plano de controlo R
x - comprimento de introdução (x = a + b)
O funcionamento desta ligação roscada, com estanquidade no Figura 9 Funcionamento da ligação roscada.
Rosca de ligação
filete, está sintetizado na Figura 9. NP EN 10226-1
(cónica - R)
No caso de válvulas de corte, também existem diversos tipos 3) No caso de aplicações gás e água quente, existem normas europeias

munidos de roscas de ligação NP EN 10226-1 (ou equivalente ISO aplicáveis ao material de estanquidade a ser utilizado na montagem
7-1), como ilustrado no Exemplo 2, referente a uma válvula para de roscas, para compensar as diferenças inevitáveis na fabricação
do perfil teórico da rosca e a rugosidade das superfícies de contacto:
instalações de gás em edifícios, conforme a norma NP EN 331.
- EN 751-1: Pastas endurecíveis.
Rosca de ligação - EN 751-2: Pastas não endurecíveis.
NP EN 10226-1
Exemplo 2: Válvulas de macho esférico NP EN 331 (cilíndrica - Rp) - EN 751-3: Fitas PTFE.
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Exemplo 3: Acessórios roscados NP EN 10242 dos tipos junção e joelho junção

Os acessórios roscados do tipo junção e joelho junção, constituem uma excepção de incorporação de um material
ao referido no Exemplo 1, pois utilizam os dois tipos de roscas. De facto, auxiliar de estanquidade (uma junta
sendo acessórios pensados para possibilitar uma união facilmente desmontável em anel). No segundo caso (ver
e remontável, possuem dois tipos de ligação: Figura 11) temos a utilização de uma
1. Nas zonas de união à tubagem, situadas nas extremidades, são munidos sede cónica, sem necessidade de
de roscas de ligação com estanquidade no filete. Sendo as roscas exteriores incorporação de um material auxiliar
Junção de sede direita (U1/ref.ª 330)
cónicas (R) e as roscas interiores cilíndricas (Rp), em conformidade com de estanquidade. Nas duas situações,
a norma NP EN 10226-1 (ou equivalente ISO 7-1). o aperto (compressão) entre as
2. Na zona de junção, situada a meio do acessório e com a função de ser superfícies da sede necessário para gerar estanquidade, é conseguido/
facilmente desmontável e remontável, são munidos de roscas de fixação /transmitido através da rosca de fixação NP EN ISO 228-1.
sem estanquidade no filete. Sendo ambas as roscas, exteriores e interiores, Caso seja necessário desmontar e remontar esta ligação, esta operação deverá
cilíndricas (G), em conformidade com a norma NP EN ISO 228-1. ser efectuada através da porca louca central, desapertando a rosca de fixação
NP EN ISO 228-1, que ocasionará a separação do acessório em duas partes
Note-se que na zona de junção a estanquidade é materializada numa pela zona de junção (direita ou cónica).
zona distinta da rosca, zona essa designada por “sede da junção”. No primeiro Ao contrário, as duas ligações ao tubo, conformes a NP EN 10226-1, destinam-
caso (ver Figura 10) temos a utilização de uma sede direita, com necessidade se a configurar uma união permanente, isto é, realizada uma única vez.

Junção de sede direita Junção de sede cónica


NP EN 10242 (U1 / Refª 330) NP EN 10242 (U11 / Refª 340)

Rosca de fixação do tipo Fita teflon, pasta de Rosca de fixação do tipo G Fita teflon, pasta de
G NP EN ISO 228-1 vedação, etc. NP EN ISO 228-1 vedação, etc.
Rosca de ligação do tipo R Junta de estanquidade Rosca de ligação do tipo R
Junta de estanquidade plana NP EN 10226-1 cónica-cónica NP EN 10226-1
t

t
Fluido Fluido
D

D
Tubo de aço Tubo de aço
NP EN 10255 - série média NP EN 10255 - série média

Figura 10 Junção de sede plana NP EN 10242 (U1 / ref.ª 330) Figura 11 Junção de sede cónica NP EN 10242 (U11 / ref.ª 340)
2

Roscas de fixação
Exemplo 4: Juntas rápidas duplas prEN 10344 NP EN ISO 228-1

As juntas rápidas em ferro fundido maleável para canalizações,


conformes a norma prEN 10344, são munidas de roscas de
fixação NP EN ISO 228-1 até à dimensão 2 1/2 inclusive (ver
Figura 12). Após a introdução dos componentes da junta
rápida no tubo de aço, pela ordem e posição correctas (ver
detalhe A), mediante a porca de aperto, os três componentes
internos serão comprimidos entre si, com os seguintes efeitos Junta rápida dupla (ref.ª 770A) Junta rápida dupla em corte
(ver detalhe B):
1. A junta elastomérica criará a zona de estanquidade, entre
o interior do corpo base e a superfície externa do tubo. Corpo base em ferro Rosca exterior Porca de aperto
Segmento em aço
maleável galvanizado NP EN ISO 228-1 em ferro maleável
2. A anilha em aço garantirá que a junta elastomérica sofre de fixação ao tubo
galvanizado com
uma compressão uniforme ao longo de todo o seu Rosca de fixação do tipo G Anilha em aço de rosca interior
NP EN ISO 228-1 compressão da junta
perímetro. NP EN ISO 228-1
Extremidade 1 montada Junta elastomérica
3. O segmento em aço fixará o conjunto ao tubo de aço,
de vedação NBR
através da penetração das suas nervuras interiores na
A
superfície exterior do tubo de aço (ver detalhe C).

O referido esforço de aperto/compressão é conseguido nas


roscas de fixação sem estanquidade no filete, localizadas Tubo de aço 1 Tubo de aço 2
nas duas extremidades da junta rápida dupla. Em conformi-
dade com a norma NP EN ISO 228-1, a rosca exterior e a Extremidade 2 montada -
rosca interior são cilíndricas (G). após aperto com ferramenta
(representação em corte)
A junta rápida dupla, por natureza configura uma união Extremidade 1 montada
Roscas de fixação do tipo G
C
NP EN ISO 228-1
facilmente desmontável e remontável nas duas extremidades.
A desmontagem é efectuada através do desaperto da(s) B
rosca(s) de fixação NP EN ISO 228-1, que ocasionará a liber-
Fluido
tação dos três componentes internos (junta, anilha e
segmento).
Tubo de aço 1 Tubo de aço 2 Detalhe após aperto com
ferramenta, com o
Note-se que de forma similar ao verificado no Exemplo 3, a segmento metálico de
fixação cravado ao tubo.
a estanquidade é materializada numa zona distinta da
rosca. Figura 12 Junta de união rápida por compressão do tipo dupla (ref.ª 770A)
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Exemplo 5: Juntas rápidas de transição prEN 10344 D
Junta Macho
(ref.ª 746A)
As juntas rápidas de transição (juntas rápidas macho, fêmea e Dimensão inferior ou
tês), foram desenvolvidas para viabilizar a ligação directa a troços igual a 2 ½ (DN 65)
tubo
de tubo de aço conformes NP EN 10255 com extremidade roscada, Extremidade de união rápida
por compressão, através de rosca
diferentes válvulas equipadas com extremidades roscadas,
sem estanquidade no fliete Extremidade de ligação roscada
acessórios roscados em ferro maleável conformes a NP EN 10242, (G - roscas de fixação conformes com estanquidade no filete
etc.. NP EN ISO 228-1) (R - rosca exterior cónica
conforme NP EN 10226-1)
Na extremidade de união roscada à tubagem (ver Figura 13), são
utilizadas roscas de ligação com estanquidade no filete. Sendo E
as roscas exteriores cónicas (R) e as roscas interiores cilíndricas Junta Fêmea
(ref.ª 740A)
(Rp), em conformidade com a norma NP EN 10226-1 (ou Dimensão inferior ou
equivalente ISO 7-1). Esta ligação roscada funciona de forma igual a 2 ½ (DN 65)
tubo
idêntica à descrita no Exemplo 1.
Na extremidade de união rápida à tubagem por compressão (ou
Extremidade de ligação roscada
duas extremidades no caso da junta Tê), são utilizadas roscas de com estanquidade no filete
fixação sem estanquidade no filete (G), conformes a norma NP (Rp - rosca interior cilíndrica
conforme NP EN 10226-1)
EN ISO 228-1. Esta união rápida funciona de forma idêntica à F
descrita no Exemplo 4. Junta Tê
(ref.ª 730A)
Estes três modelos de junta rápida dupla, em termos das Dimensão inferior ou
características das ligações, configuram uma interessante solução igual a 2 (DN 50)
híbrida, dado estarem munidos de uniões permanentes (a ligação tubo
roscada NP EN 10226-1) e uniões desmontáveis (união rápida
por compressão EN ISO 228-1). Assim, sempre que haja uma
necessidade de desmontagem e remontagem, a mesma deverá
ser realizada através da rosca de fixação NP EN ISO 228-1. Figura 13 Juntas de união rápida por compressão dos tipos macho, fêmea e tê

3
Exemplo 6: Juntas rápidas - sistemas de aperto
Porca de aperto em ferro maleável
Conforme foi descrito no Exemplo 4, aquando do aperto da porca galvanizado com rosca interior
da junta rápida, a estanquidade é conseguida por compressão
G cilíndrica NP EN ISO 228-1 Rosca exterior cilíndrica
NP EN ISO 228-1
Sistema de roscagem
NP EN ISO 228-1
Porca de aperto
de uma junta elastomérica (NBR/tipo GBL conforme a EN 682), Junta Dupla (ref.ª 770A)
através de uma anilha e um segmento metálicos, onde este Dimensão inferior ou
último acumula a função de fixação do acessório ao tubo. igual a 2 ½ (DN 65)
Como elemento gerador do aperto/compressão de todos os Tubo de aço
componentes internos deste acessório, utilizam-se duas soluções,
em função da dimensão da junta rápida (ver Figura 14): Junta elastomérica
de vedação NBR Extremidade
1. Para dimensões até 2 ½ (DN 65) inclusive, utilizam-se montada
roscas de fixação auxiliares cilíndricas, sem estanquidade no Segmento em aço Anilha em aço de Corpo base
de fixação ao tubo compressão da junta em ferro maleável galvanizado
filete, em conformidade com a norma NP EN ISO 228-1 (ver
detalhe G). Parafusos de aperto M10, Anilhas e porcas de aperto

2. Para as dimensões 3 (DN 80) e 4 (DN 100), utilizam-se


H em aço zincado, classe 8.8 M10, em aço zincado

Flange de aperto
flanges de aperto4) munidas de 4 parafusos nas juntas rápidas Junta Dupla (ref.ª 770A)
com dimensão 3 (DN 80) e 6 parafusos nas juntas rápidas Dimensões 3 (DN 80)
com dimensão 4 (DN 100) (ver detalhe H). ou 4 (DN 100)

Note-se que nos dois casos, a forma de gerar a estanquidade é


absolutamente idêntica (compressão de uma junta elastomérica). Tubo de aço
A únida diferença refere-se ao processo de aperto.
Com este exemplo fica patente que a missão de um sistema
de roscagem NP EN ISO 228-1, é exclusivamente de aperto/ Flange de aperto em ferro Junta elastomérica Extremidade
maleável galvanizado de vedação NBR montada
/fixação e nunca de estaquidade.
Segmento em aço, Anilha em aço, de Corpo base
4) O sistema de aperto por flange também é utilizado na dimensão 2 1/2 em de fixação ao tubo compressão da junta em ferro maleável galvanizado
joelhos e tês.

Figura 14 Sistemas de aperto por rosca e flange - junta dupla (ref.ª 770A)

Combinação entre roscas de ligação NP EN 10226-1 e roscas de fixação NP EN ISO 228-1


Em termos de garantia de compatibilidade total de cada um dos sistemas de componentes de tubagem equipados com roscas NP EN 10226-1 em conjunto
roscagem abordados, basta obrigar a que os respectivos dois componentes com componentes equipados com roscas NP EN ISO 228-1, podendo na
(roscas exterior e interior) cumpram a mesma norma, a saber: interligação verificar-se as seguintes duas principais situações de combinação
Situação 1: Ligação roscada (sistema R), com estanquidade no fliete e de tipos de roscas:
não desmontável, as roscas exterior e interior deverão ser conformes a Situação 3: Rosca exterior cilíndrica NP EN ISO 228-1 unida com rosca
norma NP EN 10226-1 ou a equivalente ISO 7-1. interior cilíndrica NP EN 10226-1, visando a realização de uma ligação
Situação 2: Ligação mecânica (sistema G), sem estanquidade no fliete mecânica sem estanquidade no fliete e facilmente desmontável e
e facilmente desmontável e remontável, as roscas exterior e interior remontável.
deverão ser conformes a norma NP EN ISO 228-1. Situação 4: Rosca exterior cónica NP EN 10226-1 unida com rosca interior
Estas situações 1 e 2 já foram abordadas e exemplificadas anteriormente. cilíndrica NP EN ISO 228-1, visando a realização de uma ligação roscada
No entanto, na prática surgem algumas situações onde são incorporados com estanquidade no fliete e não desmontável.

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A situação 3 está objectivamente regulada nas Secções 9 da NP EN 10226-1 pelo Quadro 5. A rosca interior cilíndrica Rp (NP EN 10226-1) possui tolerâncias
e 6 da NP EN ISO 228-1, com o seguinte conteúdo: dimensionais simétricas, enquanto que a rosca interior cilíndrica G (NP EN
A combinação duma rosca exterior cilíndrica G, classe de tolerância A ou B ISO 228-1) possui tolerâncias dimensionais positivas.
de acordo com a EN ISO 228-1, com uma rosca interior cilíndrica Rp de acordo b) A tolerância positiva da rosca interior cilíndrica G (NP EN ISO 228-1) é impera-
com a EN 10226-1 necessita de considerações especiais. tiva, para que quando montada com a rosca exterior cilíndrica G (NP EN ISO 228-
Quando é necessário ter esta combinação, a tolerância positiva ou negativa da 1), que possui tolerâncias dimensionais negativas, configure um ajustamento
rosca interior cilíndrica conforme a EN 10226-1 deverá ser considerada nas normas sem interferência, traduzido numa roscagem sem estanquidade no filete.
de produto relevantes, quando usadas roscas exteriores cilíndricas tipo G. c) Então, para que a rosca interior cilíndrica Rp (NP EN 10226-1) funcione
Com tal combinação de roscas não será necessariamente conseguida uma correctamente conforme o descrito em b), é imperativo garantir-se que a
junta com estanquidade. mesma é fabricada unicamente com tolerância positiva (metade superior
A análise deste requisito normativo, traduzido em tolerâncias dimensionais da barra a tracejado da Figura 15), de modo a impedir a eventual configuração
pelas barras a tracejado na Figura 15, permite-nos retirar as seguintes conclusões: de um ajustamento com interferência.
a) A forma e dimensões nominais das roscas interiores cilíndricas NP EN 10226- d) Esta situação nunca deve visar a materialização de uma ligação roscada
1 e NP EN ISO 228-1 são idênticas. Mas já não se pode afirmar o mesmo, ao com estanquidade no filete, dado que ambas as roscas (exterior e interior)
nível das tolerâncias dimensionais, conforme se ilustra na Fig. 15, suportada são sempre cilíndricas.

Figura 15 Integração das tolerâncias das roscas de ligação com as de fixação Quadro 5 Tolerâncias do diâmetro médio das roscas de ligação e de fixação
TD2 =T2D/2 da
T1d/2=(T1/2)/16 Td2 A=-TD2
EN 10226-12)
T2D/2=(T2/2)/16 Td2 B=-2TD2
Roscas de ligação Roscas de fixação
NP EN 10226-1 NP EN ISO 228-1
Dimensão Diâmetro Tolerâncias das roscas de Tolerâncias das roscas de
médio
da ligação NP EN 10226-1 fixação NP EN ISO 228-1
rosca
Rosca Tolerância Tolerância Tolerância Tolerância
TD2=+T2D/2 +T /2 interior diametral diametral diametral para roscas diametral
1d equivalente para equivalente para exteriores cílindricas para roscas
G
diâmetro médio nominal Rosca Rosca roscas exteriores roscas interiores
cónicas cilíndricas
Classe A Classe B interiores
cilíndricas2)
exterior interior
Rosca d2 = D2 T1d/ 2 T2D/ 2 Td2 A Td2 B TD2
R Rp exterior
Td2A=-T2D/2 -T1d
/2 “ mm mm mm mm mm mm
G
Classe A Rosca 1/16 7,142 ± 0,057 ± 0,071 - 0,107 / 0 - 0,214 / 0 0 / + 0,107
Td2B=-2(T2D/2) 1/8 9,147 ± 0,057 ± 0,071 - 0,107 / 0 - 0,214 / 0 0 / + 0,107
exterior
1/4 12,301 ± 0,084 ± 0,104 - 0,125 / 0 - 0,250 / 0 0 / + 0,125
G
Classe B 3/8 15,806 ± 0,084 ± 0,104 - 0,125 / 0 - 0,250 / 0 0 / + 0,125
1/2 19,793 ± 0,113 ± 0,142 - 0,142 / 0 - 0,284 / 0 0 / + 0,142
3/4 25,279 ± 0,113 ± 0,142 - 0,142 / 0 - 0,284 / 0 0 / + 0,142

D2 (=d2)
eixo da rosca 1
1 1/4
31,770
40,431
± 0,144
± 0,144
± 0,180
± 0,180
- 0,180 / 0
- 0,180 / 0
- 0,360 / 0
- 0,360 / 0
0 / + 0,180
0 / + 0,180
4
1 1/2 46,324 ± 0,144 ± 0,180 - 0,180 / 0 - 0,360 / 0 0 / + 0,180

2 58,135 ± 0,144 ± 0,180 - 0,180 / 0 - 0,360 / 0 0 / + 0,180


2 1/2 73,705 ± 0,216 ± 0,216 - 0,217 / 0 - 0,434 / 0 0 / + 0,217
3 86,405 ± 0,216 ± 0,216 - 0,217 / 0 - 0,434 / 0 0 / + 0,217
A situação 4 é, por exemplo, intensamente utilizada na união de válvulas a
4 111,551 ± 0,216 ± 0,216 - 0,217 / 0 - 0,434 / 0 0 / + 0,217
tubos de aço. Estando a válvula munida de roscas interiores cilíndricas G (NP 5 136,951 ± 0,216 ± 0,216 - 0,217 / 0 - 0,434 / 0 0 / + 0,217
6 162,351 ± 0,216 ± 0,216 - 0,217 / 0 - 0,434 / 0 0 / + 0,217
EN ISO 228-1) e a extremidade do tubo munida de roscas exteriores cónicas
2) As tolerâncias no diâmetro médio das roscas interiores correspondem ao desvio positivo das tolerâncias do diâmetro
R (NP EN 10226-1), visando a materialização de uma ligação roscada com da NP EN 10226-1, com excepção das correspondentes às dimensões de rosca 1/16, 1/8, 1/4 e 3/8, onde são
especificados valores ligeiramente maiores.
estanquidade no filete, conforme ilustrado na Figura 16. A mesma está regu-
lada na secção 4 da NP EN ISO 228-1, com o seguinte conteúdo: c) No entanto e para que o rosca interior cilíndrica G (NP EN ISO 228-1) funcione
Normalmente os filetes de rosca são de forma truncada, com as cristas como parte de uma ligação roscada com estanquidade no filete, é imperativo
truncadas nos limites de tolerância indicados nas colunas 14 e 15 do Quadro que o perfil da rosca tenha forma completa, conforme ilustrado na Figura
1 (corresponde ao Quadro 4 da Parte 1 deste estudo - APTitude n.º 38). A 8 da Parte 1 deste estudo (APTitude n.º 38). Deste modo, garante-se que
excepção ao anteriormente prescrito acontece nas roscas interiores, se o perfil da rosca interior cilíndrica G (NP EN ISO 228-1) é idêntico ao da
destinadas a serem unidas com roscas exteriores de acordo com a ISO 7-1 (ou rosca interior cilíndrica Rp (NP EN 10226-1), para que o material de estanqui-
equivalente NP EN 10226-1), devendo neste caso o comprimento da rosca ser dade a ser utilizado na montagem de roscas (teflon por ex.), unicamente
maior ou igual ao especificado na ISO 7-1 (ou equivalente NP EN 10226-1). se destine a compensar as diferenças inevitáveis na fabricação do perfil
A análise deste requisito normativo, traduzido em tolerâncias dimensionais teórico da rosca e a rugosidade das superfícies de contacto. Em coerência,
pelas barras a cinzento liso na Figura 15, permite-nos retirar as seguintes nesta situação, não devem ser utilizadas roscas interiores cilíndricas
conclusões: G (NP EN ISO 228-1) com perfil truncado.
a) As dimensões nominais no plano de controlo da rosca exterior cónica NP d) Adicionalmente, o comprimento da rosca interior cilíndrica G (NP EN ISO
EN 10226-1 e interior cilíndrica NP EN ISO 228-1 são idênticas. A forma 228-1) deve cumprir os requisitos aplicáveis à congénere interior cilíndrica
cónico-cilíndrica, configura o contacto metal-metal entre os flancos dos Rp (NP EN 10226-1), já abordados na Parte 1 deste estudo (ver Figuras 4
filetes de rosca, necessário à estanquidade. a 6 do Tema em Destaque da APTitude n.º 38). Nos exemplos de união
b) Ao nível das tolerâncias dimensionais e conforme se ilustra na Fig. 15, válvula-tubo ilustrados na Figura 16, deve-se garantir uma folga mínima
suportada pelo Quadro 5, a rosca interior cilíndrica G (NP EN ISO 228-1) possui de 1 mm entre a extremidade roscada do tubo e a sede da válvula (ver
tolerâncias dimensionais positivas cuja amplitude corresponde a 50% da detalhe I), tendo em vista assegurar que o aperto é unicamente realizado
amplitude da congénere interior cilíndrica Rp (NP EN 10226-1), ou seja, tem nos filetes de rosca e impedir a eventual e inadmissível compressão da
inclusivamente maior precisão dimensional ao nível do diâmetro médio. sede da válvula (ver detalhe K).

Figura 16 Combinação entre rosca exterior cónica NP EN 10226-1 (tubo de aço) e rosca interior cilíndrica NP EN ISO 228-1 (válvula de macho esférico)
Combinação entre: a - comprimento de controlo
Le > x b - comprimento de montagem
- Rosca exterior do tipo R (NP EN 10226-1) (rosca exterior tipo R) x - comprimento de introdução
- Rosca interior do tipo G com perfil completo (NP EN ISO 228-1) La insuficiente plano de controlo R antes do aperto La - comprimento de encaixe
visando a materialização de ligações roscadas com estanquidade (rosca interior tipo G) Le - comprimento de rosca exterior útil
plano de controlo R após o aperto
no filete. P - passo da rosca

K Tubo de aço Tubo de aço


I
Rosca interior com Rosca interior com
comprimento insuficiente, não comprimento adequado,
assegurando uma folga entre a assegurando uma folga Rosca de fixação
extremidade roscada do tubo e aperto com ferramenta mínima de 1 mm entre a NP EN ISO 228-1
a sede da válvula, originando a aperto com ferramenta Impedimento a b 0,5P
extremidade roscada do
compressão e avaria desta. Folga mínima: 1 mm x=a+b
tubo e a sede da válvula.
La > xmáx Válvula de macho esférico
Montagem incorrecta (rosca interior tipo G) Montagem correcta fêmea ref. SYC 40
info@apta.pt Set. 2011 - Autor: Paulo Gomes, Eng.º Associação de Produtores de Tubos e Acessórios 4-4

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