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Cálculo de adubação para soja

Rodolfo Fagundes Costa > 2021-10-04 11:31:25

Cálculo de adubação para soja: As principais recomendações para nitrogênio, fósforo e


potássio que vão aumentar sua produtividade.

A fertilidade do solo é um dos fatores mais importantes para a produção de grãos.

Em solos tropicais, como os do Brasil, é fundamental que se faça uso de fertilizantes para que
sejam alcançadas altas produtividades no cultivo de soja.

Por isso, um bom manejo da adubação, além de aumentar a produtividade, pode promover a
economia deste insumo. Os fertilizantes consomem uma grande porção dos recursos investidos
na lavoura!

Confira o passo a passo do cálculo de adubação para soja:

Cálculo de adubação NPK para soja em solos do Cerrado e


do Rio Grande do Sul
Nitrogênio
A soja é uma planta leguminosa e que tem, portanto, capacidade de se associar a bactérias que
realizam a fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Por isso, não é necessário fazer a adubação com N para a cultura da soja.

Alguns autores recomendam que caso seja aplicado N, a dose não deve exceder 20 kg/ha.

O excesso de N pode inibir a nodulação e consequentemente a FBN.

Segundo o pesquisador da Embrapa Trigo, José Pereira da Silva Junior, o uso do inoculante pode
aportar mais de 300 kg/ha de N.

O inoculante possui um custo de até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado.


Formação de nódulos da bactéria fixadora de nitrogênio Bradyrhizobium japonicum em
raízes de soja
(Fonte: Koppert)

Adubação com Fósforo e Potássio


A recomendação de adubação fosfatada e potássica é feita em função da exigência da cultura,
da textura do solo e da disponibilidades de nutrientes nos solos.

Como estes fatores possuem particularidades regionais, é importante aprendermos a interpretar


os teores de P e K no solo conforme a recomendação de cada região.

Além disso, a forma de aplicação, se em área total (adubação corretiva) ou no sulco de plantio
(adubação de manutenção) é muito importante na definição da dosagem.
Recomendação para solos do Cerrado

Para os solos da região do Cerrado, o manejo da adubação de soja com P e K é recomendado


conforme a disponibilidade destes nutrientes no solo.

Para P, a interpretação dos teores é feita com base no teor de argila como na tabela abaixo.

Classes de interpretação da disponibilidade de fósforo para solos de Cerrados, de acordo


com os teores de argila
(Fonte: Embrapa (2007))

Quando a disponibilidade de P nos solos for classificada como baixa e muito baixa, deve ser
feita a correção do grau de fertilidade do solo.

Essa correção pode ser feita aplicando fontes de P em área total ou de forma gradual, ou seja,
no sulco de semeadura.

Nestas condições a mesma é feita com base na tabela abaixo.

Indicação de adubação fosfatada corretiva e adubação fosfatada corretiva gradual para


solos de Cerrados, de acordo com a classe de disponibilidade de P e os teores de argila
(Fonte: Embrapa (2007))
Caso a disponibilidade de P no resultado de sua análise de solo esteja nas classes médio ou
bom, recomenda-se apenas a adubação de manutenção que é de 20 kg/ha de P2O5 por tonelada
de soja a ser produzida.

A adubação potássica corretiva é feita quando o teor de argila é maior que 20%.

A tabela abaixo indica as dosagens de K que devem ser aplicadas com base nos teores de K
disponíveis no solo.

Indicação de adubação corretiva de potássio para solos de Cerrados com teores de argila
maiores que 200 g kg-1, de acordo com a classe de disponibilidade de K
(Fonte: Embrapa (2007))

E no momento da semeadura da soja, deve-se aplicar 20 kg de K2O por tonelada de soja que se
espera produzir.

Doses acima de 50 kg/ha devem ser fracionadas.

Se este for o caso da sua lavoura, ? da dose deve ser aplicado na semeadura e ? da dose em
cobertura (de 30 a 40 dias após a semeadura).

Recomendação para solos do Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, a recomendação de adubação com P e K para soja é feita com base no
Manual de Adubação e de Calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Neste caso, vamos interpretar uma análise de solo e fazer recomendação de adubação para a
soja.

Abaixo, temos os resultados da análise de solo de 5 glebas diferentes.


Resultados da análise de solo de cinco glebas de uma lavoura
(Fonte: Manual de adubação)

Vamos tomar a gleba 1 como exemplo para interpretarmos os teores de P e K no solo.

Para P, a classificação é feita conforme o teor de argila como pode ser visto na tabela a seguir.

Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pelo método Mehlich-1, conforme o teor
de argila e para solos alagados
(Fonte: Manual de adubação)

Como o solo da gleba 1 possui 65% de argila, o mesmo se encaixa na classe 1.

Este mesmo solo possui um teor de 2,0 mg/dm3 de P, considerado um teor de P muito baixo.
Já para K, a interpretação do teor no solo é feita com base no resultado da CTC do solo a pH 7,0.

Interpretação do teor de potássio conforme as classes de CTC do solo a pH 7,0


(Fonte: Manual de adubação)

A CTCpH7,0 do solo da gleba 1 foi de 14,2 cmolc/dm3.

Portanto, este solo se encaixa na classe com CTCpH7,0 entre 5,1 e 15,0 cmolc/dm3.

O teor de K foi de 65 mg/dm3, sendo classificado como alto.

Agora que já sabemos como interpretar os teores de P e K em uma análise de solo, vamos
aprender qual quantidade recomendada por ha.

Recomendação de P e K por hectare


A produtividade média da soja no estado do Rio Grande do Sul é de aproximadamente 3 t/ha.

Usaremos então esta produtividade média para fazer a recomendação para uma lavoura de soja
no primeiro cultivo.

Neste caso, geralmente a rotação é feita com milho ou trigo no segundo cultivo.

A tabela a seguir mostra a recomendação de P e K em P2O5 e K2O, respectivamente:

Fósforo e Potássio por cultivo


(Fonte: Manual de adubação)

Como a soja é o primeiro cultivo e o teor foi classificado como muito baixo, a recomendação é
de 110 kg/ha de P2O5.

É importante lembrar que este valor é para uma produtividade de 2 t/ha de soja.

Para uma produtividade maior que 2 t/ha, deve ser acrescido 15 kg de P2O5 por tonelada.

Portanto, a recomendação final é de 125 kg/ha de P2O5.

A mesma lógica é aplicada para definir quanto de K deve ser aplicado.

O teor no solo foi classificado como alto e portanto a recomendação é de que seja aplicado 45
kg/ha de K2O mais 25 kg/ha por tonelada extra.

A recomendação para K é de que seja aplicado 70 kg/ha de K2O.

Lembramos que a aplicação de K no momento do plantio não deve exceder 50 kg/ha de K2O.

Nestas condições, deve-se optar pelo parcelamento da dose.

Formulação do fertilizante para plantio


A quantidade de fertilizantes recomendada para plantio da cultura da soja no solo da gleba 1 foi
de 125 kg/ha de P2O5 e 50 kg/ha de K2O.

Mas como saber a formulação do adubo que devo aplicar e a quantidade?

Você deve dividir a dose recomendada pelo nutriente em menor quantidade para determinar a
proporção entre eles.

Dessa maneira, uma formulação adequada deve obedecer esta relação de 2,5/1,0.

Uma formulação NPK comercial facilmente recomendada neste caso é a 0 – 25 – 10.

Esses valores são expressos em porcentagem.

Então, em 100 kg do formulado, temos 25 kg de P2O5 e 10 kg de K2O.

Pela legislação brasileira, o somatório do teor dos nutrientes nas formulações deve ficar no
intervalo de 24 a 54%:
Neste caso 25 + 10 = 35.

Ou seja, esta formulação atende a legislação.

Devem ser aplicados 500 kg/ha da formulação para atender a exportação de P e K pela cultura da
soja.

>> Leia mais: “Cuidados que você deve ter para evitar deficiência de potássio na Soja”

Cálculo de adubação para soja: Fatores que afetam a


produtividade de grãos
O Brasil é um dos maiores produtores de soja do mundo, disputando com os Estados Unidos, a
cada ano, a liderança no ranking mundial.

Segundo levantamento do Departamento de Agricultura dos EUA de novembro de 2019, o Brasil


tem uma estimativa de produção de 123 milhões de toneladas na safra 19/20.

Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, elencaram seis fatores como
sendo os mais importantes na definição da produtividade de soja:

Clima;
Fertilidade do solo;
Genótipo/variedade;
Proteção foliar (aplicação de fungicidas e inseticidas);
Tratamento de sementes;
Espaçamento de plantio.

Assim, para obter uma boa produtividade, todos esses fatores devem ser otimizados.

Para isso, o produtor deve fazer um bom planejamento antes do plantio da soja. Tudo isso passa
pela correção do solo, escolha do espaçamento e da cultivar adequada, entre outros fatores.

A importância do manejo adequado da adubação na soja


Depois do clima, a fertilidade do solo é o fator mais limitante para a produção de soja.

Um bom manejo da adubação é muito importante não só para alcançar altas produtividades como
para reduzir custos de produção.

Os fertilizantes compõem em média 27,82% dos custos de produção da soja no Brasil.

O gráfico abaixo mostra a participação percentual média dos principais itens que compõem os
custos operacionais de soja, entre os anos-safra 2007/08 e 2015/16.
(Fonte: Conab)

Cálculo de adubação para soja: Análise e correção do solo


O cálculo da adubação para soja deve ser feito com base no resultado das análises química e
física do solo.

É importante também realizar uma boa correção do solo para melhorar o aproveitamento dos
fertilizantes aplicados.

A calagem fornece Ca e Mg para a cultura da soja e aumenta a disponibilidade de outros


nutrientes, como o fósforo (P) por elevar o pH e neutralizar o alumínio trocável (Al3+).

A gessagem é uma opção interessante em áreas em que os efeitos da calagem são limitados às
camadas mais superficiais, em especial solos argilosos.

Apesar de não corrigir o pH, o gesso agrícola fornece Ca e S e reduz o Al3+ em profundidade,
aumentando o crescimento radicular.

Conclusão
Os custos com a aplicação de fertilizantes na lavoura são muito elevados. Por isso, um bom
manejo da adubação pode promover grande economia de recursos.

A soja é capaz de se associar a bactérias fixadoras de N atmosférico e, a aplicação de N em


formas minerais, inibe a formação de nódulos nas raízes.

A adubação com P e K pode ser facilmente calculada após a interpretação do teor dos nutrientes
no solo.
Vimos neste artigo que o P deve ser preferencialmente aplicado na semeadura.

E o parcelamento da adubação potássica em soja pode ser necessário quando as


recomendações de K forem maiores que 50 kg/ha.

Com estas informações, espero que você possa fazer o melhor manejo de adubação na sua
lavoura de soja.

>> Leia mais:

“Tipos de adubos químicos na cultura da soja”

“Manejo do zinco na soja: Como utilizá-lo para potencializar sua produção“

"Como cobalto e molibdênio na soja podem elevar sua produtividade"

Restou alguma dúvida sobre o cálculo de adubação para soja? Adoraria ler seu comentário!

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