A carta descreve a experiência da autora em um processo artístico coletivo independente chamado "Noite Lilás" que durou quase um ano. Ela fala sobre os desafios de manter o envolvimento do grupo e a energia ao longo do tempo, mas também sobre os momentos mágicos de mergulho criativo quando todos estavam envolvidos. A autora também reflete sobre como a experiência a ajudou a explorar áreas como a voz e a improvisação, ganhando confiança no seu trabalho como atriz.
A carta descreve a experiência da autora em um processo artístico coletivo independente chamado "Noite Lilás" que durou quase um ano. Ela fala sobre os desafios de manter o envolvimento do grupo e a energia ao longo do tempo, mas também sobre os momentos mágicos de mergulho criativo quando todos estavam envolvidos. A autora também reflete sobre como a experiência a ajudou a explorar áreas como a voz e a improvisação, ganhando confiança no seu trabalho como atriz.
A carta descreve a experiência da autora em um processo artístico coletivo independente chamado "Noite Lilás" que durou quase um ano. Ela fala sobre os desafios de manter o envolvimento do grupo e a energia ao longo do tempo, mas também sobre os momentos mágicos de mergulho criativo quando todos estavam envolvidos. A autora também reflete sobre como a experiência a ajudou a explorar áreas como a voz e a improvisação, ganhando confiança no seu trabalho como atriz.
escrever é liberdade - sinto tantas coisas que não sei onde
começa nem onde vai dar. eu me sinto com pé mas sem cabeça. eu me sinto escrevendo com o corpo forte e a voz leve. Escrever é responsabilidade. eu quis escrever um tanto mais, com mais especificidade, peito e sinceridade. eu, lia, Estive imersa, por quase um ano inteiro, em um processo+artístico+coletivo+independente e isso por si só já diz tanto. processo artístico; fala sobre presença, sobre tentativa, sobre sala de ensaio, sobre corpo, sobre envolvimento, sobre confiança e sobre paciência. Uma das maiores dificuldades é firmar os laços de envolvimento em um processo que perdura no tempo e que demanda muita energia física e mexe com tantos sentimentos em cada participante: por mais esgotada que estivesse nunca desisti, acho que tinha qualquer coisa na substância perolada desse evento fenomenológico de purpurinas que transformava toda a atmosfera boêmia do Didicos's que me viciava cada vez mais. e isso implica no processo coletivo; nas parcerias as vezes tímidas mas sempre de muito suporte e companheirismo. ainda que as vezes me chateasse o fato de ter colegas menos envolvidas, fosse com a performance [com os solos de Geni, ou frases do discurso, ou os processo imbuídos no bingo] ou com a desmontagem [não a desmontagem individual, de tirar a maquiagem e se trocar e ir embora, mas a de carregar piano ou banco ou tábua de madeira e ficar tirando impressão por impressão das pinturas de Dix coladas nas paredes emboloradas de um bar universitário] muito embora entenda que cada ume tenha suas questões, eram realmente mágicos os momentos nos quais sentia que essas questões eram temporariamente arquivadas para que todes pudessem mergulhar em oceanos liláses, sem medo. o que alcança a categoria do processo independente; como foram importantes as pessoas agregadas visuais e musicais e sem isso nada teria sido o que foi, apenas um grande sonho de uma madrugada calorenta, apenas um delírio de uma mente inquieta, apenas uma ideia com pé e sem cabeça.
queria escrever agora da Lia-atriz. Eu acredito e sou apaixonada
na beleza das coisas que vertem do corpo em estado artístico, todas elas. A noite lilás me possibilitou mais do que um ambiente confortável e divertido - que foi fundamental para meu engajamento - me possibilitou um laboratório vivo de pesquisa em áreas pouco exploradas mais muito desejadas, principalmente a voz e a improvisação. Falando da improvisação, era vivo o jogo que se estabeleceu a partir do objetivo de vender cartelas do bingo. Nunca imaginei que faria tanto dinheiro só falando bobagens, talvez eu deveria fazer isso na internet... enfim, me distraí em devaneios. Era sempre um ambiente de risco, mas me permiti brincar com muitas pessoas, e se recebesse olhares carrancudos, tinha sempre uma mesa ao lado para me receber com risadas e envolvimentos. e para falar do cantar, que é esse lugar de mil inseguranças e medos, posso falar que perdi, não totalmente, mas que agora tenho me permitido mergulhar algumas vezes sem fechar o nariz com a mão. Isso se deu de maneira relacional: era olhando nos olhos das pessoas do público que me sentia sem medo, amparada em olhares curiosos e bocas cantantes. Como foi bonito conquistar isso, um público caloroso e carinhoso. Eu sinto minha voz cada vez mais querendo sair, querendo ser um som no mundo, independentemente de falta de altura ou afinação. Minha voz não é uma montanha de fogo, mas ela pode ser a chaminha acesa de um incenso sabor dama da noite. agora que consigo olhar pra esse processo com uma sensação maior de distanciamento, percebo que o valor sentimental estético artístico e cabarezístico que foi aplicado na minha veia de atriz ainda pulsa, muito embora se tenham pequenas inseguranças [vocais] e discordâncias [cênicas], eu me sinto em um estado artístico engrandecedor, e por isso sempre serei agradecida. Eu nunca desconfiei que conseguiríamos criar algo tão alucinante, vibrante e catatônico juntas [....]