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A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO1

Raul Branco

Deixemos que o evangelista nos conte, mais uma vez, sua linda mensagem de
esperança para todos nós, peregrinos há muito desgarrados e humilhados em terra
distante, que ansiamos voltar à Casa do Pai.
“Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da
herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, ajuntando
todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali
dissipou sua herança numa vida devassa. E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma
grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos
homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria
matar a fome com as bolotas (cascas) que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
E caindo em si, disse: ‘Quantos servos de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui,
morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra
o Céu e contra ti; já não sou mais digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um
dos teus empregados. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai. Ele estava ainda
longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao
pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e
contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos:
‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e
sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este
meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado!’ E
começaram a festa. Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de
casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava
acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado,
porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita raiva e não queria entrar.
Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu
te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um
cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus
bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu
estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e
nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver, ele estava
perdido e foi reencontrado!” (Lc 15:11-32).
Para a maior parte dos cristãos, que por diversas vezes ouviram referências a essa
parábola em sermões dominicais, a estória significa pouco mais do que a infinita
generosidade do Pai, que recebe de braços abertos o filho pródigo que saiu de sua Casa
para entregar-se à devassidão, dissipando sua herança. É mais uma lembrança de que o
erro não compensa, mas que, em última análise, se tivermos a desgraça de cair no pecado
(e quem não caiu incontáveis vezes?) podemos, por meio da verdadeira contrição, ser
perdoados e recebidos de novo pelo Pai. Essa interpretação singela tem seus méritos e
satisfaz a grande massa dos fiéis. Mas existe muito mais riqueza por trás dessa parábola,
1Este texto foi retirado do livro Os Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Cristã, de Raul Branco, publicado pela Editora
Pensamento em 1999.
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que é um verdadeiro exemplo de quantos ensinamentos podem estar velados na linguagem
do simbolismo.
O respeitado pesquisador e autor Geoffrey Hodson2 afirma que essa parábola pode
ser interpretada tanto do ponto de vista macro como do microcósmico, pois todas as
alegorias apresentadas na Linguagem Sagrada são passíveis de diferentes níveis de
interpretação. Isso deve-se a natureza essencial da unidade de toda a manifestação, desde
o infinitamente grande até o infinitamente pequeno, tanto nos planos mais elevados como
nos mais grosseiros. Esse é o sentido do homem ter sido criado à imagem e semelhança de
Deus, portanto, o microcosmo é semelhante ao macrocosmo. Visto sob outro ângulo, o
homem é aquele ser em quem o espírito mais elevado e a matéria mais densa estão unidos
pela mente.
Segundo aquele autor, a parábola do Filho Pródigo descreve, de forma simplificada, o
processo cíclico de descida consciente da vida do Logos à matéria e seu eventual retorno à
origem, à Casa do Pai, devidamente enriquecida pela experiência do processo, como
simbolizado pela boa vinda concedida pelo Pai a seu filho. A parábola oferece um magnífico
cenário, onde os atores e as principais etapas da jornada da alma, segundo a interpretação
de G. Hodson, podem ser apresentados resumidamente da seguinte forma:
O Pai. Representa o eterno e infinito Genitor, do qual o temporário e o finito são
gerados. Ele é a causa primordial de toda a manifestação, sendo uma Existência ilimitada e
incognoscível.
O Filho mais Velho. No sentido macrocósmico, personifica os elohim, as inteligências
criadoras ou arcanjos, que nunca perdem a consciência da unidade com sua Fonte divina,
permanecendo, portanto, em casa. No sentido microcósmico, representa a Centelha Divina
no homem, ou a Mônada humana, que também permanece em unidade com a Fonte
divina. As Mônadas são provavelmente os arcanjos que estão sempre voltados para a
Divina Presença.
O Filho Pródigo. Macrocosmicamente representa o aspecto imanente do Logos, a vida
divina interior que embarca na grande peregrinação pelos diferentes planos da
manifestação. No seu sentido microcósmico, representa o raio projetado da Mônada que,
no seu devido tempo, manifesta-se no nível da inteligência abstrata como a alma espiritual
em sua veste imortal de luz, o Cristo interior. Ele é o Deus peregrino que habita no homem,
seu Eu Superior, que passa por infindáveis experiências ao longo de suas muitas
encarnações na Terra.
A Casa do Pai. A consciência do Logos do Universo (o Pai) está estabelecida em seu
mundo espiritual mais elevado. Alegoricamente, o Pai permanece em casa com as
inteligências criativas cósmicas, o filho mais velho. Essa é a residência celestial do ‘Pai que
está nos Céus’.
Ele toma a sua parte da herança e parte em viagem. A ‘parte da herança’ representa
a porção de vida cósmica alocada a uma unidade individual em manifestação. Esse evento
é, às vezes, descrito como a ‘queda dos anjos’, dando uma conotação infeliz ao processo,
pois a saída da Casa do Pai é uma parte essencial do Plano Divino. Um símbolo mais
apropriado é a plantação de sementes, que são enterradas na escuridão do solo, de onde
2 A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada (Editora Teosófica, 2007), apresenta uma seção com a exposição da Parábola do Filho
Pródigo como um exemplo da lei dos ciclos. (pg. 125-128).
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germinarão, no seu devido tempo, quando regadas com a água da vida e fortalecidas com a
luz do espírito. Num sentido pessoal, a ‘herança’ refere-se aos poderes armazenados no Eu
Superior. Quando o homem chega ao ‘país distante’, isto é, manifesta-se no mundo das
formas, esses poderes serão expressos de inúmeras maneiras, algumas temporariamente
infrutíferas, insatisfatórias, daí a parábola dizer que o filho dissipou a herança de forma
‘pródiga’.
A região longínqua. O país distante é o espaço virgem sobre o qual o novo Sistema
Solar será construído, ou como diziam os gnósticos, o Grande Abismo. No sentido
microcósmico, o país distante é o campo evolutivo, incluindo, portanto, os planos mental,
emocional, etérico e físico, dos quais o corpo físico, por ser o mais denso, é geralmente tido
como a prisão do Ego imortal.
Dissipar a herança. Refere-se à Eterna Oferenda pela qual o Logos sacrifica Sua
essência espiritual para que Seu Universo possa existir. É a crucificação voluntária do Cristo
cósmico, o Filho Pródigo. Como se trata de um processo de limitação da vida universal da
Deidade do universo, vincula-se alegoricamente como a dissipação da herança.
Uma grande fome. No sentido macrocósmico, representa a inércia que resulta do
equilíbrio temporário entre Espírito e matéria, quando é alcançado o ponto mais denso da
manifestação. Microcosmicamente, refere-se à ausência de compreensão espiritual da
mente concreta durante a etapa inicial da peregrinação da alma, quando não recebe
conscientemente nenhum impulso espiritual, mas vive para a gratificação da personalidade
de forma deliberadamente egoísta e sensual. Fome e sede são também símbolos do anseio
pela verdade. Embora a fome e a sede físicas possam ter conseqüências desastrosas, a
fome e a sede da alma são auspiciosas, pois representam o prelúdio da busca da verdade.
Ele se emprega para cuidar de porcos. O porco é um símbolo dos instintos e desejos
mais baixos e sensuais do homem. Isso significa que o filho pródigo chegou ao fundo do
poço da materialidade, sensualidade e depravação.
Ele alimenta os porcos. No sentido macrocósmico, a vida una (o filho pródigo) vitaliza
as formas materiais grosseiras (os porcos). Sem essa alimentação interior eles morreriam
de inanição (fome). De forma similar, a Mônada, como microcosmo, supre o poder e
‘alimenta’ espiritualmente a alma que, por sua vez, inspira e vitaliza a personalidade. Na
aplicação pessoal do símbolo, alimentar os porcos significa dar energia vital para as
tendências animalescas, indicativas da vulgaridade que ocorre no ponto mais denso da
jornada evolutiva.
Ele queria matar a fome com as cascas jogadas aos porcos. As cascas são os
revestimentos físicos exteriores, ou as formas temporárias. Comer cascas, então, simboliza
existência e experiência no interior da forma externa mais densa. Para o intelecto humano,
essa fase da jornada corresponde ao estágio evolutivo em que a mente é incapaz de
apreender as idéias e verdades abstratas e espirituais, daí alimentar-se com as idéias
concretas. A percepção de que as cascas, ou a natureza efêmera das formas exteriores, são
inteiramente insatisfatórias produz um anseio pelas realidades permanentes interiores.
Essa é a verdadeira ‘fome’ por Deus, o anseio da alma pela união com sua verdadeira Fonte.
Mas ninguém lhas dava. A fome ainda perdura. A descoberta da realidade pelo
homem é acompanhada pela compreensão de que a fome da alma nunca poderá ser

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satisfeita por ‘comida’ do exterior, e que a peregrinação da alma não terminará enquanto
houver dependência de apoios externos. Esse é também um indício da solidão do místico.
Os servos de seu Pai comem enquanto ele passa fome. O ciclo de descida à matéria
está chegando ao fim, pois o filho pródigo pensa em seu lar. O místico, faminto por
alimento espiritual, contempla a casa do Pai, os seres espirituais e as inteligências criativas,
os servos do Supremo, que têm comida em abundância. O homem que começa a despertar
espiritualmente percebe lentamente que somente através do serviço ao próximo poderá
encontrar o caminho de casa e trilhá-lo até o fim. Somente pelo amor em ação (serviço) o
homem pode tornar-se Senhor do Todo. Está implícita a necessidade de humildade e a
subserviência da personalidade ao Eu espiritual.
Vou-me embora. Macrocosmicamente, o ponto mais baixo da involução foi atingido e
a viagem de retorno começa. Microcosmicamente, o filho pródigo fala pela primeira vez,
indicando que a vida universal no homem atingiu a autoconsciência e a individualidade,
capacitando-o a entrar deliberadamente no caminho de retorno. Seu arrependimento
expressa um estágio de maturidade no qual descobre que nenhum objeto exterior pode
satisfazer espiritualmente a alma, ou ‘salvar’ qualquer ser humano. A busca da satisfação
começa a ser direcionada para o interior e para cima. Simbolicamente, o filho pródigo
arrepende-se de seus erros anteriores, descobre o verdadeiro caminho e começa a jornada
de retorno.
E ele partiu e foi ao encontro de seu Pai. Ainda que a longa e árdua jornada de volta à
casa do Pai não seja explicitada (a via normal ou o caminho acelerado), a meta é atingida
finalmente. Tendo escolhido as realidades permanentes, o homem entra no Caminho do
Discipulado e acelera a viagem. A ilusão da separatividade é superada, e a consciência
universal, a condição da Casa do Pai, é atingida.
Seu Pai corre para recebê-lo, dando calorosas boas vindas e o beija. Quando o
caminho de retorno é trilhado, num certo ponto ocorre um afluxo de poder divino. A partir
de então, para cada passo que o aspirante dá em direção ao alto, seu Mestre dá dois passos
em sua direção, alegoricamente seu Pai corre para abraçá-lo. No sentido iniciático, o beijo
simboliza a descida da força monádica sobre o candidato, por meio da voz e do tirso do
hierofante na iniciação. Nesse sentido, o beijo representa a união das energias telúricas
com as energias espirituais no centro da cabeça do iniciado, conferindo iluminação.
O filho pródigo confessa ser indigno. A confissão metafórica revela que, quando o
ciclo evolutivo está prestes a terminar, o peregrino compreende o quanto a descida à
matéria macula a expressão do Espírito. Da mesma forma, quando o Eu Superior alcança
um certo grau de autoconsciência e é capaz de transmitir esse fato à mente e ao cérebro do
homem mortal, então a motivação e a conduta não-espirituais anteriores são deploradas e
renunciadas. A adoção natural dessa atitude de reconhecimento, renúncia e entrega marca
uma fase muito importante no desenvolvimento do homem. Em cada encarnação, esse
processo de arrependimento também ocorre no momento da morte, quando a alma passa
em revista toda a vida da personalidade.
O Pai disse: trazei a melhor veste. Vestimenta nova é símbolo de um estado de
consciência renovado e expandido. A vestimenta existente expressa as limitações usuais da
personalidade como egoísmo, preconceito, intolerância, cegueira espiritual e outros
grilhões da mente, que devem ser descartados para que uma nova fase evolutiva possa ser
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adentrada. Geralmente, uma veste nova ou lavada significa um novo corpo para a
consciência, uma vez terminada uma etapa de experiência de vida no mundo. Agora a
Veste do Filho é do melhor tecido, o mais sutil, a veste de Luz, ou Manto de Glória.
O Pai disse: ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. O círculo (anel) é o
símbolo da eternidade e do poder e sabedoria eternos. Um ciclo foi terminado, e o anel
indica que outro deverá ser começado, pois a progressão cíclica não tem começo
concebível nem fim imaginável. O anel simboliza também os poderes adquiridos com o
término do ciclo anterior. A colocação de sandálias nos pés complementa o simbolismo do
anel no fim de um ciclo. A substância macrocósmica, especialmente a mais densa, é
comumente representada por calçados, pois esses são colocados na parte inferior do
corpo. O Ser está agora capacitado a entrar num novo ciclo devidamente aparelhado. Ao
lavar os pés de seus discípulos, Jesus pretendeu o mesmo significado. Os pés simbolizam a
fundação da vida humana e das atividades diárias. Quando são purificados ou ‘lavados’ pela
ação inspiradora e iluminadora do Princípio Crístico no interior de cada homem, então, é
alcançada a auto-purificação.
O novilho cevado. Simboliza o resultado do processo criativo. Macrocosmicamente,
comer o novilho cevado indica a absorção na Fonte divina de todas experiências e poderes
resultantes do processo de manifestação em seus ciclos involutivo e evolutivo. No homem,
o microcosmo, o novilho é o símbolo da sabedoria intuitiva, que nasce da descida da
vontade espiritual ao veículo da inteligência abstrata, onde reside a alma imortal. No
sentido espiritual, o processo de comer o novilho cevado, assim como todo banquete,
simboliza o estado de ‘plenitude’ que foi alcançado ao fim de um ciclo (como a última ceia
do Senhor).
O irmão mais velho ficou com raiva. A suposta raiva do filho mais velho deve ser
tomada como uma manobra proposital para não chamar a atenção dos profanos para a
natureza mais profunda da sabedoria secreta, pois é inconcebível a inveja entre diferentes
aspectos da natureza Divina. Microcosmicamente, os dois irmãos podem ser considerados
como os dois aspectos da mente humana, abstrato e concreto. Quando ocorre a
sublimação da mente concreta, após o seu mergulho na matéria, os dois aspectos da mente
são unidos e tornam-se o princípio intelectual. Assim, é natural que no fim da grande
peregrinação o filho mais novo e o mais velho sejam reunidos na casa do Pai.
Teu irmão estava morto e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado! A
parábola descreve estados de consciência. A morte, nesse caso, implica na completa, ainda
que temporária, perda, pelo homem mortal, da experiência da natureza divina e imortal do
verdadeiro Eu. A ressurreição, por outro lado, descreve o redescobrimento desse
conhecimento da unidade. Estar perdido significa o estado mental de ilusão da
separatividade, que inibe temporariamente a compreensão espiritual, principalmente da
unidade com Deus.
Queda e redenção. A idéia da queda do homem, da maldição de Eva e do pecado
original, descritos no Gênesis, estão em íntima conexão com o tema da Parábola do Filho
Pródigo, e descrevem a ‘queda’ do Espírito na matéria e sua eventual redenção,
simbolizada pela jornada do filho pródigo ao país longínquo e seu retorno à casa do Pai. Em
contato com a matéria, o Espírito perde temporariamente a consciência da unidade,
desenvolvendo a ilusão da separatividade, individualismo, orgulho, sensualidade, que
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constituem o preço que cada habitante da Terra deve pagar para alcançar o estado do
Homem Perfeito, o Adepto.
Tudo o que é meu é teu. A suave reprimenda do Pai ao filho mais velho constitui a
afirmação da verdade eterna de que todos os seres são expressões da vida una divina.
Conseqüentemente, todas as manifestações da vida una participam nas realizações umas
das outras, ainda que aparentemente separadas. A afirmação do Pai sobre a unidade
aparece corretamente ao final da estória, que descreve alegoricamente o término de um
grande ciclo.
Está implícito que a descida do ‘filho’ de sua morada celestial de eterna harmonia e
bem-aventurança obedece a um desígnio da maior transcendência e não representa uma
atitude de rebeldia ou de desrespeito, mas, ao contrário, constitui-se num ato de total
obediência à vontade do Pai.

raulbranco38@gmail.com

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