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Aula 6
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José Maria
Língua Portuguesa para PF Aula 05
Aula 05 – Sintaxe do
Período
Língua Portuguesa p/ Polícia Federal
Prof. José Maria C. Torres
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Sumário
SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO ........................................................................................................ 4
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Como foi a aula de Sintaxe da Oração? Todos vivos? Claro, né! Vimos, moçada, que a análise sintática
requer, antes de tudo, disciplina para seguir um rigoroso passo a passo.
Vamos, nesta aula, expandir nossa análise, mapeando as relações existentes entre as orações que formam
o período. Teremos como protagonistas desse estudo as tão afamadas conjunções. É importantíssimo que
identifiquemos todos os conectores e todas as relações sintático-semânticas que eles estabelecem entre as
orações.
Já sabem, né? Estou sempre às ordens! Quaisquer questionamentos encaminhem via meu Insta ou pela
ferramenta de mensagens disponibilizada na área do aluno!
Grande abraço!
José Maria
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Queridos, pensemos juntos! Quando dizemos que Fulano é um dos meus subordinados, significa dizer
que eu sou o chefe e Fulano exerce alguma função para mim, não é verdade? Podemos pensar de forma similar
com as orações.
Quando uma oração carece de alguma função sintática em sua composição, ela pode “contratar” outra
oração para desempenhar essa função que lhe falta – um sujeito, um objeto, um adjunto, .... O contratante é a
ORAÇÃO PRINCIPAL; já o contratado, a ORAÇÃO SUBORDINADA. Vamos a um exemplo?
Temos um período composto, concorda? Sim, professor! Temos duas estruturas verbais e, portanto, duas
orações no período.
Observe com atenção a primeira oração: “O centroavante avisou à Diretoria”. Minha pergunta a vocês:
essa oração é completa? Queridos, vejam que falta um componente nessa oração. Ao se escrever que o
centroavante avisou à Diretoria, a pergunta que não quer calar é: avisou o quê? Dessa forma, falta na primeira
oração um objeto direto. E quem preenche esse vazio? Em outras palavras, quem cumpre a função de objeto
direto da primeira oração? A resposta é a segunda oração: “que não renovaria o contrato ao final da
temporada”.
Lembra a analogia que fizemos? A oração que carece de alguma função sintática em sua composição é a
PRINCIPAL. No nosso exemplo, a 1ª oração - “O centroavante avisou à Diretoria” - é a PRINCIPAL. Nela falta
um OBJETO DIRETO. Já a oração que atende ao pedido da PRINCIPAL, que exerce uma função para esta, é a
SUBORDINADA. No nosso exemplo, a 2ª oração - “que não renovaria o contrato ao final da temporada” - é
a SUBORDINADA. Ela exerce a função de OBJETO DIRETO para a PRINCIPAL.
Moçada, se as orações que compõem o período são ambas completas do ponto de vista sintático, não
havendo lacuna qualquer a ser preenchida, dizemos que cada uma delas é COORDENADA ou que as orações
que formam o período são coordenadas entre si. Vamos a um exemplo?
Observe com atenção a primeira oração: “João é um excelente aluno”. Minha pergunta a vocês: essa
oração é completa? Temos o sujeito “João”; o verbo de ligação “é”; e o predicativo do sujeito “um excelente
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aluno”. Ora, nela nada falta. Se quiséssemos, poderíamos muito bem pôr um ponto final depois de “aluno”, pois
já temos todos os elementos necessários para formar uma frase.
O mesmo raciocínio vale para a segunda oração. Nela temos o sujeito oculto “João”; o verbo de ligação
“é”; o predicativo do sujeito “preguiçoso”; e o adjunto adverbial de tempo “às vezes”. Mais uma vez, temos uma
estrutura oracional completa. Nela nada falta.
Queridos, como ambas as orações são completas do ponto de vista sintático, dizemos que não há uma
relação de dependência entre as orações. Uma independe da outra, o que faz dessas orações COORDENADAS.
Vamos, na sequência, companheiros, detalhar minuciosamente cada tipo de período composto. Vamos
nessa?
Desde já, peço que vocês não se assustem com a extensão das nomenclaturas. Nós chegaremos a elas
naturalmente, podem ter certeza.
Uma dica consagrada para identificar orações do tipo substantivas é substituí-las por uma forma
pronominal substantiva. A mais comum substituição é pela forma demonstrativa ISTO. Essa é a substituição
que vamos fazer em 99,999% dos casos.
Galera, surgem, neste ponto do nosso estudo, duas possibilidades de questão: uma perguntando acerca
da função sintática exercida pela oração do tipo substantiva; outra perguntando qual a classificação dela.
A primeira fica fácil responder: sendo a substantiva equivalente a ISTO, basta identificar a função sintática
exercida por essa forma pronominal na oração resultante. A função sintática de ISTO será, portanto, a função
sintática da oração subordinada substantiva.
Vejamos exemplos:
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É possível reescrever o período da seguinte forma: Avisei aos meus queridos alunos ISTO.
A oração “que não haveria aula” é subordinada do tipo SUBSTANTIVA.
O pronome ISTO exerce a função sintática de objeto direto na oração resultante “Avisei aos meus
queridos alunos ISTO”.
Logo, a subordinada substantiva “que não haveria aula” desempenha função de OBJETO DIRETO.
Agora precisamos dar um nome específico para cada uma das possíveis funções sintáticas
desempenhadas: se a oração subordinada substantiva exerce a função de sujeito, ela se chama SUBJETIVA,
vulgo sujeito oracional; se exerce a função de objeto direto, ela se chama OBJETIVA DIRETA; se exerce a função
de objeto indireto, ela se chama OBJETIVA INDIRETA; se exerce a função de predicativo, ela se chama
PREDICATIVA; se exerce a função de complemento nominal, ela se chamará COMPLETIVA NOMINAL; por fim,
se exerce função de aposto, ela se chama APOSITIVA.
Como vimos, recebem esse nome as orações subordinadas que exercem a função de sujeito da oração
principal.
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Mais exemplos:
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Foi decidido que o jogo de volta seria realizado com portões fechados.
Aqui mais um padrão se apresenta. Os verbos “parecer”, “convir”, “urgir”, “constar”, “interessar”
costumam introduzir orações subordinadas substantivas subjetivas:
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PADRÃO 3: Parecer ou Constar ou Convir ou Urgir ... + Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Resumindo:
Vocês até podem decorar esses padrões, pois eles auxiliam na identificação das orações nas questões.
Sem problemas! Mas aconselho vocês a entenderem a lógica por trás, de maneira a adquirirem versatilidade.
Como vimos, recebem esse nome as orações subordinadas que exercem a função de objeto direto da
oração principal.
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IMPORTANTE
Na frase “Acredito que você em breve virá”, alguns gramáticos – a maioria – consideram a oração “que
você em breve virá” OBJETIVA DIRETA, apesar de o verbo “acreditar” pedir preposição EM (Quem acredita
acredita em ALGO/ALGUÉM).
O fato de não aparecer a preposição no complemento oracional faria o verbo ACREDITAR um VTD. Alguns
gramáticos, no entanto, batem pé dizendo que a oração “que você em breve virá” é OBJETIVA INDIRETA.
Consideram que a preposição EM está implícita.
Esse debate acalorado ocorre com outros verbos, que, assim como ACREDITAR, indicam opinião, juízo de valor.
São eles: PENSAR, CRER e DESCONFIAR.
Minha recomendação é que analisemos as opções dadas na questão, antes de validar uma ou outra opção.
A preposição COM aparece acompanhando o verbo FAZER em algumas construções, mas seu uso é apenas
expletivo ou de realce – pode ser omitida sem prejuízos sintáticos para o período - e o complemento
oracional introduzido por ela funciona como um objeto direto.
Exemplo:
A oração “(com) que ele desistisse daquela maluquice” é substantiva OBJETIVA DIRETA. A preposição “com”
serve apenas de adorno, ou seja, trata-se de uma palavra expletiva ou de realce.
Como vimos, recebem esse nome as orações subordinadas que exercem a função de objeto indireto da
oração principal.
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IMPORTANTE
Nas orações objetivas indiretas e completivas nominais, é normal a elipse (omissão) da preposição.
Não me convenci (de) que a proposta do Governo seria aceita pela sociedade.
Como vimos, recebem esse nome as orações subordinadas que exercem a função de predicativo do
sujeito da oração principal. Esse caso de substantiva é de fácil identificação, pois na oração principal aparecerá
o verbo de ligação SER ou PARECER.
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IMPORTANTE
II - Os alunos parecem que não vão aderir ao protesto. = Os alunos parecem ISTO.
É muito comum a oração predicativa ser introduzida pela preposição expletiva “DE”.
Minha impressão era (de) que ele não aceitaria o convite do Governo.
Como vimos, recebem esse nome as orações subordinadas que exercem a função de complemento
nominal da oração principal.
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IMPORTANTE
Cuidado para não confundir a oração objetiva indireta com a completiva nominal.
Logo, a oração “de que tomou a decisão correta” é substantiva objetiva indireta.
II – Ele está convencido de que tomou a decisão correta. = Ele está convencido DISTO.
Logo, a oração “de que tomou a decisão correta” é substantiva completiva nominal.
Nas orações objetivas indiretas e completivas nominais, é normal a elipse (omissão) da preposição.
Estou certo (de) que a proposta do Governo será aceita pela sociedade.
Como vimos, recebem esse nome as orações subordinadas que exercem a função de aposto da oração
principal. Sua característica principal está na separação por dois-pontos, vírgulas ou travessões.
Tenho uma grande meta para o próximo ano: que nosso PDF seja um dos melhores do Brasil.
É possível reescrever o período da seguinte forma: Tenho uma grande meta para o próximo ano:
ISTO.
Logo, a oração “que nosso PDF seja um dos melhores do Brasil” é subordinada do tipo
SUBSTANTIVA.
O pronome ISTO exerce a função sintática de APOSTO na oração “Tenho uma grande meta para o
próximo ano: ISTO”.
Logo, a subordinada substantiva “que nosso PDF seja um dos melhores do Brasil” desempenha
função de APOSTO. Sua classificação é ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA APOSITIVA
O meu maior sonho se resume facilmente – que a Educação de qualidade seja universalizada.
É possível reescrever o período da seguinte forma: O meu maior sonho se resume facilmente - ISTO.
Logo, a oração “que a Educação de qualidade seja universalizada” é subordinada do tipo
SUBSTANTIVA.
O pronome ISTO exerce a função sintática de APOSTO na oração “O meu maior sonho se resume
facilmente - ISTO”.
Logo, a subordinada substantiva “que a Educação de qualidade seja universalizada” desempenha
função de APOSTO. Sua classificação é ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA APOSITIVA.
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IMPORTANTE!!!
Também é possível que ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS sejam introduzidas por PRONOMES
INTERROGATIVOS, em frases interrogativas indiretas.
Exemplos:
Pedi a todos que apagassem a luz quando saíssem
(= Pedi a todos ISTO; QUE = conjunção integrante)
O conector típico das orações adjetivas é o PRONOME RELATIVO, já estudado por nós em Morfologia.
Destaca-se como relativo o pronome QUE e as formas O(A)(S) QUAL(IS), QUEM, ONDE, CUJO, COMO,
QUANDO, etc.
Vale ressaltar que um grande clássico das questões de concursos é o confronto entre o QUE
CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA INTEGRANTE e o QUE PRONOME RELATIVO. Sai faísca aí! Veremos!
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Exemplifiquemos:
Pois bem, na frase I, dá-se a entender que apenas ALGUNS alunos acertaram a questão. Por extensão, é
possível concluir que outros erraram a mesma questão.
Já na frase II, dá-se a entender que TODOS os alunos citados acertaram a questão.
.
Isso significa que a presença ou ausência das vírgulas isolando orações de natureza adjetiva muda o sentido.
Fique atento!
Essa diferenciação tanto sintática como semântica é amplamente cobrada nas provas de concurso!
Caiu em prova!
Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta
vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam
(500 places to see before they disappear). O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto
a paisagens em vias de extinção, assim como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston,
inaugurado em 1912: um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o
Atlanta Journal Constitution.
Julgue os itens a seguir, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado.
Os sentidos originais do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula imediatamente após
“norte-americanos” (R.9).
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
... um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o Atlanta Journal
Constitution.
A oração em destaque, introduzida pelo pronome relativo “que”, é adjetiva restritiva. Dá-se a entender, dessa
forma, que apenas alguns estádios norte-americanos mantêm sua construção original.
Se fizermos a alteração proposta, inserindo a vírgula após “norte-americanos”, teremos uma oração adjetiva
explicativa. Dá-se a entender, dessa forma, que todos os estádios norte-americanos mantêm sua construção
original.
Exemplos:
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Professor, e como faço para identificar as funções sintáticas dos pronomes relativos?
Muitos alunos cometem erros nessa identificação, pois se fazem valer de falsos macetes. Tomem
cuidado, pelo amor e Deus! Vou apesentar a vocês um passo a passo seguro, que permite distinguir as variadas
funções com segurança.
Vamos a ele?
Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
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Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
O sujeito da forma verbal “conquistou” é “O aluno”. Como “aluno” está representado pelo relativo
“QUE”, este desempenha o papel de SUJEITO na oração em que se encontra.
Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
O objeto direto da forma verbal “indicou” é “o livro”. Como “livro” está representado pelo relativo
“QUE”, este desempenha o papel de OBJETO DIRETO na oração em que se encontra.
Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
O objeto indireto da forma verbal “se expôs” é “a riscos”. Como “riscos” está representado pelo
relativo “QUE”, este desempenha o papel de OBJETO INDIRETO na oração em que se encontra.
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Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Sujeito: Nós (oculto); VTD: temos; OD: receio; CN = dos riscos (= que).
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
O complemento nominal da forma nominal “receio” é “dos riscos”. Como “riscos” está representado
pelo relativo “QUE”, este desempenha o papel de COMPLEMENTO NOMINAL na oração em que se
encontra.
Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
O adjunto adverbial da forma verbal “nasci” é “na cidade”. Como “cidade” está representado pelo
relativo “QUE”, este desempenha o papel de ADJUNTO ADVERBIAL (DE LUGAR) na oração em que
se encontra.
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Professor, pelo amor de Deus, é muita coisa! Como eu vou decorar tudo isso? Socorro!
Jovens, muita calma! É muito, muito, muito importante que mapeemos as conjunções responsáveis por
introduzir cada uma dessas ideias.
Ah, professor! Entendi! O senhor quer que decoremos todas as conjunções, não é isso?
Jovens, não só isso! Rs. Não basta decorar apenas, sabe por quê? Porque muitos conectores podem
assumir diversos valores semânticos. É o caso da conjunção “como”, que pode assumir valor de causa,
comparação, conformidade e, até mesmo, adição. Dessa forma, queridos, é preciso ter versatilidade e
interpretar a relação de sentido existente entre as orações.
Detalharemos a seguir cada uma das subordinadas adverbiais, listando as conjunções responsáveis por
introduzir cada uma das ideias.
Eis a lista das principais conjunções e locuções conjuntivas responsáveis por introduzir a ideia de CAUSA:
PORQUE, POIS, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, DADO QUE, DEVIDO A, COMO, PORQUANTO,
NA MEDIDA EM QUE, TENDO EM VISTA QUE, HAJA VISTA...
O conhecimento dos conectores é essencialíssimo, não canso de repetir. Notem que dei destaque a
alguns conectores. Cuidado com eles! São recorrentemente presentes nas questões.
Ok! Vou partir de uma frase e, a partir dela, criar uma série de demandas alvos de questão. Vejamos a
frase a seguir:
A 1ª demanda é referente ao valor semântico expressado na oração em destaque. Como resolver? Vamos
propor reescritas, pode ser?
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Por meio das várias reescritas apresentadas, conclui-se que o valor semântico da oração em destaque é
de CAUSA.
A 2ª demanda está relacionada à classificação da oração em destaque. Ora, se concluímos que seu valor
semântico é de CAUSA, concluímos se tratar de uma oração subordinada do tipo adverbial, já que causa é uma
noção adverbial. O “nome completo” da oração em destaque, portanto, será: ORAÇÃO SUBORDINADA
ADVERBIAL CAUSAL.
Uma 3ª demanda está relacionada à classificação morfológica do conector COMO. Ora, como ele introduz
uma ideia de causa, trata-se de uma CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA CAUSAL.
IMPORTANTE
A conjunção COMO nem sempre terá valor semântico CAUSAL. Como veremos a seguir, poderá assumir
valores de COMPARAÇÃO, CONFORMIDADE e ADIÇÃO.
Cuidado com a conjunção PORQUANTO, de uso raro no cotidiano, porém bastante presente nas provas.
Cuidado com a locução conjuntiva NA MEDIDA EM QUE! Não confunda com À MEDIDA QUE, de valor
proporcional! Vale ressaltar que À MEDIDA EM QUE não existe!
Esse é o nome dado às orações adverbiais que expressam a ideia de CONSEQUÊNCIA. Portanto, toda
vez que aparecer para vocês esse nomezinho “consecutiva”, associe-o à ideia de consequência.
Eis a lista das principais conjunções e locuções conjuntivas responsáveis por introduzir a ideia de
CONSEQUÊNCIA:
TÃO... QUE, TANTO... QUE, TAMANHO... QUE, TAL... QUE, DE TAL MANEIRA..., DE MODO QUE, DE
SORTE QUE, DE FORMA QUE, ...
Gostaria de que vocês ficassem bem atentos ao padrão de construção das orações adverbiais
consecutivas. Muitas são as vezes que uma palavra ou expressão de valor de intensidade – tal, tanto, tamanho,
... – antecede a conjunção QUE. Quando esse padrão se manifesta, o QUE assume função de CONJUNÇÃO
SUBORDINATIVA CONSECUTIVA, a oração por ele introduzida expressará uma CONSEQUÊNCIA e se
chamará ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONSECUTIVA.
Veja exemplos:
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Note que a palavra intensificadora “tão” é o gatilho que aciona o aparecimento do QUE - CONJUNÇÃO
SUBORDINATIVA CONSECUTIVA. O “nome completo” da oração em destaque é ORAÇÃO SUBORDINADA
ADVERBIAL CONSECUTIVA. A oração em destaque expressa valor semântico de CONSEQUÊNCIA.
Pode ocorrer de a palavra intensificadora não estar explícita na oração principal. Observe:
Esse aluno estava (tão) concentrado nos estudos, que não percebeu o incêndio.
IMPORTANTE!!!
As ideias de CAUSA e CONSEQUÊNCIA estão sempre presentes num mesmo período. A razão para isso
não é gramatical, e sim lógica: não existe causa sem efeito (consequência); não existe efeito sem causa.
Na frase “Passou em 1º lugar, porque estudava dia e noite, noite e dia.”, temos, respectivamente, a
ORAÇÃO PRINCIPAL - expressando a ideia de CONSEQUÊNCIA – e a ORAÇÃO SUBORDINADA –
expressando a ideia de CAUSA.
Professor, e como você sabe quem é a principal e quem é a subordinada? Ora, a subordinada é a introduzida por
conjunção. Como a conjunção empregada foi uma subordinativa causal, a oração por ela introduzida é uma
SUBORDINADA ADVERBIAL CAUSAL.
Na frase “Estudava dia e noite, noite e dia, de sorte que passou em 1º lugar. ”, temos, respectivamente, a
ORAÇÃO PRINCIPAL - expressando a ideia de CAUSA – e a ORAÇÃO SUBORDINADA – expressando a ideia
de CONSEQUÊNCIA. Note que os papéis mudaram em relação à frase anterior: quem era principal passou a
subordinado; quem era subordinado passou a principal. Na frase, como a conjunção empregada foi uma
subordinativa consecutiva, a oração por ela introduzida é uma SUBORDINADA ADVERBIAL CONSECUTIVA.
São muito comuns questões de reescrita solicitando do aluno a transformação de um período com
subordinada consecutiva em um novo período com subordinada causal e vice-versa. Observe:
Ele se desentendeu com o técnico, porque tinha uma personalidade muito forte.
= Ele tinha uma personalidade tão forte, que se desentendeu com o técnico.
Cuidado com enunciados que pedem para você identificar a causa e a consequência. Vale a pena, se for
o caso, reescrever a frase, para buscar uma ou outra ideia. Se, na reescrita, aparecer um “porque”, a
informação introduzida por este será de causa; já, se na reescrita, aparecer um “consequentemente”, a
informação introduzida por este será de consequência.
Imagine a seguinte redação de item: “Na frase ‘Foi contratado, porque tinha o melhor currículo.’, as orações
nela expressas transmitem uma ideia de causa e consequência, respectivamente.”
Galera, essa pegadinha é clássica. O termo “respectivamente” significa “nesta ordem”. Ora, nesta ordem,
temos primeiro a consequência e depois a causa – introduzida pelo conector causal “porque”.
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O item estaria errado, pois não temos causa e consequência, respectivamente. Temos sim consequência e
causa, respectivamente. Cuidado! Muita gente cai nessa armadilha!
A ideia de comparação é facilmente identificável. Devemos, no entanto, tomar o devido cuidado com
algumas construções, que veremos a seguir.
Eis a lista das principais conjunções e locuções conjuntivas responsáveis por introduzir a ideia de
COMPARAÇÃO:
TAL... QUAL, TANTO... QUANTO, TAL ... COMO, QUAL, COMO, ASSIM COMO, COMO SE, MAIS... DO
QUE, MENOS... DO QUE, MELHOR... DO QUE, PIOR ... DO QUE
Mais uma vez, aparece-nos o conector COMO. Na primeira aparição, ele introduziu ideia de CAUSA.
Agora, na frase anterior, estabelece uma relação de comparação entre as duas orações. Isso pode ser atestado
por meio da seguinte reescrita.
Espera um pouco, professor? O senhor falou relação entre orações? Mas só vejo uma, pois só vejo um verbo!
Caro aluno, muito bem observado! Acontece que é bastante comum o verbo na oração adverbial
comparativa aparecer implícito.
Observe:
Portanto, o trecho “como o senhor (gosta)” é sim uma ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL
COMPARATIVA. Ela expressa a ideia de COMPARAÇÃO e é introduzida por uma CONJUNÇÃO
SUBORDINATIVA COMPARATIVA.
Da mesma forma que no exemplo anterior, o verbo está implícito na oração adverbial do tipo
comparativa. A conjunção, no caso, é o QUE, classificada como SUBORDINATIVA COMPARATIVA. Não vá
perdendo as contas das funções do QUE, hein? Ao final, vamos sumarizá-las. Um ponto a ser observado é que
a preposição DE pode ser omitida antes do QUE comparativo, sem prejuízo algum.
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IMPORTANTE!!!
As expressões “TANTO... QUANTO”, “TANTO... COMO”, “ASSIM ... COMO” também podem expressar a
ideia de ADIÇÃO. Devemos ler a frase e entender se há uma soma de ideias ou uma comparação entre
quantidades ou intensidades.
Observe:
= Ele não estudou mais Português do que Penal nem mais Penal do que Português.
Ele gostaria de ser um grande jogador de futebol assim como seu pai o fora.
= Ele gostaria de ser um grande jogador de futebol tal qual seu pai o fora.
Já a conjunção COMO nos aparece pela terceira vez. É preciso distinguir o calor semântico do COMO, que
pode ser CAUSAL, COMPARATIVO e CONFORMATIVO. Observe as frases a seguir:
I – Como ainda não tinha estudado o assunto, não consegui resolver o exercício.
O COMO da frase I é CAUSAL. É possível constatar isso, fazendo-se a seguinte reescrita: Não consegui
resolver o exercício, porque ainda não tinha estudado o assunto. Trata-se de uma CONJUNÇÃO
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SUBORDINATIVA CAUSAL. Logo, a oração “Como ainda não tinha estudado o assunto” expressa CAUSA e
se classifica como ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CAUSAL.
O COMO da frase II é COMPARATIVO. É possível constatar isso, fazendo-se a seguinte reescrita: Aquele
goleiro é tão ágil quanto um gato. Trata-se de uma CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA COMPARATIVA. Logo, a
oração “como um gato” expressa COMPARAÇÃO e se classifica como ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL
COMPARATIVA. Na comparação, haverá sempre dois seres e um elemento de comparação.
O COMO da frase III é CONFORMATIVO. É possível constatar isso, fazendo-se a seguinte reescrita:
Resolvi aquela questão de acordo com que o professor havia ensinado em sala. Trata-se de uma CONJUNÇÃO
SUBORDINATIVA CONFORMATIVA. Logo, a oração “como o professor havia ensinado em sala” expressa
CONFORMIDADE e se classifica como ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL CONFORMATIVA.
A ideia de condição traduz uma hipótese, algo ainda não concretizado, ou seja, anterior ao fato. Eis a lista
das principais conjunções e locuções conjuntivas responsáveis por introduzir a ideia de CONDIÇÃO:
SE, CASO, DESDE QUE, CONTANTO QUE, SALVO SE, EXCETO SE, UMA VEZ QUE, A NÃO SER QUE, A
MENOS QUE, ...
Note pela milésima vez a presença do SE, agora expressando condição. Nessa acepção, sua identificação
se torna facilitada, fazendo-se a reescrita com o conector CASO, seu fiel escudeiro. Ao se fazer essa troca, uma
ligeira adaptação na forma verbal se faz necessária. Observe:
Note que a oração em destaque pode ser reescrita da seguinte forma: Poderia nos deixar a sós caso não
seja incômodo? Dessa forma, o SE, dentre tantas funções já vistas, assume o papel de CONJUNÇÃO
SUBORDINATIVA CONDICIONAL. O “nome completo” da oração em destaque é ORAÇÃO SUBORDINADA
ADVERBIAL CONDICIONAL. A oração em destaque expressa valor semântico de CONDIÇÃO.
É inviolável o domicílio, salvo se houver mandado judicial expedido durante o dia, situação de flagrante
delito ou necessidade de prestação de socorro.
Note a presença da locução conjuntiva “salvo se”, equivalente à expressão “exceto se” ou “a não ser que”.
Trata-se de condicionais retificadoras.
OBSERVAÇÃO:
O “SE” também pode ser empregado com valor semântico de CAUSA. Veja a frase a seguir:
Se fumar faz mal à saúde, por que você não larga esse vício de uma vez por todas?
= Por que você não larga o cigarro, já que esse vício faz mal à saúde.
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A locução UMA VEZ QUE pode apresentar valor CAUSAL ou CONDICIONAL. A diferença será sinalizada
pelo modo verbal: no caso do UMA VEZ QUE condicional, o verbo que o acompanha estará flexionado
no SUBJUNTIVO. Veja as frases a seguir:
Uma vez que sua documentação está em ordem, liberaremos seu veículo.
Uma vez que sua documentação esteja em ordem, liberaremos seu veículo.
A ideia de concessão faz referência a um tipo de oposição. Trata-se de uma oposição que NÃO IMPEDE
ou INVALIDA a concretização de algo. Vamos entender melhor essa ideia com os exemplos a seguir, ok?
Primeiramente listemos as conjunções responsáveis por introduzir a ideia de CONCESSÃO:
EMBORA, APESAR DE, MESMO QUE, AINDA QUE, SE BEM QUE, NEM QUE, QUANDO, CONQUANTO,
A DESPEITO DE, EM QUE PESE, POR MAIS QUE, POR PIOR QUE, POR MELHOR QUE, POSTO QUE,
MALGRADO, ...
Vamos às frases:
Embora tenha nascido numa cidadezinha pequena de interior, sem muitos recursos, ele conquistou
altos cargos na Administração Pública.
Perceba a ideia de CONCESSÃO presente na oração em destaque. O fato de ele ter nascido numa
cidadezinha de interior, sem recursos, NÃO IMPEDIU que ele conquistasse altos cargos na Administração
Pública. A oração em destaque se classifica como SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA.
Mesmo sendo seu primeiro concurso público, ele obteve uma excelente classificação.
Perceba a ideia de CONCESSÃO presente na oração em destaque. O fato de ele ser seu primeiro concurso
NÃO IMPEDIU que ele conquistasse uma excelente classificação. A oração em destaque se classifica como
SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA.
Por mais doloroso que fosse, ele conversou face a face com o assassino de sua esposa.
Perceba a ideia de CONCESSÃO presente na oração em destaque. O fato de ser uma sensação dolorosa
NÃO IMPEDIU que ele conversasse com o assassino de sua esposa. A oração em destaque se classifica como
SUBORDINADA ADVERBIAL CONCESSIVA.
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IMPORTANTE!!!
Exemplos:
Exemplo:
Vive gastando dinheiro com bobagens, quando deveria fazer seu pé-de-meia.
Reclama de tudo, quando seria muito mais útil arregaçar as mangas e trabalhar.
A locução POSTO QUE, empregada pelo poeta Vinícius de Moraes como causal em “Que não seja imortal,
posto que é chama” – linda licença poética -, é tradicionalmente um conector CONCESSIVO.
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QUANDO, LOGO QUE, DESDE QUE, SEMPRE QUE, MAL, BEM, ASSIM QUE, CADA VEZ QUE, ATÉ QUE,
DEPOIS QUE, ANTES QUE, ENQUANTO, ...
IMPORTANTE!
No último caso, como identificamos a ideia de condição? A concretização da condição implica um resultado,
uma consequência. O fato de ele querer algo implica não medir esforços.
A concretização da condição implica um resultado, uma consequência. O fato de se falar sobre o assunto
tem como implicação sua irritação.
A palavra “mal”, tipicamente um advérbio de modo, quando expressa tempo - equivale a “assim que”,
“logo que”, funciona como CONJUNÇÂO SUBORDINATIVA TEMPORAL.
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A ideia de proporcionalidade é a ideia de razão. Como assim, professor? A informação constante na oração
principal se processa numa razão, numa taxa, numa proporção, em relação à informação constante na oração
subordinada. O conector que melhor expressa essa ideia é o QUANTO, presente nas várias combinações
“QUANTO MAIS... MAIS, QUANTO MAIS... MENOS, QUANTO MENOS... MENOS, QUANTO MENOS...
MAIS”.
QUANTO MAIS ... MAIS, QUANTO MAIS ... MENOS, À PROPORÇÃO QUE, AO PASSO QUE,
ENQUANTO, À MEDIDA QUE,...
Enquanto a renda do trabalhador cai devido ao desemprego, o preço dos alimentos continua subindo.
IMPORTANTE!
Não confunda À MEDIDA QUE com NA MEDIDA EM QUE. O primeiro é PROPORCIONAL e equivale a
QUANTO MAIS ... MAIS; já o segundo é CAUSAL e equivale a PORQUE.
O Brasil está longe de ser considerado um país desenvolvido, na medida em que possui péssimos indicadores
de IDH.
= O Brasil está longe de ser considerado um país desenvolvido, porque possui péssimos indicadores de IDH.
= Quanto mais leio suas obras, mais fã incondicional deste autor fico.
Algumas gramáticas consideram locuções ENQUANTO QUE e AO PASSO QUE adversativas, pois
expressam contraste.
No Titanic, muitos convidados esbanjavam luxo, ao passo que a classe econômica tinha que conviver com
ratos.
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São assim denominadas as orações que expressam a ideia de finalidade, que significa objetivo, meta,
propósito. Lembremo-nos que, para encontrar a finalidade, perguntamos PARA QUÊ?
PARA QUE, A FIM DE QUE, COM O PROPÓSITO DE, COM O OBJETIVO DE, COM O FITO DE, PORQUE ...
Em texto mais sofisticados, a conjunção PORQUE pode ter valor final, equivalendo a “para que”. Trata-
se de uso muito raro. Nunca vi cair em prova!
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Moçada, abaixo eu apresento a vocês uma lista das conjunções subordinativas. Imprimam um pôster e
grudem no teto do quarto de vocês, ok? Todo dia, logo que acordar e antes de dormir, fiquem 5 minutos
olhando para esse quadro. Repitam esse procedimento até o dia que antecede a prova, ok?
Integrantes QUE, SE
PORQUE, POIS, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, DADO QUE, DEVIDO A,
Causais COMO, PORQUANTO, NA MEDIDA EM QUE, TENDO EM VISTA QUE, HAJA
VISTA...
TAL... QUAL, TANTO... QUANTO, TAL ... COMO, QUAL, COMO, ASSIM COMO,
Comparativas COMO SE, MAIS... DO QUE, MENOS... DO QUE, MELHOR... DO QUE, PIOR ...
DO QUE
SE, CASO, DESDE QUE, CONTANTO QUE, SALVO SE, EXCETO SE, UMA VEZ
Condicionais QUE, A NÃO SER QUE, A MENOS QUE, ...
EMBORA, APESAR DE, MESMO QUE, AINDA QUE, SE BEM QUE, NEM QUE,
Concessivas QUANDO, CONQUANTO, A DESPEITO DE, EM QUE PESE, POR MAIS QUE,
POR PIOR QUE, POR MELHOR QUE, POSTO QUE, MALGRADO, ...
QUANDO, LOGO QUE, DESDE QUE, SEMPRE QUE, MAL, BEM, ASSIM QUE,
Temporais CADA VEZ QUE, ATÉ QUE, DEPOIS QUE, ANTES QUE, ENQUANTO, ...
QUANTO MAIS ... MAIS, QUANTO MAIS ... MENOS, À PROPORÇÃO QUE, AO
Proporcionais PASSO QUE, ENQUANTO, À MEDIDA QUE
PARA QUE, A FIM DE QUE, COM O OBJETIVO DE, COM O INTUITO DE, COM
Finais O FITO DE, ...
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Por que chamar uma oração de reduzida? Por dois motivos: o primeiro é que ela não é introduzida por
conjunção subordinativa nem por pronome relativo – no máximo ela é iniciada por preposição; o segundo é que
a forma verbal nela presente está numa das três formas nominais – infinitivo, gerúndio e particípio.
Ora, vocês estavam reclamando que eram muitas as conjunções. Ruim com elas, pior sem elas, gente! A
presença das conjunções já explicita as relações de sentido, minimizando nosso esforço de interpretação. A
ausência delas exige de nós um esforço adicional.
Mas não se assustem! Se você entendeu cada uma das orações subordinadas, não terá dificuldades em
desenvolver as orações reduzidas. Como assim desenvolver, professor? Desenvolver uma oração reduzida é
reescrevê-la de modo a fazer aparecer um conector, sendo necessária a flexão da forma verbal.
Estudando com bastante foco para o concurso, obteve sua tão sonhada aprovação.
A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
gerúndio.
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um sentido de causa: Obteve sua tão sonhada
aprovação, porque estudava com bastante foco para o concurso.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada adverbial causal reduzida de gerúndio.
Professor, pelo amor de Deus! Olha o tamanho desse nome! Como alguém quer que eu decore tudo isso?
Queridos alunos, dificilmente esse nome completo é requerido. Ufa, professor! Acontece pior! As bancas
cobram de pedaço o assunto! Professor, já estou desesperado! Calma! Da maneira que estou falando, eu
realmente estou assustando! Desculpem-me! Gente, precisamos compreender o que cada pedacinho desse
gigantesco nome significa. Ora, chama-se oração por quê? Porque possui verbo! Ora, essa oração é
subordinada adverbial por quê? Porque expressa causa! É uma adverbial causal por quê? Como disse, ela
expressa causa! Ora, por que ela é reduzida? Porque não é introduzida por conjunção e sua forma verbal está
no gerúndio – uma das três formas nominais. Ora, por que é reduzida de gerúndio? Como disse, sua forma
verbal está no gerúndio.
A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
infinitivo.
Desenvolvendo-se a oração, obtém-se: É preciso que se estude um pouquinho todo dia, sempre!
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um valor substantivo: É preciso ISTO.
O pronome ISTO desempenha a função sintática de sujeito.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.
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A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
infinitivo.
Desenvolvendo-se a oração, obtém-se: É o time que deve ser batido no campeonato.
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um valor adjetivo. O QUE que a introduz é
PRONOME RELATIVO.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada ADJETIVA RESTRITIVA reduzida de infinitivo.
A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
particípio.
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um sentido de tempo: Quando terminar a aula,
compareça à coordenação.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.
Tendo pouquíssimo tempo disponível, não deixava de dar atenção aos seus fãs.
A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
gerúndio.
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um sentido de concessão: Apesar de ter pouco
tempo disponível, não deixava de dar atenção aos seus fãs.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio.
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Exemplos:
A oração em destaque não está introduzida por conjunção nem por pronome relativo, e sim por
pronome interrogativo.
A forma verbal está flexionada.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada justaposta.
Funciona sintaticamente como sujeito da oração principal.
Sua classificação completa é: ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA JUSTAPOSTA.
A oração em destaque não está introduzida por conjunção nem por pronome relativo, e sim por
advérbio interrogativo. Observe que o QUANDO não é pronome, pois não faz referência a um
nome.
A forma verbal está flexionada.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada justaposta.
A oração tem valor adjetivo e modifica o substantivo “roupas”.
Sua classificação completa é: ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA JUSTAPOSTA.
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Já as orações interferentes, também denominadas de intercaladas, são orações sem vínculo sintático
com a anterior. Não exercem, portanto, uma função sintática. Servem para introduzir comentários,
opiniões, falas sobre aquilo que está sendo dito em determinado ponto do texto. São sempre isoladas ou
por vírgulas, ou por travessões ou por parênteses.
Exemplos:
As chamadas fake news – eu já compartilhei algumas, confesso – tornaram-se o grande mal do século
XXI.
A solução apresentada, diga-se de passagem, foi a melhor dos últimos dez anos.
Sua conduta (permita-me um breve elogio) era seguida por todos seus subordinados.
Como definimos no início da aula, não há entre as orações coordenadas uma relação de dependência.
Isso significa que uma oração não é função sintática de outra, como ocorria no Período Composto por
Subordinação.
Queridos, síndeto nada mais é do que um nome mais bonito para conector, no nosso caso a conjunção.
No caso das orações assindéticas, simplesmente não há a figura da conjunção introduzindo a oração
coordenada. Veja um exemplo:
O aluno chegou cedo ao curso, sentou na primeira fileira, fez todas as perguntas possíveis, tirou todas
as dúvidas e retornou para o aconchego de sua casa.
Temos ao todo 5(cinco) orações. Note que não há dependência sintática entre elas. Todas elas são
completas do ponto de vista sintático, o que configura uma relação de coordenação.
As 4(quatro) primeiras orações – “O aluno chegou cedo ao curso”, “sentou na primeira fileira”, “fez todas
as perguntas possíveis” e “tirou todas as dúvidas” – não são introduzidas por conjunção. São ASSINDÉTICAS.
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Já a última oração – “e retornou para o aconchego de sua casa” – é introduzida pela conjunção
coordenativa (pois agora a oração é coordenada) aditiva “E”. Trata-se de uma ORAÇÃO COORDENADA
SINDÉTICA.
Vamos agora detalhar os tipos de oração coordenadas sindéticas. Como você já deve prever, virá mais
uma listinha de conjunções para nossa coleção, as CONJUNÇÕES COORDENATIVAS.
E, NEM (= E NÃO), TAMPOUCO (= E NÃO), NÃO SÓ... MAS (TAMBÉM), NÃO SÓ... COMO (TAMBÉM),
NEM... NEM, TANTO...QUANTO, BEM COMO, OUTROSSIM, ALÉM DE, ADEMAIS, ...
Não só desempenhamos com competência nossa missão, como ajudamos aqueles que mais precisam.
IMPORTANTE!!!
Na frase “Ele não quer trabalhar nem está disposto a trabalhar”, há entre as orações uma relação de
negação.
ISSO É FALSO, moçada! Muita gente cai nessa! Cuidado! Ora, como existe dentro do NEM a ideia do NÃO,
uma leitura rápida do item nos leva a crer que ele esteja CORRETO. Não está não! Ora, se a relação entre as
orações fosse de negação, significaria que uma nega o conteúdo da outra, o que não é verdade!
A relação entre as orações conectadas pelo NEM ou pelo TAMPOUCO é de ADIÇÃO, não de negação.
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Ainda sobre a palavra NEM, ela pode expressar intensidade e ênfase, equivalendo a SEQUER, atuando
como ADVÉRBIO. E pode expressar soma, como vimos, atuando como CONJUNÇÃO, equivalendo a E
NÃO.
Mesmo assistindo toda a peça, ele nem esboçou qualquer sinal de empolgação.
= Mesmo assistindo toda a peça, ele sequer esboçou qualquer sinal de empolgação.
Ainda sobre a palavra TAMPOUCO (= E NÃO), cuidado para não confundi-la com TÃO POUCO (= MUITO
POUCO).
Tínhamos tão pouco tempo até a prova, que não acreditávamos que iríamos conseguir.
= Tínhamos muito pouco tempo até a prova, que não acreditávamos que iríamos conseguir.
Novamente o COMO. Além de CAUSAL, CONFORMATIVO, COMPARATIVO, ele também pode ser
ADITIVO, compondo as locuções ASSIM COMO, BEM COMO, NÃO SÓ... COMO (TAMBÉM), NÃO
APENAS... COMO TAMBÉM, etc.
Ele não só administra muito bem os negócios, como (também) motiva seus subordinados.
Na linguagem jurídica, é comum se usar o conector OUTROSSIM com valor retificador. Na verdade, trata-
se de um conector ADITIVO, equivalendo a ALÉM DE.
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Cuidado com E! Além do valor típico de adição, ele pode introduzir um contraste (oposição) ou uma
consequência/conclusão.
Cometeu um crime grave e foi punido exemplarmente. (Note que o E possui valor consecutivo)
Jogou os noventa minutos como titular, e não deu um chute a gol sequer. (Note que o E introduz um
contraste, uma oposição)
São assim chamadas as orações que introduzem ideia de oposição, contraste, ressalva, compensação.
Os conetores responsáveis por introduzir essas ideias são bem típicos. Vejam:
MAS, PORÉM, CONTUDO, ENTRETANTO, NO ENTANTO, TODAVIA, SENÃO (= MAS SIM), NÃO
OBSTANTE, ...
Saiu cedo de casa, no entanto não conseguiu chegar a tempo de pegar um bom lugar no auditório.
IMPORTANTE!!!
Como já explicado anteriormente, a oposição do tipo adversativa realça, enfatiza, destaca a o conteúdo
oracional, ao passo que a oposição concessiva o minimiza, suaviza, relativiza.
Em I, destaca-se o fato de o namorado ser gente boa. Não se nega que ele é feio, mas a ênfase está no fato
de ele ser gente boa.
Já em II, minimiza-se o fato de o namorado ser gente boa. Não se nega que ele é gente boa, mas a ênfase
está no fato de ele ser feio.
Ele entregou o trabalho de forma padronizada. Já ele pouca atenção deu à formatação.
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A locução NÃO OBSTANTE, como vimos, tem valor concessivo quando acompanhada de verbo no
subjuntivo; tem valor adversativo, acompanhada de verbo no indicativo.
Ele agradou ao público, não obstante fosse desprestigiado por seus superiores. (CONCESSIVO)
Ele agradou ao público, não obstante foi desprestigiado por seus superiores. (ADVERSATIVO)
A locução SÓ QUE possui valor adversativo, mas seu uso é considerado coloquial, inadequado a textos
formais.
São assim denominadas as orações que transmitem a ideia de escolha (exclusiva ou não exclusiva) ou de
alternância (revezamento).
Seja dia útil, seja dia não útil, lá está ele estudando.
Quer na inciativa privada, quer no serviço público, sua atuação sempre foi elogiada.
ATENÇÃO! Causa e Explicação muitas vezes se confundirão. Dessa forma, os conectores outrora listados
como causais também serão explicativos.
PORQUE, POIS, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, DADO QUE, DEVIDO A, COMO, PORQUANTO,
NA MEDIDA EM QUE, TENDO EM VISTA QUE, HAJA VISTA...
Gente, sendo muito sincero, essa possibilidade é quase nula, porque, como disse, na esmagadora maioria
das vezes, causa e explicação vão se confundir.
Mas para não deixar você sem saber o que fazer, vamos usar uma estratégia para diferenciar essas duas
ideias. E qual seria essa estratégia, professor?
Moçada, nós aprendemos que não existe causa sem consequência, não existe consequência sem causa,
lembra?
Vamos fazer assim: sempre que nos depararmos com os conectores porque, pois, que, porquanto...,
vamos supor que eles introduzem uma causa; se isso for verdade, a suposta oração principal deverá expressar
uma ideia de consequência. Provamos que é causa, verificando se é coerente a consequência apresentada.
Vejamos um exemplo:
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Assim são chamadas as orações que introduzem uma ideia de conclusão em relação à oração anterior.
PORTANTO, LOGO, POR ISSO, ENTÃO, ASSIM, POIS, POR CONSEGUINTE, DESTARTE, ...
Galera, tomem cuidado! Da mesma forma que confundimos causa e explicação, muitas vezes
fazemos confusão entre consequência e conclusão.
Note que a promoção está associada ao grau de dedicação ao projeto. A oração em destaque expressa
uma CONSEQUÊNCIA).
Eu e minha esposa vamos mudar de cidade, por isso vamos ter que pedir demissão.
Note que o pedido de demissão NÃO está associado a uma quantificação ou intensificação expressas na
oração anterior. Ora, não é possível graduar “mudar de cidade”. A oração em destaque expressa uma
CONCLUSÃO.
Essa é a visão adotada pela maioria das bancas: CESPE, FCC, VUNESP, etc.
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O trecho a seguir foi extraído de um relatório da ANAC sobre aeroportos. Assinale a afirmação que analisa
corretamente seus componentes linguísticos.
As receitas para as atividades aeroportuárias provêm das tarifas cobradas pela prestação dos serviços de
embarque de passageiros, pouso e permanência de aeronaves, e armazenagem e capatazia de carga aérea, em
cada aeroporto. As receitas das atividades não reguladas são aquelas provenientes de atividades para
as quais não há regulação tarifária e que, portanto, geram receitas alternativas, tais como aquelas decorrentes
da concessão de áreas para exploração comercial, ganhos financeiros, prestação de demais serviços não
regulados etc.
e) A conjunção “portanto” tem o mesmo sentido de "por conseguinte", trazendo à frase “geram receitas
alternativas” a ideia de consequência.
Fez um excelente trabalho durante o ano, portanto será indicado na próxima lista de promoções.
Na cabeça dessas bancas, se alguém perguntar qual a classificação da conjunção “portanto”, o que
você deve responder? Sem medo de ser feliz, você deve responder CONJUNÇÃO COORDENATIVA
CONCLUSIVA. E se alguém perguntar a classificação da oração introduzida pela conjunção “portanto”?
Sem medo de ser feliz, responda ORAÇÃO COORDENADA SINDÉTICA CONCLUSIVA.
Agora, se alguém disser que “portanto” expressa um ideia de consequência em relação à oração
anterior, você marca CERTO ou ERRADO? Atenção! Na cabeça dessas bancas, marque CERTO!!!
Perguntou-se não a classificação morfológica ou sintática, mas sim o valor semântico. Trata-se de um
resultado, de uma consequência, de uma conclusão. São ideias sinônimas.
IMPORTANTE!!!
O conector POIS pode ser explicativo ou conclusivo. No primeiro caso, equivale a PORQUE e antecede a
forma verbal na oração em que se encontra. No segundo caso, equivale a PORTANTO e se posiciona após
a forma verbal na oração em que se encontra.
Exemplos:
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Vamos para mais uma tabela de conjunções? Imprima! Faça um pôster! Grude no teto do seu quarto! Ao
acordar e, antes de dormir, contemple esse pôster uns 5 minutos. Todo dia! Até o dia que antecede a prova, ok?
PORQUE, POIS, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, DADO QUE, DEVIDO A,
Explicativas COMO, PORQUANTO, NA MEDIDA EM QUE, TENDO EM VISTA QUE, HAJA
VISTA...
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PRONOME
Quero saber (O)QUE aconteceu.
INTERROGATIVO
CONJUNÇÃO
Estudou tanto para o concurso QUE ficou louco!
CONSECUTIVA
QUE CONJUNÇÃO
COMPARATIVA
Sou mais esperto (do) QUE você.
CONJUNÇÃO
Estuda QUE estuda, essa é sua rotina.
ADITIVA
CONJUNÇÃO
Dorme, QUE a dor passa. (=Dorme, pois a dor passa.)
EXPLICATIVA
PARTÍCULA DE
REALCE OU QUE Deus te abençoe! (= Deus te abeçoe!)
EXPLETIVA
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ÍNDICE DE
Não SE acredita mais nas pessoas.
INDETERMINAÇÃO
(VI, VTI ou VL + SE )
DO SUJEITO
PARTÍCULA DE
REALCE OU Foi-SE embora minha fé! (= Foi embora minha fé!)
EXPLETIVA
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COMO
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A competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. Na década de 60, a adoção do
imposto sobre valor agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação indireta, permitindo a
internacionalização das trocas de mercadorias com a facilitação da equivalência dos impostos sobre consumo
e tributação, e diminuindo as diferenças entre países. O ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de
imposto que, embora se pareça com o IVA, não é administrado pelo governo federal — o que dá aos estados
total autonomia para administrar, cobrar e gastar os recursos dele originados. A competência estadual do ICMS
gera ainda dificuldades na relação entre as vinte e sete unidades da Federação, dada a coexistência dos
princípios de origem e destino nas transações comerciais interestaduais, que gera a já comentada guerra fiscal.
A harmonização com os outros sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado. É preciso
integrar-se aos países do MERCOSUL, além de promover a aproximação aos padrões tributários de um mundo
globalizado e desenvolvido, principalmente quando se trata de Europa. Só assim o país recuperará o poder da
economia e poderá utilizar essa recuperação como condição para intensificar a integração com outros países e
para participar mais ativamente da globalização.
A correção gramatical e os sentidos originais do texto 1A1-I seriam preservados se, no trecho “A competência
estadual do ICMS gera ainda dificuldades na relação entre as vinte e sete unidades da Federação” (R. 26 a 28),
o vocábulo “ainda” fosse substituído pela seguinte expressão, isolada por vírgulas.
a) até então
b) ao menos
c) além disso
RESOLUÇÃO
A expressão “ainda” introduz uma ideia de adição. Além de dar aos estados autonomia para administrar
os recursos do ICMS, a competência estadual do ICMS gera dificuldades na relação entre as vinte e sete
unidades da Federação.
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Resposta: C
Texto 1A3-I 1
A política tributária não se restringe ao objetivo de abastecer os cofres públicos, mas tem também
objetivos econômicos e sociais. Se fosse aumentada a tributação sobre um produto considerado nocivo para o
consumidor ou para a sociedade, o seu consumo poderia ser desestimulado. Caso a intenção fosse promover
uma melhor distribuição de renda, o Estado poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos mais
consumidos pela população de renda mais baixa e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta.
Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia, os custos desse
setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e poderia gerar um crescimento das
vendas. Outro efeito viável dessa política seria o aumento do lucro das empresas, favorecendo-se, assim, a
elevação dos seus investimentos — e, consequentemente, da produção — e o surgimento de novas empresas,
o que provavelmente resultaria no crescimento da produção, bem como no acirramento da concorrência, com
possíveis reflexos sobre os preços. Em qualquer um desses cenários, o setor seria estimulado.
No texto 1A3-I, a oração “se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia” (R. 10 e 11)
apresenta, no período em que se insere, noção de
a) concessão, uma vez que representa uma exceção às regras de tributação do país.
b) explicação, uma vez que esclarece uma ação que diminuiria os custos do referido setor.
c) proporcionalidade, uma vez que os custos do referido setor diminuiriam à medida que se diminuísse a
tributação.
d) tempo, uma vez que a diminuição dos custos do referido setor ocorreria somente após a redução da
tributação sobre ele.
e) condição, uma vez que a diminuição dos custos do referido setor dependeria da redução da tributação
sobre ele.
RESOLUÇÃO
O “se” é um típico conector de valor condicional. Levanta-se uma hipótese, cuja concretização pode
resultar em diminuição de custos.
A resposta é, portanto, a letra E: “condição, uma vez que a diminuição dos custos do referido setor
dependeria da redução da tributação sobre ele”.
Resposta: E
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Texto 1A3-II 1
Entre os maiores poderes concedidos pela sociedade ao Estado, está o poder de tributar. A tributação
está inserida no núcleo do contrato social estabelecido pelos cidadãos entre si para que se alcance o bem
comum. Desse modo, o poder de tributar está na origem do Estado ou do ente político, a partir da qual foi
possível que as pessoas deixassem de viver no que Hobbes definiu como o estado natural (ou a vida pré-política
da humanidade) e passassem a constituir uma sociedade de fato, a geri-la mediante um governo, e a financiá-
la, estabelecendo, assim, uma relação clara entre governante e governados.
A tributação, portanto, somente pode ser compreendida a partir da necessidade dos indivíduos de
estabelecer convívio social organizado e de gerir a coisa pública mediante a concessão de poder a um soberano.
Em decorrência disso, a condição necessária (mas não suficiente) para que o poder de tributar seja legítimo é
que ele emane do Estado, pois qualquer imposição tributária privada seria comparável a usurpação ou roubo.
Internet: (com adaptações).
A correção gramatical e os sentidos do texto 1A3-II seriam preservados se o termo “Em decorrência disso” (R.16)
fosse substituído pela seguinte expressão.
a) Devido isso
b) Em suma
c) Por conseguinte
d) Consoante isso
e) Para tanto
RESOLUÇÃO
“Em suma” estabelece uma relação de síntese do exposto, o que não é o caso, pois há uma soma de ideia.
“Consoante” estabelece uma ideia de conformidade, concordância, o que não é o caso. Há sim a
introdução de um resultado daquilo que foi exposto.
“Para tanto” estabelece uma ideia de finalidade, ao passo que se quer introduzir uma consequência ou
conclusão do que foi exposto.
Por fim, resta “Por conseguinte”, responsável por introduzir um resultado (conclusão) daquilo que foi
exposto.
Resposta: C
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A vida humana só viceja sob algum tipo de luz, de preferência a do sol, tão óbvia quanto essencial. Somos
animais diurnos, por mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral discordem dessa afirmativa. Poucas
vezes a gente pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as pessoas que acordam se sentindo primatas,
mamíferos ou terráqueos, outros rótulos que nos cabem por forca da natureza das coisas.
A humanidade continua se aperfeiçoando na arte de afastar as trevas noturnas de todo habitat humano.
Luz soa para muitos como sinônimo de civilização, e pode-se observar do espaço o mapa das desigualdades
econômicas mundiais desenhado na banda noturna do planeta. A parcela ocidental do hemisfério norte e, de
longe, a mais iluminada.
Dispor de tanta luz assim, porém, tem um custo ambiental muito alto, avisam os cientistas. Nos humanos,
o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode reduzir drasticamente os níveis de
melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quando vejo se acenderem as luzes da cidade. E repito para
mim mesmo a pergunta que me faço desde que me conheço por gente: quem e o responsável por acender as
luzes da cidade? O mais plausível e imaginar que essa tarefa caiba a sensores fotoelétricos espalhados pelos
bairros. Mas e antes dos sensores, como e que se fazia? Imagino que algum funcionário trepava na antena mais
alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a cidade
toda se iluminava.
Não consigo pensar em um cargo público mais empolgante que o desse homem. Claro que o cargo, se
existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas.
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se suprimisse o trecho “é que”, em “como é
que se fazia” (ℓ.27).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A expressão “é que” é expletiva. Sua única função é realçar (adornar), não cumprindo qualquer função
morfossintática. Sua exclusão não acarreta prejuízo gramatical nem implica alteração de sentido.
Resposta: CERTO
A correção gramatical do texto seria mantida, mas seu sentido seria alterado, caso o trecho “que se infiltra no
ambiente no qual dormimos” (ℓ. 18 e 19) fosse isolado por vírgulas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Na redação original, o fato de o trecho oracional introduzido pelo relativo “que” não estar isolado por
vírgulas confere caráter restritivo, dando a entender quem nem toda luz urbana se infiltra no ambiente em que
dormimos. Com o isolamento do trecho por vírgulas, o trecho adquire caráter explicativo, dando a entender
que toda luz urbana se infiltra no ambiente em que dormimos.
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A correção gramatical não é afetada, mas o sentido, como explicado anteriormente, é alterado com a
mudança.
Resposta: CERTO
Se prestarmos atenção a nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de atividades
do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas
entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre diferentes sociedades e
momentos da história.
RESOLUÇÃO:
Resposta: CERTO
As atividades pertinentes ao trabalho relacionam-se intrinsecamente com a satisfação das necessidades dos
seres humanos — alimentar-se, proteger-se do frio e do calor, ter o que calçar etc. Estas colocam os homens
em uma relação de dependência com a natureza, pois no mundo natural estão os elementos que serão
utilizados para atendê-las.
Se prestarmos atenção à nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de atividades
do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas
entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre diferentes sociedades e
momentos da história.
De acordo com o cientista social norte-americano Marshall Sahlins, nas sociedades tribais, o trabalho
geralmente não tem a mesma concepção que vigora nas sociedades industrializadas. Naquelas, o trabalho está
integrado a outras dimensões da sociabilidade — festas, ritos, artes, mitos etc. —, não representando, assim,
um mundo à parte.
Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs que tais
sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”, pelo fato de que
nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.
No trecho “Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas entre os
indivíduos”, o sujeito da forma verbal “cercam” é “Os processos de produção dos objetos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O sujeito de “cercam” é o pronome relativo “que”, que retoma o termo antecedente “objetos” – são os
objetos que nos cercam.
Resposta: ERRADO
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Texto
O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para dominar
sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos ou a glória
dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o pergaminho e o papel
forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos homens.
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos mais
simples, a escrita teve como missão conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as escritas
podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados de
destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de uma
incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites.
O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos, foi
considerado um perigo tão grande quanto seu contrário.
Embora fosse temido, o apagamento era necessário, assim como o esquecimento também o é para a memória.
Nem todos os escritos foram destinados a se tornar arquivos cuja proteção os defenderia da imprevisibilidade
da história. Alguns foram traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois escrever de novo.
Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino
Ferreira. São Paulo: UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações).
a) Por conseguinte.
b) Ainda que.
c) Consoante.
d) Desde que.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: O conectivo “por conseguinte” tem valor conclusivo e pode ser substituído por
“portanto”, que também é conclusivo, e não por “embora”, que é concessivo.
ALTERNATIVA B: “Embora” é conjunção modelo para todas as conjunções concessivas. Assim, ela pode
ser substituída corretamente por “ainda que”, que tem o mesmo valor.
ALTERNATIVA D: A depender da frase “desde que” pode indicar tempo ou condição. Assim, não tem
valor de “embora”, que, como anteriormente dito, é concessivo.
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ALTERNATIVA E: “Uma vez que” tem valor causal. Desse modo, não substitui corretamente a conjunção
subordinativa “embora”.
Resposta: B
Texto
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós,
independentemente de idade, sexo, estrato social, crença religiosa etc. é chamado à criação de um mundo
pacificado, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e os adultos da compreensão de princípios como
liberdade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição,
individual e coletiva, da violência que tem sido percebida na sociedade, em seus mais variados contextos. A
cultura da paz tem de procurar soluções que advenham de dentro da(s) sociedade(s), que não sejam impostas
do exterior.
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado em sentido negativo, quando se traduz em um estado
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua
concepção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática da não violência para resolver conflitos, a
prática do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrática frente à vida, que pressupõe a dinâmica da
cooperação planejada e o movimento constante da instalação de justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pensamento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso,
a ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de palavras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A violência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio social. É hora de começarmos a convocar a presença
da paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à gestão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos
potencialmente violentos e reconstruir a paz e a confiança entre pessoas originárias de situação de guerra é um
dos exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão estende-se às escolas, instituições públicas e
outros locais de trabalho por todo o mundo, bem como aos parlamentos e centros de comunicação e
associações.
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
sustentado e o respeito pelos direitos humanos, reforçando as instituições democráticas, promovendo a
liberdade de expressão, preservando a diversidade cultural e o ambiente.
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Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adaptações).
a) conclusão.
b) finalidade.
c) comparação.
d) causa.
e) oposição.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: “Então” tem valor conclusivo. Pode ser substituído, sem alteração de sentido por
“portanto”, que tem a mesma carga semântica.
ALTERNATIVA B: As principais conjunções que indicam finalidade são “para que” e “a fim de que”, que
não têm valor de “então”.
ALTERNATIVA C: A conjunção em destaque não indica comparação, como se vê nos conectivos “como”,
“assim como” e “tal como”, por exemplo.
ALTERNATIVA D: A ideia de causa não está presente na conjunção “então”, mas pode ser encontrada
em conectivos como “porque”, “uma vez que”, “visto que”.
ALTERNATIVA E: Oposição pode ser encontrada nas conjunções coordenativas “mas”, “porém”,
“todavia”, “contudo”, “entretanto”, “no entanto’, por exemplo, e não no conectivo “então”.
Resposta: A
Texto CG2A1CCC
A questão da segurança pública passou a ser considerada problema fundamental e principal desafio ao Estado
de direito no Brasil. A segurança ganhou enorme visibilidade pública e jamais, em nossa história recente, esteve
tão presente nos debates.
A amplitude dos temas e problemas relativos à segurança pública alerta para a necessidade de qualificação do
debate sobre segurança e para a incorporação de novos atores, cenários e paradigmas às políticas públicas.
O problema da segurança, portanto, não pode mais estar adstrito apenas ao repertório tradicional do direito e
das instituições da justiça. Evidentemente, as soluções devem passar pelo fortalecimento da capacidade do
Estado em gerir a violência, pela retomada da capacidade gerencial no âmbito das políticas públicas de
segurança, mas também devem passar pelo alongamento dos pontos de contato das instituições públicas com
a sociedade civil e com a produção acadêmica mais relevante à área.
Em síntese, os novos gestores da segurança pública devem enfrentar esses desafios, além de fazer o amplo
debate nacional sobre o tema transformar-se em real controle sobre as políticas de segurança pública e, mais
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ainda, estimular a parceria entre órgãos do poder público e da sociedade civil na luta por segurança e qualidade
de vida dos cidadãos brasileiros.
Acerca das ideias e de aspectos linguísticos do texto CG2A1CCC, julgue o seguinte item.
A locução “mas também” estabelece uma relação de oposição no período em que ocorre.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A locução “mas também” não opõe termos, isto é, não tem valor adversativo. Essa locução tem valor
aditivo, visto que conecta ideias somando, adicionando informação. Pode ser substituída pela locução “como
também”, de mesmo valor.
Resposta: ERRADO
Se, nos Estados Unidos da América, surgem mais e mais casos de assédio sexual em ambientes profissionais —
como os que envolvem produtores e atores de cinema —, no Brasil, o número de processos desse tipo caiu 7,5%
entre 2015 e 2016.
Até setembro de 2017, foram registradas 4.040 ações judiciais sobre assédio sexual no trabalho, considerando-
se só a primeira instância.
Os números mostram que o tema ainda é tabu por aqui, analisa o consultor Renato Santos, que atua auxiliando
empresas a criarem canais de denúncia anônima. “As pessoas não falam por medo de serem culpabilizadas ou
até de represálias”.
Segundo Santos, os canais de denúncia para coibir corrupção nas corporações já recebem queixas de assédio e
ajudam a identificar eventuais predadores. Para ele, “o anonimato ajuda, já que as pessoas se sentem mais
protegidas para falar”.
A lei só tipifica o crime quando há chantagem de um superior sobre um subordinado para tentar obter
vantagem sexual. Se um colega constrange o outro, em tese, não há crime, embora tal comportamento possa
dar causa a reparação por dano moral.
Anna Rangel. Medo de represálias inibe queixas de assédio sexual no trabalho I.nternet:
<www1.folha.uol.com.br> (com adaptações).
No texto 1A1BBB, a correção gramatical e o sentido do trecho ‘O anonimato ajuda, já que as pessoas se
sentem mais protegidas para falar’ seriam preservados caso se substituísse o termo “já que” por
a) a fim de que.
b) ainda que.
c) contanto que.
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e) logo que.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: O conectivo “já que” indica causa, por isso não pode ser substituído por “a fim de que”,
que expressa finalidade.
ALTERNATIVA B: “Ainda que” tem valor concessivo, e não causal, por isso não pode ocupar o valor da
locução conjuntiva “já que” na frase.
ALTERNATIVA C: “Contanto que” tem valor condicional, e não causal, por isso não pode ocupar o valor
da locução conjuntiva “já que” no trecho em análise.
ALTERNATIVA D: “Já que” é uma locução conjuntiva causal. Pode corretamente ser substituída pela
locução conjuntiva subordinativa “uma vez que”, de mesmo valor.
ALTERNATIVA E: “Logo que” sinaliza tempo. Assim, não ocuparia corretamente o lugar da locução
conjuntiva “já que” no período em análise.
Resposta: D
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão
conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores
do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando
conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o
restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente,
para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade
de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.
Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar
na segunda-feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com
satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também
sem volta.
Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em
cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as
selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região
metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores
que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado
não do que foi, mas do que poderia ter sido.
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Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
Ao empregar o termo “nem sequer”, a autora reforça a contraposição entre adivinhar “as selvas úmidas da Ásia”
e não reconhecer as estrelas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
“Nem sequer” é usado para indicar negação. Vale lembrar que o advérbio “sequer” (que significa “ao
menos”) é precedido da palavra “nem” para lhe conferir valor negativo. Na frase em análise, “nem sequer”
reforça a contraposição iniciada pela conjunção coordenativa “mas”, muito mais do que se, no lugar do termo
análise, fosse usada outra palavra, como o advérbio de negação “não”.
Resposta: CERTO
Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela
época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os
ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar
deles, praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando
hospitais. Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria
inferior, de vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o
que aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo
de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma;
providenciava comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso,
fez estudos estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos
soldados resultava das péssimas condições de saneamento.
Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não
havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão
Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca
mais deixou o quarto.
É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a
guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence
era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão
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governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um
livro sobre esse treinamento.
Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis.
Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao
mundo pouco deve importar que sejam estranhas.
Moacyr Scliar. Uma estranha, e admirável, mulher. Internet: <http://moacyrscliar.blogspot.com.br> (com adaptações).
O trecho “que os ricos preferiam tratar-se em casa” expressa uma consequência do que se afirma nas duas
orações imediatamente anteriores, no mesmo período.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O trecho “que os ricos preferiam tratar-se em casa” é iniciado pela conjunção subordinativa consecutiva
“que”, indicando consequência das causas anteriormente expressas (“os hospitais curavam tão pouco e eram
tão perigosos”). Vale destacar que após os vocábulos TAL, TÃO, TANTO(A) e TAMANHO(A), a conjunção QUE
inicia uma consequência, isto é, começa uma oração subordinada adverbial consecutiva.
Resposta: CERTO
Surpresas fazem parte da rotina de um socorrista. Quando um chamado chega via 192, as informações nem
sempre vêm de acordo com a real situação. Às vezes, é menos grave do que se dizia. Em outras, o interlocutor
— por pânico ou desconhecimento — não dá nem conta de descrever a gravidade do caso. Quase sempre,
condutores, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos saem em disparada, ambulância cortando o
trânsito, sirenes ligadas, para atender a alguém que nunca viram. Mas podem chegar à cena e encontrar um
amigo. Estão preparados. O espaço para a emoção é pequeno em um serviço que só funciona se apoiado em
seu princípio maior: a técnica.
Internet: <https://especiais.zh.clicrbs.com.br>.
Considerando os aspectos linguísticos do texto precedente e as informações nele veiculadas, julgue o item.
O elemento “Quando” introduz no texto uma oração condicional, podendo ser substituído por Se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
“Quando” introduz uma oração subordinada adverbial temporal. Não tem valor condicional, por isso não
pode ser corretamente substituído pelo conectivo condicional “se”.
Note que é possível reescrever o trecho da seguinte forma: No momento em que um chamado chega via
192, as informações nem sempre vêm de acordo com a real situação.
Resposta: ERRADO
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Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda
precisamente aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta,
mecânica, essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-
lhe, o que é intolerável e chocante. Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa
classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que
professa não é de modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear,
estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a
essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação de um desdobramento
longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição materialista
sistematizou sob o nome de totalidade.
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Seriam mantidos o sentido e a correção gramatical do texto, se o trecho “porque incomoda” fosse
substituído por
a) porquanto incomoda.
c) a par de incomodar.
d) consoante incomode.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: O conectivo “porque” é uma conjunção subordinativa adverbial causal. Desse modo,
pode ser substituída pela conjunção subordinativa “porquanto”, também de valor causal. Quanto aos tempos
verbais, manteve-se o presente do indicativo.
ALTERNATIVA B: A locução conjuntiva “à medida que” inicia oração subordinada adverbial proporcional.
Não pode, portanto, substituir a conjunção “porque”, que é causal.
ALTERNATIVA C: “A par de incomodar” traz a locução prepositiva “a par de”, que significa “estar
inteirado de”, sem relação de causa. Por essa razão, não substitui corretamente o trecho “porque incomoda”.
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ALTERNATIVA D: “Consoante” indica conformidade, e não causa. Além disso, o verbo do trecho está no
modo subjuntivo.
ALTERNATIVA E: “Uma vez que incomode” traz locução conjuntiva com valor condicional (uma vez que).
Uma prova disso é o verbo do trecho flexionado no modo subjuntivo. Assim, a expressão “uma vez que”,
tipicamente causa, expressaria condição nessa reescrita proposta.
Resposta: A
A abordagem desse tipo de comércio, inevitavelmente, passa pela concorrência, visto que é por meio da
garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de estabelecer permanência ou de engendrar
saída, que se consubstancia a plena expansão das atividades comerciais e se alcança o resultado último dessa
interatuação: o preço eficiente dos bens e serviços.
Defesa da concorrência e defesa comercial são instrumentos à disposição dos Estados para lidar com distintos
cenários que afetem a economia. Destaca-se como a principal diferença o efeito que cada instrumento busca
neutralizar.
A política de defesa da concorrência busca preservar o ambiente competitivo e coibir condutas desleais
advindas do exercício de poder de mercado. A política de defesa comercial busca proteger a indústria nacional
de práticas desleais de comércio internacional.
Elaine Maria Octaviano Martins Curso de direito marítimo Barueri: Manoele, v 1, 2013, p 65 (com adaptações)
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
A oração introduzida pela locução “visto que” explica o porquê de ser necessário considerar a concorrência na
abordagem do comércio internacional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Sem prejuízo ao contexto em que se insere, “visto que” poderia ser substituída por “porque” ou pela
conjunção “pois”, de valor explicativo. Apesar de configurar na gramática normativa como causa, aqui a locução
conjuntiva “visto que” serve para explicar o porquê de ser necessário considerar a concorrência na abordagem
do comércio internacional.
Resposta: CERTO
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As primeiras cidades, no sentido moderno, surgiram no período compreendido entre 3.100 e 2.900 a.C., na
Mesopotâmia, civilização situada às margens dos rios Tigre e Eufrates. A estrutura desses primeiros
agrupamentos urbanos era tripartite: a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os
principais locais de culto e as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio, extramuros, local que
agrupava residências e instalações para criação de animais e plantio; e o porto fluvial, espaço destinado à
prática do comércio e que era utilizado como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era
vedada nos muros da cidade.
Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade comercial. O porto aparece como
mais um elemento de uma forte mudança civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da
escrita. O comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das possibilidades do agir
humano, na diversificação dos papéis sociais e na abertura para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação
no grau de complexidade da sociedade.
Cristiano Paixão e Ronaldo C Fleury Trabalho portuário — a modernização dos portos e as relações de trabalho no Brasil São Paulo: Método, 2008, p 17-8 (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A conjunção “portanto” é conclusiva. No trecho em que se insere, poderia também ser usado também o
conectivo “então”, também conclusivo. A conjunção coordenativa conclusiva “portanto” integra/inicia, desse
modo, oração coordenada sindética conclusiva, mesmo intercalada, uma vez que vem entre vírgulas.
Resposta: CERTO
Texto CB4A1AAA
Narração é diferente de narrativa, uma vez que mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e
está presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e sobremesa de um jantar; em mitos,
romances, contos, novelas, peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos corpos; nas notícias; em
relatórios médicos; em conversas, desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas, nos
videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração, por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador
enuncia.
Uma contagem de palavras na base de dados do Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra
vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas seu sentido vem mudando.
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A expressão disputa de narrativas, que teve um boom dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer
respeito à acepção mais literária do termo, como narrativa de um romance. Fala antes sobre trazer a público
diferentes formas de narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser elaboradas e disputadas. É um uso
do termo que talvez aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda narrativa histórica e cultural
carrega em si um processo e um movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas escolhas de um
narrador.
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A palavra “antes”, apesar de ser comumente classificada como advérbio de tempo, no texto em que se
insere, não apresenta esse sentido. Considerando a relação entre as frases, ela representa uma ruptura, uma
contrariedade entre o período de que ela faz parte e o período anterior.
Resposta: ERRADO
Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um
delito, mas também um crime moral (a), uma ação intolerável que perturba a própria natureza. “Inadmissível”,
“escandalosa”, “revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando uma greve recente. Para dizer a
verdade, trata-se de uma linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua mentalidade profunda. É a
época em que a burguesia, que assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de junção entre a
moral e a natureza, oferecendo a uma a garantia da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se
a natureza; finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as
leis estruturais da sociedade que se quer defender. Para os prefeitos de Carlos X, assim como para os leitores
do Figaro de hoje, a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio às prescrições da razão moralizada: “fazer
greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade cívica (b), é infringir uma legalidade
“natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filosófico da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda
precisamente aqueles a quem ela não diz respeito (c). É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta,
mecânica, essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-
lhe, o que é intolerável e chocante (d). Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia,
essa classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que
professa não é de modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear,
estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a
essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação de um desdobramento
longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição materialista
sistematizou sob o nome de totalidade (e).
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Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Assinale a opção que apresenta trecho do texto que expressa uma ideia de comparação.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA A: O termo “mas também” introduz uma adição, uma soma. Sintaticamente, integra uma
oração coordenada sindética aditiva.
ALTERNATIVA B: Há comparação de superioridade entre “mais do que infringir uma legalidade cívica” e
“infringir uma legalidade ‘natural’”.
ALTERNATIVA E: A oração em destaque é uma explicação, iniciada pelo pronome relativo “que”. Assim,
tem-se uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Resposta: B
O orgulho é a consciência (certa ou errônea) do nosso valor próprio; a vaidade é a consciência (certa ou errônea)
da evidência do nosso valor aos olhos dos outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser a
um tempo vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. À
primeira vista, é difícil compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso valor no conceito
dos outros sem a consciência do nosso valor em si. Se a natureza humana fosse racional, não haveria qualquer
explicação. No entanto, o homem vive primeiro uma vida exterior, e depois uma vida interior; a noção do efeito
precede, na evolução do espírito, a noção da causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser tido em
alta conta por aquilo que não é a ser tido em meia conta por aquilo que é. Assim opera a vaidade.
Walmir Ayala (Coord e introd ) Fernando Pessoa Antologia de Estética. Teoria e Crítica Literária Rio de Janeiro: Ediouro, 1988, p 88-9 (com adaptações)
Acerca dos aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o próximo item.
As expressões “por aquilo que não é” e “por aquilo que é” exprimem causa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
Os trechos “por aquilo que não é” e “por aquilo que é” exprimem causa. Em ambos os casos, há ideia de
“por causa de”.
Resolução: CERTO
Texto CB1A1BBB
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida é um sintoma da revivescência de
um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos.
(...) Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de
impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão
armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos
querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se
lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não;
matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.
De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher
venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa- vontade, sem coação de espécie
alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como é então que se castigam as moças que confessam
não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as
mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto
domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a
eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é um
absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar
à vontade.
Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83-5 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB1A1BBB, julgue o item que se segue.
Caso se isolasse por vírgulas o trecho “que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida”, seria
pertinente inferir que o autor se referisse a um rapaz já anteriormente mencionado, ou conhecido do
interlocutor.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Caso se isolasse por vírgulas o trecho “que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida”,
seria pertinente inferir que o autor se referisse a um rapaz já anteriormente mencionado, ou conhecido do
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interlocutor. Isso se deve ao fato de que, com a vírgula antes do pronome relativo, o trecho estaria iniciando
uma oração explicativa, e não uma oração restritiva. Na forma como está, a oração restringe o termo “Esse
rapaz”. Com a vírgula, a oração adjetiva iniciada pelo vocábulo QUE estaria apenas trazendo uma informação
complementar a “Esse rapaz”, permitindo concluir que o enunciado trata de um rapaz conhecido.
Resposta: CERTO
No trecho “Tentar subornar o guarda para evitar multas”, a oração “para evitar multas” expressa a causa, o
motivo que leva alguém a cometer suborno.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
A oração “para evitar multas” expressa finalidade, e não causa. Trata-se de uma oração subordinada
adverbial final reduzida de infinitivo. Na sua forma desenvolvida, poderia ser escrita das seguintes maneiras:
“para que multas sejam evitadas” ou “para que se evitem multas”.
Resposta: ERRADO
Estas memórias ficariam injustificavelmente incompletas se nelas eu não narrasse, ainda que de modo breve,
as andanças em que me tenho largado pelo mundo na companhia de minha mulher e de meus fantasmas
particulares. Desde criança fui possuído pelo demônio das viagens. Essa encantada curiosidade de conhecer
alheias terras e povos visitou-me repetidamente a mocidade e a idade madura. Mesmo agora, quando já diviso
a brumosa porta da casa dos setenta, um convite à viagem tem ainda o poder de incendiar-me a fantasia.
Na minha opinião, existem duas categorias principais de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para
buscar. Considero-me membro deste último grupo, embora em 1943, nauseado pelo ranço fascista de nosso
Estado Novo, eu haja fugido com toda a família do Brasil para os Estados Unidos, onde permanecemos dois
anos.
O que pretendo fazer agora é apresentar ao leitor, por assim dizer, alguns diapositivos e filmes verbais dos
lugares por onde passamos e das pessoas que encontramos, tudo assim à maneira impressionista, e sem
rigorosa ordem cronológica.
Usei como título deste capítulo, dedicado a minhas viagens, uma expressão popular que suponho de origem
gauchesca: mundo velho sem porteira. Tenho-a ouvido desde menino, da boca de velhos parentes e amigos,
de tropeiros, peões de estância, índios vagos, gente da rua... Minha própria mãe empregava-a com frequência
e costumava pontuá-la com um fundo suspiro de queixa. As pessoas em geral pareciam usar essa frase para
descrever um mundo que se lhes afigurava não só incomensurável como também misterioso, absurdo, sem pé
nem cabeça...
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Parece a mim, entretanto, que na sua origem essa exclamação manifestava apenas a certeza popular de que
Deus fizera o mundo sem nenhuma porteira a fim de que nele não houvesse divisões e diferenças entre países
e povos — gente rica e gente pobre, fartos e famintos, uns com terra demais, outros sem terra nenhuma. Em
suma, o que o Velho queria mesmo era um mundo que fosse de todo mundo. É neste sentido que desejo seja
interpretada a frase que encabeça esta divisão do presente volume.
Quem me lê poderá objetar que basta a gente passar os olhos pelo jornal desta manhã para verificar que o
mundo nunca teve tantas e tão dramáticas porteiras como em nossos dias... Mas que importa? Um dia as
porteiras hão de cair, ou alguém as derrubará. “Para erguer outras ainda mais terríveis” — replicará o leitor
cético. Ora, amigo, precisamos ter na vida um mínimo de otimismo e esperança para poder ir até ao fim da
picada. Você não concorda? Ô mundo velho sem porteira!
Erico Veríssimo. Solo de clarineta: memórias. Porto Alegre: Globo, v. 2, 1976, p. 57-58 (com adaptações).
Em relação ao trecho “ou alguém as derrubará” no texto 1A9AAA, a oração ‘Para erguer outras ainda mais
terríveis’ transmite uma ideia de
a) conformidade.
b) condição.
c) causa.
d) proporção.
e) propósito.
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA B: A oração “Para erguer outras ainda mais terríveis” não transmite ideia de condição,
mas de finalidade em relação à oração “ou alguém as derrubará”.
ALTERNATIVA D: A oração em destaque não transmite ideia de proporção, de ação simultânea, mas de
finalidade.
ALTERNATIVA E: Como citado anteriormente, a oração “Para erguer outras ainda mais terríveis”
transmite ideia de finalidade, ou seja, ela é subordinada adverbial final. Assim, ela indica propósito, como
sinaliza o item E.
Resposta: E
Texto CG1A1BBB
Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado
do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em
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nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que
reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em
nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram
pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a
Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há
séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos
de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam
os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações).
No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.
No período “As células imploram pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina", o
vocábulo “que”, nas duas ocorrências, tem o mesmo referente e desempenha a função sintática de sujeito nas
orações em que se insere.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No período “As células imploram pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na
urina", o vocábulo “que”, nas duas ocorrências, tem o mesmo referente, mas desempenha a função sintática
de sujeito somente na segunda oração em que se insere. Na primeira oração, o vocábulo “que”, é objeto direto.
Resposta: ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
No trecho original “O cientista forense precisa conhecer os recursos das outras subdisciplinas, mas
ninguém é especialista em todas as áreas da investigação criminal”, a conjunção adversativa “mas” enfatiza
(destaca) o fato de ninguém ser especialista em todas as áreas de investigação criminal.
Já na reescrita proposta “É necessário que o cientista forense conheça os recursos das outras disciplinas,
embora ninguém seja especialista em todas as áreas da investigação criminal. ”, a conjunção concessiva
“embora” relativiza (atenua, ameniza) o fato de ninguém ser especialista em todas as áreas de investigação
criminal.
Resposta: ERRADO
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Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
O programa executa em minutos uma busca que poderia levar meses, encontrando todo o conteúdo
pornográfico de pedofilia em computadores, pendrives, smartphones e demais mídias de armazenamento.
Para ajudar o trabalho dos peritos, existem programas que buscam os arquivos de imagem e vídeo através de
sua hash ou sua assinatura digital. Logo nos primeiros testes, a detecção de imagens apresentou mais de 90%
de acerto.
Para o teste, pegaram um HD com conteúdo já periciado e rodaram o programa. Conseguiram 95% de acerto
em 12 minutos. Seu diferencial era não só buscar pela assinatura digital ou nomes conhecidos, mas também
por novos arquivos por intermédio da leitura dos pixels presentes na imagem calibrados a uma paleta de tons
de pele. Começava a revolução em termos de investigação criminal de pornografia infantil.
Além da detecção de imagens e vídeos, todo o processo de busca e obtenção de resultados é simultâneo, o que
economiza tempo e dinheiro.
A licença de uso do software, que é programado em Java, é gratuita e só é disponibilizada para forças da lei e
pesquisas acadêmicas. Segundo seus desenvolvedores, nunca houve o intuito de venda, pois não enxergam
sentido em lucrar com algo que seja para salvar crianças. Mas, então, por que não deixá-lo disponível para
todos? Somente para que não possa ser utilizado para criar formas de burlá-lo, explicam.
Desde seu lançamento, o Nudetective já foi compartilhado com Argentina, Paraguai, Suécia, Áustria, Noruega,
Nova Zelândia e Portugal. Ganhou reconhecimento e premiações em congressos forenses no Brasil e no
mundo.
A inserção de uma vírgula imediatamente após a palavra “Assim” (R.2) alteraria os sentidos do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
O trecho “Assim eram feitas as operações...” pode ser reescrita da seguinte forma: “As operações eram
feitas dessa maneira...”ou “As operações eram feitas desse modo...”. O termo “Assim” é um advérbio e
expressa o sentido de “modo”.
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Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim, eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
A presença da vírgula depois de “Assim” dá a entender que esse vocábulo atua como uma conjunção,
estabelecendo com o período anterior uma ideia de conclusão.
Resposta: CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Logo nos primeiros testes, a detecção de imagens apresentou mais de 90% de acerto.
Resposta: ERRADO
Texto 12A1AAA
A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que
chegou o seu trabalho.
— Sim — respondeu Dupin. — As medidas adotadas não foram apenas as melhores que poderiam ser tomadas,
mas realizadas com absoluta perfeição. Se a carta estivesse depositada dentro do raio de suas investigações,
esses rapazes, sem dúvida, a teriam encontrado.
Ri, simplesmente — mas ele parecia haver dito tudo aquilo com a máxima seriedade.
— As medidas, pois — prosseguiu —, eram boas em seu gênero, e foram bem executadas: seu defeito residia
em serem inaplicáveis ao caso e ao homem em questão. Um certo conjunto de recursos altamente engenhosos
é, para o delegado, uma espécie de leito de Procusto, ao qual procura adaptar à força todos os seus planos.
Mas, no caso em apreço, cometeu uma série de erros, por ser demasiado profundo ou demasiado superficial.
(...) E, se o delegado e toda a sua corte têm cometido tantos enganos, isso se deve (...) a uma apreciação
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inexata, ou melhor, a uma não apreciação da inteligência daqueles com quem se metem. Consideram
engenhosas apenas as suas próprias ideias e, ao procurar alguma coisa que se ache escondida, não pensam
senão nos meios que eles próprios teriam empregado para escondê-la. Estão certos apenas num ponto: naquele
em que sua engenhosidade representa fielmente a da massa; mas, quando a astúcia do malfeitor é diferente
da deles, o malfeitor, naturalmente, os engana. Isso sempre acontece quando a astúcia deste último está acima
da deles e, muito frequentemente, quando está abaixo. Não variam seu sistema de investigação; na melhor das
hipóteses, quando são instigados por algum caso insólito, ou por alguma recompensa extraordinária, ampliam
ou exageram os seus modos de agir habituais, sem que se afastem, no entanto, de seus princípios. (...) Você
compreenderá, agora, o que eu queria dizer ao afirmar que, se a carta roubada tivesse sido escondida dentro
do raio de investigação do nosso delegado — ou, em outras palavras, se o princípio inspirador estivesse
compreendido nos princípios do delegado —, sua descoberta seria uma questão inteiramente fora de dúvida.
Este funcionário, porém, se enganou por completo, e a fonte remota de seu fracasso reside na suposição de
que o ministro é um idiota, pois adquiriu renome de poeta. Segundo o delegado, todos os poetas são idiotas —
e, neste caso, ele é apenas culpado de uma non distributio medii, ao inferir que todos os poetas são idiotas.
— Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei que são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas
letras. O ministro, creio eu, escreveu eruditamente sobre o cálculo diferencial. É um matemático, e não um
poeta.
— Você está enganado. Conheço-o bem. E ambas as coisas. Como poeta e matemático, raciocinaria bem; como
mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e ficaria, assim, à mercê do delegado.
— Você me surpreende — respondi — com essas opiniões, que têm sido desmentidas pela voz do mundo.
Naturalmente, não quererá destruir, de um golpe, ideias amadurecidas durante tantos séculos. A razão
matemática é há muito considerada como a razão par excellence.
Edgar Allan Poe. A carta roubada. In: Histórias extraordinárias. Victor Civita, 1981. Tradução de Brenno Silveira
e outros.
No trecho “ao procurar alguma coisa que se ache escondida” (R. 30 e 31), o pronome “que” exerce a função
de complemento da forma verbal “ache”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Para descobrir a função sintática do pronome relativo “que”, devemos analisar a oração em que ele está
inserido. A função sintática do pronome relativo será a função exercida pelo termo que ele substitui.
Observe o trecho:
Isolando a oração adjetiva “que se ache escondida”, sabendo-se que o pronome relativo “que” retoma o
termo anterior “coisa”, teremos:
> Oração Subordinada Adjetiva: que se ache escondida (= a coisa se acha escondida.).
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Resposta: ERRADO
Popularmente conhecidos como seios aéreos faciais, os seios paranasais começam a se desenvolver
precocemente na vida fetal. As funções desses seios não são totalmente compreendidas, mas a grande maioria
da literatura anatômica sugere que eles aliviam o crânio e adicionam ressonância à voz.
Entre os principais seios do crânio humano destacam-se os seios maxilar, frontal, esfenoidal e etmoidal. Um
considerável interesse na identificação forense de indivíduos tem-se voltado para o estudo do seio frontal. O
estudo comparativo de imagens do seio frontal tem valor significativo para o estabelecimento da identificação
do indivíduo sob exame.
Como as impressões digitais, os padrões dos seios frontais são únicos para uma pessoa. A identificação
comparativa de radiografias do seio frontal é muito segura porque não há duas pessoas com a mesma
configuração de seio frontal. Além das radiografias de projeção tradicional normal, a tomografia
computadorizada do seio frontal também tem sido usada para essa identificação.
À semelhança do que ocorre com a identificação de indivíduos por meio de suas impressões digitais, a
identificação a partir do estudo dos seios frontais pode inviabilizar-se em algumas situações. Há casos, por
exemplo, de indivíduos adultos em que essas cavidades não se formam. Além disso, os seios frontais podem
ser afetados por traumas e por patologias agudas ou crônicas, como inflamações, displasias endócrinas e
osteíte.
Z. Nateghian et al. Frontal sinus pattern and evaluation of right and left frontal sinus volume according to gender,
using multi detector CT scan. In: Journal of Forensic Science & Criminology: vol. 4, issue 4, ISSN: 2348-9804
(tradução livre, com adaptações).
A correção gramatical do texto precedente, assim como sua coerência e sua coesão, seriam preservadas se o
segundo e o terceiro parágrafos passassem a compor um único parágrafo mediante a união de ambos de uma
das seguintes formas: (...) da identificação do indivíduo sob exame, porquanto, como as impressões digitais,
(...) ou (...) da identificação do indivíduo sob exame, uma vez que, como as impressões digitais, (...).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O estudo comparativo de imagens do seio frontal tem valor significativo para o estabelecimento da
identificação do indivíduo sob exame.
Como as impressões digitais, os padrões dos seios frontais são únicos para uma pessoa.
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De fato, há uma relação de causalidade entre os dois períodos. Ao unir os dois períodos em um só,
devemos usar conectores causais: porque, pois, já que, visto que, uma vez que, porquanto, na medida em que,
etc.
As duas propostas de reescrita empregam os conectores “porquanto” e “uma vez que”, que são
conectores causais.
Resposta: CERTO
A correção gramatical do texto precedente, assim como sua coerência e sua coesão, seriam preservadas se o
terceiro e o quarto parágrafos fossem fundidos em um único parágrafo mediante a introdução, entre eles, da
conjunção Contudo ou da conjunção Todavia, feitas as devidas alterações na pontuação e nas letras maiúsculas
e minúsculas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Além das radiografias de projeção tradicional normal, a tomografia computadorizada do seio frontal também
tem sido usada para essa identificação.
À semelhança do que ocorre com a identificação de indivíduos por meio de suas impressões digitais, a
identificação a partir do estudo dos seios frontais pode inviabilizar-se em algumas situações.
De fato, há uma relação de contraste entre os dois períodos. Enquanto que o conteúdo do último período
do 3º parágrafo aponta para o uso da tomografia computadorizada do seio frontal, o primeiro período do 4º
parágrafo aponta para uma restrição desse uso.
Ao unir os dois períodos em um só, uma possibilidade é empregar conectores adversativos: porém,
contudo, entretanto, no entanto, todavia.
As duas propostas de reescrita empregam os conectores “Contudo” e “Todavia”, que são conectores
adversativos.
Resposta: CERTO
Texto 14A15AAA
A natureza jamais vai deixar de nos surpreender. As teorias científicas de hoje, das quais somos justamente
orgulhosos, serão consideradas brincadeira de criança por futuras gerações de cientistas. Nossos modelos de
hoje certamente serão pobres aproximações para os modelos do futuro. No entanto, o trabalho dos cientistas
do futuro seria impossível sem o nosso, assim como o nosso teria sido impossível sem o trabalho de Kepler,
Galileu ou Newton. Teorias científicas jamais serão a verdade final: elas irão sempre evoluir e mudar, tornando-
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se progressivamente mais corretas e eficientes, sem chegar nunca a um estado final de perfeição. Novos
fenômenos estranhos, inesperados e imprevisíveis irão sempre desafiar nossa imaginação. Assim como nossos
antepassados, estaremos sempre buscando compreender o novo. E, a cada passo dessa busca sem fim,
compreenderemos um pouco mais sobre nós mesmos e sobre o mundo a nossa volta.
Em graus diferentes, todos fazemos parte dessa aventura, todos podemos compartilhar o êxtase que surge a
cada nova descoberta; se não por intermédio de nossas próprias atividades de pesquisa, ao menos ao
estudarmos as ideias daqueles que expandiram e expandem as fronteiras do conhecimento com sua
criatividade e coragem intelectual. Nesse sentido, você, eu, Heráclito, Copérnico e Einstein somos todos
parceiros da mesma dança, todos dançamos com o Universo. É a persistência do mistério que nos inspira a criar.
Marcelo Gleiser. A dança do universo: dos mitos de criação ao Big-Bang. São Paulo: Companhia das Letras,
2006, p. 384-5 (com adaptações).
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto 14A15AAA, julgue os itens que se seguem.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Observemos o trecho:
... todos podemos compartilhar o êxtase que surge a cada nova descoberta; se não por intermédio de nossas
próprias atividades de pesquisa, ao menos ao estudarmos as ideias daqueles que expandiram e expandem as
fronteiras do conhecimento com sua criatividade e coragem intelectual.
A expressão “se não... ao menos” dá a entender uma ideia de alternância. É possível assim reescrevê-la,
mantendo a correção e o sentido original:
... todos podemos compartilhar o êxtase que surge a cada nova descoberta; ou por intermédio de nossas
próprias atividades de pesquisa, ou ao estudarmos as ideias daqueles que expandiram e expandem as fronteiras do
conhecimento com sua criatividade e coragem intelectual.
... todos podemos compartilhar o êxtase que surge a cada nova descoberta; não só por intermédio de nossas
próprias atividades de pesquisa, mas também ao estudarmos as ideias daqueles que expandiram e expandem as
fronteiras do conhecimento com sua criatividade e coragem intelectual.
Resposta: ERRADO
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( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato, a expressão “É... que” é expletiva ou de realce. Tal expressão não cumpre uma função no texto.
Ela apenas adorna a redação e sua exclusão não resulta em erro gramatical tampouco prejuízos quanto à
clareza.
Resposta: CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Teorias científicas jamais serão a verdade final: elas irão sempre evoluir e mudar, tornando-se
progressivamente mais corretas e eficientes, ...
O trecho grifado é uma espécie de esclarecimento para o conteúdo exposto na primeira oração “Teorias
científicas jamais serão a verdade final”.
Teorias científicas jamais serão a verdade final, pois elas irão sempre evoluir e mudar, tornando-se, assim,
progressivamente mais corretas e eficientes, ...
Tornando-se progressivamente mais corretas e eficientes, teorias científicas jamais serão a verdade final...
Uma das interpretações possíveis é associar ao trecho oracional grifado um valor condicional.
Caso se tornem progressivamente mais corretas e eficientes, teorias científicas jamais serão a verdade final...
Resposta: ERRADO
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Texto 13A1AAA
No fim do século XVIII e começo do XIX, a despeito de algumas grandes fogueiras, a melancólica festa de
punição de condenados foi-se extinguindo. Em algumas dezenas de anos, desapareceu o corpo como alvo
principal da repressão penal: o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto
ou no ombro, exposto vivo ou morto, dado como espetáculo. Ficou a suspeita de que tal rito que dava um
“fecho” ao crime mantinha com ele afinidades espúrias: igualando-o, ou mesmo ultrapassando-o em
selvageria, acostumando os espectadores a uma ferocidade de que todos queriam vê-los afastados,
mostrando-lhes a frequência dos crimes, fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes com
assassinos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do supliciado um objeto de piedade e de
admiração.
A punição vai-se tornando a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa o
campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade,
não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime, e não mais o
abominável teatro.
Sob o nome de crimes e delitos, são sempre julgados corretamente os objetos jurídicos definidos pelo Código.
Porém julgam-se também as paixões, os instintos, as anomalias, as enfermidades, as inadaptações, os efeitos
de meio ambiente ou de hereditariedade. Punem-se as agressões, mas, por meio delas, as agressividades, as
violações e, ao mesmo tempo, as perversões, os assassinatos que são, também, impulsos e desejos. Dir-se-ia
que não são eles que são julgados; se são invocados, é para explicar os fatos a serem julgados e determinar até
que ponto a vontade do réu estava envolvida no crime. As sombras que se escondem por trás dos elementos
da causa é que são, na realidade, julgadas e punidas.
O juiz de nossos dias — magistrado ou jurado — faz outra coisa, bem diferente de “julgar”. E ele não julga mais
sozinho. Ao longo do processo penal, e da execução da pena, prolifera toda uma série de instâncias anexas.
Pequenas justiças e juízes paralelos se multiplicaram em torno do julgamento principal: peritos psiquiátricos ou
psicológicos, magistrados da aplicação das penas, educadores, funcionários da administração penitenciária
fracionam o poder legal de punir. Dir-se-á, no entanto, que nenhum deles partilha realmente do direito de
julgar; os peritos não intervêm antes da sentença para fazer um julgamento, mas para esclarecer a decisão dos
juízes. Todo o aparelho que se desenvolveu há anos, em torno da aplicação das penas e de seu ajustamento aos
indivíduos, multiplica as instâncias da decisão judiciária, prolongando-a muito além da sentença.
Michel Foucault. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987, p. 8-
26 (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 13A1AAA, julgue os itens a seguir.
A locução “no entanto” (R.41) introduz no período uma ideia de conclusão; por isso, sua substituição por
portanto preservaria a correção gramatical e as relações de sentido originais do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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RESOLUÇÃO:
O conector “no entanto” transmite a ideia de oposição adversativa, ao passo que “portanto” está
associado à ideia de conclusão.
Resposta: ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Resposta: CERTO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência
com os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de
meu relato, já que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas:
infelizmente se perderam e de nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços
em rebuscar coleções, arquivos e alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de
que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas
peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os
itens a seguir
A oração “que inspiraram tais cartas” (R. 5 e 6) modifica o sentido apenas do termo “grau” (R.5).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
... dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas
O pronome relativo “que” possui dois referentes possíveis: ele tanto pode se referir a “grau de maluquice”
como pode se referir apenas a “maluquice”.
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ou
Dessa forma, não se pode afirmar que o relativo “que” que introduz a oração adjetiva “que inspiraram tais
cartas” esteja se referindo especificamente a “grau”.
Resposta: ERRADO
Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta
vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam
(500 places to see before they disappear). O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto
a paisagens em vias de extinção, assim como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston,
inaugurado em 1912: um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o
Atlanta Journal Constitution.
Julgue os itens a seguir, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Desta vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que
desapareçam (500 places to see before they disappear).
O trecho isolado por parênteses tem caráter explicativo, o que torna possível isolá-lo por travessões sem
gerar prejuízo gramatical ao texto.
Resposta: CERTO
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Os sentidos originais do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula imediatamente após “norte-
americanos” (R.9).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
... um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o Atlanta Journal
Constitution.
A oração em destaque, introduzida pelo pronome relativo “que”, é adjetiva restritiva. Dá-se a entender,
dessa forma, que apenas alguns estádios norte-americanos mantêm sua construção original.
Se fizermos a alteração proposta, inserindo a vírgula após “norte-americanos”, teremos uma oração
adjetiva explicativa. Dá-se a entender, dessa forma, que todos os estádios norte-americanos mantêm sua
construção original.
Resposta: ERRADO
O trecho “assim como tesouros culturais únicos” (R.7) estabelece uma comparação com “antigos centros de
culto” (R.6) e “paisagens em vias de extinção” (R. 6 e 7).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto a paisagens em vias de extinção, assim
como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston, inaugurado em 1912...
A locução conjuntiva “assim como” estabelece não uma relação de comparação, mas sim de adição.
O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto a paisagens em vias de extinção, além
de tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston, inaugurado em 1912...
Resposta: ERRADO
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Texto CB1A1-I
Escrita, secreta e submetida, para construir as suas provas, a regras rigorosas, a investigação penal é uma
máquina que pode produzir a verdade na ausência do réu. E, por isso mesmo, esse procedimento tende
necessariamente para a confissão, embora em direito estrito não a exija. Por duas razões: em primeiro lugar,
porque constitui uma prova tão forte que não há necessidade de acrescentar outras, nem de entrar na difícil e
duvidosa combinatória dos indícios; a confissão, desde que seja devidamente feita, quase exime o acusador de
fornecer outras provas (em todo o caso, as mais difíceis); em segundo, a única maneira para que esse
procedimento perca toda a sua autoridade unívoca e para que se torne uma vitória efetivamente obtida sobre
o acusado, a única maneira para que a verdade exerça todo o seu poder, é que o criminoso assuma o seu próprio
crime e assine aquilo que foi sábia e obscuramente construído pela investigação.
No interior do crime reconstituído por escrito, o criminoso confesso desempenha o papel de verdade viva. Ato
do sujeito criminoso, responsável e falante, a confissão é a peça complementar de uma investigação escrita e
secreta. Daí a importância que todo processo de tipo inquisitorial atribui à confissão. Por um lado, tenta-se
fazê-la entrar no cálculo geral das provas, como se fosse apenas mais uma: não é a evidentia rei; tal como a mais
forte das provas, não pode por si só implicar a condenação e tem de ser acompanhada por indícios anexos e
presunções, pois já houve acusados que se declararam culpados de crimes que não cometeram; se não tiver em
sua posse mais do que a confissão regular do culpado, o juiz deverá então fazer investigações complementares.
Mas, por outro lado, a confissão triunfa sobre quaisquer outras provas. Até certo ponto, transcende-as;
elemento no cálculo da verdade, a confissão é também o ato pelo qual o réu aceita a acusação e reconhece os
seus bons fundamentos; transforma uma investigação feita sem a sua participação em uma afirmação
voluntária.
Michel Foucault. Vigiar e punir – nascimento da prisão. Trad. Pedro Elói Duarte. Ed. 70: 2013 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos sentidos do texto CB1A1-I, julgue os próximos itens.
O trecho “que não há (...) indícios” (R. 7 e 8) exprime uma noção de consequência.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Por duas razões: em primeiro lugar, porque constitui uma prova tão forte que não há necessidade de
acrescentar outras, nem de entrar na difícil e duvidosa combinatória dos indícios...
A presença da palavra intensificadora “tão” antecede a conjunção “que” de valor consecutivo, que
introduz a ideia de consequência.
Para visualizar isso de forma mais evidente, pode-se reescrever o trecho da seguinte forma:
... porque constitui uma prova muito forte. Consequentemente, não há necessidade de acrescentar outras,
nem de entrar na difícil e duvidosa combinatória dos indícios...
Resposta: CERTO
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Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego útil; mas, se ela é indispensável para certos fins industriais,
convinha que se averiguassem bem as causas das explosões, se são acidentais ou propositais, a fim de que
fossem removidas na medida do possível.
O trecho “se são acidentais ou propositais” exprime uma condição sobre a ideia expressa na oração
anterior.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Galerinha, observem o seguinte trecho: “... convinha que se averiguassem bem as causas das explosões,
(convinha que se averiguasse) se (as causas) são acidentais ou propositais.” Perceberam que inseri entre
parênteses trechos subentendidos, certo?
Note que a oração SE AS CAUSAS ERAM ACIDENTAIS OU PROPOSITAIS consegue ser aglutinada na
forma pronominal ISTO.
Trata-se, assim, de uma oração do tipo subordinada substantiva. O SE exerce a função de CONJUNÇÃO
INTEGRANTE, expressando a ideia não de condição, mas sim de DÚVIDA!
Resposta: ERRADO
Desde que a urna eletrônica foi adotada em todo o território brasileiro, votar passou a ser uma atividade
relativamente simples. Diante da urna, o eleitor pode seguir quatro caminhos diferentes. É possível deixar o
voto em branco; para isso, basta apertar a tecla branca. A segunda opção é digitar um número que não
corresponda a nenhum dos candidatos ou partidos e, com isso, anular o voto. A terceira opção é digitar o
número de um partido e votar “na legenda”. Por fim, é possível escolher um candidato específico digitando-se
o seu número.
Até meados da década de 90 do século XX, ainda na era da cédula de papel, a apuração geralmente era feita
em ginásios esportivos e durava muitos dias. As pessoas que tiveram a oportunidade de ver uma dessas
apurações devem se lembrar das fases da contagem de votos. Inicialmente, os votos em branco eram
carimbados para evitar que eles fossem preenchidos de maneira fraudulenta durante o cômputo. Os votos
nulos eram separados em uma pilha específica. Depois de contados os votos, os boletins de cada urna eram
preenchidos, enviados para níveis superiores de apuração e totalizados. Hoje os poderosos computadores da
justiça eleitoral em Brasília são capazes de proclamar, em poucas horas, quais foram, entre os milhares de
candidatos, os eleitos.
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Jairo Nicolau. Representantes de quem? Os (des)caminhos do seu voto da urna à Câmara dos Deputados. Rio
de Janeiro: Zahar, 2017, p. 21-3 (com adaptações).
No período que inicia o texto, a locução “Desde que” introduz uma ideia de
a) proporcionalidade.
b) tempo.
c) causa.
d) consequência.
e) condição.
RESOLUÇÃO:
O trecho “Desde que a urna eletrônica foi adotada em todo o território brasileiro, votar passou a ser uma
atividade... ” pode ser reescrito, mantendo a correção e o sentido original, da seguinte forma: “A partir do
momento em que a urna eletrônica foi adotada em todo o território brasileiro, votar passou a ser uma
atividade...”.
Resposta: B
Texto
Em sua definição, o voto em branco é aquele que não se dirige a nenhum candidato entre os que disputam as
eleições. São considerados, portanto, votos estéreis, porque não produzem frutos. Os votos nulos, por sua vez,
são aqueles que, somados aos votos em branco, compõem a categoria dos votos estéreis, inválidos
ou, como denominou o Tribunal Superior Eleitoral, votos apolíticos. Logo, os votos em branco e os nulos são
votos que, a princípio, não produzem resultado nem influenciam no resultado do pleito.
Ao comparecer às urnas no dia das eleições, o eleitor que apresentar voto em branco ou nulo pode fazê-lo por
diversas razões. Esses motivos podem embasar tanto a postura dos que votam em branco quanto a dos que
votam nulo, pois o resultado final é o mesmo: invalidar o voto. Assim sendo, não é razoável diferenciar o voto
em branco do voto nulo. Deve-se considerar a essência do ato, a sua real motivação, que é a invalidação. É
evidente que não se sabe, ao certo, a razão que motiva cada eleitor a votar em branco ou nulo; entretanto, em
ambos os casos, não há dúvida quanto à invalidade do voto por ele dado.
Renata Dias. Os votos brancos e nulos no estado democrático de direito: a legitimidade das eleições
majoritárias no Brasil. In: Estudos eleitorais, v. 8, n.º 1, jan./abr. 2013, p. 36-8 (com adaptações).
Acerca do papel das conjunções na organização argumentativa do texto, julgue os itens subsequentes.
I - A conjunção “porque” combina duas orações que mantêm entre si uma relação de causalidade.
II - A conjunção “como” indica uma comparação entre as afirmações das orações por ela conectadas.
III - A conjunção “Logo” introduz um período que explica o raciocínio apresentado em períodos anteriores.
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IV - A conjunção “entretanto” estabelece relação de contraposição entre os conteúdos das orações por ela
combinadas.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
RESOLUÇÃO:
I – Verdadeira – No período “São considerados, portanto, votos estéreis, porque não produzem frutos.”, a
primeira oração expressa a consequência e a segunda, a causa.
II – Falsa – Observe o trecho: “...a categoria dos votos estéreis, inválidos ou, como denominou o Tribunal
Superior Eleitoral, votos apolíticos.”. É possível reescrevê-lo, mantendo o sentido e a correção gramatical, da
seguinte forma: “... a categoria dos votos estéreis, inválidos ou, conforme denominou o Tribunal Superior
Eleitoral, votos apolíticos.” Nota-se, dessa forma, o valor conformativo.
III – Falsa – Trata-se de um conector conclusivo! Equivale a “Portanto”. Sua função não é explicar, e sim
introduzir uma síntese ou dedução do que foi exposto.
Resposta: B
Eu gostava de notar a adoração pela violência que as suas almas pacíficas tinham, e a facilidade com que
explicavam tudo e apresentavam remédios. Embora mais moço que ele, várias vezes cheguei a sorrir aos seus
entusiasmos.
A conjunção “Embora” pode ser substituída por Posto que, mantendo-se o sentido e a correção gramatical do
texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato! A locução “posto que” tem valor concessivo, assim como “embora”. São concessivos: embora,
apesar de, ainda que, mesmo que, por mais que, conquanto, a despeito de, não obstante, em que pese,
malgrado, etc.
Resposta: C
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No mundo grego, que inventou a democracia exclusiva para os grandes proprietários de terras, o ser cidadão
definia-se pela liberdade do indivíduo e pela igualdade entre os pares. O aumento da produção e da circulação
de riquezas propiciou o surgimento da democracia, da cidadania e da filosofia, porém é preciso atentar para as
bases em que se assentavam essas formas de exercer o poder, de participar da liberdade e de produzir o
conhecimento. Gregos que enriqueceram como comerciantes e armadores não eram iguais àqueles que
possuíam a propriedade da terra e do conhecimento, de modo que não reuniam os critérios para uma igual
participação na formulação das leis. De modo geral, considerava-se que o exercício do trabalho, aí incluídas as
práticas médicas, a produção técnica e artesanal e o comércio dos bens produzidos, confiscava o tempo para o
ócio, fertilizador do conhecimento político e filosófico. Ser livre, portanto, era não exercer um trabalho, uma
profissão, um comércio, uma tarefa material que correspondesse à satisfação das necessidades próprias da
vida. O trabalho, para os gregos, era incompatível com o exercício do livre pensar, com a produção de
conhecimentos e com a participação política.
Marlene Ribeiro. Educação para a cidadania: questões colocadas pelos movimentos sociais. In: Revista
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n.º 2, p. 113-28, jul.-dez./2002. Internet: <www.scielo.br> (com
adaptações).
Seriam mantidos a correção gramatical e o sentido original do texto caso a expressão “de modo que” fosse
substituída por
a) enfim.
b) logo.
c) de sorte que.
d) desde que.
e) a fim de que.
RESOLUÇÃO:
O conector “de modo que” tem valor consecutivo, ou seja, introduz a ideia de consequência.
Mas vimos em nosso material que a fronteira entre consequência e conclusão é muito tênue, o que
permitiria considerar as conjunções “enfim” e “logo” , de valor conclusivo, como possíveis respostas. Haveria
coerência se assim fosse.
Resposta: ANULADA
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Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor
hipótese, se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisito obrigatório e único de todo progresso.
É bem característico, para citar um exemplo, o que ocorre com a miragem da alfabetização. Quanta inútil
retórica se tem desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um momento para
o outro se estivessem amplamente difundidas as escolas primárias e o conhecimento do abc.
A muitos desses pregoeiros do progresso seria difícil convencer de que a alfabetização em massa não é
condição obrigatória nem sequer para o tipo de cultura técnica e capitalista que admiram. Desacompanhada
de outros elementos fundamentais da educação, que a completem, é comparável, em certos casos, a uma arma
de fogo posta nas mãos de um cego.
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 27.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (com
adaptações).
No que se refere às ideias e aos sentidos do texto e à sua classificação quanto ao tipo e ao gênero textual,
julgue o próximo item.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Observe o trecho:
Quanta inútil retórica se tem desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um
momento para o outro ...
Quanta inútil retórica se tem desperdiçado a fim de provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de
um momento para o outro ...
Resposta: CERTO
Texto CB1A1BBB
A distância social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres e os ricos. A ela se soma a
discriminação que pesa sobre negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros. Entretanto, a rebeldia negra é
muito menor e menos agressiva do que deveria ser. Não foi assim no passado. As lutas mais longas e mais
cruentas que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão,
que durou os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.
Sua forma era principalmente a da fuga, para a resistência e para a reconstituição da vida em liberdade nas
comunidades solidárias dos quilombos, que se multiplicaram aos milhares. Eram formações protobrasileiras,
porque o quilombola era um negro já aculturado, que sabia sobreviver na natureza brasileira, e,
também, porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África. Seu drama era a situação
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paradoxal de quem pode ganhar mil batalhas sem nunca vencer a guerra. Isso foi o que sucedeu com todos os
quilombos, inclusive com o principal deles, Palmares, que resistiu por mais de um século, mas afinal caiu,
arrasado, e seu povo foi vendido, aos lotes, para o sul e para o Caribe.
Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2.ª ed. Companhia das Letras: São Paulo:
1995, p. 219-20 (com adaptações).
No texto CB1A1BBB, o trecho “porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África” expressa
uma
RESOLUÇÃO:
Eram formações protobrasileiras, porque o quilombola era um negro já aculturado, que sabia sobreviver na
natureza brasileira, e, também, porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África.
Note que as orações coordenadas entre si “porque o quilombola era um negro já aculturado” e “porque
lhe seria impossível” são adverbiais causais e se subordinam à oração principal “Eram formações
protobrasileiras”.
Resposta: E
A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do
ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza-se em sua individualidade. O direito é o
instrumento da fraternização racional e rigorosa.
O direito à vida é a substância em torno da qual todos os direitos se conjugam, se desdobram, se somam para
que o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizável de justiça social.
Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a
revelação da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
vida mais digna para que a convivência política seja mais fecunda e humana.
Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com
adaptações).
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Sem prejuízo para a coerência e para a correção gramatical do texto, a conjunção “Quando” poderia ser
substituída por
a) Se.
b) Caso.
c) À medida que.
d) Mesmo se.
e) Apesar de.
RESOLUÇÃO:
No último caso, como identificamos a ideia de condição? A concretização da condição implica um resultado,
uma consequência. O fato de ele querer algo implica não medir esforços.
A concretização da condição implica um resultado, uma consequência. O fato de se falar sobre o assunto
tem como implicação sua irritação.
Quando os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na vida mais digna para
que a convivência política seja mais fecunda e humana.
Se os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na vida mais digna para
que a convivência política seja mais fecunda e humana.
A forma “Caso”, embora condicional, não é compatível com o futuro do subjuntivo “conduzirem”.
Resposta: A
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Texto CB1A1AAA
Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais,
enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz presente, deparamo-nos repetidas vezes com a
palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna evidente seu significado. Ao contrário, o fato de admitir
vários empregos deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem
de eventos. Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu significado é tão pouco
esclarecido?
Uma resposta possível a essa indagação começa pelo reconhecimento de que há um considerável avanço da
agenda igualitária no mundo e, decorrente disso, uma valorização sem precedentes da ideia de direitos. O
fenômeno é mundial, afeta, de modos e em graus distintos, todas as sociedades e aponta para uma
democratização progressiva e sustentada das repúblicas. Observam-se também, nesse contexto, passagens
contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida em que temas do domínio privado que, por sua
incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema
político a torná-los matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados.
Em suma, reconhecer a centralidade que assumiu a discussão sobre direitos ajuda a entender a atual
onipresença da palavra cidadania. Mas avançar na elucidação desse fenômeno impõe perceber que, ao lado da
valorização dos direitos, se desenvolve igualmente a certeza de que o caminho para efetivá-los é a mobilização
pública do sentimento de justiça, e não a ativação de métodos personalistas de acesso a eles. Em outras
palavras, considera-se cada vez mais importante que os direitos estejam fortemente conectados com a plena
autonomia política dos indivíduos, de modo que não sejam vividos como favores concedidos por governantes,
filantropos, patronos ou equivalentes.
Maria Alice Rezende de Carvalho. Cidadania e direitos. In: André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (Orgs.). Agenda
brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações).
Sem prejuízo para a correção e os sentidos do texto CB1A1AAA, a expressão “e não” poderia ser substituída
por
a) não só.
b) e nem.
c) senão.
d) mas não.
RESOLUÇÃO:
Observe o trecho:
... se desenvolve igualmente a certeza de que o caminho para efetivá-los é a mobilização pública do
sentimento de justiça, e não a ativação de métodos personalistas de acesso a eles.
As expressões “não só” e “e nem” possuem valor aditivo. A expressão “senão” significa “do contrário”,
“exceto”, não satisfazendo a necessidade de retificação.
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Resposta: D
Como o sistema de democracia representativa procurava representar uma unidade, os partidos políticos foram
vistos com maus olhos em um primeiro momento. Em seu início, não tinham sequer o respaldo da Constituição.
Kelsen explica que os partidos políticos surgiram porque, em uma democracia parlamentar, o indivíduo isolado
tem pouca influência sobre a criação dos órgãos legislativos e executivos. Assim, para obter influência, ele tem
de se associar a outros que compartilhem as suas opiniões políticas. Para o autor, o partido político é um veículo
essencial para a formação da vontade pública em uma democracia parlamentar.
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam preservados caso a expressão “quando” fosse
substituída por
a) conquanto.
b) à medida que.
c) enquanto.
d) se.
e) bem como.
RESOLUÇÃO:
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A concretização da condição implica um resultado, uma consequência. O fato de se falar sobre o assunto
tem como implicação sua irritação.
No caso da questão, o fato de os funcionários do governo refletirem a opinião do eleitorado resulta num
governo representativo.
É possível reescrever a frase da seguinte forma: ... um governo é representativo SE os seus funcionários
... refletem a vontade do eleitorado...
Resposta: D
Mas esses dois modos de falar não são avaliados socialmente da mesma maneira. O valor social de cada um
deles é muito diferente. Aquele que fala Os menino saiu sabe falar, diz a voz que define qual variedade está
correta. Só que há línguas, como o inglês, em que o plural só ocorre em um dos termos: The tall boys
left (tradução literal possível, desconsiderada a marca de plural: O alto meninos saiu). É claro que a gramática
do inglês não é a mesma gramática do português, mas o nosso ponto é que o plural só está em um lugar na
oração do inglês e isso não recebe uma avaliação negativa. No português do dia a dia, é possível marcar o plural
em apenas um dos elementos, mas isso é avaliado negativamente.
Roberta Pires de Oliveira e Sandra Quarezemin. Gramáticas na escola. Petrópolis: Vozes, 2016, p. 44 (com
adaptações).
Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
A oração “que a gramática do inglês não é a mesma gramática do português” exerce a função de complemento
do vocábulo “claro”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
É possível reescrever o trecho “É claro que a gramática do inglês...” da seguinte forma: “É claro ISTO”.
Ora, isso prova que a oração “que a gramática do inglês...” é subordinada do tipo substantiva.
Isso posto, note a que forma pronominal ISTO exerce função de sujeito do predicado “É claro”.
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Isso prova também que a oração “que a gramática do inglês...” exerce função de sujeito.
Resposta: E
Inexistindo controle efetivo e fiscalização eficiente e não estando todos os entes públicos, bem como todos
aqueles que recebem verbas públicas, sujeitos e submetidos à aprovação de suas contas por um tribunal
especializado, não há sociedade suficientemente protegida no que diz respeito aos crimes contra a
administração pública.
A efetiva transparência do administrador público não se resume à publicidade dos gastos. É necessário que as
suas contas sejam analisadas à luz da estrita legalidade, visto que, enquanto o administrador privado pode fazer
tudo o que não seja proibido em lei, o administrador público somente pode fazer aquilo que a lei expressamente
autorize.
Nesse contexto, dois desafios se apresentam para minimizar males que assombram os gestores públicos:
permitir que as qualidades da gestão privada — eficiência e baixo custo — sejam introduzidas no setor público
e espantar o temor que tem paralisado a gestão pública ou lhe tem conferido uma lentidão incompatível com
o mundo moderno.
Contas para a gestão pública. In: Revista TCE-PE, v. 18, p. 19-23, jun./2011 (com adaptações).
A oração “que as suas contas sejam analisadas à luz da estrita legalidade” exerce a função de complemento do
adjetivo “necessário”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
É possível reescrever o trecho “É necessário que as suas contas sejam analisadas...” da seguinte forma: “É
claro ISTO”.
Ora, isso prova que a oração “que as suas contas sejam analisadas...” é subordinada do tipo substantiva.
Isso posto, note a que forma pronominal ISTO exerce função de sujeito do predicado “É necessário”.
Isso prova também que a oração “que as suas contas sejam analisadas ...” exerce função de sujeito.
Resposta: E
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No direito brasileiro convencional, a relação entre a espécie humana e as demais espécies animais limita-se à
tutela dos animais pelo poder público em função da sua utilidade enquanto fauna brasileira intrínseca ao meio
ambiente equilibrado. Alguns doutrinadores brasileiros inovadores defendem a existência de um direito
animal, ou seja, de direitos garantidos aos animais não humanos como sujeitos.
A Constituição de 1988 contém uma norma que protege os animais, independentemente de sua origem ou
classificação. Porém, a proteção que lhes é garantida baseia-se em um argumento puramente utilitarista: os
animais são protegidos com a finalidade de garantir um hábitat saudável às atuais e futuras gerações humanas.
Desprovidos de valor próprio e de relevância jurídica no direito penal, os animais são tema de direito civil. Ainda
são estudados na atualidade brasileira, sob a influência do direito romano, como simples coisas semoventes,
como se desprovidos fossem da capacidade de sentir dor ou apego. Em jurisprudência majoritária, são apenas
objetos que possuem a capacidade de se mover e que podem proporcionar lucros aos seus proprietários.
Nathalie Santos Caldeira Gomes. Ética e dignidade animal. Internet: <www.publicadireito.com.br> (com
adaptações).
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CB1A2AAA, julgue o item seguinte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato! Trata-se de uma oração subordinada adjetiva restritiva, introduzida pelo pronome relativo QUE.
Isso posto, é possível afirmar sim que a oração em destaque faz menção a uma norma específica, particular.
Resposta: C
Texto CG3A1BBB
Competência é uma palavra polissêmica. Uma das razões da variabilidade de seu significado é a diversidade
dos contextos e dos campos de conhecimento em que ela é usada. Em 1986, o Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa apresentou o seguinte verbete para os usos correntes à época: Competência (do latim
competentia.) s. f. 1. Faculdade concedida por lei para um funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar
certos pleitos ou questões. 2. Qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer
determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade. 3. Oposição, conflito, luta.
Os dois primeiros sentidos, transpostos para o mundo do trabalho, indicam que a palavra competência refere-
se ou às atribuições do cargo ou à capacidade do trabalhador de apreciar, resolver ou fazer alguma coisa.
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Posteriormente, o Dicionário Houaiss atribuiu dez significados ao termo. Os sete primeiros são especificações
ou derivações dos três sentidos já registrados no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Os outros
três sentidos são relacionados à gramática, à hidrografia, à linguística, à medicina e à psicologia.
Acompanhando essa tendência, a área educacional, em especial a da educação profissional, tem multiplicado
os sentidos e usos da palavra competência. Por exemplo, ao se discutir uma proposta educacional baseada em
competências, é importante especificar o conceito de competência adotado e a forma como ele é utilizado para
se discutir o modelo pedagógico decorrente.
No texto CG3A1BBB, a oração “ao se discutir uma proposta educacional baseada em competências”
exprime, no período em que ocorre, uma ideia de
a) finalidade.
b) conclusão.
c) causa.
d) consequência.
e) tempo.
RESOLUÇÃO:
O trecho “ao se discutir uma proposta educacional baseada em competências” pode assim ser reescrito:
“quando se discute uma proposta educacional baseada em competências”.
Resposta: E
Vez por outra, Damião deixava-se ficar, madrugada adentro, na Casa-Grande das Minas, vendo as danças,
ouvindo as cantigas, atraído pelo bater dos tambores. A sensação íntima de derrota pessoal, que sentia
aprofundar-se na sua consciência, levava-o a isolar-se num canto do terreiro, metido consigo. Com a morte
recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-lhe o lugar no Liceu.
Esperara em vão: já outro professor fora nomeado. Agora, nem sequer com o apoio do velho mestre, que ainda
lhe tinha um pouco de amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver os negros maltratados,
sem que nada pudesse fazer em seu favor. Não fazia duas semanas tinha ouvido na rua um tilintar de correntes,
à altura do Largo do Quartel, e vira uma fila de pretos, uns amarrados aos outros, submissos, descendo a Rua
do Sol. Nas conversas do Largo do Carmo, perto da coluna do Pelourinho, contavam-se novos casos de mortes
violentas de escravos, ali mesmo em São Luís. A Lei do Ventre Livre, que a imprensa da Corte havia recebido
com muita festa, não merecera o mais breve registro da imprensa de São Luís. No fundo, pensando bem, que
era essa lei senão uma burla? Os negros nasceriam e cresceriam nas senzalas, debaixo do chicote dos senhores,
e só aos vinte e um anos seriam livres. Ao fim de tanto tempo de sujeição, que iriam fazer cá fora, sem saber
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em que se ocupar? E Damião sentia renascer no seu espírito o impulso da revolta, querendo denunciar a burla
e protestar contra o novo engodo à liberdade dos negros. Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava o seu
protesto, se não dispunha de um jornal, se não tinha uma tribuna? Ao mesmo tempo arriava os ombros,
curvando a espinha, esmagado pela convicção de sua inutilidade e de sua derrota. Se protestasse, como ia fazer
depois para educar os filhos e sustentar a família? Além do mais, embora desempregado havia muito tempo,
não perdera a esperança de colocar-se a qualquer momento, quer de novo no Liceu, quer no Seminário de Santo
Antônio.
Josué Montello. Os tambores de São Luís. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 374-5 (com adaptações).
a) consequência.
b) finalidade.
c) conclusão.
d) adversidade.
e) condição.
RESOLUÇÃO:
O conector “Mas” é um típico conector adversativo. Note que a ideia do “desânimo” contrasta com a
de “renascer” no período anterior.
Resposta: D
Texto CG1A01AAA
O crime organizado não é um fenômeno recente. Encontramos indícios dele nos grandes grupos
contrabandistas do antigo regime na Europa, nas atividades dos piratas e corsários e nas grandes redes de
receptação da Inglaterra do século XVIII. A diferença dos nossos dias é que as organizações criminosas se
tornaram mais precisas, mais profissionais(b).
Um erro na análise do fenômeno é a suposição de que tudo é crime organizado(c). Mesmo quando se trata de
uma pequena apreensão de crack em um local remoto, alguns órgãos da imprensa falam em crime organizado.
Em muitos casos, o varejo do tráfico é um dos crimes mais desorganizados que existe. É praticado por um
usuário que compra de alguém umas poucas pedras de crack(e) e fuma a metade. Ele não tem chefe, parceiros,
nem capital de giro. Possui apenas a necessidade de suprir o vício. No outro extremo, fica o grande traficante,
muitas vezes um indivíduo que nem mesmo vê a droga. Só utiliza seu dinheiro para financiar o tráfico ou seus
contatos para facilitar as transações(d). A organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas fica, na
maior parte das vezes, entre esses dois extremos. É constituída de pequenos e médios traficantes e uns poucos
traficantes de grande porte.
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Nas outras atividades criminosas, a situação é a mesma. O crime pode ser praticado por um indivíduo, uma
quadrilha ou uma organização. Portanto, não é a modalidade do crime que identifica a existência de crime
organizado(a).
Guaracy Mingardi. Inteligência policial e crime organizado. In: Renato Sérgio de Lima e Liana de Paula (Orgs.).
Segurança pública e violência: o Estado está cumprindo seu papel? São Paulo: Contexto, 2006, p. 42 (com
adaptações).
RESOLUÇÃO:
ALTERNATIVA B – ERRADA – O trecho “A diferença dos nossos dias é que as organizações criminosas
se tornaram...” equivale a “A diferença é ESTA”. A oração em destaque, portanto, é substantiva e exerce função
de predicativo.
ALTERNATIVA C – CERTA - Exato! Trata-se de uma oração substantiva que exerce função de
complemento nominal de “suposição”.
Resposta: C
Texto CG1A01AAA
A definição cronológica da morte, isto é, a determinação do momento em que ela ocorreu, é de extrema
importância. Em termos jurídicos, é bastante relevante a determinação do momento de ocorrência do êxito
letal ou de seu relacionamento com eventos não ligados diretamente a ele — como no caso, por exemplo, dos
problemas sucessórios surgidos na comoriência. Também na área do direito penal, sobretudo quando se lida
com mortes presumivelmente criminosas, a fixação do momento da morte tem especial importância, pois pode
ajudar a esclarecer os fatos e a apontar autorias.
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Por outro lado, os progressos da ciência médica têm tornado imperioso que o momento do óbito seja
estabelecido com o máximo rigor. De fato, a problemática ligada à separação de partes cadavéricas destinadas
a transplantes em vivos exige que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil, o que impõe, em
muitos casos, que esse procedimento seja feito em prazos curtos, iniciados com o momento da morte. É
importante, pois, que o médico estabeleça o momento de ocorrência do êxito letal com a maior precisão
possível.
Estabelecer o momento da morte é situá-la no tempo e, para situar um acontecimento no tempo, é preciso que
se tenha um conceito claro do que seja tempo. Fugindo das conceituações matemáticas ou filosóficas de
tempo, pragmaticamente aceitamos a conceituação popular de tempo, isto é, a grandeza que se mede em
minutos, horas, dias, meses ou anos. Essa tomada de posição, embora simplista e empírica, é a única que se
nos afigura capaz de contribuir para a solução do problema tanatognóstico e, consequentemente, do da
conceituação do momento da morte.
Estando a medicina legal a serviço do direito e as conceituações jurídicas estando frequentemente ligadas às
noções temporais, compreende-se que se deva esperar da medicina legal uma função cronodiagnóstica. Os
critérios cronológicos não se limitam a classificar os fatos em anteriores ou posteriores; vão mais longe. É
preciso medir o tempo que separa dois eventos, pois, como afirma Bertrand Russel, só podemos afirmar que
conhecemos um fenômeno quando somos capazes de medi-lo, e o conceito de morte está intimamente ligado
ao conceito de tempo.
José Maria Marlet. Conceitos médico-legal e jurista de morte. Internet: <www.revistajustitia.com.br> (com
adaptações).
No texto CG1A01AAA, a oração “que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil” exerce
a função de
a) sujeito.
b) adjunto adnominal.
c) predicativo do sujeito.
d) predicativo do objeto.
e) objeto direto.
RESOLUÇÃO:
Note que o trecho “De fato, a problemática ligada à separação de partes cadavéricas destinadas a
transplantes em vivos exige que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil...” pode ser assim
reescrito: “De fato, a problemática ligada à separação de partes cadavéricas destinadas a transplantes em vivos
exige ISTO...”.
Trata-se de uma oração subordinada do tipo substantiva que exerce a função de objeto direto do verbo
“exigir”.
Resposta: E
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Texto CB2A2BBB
O fenômeno da corrupção, em virtude de sua complexidade e de seu potencial danoso à sociedade, exige, além
de uma atuação repressiva, também uma ação preventiva do Estado. Portanto, é preciso estimular a
integridade no serviço público, para que seus agentes sempre atuem, de fato, em prol do interesse público.
Entende-se que a integridade pública representa o estado ou condição de um órgão ou entidade pública que
está “completa, inteira, perfeita, sã”, no sentido de uma atuação que seja imaculada ou sem desvios, conforme
as normas e valores públicos.
De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a integridade é mais
do que a ausência de corrupção, pois envolve aspectos positivos que, em última análise, influenciam os
resultados da administração, e não apenas seus processos. Além disso, a OCDE compreende um sistema de
integridade como um conjunto de arranjos institucionais, de gerenciamento, de controle e de regulamentações
que visem à promoção da integridade e da transparência e à redução do risco de atitudes que violem os
princípios éticos.
Nesse sentido, a gestão de integridade refere-se às atividades empreendidas para estimular e reforçar a
integridade e também para prevenir a corrupção e outros desvios dentro de determinada organização.
Ainda com relação a aspectos linguísticos do texto CB2A2BBB, julgue o item subsequente.
A supressão da expressão “que seja” não prejudicaria o sentido original do parágrafo em que está inserida, mas
lhe alteraria as relações morfossintáticas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
De fato! No trecho “... uma atuação que seja imaculada ou sem desvios...”, ocorre uma oração
desenvolvida, de caráter adjetivo restritivo – “que seja imaculada ou sem desvios...”.
Já na proposta de reescrita “... uma atuação imaculada ou sem desvios”, o sentido original de atribuir
“imaculada” e “sem desvios” ao substantivo “atitude” permanece, porém agora não mais posto na forma
oração adjetiva, mas sim de adjuntos adnominais.
Resposta: C
Texto CB1A2AAA
Em linhas gerais, há na literatura econômica duas explicações para a educação ser tida como um fator de
redução da criminalidade. A primeira é que a educação muda as preferências intertemporais, levando o
indivíduo a ter menos preferência pelo presente e a valorizar mais o futuro, isto é, a ter aversão a riscos e a ter
mais paciência. A segunda explicação é que a educação contribui para o combate à criminalidade porque ensina
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valores morais, tais como disciplina e cooperação, tornando o indivíduo menos suscetível a praticar atos
violentos e crimes.
Há outras razões pelas quais se podem associar educação e redução da criminalidade. Quanto maior o nível de
escolaridade do indivíduo, maior será para ele o retorno do trabalho lícito (isto é, o salário), e isso eleva o custo
de oportunidade de se cometer crime. Além disso, há uma questão relacionada à possibilidade do estado de
dependência do crime: a probabilidade de se cometerem crimes no presente está relacionada à quantidade de
crimes que já se cometeram. Dessa forma, manter as crianças na escola, ocupadas durante o dia, contribuiria a
longo prazo para a redução da criminalidade. Acredita-se, por essa razão, que haja uma relação entre maior
nível de escolaridade e redução da criminalidade. A criminalidade é uma externalidade negativa com enormes
custos sociais e, se a educação consegue diminuir a violência, o retorno social pode ser ainda maior que o
retorno privado.
R. A. Duenhas, F. O. Gonçalves e E. Gelinski Jr. Educação, segurança pública e violência nos municípios
brasileiros: uma análise de painel dinâmico de dados. UEPG Ci. Soc. Apl., Ponta Grossa, 22 (2):179-91, jul.-
dez./2014. Internet: <www.revistas2.uepg.br> (com adaptações).
RESOLUÇÃO:
No trecho “... crimes que se cometeram.”, a oração “que se cometeram” funciona como um adjunto
adnominal de “crimes”. Trata-se de uma oração subordinada adjetiva restritiva.
Analisemos as alternativas:
ALTERNATIVA A – ERRADA – A forma “que se cometeram” está expressa na voz passiva sintética.
Convertendo-a para a forma analítica, teremos: “que foram cometidos”.
ALTERNATIVA C – ERRADA – Trata-se de uma oração adjetiva restritiva. Dessa forma, sua função não é
explicar, e sim delimitar o sentido expresso por “crimes”.
ALTERNATIVA D – ERRADA – Trata-se de uma oração adjetiva restritiva. Sua função é delimitar o
sentido expresso por “crimes”.
Resposta: E
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Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conseguido dormir. Vinha nascendo o Sol.
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quando repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
Comércio.
Dizia o artigo:
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo aparecimento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai enfim entrar nos mares da publicidade, e para isso
procurou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu muito e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao ponto de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem
ao encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo vinha possuído que o abraçou estreitamente, com
grande pasmo dos numerosos transeuntes.
Da parte de um juiz tão competente em matérias literárias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses. São Paulo: Globo, 1997 (com adaptações).
O termo introduzido pela preposição “para” exerce a função de complemento do verbo “pedir”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:
Analisemos o trecho:
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao ponto de pedir a comédia para ler segunda vez...
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao ponto de pedir para ler a comédia (pela) segunda vez...
Note que a pergunta vinda do verbo “pedir” é “Para quê?”. Dessa forma, a resposta é uma ideia de
finalidade, o que faz com que o termo “para ler a comédia...” seja sintaticamente uma oração adverbial final.
Resposta: E
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Lista de Questões
Texto 1A1-I 1
A competitividade gerada pela interdependência estadual é outro ponto. Na década de 60, a adoção do
imposto sobre valor agregado (IVA) trouxe um avanço importante para a tributação indireta, permitindo a
internacionalização das trocas de mercadorias com a facilitação da equivalência dos impostos sobre consumo
e tributação, e diminuindo as diferenças entre países. O ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de
imposto que, embora se pareça com o IVA, não é administrado pelo governo federal — o que dá aos estados
total autonomia para administrar, cobrar e gastar os recursos dele originados. A competência estadual do ICMS
gera ainda dificuldades na relação entre as vinte e sete unidades da Federação, dada a coexistência dos
princípios de origem e destino nas transações comerciais interestaduais, que gera a já comentada guerra fiscal.
A harmonização com os outros sistemas tributários é outro desafio que deve ser enfrentado. É preciso
integrar-se aos países do MERCOSUL, além de promover a aproximação aos padrões tributários de um mundo
globalizado e desenvolvido, principalmente quando se trata de Europa. Só assim o país recuperará o poder da
economia e poderá utilizar essa recuperação como condição para intensificar a integração com outros países e
para participar mais ativamente da globalização.
A correção gramatical e os sentidos originais do texto 1A1-I seriam preservados se, no trecho “A competência
estadual do ICMS gera ainda dificuldades na relação entre as vinte e sete unidades da Federação” (R. 26 a 28),
o vocábulo “ainda” fosse substituído pela seguinte expressão, isolada por vírgulas.
a) até então
b) ao menos
c) além disso
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Texto 1A3-I 1
A política tributária não se restringe ao objetivo de abastecer os cofres públicos, mas tem também
objetivos econômicos e sociais. Se fosse aumentada a tributação sobre um produto considerado nocivo para o
consumidor ou para a sociedade, o seu consumo poderia ser desestimulado. Caso a intenção fosse promover
uma melhor distribuição de renda, o Estado poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos mais
consumidos pela população de renda mais baixa e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta.
Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia, os custos desse
setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos preços de seus produtos e poderia gerar um crescimento das
vendas. Outro efeito viável dessa política seria o aumento do lucro das empresas, favorecendo-se, assim, a
elevação dos seus investimentos — e, consequentemente, da produção — e o surgimento de novas empresas,
o que provavelmente resultaria no crescimento da produção, bem como no acirramento da concorrência, com
possíveis reflexos sobre os preços. Em qualquer um desses cenários, o setor seria estimulado.
No texto 1A3-I, a oração “se o Estado reduzisse a tributação de determinado setor da economia” (R. 10 e 11)
apresenta, no período em que se insere, noção de
a) concessão, uma vez que representa uma exceção às regras de tributação do país.
b) explicação, uma vez que esclarece uma ação que diminuiria os custos do referido setor.
c) proporcionalidade, uma vez que os custos do referido setor diminuiriam à medida que se diminuísse a
tributação.
d) tempo, uma vez que a diminuição dos custos do referido setor ocorreria somente após a redução da
tributação sobre ele.
e) condição, uma vez que a diminuição dos custos do referido setor dependeria da redução da tributação sobre
ele.
Texto 1A3-II 1
Entre os maiores poderes concedidos pela sociedade ao Estado, está o poder de tributar. A tributação
está inserida no núcleo do contrato social estabelecido pelos cidadãos entre si para que se alcance o bem
comum. Desse modo, o poder de tributar está na origem do Estado ou do ente político, a partir da qual foi
possível que as pessoas deixassem de viver no que Hobbes definiu como o estado natural (ou a vida pré-política
da humanidade) e passassem a constituir uma sociedade de fato, a geri-la mediante um governo, e a financiá-
la, estabelecendo, assim, uma relação clara entre governante e governados.
A tributação, portanto, somente pode ser compreendida a partir da necessidade dos indivíduos de
estabelecer convívio social organizado e de gerir a coisa pública mediante a concessão de poder a um soberano.
Em decorrência disso, a condição necessária (mas não suficiente) para que o poder de tributar seja legítimo é
que ele emane do Estado, pois qualquer imposição tributária privada seria comparável a usurpação ou roubo.
Internet: (com adaptações).
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A correção gramatical e os sentidos do texto 1A3-II seriam preservados se o termo “Em decorrência disso” (R.16)
fosse substituído pela seguinte expressão.
a) Devido isso
b) Em suma
c) Por conseguinte
d) Consoante isso
e) Para tanto
A vida humana só viceja sob algum tipo de luz, de preferência a do sol, tão óbvia quanto essencial. Somos
animais diurnos, por mais que boêmios da pá virada e vampiros em geral discordem dessa afirmativa. Poucas
vezes a gente pensa nisso, do mesmo jeito que devem ser poucas as pessoas que acordam se sentindo primatas,
mamíferos ou terráqueos, outros rótulos que nos cabem por forca da natureza das coisas.
A humanidade continua se aperfeiçoando na arte de afastar as trevas noturnas de todo habitat humano.
Luz soa para muitos como sinônimo de civilização, e pode-se observar do espaço o mapa das desigualdades
econômicas mundiais desenhado na banda noturna do planeta. A parcela ocidental do hemisfério norte e, de
longe, a mais iluminada.
Dispor de tanta luz assim, porém, tem um custo ambiental muito alto, avisam os cientistas. Nos humanos,
o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode reduzir drasticamente os níveis de
melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
Mesmo assim, sinto uma alegria quase infantil quando vejo se acenderem as luzes da cidade. E repito para
mim mesmo a pergunta que me faço desde que me conheço por gente: quem e o responsável por acender as
luzes da cidade? O mais plausível e imaginar que essa tarefa caiba a sensores fotoelétricos espalhados pelos
bairros. Mas e antes dos sensores, como e que se fazia? Imagino que algum funcionário trepava na antena mais
alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a cidade
toda se iluminava.
Não consigo pensar em um cargo público mais empolgante que o desse homem. Claro que o cargo, se
existia, já foi extinto, e o homem da luz já deve ter se transferido para o mundo das trevas eternas.
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se suprimisse o trecho “é que”, em “como é
que se fazia” (ℓ.27).
( ) CERTO ( ) ERRADO
A correção gramatical do texto seria mantida, mas seu sentido seria alterado, caso o trecho “que se infiltra no
ambiente no qual dormimos” (ℓ. 18 e 19) fosse isolado por vírgulas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Se prestarmos atenção a nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de atividades
do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas
entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre diferentes sociedades e
momentos da história.
( ) CERTO ( ) ERRADO
As atividades pertinentes ao trabalho relacionam-se intrinsecamente com a satisfação das necessidades dos
seres humanos — alimentar-se, proteger-se do frio e do calor, ter o que calçar etc. Estas colocam os homens
em uma relação de dependência com a natureza, pois no mundo natural estão os elementos que serão
utilizados para atendê-las.
Se prestarmos atenção à nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de atividades
do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas
entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre diferentes sociedades e
momentos da história.
De acordo com o cientista social norte-americano Marshall Sahlins, nas sociedades tribais, o trabalho
geralmente não tem a mesma concepção que vigora nas sociedades industrializadas. Naquelas, o trabalho está
integrado a outras dimensões da sociabilidade — festas, ritos, artes, mitos etc. —, não representando, assim,
um mundo à parte.
Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs que tais
sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”, pelo fato de que
nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.
No trecho “Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas entre os
indivíduos”, o sujeito da forma verbal “cercam” é “Os processos de produção dos objetos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto
O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para dominar
sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos ou a glória
dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o pergaminho e o papel
forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos homens.
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos mais
simples, a escrita teve como missão conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as escritas
podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados de
destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de uma
incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites.
O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos, foi
considerado um perigo tão grande quanto seu contrário.
Embora fosse temido, o apagamento era necessário, assim como o esquecimento também o é para a memória.
Nem todos os escritos foram destinados a se tornar arquivos cuja proteção os defenderia da imprevisibilidade
da história. Alguns foram traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois escrever de novo.
Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino
Ferreira. São Paulo: UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações).
a) Por conseguinte.
b) Ainda que.
c) Consoante.
d) Desde que.
Texto
A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós,
independentemente de idade, sexo, estrato social, crença religiosa etc. é chamado à criação de um mundo
pacificado, um mundo sob a égide de uma cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e os adultos da compreensão de princípios como
liberdade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição,
individual e coletiva, da violência que tem sido percebida na sociedade, em seus mais variados contextos. A
cultura da paz tem de procurar soluções que advenham de dentro da(s) sociedade(s), que não sejam impostas
do exterior.
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado em sentido negativo, quando se traduz em um estado
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese,
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua
concepção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a prática da não violência para resolver conflitos, a
prática do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrática frente à vida, que pressupõe a dinâmica da
cooperação planejada e o movimento constante da instalação de justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pensamento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso,
a ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de palavras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A violência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio social. É hora de começarmos a convocar a presença
da paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à gestão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos
potencialmente violentos e reconstruir a paz e a confiança entre pessoas originárias de situação de guerra é um
dos exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão estende-se às escolas, instituições públicas e
outros locais de trabalho por todo o mundo, bem como aos parlamentos e centros de comunicação e
associações.
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
sustentado e o respeito pelos direitos humanos, reforçando as instituições democráticas, promovendo a
liberdade de expressão, preservando a diversidade cultural e o ambiente.
Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educativas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol. Esc.
Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com adaptações).
a) conclusão.
b) finalidade.
c) comparação.
d) causa.
e) oposição.
Texto CG2A1CCC
A questão da segurança pública passou a ser considerada problema fundamental e principal desafio ao Estado
de direito no Brasil. A segurança ganhou enorme visibilidade pública e jamais, em nossa história recente, esteve
tão presente nos debates.
A amplitude dos temas e problemas relativos à segurança pública alerta para a necessidade de qualificação do
debate sobre segurança e para a incorporação de novos atores, cenários e paradigmas às políticas públicas.
O problema da segurança, portanto, não pode mais estar adstrito apenas ao repertório tradicional do direito e
das instituições da justiça. Evidentemente, as soluções devem passar pelo fortalecimento da capacidade do
Estado em gerir a violência, pela retomada da capacidade gerencial no âmbito das políticas públicas de
segurança, mas também devem passar pelo alongamento dos pontos de contato das instituições públicas com
a sociedade civil e com a produção acadêmica mais relevante à área.
Em síntese, os novos gestores da segurança pública devem enfrentar esses desafios, além de fazer o amplo
debate nacional sobre o tema transformar-se em real controle sobre as políticas de segurança pública e, mais
ainda, estimular a parceria entre órgãos do poder público e da sociedade civil na luta por segurança e qualidade
de vida dos cidadãos brasileiros.
Acerca das ideias e de aspectos linguísticos do texto CG2A1CCC, julgue o seguinte item.
A locução “mas também” estabelece uma relação de oposição no período em que ocorre.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Se, nos Estados Unidos da América, surgem mais e mais casos de assédio sexual em ambientes profissionais —
como os que envolvem produtores e atores de cinema —, no Brasil, o número de processos desse tipo caiu 7,5%
entre 2015 e 2016.
Até setembro de 2017, foram registradas 4.040 ações judiciais sobre assédio sexual no trabalho, considerando-
se só a primeira instância.
Os números mostram que o tema ainda é tabu por aqui, analisa o consultor Renato Santos, que atua auxiliando
empresas a criarem canais de denúncia anônima. “As pessoas não falam por medo de serem culpabilizadas ou
até de represálias”.
Segundo Santos, os canais de denúncia para coibir corrupção nas corporações já recebem queixas de assédio e
ajudam a identificar eventuais predadores. Para ele, “o anonimato ajuda, já que as pessoas se sentem mais
protegidas para falar”.
A lei só tipifica o crime quando há chantagem de um superior sobre um subordinado para tentar obter
vantagem sexual. Se um colega constrange o outro, em tese, não há crime, embora tal comportamento possa
dar causa a reparação por dano moral.
Anna Rangel. Medo de represálias inibe queixas de assédio sexual no trabalho I.nternet:
<www1.folha.uol.com.br> (com adaptações).
No texto 1A1BBB, a correção gramatical e o sentido do trecho ‘O anonimato ajuda, já que as pessoas se
sentem mais protegidas para falar’ seriam preservados caso se substituísse o termo “já que” por
a) a fim de que.
b) ainda que.
c) contanto que.
e) logo que.
Texto CB4A1BBB
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão
conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores
do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando
conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o
restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente,
para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade
de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.
Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar
na segunda-feira feliz para o batente.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com
satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também
sem volta.
Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em
cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as
selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região
metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores
que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado
não do que foi, mas do que poderia ter sido.
Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
Ao empregar o termo “nem sequer”, a autora reforça a contraposição entre adivinhar “as selvas úmidas da Ásia”
e não reconhecer as estrelas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela
época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os
ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar
deles, praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando
hospitais. Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria
inferior, de vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o
que aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo
de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma;
providenciava comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso,
fez estudos estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos
soldados resultava das péssimas condições de saneamento.
Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não
havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão
Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca
mais deixou o quarto.
É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a
guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence
era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão
governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um
livro sobre esse treinamento.
Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis.
Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao
mundo pouco deve importar que sejam estranhas.
Moacyr Scliar. Uma estranha, e admirável, mulher. Internet: <http://moacyrscliar.blogspot.com.br> (com adaptações).
O trecho “que os ricos preferiam tratar-se em casa” expressa uma consequência do que se afirma nas duas
orações imediatamente anteriores, no mesmo período.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Surpresas fazem parte da rotina de um socorrista. Quando um chamado chega via 192, as informações nem
sempre vêm de acordo com a real situação. Às vezes, é menos grave do que se dizia. Em outras, o interlocutor
— por pânico ou desconhecimento — não dá nem conta de descrever a gravidade do caso. Quase sempre,
condutores, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos saem em disparada, ambulância cortando o
trânsito, sirenes ligadas, para atender a alguém que nunca viram. Mas podem chegar à cena e encontrar um
amigo. Estão preparados. O espaço para a emoção é pequeno em um serviço que só funciona se apoiado em
seu princípio maior: a técnica.
Internet: <https://especiais.zh.clicrbs.com.br>.
Considerando os aspectos linguísticos do texto precedente e as informações nele veiculadas, julgue o item.
O elemento “Quando” introduz no texto uma oração condicional, podendo ser substituído por Se.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda
precisamente aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta,
mecânica, essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-
lhe, o que é intolerável e chocante. Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa
classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que
professa não é de modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear,
estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a
essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação de um desdobramento
longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição materialista
sistematizou sob o nome de totalidade.
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Seriam mantidos o sentido e a correção gramatical do texto, se o trecho “porque incomoda” fosse
substituído por
a) porquanto incomoda.
c) a par de incomodar.
d) consoante incomode.
A abordagem desse tipo de comércio, inevitavelmente, passa pela concorrência, visto que é por meio da
garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de estabelecer permanência ou de engendrar
saída, que se consubstancia a plena expansão das atividades comerciais e se alcança o resultado último dessa
interatuação: o preço eficiente dos bens e serviços.
Defesa da concorrência e defesa comercial são instrumentos à disposição dos Estados para lidar com distintos
cenários que afetem a economia. Destaca-se como a principal diferença o efeito que cada instrumento busca
neutralizar.
A política de defesa da concorrência busca preservar o ambiente competitivo e coibir condutas desleais
advindas do exercício de poder de mercado. A política de defesa comercial busca proteger a indústria nacional
de práticas desleais de comércio internacional.
Elaine Maria Octaviano Martins Curso de direito marítimo Barueri: Manoele, v 1, 2013, p 65 (com adaptações)
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
A oração introduzida pela locução “visto que” explica o porquê de ser necessário considerar a concorrência na
abordagem do comércio internacional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
As primeiras cidades, no sentido moderno, surgiram no período compreendido entre 3.100 e 2.900 a.C., na
Mesopotâmia, civilização situada às margens dos rios Tigre e Eufrates. A estrutura desses primeiros
agrupamentos urbanos era tripartite: a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os
principais locais de culto e as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio, extramuros, local que
agrupava residências e instalações para criação de animais e plantio; e o porto fluvial, espaço destinado à
prática do comércio e que era utilizado como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era
vedada nos muros da cidade.
Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade comercial. O porto aparece como
mais um elemento de uma forte mudança civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da
escrita. O comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das possibilidades do agir
humano, na diversificação dos papéis sociais e na abertura para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação
no grau de complexidade da sociedade.
Cristiano Paixão e Ronaldo C Fleury Trabalho portuário — a modernização dos portos e as relações de trabalho no Brasil São Paulo: Método, 2008, p 17-8 (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB4A1AAA
Narração é diferente de narrativa, uma vez que mantém algo da ideia de acompanhar os fatos à medida que
eles acontecem. A narrativa é uma totalidade de acontecimentos encadeados, uma espécie de soma final, e
está presente em tudo: na sequência de entrada, prato principal e sobremesa de um jantar; em mitos,
romances, contos, novelas, peças, poemas; no Curriculum vitae; na história dos nossos corpos; nas notícias; em
relatórios médicos; em conversas, desenhos, sonhos, filmes, fábulas, fotografias. Está nas óperas, nos
videoclipes, videogames e jogos de tabuleiro. A narração, por sua vez, é basicamente aquilo que um narrador
enuncia.
Uma contagem de palavras na base de dados do Google mostra uma mudança nos usos de narrativa. A palavra
vem sendo cada vez mais empregada nas últimas décadas, mas seu sentido vem mudando.
A expressão disputa de narrativas, que teve um boom dos anos 80 do século XX para cá, não costuma dizer
respeito à acepção mais literária do termo, como narrativa de um romance. Fala antes sobre trazer a público
diferentes formas de narrar o mundo, para que narrativas plurais possam ser elaboradas e disputadas. É um uso
do termo que talvez aproxime narrativa de narração, porque sugere que toda narrativa histórica e cultural
carrega em si um processo e um movimento e que dentro dela há sempre sinais deixados pelas escolhas de um
narrador.
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CB4A1AAA, julgue o item a seguir.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um
delito, mas também um crime moral (a), uma ação intolerável que perturba a própria natureza. “Inadmissível”,
“escandalosa”, “revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando uma greve recente. Para dizer a
verdade, trata-se de uma linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua mentalidade profunda. É a
época em que a burguesia, que assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de junção entre a
moral e a natureza, oferecendo a uma a garantia da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se
a natureza; finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as
leis estruturais da sociedade que se quer defender. Para os prefeitos de Carlos X, assim como para os leitores
do Figaro de hoje, a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio às prescrições da razão moralizada: “fazer
greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade cívica (b), é infringir uma legalidade
“natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filosófico da sociedade burguesa.
Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda
precisamente aqueles a quem ela não diz respeito (c). É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta,
mecânica, essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-
lhe, o que é intolerável e chocante (d). Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia,
essa classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que
professa não é de modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear,
estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a
essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação de um desdobramento
longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição materialista
sistematizou sob o nome de totalidade (e).
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Assinale a opção que apresenta trecho do texto que expressa uma ideia de comparação.
O orgulho é a consciência (certa ou errônea) do nosso valor próprio; a vaidade é a consciência (certa ou errônea)
da evidência do nosso valor aos olhos dos outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser a
um tempo vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. À
primeira vista, é difícil compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso valor no conceito
dos outros sem a consciência do nosso valor em si. Se a natureza humana fosse racional, não haveria qualquer
explicação. No entanto, o homem vive primeiro uma vida exterior, e depois uma vida interior; a noção do efeito
precede, na evolução do espírito, a noção da causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser tido em
alta conta por aquilo que não é a ser tido em meia conta por aquilo que é. Assim opera a vaidade.
Walmir Ayala (Coord e introd ) Fernando Pessoa Antologia de Estética. Teoria e Crítica Literária Rio de Janeiro: Ediouro, 1988, p 88-9 (com adaptações)
Acerca dos aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o próximo item.
As expressões “por aquilo que não é” e “por aquilo que é” exprimem causa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB1A1BBB
Esse rapaz que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida é um sintoma da revivescência de
um sentimento que parecia ter morrido no coração dos homens: o domínio sobre a mulher. Há outros casos.
(...) Todos esses senhores parece que não sabem o que é a vontade dos outros. Eles se julgam com o direito de
impor o seu amor ou o seu desejo a quem não os quer. Não sei se se julgam muito diferentes dos ladrões à mão
armada; mas o certo é que estes não nos arrebatam senão o dinheiro, enquanto esses tais noivos assassinos
querem tudo que há de mais sagrado em outro ente, de pistola na mão. O ladrão ainda nos deixa com vida, se
lhe passamos o dinheiro; os tais passionais, porém, nem estabelecem a alternativa: a bolsa ou a vida. Eles, não;
matam logo.
Nós já tínhamos os maridos que matavam as esposas adúlteras; agora temos os noivos que matam as ex-noivas.
De resto, semelhantes cidadãos são idiotas. É de se supor que quem quer casar deseje que a sua futura mulher
venha para o tálamo conjugal com a máxima liberdade, com a melhor boa- vontade, sem coação de espécie
alguma, com ardor até, com ânsia e grandes desejos; como é então que se castigam as moças que confessam
não sentir mais pelos namorados amor ou coisa equivalente?
Todas as considerações que se possam fazer tendentes a convencer os homens de que eles não têm sobre as
mulheres domínio outro que não aquele que venha da afeição não devem ser desprezadas. Esse obsoleto
domínio à valentona, do homem sobre a mulher, é coisa tão horrorosa que enche de indignação.
Todos os experimentadores e observadores dos fatos morais têm mostrado a insanidade de generalizar a
eternidade do amor. Pode existir, existe, mas excepcionalmente; e exigi-la nas leis ou a cano de revólver é um
absurdo tão grande como querer impedir que o Sol varie a hora do seu nascimento. Deixem as mulheres amar
à vontade.
Lima Barreto. Não as matem. In: Vida urbana. São Paulo: Brasiliense, 1963, p. 83-5 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB1A1BBB, julgue o item que se segue.
Caso se isolasse por vírgulas o trecho “que, em Deodoro, quis matar a ex-noiva e suicidou-se em seguida”, seria
pertinente inferir que o autor se referisse a um rapaz já anteriormente mencionado, ou conhecido do
interlocutor.
( ) CERTO ( ) ERRADO
No trecho “Tentar subornar o guarda para evitar multas”, a oração “para evitar multas” expressa a causa, o
motivo que leva alguém a cometer suborno.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Estas memórias ficariam injustificavelmente incompletas se nelas eu não narrasse, ainda que de modo breve,
as andanças em que me tenho largado pelo mundo na companhia de minha mulher e de meus fantasmas
particulares. Desde criança fui possuído pelo demônio das viagens. Essa encantada curiosidade de conhecer
alheias terras e povos visitou-me repetidamente a mocidade e a idade madura. Mesmo agora, quando já diviso
a brumosa porta da casa dos setenta, um convite à viagem tem ainda o poder de incendiar-me a fantasia.
Na minha opinião, existem duas categorias principais de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para
buscar. Considero-me membro deste último grupo, embora em 1943, nauseado pelo ranço fascista de nosso
Estado Novo, eu haja fugido com toda a família do Brasil para os Estados Unidos, onde permanecemos dois
anos.
O que pretendo fazer agora é apresentar ao leitor, por assim dizer, alguns diapositivos e filmes verbais dos
lugares por onde passamos e das pessoas que encontramos, tudo assim à maneira impressionista, e sem
rigorosa ordem cronológica.
Usei como título deste capítulo, dedicado a minhas viagens, uma expressão popular que suponho de origem
gauchesca: mundo velho sem porteira. Tenho-a ouvido desde menino, da boca de velhos parentes e amigos,
de tropeiros, peões de estância, índios vagos, gente da rua... Minha própria mãe empregava-a com frequência
e costumava pontuá-la com um fundo suspiro de queixa. As pessoas em geral pareciam usar essa frase para
descrever um mundo que se lhes afigurava não só incomensurável como também misterioso, absurdo, sem pé
nem cabeça...
Parece a mim, entretanto, que na sua origem essa exclamação manifestava apenas a certeza popular de que
Deus fizera o mundo sem nenhuma porteira a fim de que nele não houvesse divisões e diferenças entre países
e povos — gente rica e gente pobre, fartos e famintos, uns com terra demais, outros sem terra nenhuma. Em
suma, o que o Velho queria mesmo era um mundo que fosse de todo mundo. É neste sentido que desejo seja
interpretada a frase que encabeça esta divisão do presente volume.
Quem me lê poderá objetar que basta a gente passar os olhos pelo jornal desta manhã para verificar que o
mundo nunca teve tantas e tão dramáticas porteiras como em nossos dias... Mas que importa? Um dia as
porteiras hão de cair, ou alguém as derrubará. “Para erguer outras ainda mais terríveis” — replicará o leitor
cético. Ora, amigo, precisamos ter na vida um mínimo de otimismo e esperança para poder ir até ao fim da
picada. Você não concorda? Ô mundo velho sem porteira!
Erico Veríssimo. Solo de clarineta: memórias. Porto Alegre: Globo, v. 2, 1976, p. 57-58 (com adaptações).
Em relação ao trecho “ou alguém as derrubará” no texto 1A9AAA, a oração ‘Para erguer outras ainda mais
terríveis’ transmite uma ideia de
a) conformidade.
b) condição.
c) causa.
d) proporção.
e) propósito.
Texto CG1A1BBB
Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado
do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em
nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que
reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em
nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram
pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a
Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há
séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos
de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam
os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações).
No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.
No período “As células imploram pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina", o
vocábulo “que”, nas duas ocorrências, tem o mesmo referente e desempenha a função sintática de sujeito nas
orações em que se insere.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
O programa executa em minutos uma busca que poderia levar meses, encontrando todo o conteúdo
pornográfico de pedofilia em computadores, pendrives, smartphones e demais mídias de armazenamento.
Para ajudar o trabalho dos peritos, existem programas que buscam os arquivos de imagem e vídeo através de
sua hash ou sua assinatura digital. Logo nos primeiros testes, a detecção de imagens apresentou mais de 90%
de acerto.
Para o teste, pegaram um HD com conteúdo já periciado e rodaram o programa. Conseguiram 95% de acerto
em 12 minutos. Seu diferencial era não só buscar pela assinatura digital ou nomes conhecidos, mas também
por novos arquivos por intermédio da leitura dos pixels presentes na imagem calibrados a uma paleta de tons
de pele. Começava a revolução em termos de investigação criminal de pornografia infantil.
Além da detecção de imagens e vídeos, todo o processo de busca e obtenção de resultados é simultâneo, o que
economiza tempo e dinheiro.
A licença de uso do software, que é programado em Java, é gratuita e só é disponibilizada para forças da lei e
pesquisas acadêmicas. Segundo seus desenvolvedores, nunca houve o intuito de venda, pois não enxergam
sentido em lucrar com algo que seja para salvar crianças. Mas, então, por que não deixá-lo disponível para
todos? Somente para que não possa ser utilizado para criar formas de burlá-lo, explicam.
Desde seu lançamento, o Nudetective já foi compartilhado com Argentina, Paraguai, Suécia, Áustria, Noruega,
Nova Zelândia e Portugal. Ganhou reconhecimento e premiações em congressos forenses no Brasil e no
mundo.
A inserção de uma vírgula imediatamente após a palavra “Assim” (R.2) alteraria os sentidos do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto 12A1AAA
A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que
chegou o seu trabalho.
— Sim — respondeu Dupin. — As medidas adotadas não foram apenas as melhores que poderiam ser tomadas,
mas realizadas com absoluta perfeição. Se a carta estivesse depositada dentro do raio de suas investigações,
esses rapazes, sem dúvida, a teriam encontrado.
Ri, simplesmente — mas ele parecia haver dito tudo aquilo com a máxima seriedade.
— As medidas, pois — prosseguiu —, eram boas em seu gênero, e foram bem executadas: seu defeito residia
em serem inaplicáveis ao caso e ao homem em questão. Um certo conjunto de recursos altamente engenhosos
é, para o delegado, uma espécie de leito de Procusto, ao qual procura adaptar à força todos os seus planos.
Mas, no caso em apreço, cometeu uma série de erros, por ser demasiado profundo ou demasiado superficial.
(...) E, se o delegado e toda a sua corte têm cometido tantos enganos, isso se deve (...) a uma apreciação
inexata, ou melhor, a uma não apreciação da inteligência daqueles com quem se metem. Consideram
engenhosas apenas as suas próprias ideias e, ao procurar alguma coisa que se ache escondida, não pensam
senão nos meios que eles próprios teriam empregado para escondê-la. Estão certos apenas num ponto: naquele
em que sua engenhosidade representa fielmente a da massa; mas, quando a astúcia do malfeitor é diferente
da deles, o malfeitor, naturalmente, os engana. Isso sempre acontece quando a astúcia deste último está acima
da deles e, muito frequentemente, quando está abaixo. Não variam seu sistema de investigação; na melhor das
hipóteses, quando são instigados por algum caso insólito, ou por alguma recompensa extraordinária, ampliam
ou exageram os seus modos de agir habituais, sem que se afastem, no entanto, de seus princípios. (...) Você
compreenderá, agora, o que eu queria dizer ao afirmar que, se a carta roubada tivesse sido escondida dentro
do raio de investigação do nosso delegado — ou, em outras palavras, se o princípio inspirador estivesse
compreendido nos princípios do delegado —, sua descoberta seria uma questão inteiramente fora de dúvida.
Este funcionário, porém, se enganou por completo, e a fonte remota de seu fracasso reside na suposição de
que o ministro é um idiota, pois adquiriu renome de poeta. Segundo o delegado, todos os poetas são idiotas —
e, neste caso, ele é apenas culpado de uma non distributio medii, ao inferir que todos os poetas são idiotas.
— Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei que são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas
letras. O ministro, creio eu, escreveu eruditamente sobre o cálculo diferencial. É um matemático, e não um
poeta.
— Você está enganado. Conheço-o bem. E ambas as coisas. Como poeta e matemático, raciocinaria bem; como
mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e ficaria, assim, à mercê do delegado.
— Você me surpreende — respondi — com essas opiniões, que têm sido desmentidas pela voz do mundo.
Naturalmente, não quererá destruir, de um golpe, ideias amadurecidas durante tantos séculos. A razão
matemática é há muito considerada como a razão par excellence.
Edgar Allan Poe. A carta roubada. In: Histórias extraordinárias. Victor Civita, 1981. Tradução de Brenno Silveira
e outros.
No trecho “ao procurar alguma coisa que se ache escondida” (R. 30 e 31), o pronome “que” exerce a função
de complemento da forma verbal “ache”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Popularmente conhecidos como seios aéreos faciais, os seios paranasais começam a se desenvolver
precocemente na vida fetal. As funções desses seios não são totalmente compreendidas, mas a grande maioria
da literatura anatômica sugere que eles aliviam o crânio e adicionam ressonância à voz.
Entre os principais seios do crânio humano destacam-se os seios maxilar, frontal, esfenoidal e etmoidal. Um
considerável interesse na identificação forense de indivíduos tem-se voltado para o estudo do seio frontal. O
estudo comparativo de imagens do seio frontal tem valor significativo para o estabelecimento da identificação
do indivíduo sob exame.
Como as impressões digitais, os padrões dos seios frontais são únicos para uma pessoa. A identificação
comparativa de radiografias do seio frontal é muito segura porque não há duas pessoas com a mesma
configuração de seio frontal. Além das radiografias de projeção tradicional normal, a tomografia
computadorizada do seio frontal também tem sido usada para essa identificação.
À semelhança do que ocorre com a identificação de indivíduos por meio de suas impressões digitais, a
identificação a partir do estudo dos seios frontais pode inviabilizar-se em algumas situações. Há casos, por
exemplo, de indivíduos adultos em que essas cavidades não se formam. Além disso, os seios frontais podem
ser afetados por traumas e por patologias agudas ou crônicas, como inflamações, displasias endócrinas e
osteíte.
Z. Nateghian et al. Frontal sinus pattern and evaluation of right and left frontal sinus volume according to gender,
using multi detector CT scan. In: Journal of Forensic Science & Criminology: vol. 4, issue 4, ISSN: 2348-9804
(tradução livre, com adaptações).
A correção gramatical do texto precedente, assim como sua coerência e sua coesão, seriam preservadas se o
segundo e o terceiro parágrafos passassem a compor um único parágrafo mediante a união de ambos de uma
das seguintes formas: (...) da identificação do indivíduo sob exame, porquanto, como as impressões digitais,
(...) ou (...) da identificação do indivíduo sob exame, uma vez que, como as impressões digitais, (...).
( ) CERTO ( ) ERRADO
A correção gramatical do texto precedente, assim como sua coerência e sua coesão, seriam preservadas se o
terceiro e o quarto parágrafos fossem fundidos em um único parágrafo mediante a introdução, entre eles, da
conjunção Contudo ou da conjunção Todavia, feitas as devidas alterações na pontuação e nas letras maiúsculas
e minúsculas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto 14A15AAA
A natureza jamais vai deixar de nos surpreender. As teorias científicas de hoje, das quais somos justamente
orgulhosos, serão consideradas brincadeira de criança por futuras gerações de cientistas. Nossos modelos de
hoje certamente serão pobres aproximações para os modelos do futuro. No entanto, o trabalho dos cientistas
do futuro seria impossível sem o nosso, assim como o nosso teria sido impossível sem o trabalho de Kepler,
Galileu ou Newton. Teorias científicas jamais serão a verdade final: elas irão sempre evoluir e mudar, tornando-
se progressivamente mais corretas e eficientes, sem chegar nunca a um estado final de perfeição. Novos
fenômenos estranhos, inesperados e imprevisíveis irão sempre desafiar nossa imaginação. Assim como nossos
antepassados, estaremos sempre buscando compreender o novo. E, a cada passo dessa busca sem fim,
compreenderemos um pouco mais sobre nós mesmos e sobre o mundo a nossa volta.
Em graus diferentes, todos fazemos parte dessa aventura, todos podemos compartilhar o êxtase que surge a
cada nova descoberta; se não por intermédio de nossas próprias atividades de pesquisa, ao menos ao
estudarmos as ideias daqueles que expandiram e expandem as fronteiras do conhecimento com sua
criatividade e coragem intelectual. Nesse sentido, você, eu, Heráclito, Copérnico e Einstein somos todos
parceiros da mesma dança, todos dançamos com o Universo. É a persistência do mistério que nos inspira a criar.
Marcelo Gleiser. A dança do universo: dos mitos de criação ao Big-Bang. São Paulo: Companhia das Letras,
2006, p. 384-5 (com adaptações).
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto 14A15AAA, julgue os itens que se seguem.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto 13A1AAA
No fim do século XVIII e começo do XIX, a despeito de algumas grandes fogueiras, a melancólica festa de
punição de condenados foi-se extinguindo. Em algumas dezenas de anos, desapareceu o corpo como alvo
principal da repressão penal: o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto
ou no ombro, exposto vivo ou morto, dado como espetáculo. Ficou a suspeita de que tal rito que dava um
“fecho” ao crime mantinha com ele afinidades espúrias: igualando-o, ou mesmo ultrapassando-o em
selvageria, acostumando os espectadores a uma ferocidade de que todos queriam vê-los afastados,
mostrando-lhes a frequência dos crimes, fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes com
assassinos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do supliciado um objeto de piedade e de
admiração.
A punição vai-se tornando a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa o
campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade,
não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime, e não mais o
abominável teatro.
Sob o nome de crimes e delitos, são sempre julgados corretamente os objetos jurídicos definidos pelo Código.
Porém julgam-se também as paixões, os instintos, as anomalias, as enfermidades, as inadaptações, os efeitos
de meio ambiente ou de hereditariedade. Punem-se as agressões, mas, por meio delas, as agressividades, as
violações e, ao mesmo tempo, as perversões, os assassinatos que são, também, impulsos e desejos. Dir-se-ia
que não são eles que são julgados; se são invocados, é para explicar os fatos a serem julgados e determinar até
que ponto a vontade do réu estava envolvida no crime. As sombras que se escondem por trás dos elementos
da causa é que são, na realidade, julgadas e punidas.
O juiz de nossos dias — magistrado ou jurado — faz outra coisa, bem diferente de “julgar”. E ele não julga mais
sozinho. Ao longo do processo penal, e da execução da pena, prolifera toda uma série de instâncias anexas.
Pequenas justiças e juízes paralelos se multiplicaram em torno do julgamento principal: peritos psiquiátricos ou
psicológicos, magistrados da aplicação das penas, educadores, funcionários da administração penitenciária
fracionam o poder legal de punir. Dir-se-á, no entanto, que nenhum deles partilha realmente do direito de
julgar; os peritos não intervêm antes da sentença para fazer um julgamento, mas para esclarecer a decisão dos
juízes. Todo o aparelho que se desenvolveu há anos, em torno da aplicação das penas e de seu ajustamento aos
indivíduos, multiplica as instâncias da decisão judiciária, prolongando-a muito além da sentença.
Michel Foucault. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987, p. 8-
26 (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 13A1AAA, julgue os itens a seguir.
A locução “no entanto” (R.41) introduz no período uma ideia de conclusão; por isso, sua substituição por
portanto preservaria a correção gramatical e as relações de sentido originais do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Eis que se inicia então uma das fases mais intensas na vida de Geraldo Viramundo: sua troca de correspondência
com os estudantes, julgando estar a se corresponder com sua amada. E eis que passo pela rama nesta fase de
meu relato, já que me é impossível dar a exata medida do grau de maluquice que inspiraram tais cartas:
infelizmente se perderam e de nenhuma encontrei paradeiro, por maiores que tenham sido os meus esforços
em rebuscar coleções, arquivos e alfarrábios em minha terra. Sou forçado, pois, a limitar-me aos elementos de
que disponho, encerrando em desventuras as aventuras de Viramundo em Ouro Preto, e dando viço às suas
peregrinações.
Fernando Sabino. O grande mentecapto. 62.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Com referência aos sentidos do texto precedente e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os
itens a seguir
A oração “que inspiraram tais cartas” (R. 5 e 6) modifica o sentido apenas do termo “grau” (R.5).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta
vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam
(500 places to see before they disappear). O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto
a paisagens em vias de extinção, assim como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston,
inaugurado em 1912: um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o
Atlanta Journal Constitution.
Julgue os itens a seguir, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Os sentidos originais do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula imediatamente após “norte-
americanos” (R.9).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB1A1-I
Escrita, secreta e submetida, para construir as suas provas, a regras rigorosas, a investigação penal é uma
máquina que pode produzir a verdade na ausência do réu. E, por isso mesmo, esse procedimento tende
necessariamente para a confissão, embora em direito estrito não a exija. Por duas razões: em primeiro lugar,
porque constitui uma prova tão forte que não há necessidade de acrescentar outras, nem de entrar na difícil e
duvidosa combinatória dos indícios; a confissão, desde que seja devidamente feita, quase exime o acusador de
fornecer outras provas (em todo o caso, as mais difíceis); em segundo, a única maneira para que esse
procedimento perca toda a sua autoridade unívoca e para que se torne uma vitória efetivamente obtida sobre
o acusado, a única maneira para que a verdade exerça todo o seu poder, é que o criminoso assuma o seu próprio
crime e assine aquilo que foi sábia e obscuramente construído pela investigação.
No interior do crime reconstituído por escrito, o criminoso confesso desempenha o papel de verdade viva. Ato
do sujeito criminoso, responsável e falante, a confissão é a peça complementar de uma investigação escrita e
secreta. Daí a importância que todo processo de tipo inquisitorial atribui à confissão. Por um lado, tenta-se
fazê-la entrar no cálculo geral das provas, como se fosse apenas mais uma: não é a evidentia rei; tal como a mais
forte das provas, não pode por si só implicar a condenação e tem de ser acompanhada por indícios anexos e
presunções, pois já houve acusados que se declararam culpados de crimes que não cometeram; se não tiver em
sua posse mais do que a confissão regular do culpado, o juiz deverá então fazer investigações complementares.
Mas, por outro lado, a confissão triunfa sobre quaisquer outras provas. Até certo ponto, transcende-as;
elemento no cálculo da verdade, a confissão é também o ato pelo qual o réu aceita a acusação e reconhece os
seus bons fundamentos; transforma uma investigação feita sem a sua participação em uma afirmação
voluntária.
Michel Foucault. Vigiar e punir – nascimento da prisão. Trad. Pedro Elói Duarte. Ed. 70: 2013 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos sentidos do texto CB1A1-I, julgue os próximos itens.
O trecho “assim como tesouros culturais únicos” (R.7) estabelece uma comparação com “antigos centros de
culto” (R.6) e “paisagens em vias de extinção” (R. 6 e 7).
( ) CERTO ( ) ERRADO
O trecho “que não há (...) indícios” (R. 7 e 8) exprime uma noção de consequência.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Certamente que essa pólvora terá toda ela emprego útil; mas, se ela é indispensável para certos fins industriais,
convinha que se averiguassem bem as causas das explosões, se são acidentais ou propositais, a fim de que
fossem removidas na medida do possível.
O trecho “se são acidentais ou propositais” exprime uma condição sobre a ideia expressa na oração
anterior.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Desde que a urna eletrônica foi adotada em todo o território brasileiro, votar passou a ser uma atividade
relativamente simples. Diante da urna, o eleitor pode seguir quatro caminhos diferentes. É possível deixar o
voto em branco; para isso, basta apertar a tecla branca. A segunda opção é digitar um número que não
corresponda a nenhum dos candidatos ou partidos e, com isso, anular o voto. A terceira opção é digitar o
número de um partido e votar “na legenda”. Por fim, é possível escolher um candidato específico digitando-se
o seu número.
Até meados da década de 90 do século XX, ainda na era da cédula de papel, a apuração geralmente era feita
em ginásios esportivos e durava muitos dias. As pessoas que tiveram a oportunidade de ver uma dessas
apurações devem se lembrar das fases da contagem de votos. Inicialmente, os votos em branco eram
carimbados para evitar que eles fossem preenchidos de maneira fraudulenta durante o cômputo. Os votos
nulos eram separados em uma pilha específica. Depois de contados os votos, os boletins de cada urna eram
preenchidos, enviados para níveis superiores de apuração e totalizados. Hoje os poderosos computadores da
justiça eleitoral em Brasília são capazes de proclamar, em poucas horas, quais foram, entre os milhares de
candidatos, os eleitos.
Jairo Nicolau. Representantes de quem? Os (des)caminhos do seu voto da urna à Câmara dos Deputados. Rio
de Janeiro: Zahar, 2017, p. 21-3 (com adaptações).
No período que inicia o texto, a locução “Desde que” introduz uma ideia de
a) proporcionalidade.
b) tempo.
c) causa.
d) consequência.
e) condição.
Texto
Em sua definição, o voto em branco é aquele que não se dirige a nenhum candidato entre os que disputam as
eleições. São considerados, portanto, votos estéreis, porque não produzem frutos. Os votos nulos, por sua vez,
são aqueles que, somados aos votos em branco, compõem a categoria dos votos estéreis, inválidos
ou, como denominou o Tribunal Superior Eleitoral, votos apolíticos. Logo, os votos em branco e os nulos são
votos que, a princípio, não produzem resultado nem influenciam no resultado do pleito.
Ao comparecer às urnas no dia das eleições, o eleitor que apresentar voto em branco ou nulo pode fazê-lo por
diversas razões. Esses motivos podem embasar tanto a postura dos que votam em branco quanto a dos que
votam nulo, pois o resultado final é o mesmo: invalidar o voto. Assim sendo, não é razoável diferenciar o voto
em branco do voto nulo. Deve-se considerar a essência do ato, a sua real motivação, que é a invalidação. É
evidente que não se sabe, ao certo, a razão que motiva cada eleitor a votar em branco ou nulo; entretanto, em
ambos os casos, não há dúvida quanto à invalidade do voto por ele dado.
Renata Dias. Os votos brancos e nulos no estado democrático de direito: a legitimidade das eleições
majoritárias no Brasil. In: Estudos eleitorais, v. 8, n.º 1, jan./abr. 2013, p. 36-8 (com adaptações).
Acerca do papel das conjunções na organização argumentativa do texto, julgue os itens subsequentes.
I - A conjunção “porque” combina duas orações que mantêm entre si uma relação de causalidade.
II - A conjunção “como” indica uma comparação entre as afirmações das orações por ela conectadas.
III - A conjunção “Logo” introduz um período que explica o raciocínio apresentado em períodos anteriores.
IV - A conjunção “entretanto” estabelece relação de contraposição entre os conteúdos das orações por ela
combinadas.
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
Eu gostava de notar a adoração pela violência que as suas almas pacíficas tinham, e a facilidade com que
explicavam tudo e apresentavam remédios. Embora mais moço que ele, várias vezes cheguei a sorrir aos seus
entusiasmos.
A conjunção “Embora” pode ser substituída por Posto que, mantendo-se o sentido e a correção gramatical do
texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
No mundo grego, que inventou a democracia exclusiva para os grandes proprietários de terras, o ser cidadão
definia-se pela liberdade do indivíduo e pela igualdade entre os pares. O aumento da produção e da circulação
de riquezas propiciou o surgimento da democracia, da cidadania e da filosofia, porém é preciso atentar para as
bases em que se assentavam essas formas de exercer o poder, de participar da liberdade e de produzir o
conhecimento. Gregos que enriqueceram como comerciantes e armadores não eram iguais àqueles que
possuíam a propriedade da terra e do conhecimento, de modo que não reuniam os critérios para uma igual
participação na formulação das leis. De modo geral, considerava-se que o exercício do trabalho, aí incluídas as
práticas médicas, a produção técnica e artesanal e o comércio dos bens produzidos, confiscava o tempo para o
ócio, fertilizador do conhecimento político e filosófico. Ser livre, portanto, era não exercer um trabalho, uma
profissão, um comércio, uma tarefa material que correspondesse à satisfação das necessidades próprias da
vida. O trabalho, para os gregos, era incompatível com o exercício do livre pensar, com a produção de
conhecimentos e com a participação política.
Marlene Ribeiro. Educação para a cidadania: questões colocadas pelos movimentos sociais. In: Revista
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n.º 2, p. 113-28, jul.-dez./2002. Internet: <www.scielo.br> (com
adaptações).
Seriam mantidos a correção gramatical e o sentido original do texto caso a expressão “de modo que” fosse
substituída por
a) enfim.
b) logo.
c) de sorte que.
d) desde que.
e) a fim de que.
Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor
hipótese, se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisito obrigatório e único de todo progresso.
É bem característico, para citar um exemplo, o que ocorre com a miragem da alfabetização. Quanta inútil
retórica se tem desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um momento para
o outro se estivessem amplamente difundidas as escolas primárias e o conhecimento do abc.
A muitos desses pregoeiros do progresso seria difícil convencer de que a alfabetização em massa não é
condição obrigatória nem sequer para o tipo de cultura técnica e capitalista que admiram. Desacompanhada
de outros elementos fundamentais da educação, que a completem, é comparável, em certos casos, a uma arma
de fogo posta nas mãos de um cego.
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 27.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (com
adaptações).
No que se refere às ideias e aos sentidos do texto e à sua classificação quanto ao tipo e ao gênero textual,
julgue o próximo item.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB1A1BBB
A distância social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres e os ricos. A ela se soma a
discriminação que pesa sobre negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros. Entretanto, a rebeldia negra é
muito menor e menos agressiva do que deveria ser. Não foi assim no passado. As lutas mais longas e mais
cruentas que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão,
que durou os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.
Sua forma era principalmente a da fuga, para a resistência e para a reconstituição da vida em liberdade nas
comunidades solidárias dos quilombos, que se multiplicaram aos milhares. Eram formações protobrasileiras,
porque o quilombola era um negro já aculturado, que sabia sobreviver na natureza brasileira, e,
também, porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África. Seu drama era a situação
paradoxal de quem pode ganhar mil batalhas sem nunca vencer a guerra. Isso foi o que sucedeu com todos os
quilombos, inclusive com o principal deles, Palmares, que resistiu por mais de um século, mas afinal caiu,
arrasado, e seu povo foi vendido, aos lotes, para o sul e para o Caribe.
Darcy Ribeiro. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2.ª ed. Companhia das Letras: São Paulo:
1995, p. 219-20 (com adaptações).
No texto CB1A1BBB, o trecho “porque lhe seria impossível reconstituir as formas de vida da África” expressa
uma
A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do
ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza-se em sua individualidade. O direito é o
instrumento da fraternização racional e rigorosa.
O direito à vida é a substância em torno da qual todos os direitos se conjugam, se desdobram, se somam para
que o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizável de justiça social.
Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a
revelação da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
vida mais digna para que a convivência política seja mais fecunda e humana.
Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com
adaptações).
Sem prejuízo para a coerência e para a correção gramatical do texto, a conjunção “Quando” poderia ser
substituída por
a) Se.
b) Caso.
c) À medida que.
d) Mesmo se.
e) Apesar de.
Texto CB1A1AAA
Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais,
enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz presente, deparamo-nos repetidas vezes com a
palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna evidente seu significado. Ao contrário, o fato de admitir
vários empregos deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem
de eventos. Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu significado é tão pouco
esclarecido?
Uma resposta possível a essa indagação começa pelo reconhecimento de que há um considerável avanço da
agenda igualitária no mundo e, decorrente disso, uma valorização sem precedentes da ideia de direitos. O
fenômeno é mundial, afeta, de modos e em graus distintos, todas as sociedades e aponta para uma
democratização progressiva e sustentada das repúblicas. Observam-se também, nesse contexto, passagens
contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida em que temas do domínio privado que, por sua
incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema
político a torná-los matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados.
Em suma, reconhecer a centralidade que assumiu a discussão sobre direitos ajuda a entender a atual
onipresença da palavra cidadania. Mas avançar na elucidação desse fenômeno impõe perceber que, ao lado da
valorização dos direitos, se desenvolve igualmente a certeza de que o caminho para efetivá-los é a mobilização
pública do sentimento de justiça, e não a ativação de métodos personalistas de acesso a eles. Em outras
palavras, considera-se cada vez mais importante que os direitos estejam fortemente conectados com a plena
autonomia política dos indivíduos, de modo que não sejam vividos como favores concedidos por governantes,
filantropos, patronos ou equivalentes.
Maria Alice Rezende de Carvalho. Cidadania e direitos. In: André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (Orgs.). Agenda
brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações).
Sem prejuízo para a correção e os sentidos do texto CB1A1AAA, a expressão “e não” poderia ser substituída
por
a) não só.
b) e nem.
c) senão.
d) mas não.
Como o sistema de democracia representativa procurava representar uma unidade, os partidos políticos foram
vistos com maus olhos em um primeiro momento. Em seu início, não tinham sequer o respaldo da Constituição.
Kelsen explica que os partidos políticos surgiram porque, em uma democracia parlamentar, o indivíduo isolado
tem pouca influência sobre a criação dos órgãos legislativos e executivos. Assim, para obter influência, ele tem
de se associar a outros que compartilhem as suas opiniões políticas. Para o autor, o partido político é um veículo
essencial para a formação da vontade pública em uma democracia parlamentar.
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam preservados caso a expressão “quando” fosse
substituída por
a) conquanto.
b) à medida que.
c) enquanto.
d) se.
e) bem como.
Mas esses dois modos de falar não são avaliados socialmente da mesma maneira. O valor social de cada um
deles é muito diferente. Aquele que fala Os menino saiu sabe falar, diz a voz que define qual variedade está
correta. Só que há línguas, como o inglês, em que o plural só ocorre em um dos termos: The tall boys
left (tradução literal possível, desconsiderada a marca de plural: O alto meninos saiu). É claro que a gramática
do inglês não é a mesma gramática do português, mas o nosso ponto é que o plural só está em um lugar na
oração do inglês e isso não recebe uma avaliação negativa. No português do dia a dia, é possível marcar o plural
em apenas um dos elementos, mas isso é avaliado negativamente.
Roberta Pires de Oliveira e Sandra Quarezemin. Gramáticas na escola. Petrópolis: Vozes, 2016, p. 44 (com
adaptações).
Em relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item que se segue.
A oração “que a gramática do inglês não é a mesma gramática do português” exerce a função de complemento
do vocábulo “claro”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Inexistindo controle efetivo e fiscalização eficiente e não estando todos os entes públicos, bem como todos
aqueles que recebem verbas públicas, sujeitos e submetidos à aprovação de suas contas por um tribunal
especializado, não há sociedade suficientemente protegida no que diz respeito aos crimes contra a
administração pública.
A efetiva transparência do administrador público não se resume à publicidade dos gastos. É necessário que as
suas contas sejam analisadas à luz da estrita legalidade, visto que, enquanto o administrador privado pode fazer
tudo o que não seja proibido em lei, o administrador público somente pode fazer aquilo que a lei expressamente
autorize.
Nesse contexto, dois desafios se apresentam para minimizar males que assombram os gestores públicos:
permitir que as qualidades da gestão privada — eficiência e baixo custo — sejam introduzidas no setor público
e espantar o temor que tem paralisado a gestão pública ou lhe tem conferido uma lentidão incompatível com
o mundo moderno.
Contas para a gestão pública. In: Revista TCE-PE, v. 18, p. 19-23, jun./2011 (com adaptações).
A oração “que as suas contas sejam analisadas à luz da estrita legalidade” exerce a função de complemento do
adjetivo “necessário”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
No direito brasileiro convencional, a relação entre a espécie humana e as demais espécies animais limita-se à
tutela dos animais pelo poder público em função da sua utilidade enquanto fauna brasileira intrínseca ao meio
ambiente equilibrado. Alguns doutrinadores brasileiros inovadores defendem a existência de um direito
animal, ou seja, de direitos garantidos aos animais não humanos como sujeitos.
A Constituição de 1988 contém uma norma que protege os animais, independentemente de sua origem ou
classificação. Porém, a proteção que lhes é garantida baseia-se em um argumento puramente utilitarista: os
animais são protegidos com a finalidade de garantir um hábitat saudável às atuais e futuras gerações humanas.
Desprovidos de valor próprio e de relevância jurídica no direito penal, os animais são tema de direito civil. Ainda
são estudados na atualidade brasileira, sob a influência do direito romano, como simples coisas semoventes,
como se desprovidos fossem da capacidade de sentir dor ou apego. Em jurisprudência majoritária, são apenas
objetos que possuem a capacidade de se mover e que podem proporcionar lucros aos seus proprietários.
Nathalie Santos Caldeira Gomes. Ética e dignidade animal. Internet: <www.publicadireito.com.br> (com
adaptações).
No que se refere aos aspectos linguísticos do texto CB1A2AAA, julgue o item seguinte.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CG3A1BBB
Competência é uma palavra polissêmica. Uma das razões da variabilidade de seu significado é a diversidade
dos contextos e dos campos de conhecimento em que ela é usada. Em 1986, o Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa apresentou o seguinte verbete para os usos correntes à época: Competência (do latim
competentia.) s. f. 1. Faculdade concedida por lei para um funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar
certos pleitos ou questões. 2. Qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer
determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade. 3. Oposição, conflito, luta.
Os dois primeiros sentidos, transpostos para o mundo do trabalho, indicam que a palavra competência refere-
se ou às atribuições do cargo ou à capacidade do trabalhador de apreciar, resolver ou fazer alguma coisa.
Posteriormente, o Dicionário Houaiss atribuiu dez significados ao termo. Os sete primeiros são especificações
ou derivações dos três sentidos já registrados no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Os outros
três sentidos são relacionados à gramática, à hidrografia, à linguística, à medicina e à psicologia.
Acompanhando essa tendência, a área educacional, em especial a da educação profissional, tem multiplicado
os sentidos e usos da palavra competência. Por exemplo, ao se discutir uma proposta educacional baseada em
competências, é importante especificar o conceito de competência adotado e a forma como ele é utilizado para
se discutir o modelo pedagógico decorrente.
No texto CG3A1BBB, a oração “ao se discutir uma proposta educacional baseada em competências”
exprime, no período em que ocorre, uma ideia de
a) finalidade.
b) conclusão.
c) causa.
d) consequência.
e) tempo.
Vez por outra, Damião deixava-se ficar, madrugada adentro, na Casa-Grande das Minas, vendo as danças,
ouvindo as cantigas, atraído pelo bater dos tambores. A sensação íntima de derrota pessoal, que sentia
aprofundar-se na sua consciência, levava-o a isolar-se num canto do terreiro, metido consigo. Com a morte
recente do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-lhe o lugar no Liceu.
Esperara em vão: já outro professor fora nomeado. Agora, nem sequer com o apoio do velho mestre, que ainda
lhe tinha um pouco de amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver os negros maltratados,
sem que nada pudesse fazer em seu favor. Não fazia duas semanas tinha ouvido na rua um tilintar de correntes,
à altura do Largo do Quartel, e vira uma fila de pretos, uns amarrados aos outros, submissos, descendo a Rua
do Sol. Nas conversas do Largo do Carmo, perto da coluna do Pelourinho, contavam-se novos casos de mortes
violentas de escravos, ali mesmo em São Luís. A Lei do Ventre Livre, que a imprensa da Corte havia recebido
com muita festa, não merecera o mais breve registro da imprensa de São Luís. No fundo, pensando bem, que
era essa lei senão uma burla? Os negros nasceriam e cresceriam nas senzalas, debaixo do chicote dos senhores,
e só aos vinte e um anos seriam livres. Ao fim de tanto tempo de sujeição, que iriam fazer cá fora, sem saber
em que se ocupar? E Damião sentia renascer no seu espírito o impulso da revolta, querendo denunciar a burla
e protestar contra o novo engodo à liberdade dos negros. Mas vinha-lhe o desânimo. De que adiantava o seu
protesto, se não dispunha de um jornal, se não tinha uma tribuna? Ao mesmo tempo arriava os ombros,
curvando a espinha, esmagado pela convicção de sua inutilidade e de sua derrota. Se protestasse, como ia fazer
depois para educar os filhos e sustentar a família? Além do mais, embora desempregado havia muito tempo,
não perdera a esperança de colocar-se a qualquer momento, quer de novo no Liceu, quer no Seminário de Santo
Antônio.
Josué Montello. Os tambores de São Luís. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p. 374-5 (com adaptações).
a) consequência.
b) finalidade.
c) conclusão.
d) adversidade.
e) condição.
Texto CG1A01AAA
O crime organizado não é um fenômeno recente. Encontramos indícios dele nos grandes grupos
contrabandistas do antigo regime na Europa, nas atividades dos piratas e corsários e nas grandes redes de
receptação da Inglaterra do século XVIII. A diferença dos nossos dias é que as organizações criminosas se
tornaram mais precisas, mais profissionais(b).
Um erro na análise do fenômeno é a suposição de que tudo é crime organizado(c). Mesmo quando se trata de
uma pequena apreensão de crack em um local remoto, alguns órgãos da imprensa falam em crime organizado.
Em muitos casos, o varejo do tráfico é um dos crimes mais desorganizados que existe. É praticado por um
usuário que compra de alguém umas poucas pedras de crack(e) e fuma a metade. Ele não tem chefe, parceiros,
nem capital de giro. Possui apenas a necessidade de suprir o vício. No outro extremo, fica o grande traficante,
muitas vezes um indivíduo que nem mesmo vê a droga. Só utiliza seu dinheiro para financiar o tráfico ou seus
contatos para facilitar as transações(d). A organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas fica, na
maior parte das vezes, entre esses dois extremos. É constituída de pequenos e médios traficantes e uns poucos
traficantes de grande porte.
Nas outras atividades criminosas, a situação é a mesma. O crime pode ser praticado por um indivíduo, uma
quadrilha ou uma organização. Portanto, não é a modalidade do crime que identifica a existência de crime
organizado(a).
Guaracy Mingardi. Inteligência policial e crime organizado. In: Renato Sérgio de Lima e Liana de Paula (Orgs.).
Segurança pública e violência: o Estado está cumprindo seu papel? São Paulo: Contexto, 2006, p. 42 (com
adaptações).
Texto CG1A01AAA
A definição cronológica da morte, isto é, a determinação do momento em que ela ocorreu, é de extrema
importância. Em termos jurídicos, é bastante relevante a determinação do momento de ocorrência do êxito
letal ou de seu relacionamento com eventos não ligados diretamente a ele — como no caso, por exemplo, dos
problemas sucessórios surgidos na comoriência. Também na área do direito penal, sobretudo quando se lida
com mortes presumivelmente criminosas, a fixação do momento da morte tem especial importância, pois pode
ajudar a esclarecer os fatos e a apontar autorias.
Por outro lado, os progressos da ciência médica têm tornado imperioso que o momento do óbito seja
estabelecido com o máximo rigor. De fato, a problemática ligada à separação de partes cadavéricas destinadas
a transplantes em vivos exige que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil, o que impõe, em
muitos casos, que esse procedimento seja feito em prazos curtos, iniciados com o momento da morte. É
importante, pois, que o médico estabeleça o momento de ocorrência do êxito letal com a maior precisão
possível.
Estabelecer o momento da morte é situá-la no tempo e, para situar um acontecimento no tempo, é preciso que
se tenha um conceito claro do que seja tempo. Fugindo das conceituações matemáticas ou filosóficas de
tempo, pragmaticamente aceitamos a conceituação popular de tempo, isto é, a grandeza que se mede em
minutos, horas, dias, meses ou anos. Essa tomada de posição, embora simplista e empírica, é a única que se
nos afigura capaz de contribuir para a solução do problema tanatognóstico e, consequentemente, do da
conceituação do momento da morte.
Estando a medicina legal a serviço do direito e as conceituações jurídicas estando frequentemente ligadas às
noções temporais, compreende-se que se deva esperar da medicina legal uma função cronodiagnóstica. Os
critérios cronológicos não se limitam a classificar os fatos em anteriores ou posteriores; vão mais longe. É
preciso medir o tempo que separa dois eventos, pois, como afirma Bertrand Russel, só podemos afirmar que
conhecemos um fenômeno quando somos capazes de medi-lo, e o conceito de morte está intimamente ligado
ao conceito de tempo.
José Maria Marlet. Conceitos médico-legal e jurista de morte. Internet: <www.revistajustitia.com.br> (com
adaptações).
No texto CG1A01AAA, a oração “que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil” exerce
a função de
a) sujeito.
b) adjunto adnominal.
c) predicativo do sujeito.
d) predicativo do objeto.
e) objeto direto.
Texto CB2A2BBB
O fenômeno da corrupção, em virtude de sua complexidade e de seu potencial danoso à sociedade, exige, além
de uma atuação repressiva, também uma ação preventiva do Estado. Portanto, é preciso estimular a
integridade no serviço público, para que seus agentes sempre atuem, de fato, em prol do interesse público.
Entende-se que a integridade pública representa o estado ou condição de um órgão ou entidade pública que
está “completa, inteira, perfeita, sã”, no sentido de uma atuação que seja imaculada ou sem desvios, conforme
as normas e valores públicos.
De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a integridade é mais
do que a ausência de corrupção, pois envolve aspectos positivos que, em última análise, influenciam os
resultados da administração, e não apenas seus processos. Além disso, a OCDE compreende um sistema de
integridade como um conjunto de arranjos institucionais, de gerenciamento, de controle e de regulamentações
que visem à promoção da integridade e da transparência e à redução do risco de atitudes que violem os
princípios éticos.
Nesse sentido, a gestão de integridade refere-se às atividades empreendidas para estimular e reforçar a
integridade e também para prevenir a corrupção e outros desvios dentro de determinada organização.
Ainda com relação a aspectos linguísticos do texto CB2A2BBB, julgue o item subsequente.
A supressão da expressão “que seja” não prejudicaria o sentido original do parágrafo em que está inserida, mas
lhe alteraria as relações morfossintáticas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB1A2AAA
Em linhas gerais, há na literatura econômica duas explicações para a educação ser tida como um fator de
redução da criminalidade. A primeira é que a educação muda as preferências intertemporais, levando o
indivíduo a ter menos preferência pelo presente e a valorizar mais o futuro, isto é, a ter aversão a riscos e a ter
mais paciência. A segunda explicação é que a educação contribui para o combate à criminalidade porque ensina
valores morais, tais como disciplina e cooperação, tornando o indivíduo menos suscetível a praticar atos
violentos e crimes.
Há outras razões pelas quais se podem associar educação e redução da criminalidade. Quanto maior o nível de
escolaridade do indivíduo, maior será para ele o retorno do trabalho lícito (isto é, o salário), e isso eleva o custo
de oportunidade de se cometer crime. Além disso, há uma questão relacionada à possibilidade do estado de
dependência do crime: a probabilidade de se cometerem crimes no presente está relacionada à quantidade de
crimes que já se cometeram. Dessa forma, manter as crianças na escola, ocupadas durante o dia, contribuiria a
longo prazo para a redução da criminalidade. Acredita-se, por essa razão, que haja uma relação entre maior
nível de escolaridade e redução da criminalidade. A criminalidade é uma externalidade negativa com enormes
custos sociais e, se a educação consegue diminuir a violência, o retorno social pode ser ainda maior que o
retorno privado.
R. A. Duenhas, F. O. Gonçalves e E. Gelinski Jr. Educação, segurança pública e violência nos municípios
brasileiros: uma análise de painel dinâmico de dados. UEPG Ci. Soc. Apl., Ponta Grossa, 22 (2):179-91, jul.-
dez./2014. Internet: <www.revistas2.uepg.br> (com adaptações).
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter conseguido dormir. Vinha nascendo o Sol.
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quando repentinamente viu seu nome impresso no Jornal do
Comércio.
Dizia o artigo:
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo aparecimento de uma excelente comédia, estreia de um jovem
literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Oliveira.
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai enfim entrar nos mares da publicidade, e para isso
procurou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numerosos amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. Estêvão
Soares, diante de um luzido auditório, que aplaudiu muito e profetizou no Sr. Oliveira um futuro Shakespeare.
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao ponto de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem
ao encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entusiasmo vinha possuído que o abraçou estreitamente, com
grande pasmo dos numerosos transeuntes.
Da parte de um juiz tão competente em matérias literárias este ato é honroso para o Sr. Oliveira.
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e ficamos certos de que ela fará a fortuna de qualquer teatro.
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses. São Paulo: Globo, 1997 (com adaptações).
O termo introduzido pela preposição “para” exerce a função de complemento do verbo “pedir”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Gabarito
01 C 02 E 03 C 04 C 05 C
06 C 07 E 08 B 09 A 10 E
11 D 12 C 13 C 14 E 15 A
16 C 17 C 18 E 19 B 20 C
21 C 22 E 23 E 24 E 25 E
26 C 27 E 28 E 29 C 30 C
31 E 32 C 33 E 34 E 35 C
36 E 37 C 38 E 39 E 40 C
41 E 42 B 43 B 44 C 45 NULA
46 C 47 E 48 A 49 D 50 D
51 E 52 E 53 C 54 E 55 D
56 C 57 E 58 C 59 E 60 E
Resumo Direcionado
Relações de Subordinação e Coordenação
Quando uma oração carece de alguma função sintática em sua composição, ela pode “contratar” outra
oração para desempenhar essa função que lhe falta – um sujeito, um objeto, um adjunto, .... O contratante é a
ORAÇÃO PRINCIPAL; já o contratado, a ORAÇÃO SUBORDINADA. Vamos a um exemplo?
Temos um período composto, concorda? Sim, professor! Temos duas estruturas verbais e, portanto, duas
orações no período.
Observe com atenção a primeira oração: “O centroavante avisou à Diretoria”. Minha pergunta a vocês:
essa oração é completa? Queridos, vejam que falta um componente nessa oração. Ao se escrever que o
centroavante avisou à Diretoria, a pergunta que não quer calar é: avisou o quê? Dessa forma, falta na primeira
oração um objeto direto. E quem preenche esse vazio? Em outras palavras, quem cumpre a função de objeto
direto da primeira oração? A resposta é a segunda oração: “que não renovaria o contrato ao final da
temporada”.
Moçada, se as orações que compõem o período são ambas completas do ponto de vista sintático, não
havendo lacuna qualquer a ser preenchida, dizemos que cada uma delas é COORDENADA ou que as orações
que formam o período são coordenadas entre si. Vamos a um exemplo?
Observe com atenção a primeira oração: “João é um excelente aluno”. Minha pergunta a vocês: essa
oração é completa? Temos o sujeito “João”; o verbo de ligação “é”; e o predicativo do sujeito “um excelente
aluno”. Ora, nela nada falta. Se quiséssemos, poderíamos muito bem pôr um ponto final depois de “aluno”, pois
já temos todos os elementos necessários para formar uma frase.
O mesmo raciocínio vale para a segunda oração. Nela temos o sujeito oculto “João”; o verbo de ligação
“é”; o predicativo do sujeito “preguiçoso”; e o adjunto adverbial de tempo “às vezes”. Mais uma vez, temos uma
estrutura oracional completa. Nela nada falta.
SUBSTANTIVAS
- Subjetivas
- Objetivas Diretas As orações subordinadas
substantivas são introduzidas
- Objetivas Indiretas tipicaamente por cinjunções
- Predicativas integrantes - QUE ou SE - ou
pronomes interrogativos.
- Completivas Nominais
- Apositivas
ADJETIVAS
- Restritivas - sem vírgulas As orações subordinadas adjetivas
são introduzidas tipicaamente por
- Explicativas - isolada por pronomes relativos - QUE, O(S)
Orações vírgulas, travessões ou QUAL(IS), QUEM, ONDE, CUJO(A)(S)
parênteses.
Subordinadas
ADVERBIAIS
- Causais
- Consecutivas
- Comparativas As orações subordinadas adverbiais
- Condicionais são introduzidas tipicamente por
- Concessivas conjunções subordinativas - vide lista a
- Conformativas seguir.
- Temporais
- Proporcionais
- Finais
Foi decidido que o jogo de volta seria realizado com portões fechados.
IMPORTANTE
Nas orações objetivas indiretas e completivas nominais, é normal a elipse (omissão) da preposição.
Não me convenci (de) que a proposta do Governo seria aceita pela sociedade.
Tenho uma grande meta para o próximo ano: que nosso PDF seja um dos melhores do Brasil.
É possível reescrever o período da seguinte forma: Tenho uma grande meta para o próximo ano:
ISTO.
Logo, a oração “que nosso PDF seja um dos melhores do Brasil” é subordinada do tipo
SUBSTANTIVA.
O pronome ISTO exerce a função sintática de APOSTO na oração “Tenho uma grande meta para o
próximo ano: ISTO”.
Logo, a subordinada substantiva “que nosso PDF seja um dos melhores do Brasil” desempenha função
de APOSTO. Sua classificação é ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA APOSITIVA
Exemplifiquemos:
Note que ambas são introduzidas pelo pronome relativo QUE (= OS QUAIS).
Pois bem, na frase I, dá-se a entender que apenas ALGUNS alunos acertaram a questão. Por extensão, é
possível concluir que outros erraram a mesma questão.
Já na frase II, dá-se a entender que TODOS os alunos citados acertaram a questão.
.
Isso significa que a presença ou ausência das vírgulas isolando orações de natureza adjetiva muda o sentido.
Fique atento!
Essa diferenciação tanto sintática como semântica é amplamente cobrada nas provas de concurso!
Exemplos:
Exemplos:
Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
Passo 3: Analise sintaticamente a oração adjetiva, identificando sujeito, complementos, adjuntos, etc.
Passo 4: A função desempenhada na oração pelo termo substituído pelo relativo será a função deste.
O objeto direto da forma verbal “indicou” é “o livro”. Como “livro” está representado pelo relativo
“QUE”, este desempenha o papel de OBJETO DIRETO na oração em que se encontra.
Integrantes QUE, SE
PORQUE, POIS, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, DADO QUE, DEVIDO A,
Causais COMO, PORQUANTO, NA MEDIDA EM QUE, TENDO EM VISTA QUE, HAJA
VISTA...
TAL... QUAL, TANTO... QUANTO, TAL ... COMO, QUAL, COMO, ASSIM COMO,
Comparativas COMO SE, MAIS... DO QUE, MENOS... DO QUE, MELHOR... DO QUE, PIOR ...
DO QUE
SE, CASO, DESDE QUE, CONTANTO QUE, SALVO SE, EXCETO SE, UMA VEZ
Condicionais QUE, A NÃO SER QUE, A MENOS QUE, ...
EMBORA, APESAR DE, MESMO QUE, AINDA QUE, SE BEM QUE, NEM QUE,
QUANDO, NÃO OBSTANTE. CONQUANTO, A DESPEITO DE, EM QUE PESE,
Concessivas POR MAIS QUE, POR PIOR QUE, POR MELHOR QUE, POSTO QUE,
MALGRADO, ...
QUANDO, LOGO QUE, DESDE QUE, SEMPRE QUE, MAL, BEM, ASSIM QUE,
Temporais CADA VEZ QUE, ATÉ QUE, DEPOIS QUE, ANTES QUE, ENQUANTO, ...
QUANTO MAIS ... MAIS, QUANTO MAIS ... MENOS, À PROPORÇÃO QUE, AO
Proporcionais PASSO QUE, ENQUANTO, À MEDIDA QUE
PARA QUE, A FIM DE QUE, COM O OBJETIVO DE, COM O INTUITO DE, COM
Finais O FITO DE, ...
A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
particípio.
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um sentido de tempo: Quando terminar a aula,
compareça à coordenação.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.
Tendo pouquíssimo tempo disponível, não deixava de dar atenção aos seus fãs.
A oração em destaque não está introduzida por conjunção e sua forma verbal se encontra no
gerúndio.
Reescrevendo a frase, é possível identificar nela um sentido de concessão: Apesar de ter pouco
tempo disponível, não deixava de dar atenção aos seus fãs.
Trata-se, assim, de uma oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio.
PORQUE, POIS, JÁ QUE, VISTO QUE, UMA VEZ QUE, DADO QUE, DEVIDO A,
Explicativas COMO, PORQUANTO, NA MEDIDA EM QUE, TENDO EM VISTA QUE, HAJA
VISTA...
PRONOME
Quero saber (O)QUE aconteceu.
INTERROGATIVO
CONJUNÇÃO
Estudou tanto para o concurso QUE ficou louco!
CONSECUTIVA
QUE CONJUNÇÃO
COMPARATIVA
Sou mais esperto (do) QUE você.
CONJUNÇÃO
Estuda QUE estuda, essa é sua rotina.
ADITIVA
CONJUNÇÃO
Dorme, QUE a dor passa. (=Dorme, pois a dor passa.)
EXPLICATIVA
PARTÍCULA DE
REALCE OU QUE Deus te abençoe! (= Deus te abençoe!)
EXPLETIVA
ÍNDICE DE
Não SE acredita mais nas pessoas.
INDETERMINAÇÃO
(VI, VTI ou VL + SE )
DO SUJEITO
PARTÍCULA DE
REALCE OU Foi-SE embora minha fé! (= Foi embora minha fé!)
EXPLETIVA
COMO
FIM
NÃO DESISTA!
CONTINUE NA DIREÇÃO CERTA!