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MARINA CIVITA

Avaliação da cimetidina como tratamento de melanomas em


equinos tordilhos

São Paulo
2017
MARINA CIVITA

Avaliação da cimetidina como tratamento de melanomas em equinos tordilhos

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Clínica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências

Departamento:
Clínica Médica

Área de concentração:
Clínica Veterinária

Orientador:
Profa. Dra. Carla Bargi Belli

São Paulo
2017
COMISSÃO DE ÉTICA
FOLHA DE AVALIAÇÃO

Autor: CIVITA, Marina


Título: Avaliação da cimetidina como tratamento de melanomas em equinos tordilhos

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Clínica Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências

Data: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr._________________________________________________________
Instituição:______________________________Julgamento:________________

Prof. Dr._________________________________________________________
Instituição:______________________________Julgamento:________________

Prof. Dr._________________________________________________________
Instituição:______________________________Julgamento:________________
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos pacientes equinos, cuja beleza, pureza
e docilidade encantarão a raça humana eternamente.

“There is something about the outside of a horse that is good for the inside of a man”

Sir Winston Churchill


AGRADECIMENTOS

Primeiramente e acima de todas as coisas, agradeço aos meus dois filhos


maravilhosos, Sophia e Leonardo, cujo amor, paciência e apoio foram fundamentais
para chegar onde estou hoje. Eles me mostraram que acreditar e nunca desistir dos
sonhos em momentos de tempestade são os caminhos mais árduos, mas que trazem
a tão esperada recompensa. Sem eles, certamente nada teria sentido.

Aos meus grandes amigos Alan e Allana, que ofereceram seu valioso tempo e
contribuição diária apenas pelo fato de serem meus queridos amigos. Sem seu
suporte, este trabalho não existiria.

Agradeço à minha orientadora Dra Carla Bargi Belli, que admiro e tenho imenso
carinho desde a época de minha graduação. Obrigada por acreditar em mim e me
aceitar como sou.

A Dra Cristina Massoco Salles Gomes, que disponibilizou o Laboratório de


Patologia para processamento das amostras e cuja alegria e tranquilidade sempre me
contagiaram após nossas conversas.

A grande contribuição da Fazenda do Instituto Butantã, da Cavalaria de São


Paulo e de todos os colegas e funcionários que me receberam, por abrirem suas
portas e cederem seus animais para este estudo.

Ao meu amigo e mestre da matemática, Pedro, que entendeu que eu precisava


mais do que um simples professor e me ajudou a desvendar a magia da estatística
nas nossas super aulas.

A minha querida Dra Alma Hoge. Não preciso de palavras para dizer que
sempre terá um lugar no meu coração.

Finalmente, aos meus filhos de quatro patas, que me proporcionaram colo, me


encheram de amor incondicional e me fizeram companhia dia e noite nesta longa
jornada de trabalho e total dedicação.
RESUMO

CIVITA, M. Avaliação da Cimetidina como Tratamento de Melanomas em Equinos


Tordilhos. [Evaluation of Cimetidine as Treatment for Melanomas in Grey Horses].
2017. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

Os objetivos deste trabalho foram os de avaliar a eficácia da cimetidina como única


forma de tratamento para reduzir o tamanho de melanomas localizados em região
ventral de cauda e períneo em equinos tordilhos, determinar a eficácia da droga no
controle do aparecimento de novas formações nas mesmas regiões e avaliar a
duração do tratamento com cimetidina após a sua suspensão com relação à
manutenção da redução de tamanho e do aparecimento de novas formações. Para o
desenvolvimento do trabalho foram utilizados 32 equinos tordilhos, sem restrições de
raça ou sexo, com idade entre sete e 30 anos, com melanomas em região de cauda
e períneo de até 5,0 cm de diâmetro e sem histórico anterior de tratamento com
cimetidina ou procedimento cirúrgico para esta finalidade. Os animais foram divididos
em dois grupos: 21 animais no grupo tratamento que receberam 18 mg/kg de
cimetidina por via oral, BID durante noventa dias e 11 animais no grupo controle, que
não receberam nenhuma medicação ou placebo. Os equinos foram avaliados
quinzenalmente durante o período de tratamento e monitorados mensalmente durante
150 dias após o término da administração da droga. A cimetidina, na dose de 18 mg/kg
VO BID, apresenta ação sobre os melanomas em equinos tordilhos, mas sua ação
mostrou-se bastante variável e individual, além de não apresentar efetividade na
manutenção da redução do volume após o término do tratamento.

Palavras-chave: Pelagem Tordilha. Melanoma. Cimetidina.


ABSTRACT

CIVITA, M. Evaluation of Cimetidine as Treatment for Melanomas in Grey Horses.


[Avaliação da Cimetidina como Tratamento de Melanomas em Equinos Tordilhos].
2017. 70 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

The purpose of this study was to evaluate the efficacy of cimetidine as treatment for
melanoma present in the perineal area and ventral tail of Grey horses. Reduction in
tumor volume and the capability of the drug to control the appearance of new nodules
were evaluated. Thirty two grey horses with ages ranging between sete and 30 years
and no predilection of breed or gender were used in this study. All the animals selected
had no attempted treatment prior to this study. The animals were divided in two groups:
the treatment group, consisting of 21 horses and the control group consisting of 11
animals. Cimetidine was administered at a dosage of 18 mg/kg orally twice a day for a
total of ninety days. During the lenght of treatment, the group was evaluated every two
weeks, and all the animals were monitored once a month for another 150 days after
the end of therapy. The efficacy of the treatment with cimetidine was observed in 11
animals of the treatment group which showed size reduction of the masses during the
drug administration period followed by a slight increase and stabilization at lower
volumes than the initial measures. In addition, the animals that responded to the
treatment presented a very variable and individual response.

Keywords: Grey Horse. Melanoma. Cimetidine.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Caracterização molecular do locus da mutação causadora


de despigmentação em equinos............................................ 18

Figura 2 - Animal selecionado da Cavalaria de São Paulo (A) e


animais da Fazenda do Butantã (B)..................................... 29

Figura 3 - Mensuração das formações com paquímetro digital.............. 30

Figura 4 - Imagens das formações antes (A) e depois de mapeados


(B)......................................................................................... 31

Figura 5 - Administração da cimetidina por via oral.............................. 32

Gráfico 1 - Evolução da variação média do volume das formações


tomadas isoladamente (Grupos Tratamento e Controle)...... 37

Gráfico 2 - Evolução da variação média da soma do volume das


formações por cavalo (Grupos Tratamento e Controle)......... 38

Gráfico 3 - Evolução do volume total das formações ao longo do


experimento (Grupos Tratamento e Controle)....................... 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação das médias entre os grupos Tratamento e


Controle................................................................................. 36
.
Tabela 2 - Comparação das médias entre os cavalos Jovens e cavalos
Idosos.................................................................................... 39

Tabela 3 – Comparação das médias entre os cavalos da Cavalaria e


do Butantã - Grupo Tratamento............................................ 40

Tabela 4 – Intervalos de confiança das médias dos parâmetros e


predição para um cavalo isolado – Grupo Tratamento......... 41

Tabela 5 – Intervalos de confiança das médias dos parâmetros e


predição para um cavalo isolado – Grupo
Controle................................................................................. 42

Tabela 6 – Compilação de novas formações – Grupo Controle............... 43

Tabela 7 – Compilação de novas formações – Grupo Tratamento.......... 44

Tabela 8 – Compilação de formações desaparecidas ao longo do


experimento.......................................................................... 45

Tabela 9 – Comparação do volume total de formações no início e ao


final do experimento (Grupos Tratamento e Controle) .......... 45

Tabela 10 – Evolução da soma dos volumes das formações por cavalo


– Grupo Tratamento.............................................................. 47

Tabela 11 – Variação percentual da soma de volume das formações por


cavalo nos três tempos principais – Grupo Tratamento........ 48

Tabela 12 – Evolução da soma dos volumes das formações por cavalos


– Grupo Controle................................................................... 49

Tabela 13 – Variação percentual da soma de volume das formações por


cavalo nos três tempos principais – Grupo Controle............. 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMPc Adenosina monofosfato cíclico

CD3+ Linfócito T periférico

CD4+ Linfócito T helper

CD57+ Natural killer

GDF15 Fator de Diferenciação de Crescimento 15

H1R Receptor de Histamina 1

H2R Receptor de Histamina 2

HDC L-histidina decarboxilase

HIF-1α Fator Indutor de Hipóxia 1 Alfa

IFNγ Interferon Gama

IL10 Interleucina 10

IL15 Interleucina 15

NM Não Mensurável

NR4A3 Membro 3 do Grupo A da Subfamília 4 de Receptores


Nucleares

RACK1 Receptor for activated C kinase 1

STX17 Syntaxin-17

TGF-β Fator de Crescimento Tumoral Beta

TNFα Fator de Necrose Tumoral Alfa

Treg Linfócitos T reguladores


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 16
3 OBJETIVOS .................................................................................................. 27
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 28
4.1 SELEÇÃO DOS ANIMAIS ............................................................................. 28
4.2 PROCEDIMENTOS DE MENSURAÇÃO E COLETA .................................... 29
4.3 PESAGEM E ADMINISTRAÇÃO DA CIMETIDINA ........................................ 31
4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................. 32
5 RESULTADOS ............................................................................................... 34
6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 51
6.1 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES DO MÉTODO ............................................ 51
6.2 COMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS TRATAMENTO E CONTROLE .............. 52
6.3 COMPARAÇÃO ENTRE CAVALOS JOVENS E IDOSOS ............................. 54
6.4 COMPARAÇÃO ENTRE BUTANTÃ E CAVALARIA ....................................... 55
6.5 INTERVALO DE CONFIANÇA PARA O GRUPO TRATAMENTO ................. 56
6.6 AVALIAÇÃO DO VOLUME TOTAL DE FORMAÇÕES................................... 57
6.7 SURGIMENTO DE NOVAS FORMAÇÕES – GRUPO CONTROLE .............. 57
6.8 SURGIMENTO DE NOVAS FORMAÇÕES – GRUPO TRATAMENTO ......... 58
6.9 RESPOSTA DOS ANIMAIS AO TRATAMENTO ............................................ 58
7 CONCLUSÕES .............................................................................................. 62
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 63
APÊNDICE ..................................................................................................... 69
13

1 INTRODUÇÃO

O melanoma é uma neoplasia cutânea comum em equinos que afeta, em sua


grande maioria, animais tordilhos e brancos (MOORE et al., 2013). Ele representa de
3,8 a 15% do total das neoplasias em equinos (SUNDBERG et al., 1977). Ao menos
80% dos cavalos tordilhos com mais de 15 anos irão desenvolver melanoma em um
ou vários locais, sendo que 100% dos animais apresentarão tumores caso cheguem
a viver o bastante para tal (McFADYEAN, 1933).

Uma série de estudos realizados em diversas raças demonstram que os locais


mais comuns de aparecimento dos tumores são a região ventral da cauda e a região
perineal, seguidas pelo prepúcio, comissura labial e pálpebras (FLEURY et al., 2000a;
SELTENHAMMER et al., 2003; TEIXEIRA et al., 2013).

Pesquisas iniciais descrevem o melanoma equino como sendo uma neoplasia


benigna, uma simples alteração no armazenamento da melanina, ou uma displasia de
pigmentação celular. O seu crescimento apresenta-se lento, necessitando de muitos
anos para atingir 10 cm de tamanho (FLEURY et al., 2000b). Recentemente, o
conceito de que este tipo de neoplasia tem potencial para malignidade tem sido aceito
(PHILLIPS; LEMBCKE, 2013). Segundo Scott e Miller (2011), ao menos 2/3 (66%) dos
tumores eventualmente se tornarão malignos. Em uma minoria de casos, os tumores
são altamente malignos e disseminam-se rapidamente pelas vias hematógena e
linfática (VALENTINE, 1995). O desenvolvimento de metástase, mesmo sendo
relativamente incomum em casos de melanoma, deve sempre ser considerado em
equinos tordilhos com mais de 10 anos de idade que apresentem qualquer alteração
clínica (MacGILLIVRAY; SWEENEY; DEL PIERO, 2002).

Um dos tratamentos recomendados na literatura é a excisão cirúrgica das


formações com remoção completa do tecido tumoral com margem de segurança, o
que é efetivo principalmente em lesões pequenas e benignas (PHILLIPS; LEMBCKE,
2013). Porém, a decisão da remoção das formações através de cirurgia depende de
diversos fatores como: taxa de crescimento dos melanomas, idade do paciente,
presença ou ausência de necrose e infecção, comprometimento funcional e potencial
para futuras complicações (GROOM; SULLINS, 2017). O tipo de melanoma envolvido,
seu tamanho e localização também são importantes para decidir qual o tratamento
14

mais efetivo uma vez que a excisão cirúrgica da melanomatose dérmica e de


formações que envolvam uma grande extensão de invasão tecidual não é viável
(VALENTINE, 1995.; MacGILLIVRAY; SWEENEY; DEL PIERO, 2002).

A cimetidina, um antagonista de receptor H2 de histamina, tem sido utilizada


como tratamento do melanoma equino devido a propriedades imunomodulatórias e
antitumorais (LAUS et al., 2010). Há evidencias de que a histamina possui um papel
modulador na regulação da imunidade tumoral devido a um padrão de expressão
anormal de citocinas via receptores H2 (KUBECOVA et al., 2011). A cimetidina age
bloqueando o estímulo que a histamina exerce sobre células T-supressoras para sua
ativação (KNOTTENBELT, 2009). Estudos em humanos e camundongos demonstram
que o acúmulo de células supressoras (Tregs) no tecido tumoral e linfonodo de
pacientes oncológicos estão correlacionados com a progressão tumoral e um pior
prognóstico (GABRILOVICH; OSTRAND-ROSENBERG, BRONTE, 2012). Outros
mecanismos de ação foram demonstrados na sua utilização em certas neoplasias
humanas, porém, na Medicina Veterinária, ainda existe a necessidade de mais
estudos comparativos para avaliar a efetividade da cimetidina em diferentes tipos de
melanomas assim como seus diferentes mecanismos de ação (LAUS et al., 2010;
KUBECOVA et al., 2011).

Existem relatos de tratamentos bem-sucedidos, onde o fármaco foi capaz de


causar uma redução de até 90% no tamanho e quantidade de massas tumorais em
dois de três equinos avaliados (GOETZ et al., 1990), porém outros trabalhos não
conseguiram obter os mesmos resultados positivos (FINTL; DIXON, 2001; LAUS et
al., 2010). A dosagem de cimetidina para o tratamento de melanoma equino na
literatura varia desde 1,6 mg/kg SID a 7,5 mg/kg BID por via oral (GOETZ et al., 1990;
LAUS et al., 2010). Segundo Robinson e Sprayberry (2009), o tratamento para
redução de tumores tem duração de 2 meses e a dosagem recomendada é de 2,5 a
4,0 mg/kg TID por via oral. Na prática, é observado que alguns animais não
respondem às doses baixas indicadas na literatura, porém apresentam boa resposta
quando utilizadas as doses recomendadas para o tratamento de úlcera gástrica.

A falta de estudos que proporcionem similaridade em protocolos de


administração, metodologia, apresentação clínica e dosagem impossibilita uma
comparação para comprovação da eficácia da cimetidina como método de tratamento
em melanoma equino (LAUS et al., 2010). A padronização das técnicas, assim como
15

mais estudos sobre os mecanismos de ação da droga e de sua função antitumoral se


fazem necessários para comparar e avaliar a efetividade deste fármaco como forma
de tratamento de melanoma em equinos de pelagem tordilha.
16

2 REVISÃO DE LITERATURA

Os tumores melanocíticos em equinos são uma afecção reconhecida há


centenas de anos e a causa de seu desenvolvimento ainda não é completamente
conhecida (VALENTINE, 1995; FLEURY et al., 2000b; PHILLIPS, LEMBCKE, 2013).
Podem ser facilmente reconhecidos devido à sua pigmentação escura característica,
porém os tumores podem por vezes apresentar áreas despigmentadas (PHILLIPS,
LEMBCKE, 2013). Diversos estudos foram descritos sugerindo diferentes formas
terapêuticas, porém não existe até o momento um tratamento eficiente para estágios
avançados de melanoma em equinos (MOORE et al., 2013). Em humanos, as
estratégias de tratamento utilizadas não têm causado um impacto significante em
sobrevida ou mortalidade de pacientes, ressaltando-se ainda mais a necessidade de
investigação dos mecanismos moleculares da gênese tumoral do melanoma (ÜNAL
et al., 2015).

O tamanho das formações é bastante relevante já que está associada ao


aparecimento de manifestações clínicas e ao prognóstico (VALENTINE, 1995). Os
tumores podem variar de 0,2 a 20 cm de diâmetro e, dependendo de sua localização,
podem causar uma série de manifestações clínicas (KNOTTENBELT, 2009; MOORE
et al., 2013). No caso dos melanomas localizados na região perineal e ventral de
cauda, o animal pode apresentar dificuldades para defecar, cólicas, diarreia, caquexia
e infecções secundárias das lesões ulceradas, além de efeitos de compressão
causados por possível metástase (MOORE et al., 2013; PHILLPIS, LEMBCKE, 2013).

O mercado australiano de carne equina também é afetado devido a áreas de


metástase que podem estar presentes nas carcaças dos animais. Na Austrália
(SUTTON; COLEMAN, 1997), por exemplo, a exportação deste tipo de carne para
consumo humano é um negócio pequeno, porém significativo. Animais de pelagem
tordilha não são aceitos para este propósito devido ao alto risco das carcaças
possuírem lesões viscerais bastante pigmentadas, muitas envolvendo a musculatura
esquelética, o que desvaloriza e inutiliza a carne. A regulamentação do país declara
que as carcaças afetadas devem ser descartadas. Os abatedouros adquirem os
animais em lotes e a presença de animais de pelagem tordilha desvaloriza os lotes e
causa perdas econômicas às empresas (SUTTON; COLEMAN, 1997). A habilidade
17

de predizer e extensão da doença ante-mortem auxiliaria a minimizar estas perdas


econômicas.

Os nódulos se originam da transformação de melanócitos “normais” e da


alteração do metabolismo da melanina como causa inicial (LAUS et al., 2010;
PHILLIPS; LEMBCKE, 2013). Estudos recentes sugerem que o desenvolvimento
destas formações se deve a mutações genéticas que alteram o metabolismo
molecular da melanina através do aumento da atividade dos melanócitos, criando
assim uma produção exacerbada de melanina e transformando estes melanoblastos
hiperplasiados em células tumorais (PHILLIPS; LEMBCKE, 2013).

Outros autores investigaram um possível componente hereditário no


desenvolvimento de melanomas. Seltenhammer et al. (2003) conduziram um estudo
com 296 equinos da raça Lipizzaner, onde 50% dos animais utilizados apresentavam
melanomas. Esta raça é o resultado de 400 anos de “inbreeding”, demonstrando
assim que o fator genético poderia contribuir para uma incidência maior de melanoma,
sugerindo existir uma predisposição hereditária. Um resultado semelhante foi obtido
nos animais da raça Camargue, que apresenta maior heterogenicidade, onde a
incidência da doença foi de 31,4% (FLEURY et al., 2000a). Em ambos estudos, a
maioria dos tumores localizavam-se em base de cauda, região perineal e perianal.

Teixeira et al. (2013) obtiveram resultados que demonstraram que a severidade


e a incidência de melanomas em uma população de mais de 300 cavalos tordilhos da
raça Quarto de Milha era de 16%, ou seja, menor do que as encontradas nas demais
raças já estudadas. Este resultado poderia ser explicado devido à ausência de
interesse na pelagem tordilha nesta raça.

A hipótese de que uma mutação genética responsável pela gradual


despigmentação folicular também seria responsável pela formação de melanomas em
equinos tordilhos foi proposta por Pielberg et al. (2008) e tem sido pesquisada desde
então. As duas alterações estariam associadas a uma duplicação de 4.6kb do intron
6 do gene syntaxin-17 (STX17) e do gene vizinho Membro 3 do Grupo A da Subfamília
4 de Receptores Nucleares (NR4A3). A duplicação (Figura 1) foi detectada em todos
os fenótipos tordilhos em mais de oitocentos animais de 14 raças diferentes
(PIELBERG et al., 2008). Os autores sugerem que a alteração de regulação do STX17
e do NR4A3 leva a uma proliferação dos melanócitos do folículo piloso causando uma
18

depleção gradual de células tronco progenitoras e perda de pigmentação com o


avanço da idade. Ao mesmo tempo, a perda de controle de um ou ambos os genes
levam à proliferação dos melanócitos da derme na pele desprovida de pelos causando
uma hiperpigmentação,1 predispondo assim o cavalo tordilho ao desenvolvimento de
melanomas. As células tronco dos melanócitos presentes no folículo do pelo sofrem
diferenciação e morrem durante o processo de pigmentação enquanto que os
melanócitos presentes na derme sobrevivem ao ciclo folicular. Esta descoberta
fornece evidências de que há uma compartimentalização bem definida entre as
subpopulações de melanócitos da derme e do folículo piloso (PIELBERG et al., 2008).
A investigação de Pielberg et al. (2008) trouxe novas perspectivas dos possíveis
papéis destes genes nas características de pigmentação tanto do pelo quanto da pele
e no desenvolvimento de tumores cutâneos.

Figura 1 - Caracterização molecular do locus da mutação causadora de despigmentação em equinos

Fonte: PIELBERG et al., 2008

Observa-se a expansão do número de cópias da duplicação do STX17 em


tumores mais agressivos, sugerindo assim que a mesma está relacionada a um
elemento amplificador de melanoma (SUNDSTRÖM et al., 2012). Em um estudo
conduzido por Seltenhammer et al. (2014) envolvendo um modelo in vitro de duas
linhagens de células representando um estágio primário e um estágio metastático de
melanoma de equinos tordilhos, demonstrou-se que as células do estágio metastático
possuíam de cinco a oito cópias da sequência duplicada de STX17, enquanto que a
primeira linhagem possuía apenas três cópias. Estas mesmas células possuíam um
maior potencial oncogênico caracterizado por maior taxa de crescimento, alta
19

capacidade de invasão e adesão e maior tamanho de tumor (SELTENHAMMER et al.,


2014).

Devido à dificuldade de diagnosticar o grau de malignidade em proliferações


melanocíticas de equinos, a pesquisa por um marcador molecular de malignidade
tornou-se extremamente importante (SELTENHAMMER, et al.; 2004). O RACK 1
(Receptor for activated C kinase 1), uma proteína que funciona como ponto de
ancoragem para a proteína C quinase, tem um papel vital na sinalização celular e foi
associada com a transformação em tumores melanocíticos (CAMPAGNE et al., 2012).
Estudos sugerem que o nível de expressão de RACK1 pode ser utilizado como
marcador na diferenciação entre tumores melanocíticos benignos e malignos
(CAMPAGNE et al., 2012). Este biomarcador foi detectado, através de
imunofluorescência, nas células de melanoma em tumores primários de suínos e
pacientes humanos, porém não foi encontrado em melanócitos normais cutâneos ou
em proliferações tumorais benignas (EGIDY et al., 2008). O estudo conduzido por
Campagne et al. (2012) demonstrou que a distribuição celular de RACK1 reflete a
progressão e agressividade do melanoma: quanto mais homogênea e difusa é a
distribuição citoplasmática do marcador, mais agressivo é o melanoma. Os resultados
também comprovam que o padrão de distribuição celular de RACK1, homogêneo em
tumores malignos e heterogêneo em tumores benignos, permanece constante por
toda a extensão da lesão.

O Fator de Diferenciação de Crescimento 15 (GDF-15), um membro da


superfamília dos Fatores de Crescimento Transformadores Beta (TGF-β), foi alvo de
estudo de Boyle et al. (2009), onde a análise de 53 linhagens celulares de melanoma
por imuno-histoquímica demonstrou a presença de baixa expressão de GDF-15 em
melanomas primários enquanto que todos os melanomas metastáticos apresentaram
alta expressão de GDF-15. Os resultados confirmaram uma diferença significativa na
expressão da proteína entre amostras de melanoma maligno de linfonodos
acometidos por metástase e linfonodos normais ou que possuíam nevos benignos
(BOYLE et al., 2009). Consistentemente, em resultados de vários estudos recentes, o
GDF-15 encontrou-se sobre-expressado em células de melanoma e foi associado à
invasão e metástase tumoral, através da redução de adesão celular e angiogênese
com a indução da proteína HIF-1α e seus genes alvo (ÜNAL et al., 2015).
20

De maneira geral, melanomas em animais tordilhos não são invasivos e


aumentam seu tamanho muito lentamente ou demonstram “dormência” por longos
períodos (McFADYEAN, 1933; SELTENHAMMER et al., 2003). Na maioria dos casos,
os tumores apresentam-se encapsulados e nunca metastatizam, embora, em certas
ocasiões, estas formações possam metastatizar tardiamente, tornando-se letais
(SELTENHAMMER et al., 2003). A verdadeira incidência de melanoma metastático
ainda é desconhecida já que na grande maioria dos casos as amostras não são
submetidas a exame histológico (MacGILLIVRAY; SWEENEY; DEL PIERO, 2002).
Metástase pode dar-se tanto pela via hematógena como pela via linfática e o
envolvimento de diversos órgãos pode causar manifestações clínicas variadas e
inespecíficas no paciente.

Um estudo conduzido por MacGillivray, Sweeney e Del Piero (2002)


demonstrou que, em uma população de 101 animais diagnosticados com melanoma
no período de 1990 a 2001, a taxa de metástase nestes pacientes foi de
aproximadamente 14%. Destes 14 cavalos tordilhos acometidos por metástase, 86%
tinham mais de 14 anos (MacGILLIVRAY; SWEENEY; DEL PIERO, 2002). Metástase
foi a causa da morte de 12 dos 14 animais e estes cavalos apresentavam
comprometimento, principalmente de linfonodos, tanto regionais quanto satélites,
vasos sanguíneos, pulmões, baço, fígado, mesentério, superfície serosa intestinal,
abdômen, mediastino, músculo esquelético, glândula parótida, medula óssea e
vértebras (MacGILLIVRAY; SWEENEY; DEL PIERO, 2002). Os locais menos
frequentes de disseminação do tumor foram glândulas adrenais, rim, diafragma,
coração, bolsas guturais e glândula mamária (MacGILLIVRAY; SWEENEY; DEL
PIERO, 2002).

Em um artigo de revisão, Fintl e Dixon (2001) descreveram cinco casos de


melanoma em região de glândula parótida em equinos tordilhos e, ao exame de
necropsia, comprovou-se metástase em dois dos animais acometidos com
disseminação do tumor em linfonodos retrofaríngeos, submandibulares e pré-
escapulares, veia jugular, bolsas guturais, pulmões, baço e fígado. Outro relato de
animal tordilho de quinze anos de idade com histórico de perda de peso progressiva,
depressão, anorexia, pirexia e edema em região de tórax apresentou, ao exame post-
mortem, metástase em vários órgãos, dentre eles o mediastino, medula espinhal em
21

região de vértebra T13, bolsa gutural, meninges, tecido pulmonar, pleura e esôfago
(METCALFE et al., 2013).

Segundo Valentine (1995), o exame histopatológico não é suficiente para


predizer o potencial metastático dos tumores e se faz necessário estabelecer um
sistema de marcadores confiáveis para esta finalidade. Em seu estudo retrospectivo,
a autora descreve a classificação de ao menos quatro formas distintas de tumores
melanocíticos em equinos: nevo melanocítico, melanoma dérmico, melanomatose
dérmica e melanoma anaplásico maligno. Cada tipo possui características clínicas,
histológicas e comportamentais específicas. Em algumas circunstâncias, os tumores
melanocíticos são difíceis de classificar, como é o caso do melanoma dérmico e a
melanomatose dérmica, que são geralmente indistinguíveis histologicamente
(VALETINE, 1995). Já em uma investigação conduzida por Fleury et al. (2000a), os
tumores foram divididos, baseando-se em suas características histológicas, em
melanomatose, descritos como nódulos muito pigmentados, presença de atipia celular
ambígua, reduzido número de figuras mitóticas e localização dérmica, e o anaplásico,
de incidência baixa, mau prognóstico, mitose frequente, notável atipia celular e
localização epidérmica.

A cimetidina, o mais antigo dos antagonistas de receptor tipo 2 da histamina


(H2) clinicamente utilizados, é empregado principalmente no tratamento de úlceras
gástricas e duodenais, refluxo gastroesofágico e profilaticamente em condições que
possam aumentar consideravelmente a acidez gástrica (KUBECOVA, 2011). Em
humanos, é rapidamente absorvida no trato gastrintestinal, sofre metabolismo
hepático e é cerca de 70% biodisponível após administração oral (ADAMS, 2003).
Segundo um estudo conduzido por Smyth et al. (1990), a biodisponibilidade da
cimetidina administrada por via oral em equinos é diferente da observada em
humanos. Em cavalos, este valor está em torno de 12,3% a 47,2%. Estes baixos
valores de biodisponibilidade devem-se, provavelmente, a absorção incompleta ou
degradação da cimetidina no trato gastrintestinal da espécie (SAMS et al., 1997).
Apesar deste fato, o fármaco se mostra um efetivo inibidor de secreção de ácido
gástrico, indicando assim que os receptores gástricos de H2 nos cavalos são muito
mais sensíveis ao antagonista do que na espécie humana ou que os sítios de ligação
dos receptores interajam de forma distinta com seu antagonista (SMYTH et al., 1990).
22

A meia-vida plasmática da cimetidina em humanos é de cerca de uma a duas


horas, mas pode ser prolongada na presença de hepatopatia, alimento ou nefropatia.
Em equinos, este valor está em torno de 2.23 ± 0,64 horas, indicando que a droga é
amplamente distribuída e rapidamente removida nesta espécie (SMYTH et al., 1990).
A excreção se dá através da urina, com 60% do fármaco inalterado, por filtração
glomerular e secreção tubular. O restante é biotransformado em sulfóxido inativo
(SAMS et al., 1997). Em equinos, a clearance renal varia entre 2.19 e 6.23 /min/kg e
é de extrema importância, uma vez que representa 36.3% a 81.8% do clearance do
plasma (SAMS et al., 1997).

As dosagens recomendadas por via oral de cimetidina para o tratamento de


úlceras gástricas em equinos variam de 8,8 mg/kg a 48 mg/kg em dose única ou em
doses divididas (SMYTH, 1990), onde a dose mais baixa foi estabelecida baseada em
observações na supressão de secreção de ácido gástrico por um período de duas a
oito horas pós-administração e a dose mais alta baseou-se em resultados de estudos
farmacocinéticos e uma concentração plasmática alvo do fármaco de 1,0 µg/mL
(SAMS et al., 1997). No experimento realizado por Sams et al. (1997), a concentração
plasmática máxima alcançada após administração de cimetidina por via oral na dose
de 4,0 mg/kg variou entre 0,24 a 0,5 µg/mL e foram observadas 90 a 180 minuto após
a administração do fármaco. Já no estudo conduzido por Smyth et al. (1990) o pico de
concentração plasmática alcançado foi de 1,81 ± 0,82 µg/mL e ocorreu
aproximadamente 84 a 140 minutos após a administração da cimetidina na dose de
10 mg/kg por via oral em dose única. Observa-se, portanto, que a dose de
administração da droga é um fator importante para conseguir alcançar um pico de
concentração plasmática maior em pacientes equinos.

A administração de cimetidina por via oral na dose de 20 mg/kg BID em um


total de sete administrações em cavalos atletas levou a um aumento na meia-vida
sérica do fármaco (7.05 ± 1.02 horas) quando comparado aos demais estudos, porém
esta diferença poderia ser atribuída à maior sensibilidade analítica do teste utilizado e
nas diferenças no protocolo de amostragem (KNYCH et al., 2016).

Em humanos, quando a cimetidina é administrada em jejum, ocorre um


segundo pico de concentração plasmática três horas após a administração
(PANTZIARKA et al., 2014), porém este fato não foi observado nos estudos
conduzidos em equinos.
23

Devido à sua suposta ação imunomoduladora, a cimetidina vem sendo


vastamente analisada na literatura nos últimos anos como método de tratamento
clínico para melanoma em equinos de pelagem tordilha e para uma grande variedade
de neoplasias humanas. O fármaco estimula o sistema imune e exerce efeitos
antitumorais através de diversos mecanismos, porém a sua efetividade clínica ainda
permanece questionável (NATORI et al., 2005; PHILLIPS; LEMBCKE, 2013). Os
resultados dos estudos em equinos variaram desde uma redução de até 90% do
volume das formações em dois de três animais tratados (GOETZ et al., 1990) até
nenhuma efetividade comprovada da droga (FINTL; DIXON, 2001; LAUS et al.,2010).
É utilizada como uma imunoterapia inespecífica que tem como alvo indireto as células
tumorais e antígenos tumorais relacionados pois age bloqueando os receptores H 2 de
células do sistema imune (KUBECOVA et al., 2011; PHILLIPS; LEMBCKE, 2013).

O interesse pelo potencial antitumoral da cimetidina em humanos foi


inicialmente relatado em um estudo conduzido por Burtin et al (1988) onde 27 de 31
pacientes que apresentavam estágios avançados de neoplasias foram tratados com
a combinação de histamina e cimetidina e obtiveram uma melhora clínica. A
suspensão da administração das substâncias induziu a uma recidiva em alguns
pacientes, revertida após a repetição do protocolo de tratamento (BURTIN et al.,
1988). Estudos subsequentes, que focaram especialmente na ação imunomoduladora
da cimetidina em animais, deram início a muitos estudos clínicos discutindo o papel
desta droga na oncologia (PANTZIARKA et al., 2014).

A ativação dos receptores H2 resulta em uma série de respostas fisiológicas,


incluindo estímulo das células T supressoras (Treg), diminuição da quimiotaxia e
ativação de neutrófilos e basófilos, proliferação de linfócitos e ativação de células
natural killer. Estes receptores são potentes estimuladores da produção de AMP
cíclico (AMPc) (SHAHID et al., 2009).

A histamina é um potente mediador de numerosas reações fisiológicas e


pertence à classe das aminas biogênicas (FALUS; GILICZE, 2014). É sintetizada a
partir do aminoácido histidina, sob ação da enzima L-histidina decarboxilase (HDC), a
qual contém piridoxina (vitamina B6) (CRIADO et al., 2010). Uma grande variedade
de tumores expressa HDC e os mesmos podem secretar grandes quantidades de
histamina de forma autócrina ou parácrina (PANTZIARKA et al., 2014). Esta
substância é altamente pleiotrópica e possui múltiplas funções que envolvem a
24

resposta imune inflamatória, secreção gástrica e atuação como neurotransmissor


(PANTZIARKA et al., 2014). Em humanos, as células e tecidos do melanoma, mas
não os melanócitos normais, expressam HDC e contém uma grande concentração de
histamina (MEDINA; RIVERA, 2010). Estas apresentam receptores para a mesma, e
a histamina, tanto endógena quanto exógena tem a habilidade de regular o
crescimento das células de melanoma, o que sugere a existência de uma regulagem
autócrina e parácrina mediada por esta substância (HEGYESI et al., 2001; FALUS;
GILICZE, 2014). Diversos estudos in vivo com modelos animais utilizando enxertos
de melanoma demonstraram que tanto a histamina endógena quanto a exógena
possuem a capacidade de estimular crescimento tumoral enquanto que os
antagonistas dos receptores H2 inibem este efeito (TOMITA; OKABE, 2005).

O melanoma possui a capacidade não só de produzir e secretar histamina no


ambiente tumoral, como também o de detectar a presença da substância através da
expressão dos receptores H1R e H2R. Notavelmente, a histamina consegue influenciar
o sistema imune no microambiente tumoral muito eficientemente, podendo fazer o
mesmo em nível de apresentação de antígeno em linfonodos de drenagem (FALUS;
GILICZE, 2014). A histamina derivada do tumor deve ser incluída como um fator de
extrema importância no processo que envolve a interação entre o tecido tumoral e as
células do sistema imune infiltradas, pois sua presença pode agir como estimulante
ou supressor de crescimento tumoral dependendo do equilíbrio de receptores de
histamina local (FALUS et al., 2001).

Em um modelo tumoral experimental utilizando camundongos CT-26 Balb/c, a


administração diária de cimetidina inibiu o aumento de volume e peso tumoral após o
sexto dia de inoculação. A droga também reverteu a supressão da expressão de
citocinas teciduais, como LT-α, TNF-α, IFN-ᵞ, IL-10 e IL-15. Neste caso, os efeitos da
cimetidina no crescimento tumoral podem ter sido mediados pela restauração de
expressão local de citocinas exercendo assim um efeito antitumoral (TAKAHASHI et
al., 2001).

Os efeitos imunomoduladores pré-operatórios da cimetidina sobre os linfócitos


T de sangue periférico (CD3+), natural killers (CD57+) e linfócitos T-helper (CD4+) de
pacientes que possuíam câncer no sistema gastrintestinal foram avaliados por Lin et.al
(2004) em um ensaio clinico envolvendo 49 pacientes humanos. O tratamento iniciou-
se sete dias antes do procedimento cirúrgico e foi mantido até dez dias pós cirurgia.
25

O exame histopatológico dos tumores removidos foi efetuado para analisar a presença
de linfócitos tumorais infiltrados em sua margem (LIN et al., 2004). Os pacientes do
grupo tratado com a cimetidina demonstraram resposta favorável nos parâmetros
referentes à imunidade celular através de um lento, mas constante aumento nas
concentrações de CD3+ e CD4+, comprovando assim sua efetividade como droga
imunomoduladora nas células do sistema imune em sangue periférico, acelerando a
recuperação celular. A administração do fármaco demonstrou estimular a resposta de
linfócitos tumorais infiltrados no sítio do tumor, fator crucial para o controle e restrição
de crescimento tumoral e regressão da agressividade da formação (LIN et al., 2004).

Além de sua atividade imunomoduladora, há evidencias de que a cimetidina


possui efeito antitumoral através de diferentes mecanismos, como interferência na
adesão celular, angiogênese e proliferação de células tumorais (PANTZIARKA et al.,
2014). A abundância de evidência clínica demonstra que a cimetidina possui efeitos
terapêuticos em uma grande variedade de tipos de neoplasias, principalmente em
tumores do trato gastrintestinal, melanoma e carcinoma de células renais. Também
existem evidências in vivo e in vitro que estes resultados estão relacionados ao seu
efeito imunomodulador. Porém, há indícios de que este efeito esteja além de sua ação
direta sobre os receptores H2 e que esta substância pode possuir efeitos diferentes
dos previstos (off-target), não compartilhados por outros antagonistas de H2
(PANTZIARKA et al., 2014).

Apesar dos bons resultados obtidos por Goetz et al. (1990) na utilização da
cimetidina para tratar melanoma em três equinos tordilhos na dose de 2,5 mg/kg TID
por via oral, estudos subsequentes não conseguiram proporcionar, na grande maioria
dos casos, evidências convincentes dos benefícios do fármaco (KNOTTENBELT,
2009). Em certos experimentos, alguns animais pareceram responder, porém o efeito
clínico é muitas vezes difícil de quantificar. O trabalho conduzido por McGillivray,
Sweeney e Piero (2002) administrou cimetidina em cinco cavalos, na dose de 2,5
mg/kg TID por via oral, onde três deles receberam a vacina autóloga associada ao
tratamento com a droga. Tanto os veterinários responsáveis quanto os proprietários
dos pacientes relataram sucesso parcial com relação ao retardo de crescimento
tumoral, porém esta afirmação foi feita baseada unicamente em uma avaliação
subjetiva. O fato do autor empregar uma combinação de protocolos de tratamento
dificultou a avaliação da eficácia do tratamento com cimetidina.
26

Anos mais tarde, Laus et al. (2010) testaram a droga em 10 animais utilizando
duas doses variadas de cimetidina por um período de 60 dias e observaram uma
diminuição de volume das formações, mas não na redução do número de formações,
das regiões ventral de cauda e perianal de um animal. O primeiro grupo recebeu o
fármaco na dose de 3,5 mg/kg BID por via oral e no segundo grupo foi administrada
na dose de 7,5 mg/kg SID por via oral. Este efeito foi documentado após a primeira
semana de tratamento, seguido por um aumento e estabilização do tamanho das
formações em valores menores dos que apresentados na primeira avaliação. Na
literatura indica-se que, caso a droga venha a apresentar resultados favoráveis, estes
surgirão durante as primeiras seis semanas de tratamento e a administração da
cimetidina deve ser mantida diariamente até que não se observem mais sinais de
melhora (KNOTTENBELT, 2009).
27

3 OBJETIVOS

• Avaliar a eficácia da utilização da cimetidina como única forma de tratamento


para reduzir o tamanho de melanomas localizados em região ventral de cauda
e períneo.
• Determinar a eficácia da cimetidina no controle do surgimento de novas
formações nas mesmas regiões.
• Avaliar a duração do efeito do tratamento com a cimetidina após sua suspensão
em relação à manutenção da redução de tamanho e do aparecimento de novas
formações.
28

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 SELEÇÃO DOS ANIMAIS

Para o desenvolvimento do projeto foram selecionados trinta e dois equinos


tordilhos com idade entre sete e 30 anos, sem restrição de raça e sexo, que
apresentavam melanomas em região ventral de cauda e períneo, com até 5,0 cm de
diâmetro e sem histórico anterior de tratamento com cimetidina ou procedimento
cirúrgico para esta finalidade. Os animais recrutados pertenciam à Cavalaria de São
Paulo e à Fazenda do Instituto Butantã. Os equinos foram divididos aleatoriamente
em dois grupos: o grupo tratamento contendo 21 animais, sendo 13 da Fazenda do
Butantã, oito da Cavalaria de São Paulo; e o grupo controle, contendo 11 animais,
sendo seis pertencentes à Fazenda do Instituto Butantã e cinco pertencentes à
Cavalaria de São Paulo. Todos os animais da Fazenda do Butantã foram afastados
de serviço, porém os animais da Cavalaria de São Paulo permaneceram em suas
atividades rotineiras até o final do projeto (Figura 2).

As formações dos dois grupos de equinos foram avaliadas e mensuradas


quinzenalmente durante o decorrer do tratamento e mensalmente após o término da
administração da droga. O grupo tratamento recebeu 18 mg/kg de cimetidina por via
oral, BID durante noventa dias. Os animais do grupo controle não receberam nenhum
tipo de placebo. Os cavalos foram avaliados de fevereiro a novembro de 2016 na
Fazenda do Butantã e de março a dezembro de 2016 na Cavalaria de São Paulo,
totalizando 240 dias de monitoramento.
29

Figura 2 – Animal selecionado da Cavalaria de São Paulo (A) e animais da Fazenda do Butantã (B)

A B

Fonte: (CIVITA, M., 2016)

4.2 PROCEDIMENTOS DE MENSURAÇÃO E COLETA

Os cavalos foram inicialmente avaliados com exame físico, hemograma,


pesagem (utilizando uma fita de peso na Cavalaria e uma balança na Fazenda do
Butantã) e mensuração de todas as formações com um paquímetro digital (Figura 3).
As formações também foram descritas com relação a sua localização e características
(único, múltiplo, ulcerado, não ulcerado). Estas foram fotografadas em todas as visitas
para registro, monitoramento e exata localização.
30

Figura 3 – Mensuração das formações com paquímetro digital

Fonte: (CIVITA, M., 2016)

As visitas às propriedades foram feitas quinzenalmente durante a duração do


tratamento e mensalmente após o término de administração da cimetidina (ou após o
mesmo período no grupo Controle) por um período de 150 dias. Previamente à
mensuração, era efetuada a tricotomia, lavagem da base de cauda e períneo com
água e detergente líquido para remoção de pelos e fezes. Após secagem com papel
toalha, a mensuração era efetuada com paquímetro digital (DEXTER Digital Caliper
three button within 300 mm). Em seguida à mensuração, os melanomas eram pintados
com corretor líquido e mapeados através de registros fotográficos (Figura 4). Para
cada formação foi feita a estimativa do seu volume baseado no produto das três
dimensões mensuradas (comprimento, largura e espessura).
31

Figura 4 – Imagens das formações antes (A) e depois de mapeados (B).

A B

Fonte: (CIVITA, M., 2016)

4.3 PESAGEM E ADMINISTRAÇÃO DA CIMETIDINA

A pesagem da cimetidina (VET FÓRMULA – Fármácia de Manipulação


Veterinária) deu-se de acordo com o peso obtido de cada animal e do cálculo do
mesmo com a dose estipulada pelo estudo. Foi utilizada uma balança de precisão
(POCKET SCALE MH-500 – 500g/0.1g) e a droga foi separada em embalagem
plástica com envelope adesivo para um total de 30 dias de administração por cavalo,
ou seja, 60 embalagens individuais por animal. Este procedimento repetiu-se por três
vezes até o término do tratamento. A cimetidina foi diluída em 50 mL de água e
administrada por via oral, duas vezes ao dia, durante um período de 90 dias (Figura
5). Devido ao seu forte sabor amargo, alguns animais não aceitaram bem a
administração do fármaco diretamente na boca e adotou-se então a mistura do mesmo
à ração da manhã e da tarde. Este procedimento foi utilizado pela Cavalaria de São
Paulo para facilitar manejo e forma de administração, além de melhorar a aceitação
da cimetidina pelos pacientes.
32

Figura 5 – Administração da cimetidina por via oral

Fonte: (CIVITA, M., 2016)

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

O presente experimento utilizou o Teste de Hipóteses na análise estatística


para avaliar se houve diferença significativa entre o volume total (pela porcentagem
de aumento ou diminuição) dos melanomas do Grupo Tratamento e do Grupo Controle
em três momentos distintos: início do experimento (D0) versus final do tratamento
(D90), final de tratamento (D90) versus final do experimento (D240) e início do
experimento (D0) versus final do experimento (D240). Também foram calculados o
volume total e a média do volume de tumores de cada animal individualmente antes
do início do tratamento (D0), final do tratamento (D90) e final do experimento (D240).
Efetuou-se a compilação de nódulos novos e de nódulos que desapareceram ao longo
do período do experimento como análise suplementar da efetividade do tratamento.
Por último, acompanhou-se a soma dos volumes dos tumores de todos os animais ao
início e ao final do experimento de forma a avaliar, globalmente, a efetividade do
tratamento com cimetidina.
33

Os animais dos dois grupos foram separados por idade para analisar se esta
variável teria alguma influência na efetividade da resposta ao tratamento com
cimetidina. A divisão foi feita da seguinte forma: classificaram-se de “jovens” os
equinos com até 14 anos de idade e de “idosos” os que tinham quinze anos ou mais.
Investigação semelhante foi feita para analisar a influência do manejo na resposta ao
tratamento e neste caso, os animais foram classificados por estabelecimento (Instituto
Butantã e Cavalaria de São Paulo). Considerou-se o valor de p≤0,05 como indicativo
de significância estatística.

A partir da análise da evolução do volume total dos melanomas nos três


instantes previamente apresentados, foram construídos intervalos com 95% de
confiança para a média das seguintes variáveis: variação do volume total dos tumores
por cavalo, variação da média do volume das neoplasias por animal e diferença de
resposta dos animais de acordo com seu respectivo grupo (Controle versus
Tratamento). Uma vez obtidos os intervalos de confiança, foram efetuados testes de
hipóteses para avaliar se as variáveis em questão apresentaram diferença
estatisticamente significativa entre os animais dos grupos Tratamento e Controle.

Com os dados apresentados, foram realizados os seguintes testes de


hipóteses, cujos parâmetros foram calculados com o auxílio do software GraphPad
InstatTM (GraphPad Software, versão 3.10) baseados nos testes T de Welch e T de
Student:

1) Comparação da média da variação do volume tumoral entre grupos Tratamento


e Controle.
H0: µTRATAMENTO=µCONTROLE

HA: µTRATAMENTO≠µCONTROLE

2) Verificação da influência da idade na média da variação do volume tumoral


entre os animais do Grupo Tratamento.
H0: µJOVENS=µIDOSOS
HA: µJOVENS≠µIDOSOS
3) Verificação da influência do manejo na média da variação do volume tumoral
entre os animais do Grupo Tratamento.
H0: µCAVALARIA=µBUTANTÃ
HA: µCAVALARIA≠µBUTANTÃ
34

5. RESULTADOS

Ao exame físico, todos os animais encontravam-se saudáveis nas duas


propriedades designadas e nenhuma alteração hematológica foi encontrada no início
do experimento nos 32 pacientes selecionados.

Por meio da realização dos testes de hipóteses descritos na Análise Estatística,


foram calculados os valores-p associados a cada cenário para comparar o
comportamento dos grupos Controle e Tratamento, Jovens e Idosos, manejo Butantã
e Cavalaria. O resultado leva em consideração os seguintes parâmetros: variação
média do volume das formações, variação da soma do volume de formações por
cavalo e variação da média do volume de formações por cavalo. Para cada uma das
variáveis supracitadas, foi realizado um teste de hipóteses nos seguintes moldes para
a comparação das médias entre os grupos:

H0: µTRATAMENTO=µCONTROLE

HA: µTRATAMENTO≠µCONTROLE

Os resultados da comparação entre os grupos Tratamento e Controle


encontram-se na Tabela 1 e nos Gráficos 1 e 2. A comparação entre os cavalos jovens
e cavalos idosos encontra-se na Tabela 2. O estudo da influência do manejo
(comparação entre cavalos do Butantã e da Cavalaria) nas médias dos parâmetros
encontra-se na Tabela 3.

Também foram calculados os intervalos com 95% de confiança para a média


da variação dos parâmetros de referência tanto para o grupo Tratamento quanto para
o grupo Controle. Foi possível, ainda, realizar a estimativa dessas variáveis para um
animal isolado (hipotético) a partir das amostras efetivamente coletadas. A Tabela 4
apresenta os intervalos de confiança obtidos para o grupo Tratamento, enquanto a
Tabela 5 apresenta os resultados relativos ao grupo Controle.

Ainda foi realizada a compilação das formações que surgiram ao longo do


tratamento em todos os cavalos, chamados no presente trabalho de “novos”. A Tabela
6 apresenta a compilação de tais formações para o Grupo Controle, enquanto a
Tabela 7 enumera as formações novas do Grupo Tratamento. Nas tabelas, nódulos
35

ainda inexistentes são descritos pelo volume “0”, enquanto nódulos não mensuráveis
são descritos pela sigla “NM”.

Além disso, foi realizado o levantamento dos melanomas desaparecidos ao


longo do período do experimento. A Tabela 8 apresenta os nódulos desaparecidos
por propriedade (Butantã e Cavalaria). A Tabela 9 apresenta o volume total das
formações dos grupos Controle e Cavalaria no início e ao final do experimento. O
Gráfico 3 mostra tais parâmetros na forma de ilustração.

Por último, verificou-se o comportamento da soma dos volumes de formações


para cada cavalo tomado isoladamente. As Tabelas 10 e 11 apresentam a evolução
de tais parâmetros para o Grupo Tratamento, enquanto as Tabelas 12 e 13 mostram
os mesmos dados obtidos para o Grupo Controle.
36

Tabela 1 – Comparação das médias entre os grupos Tratamento e Controle

TRATAMENTO CONTROLE
Hipótese
Parâmetro Período Desv Tam Desv Tam Valor-p
Média Média Nula
Pad Amostra Pad Amostra
Formações D90
-3,64% 7,37% 135 1,06% 3,49% 94 <0,01% Rejeitada
isoladas contra D0
D240
Formações
contra 2,96% 4,76% 135 0,16% 2,97% 94 <0,01% Rejeitada
isoladas
D90
Formações D240
-0,96% 6,63% 135 1,15% 2,42% 94 0,09% Rejeitada
isoladas contra D0
Soma
D90
volume por -3,70% 6,88% 20 1,95% 2,39% 11 0,27% Rejeitada
contra D0
cavalo
Soma D240
volume por contra 4,42% 4,27% 20 0,14% 2,27% 11 0,11% Rejeitada
cavalo D90
Soma
D240
volume por 0,56% 7,56% 20 2,06% 1,44% 11 40,14% Mantida
contra D0
cavalo
Média
D90
volume por -3,81% 6,80% 20 1,77% 2,48% 11 0,29% Rejeitada
contra D0
cavalo
Média D240
volume por contra 2,07% 1,87% 20 -0,09% 1,63% 11 0,32% Rejeitada
cavalo D90
Média
D240
volume por -1,85% 5,97% 20 1,33% 1,37% 11 3,29% Rejeitada
contra D0
cavalo
37

Gráfico 1 – Evolução da variação média do volume das formações tomados isoladamente (Grupos Tratamento e Controle)

Nódulos isolados - Tratamento x Controle


102

101
Porcentagem do Valor Inicial (%)

100

99
Controle
Tratamento
98

97

96
D0 D90 D270
Momento de Avaliação
38

Gráfico 2 – Evolução da variação média da soma do volume das formações por cavalo (Grupos Tratamento e Controle)

Soma do volume de nódulos por cavalo - Tratamento x Controle


103

102
Porcentagem do Valor Inicial (%)

101

100

Controle
99
Tratamento

98

97

96
D0 D90 D270
Momento de Avaliação
39

Tabela 2 – Comparação das médias entre os cavalos Jovens e cavalos Idosos


JOVENS IDOSOS
Hipótese
Parâmetro Período Desv Tam Desv Tam Valor-p
Média Média Nula
Pad Amostra Pad Amostra
Formações D90
-5,97% 7,85% 61 -1,73% 6,40% 74 0,07% Rejeitada
isoladas contra D0
D240
Formações
contra 3,29% 5,75% 61 2,69% 3,78% 74 49,13% Mantida
isoladas
D90
Formações D240
-3,14% 6,44% 61 0,84% 6,28% 74 0,04% Rejeitada
isoladas contra D0
Soma
D90
volume por -6,73% 7,35% 9 -1,22% 5,63% 11 7,36% Mantida
contra D0
cavalo
Soma D240
volume por contra 4,20% 4,63% 9 4,41% 4,01% 11 91,51% Mantida
cavalo D90
Soma
D240
volume por -2,82% 8,94% 9 3,02% 4,81% 11 10,61% Mantida
contra D0
cavalo
Média
D90
volume por -6,76% 7,36% 9 -1,40% 5,51% 11 7,87% Mantida
contra D0
cavalo
Média D240
volume por contra 2,37% 2,52% 9 1,84% 1,03% 11 53,22% Mantida
cavalo D90
Média
D240
volume por -4,68% 5,85% 9 0,38% 4,92% 11 4,98% Rejeitada
contra D0
cavalo
40

Tabela 3 – Comparação das médias entre os cavalos da Cavalaria e do Butantã - Grupo Tratamento

BUTANTÃ CAVALARIA
Hipótese
Parâmetro Período Desv Tam Desv Tam Valor-p
Média Média Nula
Pad Amostra Pad Amostra
Formações D90
-3,08% 8,02% 12 -4,39% 6,40% 8 30,96% Mantida
isoladas contra D0
D240
Formações
contra 3,69% 5,66% 12 2,00% 2,98% 8 4,10% Rejeitada
isoladas
D90
Formações D240
0,25% 7,01% 12 -2,56% 5,77% 8 1,43% Rejeitada
isoladas contra D0
Soma
D90
volume por -3,57% 7,77% 12 -3,44% 5,80% 8 96,88% Mantida
contra D0
cavalo
Soma D240
volume por contra 5,47% 4,80% 12 1,91% 0,65% 8 2,76% Rejeitada
cavalo D90
Soma
D240
volume por 1,73% 8,33% 12 -1,61% 5,63% 8 33,53% Mantida
contra D0
cavalo
Média
D90
volume por -4,03% 7,63% 12 -3,47% 5,82% 8 86,27% Mantida
contra D0
cavalo
Média D240
volume por contra 2,21% 2,33% 12 1,89% 0,64% 8 71,34% Mantida
cavalo D90
Média
D240
volume por -2,05% 6,16% 12 -1,66% 5,66% 8 88,83% Mantida
contra D0
cavalo
41

Tabela 4 – Intervalos de confiança das médias dos parâmetros e predição para um cavalo isolado – Grupo Tratamento
TAMANHO ESTIMATIVA PARA UM
ESTIMATIVA DA MÉDIA (95%)
Parâmetro Período DA CAVALO ISOLADO (95%)
Inferior Superior AMOSTRA Inferior Superior
Formações D90
-4,89% -2,40% 135 -18,15% 10,86%
isoladas contra D0
D240
Formações
contra 2,16% 3,77% 135 -6,40% 12,33%
isoladas
D90
Formações D240
-2,08% 0,16% 135 -14,01% 12,09%
isoladas contra D0
Soma
D90
volume por -6,71% -0,68% 20 -18,46% 11,07%
contra D0
cavalo
Soma D240
volume por contra 2,55% 6,30% 20 -4,74% 13,59%
cavalo D90
Soma
D240
volume por -2,75% 3,87% 20 -15,64% 16,77%
contra D0
cavalo
Média
D90
volume por -6,79% -0,83% 20 -18,28% 10,89%
contra D0
cavalo
Média D240
volume por contra 1,25% 2,89% 20 0,42% 8,43%
cavalo D90
Média
D240
volume por -4,46% 0,77% 20 -12,24% 13,36%
contra D0
cavalo
42

Tabela 5 – Intervalos de confiança das médias dos parâmetros e predição para um cavalo isolado – Grupo Controle
TAMANHO ESTIMATIVA PARA UM
ESTIMATIVA DA MÉDIA (95%)
Parâmetro Período DA CAVALO ISOLADO (95%)
Inferior Superior AMOSTRA Inferior Superior
Formações D90
0,36% 1,77% 94 -5,82% 7,94%
isoladas contra D0
D240
Formações
contra -0,44% 0,76% 94 -5,70% 6,01%
isoladas
D90
Formações D240
0,66% 1,64% 94 -3,62% 5,91%
isoladas contra D0
Soma
D90
volume por 0,54% 3,37% 11 -3,55% 7,45%
contra D0
cavalo
Soma D240
volume por contra -1,20% 1,48% 11 -5,08% 5,36%
cavalo D90
Soma
D240
volume por 1,21% 2,91% 11 -1,25% 5,36%
contra D0
cavalo
Média
D90
volume por 0,30% 3,24% 11 -3,94% 7,48%
contra D0
cavalo
Média D240
volume por contra -1,05% 0,88% 11 -3,84% 3,66%
cavalo D90
Média
D240
volume por 0,52% 2,14% 11 -1,82% 4,49%
contra D0
cavalo
43

Tabela 6 – Compilação das novas formações – Grupo Controle


VOLUME (cm3)
GRUPO DE LOCAL DE
CAVALO NÓDULO
ORIGEM ORIGEM
D0 D15 D30 D45 D60 D75 D90 D120 D150 D180 D210 D240
18 0 0 0 0 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,011 0,011 0,010
35
19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,006
13 0 0 0,023 0,026 0,026 0,023 0,025 0,025 0,026 0,028 0,026 0,026
14 0 0 0 0 0,021 0,021 0,021 0,020 0,022 0,019 0,020 0,022
15 0 0 0 0 0 0 0 0,004 0,004 0,005 0,005 0,005
776
16 0 0 0 0 0 0 0 0 0,017 0,016 0,016 0,017
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,025 0,024 0,025
CAVALARIA
18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,031 0,032 0,030
16 0 0 0 0 0 0 0 0 0,009 0,009 0,010 0,010
CONTROLE
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,052 0,049 0,050
1128
18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,025
19 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,010
16 0 0 0,033 0,032 0,036 0,040 0,038 0,035 0,035 0,035 0,036 0,036
1137
17 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,012 0,014 0,014
11 0 0 0 0 0 0 0 0,013 0,013 0,012 0,012 0,012
639 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0,025 0,024 0,024 0,023
BUTANTÃ
13 0 0 0 0 0 0 0 0 0,008 0,008 0,007 0,007
761 11 0 0 0 0 0 0,016 0,016 0,017 0,017 0,016 0,017 0,017
44

Tabela 7 – Compilação das novas formações – Grupo Tratamento

GRUPO DE LOCAL DE VOLUME (cm3)


CAVALO NÓDULO
ORIGEM ORIGEM D0 D15 D30 D45 D60 D75 D90 D120 D150 D180 D210 D240
14 0 NM NM 0,031 0,027 0,030 0,030 0,029 0,030 0,030 0,031 0,032
CAVALARIA 1131 15 0 0 0 0 0 0,011 0,012 0,012 0,010 0,010 0,012 0,012
16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,018 0,021
4 0 0 0 0 0 0 0 0,023 0,022 0,022 0,020 0,021
97 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0,021 0,022 0,022 0,024
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,021 0,025 0,025
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0,008 0,008 0,009 0,008
209
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,007 0,008
4 NM NM NM NM NM NM NM 0,009 0,018 0,024 0,024 0,023
219
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,048 0,047 0,050
12 NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM
266
13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,026 0,023 0,024
TRATAMENTO 12 0 0 0 0 0,037 0,035 0,035 0,036 0,035 0,036 0,036 0,036
13 0 0 0 0 0 0 0 0 0,038 0,036 0,037 0,053
BUTANTÃ
636 6 NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM
8 NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM
10 NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM NM
5 0 0 0 0 0 0 0 0 0,005 0,005 0,005 0,006
6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,015 0,015 0,015
646
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,008 0,008 0,008
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,017 0,017
861 5 NM NM NM 0,009 0,010 0,010 0,010 0,009 0,009 0,010 0,009 0,009
9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,019 0,019 0,019
904
10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,007 0,007 0,008
909 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0,006 0,008 0,010 0,010
45

Tabela 8 – Compilação das formações que desapareceram ao longo do experimento

GRUPO DE LOCAL DE
CAVALO NÓDULO D0 D15 D30 D45 D60 D75 D90 D120 D150 D180 D210 D240
ORIGEM ORIGEM
não
CAVALARIA 1134 6 0,049 0,043 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
medido
3 0,022 0,020 0,018 0,016 0,018 0,017 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
TRATAMENTO 904 5 0,008 0,007 0,007 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
BUTANTÃ
6 0,012 0,011 0,010 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
909 2 0,037 0,036 0,026 0,025 0,021 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Tabela 9 – Comparação do volume total das formações no início e ao final do experimento (Grupos Tratamento e Controle)

GRUPO DE VOLUME (cm3) VARIAÇÃO VARIAÇÃO VARIAÇÃO


ORIGEM INICIAL (D0) INTERMEDIÁRIO (D90) FINAL (D240) (D90 vs D0) (D240 vs D90) (D240 vs D0)
TRATAMENTO 73,48 69,96 70,29 -4,80% 0,48% -4,34%
CONTROLE 76,83 77,30 77,81 0,61% 0,67% 1,28%
46

Gráfico 3 – Evolução do volume total das formações ao longo do experimento (Grupos Tratamento e Controle)

Volume Total - Tratamento x Controle


78

77

76

75
Volume Total (cm3)

74

73
Controle
Tratamento
72

71

70

69

68
D0 D90 D270
Momento de Avaliação
47

Tabela 10 – Evolução da soma dos volumes das formações por cavalos – Grupo Tratamento

GRUPO DE LOCAL DE VOLUME (cm3)


CAVALO
ORIGEM ORIGEM D0 D15 D30 D45 D60 D75 D90 D120 D150 D180 D210 D240
450 0,785 0,782 0,814 0,795 0,794 0,799 0,794 0,805 0,814 0,794 0,825 0,812
132 4,914 4,981 5,012 4,998 4,976 5,015 5,047 5,067 5,058 5,071 5,060 5,142
737 16,989 17,316 16,755 16,240 15,998 16,266 15,822 15,953 16,086 15,947 16,192 16,989
869 0,766 0,772 0,771 0,768 0,795 0,782 0,784 0,785 0,788 0,778 0,789 0,766
CAVALARIA
1092 0,139 0,138 0,138 0,134 0,136 0,138 0,138 0,142 0,133 0,137 0,136 0,139
1129 1,669 1,640 1,657 1,589 1,579 1,560 1,585 1,544 1,568 1,621 - -
1131 16,403 16,250 16,207 15,583 15,264 15,302 15,272 15,413 15,522 15,356 15,388 15,595
1134 0,826 0,806 0,740 0,726 0,722 0,700 0,711 0,708 0,708 0,718 0,718 0,725
19 0,493 0,469 0,430 0,438 0,450 0,450 0,433 0,450 0,448 0,455 0,452 0,445
97 0,430 0,422 0,431 0,427 0,425 0,429 0,434 0,450 0,475 0,491 0,506 0,499
TRATAMENTO
209 0,452 0,450 0,449 0,458 0,446 0,448 0,454 0,444 0,457 0,462 0,469 0,474
219 0,644 0,625 0,642 0,622 0,642 0,602 0,624 0,602 0,643 0,715 0,701 0,709
266 1,979 2,010 1,998 1,966 1,928 1,829 1,926 1,917 1,952 2,049 2,004 1,996
636 2,807 2,855 2,820 2,860 2,843 2,898 2,884 2,954 2,926 3,001 2,988 3,004
BUTANTÃ
646 1,361 1,346 1,358 1,355 1,367 1,372 1,393 1,385 1,381 1,417 1,430 1,444
856 1,596 1,548 1,552 1,556 1,572 1,583 1,616 1,590 1,583 1,585 1,616 1,640
861 1,306 1,296 1,306 1,310 1,320 1,351 1,341 1,340 1,345 1,339 1,345 1,355
900 16,865 16,678 16,711 16,501 16,425 16,489 16,278 16,512 16,572 16,603 16,565 16,631
904 0,468 0,459 0,430 0,419 0,417 0,416 0,396 0,405 0,403 0,432 0,430 0,438
909 2,426 2,380 2,245 2,212 2,140 2,014 1,938 1,943 1,961 2,006 2,053 2,111
48

Tabela 11 – Variação percentual da soma de volume das formações por cavalo nos três tempos principais – Grupo Tratamento

VARIAÇÃO (%)
GRUPO DE LOCAL DE
CAVALO VARIAÇÃO VARIAÇÃO VARIAÇÃO
ORIGEM ORIGEM
(D90 vs D0) (D240 vs D90) (D240 vs D0)

450 1,23% 2,24% 3,49%


132 2,70% 1,89% 4,64%
737 -6,87% 2,75% -4,31%
869 2,30% 0,80% 3,12%
CAVALARIA
1092 -0,98% 1,09% 0,10%
1129 -5,05% 2,30% -2,86%
1131 -6,90% 2,12% -4,93%
1134 -13,97% 2,09% -12,17%
19 -12,30% 2,77% -9,86%
97 0,95% 14,86% 15,94%
TRATAMENTO
209 0,46% 4,32% 4,80%
219 -3,06% 13,62% 10,15%
266 -2,68% 3,65% 0,87%
636 2,72% 4,18% 7,02%
BUTANTÃ
646 2,40% 3,63% 6,12%
856 1,29% 1,48% 2,79%
861 2,75% 1,00% 3,77%
900 -3,48% 2,17% -1,38%
904 -15,33% 10,45% -6,48%
909 -20,13% 8,95% -12,98%
49

Tabela 12 - Evolução da soma dos volumes das formações por cavalos – Grupo Controle

GRUPO DE LOCAL DE VOLUME (cm3)


CAVALO
ORIGEM ORIGEM D0 D15 D30 D45 D60 D75 D90 D120 D150 D180 D210 D240
24 0,196 0,194 0,196 0,199 0,204 0,202 0,204 0,201 0,198 0,196 0,198 0,203
35 31,026 31,458 31,203 31,244 31,219 31,395 31,241 31,288 31,522 31,381 31,305 31,417
CAVALARIA 776 11,822 11,892 12,121 12,065 12,090 11,913 11,969 12,010 11,984 12,117 11,942 11,974
1128 17,990 17,991 18,021 18,017 18,080 17,981 18,027 17,998 18,104 18,202 18,208 18,257
1137 8,929 8,996 9,017 8,989 9,034 9,040 8,902 9,052 9,004 9,062 9,034 9,094
CONTROLE 172 2,269 2,291 2,298 2,300 2,325 2,295 2,308 2,273 2,307 2,284 2,292 2,336
371 0,203 0,204 0,208 0,207 0,204 0,209 0,210 0,210 0,204 - - -
realizado
639 0,944 0,945 0,939 0,950 0,948 0,946 0,951 0,966 0,991 0,983 0,990 1,006
BUTANTÃ
761 1,391 1,402 1,423 1,412 1,404 1,400 1,416 1,419 1,399 1,415 1,419 1,426
804 1,970 1,968 1,995 1,976 1,977 1,992 1,971 1,976 1,984 1,983 1,980 2,001
908 0,091 0,092 0,088 0,092 0,099 0,095 0,098 0,092 0,094 0,094 0,094 0,100
50

Tabela 13 – Variação percentual da soma de volume das formações por cavalo nos três tempos principais – Grupo Controle

VARIAÇÃO (%)
GRUPO DE LOCAL DE
CAVALO VARIAÇÃO VARIAÇÃO VARIAÇÃO
ORIGEM ORIGEM
(D90 vs D0) (D240 vs D90) (D240 vs D0)

24 4,12% -0,69% 3,40%


35 0,69% 0,56% 1,26%
CAVALARIA 776 1,25% 0,04% 1,29%
1128 0,21% 1,27% 1,48%
1137 -0,30% 2,16% 1,85%
CONTROLE 172 1,72% 1,20% 2,94%
371 3,47% - -
639 0,72% 4,21% 4,96%
BUTANTÃ
761 1,73% -1,14% 0,57%
804 0,03% 0,70% 0,73%
908 7,84% -4,03% 3,50%
51

6. DISCUSSÃO

6.1 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES DO MÉTODO

As visitas periódicas às propriedades para medição e coleta de material foram


por vezes dificultadas pela chuva e pelo excesso de lama presente na estrada,
principalmente na Fazenda do Butantã. Este fato atrasou algumas visitas a essa
propriedade, porém não comprometeu a análise de dados e os resultados obtidos
deste trabalho.

Na Cavalaria de São Paulo, outro contratempo encontrado foi a


indisponibilidade de alguns animais na data de certas visitas agendadas e a mudança
repentina da rotina diária, como por exemplo, um evento inesperado. Todos os
animais permaneceram em serviço durante o experimento, portanto saíam para
patrulhamento nas ruas, o que impediu a medição e coleta de material do cavalo 1131
no momento D30 e do cavalo 1134 nos momentos D210 e D240. Este fato limitou a
análise na comparação da média da variação dos volumes entre os momentos D90
versus D240 e do momento D0 versus D240 deste animal. O temperamento indócil e
o difícil manejo de alguns pacientes também foram fatores limitantes nesta
propriedade pois alguns animais relutavam a entrar no tronco de contenção para
efetuar a medição e coleta de material. Em certas situações, fez-se necessário a
utilização de métodos físicos de contenção. O animal 1129, após 30 minutos de
tentativas, recusou-se a entrar no tronco nos momentos D210 e D240, o que
comprometeu também a análise estatística de volume e média de volume comparativo
que necessitavam utilizar-se destes dois momentos. Na Fazenda do Butantã, ocorreu
a morte do animal 371 por motivo alheio ao estudo, o que impediu a medição e coleta
de material a partir do momento D180.

Apesar do método escolhido para aferição do volume das formações ser


completamente indolor, vários animais apresentaram “cócegas” durante o
procedimento devido à grande sensibilidade das áreas de base de cauda e períneo
no momento da aproximação e toque do paquímetro na região. Este leve desconforto
levava alguns animais a demonstrar o incômodo através de inquietação e
52

movimentação de garupa e membros pélvicos, dificultando assim a mensuração


precisa das formações. Utilizou-se alimento como forma de distração para amenizar
esta sensação e poder assim realizar a medição das formações de forma adequada.

Os cavalos utilizados neste experimento foram pesados com fita de peso na


Cavalaria de São Paulo e com balança industrial na Fazenda do Butantã. Portanto,
devido à falta de precisão da fita de peso, estimou-se um erro de 10% para mais ou
para menos no peso dos animais da Cavalaria de São Paulo. O paquímetro digital
apresenta uma precisão de 0,001 cm. Uma limitação importante encontrada no
momento da medição foi a dificuldade de obter acesso e encaixe do paquímetro às
regiões de dobras e de pele na área perineal. Esta situação causou transtornos e, em
casos extremos, descarte das formações localizadas nestas áreas de difícil acesso
devido à impossibilidade de obter medição confiável.

Vale a pena salientar que o sabor amargo e desagradável da cimetidina


demonstrou ser uma limitação. Alguns animais não aceitaram bem a droga diluída em
água e foi necessário administrar o fármaco misturado na ração para evitar
desperdício e perda residual.

6.2 COMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS TRATAMENTO E CONTROLE

Baseado nos resultados obtidos na Tabela 1, verifica-se uma diferença


estatisticamente significativa entre a média das reduções das formações entre os
grupos Controle e Tratamento no período entre D0 e D90. No cômputo geral das 135
formações do grupo Tratamento, foi verificada uma redução média de volume de
3,64%, enquanto que no grupo Controle as 94 formações analisadas tiveram um
aumento médio de volume de 1,06%. Tal resultado mostra que, de forma global, a
droga causou uma alteração no tamanho médio dos melanomas em comparação com
o grupo Controle durante o período em que foi ministrada.

Ainda que se tomem outros métodos de aferição do volume das formações, tais
como soma do volume de formações por cavalo ou média do volume das formações
de um mesmo animal, obtém-se resultados semelhantes. Para a soma do volume de
melanomas por cavalo, o grupo Tratamento apresentou redução média de 3,70%,
53

enquanto que o grupo Controle apresentou aumento médio de 1,95%. Para a média
do volume das formações de um mesmo cavalo, o grupo Tratamento obteve redução
média de 3,81%, enquanto o grupo Controle mostrou aumento médio de 1,77%.
Ambos os resultados são estatisticamente significativos com 95% de confiança.

Quando se compara o período de D90 a D240, no qual houve a suspensão do


tratamento com cimetidina, verifica-se uma tendência estatisticamente significativa de
aumento médio do volume de formações do grupo Tratamento em comparação com
o grupo Controle, independentemente da métrica de aferição de tamanho das
formações utilizada. No cômputo geral das 135 formações do grupo Tratamento, foi
verificada um aumento médio de volume de 2,96%, enquanto que no grupo Controle
os 94 melanomas analisados tiveram um aumento médio de volume de 0,16%, o que
indica um valor médio estável. Para a soma do volume de formações por cavalo, o
grupo Tratamento apresentou aumento médio de 4,42%, enquanto que o grupo
Controle apresentou aumento médio de 0,14%, valor também estável. Para a média
do volume das formações de um mesmo cavalo, o grupo Tratamento obteve aumento
médio de 2,07%, enquanto o grupo Controle mostrou uma redução média de 0,07%,
mantendo-se praticamente estável. A diferença de resultados nas três métrica é
estatisticamente significativa com 95% de confiança.

Por último, ao se comparar o início (D0) com o final do experimento (D240),


verificam-se, para o grupo Tratamento, pequenas oscilações de média (entre -1,85%
e 0,56%) de variação de volume das formações de acordo com a métrica utilizada.
Tomado o cômputo de todos os melanomas, o grupo Tratamento apresentou redução
média de volume de 0,96%, enquanto o grupo Controle mostrou aumento médio de
1,15%. Quando se analisa a média de volume por cavalo, o grupo tratamento
apresentou redução média de 1,85%, enquanto no grupo Controle obteve-se aumento
médio de 1,33%. As diferenças entre médias apresentadas são estatisticamente
significativas com 95% de confiança. Quando se analisa a soma do volume das
formações por animal, o grupo Tratamento apresentou ligeiro aumento de 0,56% de
média, enquanto no grupo Controle foi verificado um aumento médio de 2,06%. Tal
diferença, porém, não foi estatisticamente significativa, dada a grande dispersão dos
dados, com desvio padrão superior a 7%, e o pequeno tamanho das amostras, que
envolviam 20 e 11 cavalos para os grupos Tratamento e Controle respectivamente.
54

6.3 COMPARAÇÃO ENTRE CAVALOS JOVENS E IDOSOS

Baseado nos resultados obtidos na Tabela 2, verificou-se a eventual diferença


de comportamento entre os cavalos jovens (até 14 anos de idade) e idosos (acima de
14 anos de idade). Quando analisada a variação de volume das formações entre o
início do experimento (D0) e o final do tratamento (D90), verifica-se uma diferença de
média entre os grupos em todas as métricas utilizadas. No cômputo geral das 61
formações dos cavalos jovens, foi verificada uma redução média de volume de 5,97%,
enquanto que nos animais idosos a redução média de volume nas 74 formações
analisados foi de 1,73%. Tal diferença de média é estatisticamente significativa com
95% de confiança. Quando se considera a soma dos volumes de um animal, a redução
média entre os 9 cavalos jovens foi de 6,73%, enquanto que a redução média entre
os 11 animais idosos foi de 1,22%. Quando se analisa a média do volume de
formações por cavalo, verifica-se que os animais jovens apresentaram redução média
de 6,76%, enquanto que os cavalos idosos obtiveram redução média de 1,40%. Nas
duas métricas apresentadas, a diferença entre as médias apresentou valor-p inferior
a 8%, o que sugere fortemente que as médias entre os grupos seja diferente, mas não
atende ao critério de significância estatística do presente estudo (valor-p inferior a
5%).

Quando se compara o período de D90 a D240, no qual houve a suspensão do


tratamento com cimetidina, não foi verificada diferença estatisticamente significativa
para a variação de volume das formações entre os cavalos jovens e idosos em
nenhuma das métricas utilizadas. Especificamente para a métrica de soma do volume
de formações por cavalo, a média entre animais jovens foi de aumento de 4,20%,
enquanto entre os idosos verificou-se aumento médio de 4,41%. A diferença entre as
médias entre os dois grupos apresentou valor-p de 91,51%, ou seja, é bastante
improvável que haja diferença de comportamento entre os dois grupos. Quando se
analisam as formações isoladas, o aumento médio entre os jovens foi de 3,29%,
enquanto que o aumento médio entre os idosos foi de 2,69%. Mais uma vez, o valor-
p obtido para a diferença entre as médias foi de 49,13%, o que mostra que a diferença
entre as médias não tem significância estatística. Por último, quando se analisa a
média de volume das formações por cavalo, entre os jovens foi observada um
aumento médio de 2,37%, enquanto entre os idosos tal aumento foi de 1,84%. A
55

diferença entre as médias dos dois grupos apresentou valor-p de 53,22%, o que
mostra que tal diferença não possui significância estatística.

Por último, ao se comparar o início (D0) com o final do experimento (D240),


verifica-se uma diferença de médias entre os dois grupos para todas as métricas
utilizadas. Tomado o cômputo de todas as formações, os animais jovens
apresentaram redução média de volume de 3,14%, enquanto os animais idosos
apresentaram aumento médio de 0,84%. Ao se considerar a média de volume das
formações por cavalo, verifica-se que os cavalos jovens apresentaram redução média
de 4,68%, enquanto entre os cavalos idosos verificou-se aumento médio de 0,38%. A
diferença entre as médias é estatisticamente significativa em ambas as métricas com
95% de confiança. Quando se analisa a soma dos volumes por cavalo, verifica-se que
os animais jovens apresentaram redução média de 2,82%, enquanto que entre os
animais idosos obteve-se um aumento médio de 3,02%. O valor-p obtido para a
diferença entre as médias foi de 10,61%, o que indica que as médias são,
provavelmente, diferentes, apesar do valor obtido ser superior ao critério de
significância estatística.

6.4 COMPARAÇÃO ENTRE BUTANTÃ E CAVALARIA

Baseado nos resultados obtidos na Tabela 3, verificou-se se há eventual


diferença de comportamento entre os cavalos da Fazenda Butantã e os da Cavalaria
de São Paulo. Quando analisada a variação de volume das formações entre o início
do experimento (D0) e o final do tratamento (D90), não se verifica uma diferença de
média entre os grupos estatisticamente significativa em nenhuma das métricas
utilizadas. Dessa forma, a diferença de manejo não influenciou a resposta dos animais
ao tratamento com cimetidina.

Quando se compara o período de D90 a D240 ou ainda o período de D0 a


D240, verifica-se que as diferenças entre as médias, independentemente da métrica
utilizada, não supera 3%, o que indica pequena ou nenhuma correlação entre o tipo
de manejo e a resposta dos animais ao tratamento.
56

6.5 INTERVALO DE CONFIANÇA PARA O GRUPO TRATAMENTO

Além da diferença apresentada entre os grupos, levantou-se também o


intervalo de confiança (95%) para a variação média do volume das formações do
grupo Tratamento ao longo do período do experimento. Além do intervalo de confiança
para a média, foi realizada a estimativa pontual para a resposta ao tratamento de um
animal tomado isoladamente, de forma a verificar a efetividade do medicamento de
forma individualizada.

Ao se analisar a Tabela 4, verifica-se que, independentemente da métrica


utilizada, ocorre uma redução média do volume das formações quando se comparam
o final do tratamento (D90) com o início do experimento (D0). A redução média
observada foi de 3,64% para as formações isoladas, 3,70% para a soma das
formações por cavalo e de 3,80% quando tomada a média do volume dos melanomas
por cavalo.

Contudo, quando se analisa o final do experimento (D240) com o seu início


(D0), não é possível afirmar, com 95% de confiança, que ocorre redução do volume
médio das formações em nenhuma das métricas utilizadas, já que, em média, ocorre
aumento de 2 a 4% do volume das formações entre D90 e D240.

Quando se realiza a estimativa pontual para um cavalo da redução do volume


de formações entre D0 e D90, depara-se com uma alta dispersão dos resultados
obtidos em torno da média, o que aumenta consideravelmente a amplitude do
intervalo de confiança. Dessa forma, apesar do efeito médio do tratamento ser de
promover a redução das formações, conforme a estimativa supracitada, verifica-se
que o intervalo de confiança para um único cavalo inclui, independentemente da
métrica utilizada, possíveis aumentos de volume das formações. Tal fato já havia sido
verificado ao longo do experimento, quando, entre os 20 cavalos do grupo Tratamento,
nove apresentaram aumento de até 3% no volume das formações entre D0 e D90.
57

6.6 AVALIAÇÃO DO VOLUME TOTAL DE FORMAÇÕES

Ao se analisar a Tabela 9, obtém-se resultados globais a respeito da evolução


do volume das formações analisados ao longo do experimento. No grupo Tratamento,
verificou-se uma redução de 4,34% entre o início (D0) e o final do experimento (D240).
No grupo Controle, foi observado um aumento global no volume de formações de
1,28%. Para o levantamento do grupo Controle, desconsiderou-se o cavalo 371, que
morreu ao longo do experimento.

Este efeito de redução de volume total de melanomas do Grupo Tratamento


sugere ter sido em decorrência da administração da cimetidina como tratamento de
melanoma nestes animais. O aumento observado no Grupo Controle após 240 dias
de evolução corrobora a hipótese de que, caso não se institua nenhuma forma de
tratamento para esta afecção, a tendência é a de que as formações apresentarão,
eventualmente, um crescimento desigual e lento, com características exclusivas de
cada animal acometido.

6.7 SURGIMENTO DE NOVAS FORMAÇÕES – GRUPO CONTROLE

De acordo com os dados demonstrados na Tabela 6, o surgimento de novas


formações nos animais pertencentes ao Grupo Controle ocorreu em 4 animais da
Cavalaria de São Paulo e em 2 animais da Fazenda do Butantã. Vale a pena ressaltar
que 3 dos 4 cavalos da Cavalaria que demonstraram este comportamento eram
animais jovens, com idades entre 9 e 11 anos, o que indica que este fato pode ocorrer
independentemente ao fator idade e estar correlacionado com a própria evolução
individualizada da doença.
58

6.8 SURGIMENTO DE NOVAS FORMAÇÕES– GRUPO TRATAMENTO

A Tabela 7 mostra o surgimento de novas formações nos animais do Grupo


Tratamento das duas propriedades participantes deste experimento. O animal 1131
da Cavalaria de São Paulo apresentava um nódulo não mensuráveis ao início do
experimento e esta mesma formação aumentou de volume no momento D45,
permanecendo estável até o final do presente estudo.

Já na Fazenda do Butantã, nove cavalos apresentaram surgimento de novas


formações, em sua maioria (sete animais) após o término do tratamento. O cavalo 861
manifestou a alteração de volume de um nódulo não mensurável já existente no
momento D60, o qual permaneceu inalterado até o momento D240. O animal 636
exibiu o surgimento de um nódulo novo no momento D60 que não sofreu variação
significativa até o final deste experimento. Os demais pacientes apresentaram o
aparecimento de novas formações somente após o momento D90, o que sugere que
a cimetidina não possui efetividade comprovada quando se trata da contenção de
surgimento de novas formações após a suspensão da administração da droga.

6.9 RESPOSTA DOS ANIMAIS AO TRATAMENTO

É importante citar a resposta obtida dos animais do Grupo Tratamento à


administração da cimetidina. A partir da análise das Tabelas 10 e 11, verifica-se que,
dos 20 animais pertencentes a este grupo, 11 cavalos apresentaram redução das
formações quando comparados os volumes totais por animal e as médias dos volumes
dos melanomas nos momentos D90 e D0. Os nove animais restantes não
responderam positivamente ao tratamento, ou seja, não apresentaram redução das
formações durante a terapia com o fármaco.

A redução da soma dos volumes das formações por cavalo e das médias dos
volumes foi verificada em seis animais da Fazenda do Butantã e cinco cavalos da
Cavalaria de São Paulo. Uma pequena redução que variou de 1 a 7% ocorreu em sete
dos 11 animais e no restante (quatro cavalos) a diminuição do volume foi bastante
significativa, variando de 12 a 20%. Quanto ao aumento da soma do volume das
59

formações por cavalo, verifica-se que, dentre os nove animais que apresentaram tal
comportamento, o maior aumento observado, dentro do Grupo Tratamento, foi de
2,75%. Nota-se que ao final do experimento, oito dos onze animais que demonstraram
redução do volume total de formações, apresentaram um aumento de volume, porém
este aumento mostrou-se menor do que o apresentado inicialmente, indicando que o
tamanho dos melanomas não atingiu o valor inicialmente observado no momento D0.
Este comportamento também foi observado em um estudo prévio de Laus et al (2010)
onde o animal que respondeu à administração de cimetidina demonstrou um aumento
subsequente à redução, estabilizando com tamanho menor do que inicialmente
mensurado ao início do experimento.

Ao se efetuar a análise dentro do Grupo Controle, por meio das Tabelas 12 e


13, verifica-se que houve aumento da soma do volume das formações por cavalo em
dez dos 11 cavalos verificados. O aumento observado variou de 0,03 a 7,84%. A
redução observada no cavalo restante foi de 0,30%.

Ao fazer a comparação entre os grupos Tratamento e Controle, infere-se, como


indicado anteriormente, que há uma diferença estatisticamente significativa entre a
variação média da soma do volume das formações entre os grupos analisados, apesar
da alta dispersão verificada em ambos os grupos.

Ao observar a Tabela 8, nota-se que os três animais que apresentaram


desaparecimento das formações pertenciam ao Grupo Tratamento e que o mesmo
comportamento não ocorreu nos cavalos do Grupo Controle. O desaparecimento
verificou-se em um período que variou entre 15 e 75 dias após o início do tratamento
com cimetidina, o que sugere que a administração da droga nestes animais teve um
efeito positivo tanto na diminuição do tamanho das formações quanto na redução total
e desaparecimento das formações apresentadas na tabela. Os animais 232 e 904
pertencentes ao grupo Tratamento da Fazenda do Instituto Butantã também
apresentaram a diminuição de um e três nódulos respectivamente, a ponto de se
tornarem não mensuráveis, durante o período de administração da droga.

A grande dispersão do padrão de resposta dos animais analisados à


administração da cimetidina verificada neste trabalho questiona a efetividade deste
fármaco como forma de tratamento clínico para melanoma em equinos, principalmente
quanto ao mecanismo de ação do fármaco atuante nesta afecção. A diferença na
60

efetividade pode estar relacionada ao tipo de melanoma sendo submetido ao


tratamento. Segundo Laus et al (2010), a variação da efetividade da cimetidina pode
estar relacionada à diferenciação funcional, metabolismo celular e origem embrionária
dos tumores e não estar relacionada à taxa de crescimento. Assim como pode também
estar associada ao papel da histamina na angiogênese de diferentes tipos celulares
(NATORI et al., 2005). A absorção oral variável e complexa da cimetidina em equinos
pode ser um importante fator na efetividade e qualidade da resposta observadas nos
animais do grupo Tratamento no presente estudo. Mais estudos se fazem necessários
para obter um melhor entendimento dos aspectos envolvidos na farmacocinética da
cimetidina em cavalos assim como nas suas vias de eliminação (SMYTH et al., 1990).

Além de seu efeito imunomodulador e anti-inflamatório, a cimetidina atua


através de diferentes vias na inibição de crescimento tumoral e metástase, como
indução de apoptose, inibição de adesão de células tumorais e inibição da
angiogênese (KUBECOVA et al., 2011). Vários estudos em humanos comprovam que
o fármaco possui atuação no sistema imune quando utilizado em associação com o
tratamento de câncer de cólon, câncer de mama, câncer de ovário e neoplasia
cerebral (PANTZIARKA et al., 2014).

Contrário ao estudo conduzido por Goetz et al (1990) que relatou uma


diminuição de até 90% no tamanho dos melanomas em dois de três dos animais
tratados, no presente estudo a redução máxima de volume das formações observada
em um pequeno número de animais do grupo Tratamento foi de 20% e não se pode
afirmar quais foram os mecanismos de ação envolvidos nessa redução.

O tratamento de melanomas em equinos compreende inúmeras variáveis e


fatores de risco, desde sua etiologia até os mecanismos de ação da droga, taxa de
absorção da cimetidina, papéis de citocinas inflamatórias e da histamina no ambiente
tumoral, tipos celulares envolvidos e identificação do grau de malignidade dos
tumores, entre outros. Devido à grande dispersão dos dados e das respostas
individuais e muito variadas dos animais pertencentes ao grupo Tratamento deste
trabalho, estudos futuros se fazem necessários para entender melhor o papel de cada
um destes fatores e sua possível interação, tanto entre eles quanto com a neoplasia
em si. É importante ressaltar o conhecimento do veterinário para os riscos e
sintomatologia inespecíficas desta afecção, uma vez que, na maioria dos casos, este
61

tipo de neoplasia é considerado benigno, não se conhecendo o seu real potencial para
malignidade e metástase.
62

7. CONCLUSÕES

• A cimetidina, na dose de 18 mg/kg VO BID, apresenta ação sobre os


melanomas em equinos tordilhos.
• A cimetidina mostrou-se eficaz na redução de melanomas no grupo
Tratamento em relação ao grupo Controle, porém este comportamento
apresentou-se bastante variável e individual, ou seja, a efetividade da ação
do medicamento não é garantida para todos os cavalos.
• A cimetidina não foi eficaz no controle do surgimento de novas formações
durante a sua administração.
• Após sua suspensão, a cimetidina não demonstrou possuir efeito em relação
à manutenção da redução do volume e da média do volume das formações.
• Após a sua suspensão, a cimetidina não foi eficaz no controle do
aparecimento de novas formações.
63

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69

APÊNDICE - Ficha usada para a identificação dos animais do trabalho

FICHA/ANIMAL N.:

ESTABELECIMENTO:______________________________________________________________
______

NOME:____________________________________________________________________________
_____

SEXO:____________________________________________________________________________
_____

IDADE:___________________________________________________________________________
_____

RAÇA:____________________________________________________________________________
_____

PESO:_____________________________________________________________________________
_____

PROPRIETÁRIO:___________________________________________________________________
_____

NÚMERO DE NÓDULOS EM BASE DE


CAUDA:_____________________________________________

NÚMERO DE NÓDULOS EM
PERÍNEO:____________________________________________________

NÚMERO DE NÓDULOS EM
SABUGO:____________________________________________________

NÚMERO DE NÓDULOS
TOTAIS:_________________________________________________________

DATA INÍCIO DO
TRATAMENTO:_________________________________________________________

DATA FINAL DO
TRATAMENTO:__________________________________________________________

QUANTIDADE DE CIMETIDINA
ADMINISTRADA:__________________________________________

FORMA DE ADMINISTRAÇÃO DA CIMETIDINA:

RAÇÃO

VIA ORAL
70

EXAME FÍSICO:

F.C:_________________________________

F.R:_________________________________

MUCOSAS:________________________________________________________________________
_____

OBSERVAÇÕES:___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________

COLETA DE SANGUE:

FOTOS:

MEDIDAS:

NÓDULO N. MEDIDAS LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS

APARECIMENTO DE NOVOS
NÓDULOS:___________________________________________________

MAPEAMENTO DOS NÓDULOS:

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