Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quem disse que o espaço era a fronteira final não conhecia a capacidade do ser humano de ir
mais além, que o homem tenta entender e explicar tudo, e que por isso não podemos especificar
nossos limites.
São Paulo - A notícia recebeu grande destaque no Times de Londres do último dia 2, foi publicada
com grandes títulos na imprensa norte-americana, inclusive no New York Times, e mereceu a
primeira página no Los Angeles Times do domingo, 5 de novembro. Não é para menos: se os fatos
forem confirmados oficialmente, estará sendo aberto um mundo totalmente novo para
a física, abrindo horizontes jamais imaginados, nem mesmo depois da Teoria da Relatividade.
A notícia foi dada inicialmente pelo "Times" londrino, que a publicou na quinta-feira, 2, com o título:
"A Semana Passada Mudou Tudo". Durante mais de 20 anos, os cientistas de todo o mundo
estiveram procurando por uma partícula invisível que determina as propriedades básicas da
matéria.
Conhecida como bóson Higgs, acredita-se que ela seja uma parte vibratória do vácuo invisível que
permeia todo o Universo.
Físicos do famoso Centro de Estudos e Pesquisas Nucleares (CERN) de Genebra, Suíça,
anunciaram há poucos dias terem localizado os primeiros sinais de existência do bóson Higgs. As
evidências, segundo eles, ainda não são conclusivas, entretanto a descoberta é considerada crítica
para a física - não só por encerrar um capítulo da ciência, mas também por abrir uma porta
para uma realidade completamente desconhecida pela Humanidade.
"O bóson Higgs não é apenas uma partícula", disse o físico John March-Russell, do CERN. "Sua
descoberta indica que existe um mundo totalmente novo lá fora". Assim que os físicos conseguirem
entender como ele atua no universo, eles serão capazes de responder a uma pergunta
fundamental para a qual os antigos pensadores jamais ousaram tentar encontrar uma resposta: por
que a matéria tem massa?
A descoberta de Genebra deve ser confirmada como uma das maiores conquistas da ciência em
todos os tempos. O vácuo estrutura tudo o que existe no Cosmos e mantém a matéria sob sua
influência. E o bóson Higgs -visto hoje mais como um campo que como uma partícula - é parte
fundamental desse imenso "nada".
Ele é como a água para os peixes, um ingrediente fundamental para o Universo. Tão fundamental
que alguns físicos o chamam de "Partícula de Deus".
Indícios desse bóson foram detectados, segundo a equipe de cientistas do CERN, no interior do
acelerador de partículas de 30 km conhecido por LEP, durante um processo de colisão de
partículas a altas velocidades. No começo de outubro, algumas trilhas, sugerindo a possível
presença do bóson, deixaram excitados os físicos do CERN. Mas elas apareciam e desapareciam.
No início do mês, entretanto, as evidências acumuladas foram suficientes para convencer os
físicos.
Bósons são apenas um tipo entre as quase inimagináveis pequenas partículas atômicas que, de
acordo com a Física Teórica, são os blocos primordiais do Universo. Geralmente descritos como
uma espécie de substância gelatinosa, os bósons Higgs alteram as propriedades da matéria que
viaja através deles. O que implica na existência da massa. Até pouco tempo atrás, a massa era
considerada uma propriedade tão básica da matéria que os cientistas sequer ousavam perguntar
de onde ela vinha - existia, e pronto.
A influência invisível dos bósons afetam o modo como as coisas se movem. Na verdade, dizem os
físicos, a própria observação de que as coisas têm massa confirma que os bósons de Higgs
existem. O problema, existente pelo menos até agora, era detectar sua presença em aceleradores
de partículas e estudar suas propriedades. Para esse estudo, será necessário esperar a
construção do
acelerador maior e mais aprimorado, o LHD (Large Hadron Collider). Só com ele será possível
observar melhor as "Partículas de Deus" e vislumbrar, como dizem os físicos, "coisas incríveis num
universo jamais imaginado". Para quem já esperou tantos séculos, não custa esperar mais uns
poucos anos.