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"A competência 3 do Enem é responsável por avaliar a capacidade de argumentação e defesa do ponto

de vista do candidato. Para atingir a nota máxima nessa competência é preciso desenvolver um projeto
de texto que compreenda a tese e selecione adequadamente os argumentos necessários para a sua
defesa."

"Resumo sobre a competência 3 da redação do Enem"


· A competência 3 avalia a capacidade de argumentação e de defesa de um ponto de vista no
texto dissertativo-argumentativo.

· Para atingir a nota máxima na competência 3 é preciso “apresentar informações, fatos e opiniões
relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em
defesa de um ponto de vista”.

· O projeto de texto é fundamental para um texto com uma tese bem fundamentada e
consistente.

"O que se avalia na competência 3 da redação do Enem"


A competência 3 é a responsável por avaliar a construção do planejamento do texto — o chamado
projeto de texto — a partir do desenvolvimento dos argumentos utilizados na redação. Abaixo,
apresentamos a matriz de referência com a avaliação em cada um dos níveis.

"Assim, a competência 3 identifica se o seu texto:


· aborda adequadamente o tema (conexão com a competência 2);

· conecta devidamente as informações apresentadas (uso dos operadores discursivos — conexão


com a competência 4);

· possui informações, fatos e opiniões devidamente organizados no texto."

"Para melhor esclarecer o funcionamento da competência 3, vejamos a redação a seguir, escrita por
Lucas Felpi, nota 1000 em 2018 (tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de
dados na internet”)."

"No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla
e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor
dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do
contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos
para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que
a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI:
gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de
informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha
sociocultural.

Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada
vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do
desenvolvimento de mecanismos filtradores de informações a partir do uso diário individual. De acordo
com o filósofo Zygmunt Bauman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo
globalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu
portas para a manipulação e alienação semelhantes vistas em “1984”. Assim, os usuários são
inconscientemente analisados pelos sistemas e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o
consumo pessoal.

Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da


coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o
indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de
opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava
pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que
a máquina indicava — tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da
indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de
gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.

Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização
da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie,
por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o
funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da
alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter
em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de
muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o
Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos
cidadãos do século XXI."

"A redação acima é um exemplo de como utilizar adequadamente as “informações, opiniões e dados
relacionados ao tema proposto em defesa de um ponto de vista”. O autor, em primeiro lugar, utiliza
como referência a obra literária de George Orwell, mais especificamente a questão da “manipulação
da verdade”. Com essa informação, o autor consegue fazer um paralelo entre a obra e os argumentos
defendidos: o controle de dados nas redes “corrobora para a restrição de informações disponíveis” e é
capaz de “influenciar o comportamento do público”.

Nos parágrafos 3, 4, 5 e 6, o autor desenvolve cada um dos seus argumentos (1 - restrição da


informação; 2 - influência ao comportamento do público) com informações, dados e opiniões, tais
como a tese de Bauman, sobre a ideia de “liberdade ilusória”, e o episódio da série Black Mirror, com a
ideia de pareamento de pessoas e a aproximação com a Escola de Frankfurt.

Todo esse processo só foi possível graças a um planejamento, isto é, um projeto de texto feito pelo
autor que possibilitou fazer com que todas essas informações funcionassem de forma produtiva no
texto."

"5 dicas para tirar a nota máxima da competência 3 da redação do Enem"


Primeira dica: entender a estrutura do texto dissertativo-argumentativo

O primeiro passo para destacar-se na competência 3 é compreender o todo que é o texto dissertativo-
argumentativo. Entender sua estrutura, características e limitações é fundamental para dominar o
gênero.

Assim, é preciso saber que o texto dissertativo-argumentativo discute um tema de relevância esocial
direcionado a um leitor universal. Nesse texto, o autor deve defender um ponto de vista visando
convencer quem o lê. Em termos estruturais, ele divide-se em introdução, desenvolvimento conclusão.

Na introdução, é necessário apresentar o tema e a tese a ser defendida, sem rodeios. Essas informações
iniciais são necessárias e devem ser retomadas ao decorrer do texto, evitando fuga do tema.

No desenvolvimento, o autor precisa discorrer sobre seu ponto de vista apresentando os argumentos
juntamente de dados, informações e demais recursos para reforçar suas ideias. A utilização de
argumentos de autoridade (advindos de especialistas) é importante para conferir credibilidade a seu
texto.

Por fim, na conclusão, é necessária uma proposta que vise a resolução do problema. O autor precisa
dizer quem deve atuar (população, governo, mídia etc), o que deve ser feito, como e por que se deve
fazer algo e detalhar um dos elementos a seu leitor.

O conhecimento amplo do texto dissertativo-argumentativo é fundamental para a competência 3, visto


que nela analisa-se a produção de forma ampla, além de conectar-se diretamente com as competências
2 e 4.

Segunda dica: Leitura da proposta de redação

É fundamental uma leitura atenta e compreensão do tema da redação. Apesar de a adequação ao tema
ser analisada na competência 2, caso haja fuga do tema, você será penalizado na competência 3 e não
passará do nível 1.

Portanto, é importante analisar bem o tema e saber distinguir entre tema e assunto. O tema de 2017,
por exemplo, foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. O tema é formado pelas
seguintes palavras-chave: desafio, formação educacional de surdos e Brasil. Caso o texto dissertativo
aborde apenas o desafio dos surdos sem inseri-lo no contexto educacional, falou-se de um assunto, o
desafio dos surdos, e não do tema, o desafio dos surdos na educação no Brasil.

Terceira dica: definição da tese

A tese é a “alma” do texto dissertativo-argumentativo. Uma tese ruim consequentemente produzirá


argumentos ruins, e o produto final não terá boa qualidade. Portanto, é preciso definir uma boa tese.
Mas, o que é uma tese?

A tese nada mais é do que o ponto de vista do autor. Com base nisso, você deve responder à seguinte
pergunta: “Qual é a minha opinião sobre o tema?”. Em termos práticos, qual é a sua opinião sobre as
dificuldades da população surda no processo educativo? Qual é a sua opinião sobre a manipulação de
dados nas redes?

É evidente que a primeira resposta para as perguntas acima possam ser um pouco vagas ou incompletas,
mas elas já indicam o caminho a ser percorrido na organização do texto e, consequentemente, em um
bom projeto textual.

Se dissermos, ao responder às perguntas formuladas anteriormente, que “a falta de políticas públicas


inclusivas” é um problema para a formação educacional dos surdos, temos os princípios formuladores de
um ponto de vista. Se também for dito que, sobre a manipulação de dados, “o problema é o excesso de
poder que as empresas possuem para fazer o que quiserem com os dados dos usuários”, temos a
formulação de outro ponto de vista.

Quarta dica: selecionar ideias para a defesa do ponto de vista


Quais ideias deve-se selecionar e relacionar com a tese de que “a falta de políticas públicas inclusivas” é
um problema para a formação educacional dos surdos? Essa pergunta é importante, pois dentre todas as
informações de que dispomos, nem todas se encaixam na defesa desse argumento.

Na redação modelo que exibimos anteriormente, as referências sobre a Escola de Frankfurt e sobre a
tese de Bauman acerca da liberdade dificilmente se encaixariam na presente discussão. Assim,
selecionar ideias ou informações significa escolher exatamente os elementos necessários que dialogam
de forma produtiva e funcional com o ponto de vista defendido.

Quinta dica: esquema de construção do projeto de texto

Antes de iniciar o texto, é aconselhável construir um esquema com perguntas essenciais. Suas respostas
devem ajudar diretamente na construção do projeto de texto e, posteriormente, no texto dissertativo-
argumentativo em si."

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