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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA CHUVA COMO AUXÍLIO AO


DIMENSIONAMENTO DE PEQUENAS BARRAGENS NA BACIA HIDROGRÁFICA
DE TERRA NOVA (SERTÃO DE PERNAMBUCO)

Conference Paper · November 2020

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5 authors, including:

Gastão Cerquinha da Fonseca Neto Anderson Luiz Ribeiro de Paiva


Federal University of Pernambuco Federal University of Pernambuco
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Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral Marcos Antonio Barbosa da Silva Junior
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XV SIMPÓSIO DE RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA CHUVA COMO AUXÍLIO AO


DIMENSIONAMENTO DE PEQUENAS BARRAGENS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DE TERRA NOVA (SERTÃO DE PERNAMBUCO)
Gastão Cerquinha da Fonseca Neto1; Anderson Luiz Ribeiro de Paiva2; Alexson Caetano da Silva3;
Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral4 & Marcos Antônio Barbosa da Silva Júnior5

RESUMO – No projeto de barragens é importante um estudo prévio das chuvas intensas para
dimensionamento das estruturas extravasoras. A escolha da probabilidade de ocorrência do evento, a
fim de estabelecer a vazão de projeto, varia de acordo com as características da barragem, podendo-
se considerar Tempos de Retorno (TRs) de 500 a 10.000 anos ou Precipitação Máxima Provável
(PMP). A bacia hidrográfica de Terra Nova, localizada no Sertão Central de Pernambuco, é
contemplada com o Eixo Norte do projeto de transposição do rio São Francisco, permitindo ampliar
a disponibilidade de água para as populações residentes na região, seja na conexão direta para
abastecimento humano, seja na forma de perenização de riachos. Nesse sentido é possível prever um
aumento na procura por projetos de pequenos barramentos para produção agrícola. A fim de auxiliar
na estimativa de vazões para vertedouros de barragens, foi estudada a distribuição de Gumbel para
precipitações intensas de 500 anos de retorno, com durações de 1h, 2h, 4h e 6h, espacializadas pelo
método da krigagem. Os resultados obtidos permitem identificar o valor da intensidade pluviométrica
ao localizar a bacia que contribui para o reservatório.

ABSTRACT - For dam design, it is important to carry out a preliminary study of heavy rains in order
to design the overflow structures. The choice of event occurrence probability to determine the project
flow, varies according to the characteristics of the dam, ranging from a return time of 500 years to
10,000 years or Maximum Likely Precipitation. The “Terra Nova” river hydrographic basin, located
in the Central Hinterland of Pernambuco State in Brazil, will receive water from the North Axis of
São Francisco River transposition project, allowing to increase water availability for people residing
in the region, either for human supply or for stream perennialization. Thus, it is possible to foresee
an increase in the demand for small dam projects for agricultural production. For estimation of dam
spillway flow, the distribution of intense rainfall for 500 years return time, with durations of 1h, 2h,
4h and 6h, have been analyzed using the Gumbel distribution and spatialized by the kriging method.
The results allow to identify the value of the rain intensity that precipitates on the basin that
contributes to the reservoir.

Palavras-Chave – Chuvas Intensas; Gumbel; Vertedores

INTRODUÇÃO

1
Universidade Federal de Pernambuco, gastaocerquinha@gmail.com
2
Universidade Federal de Pernambuco, andersonlrpaiva@gmail.com
3
Universidade Federal de Pernambuco, alexsoncaetano@hotmail.com
4
Universidade Federal de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, jcabral.ufpe@gmail.com
5
Universidade Federal de Pernambuco, marcos15barbosa@hotmail.com

XV Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 1


Barragens são estruturas destinadas a diversos fins, como a geração de energia, regularização
de vazões (para abastecimento ou irrigação) e controle de inundações. A fim de eliminar o excedente
de água que se acumula no reservatório durante os meses chuvosos, as barragens possuem estruturas
vertentes projetadas para não falharem em grandes cheias, devido ao elevado dano que pode ser
provocado com a eliminação abrupta do volume de água reservado. Por isso, é recomendado que as
estruturas extravasoras sejam capazes de descarregar cheias com baixíssima probabilidade de
ocorrência ou que jamais seja esperado que aquela cheia aconteça algum dia naquela localidade
(KNAPPEN; STRATTON; DAVIS, 1952).
Nos últimos 35 anos, diversas barragens no Brasil romperam provocando inúmeros danos
materiais, ambientais, assim como perdas de vidas humanas (ALVES, 2019). Em Pernambuco, só no
primeiro semestre de 2020, foram registrados 6 rompimentos de pequenas barragens de terra,
localizadas nos municípios de Afogados da Ingazeira (JÚNIOR, 2020), Brejo da Madre de Deus
(LIMA, 2020), Sairé (G1, 2020), Sertânia (PERNAMBUCO, 2020), Terra Nova e Venturosa
(GUERRA, 2020). As informações de veículos de comunicação locais, órgãos de fiscalização e defesa
civil indicam que as barragens romperam devido à fortes chuvas, após superar a capacidade de
descarga das estruturas extravasoras. Além disso, tratava-se de barragens de pequeno porte, utilizadas
prioritariamente para irrigação e dessedentação animal.
O manual da FAO (Food and Agriculture Organization - Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e a Agricultura) recomenda um cálculo para a largura do vertedouro com base na altura
do maciço da barragem (STEPHENS, 2011). No entanto, considerando os riscos que representa à
vida das pessoas, bem como as perdas financeiras para o empreendedor da barragem, faz-se
necessário dispor de metodologia mais apropriada às características hidrológicas locais.
O primeiro passo para dimensionar o vertedouro de uma barragem consiste no estudo das
vazões do rio ou riacho onde o barramento se localizará. Na ausência de dados fluviométricos, é
necessária a utilização de modelos chuva-vazão, com os quais são estimadas precipitações para
probabilidades de baixíssima recorrência, como para Tempos de Retorno iguais a 500 (TR-500), 1.000
(TR-1.000) ou 10.000 (TR-10.000) anos, a depender das características da barragem. A Agência
Nacional de Águas (ANA) recomenda que as barragens menores do que 15 m de altura, ou que tenham
capacidade máxima de 3,0 hm³, utilizem TR-500 anos; as que tenham altura entre 15 m e 30 m, ou
volume entre 3,0 e 50,0 hm³, utilizem TR-1.000; e as que tenham altura igual ou superior a 30 m, ou
volume maior ou igual a 50,0 hm³, utilizem o método da Cheia Máxima Provável (CMP), mas na
falta de dados, é possível utilizar TR-10.000 (ANA, 2016).

XV Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 2


Determinar a chuva relacionada àquela onda de cheia representa etapa fundamental ao correto
dimensionamento de estruturas hidráulicas. A intensidade pluviométrica representa o volume de
chuva que cai em determinado período e está relacionada à probabilidade de ocorrência do evento.
Precipitações de menor duração tendem a ter elevado valor de intensidade. Da mesma forma, eventos
que tiveram poucos registros significam maiores intensidade e maior tempo de recorrência ou tempo
de retorno ou probabilidade de não excedência.
Em Pernambuco, os primeiros estudos de chuvas intensas foram desenvolvidos por Pfafstetter
(1957), o qual determinou equações de chuvas para os municípios de Nazaré da Mata e Olinda.
Posteriormente, mais estudos ampliaram as equações de chuva para outros municípios (COUTINHO
et al., 2013a, 2013b; SILVA et al., 2012). Outros Estados do Nordeste também desenvolveram suas
equações de chuvas intensas, a exemplo de Sergipe (ARAGÃO et al., 2013), Paraíba, Piauí e
Maranhão (CAMPOS et al., 2014, 2015, 2017). No entanto, em sua maioria, as equações
desenvolvidas possuem aplicação restrita a períodos de retorno de até 100 anos.
A determinação de chuvas intensas com tempo de retorno elevado requer dados de estações
pluviométricas com registros extensos. O que para Pernambuco representa grande dificuldade, devido
ao elevado números de equipamentos de medição que deixam de funcionar e podem passar meses até
receberem manutenção adequada. Outra dificuldade é o acesso a esses dados, por encontrarem-se
pulverizados entre sites de diversas instituições relacionadas a recursos hídricos.
A estimativa de intensidades de precipitação associadas a diferentes tempos de recorrência pode
ser obtida do estudo estatístico dos registros históricos de precipitação com a aplicação de
distribuições de probabilidade. No estudo hidrológico, algumas distribuições podem ser utilizadas e
testadas suas respectivas aderências ao modelo aplicado. A distribuição de Gumbel tem apresentado
bons resultados nas estimativas de eventos extremos de precipitação.
No entanto, muitas regiões possuem dificuldades na estimativa de vazões máximas, seja pela
falta de dados, seja pela distância de estações de registro. Uma alternativa para este problema é o uso
de técnicas de interpolação espacial da chuva. A aplicação de métodos de interpolação com uso de
ferramentas de Sistema de Informações Geográficas (SIG) permite obter valores em regiões com falta
de dados.
Nesse sentido, este estudo visa estimar relações IDF de estações pluviométricas e assim gerar
mapas de distribuição espacial para chuvas com tempo de retorno de 500 anos, importantes para o
dimensionamento de estruturas extravasoras de pequenas barragens.

MATERIAIS E MÉTODOS

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Área de estudo
A bacia hidrográfica de Terra Nova localiza-se no Sertão Central do Estado de Pernambuco,
constitui Unidade de Planejamento e Gestão 10 (UP-10), segundo os critérios adotados pelo Plano
Estadual de Recursos Hídricos (PERNAMBUCO, 1998), possui cerca de 4.906 km² de área e
contempla os municípios de: Cedro (ao Norte), Serrita, Verdejante, Salgueiro, Terra Nova, Mirandiba
e Cabrobó (ao Sul), e em menor proporção, os municípios de Parnamirim, Belém de São Francisco e
Carnaubeira da Penha (Figura 1). A região está inserida no semiárido nordestino, apresentando
distribuição temporal da precipitação bem definida, sendo dois períodos, o úmido, onde concentram-
se as chuvas nos meses de janeiro a abril, com precipitação média anual de 568 mm, e o seco, com
pouca ou quase nenhuma precipitação registrada de maio a dezembro. Em consequência das
condições climáticas, a evaporação anual é em média 2.911 mm, superando os totais anuais
precipitados (ANA, 2017a).

Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica do rio Terra Nova – UTM (WGS84)


O sertão central de Pernambuco ganhou maior relevância no cenário nacional por contemplar
as obras do Projeto de Integração do São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional (PISF).
O projeto de transposição do rio São Francisco objetiva suprir o déficit hídrico em diversas regiões
de quatro Estados do Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará) mais atingidas
pela escassez de água (ANA, 2017b). O projeto permite a perenização de riachos, quando os Portais

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de Entrega liberam a água para o leito fluvial, a fim de que agricultores e famílias ribeirinhas possam
fazer uso. Em Pernambuco, o Eixo Norte possui 7 Portais de Entrega aptos a perenização, sendo 6
deles pertencentes a Bacia Hidrográfica de Terra Nova (ANA, 2005). Esse cenário, aliado às vazões
naturais dos riachos, favorecerá a construção de pequenos barramentos para regularização de vazões.
Seleção e preparação dos dados
A extensão dos dados de registros pluviométricos é fundamental no estudo das tendências de
precipitação em uma região. Assim, o posto deve apresentar uma quantidade de informações
suficiente para representar de maneira satisfatória o comportamento das chuvas em determinada área.
Em uma primeira análise, foram identificados 18 postos pluviométricos com dados diários
distribuídos na bacia hidrográfica, incluindo os postos fora da bacia, mas próximos da fronteira,
importantes para evitar erros pelo efeito de borda na interpolação dos dados. Em seguida, a partir de
uma análise minuciosa de cada um, estabeleceu-se como critério de exclusão de estações inadequadas
ao estudo, a extensão mínima de 25 anos de dados. Também, a fim de não perder a espacialidade das
informações, foram aceitos postos que não tenham registros de dados recentes (Tabela 1).

Tabela 1 - Postos pluviométricos selecionados para o estudo da bacia Terra Nova


Período de Extensão dos
Código Município
Observação Dados Válidos
8 Salgueiro/PE 1916-2019 86 anos
9 Belém de São Francisco/PE 1962-2019 34 anos
54 Mirandiba/PE 1962-2019 43 anos
82 Cedro/PE 1962-2019 45 anos
90 Granito/PE 1962-2019 36 anos
172 Parnamirim/PE 1911-2019 86 anos
179 Terra Nova/PE 1920-2019 43 anos
181 Verdejante/PE 1962-2019 42 anos
839010 Cabrobó/PE 1962-1992 26 anos

Além disso, meses da quadra chuvosa com falhas tiveram seus respectivos anos
desconsiderados. Por fim, após selecionados os postos, foram identificadas e listadas as precipitações
máximas diárias de cada ano. A verificação de outliers consistiu na análise boxplot, no entanto, não
tiveram seus dados descartados por serem de relevância estatística.
Distribuição de Gumbel e espacialização dos dados
A distribuição de Gumbel, distribuição de variável aleatória de valores extremos do tipo I, é
amplamente utilizada na análise de frequência de variáveis hidrológicas, principalmente na
determinação de relações intensidade-duração-frequência de chuvas intensas e dimensionamento de
vazões de enchentes. A função de distribuição acumulada (FDA) que permite obter as probabilidades
acumuladas da distribuição de Gumbel para a variável aleatória Y é dada pela Equação 1.

XV Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 5


𝑦−𝛽
𝐹𝑌 (𝑦) = 𝑒𝑥𝑝 [−𝑒𝑥𝑝 (− )] (1)
𝛼
Onde α representa o parâmetro de escala, válido para valores maiores que zero e β representa o
parâmetro de posição e moda de Y. Tanto β como y são válidos entre -∞ e +∞. A função densidade de
probabilidade da distribuição é dada pela Equação 2.
1 𝑦−𝛽 𝑦−𝛽
𝑓𝑌 (𝑦) = 𝑒𝑥𝑝 [− − 𝑒𝑥𝑝 (− )] (2)
𝛼 𝛼 𝛼
O valor esperado, a variância e o coeficiente de assimetria de Y são obtidos pelas equações 3,
4 e 5. A função inversa da FDA de Gumbel (função quantis) é expressa pela Equação 6, onde TR é o
período de retorno em anos.
𝐸[𝑌] = 𝛽 + 0,5771𝛼 (3)
𝜋2𝛼2
𝑉𝑎𝑟[𝑌] = 𝜎𝑌2 = (4)
6
𝛾 = 1,1396 (5)
1
𝑦(𝑇) = 𝛽 − 𝛼𝑙𝑛 [−𝑙𝑛 (1 − )] (6)
𝑇𝑅
A obtenção dos valores de precipitação para determinado TR se dá a partir da resolução das
equações 2 e 3, sabendo-se que Var(Y) = E(Y²) - [E(Y)]², onde obtêm-se os parâmetros α e β, os
quais, inseridos na equação 6, permitem chegar ao resultado pretendido (NAGHETTINI; PINTO,
2007). Dessa forma, os dados de precipitação diária máxima anual de cada posto são ajustados à
distribuição de Gumbel, obtendo-se os valores de precipitação para o tempo de retorno de 500 anos
e duração de 1 dia. A fim de verificar a aderência do modelo de probabilidades às séries de dados
pluviométricos, foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S) com nível de significância de 5%.
O estudo estatístico foi realizado com os recursos do programa Microsoft Excel.
Através dos dados de precipitação com duração de 1 dia, é possível, aplicando-se os fatores de
derivação da metodologia proposta pelo DAEE e CETESB, obter as precipitações, e consequentes
intensidades pluviométricas para as durações de 1, 2, 4, e 6 horas associadas ao TR-500 (DAEE;
CETESB, 1980). Em seguida, os valores obtidos foram interpolados espacialmente utilizando-se do
método da Krigagem com uso do programa Surfer 18.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de aderência dos postos utilizados no estudo através do teste K-S demonstrou que a
distribuição de Gumbel se ajusta bem, com nível de significância de 5% para todos (Tabela 2). Na
Figura 2, observa-se os gráficos de dispersão dos dados observados de pluviometria e dos dados
calculados próximos à linha na posição 1:1 para os postos Cedro e Parnamirim.

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Tabela 2 - Resultados dos Testes Kolmogorov-Smirnov
Posto Pluviométrico Dcrítico 5% Dmáx calculado (K-S) H0 (5%)
Belém de São Francisco 0,2310 0,15152 ACEITA
Mirandiba 0,2096 0,14286 ACEITA
Cedro 0,2047 0,090909 ACEITA
Granito 0,2240 0,14286 ACEITA
Parnamirim 0,1473 0,058824 ACEITA
Terra Nova 0,2096 0,14286 ACEITA
Verdejante 0,2121 0,097561 ACEITA
Conceição 0,1981 0,12766 ACEITA
Cabrobó 0,2640 0,16000 ACEITA
Salgueiro 0,1482 0,071429 ACEITA

(a) (b)

Figura 2 - Gráfico de dispersão dos dados pluviométricos observados e estimados, de forma associada à linha
em inclinação 1:1 para os postos de Cedro (a) e Parnamirim (b).
A obtenção das intensidades pluviométricas para diferentes durações de chuva e TR-500
permitiu a distribuição espacial através do método da Krigagem (Figura 3). Os resultados mostram
uma maior tendência de chuvas mais intensas na região de Verdejante e em menor grau na região de
Cabrobó, enquanto em Parnamirim e Terra Nova apresentaram os menores valores estimados.
É importante observar, que a variação espacial das intensidades pluviométricas representa um
alerta ao projetista, na medida em que a escolha do posto pode levar ao erro. O posto Salgueiro, por
exemplo, segundo o critério de extensão dos dados, pode levar a valores subestimados de
intensidades, caso a barragem venha a ser projetada nas regiões de Cedro ou Verdejante, que possuem,
aproximadamente, metade dos dados válidos, mas valores de intensidades superiores.

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(a) (b)

(c) (d)
Figura 3 - Distribuição espacial das intensidades de chuva (mm/h) para TR-500 nas durações de 1h (a), 2h
(b), 4h (c) e 6h (d).
CONCLUSÕES

As pequenas barragens de terra, projetadas, em sua maioria, para irrigação e dessedentação


animal, apresentam fragilidades quanto ao método empregado no projeto do vertedouro. Chuvas
recentes em Pernambuco mostraram que a não adequação ao que pregam as agências de regulação e
fiscalização pode trazer inúmeros danos às populações residentes a jusante do barramento com o
rompimento dos reservatórios.

XV Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 8


Uma forma de estimar parâmetros de dimensionamento de vertedouros é utilizar a distribuição
probabilística de Gumbel para intensidades pluviométricas de baixíssima frequência. O método
aplicado para a bacia hidrográfica de Terra Nova apresentou resultados satisfatórios quando testado
sua aderência através do método de Kolmogorov-Smirnov, passando para todos os postos.
A distribuição espacial dos resultados utilizando o método da Krigagem facilita a visualização
das informações em regiões onde não existem postos pluviométricos, demonstrando através da
variação de valores, que utilizar um posto de região próxima pode levar a erros na estimativa dos
dados iniciais de projeto.
AGRADECIMENTOS

Ao Grupo de Recursos Hídricos da UFPE pelo apoio e incentivo. À Secretaria Executiva de


Recursos Hídricos de Pernambuco, por permitir um ambiente que favorece a pesquisa. À ANA e
APAC pelo fornecimento de dados da região de estudo e da gestão hídrica local. À FACEPE pela
concessão da bolsa de doutorado do último autor.

REFERÊNCIAS

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<https://www.ana.gov.br/regulacao/outorga-e-fiscalizacao/pisf/outorga>
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hidrologia, balanço hídrico e operação. 1. ed. Brasília: ANA, 2017a.
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agua-invade-casas-em-barra-de-guabiraba.ghtml>.
GUERRA, A. C. Barragem em Pernambuco rompe e atinge município em Alagoas. Disponível
em: <https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2020/03/barragem-em-
pernambuco-rompe-e-atinge-municipio-em-alagoas.html.>. Acesso em: 6 jul. 2020.
JÚNIOR, N. Pajeú em alerta máximo com fortes chuvas das últimas horas. Disponível em:
<https://nilljunior.com.br/pajeu-em-alerta-maximo-com-fortes-chuvas/>. Acesso em: 6 jul.
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KNAPPEN, T. T.; STRATTON, J. H.; DAVIS, C. V. Handbook of applied hydraulics. In: 2. ed. New
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LIMA, N. Plantão: barragem do Sítio Caldeirão rompe, em Brejo da Madre de Deus. Disponível
em: <http://www.blogdoneylima.com.br/cotidiano/plantao-barragem-do-sitio-caldeirao-
rompe-em-brejo-da-madre-de-deus>. Acesso em: 6 jul. 2020.
NAGHETTINI, M.; PINTO, É. J. DE A. Hidrologia Estatística. 1. ed. Belo Horizonte: CPRM, 2007.
PERNAMBUCO. Plano Estadual de Recursos Hídricos de Pernambuco. Recife: SECTMA, 1998.
v. 1
PERNAMBUCO, D. DE. Devido à alagamento e erosão, faixa da BR-232, em Sertânia, ficará
interditada por 30 dias. Disponível em:
<https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/vidaurbana/2020/03/devido-a-
alagamento-e-erosao-faixa-da-br-232-em-sertania-ficara-int.html>. Acesso em: 6 jul. 2020.
PFAFSTETTER, O. Chuvas intensas do Brasil. Rio de Janeiro: DNOS, 1957.
SILVA, B. M. et al. Chuvas Intensas em Localidades do Estado de Pernambuco. Revista Brasileira
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STEPHENS, T. Manual sobre pequenas barragens de terra: guia para a localização, projecto e
construção. Roma: FAO, 2011.

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