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DIAS VIOLENTOS

É notório que temos vivido dias violentos. No campo e na cidade crimes violentos
acontecem diariamente, sendo que alguns se destacam pelo número ou pela idade das
vítimas, ou então pela frequência que ocorrem. O desrespeito pelo patrimônio do outro,
pela integridade física do outro, pela família do outro e pela vida do outro é demonstrado
por ataques violentos que trazem a indignação, a tristeza e a preocupação na população
em geral. Notícias truncadas e falsas correm pelas telas de diversos tamanhos, não só
nas redes sociais, como também na “mídia tradicional”. As pessoas estão assustadas,
ansiosas e com medo.

No entanto, engana-se quem pensa que a violência é algo desta geração, que “os
tempos antigos eram melhores”, ou que em casa estamos seguros da violência. As
Escrituras nos mostram que a violência nasceu logo após a Queda e em família. Com o
coração invejoso e irado, Caim matou o seu próprio irmão Abel (Gn 4.1-8). Nos dias de
Noé “a terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência” (Gn 6.11) trazendo o
juízo de Deus sob os homens com o dilúvio. Famílias da aliança também sofrem com a
violência. Davi, o “homem segundo o coração de Deus” testemunhou a violência dentro
de sua própria casa, duas vezes (2 Sm 13). Assim, a violência é uma consequência do
pecado, ela está presente em todas as gerações de pecadores.

A violência ocorre com maior frequência onde existe impunidade. No Salmo 55,
Davi clama ao Senhor pedindo-lhe justiça aos que praticavam a violência. Comentando os
versículos 9-11 Calvino assevera: “Ao anunciar que a perversidade estava no meio da
cidade, a fraude e malícia, em suas ruas, ele aponta para a genuína fonte dos crimes
prevalecentes. Mesmo quando se devia esperar que os que eram interiormente corruptos
e entregues a vícios tão nocivos, entregavam-se à violência e à perseguição do pobre e
indefeso. Em termos gerais, ele deve ser considerado como a apontar, nesta passagem,
para as deploráveis confusões que caracterizavam o governo de Saul, quando a justiça e
a ordem haviam sido, de certa maneira, banidas do reino". Um governo ruim como o de
Saul provocava violência constante na nação. Mas se Saul falhou como rei, Davi falhou
como pai, não aplicando a lei quando soube que Amnom estuprara Tamar, nem quando
Absalão vingou-se assassinando seu irmão. A violência cresce à medida que há
impunidade provocada por autoridades púbilcas, políticas e judiciárias, sendo isso um
reflexo da impunidade familiar, onde pais deixam de disciplinar os seus filhos quando isso
se faz necessário conforme o princípio ensinado em Provérbios (13.24; 19.18; 22.15;
29.15).

Por fim, cabe salientar que os violentos não ficarão impunes. Quando Habacuque
clamou e gritou ao Senhor por causa da violência dominante em Jerusalém e Judá, o
Senhor respondeu ao seu profeta que julgaria seu povo castigando-o através dos
violentoscaldeus e depois ele mesmo os puniria (Hc 1-3). Haverá juízo eterno para os
violentos (Sl 140.10), e mesmo aqueles que se arrependerem de sua violência, sofrerão a
consequência dela nesta vida, ainda que perdoados e salvos (2 Sm 12.9-14; Lc 23.41-43).
Desta forma, ore ao Senhor, clamando pela sua justiça e pela sua misericórdia. Seja um
pacificador, pregando o evangelho que transforma homens violentos em homens de paz.
Se você exerce autoridade, em casa, no trabalho, na igreja ou na vida pública, exerça
biblicamente a disciplina para refrear o avanço da violência. E descanse na providência,
sabendo que o Senhor governa tudo para o nosso bem e para a glória dele. E quando
tudo for consumado, os redimidos estarão finalmente livres da violência, no novo céu e na
nova terra.

Rev. Múcio Luiz Martins Jr.

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