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PASOLINI
Notas Para Uma Oresteia Africana, retrata uma viagem que Pasolini
realizou para África Ocidental e Oriental, como a Tanzânia e Uganda, entre a
década de 1960 e 1970. O título, já por si só, explica que se trata de um
conjunto de estudos e pesquisas primárias, com o objetivo de maior de
representar a obra de Ésquilo, A Oresteia, em um cenário pós-colonial, na qual
região é apresentada a vida moderna.
De acordo com Pasolini, a obra em si, não pode ser considerada como
um filme por completo, mas como fragmentos, todos unidos e ligados, como
planos e bases para um filme que está para ser lançado. O fundamento
principal do “documentário”, é baseado no fato de Pasolini comentar a história
enquanto aponta sua câmera pelas várias regiões da África, procurando por
pessoas que possam representar os personagens da obra de Ésquilo, em meio
a improvisação de cenas e reconstituição de lugares. Um ponto importante
disso tudo, é a alternância entre as imagens capturadas por Pasolini, em meio
aquele cenário atual, com a Guerra em Biafra, fazendo uma alusão histórica e
uma metáfora à Guerra de Tróia. Além disso, ainda um conjunto de cenas é
especial, por se tratar de uma conversa sobre o filme, entre Pasolini e um
grupo de estudantes africanos de uma universidade.
Pasolini transmite a impressão de não querer definir seu filme nem como
um documentário, no sentido literal da palavra, nem como mais uma narrativa
comum, talvez na esperança de trazer novamente a tragédia grega para a
atualidade. Em vez disso, as “notas” parecem não pertencer a um gênero em
si, um “estilo sem estilo” pode-se dizer assim, algo que só parece fazer sentido
em uma linguagem específica da arte e filosofia. Além disso, Notas Para Uma
Oresteia Africana, aparenta possuir dois tipos de natureza: a primeira, trata de
uma imagem metafórica da África e a segunda, apresenta bases
indeterminantes e experimentais.