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Mecânica da Fratura
Luiz Eduardo Teixeira Ferreira
Pesquisador Associado Doutor, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
e-mail: leferrei@sc.usp.br
1 Introdução
Sabe-se que, no estudo dos materiais em nível macroscópico, a matéria pode se
apresentar em três estados de agregação: sólido, líqüido e gasoso. Outros tipos de fase,
como o estado pastoso ou o plasma, são considerados de interesse em níveis mais
avançados da Física.
No estado sólido, a matéria de um corpo se organiza com forma, volume e posição
relativa de suas partículas definidas. Os átomos ou as moléculas ficam relativamente
próximos e a matéria resiste à deformação, mas isso não evita que ela ocorra. Já no
estado líqüido, a quantidade de matéria e, aproximadamente, o volume, ficam inalterados,
mas a forma do corpo e a posição relativa das partículas não se mantêm. No estado
gasoso, apenas a quantidade de matéria se mantém, sendo que a forma e o volume
variam.
Tratando-se especificamente dos materiais no estado sólido e suas aplicações na
Engenharia, interessa conhecer as suas características quanto à continuidade,
homogeneidade e isotropia. Diz-se que um corpo é contínuo quando não tem cavidades
ou espaços vazios de qualquer espécie. Um corpo é homogêneo quando as propriedades
do material são idênticas em quaisquer pontos. É isotrópico quando as propriedades do
material não variam conforme a direção ou a orientação. Se alguma propriedade variar,
em relação a um sistema de eixos, deve ser entendida como anisotrópica.
Todavia, a interpretação da continuidade, homogeneidade e isotropia de um
material fica condicionada à escala de observação, isto é, se ele está sendo analisado
macro ou microscopicamente. Por exemplo, o aço pode, do ponto de vista macroscópico,
ser considerado contínuo, homogêneo e isotrópico, mas sabe-se que, na escala
microscópica, ele apresenta heterogeneidades de diversas naturezas. O concreto, por sua
vez, também pode ser tratado como uniforme em diversos tipos de análise, mas, na sua
estrutura interna, ele é um material multi-fásico – é constituído por pasta de cimento,
agregados e vazios. Cada uma dessas fases tem suas características peculiares, que, no
conjunto, influenciam o comportamento mecânico e a durabilidade do material.
Esta breve menção à natureza da estrutura interna dos materiais serve para
enfatizar a importância dos métodos de análise do comportamento mecânico dos
materiais, que envolvem conhecimentos sobre a sua macroestrutura e microestrutura,
também tratadas em outros capítulos deste livro.
No presente capítulo, focalizam-se especialmente a deformabilidade e o
fraturamento dos materiais de construção civil, com base em fundamentos da Mecânica
dos Sólidos e da Mecânica da Fratura.
podendo ou não retomar a sua forma original. Essa postulação, um tanto quanto familiar,
define uma das posições na escala da observação da estrutura e do material que a
constitui, ou seja, a macroescala.
Para estudar os meios contínuos, os engenheiros procuram, primeiramente,
separar as partes que compõem o sistema contínuo ou subdividir o meio em pequenos
“elementos”, discretizando o problema. Naturalmente, esse processo de discretização é
finito. Caso não fosse, a subdivisão indefinida requereria o tratamento matemático do
problema pela consideração de elementos infinitesimais.
Em seguida, procuram estudar e compreender o comportamento dessas pequenas
partes ou elementos para, posteriormente, reagrupá-los de forma a obter uma descrição
do comportamento “médio” global, do meio.
Na Ciência dos Materiais e na Mecânica Experimental, essas pequenas partes do
meio contínuo separadas para estudos são designadas por elementos representativos.
Teoricamente, as propriedades mecânicas verificadas no elemento representativo
do material refletem satisfatoriamente as propriedades de todo o meio. Para que isso
ocorra, o elemento deve ser suficientemente pequeno de modo a evitar mudanças
bruscas de comportamento mecânico entre um elemento e outro, mas deve ser
suficientemente grande, para poder representar os microprocessos que ocorrem em sua
estrutura elementar. Para se ter uma idéia de grandeza, esses volumes representativos
são da ordem de 0,1 mm3 para os metais e de 100 mm3 para o concreto (Lemaitre, 1996).
Com efeito, mecanismos físicos como a deformação e o dano ocorrem em escalas
inferiores, especialmente na microescala do material.
Os materiais são compostos de átomos que se mantêm agrupados por ligações
que resultam da interação de campos eletromagnéticos (Lemaitre e Chaboche, 2002). O
agrupamento desses átomos ocorre de maneira organizada, formando o que se denomina
monocristal ou grão. Para um melhor entendimento do monocristal, podem-se imaginar os
átomos ocupando os vértices de um paralelepípedo. Quando um átomo adicional ocupa o
centróide desse paralelepípedo, a estrutura cristalina elementar é denominada cúbica de
corpo centrado (CCC), característica dos materiais com alta resistência. Usualmente,
esses materiais apresentam ruptura frágil.
Por outro lado, os monocristais podem apresentar átomos organizados nos vértices
do paralelepípedo e em cada uma de suas faces, resultando no que se denomina
estrutura cúbica de face centrada (CFC). Materiais com esse tipo de estrutura elementar,
usualmente apresentam ruptura dúctil. Uma terceira categoria de organização atômica é a
que se denomina hexagonal compacta (HC), ou hexagonal fechada, onde os átomos
encontram-se organizados segundo um prisma hexagonal.
A estrutura dos metais, por exemplo, é formada pela repetição de monocristais,
dando origem ao que se denomina estrutura policristalina.
Muitas vezes, a estrutura cristalina apresenta defeitos de diferentes naturezas, no
que diz respeito à organização dos átomos. Esses defeitos podem ocorrer em pontos
isolados, como, por exemplo, pela ausência de átomos ou em superfícies, como os que
se verificam na interface entre duas fases do material 1.
Ocorrem, ainda, em linha, por repetição periódica. Esse tipo de defeito, de grande
importância, é designado discordância. Nesse nível de observação, ou seja, na
microescala, é que se verificam os principais mecanismos de interesse para a definição
do comportamento mecânico dos materiais.
Entende-se por resiliência a propriedade apresentada pelo material de deformar-se
em regime elástico. As deformações elásticas ou resilientes são resultados da reversão
dos movimentos relativos dos átomos, uma vez cessada a solicitação externa. Do ponto
1
O estudo da estrutura cristalina dos materiais é procedido no capítulo 6.
Livro Materiais de Construção Civil 2
Instituto Brasileiro do Concreto .
2
Informações mais detalhadas sobre as deformações são encontradas no Capítulo 8.
Livro Materiais de Construção Civil 3
Instituto Brasileiro do Concreto .
4 Gênese da fissuração
4.1 Processo de acumulação de dano e iniciação da fissuração
Do ponto de vista mecânico, a acumulação do dano ocorre pela geração
sistemática de rupturas das ligações e nucleações sucessivas de microfissuras. Muitas
vezes, essas rupturas são caracterizadas por simples perda de coesão entre as diferentes
fases do material. Como tais descontinuidades microscópicas ocorrem nas regiões mais
tensionadas do sólido, quer no fraturamento frágil, quer no fraturamento dúctil, os vazios
que as caracterizam acabam por se reunir, dando origem a uma ou mais mesofissuras.
O crescimento individual dessas mesofissuras, ou a ocorrência de um novo
processo de coalescência delas, gera a macrofissura, que é aquela que se pode detectar
visualmente.
A solicitação alternada por tração, ou por tração seguida de compressão, por
exemplo, constitui outro importante fator de natureza mecânica, responsável pela
acumulação de danos. Mesmo que a flutuação de tensões ocorra abaixo da tensão de
escoamento do material (fadiga de alto ciclo), os defeitos microscópicos, microfissuras e
vazios que ocorrem na estrutura cristalina do material passam a concentrar tensões
(suficientemente altas), que dão origem a processos locais de plastificação.
No princípio, o processo de danificação é estável e caracterizado pela propagação
estável das microfissuras. Contudo, esse processo é evolutivo e leva a estrutura ao
colapso pelas razões anteriormente expostas.
Na macroescala do elemento estrutural, pequenas regiões que apresentem
irregularidades, descontinuidades externas ou internas decorrentes de detalhes mal-
projetados ou de defeitos de fabricação são regiões potencialmente concentradoras de
tensões, as quais podem levar a estrutura à danificação progressiva, à fissuração e ao
colapso.
Por outro lado, a acumulação de danos não se dá única e exclusivamente por
razões de ordem mecânica ou geométrica. Outros processos importantes de acumulação
de danos são os processos assistidos pelo meio. Dentre eles, destacam-se o de
fragilização dos metais pela presença de hidrogênio e o processo de corrosão.
A conjugação de fatores mecânicos e químicos, como o fenômeno da corrosão sob
tensão, constitui uma terceira classe de processo de acumulação de danos. Este último é
de grande importância na engenharia estrutural, especialmente no caso de obras
protendidas sujeitas à ação agressiva do meio.
5 Mecânica da Fratura
Definida por Kanninen (1985) como um tópico da Engenharia fundamentado na
Mecânica Aplicada e na Ciência dos Materiais, a Mecânica da Fratura ganhou impulso
como ramo da Engenharia Estrutural somente há algumas décadas, motivado pela
necessidade de interpretação de acidentes catastróficos que envolveram obras de
Engenharia.
Quando o foco do estudo se refere à integridade estrutural, esse ramo da Mecânica
contribui para a análise da formação, propagação e arrestamento3 das fissuras, com
vistas ao desempenho adequado dos materiais e estruturas. Em outras situações, os
conhecimentos podem ser aplicados na formação e propagação intencional e controlada
de fissuras, a exemplo do fraturamento hidráulico em rochas destinado à estimulação de
produtividade em reservatórios de petróleo.
Broek (1986) observa que estruturas construídas com materiais de alta resistência
normalmente apresentam baixa resistência ao fraturamento, podendo romper em níveis
de tensão muito abaixo daqueles para os quais foram projetadas. Segundo o autor, a
ocorrência de fraturamento a baixos níveis de tensão em estruturas construídas com
esses materiais induziu o desenvolvimento da Mecânica da Fratura como disciplina da
Engenharia Estrutural.
Em contínuo desenvolvimento, a Mecânica da Fratura faz parte da base dos
fundamentos do projeto estrutural, de modo a complementar aos critérios de resistência
3
Entende-se por arrestamento, o impedimento da propagação da fissura.
Livro Materiais de Construção Civil 6
Instituto Brasileiro do Concreto .
4
Para maiores informações sobre os regimes de ruptura dos materiais, sugere-se uma consulta ao Capítulo 6.
Livro Materiais de Construção Civil 7
Instituto Brasileiro do Concreto .
Figura 1 – Modos de solicitação ao fraturamento: Modo I (A), Modo II (B) e Modo III (C).
Figura 2 – Concentrações de placas de grandes dimensões com furos circular (a) e elíptico (b).
∂ 4 Φ 2∂ 4 Φ ∂ 4 Φ
+ + =0 Equação 1
∂x 4 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 4
KI θ θ 3θ
σx = cos 1 − sen sen Equação 2
2π r 2 2 2
KI θ θ 3θ
σy = cos 1 + sen sen Equação 3
2π r 2 2 2
KI θ θ 3θ
τ xy = sen cos cos Equação 4
2π r 2 2 2
5
Grifith, A.A. The phenomena of rupture and flow in solids. Philosophical Transactions of the Royal Society of
London, series A, v. 221, p. 163-198, Mar. 1920.
Livro Materiais de Construção Civil 9
Instituto Brasileiro do Concreto .
pode ser entendido como o fator que associa o campo de tensão à frente da ponta da
fissura com a singularidade. No caso geral, escreve-se:
KI
σ ij = f ij (θ ) Equação 5
2π r
K II θ θ 3θ
σx = − sen 2 + cos cos Equação 6
2π r 2 2 2
K II θ θ 3θ
σy = sen cos cos Equação 7
2π r 2 2 2
K II θ θ 3θ
τ xy = cos 1 − sen sen Equação 8
2π r 2 2 2
K III θ
τ xz = − sen Equação 9
2π r 2
K III θ
τ yz = cos Equação 10
2π r 2
K I = σ π a f ( a; W ) Equação 11
Seja, por exemplo, uma viga bi-apoiada com base B, altura W e vão S, solicitada à
flexão em três pontos por uma carga P (carga concentrada central), que apresenta uma
fissura de extensão a no centro do vão. Nesse caso, a tensão nominal na região central
da viga é dada por:
3 PS
σ= Equação 12
2 BW 2
3 PS
KI = π a f (α ) Equação 13
2 BW 2
S/W a b c d e f
1 1.3784151 -2.8339910 6.3744746 -2.9002261 -5.8053333 12.7549070
2 1.0244559 -1.4050530 4.4289807 0.0180668 -8.7581504 13.9282700
3 1.0444201 -1.2557771 4.0220222 1.3056905 -11.1403750 15.6007550
6 1.0771384 -1.0921176 3.5032921 2.5230498 -12.8730870 16.6358800
9 1.0843312 -0.9797652 3.0458388 3.4258041 -13.6221960 16.7970730
12 1.0952824 -1.0798027 3.9783769 0.0532106 -8.2047085 13.5719790
15 1.0985129 -1.0667642 3.9535844 0.0330708 -8.0664448 13.4576870
Por outro lado, para uma estrutura de dimensões “infinitas”, como a chapa do
problema de Griffith, a função f(a;W) terá valor unitário.
K I = K IC Equação 15
−3
K I = Pa m = N m 2
MATERIAL KIC
(MPa.m^0.5)
KI r θ θ
u= cos 1 − 2υ '+ sen 2 Equação 17
G 2π 2 2
K r θ θ
v= I sen 2 − 2υ '− cos 2 Equação 18
G 2π 2 2
K II r θ θ
u= sen 2 − 2υ '+ cos 2 Equação 19
G 2π 2 2
K r θ θ
v= I cos − 1 + 2υ '+ sen 2 Equação 20
G 2π 2 2
K III 2r θ
w= sen Equação 21
G π 2
F=U Equação 22
F=U+W Equação 23
∏ = U − F +W Equação 24
∂∏ ∂
= (U − F + W ) = 0 Equação 25
∂a ∂a
e
∂
(F − U ) = ∂W Equação 26
∂a ∂a
Livro Materiais de Construção Civil 13
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1 ∂
G= ⋅ ( F −U ) Equação 27
B ∂a
1 ∂
G= (F − U ) = 1 P ∂v − ∂U Equação 28
B ∂a B ∂a ∂a
1 1
U= Pv = C P 2 Equação 29
2 2
e
∂v ∂
= (C P ) = C ∂P + P ∂C Equação 30
∂a ∂a ∂a ∂a
1 ∂v ∂U 1 ∂P ∂C 1 ∂P ∂C
G= P − = P C +P − 2CP + P2 Equação 31
B ∂a ∂a B ∂a ∂a 2 ∂a ∂a
Como P é constante, ∂P / ∂a = 0 :
P 2 ∂C
G= Equação 32
2 B ∂a
1 ∂v 1 ∂U
G= P = Equação 33
2 B ∂a B ∂a
1 ∂P 1 ∂U
G=− v =− Equação 34
2 B ∂a B ∂a
onde E’=E para o estado plano de tensão (EPT) e E’=E/(1-ν2) para o estado plano de
deformação (EPD). Para o Modo III, tem-se:
2
K
G III = (1 + ν ) III Equação 36
E
1 2 (1 + ν ) 2
G= ( K I + K II2 ) + K III ( E.P.T.)
E E
Equação 37a, b
(1 − ν 2 ) 2 (1 + ν ) 2
G= ( K I + K II2 ) + K III (E.P.D)
E E
σ 2a K I2
rp = = (Equação 40)
f y2 π f y2
[(σ ]
1
1
− σ 2 ) − (σ 2 − σ 3 ) − (σ 3 − σ 1 )
2 2 2
1
2
= fy Equação 41
2
σ eq
FCP = Equação 42
fy
KI KI KI
σ1 = ; σ2 = ; σ 3 = ν (σ 1 + σ 2 ) = 2ν Equação 43
2π r 2π r 2π r
σ 1 = 3 f y = σ eq Equação 44
σ 2a K I2
rp = = Equação 45
(FCP f ) y
2
π (FCP f y )2
2
K
a; B; (W − a ) ≥ 2.5 IC Equação 46
f
y
σ 2a K I2
rp = ≅ Equação 47
2 2 f
2
3π f y2
y
aef = a + rp Equação 48
Modelo de Dugdale/Barenblatt;
Modelo de Wells;
Integrais “J”;
Módulo de rasgamento;
Curvas de resistência ao fraturamento.
Modelo de Dugdale
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Instituto Brasileiro do Concreto .
Esse modelo considera a existência de uma fissura efetiva, cuja extensão é maior
que a da fissura real e que engloba a zona plastificada na ponta da fissura. A extensão
adicional, ρ, à frente da ponta da fissura é suposta estar solicitada por uma tensão de
fechamento de valor igual à tensão de escoamento do material.
A determinação dessa extensão é procedida considerando-se a superposição de
efeitos dos fatores de intensidade de tensão decorrentes do carregamento externo, K Iσ , e
da tensão de fechamento que atua ao longo da extensão ρ, K Iρ . Assim, a singularidade
na ponta da fissura é cancelada, ou seja, KI = 0, conforme ilustra a Figura 6.
K I = K Iσ + K Iρ = 0 Equação 49
que conduz a
K Iσ = − K Iρ Equação 50
π 2σ 2 a π K I2
ρ= = Equação 51
8 f y2 8 f y2
que representa a extensão adicional a ser considerada na ponta (ou nas pontas) da
fissura, para a aplicação da formulação da MFEL. Observa-se que:
π K I2 K I2
≅ = rp Equação 52
8 f y2 π f y2
resultado bastante parecido com aqueles obtidos com as Equações 40 e 45 para estado
plano de tensão, comprovando, como esperado, que no fraturamento elastoplástico a
região de dano é bastante significativa.
Figura 7 – Sólido pré-fissurado solicitado ao fraturamento e diagrama Pxδ (ou Px CMOD) da ruptura.
w
σ (w) = f t 1 − Equação 53
w
c
Relação Bi-linear
w
σ (w ) = ( f t − σ 1 ) para w ≤ w1 Equação 54
w1
e
w − w1
σ (w) = σ 1 para w > w1. Equação 55
w
c − w 1
φ max wc kd
(mm) (mm)
8 0.12 4
16 0.15 6
32 0.25 10
σ 1 = 0.15 f t Equação 56
e
0.95
G
G F − 22 wC F
w 1= kd Equação 57
0.95
GF
150
kd
com:
0.7
GF = k d f C Equação 58
Energia de fraturamento, GF
A determinação da energia de fraturamento faz uso de uma técnica bastante
simples que consiste na determinação do trabalho necessário à completa ruptura de uma
secção transversal entalhada. A energia de fraturamento, em termos unitários, é obtida
dividindo-se o trabalho realizado pela carga até a ruptura do corpo, no sentido dado por
Clapeyron, pela área da seção fraturada.
O método foi proposto na década de 1980 por Hillerborg (1985), um dos
precursores da Mecânica da Fratura do concreto. Por sua simplicidade, a metodologia
proposta foi largamente aplicada, tendo sido sugerida pela RILEM (1985) para
determinação da energia de fraturamento como parâmetro de resistência dos concretos e
das argamassas.
Posteriormente, com o desenvolvimento mais acelerado da Mecânica da Fratura do
concreto, diversos pesquisadores concluíram que a energia de fraturamento assim obtida
é fortemente dependente de escala, o que inviabilizaria, ao menos em tese, a aplicação
irrestrita do método.
Bases do método
Para o estudo do método proposto por Hillerborg (1985), analisa-se o colapso de
um sólido fissurado submetido a um ensaio de tração uniaxial, no qual o carregamento é
aplicado em ciclo fechado com as respostas de deslocamento. Para tanto, duas posições
distintas são monitoradas ao longo da ruptura, utilizando-se dois transdutores de
deslocamentos. A primeira dessas posições, designada A, situa-se na região não
fissurada do sólido, e a segunda, designada B, situa-se na região da fissura, como se
ilustra na Figura 10.
Na posição A, os deslocamentos são simplesmente registrados. Os deslocamentos
registrados em B servem também para controlar a aplicação da carga.
1 δ
GF =
AL ∫ P(δ ) dδ
0
Equação 59
W0 + W1 + W2
GF = Equação 60
AL
onde W0 é o trabalho realizado pela força externa, W1 o trabalho parcial realizado por uma
força adicional, F1, decorrente da consideração do peso próprio do corpo-de-prova e do
peso dos acessórios de transmissão de carga, posicionados sobre o corpo-de-prova.
O trabalho W2 é o trabalho complementar realizado pela força F1, considerada
concentrada no centro do vão e que daria origem ao mesmo momento fletor que aquele
decorrente do peso da viga e dos acessórios de transmissão de carga. Essa carga tem
valor igual à metade do peso próprio mais acessórios. As diversas parcelas que compõem
o trabalho total são ilustradas na Figura 12.
EG F
l ch = Equação 61
ft2
K 12 σ 2 a
G= = Equação 62
E' E'
ou
E'G
a= (Equação 63)
σ2
fraturada. O que de fato ocorre é que, em ambos os casos, os diagramas P-δ serão
significativamente diferentes.
Em sólidos que apresentam ligamentos de pequena extensão, em relação à
extensão da zona de processos inelásticos, os efeitos da supressão da tensão de
fechamento são proporcionalmente mais acentuados, e a energia de fraturamento
resultante será maior. Com o crescimento progressivo da escala, a energia de
fraturamento será paulatinamente menor até que se alcance um nível de constância.
Nesse nível, a energia de fraturamento passa a ser independente de escala e pode
ser entendida como uma propriedade do material.
Bases do método
Embasam o modelo as seguintes considerações: o deslocamento de abertura
CMOD, na carga crítica, é composto por uma parcela elástica e outra inelástica, da forma
que segue.
6 Pi Sa 0
E= g (α 0 ) Equação 65
CMODi BW 2
Considerando-se
Pi 1
= Equação 66
CMODi C i
decorre
6 Sα 0
E= g (α 0 ) Equação 67
C i BW
S/W a b c d e f
1 1.7590492 -0.7041380 1.5300094 31.5003310 -83.0702820 83.0341820
2 1.2977013 0.2193838 -4.2223686 45.3635140 -98.2878040 92.5002940
3 1.3221786 0.3308006 -4.3841661 46.6028540 -100.2734000 94.2106720
6 1.3645023 0.4351097 -4.4062485 47.3894340 -101.6294900 95.5545530
9 1.3791305 0.4651369 -4.4126231 47.7335150 -102.3004800 96.1660140
12 1.3866538 0.4729740 -4.3357744 47.5632800 -102.0181200 96.0754080
15 1.3908255 0.4781380 -4.2864554 47.4803470 -101.9790900 96.1730250
6 Sα i
Ei = g (α i ) Equação 69
C u BW
O valor de αi deve ser incrementado lentamente, para que boa precisão possa ser
atingida. O processo iterativo termina quando Ei ≈ E, dentro de uma tolerância pré-
estabelecida, por exemplo, 0.001. Quando isso ocorre, tem-se que:
α i = α C ⇒ aC = α C .W Equação 70
α ef = α C ⇒ a ef = α ef .W Equação 71
3 S π a
S
K IC = (Pmax + 0.5w) f (α ef ) Equação 72
2 BW 2
onde w é a soma do peso próprio da viga, entre os apoios e dos acessórios posicionados
sobre a viga durante a realização do ensaio. O deslocamento crítico de abertura da
fissura, CTODC, pode ser determinado com o auxílio da formulação da MFEL, utilizando-
se a extensão efetiva da fissura, aef, da forma que segue:
1
a a ef a 2
h 0 ;
a W
= (1 − β 0 )2 + 1.081 − 1.149 ( ef
W
(
) β 0 − β 02 )
Equação 74
ef
e
a0
β0 = Equação 75
aef
2
E CTODC
Q = S
Equação 76
K IC
Para a pasta de cimento, Q varia entre 12.5 e 50 mm. Para as argamassas, entre
50 e 150mm. No caso dos concretos usuais, esse número está compreendido entre 150 e
350 mm.
7 Referências
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