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FEELE

Fundamentos
da Engenharia Electrotécnica

Mário Alves, Ana Viana e Francisco Pereira

Novembro de 2014
CAPÍTULO III 2

Instrumentos e Métodos de Medição


FEELE
Classificação dos Instrumentos de Medição 3

ƒ Classificação dos instrumentos de medição quanto à indicação


ƒ Instrumento de medição analógico
ƒ a indicação é uma função contínua do valor da grandeza sob medição
(sinal de entrada)

ƒ Instrumento de medição digital


ƒ a indicação é apresentada sob a forma digital (numérica)

ƒ Definições mais relevantes neste contexto [VIM 2012]


FEELE

ƒ Instrumento de Medição: “Dispositivo utilizado para realizar


medições, individualmente ou associado a um ou mais dispositivos
suplementares”

ƒ Indicação: “Valor fornecido por um instrumento de medição”


Classificação dos Instrumentos de Medição 4

ƒ Instrumentos de medição analógicos (exemplos)


FEELE
Classificação dos Instrumentos de Medição 5

ƒ Instrumentos de medição digitais (exemplos)


FEELE
Classificação dos Instrumentos de Medição 6

ƒ Instrumentos de medição híbridos (exemplos)


FEELE
Classificação dos Instrumentos de Medição 7

ƒ Instrumentos de medição de grandezas eléctricas (exemplos)


ƒ voltímetro, amperímetro, ohmímetro
ƒ wattímetro, contador de energia
ƒ frequencímetro, fasímetro, capacímetro
ƒ medidor RLC (resistência, indutância e capacidade)
ƒ osciloscópio, analisador de espectro, analisador lógico
ƒ busca-pólos (muito simples mas amplamente utilizado)
ƒ multímetro – mede várias grandezas eléctricas
ƒ normalmente: amperímetro/voltímetro AC/DC, ohmímetro, teste
continuidade
FEELE

ƒ extra: teste de díodos/transístores, capacímetro, temperatura (via


termopar)

ƒ Podemos medir qualquer grandeza com um multímetro, desde


que tenhamos o transdutor adequado
ƒ Temperatura, humidade, força, pressão, velocidade, aceleração, altitude,
luminosidade, caudal, tempo, …
Incerteza de Medição 8

ƒ Numa medição, o objectivo é utilizar um (ou mais) instrumento


de medição (IM) para quantificar uma grandeza
ƒ comparativamente a um dado padrão/unidade
ƒ com o maior grau de exactidão possível/desejável

ƒ Mas há factores que afectam a exactidão da medição


ƒ Ambientais (e.g. influência da temperatura, humidade, pressão, vibrações,
interferências electromagnéticas) → erros aleatórios
ƒ Método de medição (e.g. efeito de carga dos instrumentos, não domínio
FEELE

dos fenómenos físicos/químicos) → erros sistemáticos


ƒ Qualidade construtiva do IM (relativa à qualidade dos seus componentes:
tolerância, variação com a temperatura,…) → erros sistemáticos
ƒ Padrão (calibrador) que foi utilizado para calibrar o IM → erros sistemáticos
ƒ Humanos (e.g. erros de leitura da indicação e de utilização do instrumento)
→ erros grosseiros
Incerteza de Medição 9

ƒ Qualquer medição está afectada de erro


ƒ do ponto de vista lato, “erro” é a diferença relativamente à “verdade”
ƒ como o valor verdadeiro (exacto) de uma grandeza é impossível de
determinar, também não é possível determinar o erro
ƒ só conseguimos determinar o erro numa medição, se compararmos o valor
medido pelo nosso instrumento/método com a medição através de um
instrumento de referência/padrão (valor convencional)

ƒ Mas normalmente podemos pelo menos balizar o erro máximo


FEELE

que pode ser cometido por um dado instrumento/método


ƒ incerteza é a majorante do erro que se pode cometer
ƒ normalmente consegue determinar-se a incerteza instrumental, para uma
dada medição, recorrendo à especificação de incerteza do IM
Incerteza de Medição 10

ƒ Essa incerteza instrumental, depois de determinada, define um


intervalo de valores
ƒ onde deverá estar o valor verdadeiro da grandeza sob medição
ƒ que está centrado no valor medido

ƒ Graficamente, sendo xm o valor medido da grandeza x e δx a


incerteza na respectiva medição:

incerteza
FEELE

xm- δx xm xm+ δx

intervalo onde deverá estar o valor verdadeiro


Incerteza de Medição – definições 11

ƒ Definições mais relevantes neste contexto [VIM 2012]


ƒ Exactidão (de medição)
ƒ “Grau de concordância entre um valor medido e um valor verdadeiro dum
mensurando”
ƒ Valor verdadeiro (duma grandeza)
ƒ “Valor duma grandeza compatível com a definição da grandeza.”
ƒ o valor verdadeiro duma grandeza é impossível de ser conhecido
ƒ Valor convencional (duma grandeza)
ƒ “Valor atribuído a uma grandeza por um acordo, para um dado propósito.”
ƒ é normalmente uma estimativa do valor verdadeiro e está associado a uma
FEELE

incerteza de medição convenientemente pequena (instrumento de


referência/padrão)
ƒ Incerteza (de medição)
ƒ “Parâmetro não negativo que caracteriza a dispersão dos valores atribuídos a um
mensurando...”
ƒ Incerteza (de medição) instrumental
ƒ “Componente da incerteza de medição proveniente do instrumento de medição
utilizado.”
Incerteza de Medição – classificação dos erros 12

ƒ Classificação dos erros de medição [VIM 2012]

ƒ Erro sistemático
ƒ “Componente do erro de medição que, em medições repetidas,
permanece constante ou varia de maneira previsível”

ƒ Erro aleatório
ƒ “Componente do erro de medição que, em medições repetidas,
varia de maneira imprevisível.”
FEELE

ƒ Erro grosseiro
ƒ nota: não está definido no VIM
ƒ componente do erro de medição que resulta de
utilização/leitura incorrecta do instrumento de medição, ou
registo incorrecto do resultado da medição
Incerteza de Medição – determ./eliminação de erros 13

ƒ Podemos detectar/determinar e eliminar (ou pelo menos reduzir)


estes erros?

ƒ Erros aleatórios
ƒ muito dificilmente se conseguem determinar ou eliminar
ƒ pode ser possível atenuá-los efectuando múltiplas medições e
analisando estatisticamente

ƒ Erros grosseiros
FEELE

ƒ se detectados, conseguem eliminar-se


ƒ o operador deve aplicar correctamente o método de medição,
utilizar/ler correctamente o IM e registar correctamente o
resultado da medição
Incerteza de Medição – determ./eliminação de erros 14

ƒ Podemos detectar/determinar e eliminar (ou pelo menos reduzir)


estes erros?
ƒ Erros sistemáticos
ƒ normalmente é possível determiná-los e pode ser possível
eliminá-los/corrigi-los (dependendo da origem), e.g.
ƒ incerteza instrumental: componente da incerteza de medição
proveniente do IM utilizado → pode ser determinada,
FEELE

recorrendo à especificação de incerteza do IM


ƒ incerteza do método: componente da incerteza de medição
resultante do método de medição utilizado → pode ser possível
determinar/corrigir, dependendo do método; e.g. conhecendo a
resistência interna do voltímetro/amperímetro é possível
determinar o efeito de carga e corrigir o erro sistemático daí
resultante
Incerteza de Medição – medições directas/indirectas 15

ƒ Método de Medição [VIM 2012]


ƒ “Descrição genérica duma organização lógica de operações
utilizadas na realização duma medição.”
ƒ Os métodos de medição podem ser
ƒ Directos: a grandeza é medida directamente, com um dado
instrumento de medição
ƒ e.g. medir resistência com ohmímetro; medir potência com wattímetro;
medir comprimento com fita métrica
FEELE

ƒ Indirectos: a grandeza é medida indirectamente, à custa de uma


relação conhecida entre outras grandezas (que por sua vez podem
ser medidas directa ou indirectamente)
ƒ e.g. medir resistência/potência através de voltímetro e amperímetro
(R = U/I e P = U.I);
medir área através da relação largura × comprimento
Incerteza de Medição – medições directas 16

ƒ Considerando uma grandeza x que é medida directamente


ƒ xv – valor verdadeiro da grandeza x
ƒ x*v – valor verdadeiro convencional da grandeza x
ƒ xm – valor medido

ƒ O erro absoluto é definido como

δ x = xm − xv*
FEELE

ƒ Erro relativo (normalmente expresso em percentagem)

δx xm − xv*
εx = * =
xv xv*
Exercício de aplicação 17

ƒ Exemplo: mediu-se a mesma tensão com um voltímetro “normal”


e com um voltímetro de grande exactidão (calibrador).

ƒ xm = 12,84 V (voltímetro normal – mostrador de 4 dígitos)


ƒ x*v = 12,734 V (calibrador – mostrador de 5 dígitos)

ƒ Determinar o erro absoluto e o erro relativo

ƒ Resolução
FEELE

δ x = xm − x*v = 12 ,84 − 12 ,734 ≈ 0 ,11 V

δx 0 ,11
εx = * ≈ ≈ 0 ,0083 = 0 ,0083 × 100% = 0 ,83%
xv 12 ,734
Incerteza de Medição – medições indirectas 18

ƒ A grandeza (x) é obtida à custa de outras grandezas (yi)

x = f ( y1 , y2 ,K , yn )

ƒ Considerando os erros (absolutos) cometidos na determinação


dos valores y1, y2, …,yn como:

δ y1 ,δ y2 ,K ,δ yn
FEELE

ƒ a estes erros vai corresponder um erro (absoluto) na medição de


x, que podemos definir como:

δ x = f ( y1 + δ y1 , y2 + δ y2 ,K , yn + δ yn ) − f ( y1 , y2 ,K , yn )
Incerteza de Medição – medições indirectas 19

ƒ Para podermos desenvolver a expressão, recorremos a uma


simplificação através da Série (ou polinómio) de Taylor

f ( y1 + δ y1 , y2 + δ y2 ,K , yn + δ yn ) =

⎛ ∂f ∂f ∂f ⎞
= f ( y1 , y2 ,K , yn ) + ⎜⎜ δ y1 + δ y2 + K + δ yn ⎟⎟ +
⎝ ∂y1 ∂y2 ∂yn ⎠

1 ⎛ 2 ∂2 f 2
2 ∂ f 2 ∂ f ⎞
2
+ ⎜⎜ δ y1 2 + δ y2 2 + K + δ yn 2 ⎟⎟ + K
FEELE

2! ⎝ ∂y1 ∂y2 ∂yn ⎠

f
p1 exemplo da simplificação
de uma função f por
p0 polinómios de Taylor de
grau 0 (p0) e grau 1 (p1)
Incerteza de Medição – medições indirectas 20

ƒ Passando f(y1, y2, …, yn) para o lado esquerdo da igualdade,


teremos

f ( y1 + δ y1 , y2 + δ y2 ,K , yn + δ yn ) − f ( y1 , y2 ,K , yn ) = δ x =

⎛ ∂f ∂f ∂f ⎞
= ⎜⎜ δ y1 + δ y2 + K + δ yn ⎟⎟ +
⎝ ∂y1 ∂y2 ∂yn ⎠

1 ⎛ 2 ∂2 f ∂ 2
f ∂ 2
f⎞
+ ⎜⎜ δ y1 2 + δ y2 2 + K + δ yn 2 ⎟⎟ + K
2 2
FEELE

2! ⎝ ∂y1 ∂y2 ∂yn ⎠


por definição de
erro absoluto
Incerteza de Medição – medições indirectas 21

ƒ desprezando os termos (erros) de ordem superior à primeira (2ª – os


erros dos erros, 3ª – os erros dos erros dos erros,...) fica
n ∂f
δ x ≈ ∑ δ yi
i =1 ∂yi
ƒ Considerando que δyi é a incerteza (o majorante do erro) em yi e tendo
em conta que as parcelas do somatório podem ter sinal positivo ou
negativo, podemos determinar a incerteza em x:
FEELE

n ∂f
δ x ≤ ∑ δ yi
i =1 ∂yi
ƒ Quanto maior for o “peso” de uma variável yi numa dada função f(yi)
(reflectido pela derivada da função em ordem a essa variável), maior
será a influência dos desvios (erros) dessa variável no resultado dessa
função.
Incerteza de Medição – medições indirectas 22

ƒ A incerteza relativa em x obtém-se da expressão anterior:

δx δx ∂f δ yi n ∂f δ yi yi
n
εx = = ≤∑ ⋅ =∑ ⋅ ⋅
x f ( yi ) i =1 ∂yi f i =1 ∂yi yi f

ƒ Então, podemos representar como:


por definição, é o
FEELE

erro relativo e é
n ∂f yi
εx ≤ ∑ ⋅ ⋅ ε yi positivo, portanto
i =1 ∂yi f pode tirar-se de
dentro do módulo

ƒ Quanto à influência (peso) do erro de cada variável no erro da


função, pode tirar-se uma conclusão idêntica à do slide anterior
Incerteza de Medição – medições indirectas 23

ƒ Exemplo de aplicação (multiplicação)


n
∂f
δ x ≤ ∑ δ yi
P =U ⋅I i =1 ∂yi
n
∂f yi
εx ≤ ∑ ε yi
i =1 ∂yi f

δ P ≤ I δU + U δ I incerteza relativa é de cálculo + simples


FEELE

U I
εP ≤ I ⋅ ⋅ εU + U ⋅ ⋅ ε I = εU + ε I
U ⋅I U ⋅I
A incerteza relativa do produto de duas grandezas é menor ou
igual à soma da incerteza relativa de cada grandeza
Incerteza de Medição – medições indirectas 24

ƒ Exemplo de aplicação (divisão)


n
∂f
U δ x ≤ ∑ δ yi
R= i =1 ∂yi
I
n
∂f yi
εx ≤ ∑ ε yi
i =1 ∂yi f
1 −U
δ R ≤ δU + 2 δ I
I I Igual à multiplicação
FEELE

1 U −U I
εR ≤ ⋅ ⋅ εU + 2 ⋅ ⋅ ε I = εU + ε I
I U I I U I
A incerteza relativa do produto de duas grandezas é menor ou
igual à soma da incerteza relativa de cada grandeza
Incerteza de Medição – medições indirectas 25

ƒ Exemplo de aplicação (soma)


n
∂f
δ x ≤ ∑ δ yi
U = U1 + U 2 i =1 ∂yi
n
∂f yi
εx ≤ ∑ ε yi
i =1 ∂yi f

δU ≤ δ U1 + δU 2 Incerteza absoluta é
FEELE

de cálculo + simples

U1 U2
εU ≤ ⋅ ε U1 + ⋅ εU 2
U1 + U 2 U1 + U 2
A incerteza absoluta da soma de duas grandezas é menor ou
igual à soma da incerteza absoluta de cada grandeza
Incerteza de Medição – medições indirectas 26

ƒ Exemplo de aplicação (subtracção)


n
∂f
δ x ≤ ∑ δ yi
U = U1 − U 2 i =1 ∂yi
n
∂f yi
εx ≤ ∑ ε yi
i =1 ∂yi f

δU ≤ δ U1 + δU 2 igual à soma
FEELE

U1 − U2
εU ≤ ⋅ ε U1 + ⋅ εU 2
U1 − U 2 U1 − U 2
Mas estes denominadores podem ser muito pequenos → erro relativo pode
ser elevado → evitar técnicas de medição dependentes de subtracções
Incerteza de Medição – medições indirectas 27

ƒ Exemplo de aplicação (paralelo)


n
∂f
δ x ≤ ∑ δ yi
∂yi
R1 ⋅ R2 1 1 1 i =1

R= ou = +
R1 + R2 R R1 R2 εx ≤ ∑
n
∂f yi
ε yi
i =1 ∂yi f

ƒ Determinar erros absoluto e relativo para as duas expressões


FEELE

(resolução no “ABC da Metrologia Industrial”)


Incerteza de Medição – multímetros 28

ƒ Incerteza (instrumental) em multímetros analógicos e digitais

ƒ Resulta da qualidade construtiva dos seus componentes e


dos seus circuitos:
ƒ electromecânicos (e.g. mecanismo de bobina móvel)
ƒ eléctricos (e.g. resistências, bobinas, condensadores)
ƒ electrónica analógica (e.g. díodos, transístores, amplificadores
operacionais)
FEELE

ƒ electrónica digital (e.g. conversores A/D)


ƒ transdutores (e.g. medição de corrente com pinça
amperimétrica, medição de temperatura com multímetro +
termopar)
Incerteza de Medição – multímetros 29

ƒ A qualidade dos componentes tem que ver e.g. com:

ƒ “tolerância”: diferença máxima entre o seu valor real face ao


valor nominal especificado pelo fabricante
ƒ e.g. tolerância de uma resistência linear de carbono, de acordo
com o código de cores (prateado → 10%, dourado → 5%,
vermelho → 2%,...)

ƒ variação das suas características (e.g. resistência,


FEELE

capacidade) com factores ambientais


ƒ impacto da variação da temperatura, humidade, pressão,
luminosidade, ruído electromagnético no valor de uma dada
grandeza
ƒ pode influenciar no resultado da medição
Incerteza de Medição – multímetros 30

ƒ Incerteza instrumental vem especificada no manual do


instrumento de medição, nomeadamente nos multímetros

ƒ Quanto maior a qualidade dos componentes/circuitos,


menor a incerteza

ƒ O preço de um instrumento de medição é maioritariamente


influenciado pela sua exactidão
ƒ e.g. nos multímetros digitais
FEELE

ƒ x% → poucas dezenas de Euros


ƒ 0,x% → centenas de Euros
ƒ 0,0x% → milhares de Euros
ƒ 0,00x% → dezenas de milhares de Euros
Incerteza de Medição – multímetros digitais 31

ƒ Incerteza de medição nos multímetros digitais:


ƒ é a soma de duas componentes, especificadas no seu manual:
ƒ uma referente ao valor medido (leitura, reading, RDG)
ƒ outra referente a uma das seguintes opções:
ƒ à resolução (resolution) no alcance escolhido
ƒ é igual ao valor de uma unidade do dígito menos
significativo, designado por least significant digit ou
simplesmente “LSD” (pode aparecer como “counts”)
FEELE

ƒ o LSD é o dígito mais à direita no mostrador do multímetro


ƒ à gama de medição ou alcance (designado por range)
ƒ é o valor máximo da grandeza que se pode medir (para a
gama de medição/alcance escolhido)
ƒ se o valor medido ultrapassar o alcance, vai ocorrer
“overflow” → deve evitar-se esta situação!
Incerteza de Medição – multímetros digitais 32

ƒ Incerteza de medição nos multímetros digitais

ƒ especificação de incerteza pode ser dada em percentagem


(%) ou partes por milhão (1 ppm = 10-6 = 0,0001%), e.g.

ƒ incerteza dada em % (usual em multímetros “normais”):

δ = ± ( x% RDG + yLSD)
ƒ incerteza dada em ppm (usual em multímetros de grande
FEELE

exactidão – calibradores):

δ = ± ( x ppm of reading + y ppm of range)


Incerteza de Medição – multímetros digitais 33

ƒ Incerteza de medição nos multímetros digitais

ƒ definida em tabelas, para cada gama de medição (alcance)


ƒ exemplo para ohmímetro digital em que a especificação de
incerteza está na forma

δ = ± ( x% RDG + yLSD)
FEELE
Incerteza de Medição – multímetros digitais 34

ƒ Exemplo de cálculo para caso do slide anterior


ƒ valor medido (leitura ou reading) Rm = 4,73 kΩ
ƒ gama de medição ou alcance (range) = 20 kΩ
ƒ resolução (valor do dígito menos significativo) = 10 Ω
ƒ especificação de incerteza para o alcance escolhido

δ = ±(0,8% RDG + 2LSD)


ƒ então, a partir do valor medido, pode determinar-se a incerteza
FEELE

(absoluta):
δ = ±(0,8% × 4 ,73 × 10 3 + 2 × 10) ≈ 38 + 20 = 58 Ω

ƒ O resultado da medição deve ser apresentado como (incerteza


arredondada para o dígito menos significativo do resultado):

Rm = (4 ,73 ± 0 ,06 ) × 10 3 Ω
Incerteza de Medição – multímetros digitais 35

ƒ Em alguns multímetros de grande exactidão (calibradores), a


incerteza é especificada para certas janelas de temperatura de
funcionamento
ƒ por vezes é indicado um coeficiente de temperatura (que deve ser
aplicado fora da gama nominal de temperaturas)
ƒ exemplo para voltímetro em que a especificação de incerteza está
na forma δ = ± ( x% of reading + y% of range)
ƒ coef. temp. tem de ser aplicado para Tcal - 5 > T > Tcal + 5
FEELE
Incerteza de Medição – multímetros digitais 36

ƒ Em alguns multímetros de grande exactidão (calibradores), a


incerteza é especificada de acordo com o tempo de utilização
desde a última calibração (comparação com padrão)
ƒ exemplo para voltímetro em que a especificação de incerteza está
na forma δ = ± ( x ppm of reading + y ppm of range)
ƒ dada até: 1 dia, 90 dias e 2 anos (+ coef. temp.)
FEELE
Incerteza de Medição – multímetros digitais 37

ƒ Exemplo de determinação da incerteza numa medição, para


uma dada gama de temperatura e tempo de utilização desde a
última calibração (para o voltímetro do slide anterior):
ƒ valor medido (leitura ou reading) Um = 12,34567 V
ƒ gama de medição ou alcance (range) = 100 V
ƒ resolução (valor do dígito menos significativo) = 10 µV
ƒ tempo de utilização desde a última calibração = 6 meses
FEELE

ƒ temperatura a que se efectuou a medição = 23 ºC


ƒ incerteza para estas condições (marcada a azul na tabela):

δ = ±(20 ppm of reading + 2 ppm of range)



δ = ±⎛⎜
20 2
6
× 12 ,34567 + 6
× 100 ⎟ =K
⎝ 10 10 ⎠
Incerteza de Medição – multímetros analógicos 38

ƒ Incerteza de medição nos multímetros analógicos:


ƒ é a soma de duas componentes:
ƒ uma (que vamos denominar de δic) resultante da qualidade construtiva
do multímetro e definida pela classe de exactidão (ou índice de
classe – ic) do instrumento, especificada pelo fabricante e referida
tanto no seu manual como no seu mostrador
ƒ outra é o erro máximo de leitura, que vamos denominar de δleit)
resultante do facto de a posição do ponteiro dificilmente coincidir com
FEELE

uma dada marcação da escala no mostrador do multímetro

ƒ para uma dada medição, a incerteza instrumental total será a soma


destas duas componentes:

δ = δ ic + δ leit
Incerteza de Medição – multímetros analógicos 39

ƒ Componente δic (associada à classe de exactidão/índice de


classe)

ƒ o ic é especificado pelo fabricante e referido tanto no seu


manual como no seu mostrador
ƒ o ic define um erro máximo admissível δic (na medição da
grandeza x) para uma dada gama de medição (alcance)
xmax,
FEELE

δ ic ic
ic = ×100 ⇔ δ ic = ⋅ xmax
xmax 100

ƒ δic é constante para qualquer valor medido numa dada gama


de medição (alcance) xmax
Incerteza de Medição – multímetros analógicos 40

ƒ Componente δic (associada à classe de exactidão/índice de classe)


ƒ Exemplo: um voltímetro DC tem ic = 2. No alcance de 20 V, qual é
o erro máximo que pode ser cometido?
2
δ ic = × 20 = 0 ,4 V
100
ƒ Determine a incerteza relativa (εic) para dois valores medidos: 5 V
e 20 V
0,4 0 ,4
ε ic5 = = 0 ,08 = 8% ε ic20 = = 0 ,02 = 2%
FEELE

5 20
ƒ Conclusões
ƒ para um dado alcance, quanto menor o valor medido, maior
será o erro relativo
ƒ O menor erro relativo num dado alcance é dado pelo ic
(considerando que é em percentagem)
Incerteza de Medição – multímetros analógicos 41

ƒ Componente δleit (associada à leitura)


ƒ tem que ver com a posição “indefinida” do ponteiro entre duas
marcações da escala graduada no mostrador
ƒ consideramos o “pior caso”, i.e. δleit é igual a metade do valor da
menor divisão (subdivisão) da escala
ƒ δleit também é constante para qualquer valor medido numa dada
gama de medição (alcance) xmax

ƒ Exemplo da figura (adimensional)


FEELE

ƒ subdivisão vale 1 unidade, então:

1
δ leit = = 0 ,5
2
Incerteza de Medição – multímetros analógicos 42

ƒ Definições mais relevantes neste contexto [VIM 2012]


ƒ “Classe de exactidão”
ƒ “Classe de instrumentos de medição ou de sistemas de
medição que satisfazem requisitos metrológicos estabelecidos,
destinados a manter os erros de medição ou as incertezas de
medição instrumentais dentro de limites especificados, sob
condições de funcionamento especificadas.”

ƒ “Escala dum instrumento de medição mostrador”


FEELE

ƒ “Parte dum instrumento de medição mostrador que consiste


num conjunto ordenado de marcas, eventualmente associadas
a números ou a valores de grandezas.”
Incerteza de Medição – multímetros analógicos 43

ƒ Exemplo da determinação da incerteza total (duas


componentes) e resultado de uma medição de corrente (Im)
ƒ assumindo Alcance = 250 mA e ic = 3 para o multímetro
apresentado (valor da menor divisão da escala = 5 mA)
3 5
δ = δ ic + δ leit = × 250 × 10 −3 + × 10 −3 = (7 ,5 + 2 ,5) × 10 −3 = 10 mA
100 2
δ 10 × 10 −3
ε= = ≈ 4 ,5%
I m 220 × 10 −3
FEELE

então
I m ≈ 220 mA ± 4 ,5%
ou
I m ≈ 220 mA ± 10 mA
Incerteza de Medição – algarismos significativos 44

ƒ Algarismos Significativos (AS)


ƒ quando se efectuam
ƒ medições
ƒ cálculos com base em medições (e.g. em medições indirectas)
ƒ quais os algarismos que devem ser considerados no resultado?
ƒ apenas aqueles que são “relevantes”, i.e. os algarismos significativos (AS)

ƒ AS são os algarismos “correctos”, i.e. os algarismos “com


significado” numa medição ou cálculo com base numa ou mais medições
(valores “incertos”)
FEELE

ƒ suponhamos os seguintes resultados de medições ou cálculos


ƒ 0,0012 → 2 AS (zeros à esquerda não contam)

ƒ 1,2 x 10-3 → 2 AS (igual ao anterior; apenas muda a forma)

ƒ 1470 → 4 AS

ƒ 1,470 x 103 → 4 AS (igual ao anterior)

ƒ 1,47 x 103 → 3 AS (desapareceu o dígito menos significativo)


Incerteza de Medição – algarismos significativos 45

ƒ Regras de arredondamento
ƒ É fundamental saber arredondar o resultado de cálculos efectuados a
partir de valores “incertos”, como os resultantes de medições:
ƒ O resultado do arredondamento de um número como 12,7 para o
inteiro mais próximo é 13, dado que 12,7 está mais próximo de 13 do
que de 12.
ƒ de forma similar 45,8146 arredondado para o centésimo mais próximo
(ou com duas casas decimais) é 45,81.
ƒ ao arredondar 1,465 para o centésimo mais próximo, é comum
FEELE

aproximar para o número par mais próximo. Assim, 1,465 é


arredondado para 1,46.
ƒ Note-se que numa medição ou cálculo, desconhecem-se os algarismos
à direita do digito menos significativo (LSD), e.g.
ƒ 1,3 → 2 AS → pode ser por exemplo 1,32 ou 1,27
ƒ 234 → 3 AS → pode ser por exemplo 234,5 ou 233,8
Incerteza de Medição – algarismos significativos 46

ƒ Num IM digital, existe uma associação directa entre o número de


dígitos do mostrador e o número de AS (e.g. 4 AS e 3 AS):

ƒ Num IM analógico, existe uma relação entre a graduação (mais


FEELE

grosseira ou mais fina) da escala e o número de AS:


Incerteza de Medição – algarismos significativos 47

ƒ Casos particulares
ƒ Há números que se consideram ter um número infinito (∞) de AS
ƒ valores resultantes de contagens, e.g.
ƒ média de 3 medições é (v1 + v2 + v3) / 3
ƒ neste caso, o número 3 tem ∞ AS

ƒ valores utilizados em relações matemáticas conhecidas, e.g.

ƒ diâmetro = 2 x raio
ƒ neste caso, o número 2 tem ∞ AS
FEELE

ƒ o resultado de medições ou de operações com resultados de medições


deve ser apresentado na forma “aproximadamente igual a”,
ƒ i.e. deve preferir-se o símbolo “≈” ao símbolo “=”
Incerteza de Medição – algarismos significativos 48

ƒ Cálculos
ƒ no resultado de um cálculo, só se devem apresentar os
AS
ƒ mesmo que o resultado do cálculo tenha mais
algarismos, e.g.
ƒ 10/3 = 3,3333333333333... ≈ 3,(3) (pura matemática)
ƒ 10/3,0 ≈ 3,3 (considerando que são medições)
FEELE

ƒ vamos então verificar como se determina o número de AS


em várias operações...
Incerteza de Medição – algarismos significativos 49

ƒ Adição/subtracção
ƒ Conservar algarismos até à primeira coluna duvidosa

1 0 , 3 ? 2 3 5 ? ?
+ 1 , 2 1 - 8 7 , 1
= 1 1 , 5 1 = 1 4 7 , 9 matemática
≈ 1 1 , 5 ≈ 1 4 8 engenharia
FEELE

ƒ se não temos a certeza sobre o valor de um dado dígito (?),


também não podemos conservá-lo no resultado
ƒ o que conta são as casas decimais
ƒ temos de fazer o cálculo e depois arredondar o resultado,
eliminando todas as colunas duvidosas
Incerteza de Medição – algarismos significativos 50

ƒ Multiplicação/divisão
ƒ Conservar tantos AS como os da quantidade menos exacta

2 , 5 1 ? 3 AS 2 3 5 ? ? 3 AS
x 4 , 0 ? ? 2 AS ÷ 7 , 1 2 AS
= 1 0 , 0 4 = 3 3 , 0 9 8 6 matemática
≈ 1 0 2 AS ≈ 3 3 engenharia
FEELE

ƒ se não temos a certeza sobre o valor de um dado dígito (?),


também não podemos conservá-lo no resultado
ƒ o que conta é o número de AS
ƒ temos de fazer o cálculo e depois arredondar o resultado,
eliminando todos os AS duvidosos
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 51

ƒ Efeito de carga de amperímetros e voltímetros

ƒ Além da incerteza de medição instrumental (abordada


atrás), existe outro factor fundamental a afectar a qualidade
da medição:

ƒ efeito de carga

ƒ Tem que ver com a resistência/impedância interna dos


FEELE

amperímetros/voltímetros não ser 0/∞

ƒ a introdução de um amperímetro/voltímetro num circuito


altera esse mesmo circuito
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 52

ƒ Amperímetro

ƒ a sua resistência interna não é nula (RA > 0)


ƒ ao introduzi-lo num ramo, em série com uma resistência R,
vai aumentar a resistência desse mesmo ramo:
I I'
A

R R

ƒ I’ ≠ I (pois RA > 0)
FEELE

ƒ claro que se a resistência interna do amperímetro for muito


pequena face à resistência do ramo, o efeito de carga é
desprezável:

ƒ I’ ≈ I (se RA << R)
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 53

ƒ Amperímetro

ƒ a resistência interna RA pode determinar-se


ƒ medindo-a
ƒ e.g. com ohmímetro, medidor RLC, Ponte de Wheatstone

ƒ através da especificação do fabricante (manual)


ƒ dada directamente: RA = ...

ƒ calculada a partir da queda de tensão máxima (voltage


FEELE

drop/burden): RA = Umax / Imax


ƒ exemplo:
alcance Imax = 20 mA e queda de tensão máxima Umax = 300
mV
RA = Umax / Imax = 300 / 20 = 15 Ω
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 54

ƒ Voltímetro

ƒ a sua resistência interna não é infinita (RV < ∞)


ƒ ao introduzi-lo aos terminais de uma resistência R, vai
diminuir a resistência equivalente entre esses pontos:
V

R R
FEELE

U U'

ƒ U’ ≠ U (pois RV < ∞)

ƒ claro que se a resistência interna do voltímetro for muito


grande face à resistência R, o efeito de carga é desprezável:

ƒ U’ ≈ U (se RV >> R)
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 55

ƒ Voltímetro

ƒ a resistência interna RV pode determinar-se


ƒ medindo-a
ƒ e.g. com ohmímetro, medidor RLC, Ponte de Wheatstone

ƒ através da especificação do fabricante (manual)


ƒ (digitais) dada directamente: RV = ...

ƒ (analógicos) calculada a partir da sensibilidade (sensitivity - S):


FEELE

RV = S x Umax
ƒ exemplo:
alcance Umax = 20 V e sensibilidade S = 10000 Ω/V
RV = S x Umax = 10000 x 20 = 200 kΩ
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 56

ƒ Exemplo do efeito de carga – método voltamperimétrico


ƒ medir uma resistência indirectamente, via medição da
tensão aos seus terminais e da corrente que a percorre
ƒ temos duas alternativas:
ƒ curta-derivação (CD) ou longa derivação (LD)

CD LD
FEELE

Rx

ƒ CD → voltímetro mede a tensão em Rx, mas amperímetro


mede corrente total do paralelo (voltímetro e Rx)
ƒ LD → amperímetro mede a corrente em Rx, mas voltímetro
mede tensão total da série (amperímetro e Rx)
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 57

ƒ Exemplo do efeito de carga – método voltamperimétrico


ƒ temos sempre um erro de medição sistemático, inerente ao
método (voltamperimétrico), i.e. V

CD LD
ƒ LD: A

Rx
Um
Rxbruto = = Rx + R A Rx = Rxbruto − R A
Im

ƒ nota: se RA << Rx , erro sistemático é desprezável


FEELE

ƒ CD:
U m Rx × RV Rxbruto
R bruto
= = Rx =
I m Rx + RV
x
Rxbruto
1−
RV
ƒ nota: se RV >> Rx , erro sistemático é desprezável
Incerteza de Medição – efeito de carga V&A 58

ƒ No caso geral, o efeito de carga só se pode identificar/corrigir


conhecendo o circuito equivalente visto dos terminais do dipolo
onde ele está ligado

ƒ implica simplificação do circuito através do Teorema de


Thévenin (como vamos ver mais à frente)
FEELE
Incerteza de Medição – simbologia nos IM 59

ƒ Os IM, nomeadamente os multímetros, têm um conjunto de características


importantes
ƒ e.g. funcionalidades, princípio de funcionamento, segurança, incerteza,...
ƒ devem estar especificadas no respectivo manual do fabricante
ƒ mas existe um conjunto de símbolos gráficos que nos ajuda a identificar
rapidamente algumas dessas características
ƒ no painel frontal (ou parte traseira) do IM (sem ter de recorrer ao manual)
ƒ simbologia genérica (IM analógicos e digitais):
FEELE
Incerteza de Medição – simbologia nos IM 60

ƒ Esta simbologia é particularmente rica nos IM analógicos:

Posição de
funcionamento

Ensaio de
isolamento

Princípio do
FEELE

movimento do
indicador
electromecânico
Incerteza de Medição – simbologia nos IM 61

ƒ Exemplo prático:
ƒ IM de bobina móvel, com
rectificação (por díodos)
ƒ sensibilidade:
SDC = 20 kΩ/V | SAC = 8 kΩ/V
ƒ índice de classe:
icDC = 3 | icAC = 4
ƒ posição de trabalho horizontal,
FEELE

isolamento testado até 3 kV


Incerteza de Medição – simbologia nos IM 62

ƒ Exemplo prático:
ƒ IM electrodinâmico (wattímetro),
para DC e AC (50 Hz)
ƒ posição de funcionamento
horizontal
ƒ isolamento testado até 3 kV
ƒ índice de classe: ic = 1
FEELE
Métodos de medição “por comparação” 63

ƒ Um caso particular dos métodos de medição directos são os


métodos de medição por comparação

ƒ a grandeza a medir é comparada com outra grandeza (ou


mais) da mesma natureza e que tenha um valor conhecido.

ƒ podem ainda dividir-se em métodos de medição

ƒ por substituição
FEELE

ƒ por zero
Métodos de medição “por substituição” 64

ƒ Métodos de medição “por substituição”


ƒ a grandeza a medir é substituída por uma grandeza da mesma
natureza, de valor conhecido, escolhida de forma a que os efeitos
no dispositivo indicador sejam os mesmos.
ƒ exemplos:
ƒ medição de resistências usando o método de comparação de
correntes/tensões (substitui-se a resistência a medir por outras
resistências, até a corrente/tensão ser a mesma)
FEELE

ƒ e.g. comparação de correntes


Métodos de medição “por zero” 65

ƒ Métodos de medição “por zero”


ƒ o valor da grandeza a medir é determinado por equilíbrio,
ajustando uma ou várias grandezas, de valores conhecidos,
associadas à grandeza a medir por uma relação de equilíbrio
conhecida.
ƒ exemplos:
ƒ Balanças de dois pratos → adicionam-se ou retiram-se pesos, até se
atingir a situação de equilíbrio, situação em que se determina o peso
FEELE

do produto/objecto

ƒ Ponte de Wheatstone → regulam-se uma ou mais resistências


variáveis até se atingir o equilíbrio, situação em que se determina a
resistência incógnita
Métodos de medição “por zero” – P. Wheatstone 66

ƒ As Pontes de Medição são utilizadas para


ƒ a medição de grandezas eléctricas, tais como capacidade (e.g. Pontes de
Sauty e de Shering), indutância (e.g. Pontes de Maxwell e de Owen) e
resistência (e.g. Pontes de Thomson e de Wheatstone)
ƒ como circuitos de condicionamento de sinal para transdutores (resistivos,
indutivos e capacitivos)
ƒ Aqui vamos abordar a Ponte de Wheatstone (PW) na medição de
resistência
ƒ normalmente, as PW comerciais
ƒ permitem medir uma gama muito grande de resistências → mΩ a MΩ
FEELE

ƒ têm uma grande exactidão (método de zero), i.e. permitem determinar o valor de
uma resistência com incertezas muito pequenas → 0,01 - 0,5% são valores
típicos
ƒ exemplo:
Métodos de medição “por zero” – P. Wheatstone 67

ƒ Ponte de Wheatstone (situação de equilíbrio)

ƒ um galvanómetro (G) faz a “ponte” entre os pontos C e D


ƒ se a corrente no galvanómetro for 0, a ponte está “em
equilíbrio” e UCD = 0
ƒ então, podemos determinar a condição de equilíbrio da
ponte e.g. através dos divisores de tensão em C e D:
R4 R3
U CB = E = U DB = E⇒
FEELE

R1 + R4 R2 + R3
R4 R3
⇒ = ⇔
R1 + R4 R2 + R3
⇔ R4 (R2 + R3 ) = R3 (R1 + R4 ) ⇔
⇔ R4 ⋅ R2 + R4 ⋅ R3 = R3 ⋅ R1 + R3 ⋅ R4 ⇔
⇔ R4 ⋅ R2 = R3 ⋅ R1
Métodos de medição “por zero” – P. Wheatstone 68

ƒ Ponte de Wheatstone (medição de resistência)


ƒ a partir de três resistências conhecidas (R1, R2, R3) podemos determinar
uma resistência desconhecida (R4), no equilíbrio:
R1
R4 ⋅ R2 = R3 ⋅ R1 ⇔ R4 = R3 ⋅
R2
ƒ numa Ponte de Wheatstone comercial, R1, R2 e R3 são todas variáveis e:
ƒ R1/R2 permite definir o factor multiplicativo
ƒ e.g. x 0,01 | x 0,1 | x 1 | x10 | x100 | x 1000
FEELE

ƒ R3 é uma caixa de décadas


ƒ dígitos visíveis ao utilizador (no painel frontal da Ponte)
ƒ n décadas = n dígitos = n algarismos significativos

Fazem-se variar R1, R2 e R3 (segundo um algoritmo simples) até


se atingir o equilíbrio; depois, para obter o valor da resistência
desconhecida (R4) é só multiplicar o valor indicado pela caixa de
décadas (R3) pelo factor multiplicativo (R1/R2)
Métodos de medição “por zero” – P. Wheatstone 69

ƒ Exemplo: 4 dígitos (algarismos significativos)


FEELE
Métodos de medição “por zero” – P. Wheatstone 70

ƒ Exemplo: 5 dígitos (algarismos significativos)


FEELE
Referências 71

ƒ Mário Alves, “ABC do Multímetro” e “ABC da Metrologia


Industrial”, ISEP, 1999 e 2003.
ƒ IPQ, “Vocabulário Internacional de Metrologia”, 1ª versão
luso-brasileira, 2012.
http://www.ipq.pt/backfiles/VIM_IPQ_INMETRO_2012.pdf
ƒ International Electrotechnical Commission, “Electropedia: The
World's Online Electrotechnical Vocabulary”,
FEELE

http://www.electropedia.org/
ƒ Fluke, “Understanding specifications for precision multimeters”,
Application Note, 2006
http://support.fluke.com/calibration-sales/Download/Asset/2547797_6200_ENG_A_W.PDF

ƒ Fotografias de múltiplas fontes, obtidas através da Internet.

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