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Pressôre M.

ÍNDICE

Ó Pressôre!

NOTA DO AUTOR ............................................................................................ 3

PARTE I – AVENTURAS EM E@D........................................................................ 4

PARTE II – ORAÇÕES, POESIAS , PROVÉRBIOS E AFINS (DO E@D)........................... 48

PARTE III – TESOURINHOS DO E@D ................................................................. 58

BÓNUS! – DICIONÁRIO “PRESSORÊS” (ATUALIZADO) ........................................... 62


NOTA DO AUTOR
O que é ser "pressôre"?

Numa aceção comum, poder-se-ia dizer que é uma profissão como tantas outras,
necessária ao desenvolvimento humano e ao progresso social. Não deixa de o ser, mas
para quem realmente a vive é muito mais do que essa simplificação concetual.

É acima de tudo um modo de vida, uma forma de ser e de estar. Mais que uma
vocação, é uma paixão que nos devora e nos consome numa constante abertura e en-
trega ao outro, os alunos.

É entrar numa sala de aula e reconhecer que a partir daquele momento somos
responsáveis, em parte, pela construção do futuro daqueles seres, que também são nos-
sos e que deixam em nós raízes que nos acompanharão para toda a vida.

É vibrar com os seus sucessos e ampará-los nos seus fracassos, mostrando-lhes


caminhos alternativos na construção dos seus sonhos.

É permanecer incógnito perante a sociedade que por vezes se esquece do papel


fundamental que o professor tem na sua constituição enquanto tal. Mas isso só nos faz
querer ser melhores e perante os dissabores jamais tendemos a baixar os braços e con-
tinuamos a acolher os seus filhos como nossos, num perdão que se torna eterno.

É ter uma vontade de ferro e um coração de vidro, ser a raíz de uma árvore que
procura colher os seus frutos.

No fundo, é ser humano, essencialmente e fundamentalmente humano.


PARTE I
AVENTURAS EM E@D
É o delírio, a loucura, o drama, o horror, a tragédia!

Mal foi anunciado o regresso do malogrado E@D (Ensino à Distância), começou


a procura desenfreada por aplicações, ferramentas, geringonças eletrónicas e não sei
que mais modernices pelos iluminados bajuladores das aprendizagens online. E para
quê? Supostamente para fazer algo que já deviam estar mais do que habituados a fazer
- ensinar.

Desde quando é que o ato de ensinar tem de passar por um conjunto de quin-
quilharia cibernética, que atrofia a ferramenta mais inovadora e desenvolvida de que é
portador o ser humano: o pensamento?

Na opinião do "pressôre", há três aspetos fundamentais que têm de ser neces-


sariamente inerentes ao ato de ensinar: conhecimento, empatia e humildade. Obvia-
mente, aliados a todo um outro conjunto de fatores que permitem que o ensino seja
não só eficiente, mas também eficaz. Para que isso aconteça, não é necessário compli-
car. É na simplicidade que está o ganho. Para complicada já basta a realidade de muitas
iluminações e nem todas têm a possibilidade e a capacidade para absorver todo este
périplo de informação díspar e cheia de "macacos" elétronicos, que muitos defendem
como facilitadores, mas que na minha humilde opinião, cada vez mais limitam o desen-
volvimento cognitivo do indivíduo e impedem o acesso ao que é essencial no ato de
aprender.

O E@D não tem de ser um bicho de sete cabeças. Será óbvio que implica uma
adaptação àquilo que se faz presencialmente em sala de aula, mas temos de ter consci-
ência que não é a mesma realidade. Logo, não podemos (e eu espero que não queira-
mos) fazer do conforto do nosso lar e do ecrã do computador uma realidade virtual que
retira do ser humano a proximidade tão necessária do outro, como se para isso já não
chegasse o "El Corona".

Chega a ser tão exasperante, que até já circulam guiões sobre o comportamento
a ter nas aulas online. Pior, a roupa que se deve vestir, o que se pode ou não fazer. Li
algures, num desses iluminados guias de conduta, que os alunos não deveriam aparecer
em tronco nu. A sério? Parece-me é que costuma acontecer o contrário, como se viu no
ano passado, quando se falou na questão do "sem calças". Gente complicada!

Como é que podemos querer que as iluminações nos entendam, se muitas vezes
nem nós, "pressôres", nos entendemos a nós próprios? Mania de complicar o que é sim-
ples. Como diria o Diácono Remédios, personagem interpretada pelo enorme Herman
José, "Não havia necessidade... zzzz...zzzz!"
Relaxem, aproveitem estes dias da melhor forma. O dia 8 de fevereiro chegará e
todos, certamente, darão o seu melhor para chegar às suas mentes sedentas de ilumi-
nação (ou não), com mais ou menos engenhocas. Espero que menos, para inteligência
artificial basta o Big Bretha.

Ah, senhores "pressôres", não esquecer da estantezinha carregada de livros por


detrás de vossas excelências, sempre que fizerem uma transmissão (aula, reunião) on-
line. Dá sempre aquele ar de que a pessoa é muito culta, lê muito e investiu uma pipa
de massa em literatura dos mais variados estilos, mesmo que a maior parte dos "catra-
monhos" esteja só lá para enfeitar. Convenhamos, ninguém precisa de saber isso.
O "pressôre" não gosta do Ensino à Distância. Não sei se já tinham dado por isso...

Contudo, em tempos de "El Corona", que é um mal necessário, é.

Ora, a dias de começar o martírio, a pessoa começa a sentir necessidade de re-


fletir sobre a coisa e de preparar as supostas aulas virtuais.

Todos os dias (excepto ao fim de semana) o "pressôre" inicia o seu dia de aulas
às 8h30, impreterivelmente. A essa hora, no regime presencial, grande parte das almi-
nhas iluminadas costuma chegar cheia de sono, com vontade de fazer pouco ou nenhum
e, não raras vezes, procura servir-se da mesa para "cochilar" mais uns minutos (alguns
chegam mesmo a roncar e até já aconteceu babarem-se). O arranque da aula matinal é
lento e até que aquelas alminhas ponham os neurónios a funcionar é toda uma aventura
na casa assombrada. Se isto é assim presencialmente, nem quero imaginar "online".

Estou mesmo a ver. Ou não verei nada, com as câmaras desligadas.

Alguns nem sairão da cama. Entrarão na sessão pelo telemóvel e, quando o


"pressôre" fizer a chamada, corre o risco de ouvir um ronco. Estarão "on", mas "off"
debaixo dos lençóis. Os que ligarem a câmara, aparecerão ainda de pijama, todos reme-
losos, a bocejar e a perguntar se já amanheceu. Provavelmente, alguns irão tentar tomar
o pequeno almoço enquanto olham para os exercícios da aula, outros adormecerão no-
vamente, mas em cima da secretária, assim que ouvirem a voz do "pressôre" a dizer
"Boooom diaaaa!" e haverá os que de 5 em 5 minutos perguntarão "Ó pressôre, o que
é mesmo para fazer?". Terminada a aula, o "pressôre" despede-se das iluminações e
duas ou três alminhas continuarão com a sessão iniciada, visto que ou adormeceram,
ou foram fazer um xixizinho e caíram pela sanita abaixo.

A sorte é que o #estudoemcasa, essa maravilha do telensino, permite a todos os


alunos ter RTP. Logo, é tudo para passar. Este pessoal que teve a ideia do 54 foi esperto.
Cá para mim foram eles que inventaram esta pandemia do "El Corona", para que este
retângulo à beira mar plantado fosse um país de "dótores" e "inginheiros"... Ups, afinal
já somos!

Concluindo, continuará tudo dentro da normalidade possível.


O E@D explicado por miúdos.

O "pressôre" usa o GSuite, entra no Classroom, cria uma turma e introduz os


alunos todos lá dentro (salvo seja). Depois recebe 500 e-mails das iluminações a pergun-
tar como é que se aceita o convite para entrar na turma. Com a turma composta, vai
para o Stream e clica na ligação do Meet para dar início à aula virtual. As almas ilumina-
das começam a aparecer e a dizer que fulano e sicrano não conseguem entrar porque
não veem o link, ou porque não conseguem entrar no e-mail institucional porque per-
deram a password, ou porque não receberam o convite, ou porque não sei mais o quê...
Com isto, passou meia hora da aula. Problemas resolvidos, retira-se uma lista dos pre-
sentes usando o Google Meet Attendance Collector. Dá-se início aos trabalhos com um
Kahoot de revisão de conteúdos. Agenda-se uma tarefa pelo Socrative e outra pela Área
de Trabalho do Classroom, não vá a coisa dar para o torto. Cria-se um Google Forms e
recorre-se ao Jamboard para desenhar um esquema conceptual. Entretanto, o "pres-
sôre" socorre-se do Zoom, porque uma alma perdida não entra no Classroom. Se não
correr bem, vamos para o Teams. Procede-se à criação de um cenário educativo Go-Lab
e recorre-se à aula invertida usando o Edpuzzle (tentei fazer o pino, mas as cruzes já me
doem e não deixam).

Arquivam-se uns documentos para as iluminações estudarem no Padlet, elabora-


se um Quizz para trabalho assíncrono e agenda-se a entrega de um texto escrito na
Drive.

Alguém falou em mesa digitalizadora?


Parece que fui atropelado por um camião... Digo, por uma mesa digitalizadora.

Ao segundo dia de E@D já não posso ver o computador à frente. E que ninguém
se lembre de me falar do Classroom, pois corre um sério risco de ser mandado para o
canal 8 da TDT. Pensado bem, não era má ideia, visto que à exceção do canário da dona
Dolorosa, mouca que nem uma toupeira, a vizinha do andar de cima, mais ninguém deve
prestar atenção àquilo.

O "pressôre" começou logo às 8h30 agarrado ao apetrecho eletrónico a tentar


dar, faz de conta, uma aula virtual. Com o vendaval que fazia lá fora, a Internet parecia
as luzes de Natal, ora piscava, ora apagava. Cheio de sono, com uma dose industrial de
café em cima, estava o "pressôre" a fazer uma breve explicação sobre o trabalho que se
iria desenvolver na aula... Pumba! "O servidor de Internet não está ligado." Pânico. "Ai,
cum caraças, agora eles fogem-me todos da sala." Toca a pegar no telemóvel, ligar os
dados, e apressar-me a mandar uma mensagem, "Não fujam. A net caiu. Já volto.". E
voltei. Voltei e foi um pisca-pisca a aula toda. A minha ligação lá se aguentou, mas as
iluminações ora apareciam, como desapareciam.

Com as condições técnicas minimamente reunidas, solicita-se a elaboração de


um pequeno trabalho para entregar no final da aula. Ideia parva, é o que é. Que mania
que os "pressôres" têm de pedir trabalhos aos alunos. E para quê? Para terem dores de
cabeça a corrigir? Não, mal menor. Para terem enxaquecas daqui até aos antípodas, al-
gures perto da Austrália, por causa da forma de entregar o trabalho. O pedido era "ane-
xem o documento criado na área de trabalho do Classroom e submetam". "Ai, pressôre,
não sei fazer isso", "Ó pressôre, eu tou no telemóvel e não consigo escrever. Posso fazer
no caderno? E depois envio como?", "Ó pressôre, é mesmo para fazer o quê?", "Pres-
sôre, a minha net foi abaixo e não ouvi o que é que o pressôre pediu", "Pressôre, posso
antes enviar por e-mail". Enviem lá por onde quiserem, eu já só quero que enviem.

E foi isto todo o diabólico dia, até às 17h00, com uma hora de almoço à pressa e
quase sem tempo para ir à casa de banho.

Estou farto do E@D. Farto.

E depois de ouvir que isto é capaz de durar até ao fim de março, já só me apetece
hibernar.

Nota: E ninguém me avisou que teria de dar aulas a mais alunos do que aqueles
que costumam ir às aulas. Estou indignado. Gatos. Nunca vi tanto gato na vida.
Sabem aquelas turmas de "monos" silenciosos, em que presencialmente damos
uma aula sem ouvir um "piu"?

Imaginem isto transposto para uma aula à distância.

Entram na sala virtual em silêncio. Nem se dignam a saudar o "pressôre" com um


simples "bom dia". Só isto já deixa a pessoa a fervilhar cá por dentro. "- Ao menos dig-
nem-se a dar os bons dias!" Duas ou três almas depenadas, com muito esforço, lá gru-
nhem entre dentes qualquer coisa impercetível.

"- Liguem as câmaras, por favor. Não vou estar aqui 100 minutos a falar para
rodelas coloridas com letras lá dentro e um fundo escuro." Duas iluminações em 22 dão-
se a esse árduo trabalho. As restantes ainda deviam estar à procura do Teco, porque o
Tico, esse, já fugiu há muito tempo. Nem a ameaça de as mandar presencialmente para
a escola, onde iriam ter de cumprir treino militar funcionou.

Dei a aula da forma possível, tentando não me enervar e mantendo o que ainda
resta da minha sanidade mental. Coloquei questões, às quais respondi, e perguntei, vá-
rias vezes, se ainda estavam vivas. Ouvi uns grunhidos... E não ter ouvido um ronco, foi
sorte.

Ficha de trabalho para aplicação dos conteúdos inenarráveis lecionados. Informo


que estou disponível para esclarecer dúvidas.

"- Pressôre."

Foi a loucura. Uma voz, mesmo que do além, a falar comigo. Estava a ficar tão
amorfo, que até saltei da cadeira.

"- Simmmmmmm, qual é a dúvida?"

" - Ai, deixe estar."

Deixo lá agora estar, a alma começa a falar, tem de acabar.

"- Vá, diz lá."

"- Olhe, não é nada de especial. Era só para saber se deixava o Tobias assistir à
sua aula."

"- Quem raio é o Tobias?"

"- Ah, é o meu gato... Mas não se preocupe, ele já foi embora."

Internem-me, por favor!


Terminou a primeira semana de Ensino com muita Distância (felizmente o "pres-
sôre" tem a sorte de não ter a sexta feira com componente letiva).

Não vou dizer que foi simples, prático e eficaz. Não foi.

Não vou negar o cansaço de 4 dias intensivos de aulas em frente a um computa-


dor, que se ligava todos os dias às 8h00 da manhã. Não nego.

Não vou afirmar que estaria disposto a fazer isto para o resto do meus dias de
aprendizagem (sim, porque ensinar é, antes de mais, um ato de aprendizagem). Não
estou.

Este regime intensivo de aulas síncronas, numa tentativa insana de obrigar "pres-
sôres" e alunos a cumprir o horário escolar, definido para o regime presencial, é um
completo ato de tortura física e psicológica. Acredito que todos estaremos a tentar dar
o nosso melhor, apesar de uma ou outra reclamação (desabafos que nos aliviam a alma
e o cansaço), mas desconfio que as consequências que retiraremos disto não serão as
melhores, perante uma classe já desgastada, alunos cada vez menos motivados e, por
vezes (sendo otimista), pouco educados (atenção, não referi com falta de capacidades)
e pais pouco informados. Ninguém irá beneficiar com este distanciamento forçado,
numa aprendizagem simulada, e não efetiva, e pouco desejada (sim, porque não me
venham com tretas, só aprende quem realmente está predisposto a fazê-lo e não são as
geringonças que inventam para tornar, dizem, o ensino mais apelativo(?) que resolvem
o problema).

Dói-me o corpo. As costas queixam-se numa lamuria silenciosa de estar horas


seguidas na mesma posição, sem termos noção de que o estamos. Termina-se o dia can-
sado, com um peso enorme nos ombros e na cabeça e quando se ganha algum tempo
para descansar (depois de cumpridas tarefas familiares, com tudo o que isso implica), a
cabeça teima em não ceder e nos proporcionar o sono reparador merecido.

Aguardam-nos semanas de ecrãs multifuncionais, secretárias que se transfor-


mam em autênticas salas de aula, mesas com ou sem capacidades digitais e pessoas,
muitas pessoas, com expetativas e horas de trabalho goradas, planeadas com afinco e
dedicação para uma aula que não correrá como o previsto.

Horas que se perdem, algumas que se ganham, a preparar uma aula interativa,
dinâmica, encorajadora, para alunos que, na hora, não correspondem (ou não se esfor-
çam por) ao apelo do "pressôre". Câmaras que não se ligam, apesar das diretrizes explí-
citas recebidas, por teimosia e, desconfio, incentivos terceiros, apesar de haver todo um
conjunto de possibilidades de salvaguardar a privacidade dos alunos. Que coloque a mão
no ar quem, nestes dias, pediu uma, duas, três, inúmeras vezes, à mesma iluminação
para ligar a câmara, e foi redondamente ignorado. Com sorte, como hoje tive a felici-
dade (?) de ouvir "Pressôre, não ligo a cam porque o meu cabelo está horrível". Pais que
não respeitam as horas de aprendizagem (a possível) dos seus educandos, interpelando-
os constantemente em período de aulas, assistindo e intervindo nas aulas como se de
um "reality show" se tratasse e descompondo os meninos porque não aparecem para
almoçar às 12h30 ("é a hora a que se come cá em casa"), quando a aula termina apenas
às 13h15. A culpa, claro, é da besta do "pressôre" que está para ali a empatar as crianças
com coisas que não servem para nada.

E noção, muita falta de noção. De todos.

Sobreviveremos? Claro que sim.

Certamente menos empáticos, com menos amor e, claramente, menos huma-


nos. Sim, porque é de (H)umanidade que se trata.
Uma boa semana de...

1) "Estão a ouvir-me? Sim? Alguém que me responda, por favor? Falem comigo.";

2) "Ó inteligência, liga a câmara. L-I-G-A A C-Â-M-A-R-A! LIGA O RAIO DA CÂ-


MARA OU TENS FALTA!";

3) "Pressôre, a minha net está sempre a cair? Podia repetir o que disse há meia
horas atrás?";

4) "Pressôre, onde é que disse que colocou o trabalho? É que no meu computa-
dor não aparece nada.";

5) "Ó M., responde ao exercício nº4, por favor. M., estás aí? Olha, fugiu! To-ro-
ron-roin, M., chamado à receção, to-ro-ron-ron!"

6) "Ó J., estás a falar com quem?" / "Ó pressôre, desculpe, o meu pai veio aqui
buscar um compasso e a minha mãe queria saber o que me apetecia jantar." / "Boa, se
for cozido à portuguesa eu também quero.";

7) Quantidades inenarráveis de trabalhos para corrigir, virtuais ou, faz de conta,


reais;

8) Carnaval a dar aulas em frente a um computador... E a véspera de Carnaval...


E as Cinzas... E a semana toda... E mais o fim de semana a preparar aulas... E era o com-
putador para a vida toda, o computador para a vida toda e... Puf, pifou o computador
que era para vida toda;

9) "hlkjgdflghçoiautº jhalha"/"Ó R., o que é isso? Enviaste alguma imagem ou


assim? É que isto não está a reconhecer."/ "Ó pressôre, esqueça. Foi o meu gato que
passou por cima do teclado.";

10) "Vá, até amanhã. Vão descansar um pouco antes da próxima aula."... PUF...
Silêncio. "Então, mas foi tudo embora e nem água vai? E deixam aqui uma pessoa espe-
cada a falar para o boneco? Mas, mas, mas...

Que a força esteja convosco!


No primeiro dia, deu-se início à criação do Ensino com muita Distância.
Ao segundo dia, fui atropelado por uma mesa digitalizadora.
Terceiro dia, conheci os meus novos alunos iluminados, de espécie felina - gatos.
Ao quarto dia, fez-se silêncio por detrás das câmaras desligadas.
No quinto dia, o merecido descanso.
Sexto dia, o recomeço, a recriação da aprendizagem (ou da falta dela).
Ao sétimo dia... O "router" morreu e, com ele, a Internet finou-se.
Ámen!

Depois de tentar reavivar os finados, qual Lázaro levantado da sua tumba, o de-
sespero assolou o "pressôre". "- E agora como é que eu vou dar aulas às minhas inteli-
gências?"

Socorro-me das técnicas de Suporte Básico de Vida, aprendidas algures numa


formação a reanimar bonecos decepados. Pego no "router" com todo o cuidado, imobi-
lizo-o, aplico o VOS (ver, ouvir, sentir), procedo às insuflações e compressões. Não apita.
Coloco-o em posição lateral de segurança e ligo para o Tiaguito (o desaparecido em
combate), informando-o que o aparelho da Internet faleceu de exaustão. Imploro que
me ofereça um novo, mas, mal acabei de falar, esfumou-se qual D. Sebastião no meio
do nevoeiro. Amaldiçoei o fantasma da (des)Educação e liguei os dados do telemóvel
para comunicar a trágica notícia às iluminações. O trabalho das primeiras aulas teria de
ser assíncrono.

Surpreendi-me. Mostraram-se preocupadas. Consegui que falassem comigo e


deram-me sugestões.

Perguntaram-me se o serviço era o daquela operadora que é de Todos. Disse-


lhes que não, que era Meu.

"-Sabe pressôre, é que a de Todos dá muitos problemas nesta zona, pode ser
disso."

Não era, era Meu, e não havia maneira de o aparelhómetro ressuscitar.

Levei-o ao hospital, na esperança de o conseguir salvar. Em vão.

Foi declarado o seu óbito às 11h45. Tinha partido para o céu dos artefatos ele-
trónicos, onde habita agora junto da sua "motherboard".

Amanhã, entrará na contabilização das mortes provocadas pelo E@D, esse vírus
maldito que atormenta a vida de "pressôres" e de suas inteligências iluminadas.

Paz à sua alma "online".


Depois de uma semana de "Big Breda"... Ai, perdón, de E@D...

1) As iluminações que passam as supostas aulas a trocar o fundo da câmara. Ele


é flores, nuvens, praias paradisíacas, estantes, cenários apocalípticos, mas a opção mais
comum é qualquer coisa espacial, semelhante a uma galáxia ou nebulosa. No fundo,
anda tudo com a cabeça em Marte.

2) O "pressôre" analisa o texto com as iluminações. Indica o tema, decifra as pa-


lavas difíceis, divide o texto, explica o que o autor está referir, esmiúça frase a frase. Tira
dúvidas e aplica um exercício de análise e interpretação do texto. Duas breves questões,
apenas. Têm 10 minutos. Passado esse tempo, pede, aleatoriamente (mas já com o sen-
tido de pontaria afinado, confesso), a uma alminha iluminada que responda à primeira
questão. "- Ai, pressôre, não fiz." O "pressôre", algo perplexo (ou não) pergunta o mo-
tivo. "- Não percebi." Como assim não percebeu? Mas não percebeu o quê? "- Nada!"
Nada? E ao fim deste tempo todo é que se lembra que não percebeu nada? Depois di-
zem que a pessoa fica maldisposta. Certamente terá percebido os Twittaros que vai con-
sultando enquanto a aula decorre e, com sorte, ainda por lá colocou algum a queixar-se
da aula, do "pressôre" que não a deixa dormir ou das conversas com os colegas ilumina-
dos que decorrem paralelamente à aula. (Calma, isto é tudo pura fição. Desengane-se
quem pensa que isto acontece.)

3) Os silêncios avassaladores que continuam, qual múmias presas numa tumba.


Por vezes, receio alguma maldição de escaravelhos cibernéticos ou algo do género.

4) Os apagões. Por falar nisso, onde está a originalidade de criar um protesto


tendo por base um apagão dos "pressôres"? Isso tem sido o pão nosso de cada hora. A
Internet ora apaga ora ressuscita, a câmara das iluminações é todo um buraco negro e
a pouca luz do Tiaguito há muito que já se fundiu. Querem apagar o quê mais?

Ah, verdade, também há aqueles casos de uma ou outra mente flamejante que
fica apagada na cama e quando o "pressôre" a interpela, resolve acender a luz e ligar a
câmara, de modo a tentar ocultar que por detrás daquela cabeça se encontra uma al-
mofada, na qual repousa um neurónio com o interruptor ainda desligado.

5) Orgulho! O "pressôre" foi mencionado no maior blogue da (des)Educação em


Portugal... Ai, perdón, afinal não foi. O apagão também lá chegou. Fui apagado.

Depois de uma semana de iluminações, é tempo de apagar e aproveitar o fim de


semana para recarregar baterias. Vou já ligar-me à corrente pois a próxima semana pro-
mete ser dura.

Desliguei... Perdón, apaguei!


Se há algo no ensino presencial que sempre me incomodou é, sem dúvida, a jus-
teza da avaliação das minhas iluminações.

No E@D, mais do que um incómodo, é uma autêntica dor de cabeça. A começar


pelo processo em si, passando para as ferramentas tecnológicas a utilizar e terminando
na assertividade e sentido de justiça da correção de algo que, por vezes, não é o resul-
tado de uma só cabeça (se me faço entender).

Esta semana decidi aplicar, recorrendo ao G. Forms, um questionário breve para


interpretação e respetiva avaliação de alguns conteúdos ministrados. Ora, tendo em
conta que atrás de uma câmara tudo pode acontecer, seria ingénuo da minha parte ad-
mitir que as iluminações não iriam consultar os apontamentos, manual, outros materiais
ou até usar o telemóvel para trocar informações entre elas. E não me venham dizer que
é possível controlar estas situações à distância, porque não é. Podem ter as câmaras
ligadas, podemos estar atentos ao que estão a fazer, fazer várias versões. alterar a or-
dem das questões, mas será impossível ver o que se esconde por detrás de uma imagem,
que revela apenas aquilo que se quer mostrar.

Dia de aplicação do questionário.

O "pressôre" faz uma explicação prévia sobre a forma como devem aceder ao
dito, o tempo que têm para responder, indica que podem (e mesmo que dissesse que
não...) consultar os apontamentos e materiais, mas avisa para terem cuidado com as
conversas paralelas, que não confiem cegamente nas respostas dos outros e que pen-
sem por si. Sou um utópico, eu sei.

Foi engraçado notar aqueles que terminaram quase em simultâneo e, conhe-


cendo-os já das aulas presenciais, não era difícil perceber os grupos que se formaram
para partilhar a resolução do exercício.

A correção assim o veio demonstrar. As mesmas respostas, os mesmos erros de


conteúdo, as mesmas palavras escritas incorretamente e, pasmem, exercícios comple-
tamente errados. Sim, nem uma única questão conseguiram acertar, porque é mais fácil
aceitar a resposta que o outro dá, do que usar a própria atividade neuronal e consultar
os apontamentos/materiais. Zeros (0), até com possibilidade de consulta.

É desesperante.

Na aula seguinte, puxo o assunto à conversa. Queixam-se dos resultados. Digo-


lhes que é o que dá resolver fichas de avaliação em grupo. Uma alma iluminada, com
aquela voz de "ai, deixa ver se o pressôre acredita em mim", afirma: "- Pressôre, eu fiz
sozinha".
Respondo-lhe que sim, que é tão certo como eu ser a Madre Teresa de Calcutá.

"- Ai, pressôre, que cena! Essa não é aquela do Big Breda?"

P.s. - Por falar em copiar... Parece que aquele blogue famoso lá se decidiu, final-
mente, a publicar a fonte de tal "oração". Os fãs do "Ó Pressôre" são os maiores.
NOVO PERFIL DAS ILUMINAÇÕES À SAÍDA DA ESCOLARIDADE À DISTÂNCIA

Área de Competências (com ou sem mesa digitalizadora):

1) Domínio do artefacto eletrónico e consciência da obrigatoriedade da câmara ligada;

2) Usar, sempre que possível, a língua portuguesa e escrever mensagens de texto sem
hieroglifos;

3) Comunicar com o "pressôre" quando solicitado, dar os "Bons dias" e não partilhar
conversas paralelas no Twittaro;

4) Pensar pela própria cabeça (ou mona), de modo a dar uso aos neurónios que por lá
habitam. Pensar. Ponto;

5) Resolver os problemas amorosos, de uma vez, para estar atento às aulas;

6) Saber que as tecnologias não se resumem ao Twittaro, Insta ou Discordio e aprender,


de uma vez por todas, a usar as ferramentas do Office e fazer pesquisa de boa informa-
ção na Internet;

7) Não obrigar o "pressôre" a relacionar-se com círculos escuros com letras lá dentro;

8) Não copiar os exercícios de avaliação pelo melhor colega da turma;

9) Acordar, lavar a remela e não aparecer de pijama (ou sem roupa) na câmara;

10) Perceber que, esteticamente, um gato (ou outro animal doméstico) não faz "pen-
dant" com à aula.
Depois de uma manhã agarrado ao artefacto tecnológico por causa do Ensino
com muita Distância, podia dizer que me apeteceu atirar o computador pela janela, mas
contive-me. Não porque poderia comprar outro, dada a riqueza que abunda na vida de
qualquer "pressôre" (Dedução no IRS de material informático? Pra quê? Se ainda fosse
o "jacuse" na mansão em Santa Quitéria da Cruz Torta...), mas porque lhe ganhei uma
certa afeição. Quase amor, até. Tantas têm sido as horas que convivo com o fofinho
tecnológico, que até acho que já sinto borboletas cibernéticas no estômago.

Bem, mas o assunto de hoje é outro. A caixa de surpresas que é a mente de uma
iluminação.

A turma resolvia um exercício solicitado pelo "pressôre". Decorrido algum tempo


(o estimado para a resolução do dito), o "pressôre" pergunta aos seus queridos e ado-
rados alunos (para que não digam que o "pressôre" destrata as criancinhas) se a tarefa
se encontra concluída. Silêncio...

Ruído... Uma iluminação acabadinha de acordar sussurra algo como: "Eu não,
pressôre, ainda só vou para a segunda questão (eram 10)".

Com alguma dose de paciência, pois o balde de cafeína ingerido antes da aula
ainda não tinha surtido efeito, o "pressôre" dá mais 5 minutos para a conclusão do tra-
balho.

Findo o tempo suplementar, correção dos exercícios.

O "pressôre" dirige a palavra à iluminação, a tal que sussurrou que ainda só ía na


segunda questão, e pede para que esta responder à primeira, afirmando que essa pelo
menos já estava feita e, por isso, poderia muito bem responder.

"- Ai, pressôre, mas é que eu não fiz essa."

"- COMO ASSIM? Tu já não ias na segunda?"

"- Eh, sim, ia... Mas sabe, é que eu saltei a primeira."

Se a cadeira não me tivesse agarrado, havia uma vítima cibernética, hoje.


Uma terça feira normal.

A pessoa começa o dia com o cacarejar das galinhas e o sino da torre da igreja,
em badalos sucessivos, que teima em perfurar os tímpanos ainda adormecidos. Depois
das matinais lides higiénicas e domésticas, onde se inclui o já famoso balde de café re-
vigorante, chega a hora de reservar o lugar em frente à quinquilharia eletrónica que nos
irá acompanhar em mais um dia de martírio... Digo, de aulas na Patagónia... Digo, à dis-
tância.

O "pressôre" liga o computador, essa coisa fofa, e pensa que já é hora de mudar
o ambiente de trabalho, está farto de ver aquela imagem de férias. Uma pessoa até
deprime ao ver uma coisa que não pode ter. Hora de começar as 8 horas seguidas de
telenovela virtual, apenas com direito a um almoço rápido.

Entra-se na plataforma, uma espécie de escola virtual, e dirijo-me para a "sala"


onde irá decorrer a primeira aula. 8h30, sala vazia. 8h31, a sala continua vazia. 8h33, o
vazio permanece e não há maneira de aparecer alguém que o ilumine. Toque de men-
sagem recebida no artefacto telefónico. "Pressorinho, hoje não vem dar aula?" Como
assim, não vou dar aula? Respondo que já estou à espera deles na sala há 5 minutos.
Decorridos alguns segundos, nova mensagem. "Pressôre, não está não. Já cá estamos
todos e o pressôre não aparece." Estão a brincar comigo. Então, mas não está cá nin-
guém... Ai, tu queres ver? Fez-se luz!

Tinha-me enganado da sala. Com tanta iluminação, quem anda a ficar apagado
sou eu. Ri-me meia hora a pensar na minha triste figura, recompus-me e atinei com o
caminho.

Na aula seguinte, já com o interruptor mais ou menos a meio gás, falei de Revo-
lução Industrial a uma turma do 11º ano e só ouvi silêncio. "Ai, é aquela coisa das fábri-
cas, mas não sei explicar muito bem", foi o máximo que consegui extrair daqueles neu-
rónios ainda mais adormecidos do que o meu. E tive visões. Vi pessoas a passear atrás
das câmaras com vasos... Com vasos? Será isto uma aula em movimento? Voltei à Revo-
lução Industrial. "Ó pressôre, é aquela coisa, tá a ver... Aquilo, não sei explicar". Fiquei
na mesma e, desta vez, não vi nada. Insisti, uma última vez. "Eu acho que sei pressõre.
Foi aquilo das invenções." Já era alguma coisa. Resolvi perguntar que grande invenção
estava associada à dita Revolução. Mas para que raio continuo a fazer perguntas parvas?
Porquêeeeee?

Alguém ousou responder e ao ouvir a resposta foi como se um raio me tivesse


atravessado a alma... "A Internet".
Zoom a Zoom, enche o E@D o papo.

Mais um dia... Leva-se, literalmente, um dia de cada vez, mesmo que haja dias
que parecem séculos. Hoje, até nem foi muito mau.

As aulas "óneline" (como refere uma seguidora do "estaminé") ocuparam apenas


a parte da manhã, uma manhã que nem foi infrutífera de todo.

Confesso, nem tudo no Ensino na Patagónia (à distância) é mau, há que valorizar


alguns aspetos positivos. As iluminações, tirando as quedas "internéticas" são, em
grande parte, mais pontuais. Aliás, tão pontuais que tenho alunos que chegam 1 hora
antes de a aula começar. Não se perde tempo a mandar calar os barulhentos pois basta
cortar-lhes o "piu" (desligar o microfone, entenda-se). Noto, também, que há alunos que
se sentem um pouco mais à vontade para participar do que nas aulas presenciais. Cer-
tamente não se sentem tão "sufocados" pela parvoíce dos colegas que, por vezes, é di-
fícil de controlar. E pouco mais...

No lado oposto, os intervalos são muito menores ou pelo menos é a minha im-
pressão. Têm exatamente o mesmo tempo que os intervalos em regime presencial, mas
na escola uma pessoa tinha tempo de desinfetar mesas, material, ir à sala de professo-
res, fazer uma pequeno lanche, satisfazer as necessidades fisiológicas, desinfetar as
mãos, trocar dois dedos de conversa com outros "pressôres". Em casa, uma pessoa le-
vanta-se da cadeira para ir beber um copo de água, olha para o relógio e já está na hora
de ir vender uma aula. Ele há coisas.... Mistéeeeerio!

A primeira aula do dia correu maravilhosamente bem. Os alunos participaram,


corresponderam ao solicitado, entusiasmaram-se, foram bastante interventivos e orga-
nizados. Eram tantas as "mãos" no ar que até julguei estar em algum festival de verão.

Foi toda uma injeção de ânimo. A aula tinha corrido mesmo bem.

Entusiasmado, o "pressôre" segue caminho para a aula seguinte, desta vez sem
se enganar na sala. "Bommmmm diaaaaa, alegria!"

Zzzzzzzzz... Nem uma mosca se ouviu.

O ânimo que outrora tinha começou a esfumar-se.

O tema era o mesmo, mas a turma era daquelas silenciosas, quase fantasmagó-
ricas, a quem o gato deve ter comido as línguas todas (ou como diz uma "pressôra" mi-
nha amiga, uma turma de "múmias paralíticas"). Foi um desespero aquela aula. Solicitei
que fizessem uma pequena pesquisa, tirassem foto e mandassem o resultado para o e-
mail do "pressôre". "Eish, pressôre, é para fazer agora? É para mandar? Isso dá tanto
trabalho... Tenho de esticar o braço. Ai, espere...". Abrenúncio! Apre! Irra!
Para terminar a manhã em beleza, fui informado que uma iluminação estava em
viagem, mas ia a ouvir a aula toda. É o que eu digo, temos o chamado Ensino em Movi-
mento.

E tudo corre lindamente no reino do Esgotamento à Distância.


O dia acordou chuvoso.

À entrada da escola pairavam guarda chuvas, num corre-corre de pés que salpi-
cavam o chão a cada passo percorrido.

O senhor G., o porteiro da escola, sempre bem disposto, procurava desobstruir


a entrada apinhada de alunos que se acotovelavam para passar, ao mesmo tempo que
se dirigia à pessoa com um "Bom dia, senhor pressôre! Pronto para mais um dia?"

Com o chapéu a amparar os pingos que teimavam em escorregar do céu, o "pres-


sôre" sobe a escadaria que dá acesso à escola, em passo apressado, entrando rapida-
mente no átrio que o acolhe com sossego. Guarda chuva fechado, é hora de limpar os
óculos das gotas que os resolveram visitar, cumprimentar a dona D., inspirar profunda-
mente de modo a ganhar o fôlego necessário para subir os tenebrosos 88 degraus que
o separam do 5º piso.

Degrau a degrau, segue vagarosamente, amaldiçoando o arquiteto que o obriga,


todos os dias, a fazer aquela ginástica matinal. Finalmente, algo esbaforido, chega à sala
de "pressôres, onde terá tempo para recuperar os fôlego e colocar a conversa em dia
com um ou outro "pressôre" que por lá habita.

É hora da primeira aula do dia. Os miúdos chegam a conta gotas, porque a en-
trada na escola estava complicada, ou porque o autocarro se atrasou, ou porque a cama
os prendeu por mais 5 minutos, ou porque o trânsito no centro da cidade estava o caos
do costume...

Dá-se início à aula, a primeira de um dia que se avizinha longo. Como sempre, a
aula é interrompida pelo engraçadinho do costume, que tem um grande problema com
o despertador e com a pontualidade. Há risos, burburinho e a tentativa de conversas
paralelas. A aula prossegue em ritmo ameno, animado e com a empatia do costume. A
empatia, sim, o grande motor da aprendizagem.

As aulas seguem-se umas atrás das outras, num sobe e desce de escadas, que
teimam em nos fazer lembrar o peso da idade. A pessoa já não vai para nova.

Chega a última aula do dia. A esperança de saber que, no fim daquela aula, se
pode ir para casa, para o refúgio do conforto do nosso lar e do conforto daqueles que
nos esperam.

Pergunto se fizeram o trabalho de casa e chamo, um a um, pelo nome, esperando


uma resposta.

"Não fiz! Não fiz! Não fiz! Não fiz! Não fiz! Nãoooooo fizzzzzzzz!"
Subitamente, os alunos transformaram-se em ecrãs zombies, levantaram-se e
caminharam na minha direção, numa espécie de ataque cibernético, onde toda a minha
existência se sentiu engolida por uma mesa digitalizadora...

Acordei em sobressalto.

E lembrei-me que teria pela frente mais um dia de E@D.


Terceira semana de Ensino com muita distância. "Check!"

Quer dizer, as "diz que é uma espécie de aulas online" estão despachadas, falta
todo um manancial de trabalhos para corrigir, que entram a uma velocidade catatónica
no e-mail do "pressôre", juntamente com as notificações de mensagens com dúvidas de
última hora das iluminações. Em alguns casos, o prazo de entrega terminou ontem e
ainda me perguntam até que dia é que podem entregar o trabalho. Havia um guião com
a data, certo? E ler, sabem o que é? E ouvir o "pressôre" nas aulas? "Ganda cena", não?

No fundo, acabo por ter de dar razão a algumas iluminações, quando, no decor-
rer da semana, lhes pedi para fazerem uma pesquisa sobre casos de "crianças selva-
gens". Primeiro estranharam, depois admiraram-se e por fim questionaram:

"- Ó pressôre, posso fazer sobre o meu irmão?"

"- Pressôre, isso é fácil, fazemos sobre a nossa turma." (Haja consciência!)

"- Olhe, pressôre, também não precisava de nos tratar dessa forma."

Rezei 5 vezes a "oração" ao E@D para descer à terra e responder a estas ques-
tões de reflexão profunda. "Ó inteligências, se eu vos quisesse tratar mal, não era assim
tão direto. Até parece que têm muita razão de queixa!?"

Lá perceberam o que era uma criança selvagem e a que queria fazer sobre o ir-
mão, mudou de ideias e achou mais conveniente fazer sobre o primo, que é sobrinho da
tia, que tem a avó em casa de uma amiga, que por sua vez é vizinha da mãe, que é neta
da tia que é filha do primo.... Já me perdi!

É hora de me enfiar no "bunker" para dar conta dos 500 e-mails que ainda tenho
por abrir e corrigir o Everest de trabalhos que animarão o meu fim de semana... Selva-
gem!

"Curtam bué", como diz o meu iluminado Celinho, que deve continuar perdido
por Onde Judas Perdeu as Botas de Cima.
O "pressôre", esse burguês do teletrabalho, está a desfrutar do seu maravilhoso
domingo, quase primaveril, numa montanha paradisíaca de trabalhos para corrigir, con-
templando o ecrã de um artefacto tecnológico inundado de palmeiras, enquanto bebe-
rica doses síncronas desse líquido precioso que dá alento a qualquer moribundo - o café!
E o vosso domingo, colegas burgueses? Estais refastelados nesse antro de maus vícios a
que a ralé chama vulgarmente sofá?

Realmente, pertenço a uma burguesia privilegiada, tão privilegiada que tem de


comprar os seus próprios artefactos para poder trabalhar, nessa prática visionária, es-
plendorosa e estrepitosa que é o Ensino com muita Distância. Partilho também o privi-
légio burguês de usufruir de contratos, com alguma sorte anuais, há cerca de 20 anos
(sim, o "pressôre" é um burguês contratado), que me têm permitido percorrer o país de
lés a lés, apesar de nos últimos 10 anos ter "estabilizado" numa dada região do país, a
170 km de casa, é certo, mas, no fundo, é já uma segunda morada. Claro que usufruo de
toda a minha burguesia para poder arrendar um recatado alojamento e para me deslo-
car à residência fiscal, de vez em quando, não vá a família pensar que eu os troquei pela
escola. Bem, agora que penso nisso... Adiante! Sou tão burguês que dispenso qualquer
subsídio de apoio ao alojamento ou à deslocação, não vá o Estado ficar mais pobre por
causa das minhas mirabolantes regalias. Já basta a miséria de impostos que pago, que
me levam quase metade do ordenado no fim de cada mês e que, por este andar, nem
servirão para ter uma reforma de burguês quando me reformar aos 110 anos, no mí-
nimo.

Claro que espero, em breve, subir na classe social, e passar a ser um burguês nos
quadros da função pública, quem sabe usufruir de um qualquer título nobiliárquico, tal-
vez Duque ou Marquês... Marquês de Onde Judas Perdeu as Botas de Cima! Soava
mesmo bem. Poderá não ser para a vida toda, mas, como diz a outra, se não for, foi por
um triz.

Uma coisa é certa, antes burguês que burgesso...


A quarta semana de Ensino com muita Distância vai a meio e eu, nesta altura, já
tenho sérias dúvidas sobre a minha real existência.

Estas sessões espíritas, vulgo aulas "óneline", estão a por a minha sanidade men-
tal à prova e desconfio que não haverá vacina que a salve.

Começar o dia a falar sozinho para um ecrã, numa divisão da casa, à espera que
uma alma, lá muito distante, responda ou, pelo menos, emita um som qualquer, só para
mostrar que está viva, é o desespero na sua total plenitude. Só me falta mesmo a mesa
pé de galo e, já agora, uma bola de cristal... Ai, espera, o artefacto tecnológico até serve
de bola de cristal, mas o raio da sintonia deve estar desalinhada pois vejo sempre o
mesmo canal cheio de bolas coloridas com letras lá dentro. Se eu acho que já não é
normal falar dois minutos sem ouvir o outro lado, penso logo que já está tudo a dormir,
então fazer isto durante 100 minutos é uma tortura, só comparável a uma serenata da
Maria Leal num dia de tempestade.

Ontem tive uma sessão espírita de almas evaporadas. Além de não falarem, eva-
poram-se. Corrigia-se um exercício e ia fazendo, de forma aleatória, questões às ilumi-
nações, ao menos para verificar se ainda respiravam.

"- Ó inteligência, responde à questão 1."

Silêncio. Volto a solicitar a resposta. Silêncio. Saco do meu humor (ainda tinha
algum) e imito uma "imperadora de caixa de supermercado" (como dizia a outra ilumi-
nação acerca da profissão da mãe): "To-ro-ro-roin, iluminação chamada à caixa, to-ro-
ro-ron".

Silêncio... "- Ó pressôre, a minha colega foi à casa de banho."

O "pressôre" perdeu a paciência. Sempre que a alma era chamada para respon-
der a uma questão, estava na casa de banho. Ao menos que se dê ao trabalho de lavar
as mãos e já agora que leve o computador com ela, visto que passa lá a vida.

Chamo outra iluminação. Silêncio. Ameaço que, caso não me respondam, co-
meço a marcar falta de presença. Meia hora depois, chega a resposta: "Pressôre, não
estava aqui. Fui ali à minha vizinha que me estava a chamar."

"- Foste à tua vizinha? A meio de uma aula? A tua vizinha não sabe que tens
aulas? Tu se estivesses na escola, ias a meio de uma aula falar com a tua vizinha?" (Se
calhar até ia, mas isso agora não interessa nada...)

Estava já a cólera a apoderar-se do "pressôre", quando tento, uma última vez,


junto de outra iluminação:
"- Ó rapaz, responde à questão?" Silêncio.

"- Mas será possível que ninguém fala comigo?!"

Cinco minutos depois.

"- Pressôre, desculpe, não estava aqui. A minha mãe chamou-me."

Novamente todo um discurso sobre sair a meio de uma aula porque a mãe o
chamou. Se a mãe não sabia que estava em aulas, blá, blá, blá e pardais ao cesto. Furi-
bundo, no meio de toda uma descasca à turma, o "pressôre" ouve, vindo do outro lado
do microfone da última iluminação, ainda ligado, a frase que o marcará para o resto da
sua semana:

"- F***-se, ó miúdo, sai daí!"


A 5ª semana de E@D chega com a notícia da possibilidade real de um início de
desconfinamento.

O "pressôre" começa logo a imaginar o regresso à escola, a azáfama nos corre-


dores, o reencontro com os colegas, as aulas com iluminações à séria e não a invocação
de espíritos do costume, a rotina de sair de casa para ir trabalhar, simplesmente o sair
de casa... Vê-se uma luzinha ao fundo do monitor (o túnel dos nossos dias digitalizados).

Está a pessoa nesta utopia e eis que cai a notícia de uma violação quinzenal da
ponta pinguda dos "pressôres" e funcionários. Com'é que é? Querem enfiar-me um co-
tonete, que mais parece uma arma de destruição maciça, pelo nariz acima de 15 em 15
dias? Ainda por cima, com um serviço destes feito por uma qualquer alma vestida com
um fato de ir a Marte, em que uma pessoa nem sabe se é um marciano que está lá
dentro a tentar roubar-nos pelo nariz a já cansada atividade neuronal que ainda sobra?
E se fossem enfiar os cotonetes no Tiaguito, num sítio onde a luz do sol não chega e é
preciso usar uma lanterna (numa gruta, entenda-se)? Esse sim, é o verdadeiro vírus, o
"El Corona" da (des)Educação.

Como se já não chegasse a "zaragoatona", como diz o Celinho, ainda querem


vacinar os "pressôres" com a "vácina" da AstraZeneca, aquela que não recomendam a
pessoas com mais de 65 anos. Não estou a perceber? Será que é uma tentativa de eli-
minar de vez os "pressôres" portugueses, para ver se têm mais audiências nos canais da
Telescola? Tendo em conta que grande parte dos "pressôres" em Portugal estão à beira
dessa idade (mais coisa, menos coisa), é de desconfiar. E os que não estão servirão de
cobaias. Até me dava jeito mais um braço ou um um par de olhos na nuca, sempre se
controlava melhor as iluminações. Contudo, se por acaso, além de ficar "imunde" ao "El
Corona", também permitir levitar e fazer telepatia, não me oponho, de todo. Já agora,
que dê também para lançar uns raios fulminantes só com o olhar.

Ó vida, ao que um "pressôre" é sujeito para dar aulas. Se não é em casa aninhado
em frente a um computador a falar sozinho e a enlouquecer, é na escola com vacinhas
manhosas e cotonetes enfiados no nariz. Já pensaram se fôssemos "pressôres" na China,
onde era metido o cotonete? Vá, do mal o menos...

Enquanto isso, há que aguentar as sessões de monólogos interrompidas por um


"pressôre, posso ir à casa de banho", retomadas e novamente interrompidas por um
"Pressôre, já regressei". Só espero que se deem ao trabalho de, ao menos, lavar as mãos.

Protejam-se! Elas vão estar no meio de nós - as "zaragatonas".


Finalmente, um dia de aulas com muita distância superprodutivo.

Não sei por que artes mágicas, mas consegui obter respostas do além. Tanto dei
voltas à bola de cristal, socorrendo-me da invocação dos espíritos escondidos nas pro-
fundezas do éter, obtendo, enfim, o esperado retorno. Um dia muito participado, sem
dúvida. Colocaram questões pertinentes, levantaram problemas e ousaram dar respos-
tas. Fiquei abismado a ponto de os elogiar. Às tantas, nem me deixavam explicar os con-
teúdos, interrompendo-me bruscamente com ideias completamente fora da caixa. Já
não me recordo de todas as intervenções, mas deixo-vos uma lista daquelas que mais
me emocionaram:

1) "Pressôre", posso ir à casa de banho?";

2) "Pressôre, dixculpe interromper, é só para avisar que já regressei.";

3) "Pressôre, a minha colega manda avisar que a net está sempre a cair.";

4) "Pressôre, dixculpe só entrar agora (meia hora depois de a aula começar), mas
a minha cota não me acordou.";

5) "Pressôre, caí e voltei a entrar.";

6) "Pressôre, o que é para fazer? (Depois de ter explicado a mesma coisa 50 ve-
zes)";

7) "Pressôre, fale mais alto que tou a ouvir com cortes." (E vou falar mais alto
para quê?).

Uma maravilha, não é? Que emoção, até me vêm lágrimas aos olhos...

Para terminar o dia, nada melhor do que receber a informação do início do con-
curso de "pressôres", ainda esta semana. É provavelmente uma das fases mais emocio-
nantes da vida de um "pressôre". A-D-O-R-O! É também aquela altura em que uma
grande quantidade de "pressôres" se transforma em verdadeiras almas iluminadas. Ler
os documentos orientadores do concurso, tá quieto! Depois andam aí a perguntar a tudo
quanto mexe, no Livro das Caras e afins, o que é que é para preencher, os documentos
que têm de entregar, quando começam os concursos (5 dias depois de terem começado)
e o já célebre, findo o prazo, "ai, eu não submeti a candidatura", "esqueci-me de con-
correr, e agora?". Agora, é lidar...

E ler os documentos, a legislação, as orientações? Sim?

Desconfio que ainda há de vir por aí alguém perguntar por uma certa declaração
de oposição... Desconfio!
É também aquela altura do ano, em que a minha amiga "dótora", recorre ao
aconselhamento filosófico do pressôre sobre quando, como e onde concorrer. E a pes-
soa preocupa-se, tem esse cuidado, pois despassarada como é, ainda agora estaria à
espera do início do concurso de 2002. O que um "pressôre" não faz pelos amigos.

Boa sorte "pipole", que este concurso interno e externo vos traga as escolinhas
desejadas, de preferência bem longe de Onde Judas perdeu as Botas ou, por um triz,
poderão ter de levar com o Celinho para a vida toda.
Mais um dia de aulinhas e mais umas voltinhas no carrossel que é o E@D.

Confesso, o meu (mau) humor anda ao rubro e começo a não me conter perante
a apatia que as iluminações teimam em manter. Uma pessoa anda desgastada, cansada
a triplicar, chega ao fim do dia completamente moída, com dores em todo o corpo, os
olhos cansados, a cabeça a estourar e ainda tem de suportar os silêncios daquelas almas
que, se for preciso, nem abrem a boca para dizer que estão ali, que respiram, que estão
vivas. Estão fartas do E@D? Também eu e tenho de as aturar.

Hoje, depois de já ter feito uma série de perguntas e, para variar, não ter rece-
bido resposta, nem um simples "não sei", saiu-me: "Credo, mas será possível, parecem
umas múmias metidas nos sarcófagos. E mesmo assim às vezes até essas fazem barulho,
nem que seja para aterrorizar. Vejam lá se saem da tumba."

Silêncio fantasmagórico.

"- Pressôre!"

"- SIIIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMM! Acordaram? Boa!"

"- O que é um parcófago?"

Desisto. Nem as provocações entendem. Um dia atiro-me pela janela, juro. A


sorte é ser uma moradia e estar ao nível do rés do chão.

Aula seguinte.

Turma mais participativa e o ânimo é outro, claro. Pelo menos dizem coisas, con-
versam, têm algum assunto. É outra forma de estar. Podem não ser as maiores inteli-
gências do mundo, mas pelo menos são afáveis. Para a aula e hoje, tinha decidido mos-
trar uma obra bastante conhecida de Vicent van Gogh, no intuito de que a apreciassem
e refletissem sobre ela. A obra em causa era aquela que representa um céu, à noite,
cheio de estrelas, visto de uma janela de um quarto de um hospício. Pergunto se conhe-
cem a pintura em causa e a resposta é afirmativa. Pergunto se conhecem o autor da
obra e alguns respondem "Van Gogh". Aplaudo, demonstro o meu agrado e admiração
por reconhecerem o autor e a obra em causa. Última pergunta: "Alguém sabe qual o
título atribuído a esta obra de Van Gogh?"

Ouço um microfone ligar-se, um ruído de fundo, e logo de seguida uma voz clara
e límpida, como água a correr por uma cascata, proferir:

" - O Ovo Estrelado."


As iluminações do "pressôre" sempre tiveram alguma dificuldade em lidar com a
arte e os respetivos artistas. De acordo com a sua visão, a história da arte seria toda uma
outra estória.

Manuel da Vinci foi um artista português, nascido em França. Pensa-se que terá
pintado a Mona Lisa, mas na verdade quem o fez foi Leonardo Di Caprio... Ou Picasso
(há dúvidas). Da Vinci, era tão à frente no seu tempo que pintou a sua própria morte
depois de já estar morto e Miguel Ângelo, além de pintor, era Tartaruga Ninja e terá
pintado o teto da capela "Sineta". A obra mais conhecida de Picasso chama-se "Animais"
e Munch terá pintado "O Susto". Deram-me a conhecer um movimento vanguardista de
nome "Fudismo", que uma estátua de um homem a pensar se chama o "Bronzeador",
porque é de bronze, e ainda me informaram que a talha dourada era pintada nas igrejas
em banho maria. Em Évora, o templo romano é em honra da deusa Puma e o Mosteiro
do Jerónimo é a sede do PCP.

Recentemente, apresentaram-me o "Ovo Estrelado" de Van Gogh, mas cuja de-


signação muda de acordo com a turma. Hoje, fiquei a saber que tal obra também é co-
nhecida como "Noite Negra".

Sempre a aprender...
O E@D DA TININHA - O NOVO PROJETO DA "PRESSÔRA" TININHA BERREIRA

A Tininha Berreira, personagem que domina o panorama do telensino em Portu-


gal, é aquela subespécie de "pressôra" que gosta muito de projetos, projetinhos e "pro-
jetretas". Participa em tudo o que é projetos, inventa projetos e faz questão que todos
(ou quase) os projetos que desenvolve na escola tenham a sua assinatura, literalmente.
O seu primeiro grande trabalho de projeto, em nome próprio, foi " O Programa Educa-
tivo da Tininha", depois de ser ter mudado para o Agrupamento de Escolas Onde Judas
Perdeu as Botas de Cima. Na verdade, este projeto foi uma cópia do ensino doméstico,
em que a Tininha recebia as iluminações em casa para, durante toda uma manhã, lhes
gritar a matéria aos ouvidos. Entretanto, resolveu mudar de Agrupamento e regressou
ao Agrupamento de Escolas Onde judas Perdeu as Botas de Baixo. Assim que lá chegou,
arranjou logo poleiro na direção e começou por criar um trabalho de projeto (sim, que
a "pressôra" Tina não pode estar parada) a que chamou "O dia de aulas da Tininha". O
conceito, basicamente, era o mesmo do projeto anterior. As iluminações saiam de uma
espécie de bola de espelhos e a Tininha gritava-lhes a matéria, não durante apenas uma
manhã, mas o dia inteiro. Consta que terá contribuído largamente para a venda de apa-
relhos auditivos. São ainda de destacar, neste Agrupamento atual, outros trabalhos de
projeto desenvolvidos, tais como: "Tininha ComVida uma Iluminação", "All Together
com a Tininha", "Big Tininha", "O Camião da Tininha" ou "A Tininha é Festa". Conspira-
se pelos corredores da escola, que a grande bomba dos projetos será "A Capela da Tini-
nha", que tem como principal objetivo entrevistar a Nossa Senhora, não a de Fátima,
mas a da Tininha, no seu próprio altar e acompanhar um dia da "santa" nos milagres que
vai fazendo em prol das suas iluminações. Sempre que um milagre se der, a "pressôra"
Tininha gritará a plenos pulmões "Táaaaaaaaaa Certoooooooooo!".

No entanto, de momento, o que está agora em causa é um trabalho de projeto


verdadeiramente revolucionário no panorama educativo português. A revolução da re-
volução da educação - "O E@D da Tininha".

"O E@D da Tininha" será desenvolvido a partir da mansão da própria, na Azei-


teira, usando apenas uma câmara de televisão, sempre apontada para a cara da Tininha,
e que tem como principal objetivo ensinar as iluminações a serem seguidoras e bajula-
doras da Tininha. Na sala da mansão, haverá um grande ecrã onde estarão visíveis as
iluminações, com as respetivas câmaras sempre ligadas, tal o medo que têm em poder
vir a sofrer de um rompimento de um tímpano, sempre que a "pressôra" gritar: "- Ó
COISINHA, LIGA A CÂMARA!".

Quanto aos microfones das iluminações, estes estarão sempre desligados, visto
que só a Tininha é que tem o direito a falar, à exceção do menino Rúbio Valeta, que é,
claramente, o preferido da "fêssora". Quanto às outras iluminações, que apanhem se
puderem e se não puderem, a Tininha manda-os para a rua (virtualmente falando).

A avaliação terá em consideração a medição de decibéis e a quantidade de azeite


produzido. Em suma, uma iluminação passará de ano se conseguir provocar um terra-
moto em Onde Judas Perdeu as Botas, sempre que abrir a boca, se produzir uma garrafa
de azeite extra Tina e se ganhar um lugar na capa da revista educativa "Tininha".

Resumindo e concluindo, "Tininha", a "pressôra" de todos os anos em Portugal.


O "pressôre", ultimamente, anda tão desgastado com esta "maravilha" tecnoló-
gica do Ensino à Distância que, quando chega o fim do dia, parece que foi abalroado por
uma bomba atómica. E a dose de urânio empobrecido aumenta de dia para dia.

A pessoa está nas aulas e nem sabe se já não está, ouve coisas ou julga que as
ouviu e sente a sua existência a esvair-se toda pelos olhos que parecem querer saltar
das órbitas.

Às tantas, numa aula do 10º ano, apresento a seguinte frase a uma turma: "Há
muitos museus de arte contemporânea em Portugal." Peço a uma iluminação que me
indique o quantificador presente na frase:

"- Ai pressôre, eu acho que é 'há'!"

"- Como? Há? 'Há' é um quantificador?"

"- Ui, se o pressôre tá a falar assim, atão nã deve ser... É arte!"

("Pressôre abesbílico dojolhos")

"- Arte? Então, arte não é um nome?"

"- Ah, pois, é capaz de ser..."

"- Ó inteligência, lê bem a frase, qual é a palavra presente na frase que exprime
quantidade?"

"- Tão... Contemporânea!"

Desconfio que já não sei quem sou, não sei se existo e valha-me a Santa Tininha
a quem irei rezar, em suplício, 500 "orações" do E@D!
O tema da aula era sobre práticas culturais consideradas aceitáveis ou não acei-
táveis. As iluminações interessadíssimas, super interventivas e participativas, como há
muito não ocorria. Por momentos, quase me senti numa aula presencial... Quase!

O "pressôre" lembra-se de pedir às iluminações exemplos de práticas culturais


que considerassem que não deviam ser toleradas.

"- Pressôre, eu tenho um exemplo. Há uma prática que eu acho errada, é uma
coisa que eu acho que não devia acontecer. Em algumas culturas, as mulheres andam
com os peitos à mostra. Isso é uma atrocidade."

"- O quê? Não entendi." (Quer dizer, o "pressôre" entendeu, mas quis perceber
se tinha ouvido bem).

"- Sim, pressôre. Há culturas em que as mulheres andam com os peitos de fora,
não vestem nada por cima. Isso é errado, não devia ser permitido."

"- Então, e se for um homem? Já pode andar com os peitos de fora?"

"- Ó pressôre, os homens não têm peitos, dahhhh."

"- Então têm o quê? O que é que tu tens?"

"- Ah, pois...".

"- Essa prática cultural interfere com a integridade física e psicológica das pes-
soas?"

"- Interfere, não acho aquilo bem. Posso ficar traumatizado."

(Traumatizado já estava a ficar o "pressôre".)

"- Vamos lá ver se nos entendemos... Se for um homem a andar sem camisola, já
não ficas traumatizado?"

"- Não, pressôre! Mas é claro que, se um homem andar sem calças, eu também
não gosto."

Internem-me, por favor!


Caras iluminações,

O vosso "pressôre" compreende que andem fartos e saturados com o E@D. Acre-
ditem, é recíproco. Partilhamos do mesmo sentimento.

Estão cansadas de estar atrás de uma câmara, que teima em se desligar, a ouvir
vozes que apelam ao vosso interesse e participação, que se dedicam a preparar aulas,
recorrendo aos mais extravagantes recursos tecnológicos, para que se sintam motivadas
nestes tempos de confinamento. Contudo, lembrem-se, que a aula não se faz apenas
com o "pressôre". Sim, aquele "pressôre" que desespera com os vossos incomensurá-
veis silêncios, que apesar de ser ignorado por bolas coloridas com letras lá dentro, ou
animais ou figuras de desenhos animados japoneses, continua a ligar religiosamente a
sua câmara para que possam contemplar a beleza que é proporcionar conhecimento.

Queixam-se dos trabalhos que têm para fazer, porque os "pressôres" devem
achar que as suas adoradas iluminações não têm vida social. Compreendo, juro que
compreendo. O trabalho que dá sair da cama, de manhã cedo, acordar os filhos, prepa-
rar a refeição, tratar das tarefas domésticas, levar as crianças à escola, mudar a fralda
ao cachopo que ainda mal gatinha, lavar a roupa no tanque, porque a máquina avariou,
passar a ferro, plantar umas couves na horta porque as hortaliças no supermercado es-
tão pela hora da morte... Enfim, um sem número de tarefas que não deixa espaço de
manobra para fazer os trabalhos, sem sentido nenhum, que os "pressôres" pedem. Ver-
dade, eles não vos compreendem. Felizmente ainda vos sobra tempo para ver o Big Bre-
tha e comentar os últimos disparates que essa grande ex-iluminação do "pressôre", a
Noélia, anda a fazer na casa (sim, o orgulho que o "pressôre" tem em ter uma ex-ilumi-
nação no Big Bretha). E andaram os "pressôres" a perder horas a pensar num trabalho
adequado e apelativo para as suas iluminações. "É lidar", diriam vocês. Nós lidamos, ó
se lidamos.

É por lidarmos que continuamos todos os dias a aparecer em frente a uma câ-
mara, na esperança de que a próxima aula não seja mais uma invocação de almas do
outro mundo e a fazer, o possível e o impossível, para que não se percam no além, cha-
mando-vos à terra, nem que seja para perceberem que o Japão não é a capital da China,
que o Mónaco e São Marino não ficam na Península Ibérica ou, simplesmente, que a
vida é um valor e deve ser preservado.

Estamos juntos!

Aguentemos mais duas semanas em apneia e depois já poderemos respirar (com


máscara).

Boa interrupção letiva!


Digam o que disserem, mas esta história do ensino à distância (ou telensino ou o
raio que o parta) não tem piadinha nenhuma. Não só se perde toda a interação que
existe dentro de uma sala de aula, como aqueles momentos, por vezes inusitados, que
nos fazem sorrir e reforçar os laços de empatia com os alunos. E o mesmo se passa em
relação às reuniões de avaliação...

É de uma monotonia avassaladora esta história de ensinar usando plataformas


inenarráveis, em que uma pessoa, por mais que tente e invente, não consegue ficar con-
vencida daquilo que se está ali a passar. Para os que adoram e se convencem que isto é
o futuro... Bem vindos à caverna!

As saudades que eu tenho de começar o dia a ouvir:

"- Bom dia, pressôre! Hoje estou bonita? Acha que eu estou discreta?, ou

"- Ó pressôre, eu atrasei-me porque fui buscar uma garrafa de água ao bar. Eu
tenho sempre muita sede!".

Aquele rol de desculpas matinais (e não só) para uma chegada mais tardia à aula.

Já nem falo dos momentos em que contam as peripécias que passaram em casa
e na rua, no dia anterior. Desde a senhora da loja dos chineses que decidiu perseguir as
iluminações dentro da loja, uma queda estapafúrdia a fazer não sei o quê, o drama de
uma meia se ter rompido nas cadeiras da escola, a ida à esteticista fazer as sobrancelhas
e uma ter ficado maior que a outra... Enfim! Toda uma história que daria vários livros!

E os momentos de trabalho em aula, em que o "pressôre" distribui a tarefa e


começa o rol de lamúrias:

"- Ó pressôre, eu não sei fazer isto?"

"- já tentaste?

"- Não..."

O "pressôre" revira os olhos, conta até dez e, quando não se passa da "marmita",
lá incentiva à resolução do exercício.

É toda uma aventura que deixa de o ser quando se está por detrás de um com-
putador.

Ainda me falta referir os momentos gastronómicos.

São enormes as solicitações para que os "pressôre" os leve a uma famosa cadeia
de hambúrgueres ou a insistência em provar uma qualquer comida feita pelo adorado
docente.
Além das tentativas de comer dentro da sala:

"- Ó alminha, estás a comer?"

"- Nhoc, nhoc, nhoc, eu, nhoc, nhoc, nhoc, não, nhoc, pressô(nhoc)re, não."

"- Arruma isso."

"- Fogo, o pressôre vê tudo."

"- E oiço melhor."

Enfim... Os dias tornaram-se mais tristes, menos divertidos...

A monotonia de um ecrã de computador (ou telemóvel) esconde a verdadeira


emoção daquilo que é ensinar... E a dita empatia, que tanta falta faz...

Raio do bicho!
Um dia soalheiro, esplanadas abertas e o povo na rua. Desconfina-se... Não sou
vidente, nem sei lançar búzios, mas estou cá desconfiado que o "El Corona" vai voltar ao
ataque.

Finalmente, muitos "pressôres" e iluminações puderam voltar hoje à escola. Que


alegria! Para eles... Aqui o "pressôre" está roidinho de inveja, visto que tem de continuar
com as sessões espíritas por mais duas semanas. Que sejam mesmo só mais duas sema-
nas, pelo amor da santa. Qualquer santa serve, desde que mantenha as escolas abertas.
Seja a Nossa Senhora da Agrela, pois não há santa como ela, ou o São Facundo, que nos
livra do mal deste mundo. Este último deve estar de férias...

Fiz as minhas ligações da manhã. As aulas decorreram com a possível normali-


dade do costume, entre almas iluminadas a degustar o seu pequeno almoço, enquanto
o "pressôre" falava de práticas culturais que incluíam cortar partes do corpo. Mostra-
ram-se interessados, faziam umas caretas e até davam exemplos. Outros comiam gomas
à socapa, enquanto escreviam "Twittaros" a dizer que na aula de História só tinham per-
cebido a parte de tomar banho, sexo e bruxas. Pelo menos perceberam alguma coisa.

Pedi-lhes que me identificassem práticas culturais associadas à cultura portu-


guesa. Falaram-me nos cães que o padrasto lá tem em casa e porque são muitos, são
um elemento cultural. Surpreenderam-me ao afirmar que o 25 de abril foi uma revolu-
ção de libertação dos escravos, que serviu para por fim à democracia em Portugal. En-
tretanto, uma outra iluminação em chamas, corrigiu esta informação, e referiu que na
verdade, foi um movimento de soldados que acabou com a 2ª Guerra Mundial. Houve
ainda quem dissesse que o 25 de abril era uma ponte lá em Lisboa e que a outra era o
Vasco da Gama. Quanto às ditas tradições culturais, elucidaram-me que na terra deles
gostavam de puxar os rabos aos gatos e que os muçulmanos têm por tradição matar
toda a gente por causa da botijas de gás em Moçambique.

Depois de ter passado a semana de interrupção letiva a corrigir trabalhos e a


preparar aulas, nada melhor que uma aula de cultura em geral. E que inculto eu me
senti.

E depois ainda tenho a amiga "dótora" que, lá por ter terminado a leitura do
primeiro livro do "pressôre", já quer um segundo, assim como se fosse a coisa mais fácil
do mundo. E até faz apostas. Acha que o "pressôre" vai vender 300 livros. 300!? Esta
"dótora" saiu-me cá uma iluminação, quem nem contado. Se vender 100 faço uma festa!
Ó-la-ri-la! É muita pressão em cima de uma pessoa... Estou é seriamente a precisar de
aulas presenciais. Estão a ver aqueles lunáticos de olhos arregalados e a babarem-se
todos? Pronto, é mais ou menos isso.
O dia tinha sido cansativo. O corpo e a mente pediam descanso. O "pressôre"
deitara-se cedo, na esperança de ter uma noite tranquila, em que pudesse desfrutar do
"sono dos justos".

Por volta das duas da manhã, o "pressôre" acorda sobressaltado com o barulho
de uma notificação no telemóvel. Resmunga, aconchegando-se no vale dos lençóis,
amaldiçoando as iluminações por estarem a entregar trabalhos àquela hora da noite.
Contudo, lembrou-se que tinha desligado a Internet, logo não seriam as iluminações...
Mas quem raio se lembraria de mandar uma mensagem às 2h00 da manhã?

A curiosidade não o deixou mais dormir. A solução era alcançar o telemóvel na


mesa de cabeceira, ali mesmo ao lado da cama, e ver qual a urgência. Pegou no telemó-
vel, desbloqueou-o e viu uma mensagem. Abriu a mensagem e pode constatar a pressa
de tal chamamento. Era a Vaxzevria a chamar por si.

Informou-me que resolveu marcar um encontro, no próximo fim de semana,


para nos conhecermos melhor. Fiquei reticente. Preferia quando se chamava AstraZe-
neca, era mais romântico, sensual, libidinoso. Vaxzevria não me cativa, lembra-me ze-
bras. São animais simpáticos, mas nunca fui muito fã de códigos de barras.

Procurei voltar a dormir, mas a mente insistia em pensar como seria o encontro.
Será que vou gostar de a conhecer? E se me apaixono e ela me provoca um coágulo,
destroçando todo o amor que nos aproxima? Será que me vai fazer sofrer? Não irei su-
portar que ela me troque pelo El Corona, apesar de ela insistir que é para me proteger.
Perdido, revirando os lençóis em movimentos bruscos, procurava analisar todas as van-
tagens e desvantagens que poderiam resultar daquele fatídico enlace. Amanhecia e a
decisão estava tomada. Determinado, o "pressôre" pegou no telemóvel e digitou
"SIMMMMMMMMMMM!"

Para comemorar, até lhe vou dedicar um poema:

"Bate leve, levemente,


Como quem chama por mim,
Será o El Corona, será gente?
Está tudo na esplanada, gente não é certamente
E o El Corona não bate assim!
Fui ver...
Era a Vaxzevria!"
O "pressôre" está destroçado.

Isto não se faz! Que desgosto, que desilusão!

Primeiro, mete-se como a pessoa às 2h36 da manhã para marcar um encontro,


tal era a pressa em me querer conhecer. Sujeita a pessoa a uma insónia durante o resto
da noite a pensar na resposta que haveria de dar a tão pecaminosa proposta.

O "pressôre" responde-lhe que aceita o compromisso para a vida toda, consci-


ente das consequências que daí podiam advir, na saúde e na doença, na alegria e na
tristeza, na riqueza e na probreza, até que a morte os separasse. É que era mesmo para
a vida toda...

Nos dias seguintes, a ansiedade pelo famigerado encontro. Ai, como é que ela é?
Será que é simpática? Será transparente qual chuva cristalina? Será suave a sua entrada
na relação?

Depois vim a perceber que afinal resolveu marcar encontro com toda a gente no
fim de semana. Comecei logo a desconfiar. Seria alguma espécie de relação poligâmica?
Já não estava a gostar da brincadeira...

De seguida vieram as notícias a dizer que a fulana não era de confiança. Pudera,
a meter-se em toda a gente e sem nenhuma proteção, só poderia correr mal.

Hoje, deu-me uma tampa! A porca! A badalhoca!

Diz que prefere pessoas mais maduras.

Poderíamos ter sido tão felizes. Eu até tinha pensado em podermos adotar um
Coronazito, mas não quer nada comigo. É triste!

No entanto, nem tudo está perdido. Parece que há mais duas candidatas interes-
sadas e a possibilidade de um encontro para um próximo fim de semana. Uma tem um
nome sugestivo, julgo que possui inclusivamente experiência em levantar relações.

A outra, acha-se moderna. Desconfio sempre desta gente que tem a mania que
é muito moderna. São as piores. Umas rebaldarias que só visto. No entanto, julgava que
a das zebras também era decente e afinal foi o que se viu.

Resta-me aguardar pelo novo encontro, mas, desta, vez, espero que a uma hora
mais decente ou a senhora da libélula ao peito vai ter de me ouvir e garanto que não vai
ter graça nenhuma.

P.s. - Ainda por cima, a badalhoca decidiu enviar uma mensagem à 1h41 da ma-
nhã a terminar a relação. Como é que uma pessoa não há de ter coágulos?
Ainda na sexta feira me divorciei de um casamento que ainda não tinha come-
çado e já estou a ser engatado por outra pretendente.

Desta vez nao me acordou de madrugada para marcar um encontro, optou pela
hora de jantar, num gesto romântico, mas ao mesmo tempo interesseiro, como que a
fazer-se ao prato. Deixa no ar a ideia de que, no dia do encontro, me irá receber à luz de
velas, com um ramo de rosas vermelhas, antes de ferozmente se atirar ao braço do
"pressôre", onde o marcará para toda a eternidade.

Ai, que emoção!

E consta que esta, pelo nome, tem fama de elevar a moral às pessoas.

Prometo, que depois conto tudo, os pormenores mais detalhados e escaldantes


do fatídico encontro.

Tou "xitex"!
O "pressôre" acordara ansioso.

Não era para menos, visto que era o tão esperado dia do famoso encontro com
a paixão avassaladora, repentina e assolapada, a "vácina".

Levantou-se, preparou-se, vestiu o seu melhor fato, em tons de rosa "marshmel-


low", reforçou a dose de perfume e pegou no ramo de rosas, ainda frescas, preparado
cautelosamente na noite anterior. Saiu de casa e pôs-se a caminho do local do encontro,
um quartel de bombeiros.

Estranhara. Não seria o local mais romântico do mundo, mas até compreendia.
Caso o fogo da paixão se descontrolasse, era sempre bom ter por perto quem soubesse
apagar fogos.

Antes da hora combinada, estava à porta do quartel. Tudo muito tranquilo, ape-
nas duas ou três pessoas conversavam de forma domingueira à sombra de um chaparro,
visto que o sol já se fazia sentir com alguma intensidade.

Um senhor, que deduzi ser o mordomo, chamou o "pressôre" e encaminhou-o


para a entrada de um túnel. A estranheza foi imediata. O túnel era escuro, algo aterrador
e algumas pessoas circulavam por ali com umas fatiotas estranhas. Estava a pessoa dis-
traída a olhar para o que ali se passava e eis que o dito mordomo saca de uma arma e
ma aponta à cabeça. Só tive tempo de dizer que estava inocente e que tinha sido convi-
dado para a festa. Resultou, ele deve ter acreditado e pegou numa lista de convidados
para confirmar se o meu nome lá estava.

Aqui a desconfiança aumentou. Convidados? Tu queres ver que fui ao engano e


a fulana, para me apanhar, marcou logo o casamento?

Nisto, o mordomo agarra e entrega-me um inquérito para eu preencher com os


meus dados pessoais. Um inquérito? Nunca tinha sido tão escrutinado na véspera de
um encontro. Como não me pedia os dados da conta bancária, lá preenchi o papel e
depois de percorrer o túnel escuro (que ainda julguei que fosse algum fetiche da
"vácina", assim tipo uma cena sado-maso), fui recebido por um senhor com um pijama
azul a quem entreguei o inquérito e me perguntou se tinhas doenças. Caneco, a fulana
não fazia por menos, se calhar já deveria estar a pensar na constituição de família.

Como as minhas respostas devem ter agradado ao senhor do pijama azul, mete-
ram-me numa espécie de tenda onde iria decorrer o dito encontro romântico. Era uma
tenda simples, em tons alaranjados. Num canto, estava uma mesa com um computador,
onde uma senhora de pijama azul iria anotar os detalhes do encontro. Fiquei logo
reticente. Então, mas isto vai ter assistência? Sou tímido, não acho piada a "voyeurs".
Teria sido mais uma vez enganado e metido na produção de um daqueles filmes para
adultos?

Noutro canto da tenda, estava uma cadeira branca, onde uma outra senhora de
pijama azul me mandou sentar. Foi buscar um tabuleiro, pensando eu que me iriam ser-
vir algum aperitivo, uma patanisca de bacalhau ou um croquete, mas eis que pega num
objeto comprido e esguio, com uma antena bicuda na ponta e me apresenta a "Pfaiza".
Aquela bodega é que era a fulana que tinha marcado o encontro comigo? Tinha mais ar
de extraterrestre do que de outra coisa, nem sexy era. Tentei iniciar o diálogo, mas man-
teve-se muda e, de um rompante, sem eu estar à espera, atacou-me o braço esquerdo
e, dois segundos depois, disse "Já está!"

Mas já está o quê? Que raio de ato de amor foi aquele? É que eu nem senti nada.
Meio atarantado, a dita senhora de pijama azul, resolve entregar-me um cartão com a
marcação para um segundo encontro. E nem pergunta se eu tenho interesse. É assim,
pumba e já está.

O mais estranho veio a seguir.

Mandaram-me para uma sala cheia de cadeiras, onde deveria esperar 30 minu-
tos para ver se o serviço tinha ficado bem feito.

Fiquei em choque! A sala estava cheia de pessoas que tinham sido atacadas pela
fulana, que afinal me saiu uma grande galdéria. Andava a atirar-se a toda a gente e não
escolhia géneros. Marchava tudo. Pior, algumas dessas pessoas eram minhas conheci-
das e, juro, não percebo como tiveram a ousadia de me trair. Sim, ao "pressôre" que
tanta esperança depositara naquele encontro.

Meia hora depois, saí de lá, com o coração desfeito, mas com a esperança de que
o próximo encontro me dê a imunidade necessária para estes desgostos amorosos.

Apesar de tudo, nem foi muito mau, visto que ouvi lá gente a queixar-se que
tinha sido inoculada. Que horror! Tive sorte, a mim só resolveu atacar o braço!
Acabaram...

1) As câmaras desligadas.

2) As sessões de espiritismo.

3) As invocações de espíritos ausentes (poderei suspender a compra da mesa pé de


galo).

4) Os monólogos do "pressôre".

5) Os pedidos desesperados de "Falem comigo, por favor!".

6) As quedas da Internet.

7) Dias inteiros a ver bolas coloridas com letras lá dentro.

8) As manhãs em que se acorda e deposita o corpo em frente a um computador. Sim, o


corpo, porque a mente anda algures entre o cansaço e a demência.

8) Pais a sussurrarem as respostas aos filhos ou a berrarem para as crianças irem almo-
çar, mesmo sabendo que a aula ainda não acabou.

9) Os milhares de e-mails e trabalhos acumulados nas plataformas manhosas do E@D.

10) Os exercícios feitos em grupo e que nem assim conseguiram aproveitar para me-
lhorar as notas.

11) As mesas digitalizadoras.

12) As energúmenas plataformas de suporte às aulas online.

13) Os microfones que não funcionam.

14) Os intervalos que se evaporam.

15) As orações ao E@D!

Finalmente, estou de volta à escola. Sei que me espera a famosa escadaria infernal que
me deixa sem fôlego, mas com os quilos que se ganharam no confinamento, se não su-
bir, rebolo. Venham elas, as aulas presenciais! Aleluia, irmãos!
PARTE II
ORAÇÕES, POESIAS,
PROVÉRBIOS E AFINS…
(DO E@D)
ORAÇÃO AO E@D

Avé Classroom, cheio de E@D,

Os pressôres estão convosco.

Maldito sois vós, entre as plataformas,

Fruto do El Corona, vírus.

Santos pressôres, mártires das iluminações,

Rogai por uma mesa digitalizadora,

Bendita é a graça do sinal da Internet,

Online.

Glória ao Meet, ao Zoom e ao Teams,

Assim como era na escola, agora e sempre,

Passem toda a gente.

Ámen!
E@D PORTUGUÊS

Ó E@D infernal, porque fazes tanto mal

Aos "pressôres" de Portugal!

Por te usarmos, quantas câmaras se desligaram,

Quantos alunos em vão passaram!

Quantos trabalhos ficaram por realizar,

Para que a escola pudéssemos salvar!

Valeu o Zoom? Toda a plataforma vale a pena

Se o artefacto estiver ligado ao sistema.

Quem quiser estar ligado ao servidor

Ao serviço de Internet terá de pagar um valor.

O Brandão aos "pressôres" nada deu,

Nem a subida de escalão lhes prometeu.

Adaptado do poema "Mar Português", presente na obra "Mensagem", de Fer-


nando Pessoa.
Aula minha online, que já fugiste

A Internet falhou redondamente,

A rede a cair constantemente

Mesa digitalizadora triste.

Meet é câmara ligada sem se ver

O som de um micro que não se sente

Aluno que não fala com a gente

A mãe que responde sem saber.

Adaptação de excertos de dois sonetos de Luís Vaz de Camões.


TRANSIÇÃO

Pressôre, mil perdões eu te peço

Pressôre, a câmara eu desliguei!

Pressôre, se o trabalho não fiz, eu mereço

Pressôre, a matéria não estudei e copiei

Pressôre, por favor eu imploro

Pressôre, és a minha salvação

Eu sei que faltei e calei e desliguei o sonoro

Pressôre, passa-me de raspão.

Pressôre, eu confesso as tarefas feitas às pressas

Pressôre, eu não fiz os trabalhos, mas abri a lição

Pressôre, eu te gramo, pressôre,

Ó pressorinho, esquece a minha reprovação

Pressôre, ganda bacano, dai-me a transição.

Passar, por passar eu juro que nada estudara

Era tarde, e eu preferia jogar no computador

Pressôre, a culpa era do router e da net mais rara

Que havia no servidor

Pressôre, ser calão é castigo, passai-me, por favor.

Adaptação da letra da canção vencedora do 1º Grande Prémio TV da Canção Por-


tuguesa (hoje Festival da Canção), interpretada por António Calvário.
VACINAR!

Eles querem vacinar, vacinar desalmadamente!

Vacinar, só por vacinar: Pfizer... Moderna...

Mais a AstraZeneca e a do champô em toda a gente

Vacinar! Vacinar! E não escapar ninguém!

Pressôres? Iluminações? Indiferente!...

"Vácina" ou "Zaragatona"? Faz mal? Faz bem?

Se crescer um terceiro braço ou olho em alguém

O importante é ter a vida toda pela frente!

Há uma AstraZeneca em cada vida

É preciso levá-la com toda a iniciativa

Pois com o "El Corona" queremos acabar!

Se as iluminações em casa não aprendem nada

Que voltemos à escola em debandada

Livres das câmaras... pra toda a gente passar...

Adaptado de um soneto de Florbela Espanca (Amar!).


As iluminações são alunos
Que atravessam a minha estrada
Em cada verbo percorrido
Encontro uma calinada!
Porque não estudam a matéria?
Porque se baldam às aulas?
É uma espécie de "biquitéria"
Que se infiltra naquelas almas.
Anda o "pressôre" desgastado
Sem saber o que fazer
Chega o fim do período
E dá positiva sem querer.
E depois vem a distância
Um ensino atribulado
A câmara que se esconde
Um microfone desligado.
Vai pr'aqui um 54
Ninguém sabe o que fazer
Um inseto é um caracol
Que caminha sem saber.
Já dizia o Di Caprio
Ao pintar a Mona Lisa
"Ser pressôre é um Fudismo"
Um movimento que nos pisa.
Construímos gerações
Brindemos com uma caneca
Sobreviveremos à crise
Levando com a AstraZeneca!
Pressôre M.
OS PROVÉRBIOS DO E@D.

1) Com as câmara desligadas, todas as mentes estão apagadas.

2) Olho por olho, cábula por cábula.

3) Em ecrã desligado, quem tem sinal de rede é rei.

4) Matéria dada em cabeça dura, não entra e leva o "pressôre" à loucura.

5) Iluminação que copia por iluminação, perde 100% de cotação.

6) Vozes dos "pressôre" não chegam ao Ministério da Educação.

7) A computador dado, não se olha o "plafond" de Internet.

8) Zoom a Zoom, enche a Meu, a Todos e a Copofone o papo.

9) Um olho na câmara, outro no telemóvel.

10) O computador morreu de velho.

11) Quem não é "pressôre", não lhe vista a pele.

12) De boas intenções está o E@D a abarrotar.

13) Mais vale uma mesa digitalizadora na mão, do que dois "routers" a voar.

14) Ser pontual e a câmara ligar, dá pontos e ajuda o aluno a passar.

15) Entre o Forms e o Socrative, venha o Diabo e escolha.

16) Entre o "pressôre" e uma iluminação armada ao pingarelho, o EE não deve


meter o bedelho.

17) O "pressôre" dá notas a quem não tem "xelente".

18) Se o E@D trouxesse aprendizagem, as iluminações já eram todas doutoras.

19) Microfones desligados não movem pensamentos.

20) Aulas dadas, trabalhos triplicados.

Adaptação de alguns provérbios portugueses.


AS MAIORES MENTIRAS DOS "PRESSÔRES"!

1) O teste é muito fácil. Acreditem no que vos digo!


2) Se não te calas, vais para a rua com participação disciplinar.
3) Prestem atenção a esta matéria. Olhem que vai sair no teste!
4) Se continuares a chegar atrasado às aulas, começo a marcar-te falta de pre-
sença.
5) Liguem a câmara, se faz favor! Não ligam, têm falta.
6) Vocês precisam de saber isto, é importante para o vosso futuro.
7) Se não estudarem, não serão ninguém na vida.
8) Não fizeste os trabalhos de casa. Vou ligar ao teu encarregado de educação.
9) Eu adoro a vossa turma. São a minha turma preferida.
10) Não tenho alunos favoritos. Gosto de todos por igual.
11) Ai colega, está tão gira hoje!
12) Farto-me de trabalhar, passei o fim de semana a preparar aulas.
13) Os meus alunos são todos uns queridos.
14) À minha disciplina eles não se portam mal, são uns anjos.
15) Nesta escola, damo-nos todos bem. Somos uma família.
17) Eu não falo mal de ninguém. O que tenho a dizer, digo.
18) Eu adoro usar uma mesa digitalizadora.
19) Os meus alunos aprendem muito no E@D.
20) Ó colega, os alunos gostam imenso de ti!
21) Os meus alunos não estudam nada.
22) Olá, como estás? Que bom ter-te de volta nesta escola!
23) O colega ainda é novo. É que está bom para estas modernices.
24) Quero a reforma.
25) Não sei como vou sobreviver sem os meus alunos.
26) Tu não és burro! Só tens de estudar mais.
PARTE III
TESOURINHOS DO E@D
TESOURINHOS DO E@D PARTILHADOS PELOS SEGUIDORES DO "ESTAMINÉ"

1 - "Dia de enviar o balanço do cumprimento das tarefas para os Encarregados


de Educação. Choveram e-mails com perguntas acerca do motivo do incumprimento da
tarefa A, B ou C... Até que uma das iluminações, de 10 anos, da minha DT (que teve um
testamento de tarefas por realizar), me manda a seguinte mensagem:

"Txitxa ("pressôra", em estrangeiro), eu não fiz as tarefas porque a minha religião


não permite que eu trabalhe depois do pôr do sol... E nem ao sábado".

What?! Desatei a rir e respondi:

"Passas a levantar-te mais cedo e trabalhas antes do pôr do sol. E tens a 2ª, 3ª,
4ª, 5ª e 6ª. Chega perfeitamente."

Resposta da alma iluminada: "Ok".

Até pode ser verdade mas, em quase 30 anos de ensino, nunca tinha ouvido esta
desculpa!"

("Pressôra" Luciana Henriques)

2 - "Aula online com o 11º ano. De repente, a minha filha de 3 anos, que se en-
contrava por perto, ouve um barulho vindo da chamada de vídeo e diz:

"- Eiiii, Mamã, quem deu um pum?"

E lá se foi a aula... Começaram-se todos a rir. Foi uma das poucas aulas em que
todos foram participativos e ligaram os microfones para dizer alguma coisa."

("Pressôra" Salomé Campos)

3 - "Uma 'pressôra" da minha filha estava a tentar fazer "copy paste" de uma
coisa e diz bastante indignada:

" -I cannot stick it! Why can’t I stick it?" (A expressão "stick it" pode ter uma
conotação sexual, pelo que a tradução para português seria algo como (e peço des-
culpa), "Eu não consigo enfiá-lo!")

Os miúdos não perceberam, mas a mãe e o pai que partilham o espaço de traba-
lho mandaram uma valente gargalhada.
Num outro dia, uma iluminação, claramente, fingiu que estava com problemas
na Internet. Mexia em plástico e emitia sons, como se o microfone estivesse com pro-
blemas."

(Mãe de uma "iluminação", Cristina Nascimento)

4 - "Decorria uma destas 'fabulásticas' aulas síncronas, onde as iluminações até


estavam a ser umas queridas, muito atentas (mesmo que a pensar noutras coisas, coi-
tadas, pois analisar poesia no profissional não é bem a cena delas), quando vejo alguém,
do outro lado, acercar-se de uma iluminação e lhe faz uma pergunta.

Como não deve ter ouvido o que a mãe lhe perguntou e apesar de estar ali perto,
resolve ligar o microfone (?) e consigo ouvir a mãe perguntar o que queria para o al-
moço. O aluno responde, estando a turma toda a ouvir, e os colegas começam a rir-se e
perguntam à iluminação:

'- Ó parvalhão, porque ligaste o som?'

Resposta da alma iluminada:

'- Então, eu tinha de falar.'

("Pressôra" Conceição Beatriz)

5 - "As aulas síncronas são via Meet e aqui, quando há muitos participantes, as
câmaras desligam-se automaticamente.

Hoje na aula perguntámos aos alunos se se viam uns aos outros.

Resposta de uma iluminação:

'- Eu vejo toda a gente, menos algumas.' "

("Pressôra" Vanessa Jesus)

6 - "Ontem, depois da aula síncrona, fico com uma iluminação para lhe dar um
link onde poderia praticar a tabuada. Estávamos em reunião no Teams, já só os dois. A
almita iluminada abre o link e nunca mais se lembrou da minha presença.

Num rompante, agarra no PC e corre para ir ter com a mãe com a intenção de
lhe mostrar o jogo. Ora, a senhora estava no WC, onde descontraidamente fazia as suas
necessidades!
Removo o garoto rapidamente da reunião para não ver mais nada. Nem preci-
sava de ter visto a cena! Cruzes!"

("Pressôra" Ana Fernandes)

7- "Aula de Português no 1º ciclo. A pressôra pede a uma menina para ler:

'- Aldegundes (nome fictício), podes ler a primeira frase?'

Silêncio absoluto.

'- Aldegundes, liga a câmara e lê a primeira frase....'

Silêeeencio...

'- Aldegundes...'

'- Ó Pressôra, sou a mãe da Aldegundes... É que a pequenita estava cheia de sono
e voltou para a cama.. Se não se importa, eu fico aqui a ter aula por ela.. Pode ser?' "

(Partilhado pelo "pressôre" Armando Moreira)

8- "Há uns anos atrás estavam os meus alunos a fazer um exercício de 'listening'
em que ouviam uma música do Michael Jackson e tinham de preencher os espaços. De-
pois do preenchimento de espaços, perguntei se havia vocabulário que não entendiam
na letra da canção. Uma das minhas iluminações põe a mão no ar:

'- Stôra, se o Michael Jackson já morreu, como é que ele escreveu a canção?' "

(Partilhado pela "pressôra" Tania Santos)

9- "Tenho por hábito perguntar às minhas iluminações como lhes correram as


aulas e , em tempos de E@D, continuo a fazer o mesmo, apesar de estar de plantão com
a mais pequenina.

Num destes dias, perguntei-lhe o que tinha aprendido na aula.

'- Foi fixe, mãe! Aprendi que há palavras diferentes que querem dizer a mesma
coisa e outras que querem dizer o contrário. São os simónios e os antónios.' "

(Partilhado pela mãe de uma iluminação, Sofia Peres)


BÓNUS!
DICIONÁRIO “PRESSÔRES”
(ATUALIZADO)
A
- "A juba rota" (Aljubarrota)

- "Acalitros" (Eucaliptos)

- "Afinar o lápis "

- "Água que se diz nada"

- "Alcatróleo" (Alcatrão)

- "Alto da Barraca do Inferno"

- "Alva-se" (Alface)

- "Ângulos com caves"

- "Artéria à horta"

- "Árvore ginecológica"

- "Arvres"

- "Asbiquiterias" (ler "asbiquitérias") (As bactérias)

- "Aspersão nervosa"

- "Asseguir"

- "Atrasado mentol"

B
- "Barco Meu Dias" (Bartolomeu Dias)

- "Batalha de Alves Barrota"

- "Beiquel" (Bacon)

- "Boletim metreológico" ou "metrológico"

- "Bovedouro"

- "Broum" (Verão)
C
- "Cabo das Trombetas" (Cabo das Tormentas)

- "Cacifre" (Cacifo)

- "Cangarejo"

- "Çaralheiro" (Serralheiro)

- "Chesso" (Excesso)

- "Corpo do mano" (Corpo humano)

- "Coxiencia" (Consciência)

- "Cu Dandeiro" (Conde Andeiro)

D
- "D. Quixote e São Xupança"

- "Defeciente de metal"

- "Derrepente"

- "Desconcordo"

- "Descução"

- "Desmultivado" (Desmotivado)

- "Desquecer"

- "Dez Cartas" (Descartes)

E
- "Elsa de Queirós" ou "Essa de Ceirós"

- "Erecção vulcânica"

- "Especifidade" (Especificidade)

- "Espermatozolóides" ou "Extrema dezoito" (Espermatozóides)

- "Estilo Manuel Lino"


- "Estirgente" (Detergente)

- "Estrongamo" (Estômago)

- "Etnisidade"

- "Excaces"

- "Expressalidade" (Expressividade)

F
- "Facilissimo"

- "Farsa de A Nespereira"

- "Fatreino"

- "Filisofia"

- "Fio de breque" (Feedback)

H
- "Hamuga" (Hambúrguer)

- "Henrique Cimento do léxico"

- "Hérnia fiscal"

- "Hóquecigénio"

- "Hxa-te"

- "Hxei-me"

I
- "Imperadora de caixa no supermercado"

- "Imunde" (Imune)

- "Inegéção" (Injeção)

- "Inrregular"
- "Intervais"

- "I-róis"

- "Iscadea"

- "Izagero"

- "Izame"

L
- "Lésmica"

- "Lissões"

M
- "Maijómenos"

- "Mapas pornográficos"

- "Mestre da Virgem" (Mestre de Avis)

N
- "Ninjas do Tejo"

O
- "Ocilio" (Auxílio)

- "Oclipses da Terra"

- "Ordem Arfa a bética"

- "Os Zé Breus" (Os Hebreus)


P
- "Pandeló"

- "Paso ó pisco pal" (Paço Episcopal)

- "Pei-xispada"

- "Peps po dente"

- "Pexina"

- "Pirla" ou "Pírula"

- "Pirurei, mirurei"

- "Plantaforma"

- "Polibolota"

- "Poriço"

- "Purisemplu"

Q
- "Quadro hiperativo"

- "Quelhos" (Coelhos)

S
- "Sado Miranda"

- "Santo Mé"

- "Sequeso" ou "Sequexo" (Sexo)

- "Servagens"

- "Silaba atómica"

- "Sincoenta"

- "Só traques" (Sócrates)


T
- "Tenhas de aranha"

- "Turrifel"

U
- "Úter"

V
- "Vaca da Gama" ou "Debaixo da Cama"

- "Vesícula de S. Pedro" (Basílica de S. Pedro)

- "Virgínia" (Vagina)

- "Vitivo" (Preservativo)

- "Voz pacífica"
FIM!

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