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Prática profissional: Metalurgia

Defeitos de soldagem

Por ocasião da soldagem, podem surgir problemas que afetam o resultado do


cordão de solda. Alguns desses problemas são visíveis durante o trabalho e outros
somente são percebidos por meio de ensaios destrutivos e não destrutivos, isto é,
análises feitas com auxílio de aparelhos e substâncias adequadas, após a soldagem.

Listamos no quadro a seguir os defeitos mais comuns, suas causas e possíveis


soluções a fim de facilitar o trabalho e garantir uma solda de boa qualidade.

Quadro 2: Defeitos de soldagem

Problema Possíveis causas Possíveis soluções


Arco instável Em CC, sopro magnético desloca o Neutralizar o sopro magnético
arco da direção do elétrodo. inclinando o elétrodo. Se a corrente de
retorno entrar em curto-circuito através
da solda, colocar um pedaço de
madeira ou algum outro material
isolante sob uma das extremidades da
peça a soldar.

Mudar de lugar a conexão de corrente,


colocando-a longe do local a soldar.

Afastar objetos facilmente


magnetizáveis.

Usar cobre, bronze, alumínio ou grafite


como cobrejunta.

Mudar para CA (usar um


transformador).

Soltar o elétrodo do porta-elétrodo e


girá-lo a 180º.
Alma do elétrodo está fora de centro
em relação ao revestimento. O Usar um novo elétrodo.
elétrodo tende a fundir obliquamente.
Secar o elétrodo.
Elétrodo úmido em alguns pontos,
tende a fundir obliquamente. Usar um novo elétrodo.

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Problema Possíveis causas Possíveis soluções


Respingos abundantes Corrente muito alta Diminuir corrente.

Arco muito longo Encurtar o arco.

Sopro magnético Ver arco instável.

Peça de trabalho suja Limpar a peça de trabalho.

Elétrodo úmido Secar o elétrodo ou usar um novo.

Em CC, polaridade errada Verificar especificação do elétrodo e


inverter a polaridade da máquina de
solda.
Soldas irregulares Corrente inadequada Ajustar a corrente da máquina,
aumentando ou diminuindo.

Em CC, polaridade errada Verificar especificação do elétrodo e


inverter a polaridade da máquina de
solda.

Elétrodo úmido Secar o elétrodo ou usar um novo.


Mordeduras laterais Corrente muito alta Diminuir a corrente.

Arco muito longo Encurtar o arco.

Manejo incorreto do elétrodo O elétrodo deve ser manejado de


forma tal que a fusão seja feita
somente nos pontos onde o material é
depositado.
Sopro lateral do arco
Ver arco instável.
Elétrodo úmido
Secar o elétrodo ou usar um novo.
Raízes defeituosas Defeitos de raiz nas juntas em X ou Usar um elétrodo de grande
sob o repasse de raiz. penetração para soldar o repasse de
raiz.

Soldar o repasse de raiz em posição


vertical ascendente.

Desbastar a raiz para tornar a fresta


mais aberta e depois soldar o repasse
de raiz.
Falta de penetração Falha no manejo do elétrodo Dirigir o arco de modo a que as chapas
sejam apropriadamente aquecidas,
especialmente onde a penetração
tende a ser imperfeita.

Corrente muito baixa Aumentar a corrente.

Elétrodo com diâmetro insuficiente Para material espesso, usar elétrodo


com diâmetro maior.

Preparação incorreta da peça Preparar a junta convenientemente


com ângulo de chanfro, nariz e fresta
recomendáveis ao caso.
Soldas porosas Velocidade de soldagem muito alta Avançar mais lentamente.

Em CC, polaridade errada Inverter as ligações nos terminais da


máquina de solda.

Corrente inadequada Ajustar a corrente da máquina,


aumentando ou diminuindo.

Arco muito longo Encurtar o arco.

Chapas sujas Limpar a superfície das chapas.

Material de base impuro No caso de material de base com


teores elevados de enxofre e fósforo,
usar elétrodo de tipo básico.

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Problema Possíveis causas Possíveis soluções


Soldas porosas Metal-base com dupla laminação Rejeitar as chapas.

Elétrodo úmido Secar o elétrodo ou usar um novo.

Poros na cratera final Interromper o arco com cuidado.


Inclusões de escória Corrente muito baixa Aumentar a corrente.

Manejo incorreto do elétrodo Movimentar o elétrodo de modo que a


escória não passe à frente dja poça de
fusão.

Chanframento irregular Fazer o chanfro com auxílio de


maçarico para corte a oxigênio com
avanço automático ou maçarico para
corte com carrinho-guia.

Limpeza inadequada da escória Destacar toda a escória, com muito


cuidado, entre cada passe.

Raiz mal preparada Esmerilhar ou limar a superfície da raiz


até que o metal esteja completamente
polido, sem impurezas.

Os defeitos e descontinuidades invisíveis só podem ser detectados por meio de


testes específicos.

Descontinuidades
Vejamos agora as principais descontinuidades que podem surgir no cordão de
solda.

Falta de penetração
A falta de penetração é uma descontinuidade que reduz a resistência da solda,
pois uma região da união fica sem presença do cordão de solda.

Nesse caso, a correção é diminuir a velocidade de avanço da chama do


maçarico (supostamente regulada e correta) para permitir a formação de um pequeno
orifício em forma de pêra, adiante da poça de fusão. Tal orifício permite ao operador
ter certeza de que está ocorrendo a fusão da borda posterior da união.

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Deposição insuficiente

É a insuficiência de metal de adição na face da solda.

A correção consiste em aplicar uma maior quantidade de material de adição


durante a soldagem.

Penetração excessiva

Na raiz do cordão de solda ocorre um vazamento excessivo do material de


adição.

A correção é feita trocando-se o bico do maçarico por outro de menor potência.

Desalinhamento

As superfícies a serem soldadas, embora paralelas, encontram-se desalinhadas.

A solução consiste em pontear e desempenar as possíveis deformações


existentes nas peças, antes de soldá-las definitivamente.

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Falta de fusão

É uma descontinuidade de união na superfície da junta devido à fusão


incompleta de metal-base com o material de adição.

A correção consiste em verificar se as bordas da junta estão fundidas antes que


o material de adição venha a ser adicionado à união. A chama do maçarico deve estar
bem regulada para o serviço e sua aplicação deve abranger ambas as bordas do
material a ser soldado de modo simultâneo. O movimento a ser dado ao maçarico
deve ser em ziguezague.

Mordeduras

São depressões longitudinais produzidas nas margens do cordão.

A correção consiste em obedecermos aos ângulos de trabalho entre o maçarico


e o material a ser soldado e verificar se o bico utilizado é o recomendado para o
serviço.

Embicamento

É uma deformação angular de junta soldada de topo.

O embicamento é corrigido pelo desempenamento da junta soldada.

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Formação de escória

A formação de escória ocorre na soldagem de aço-carbono quando a chama não


está regulada adequadamente. Por exemplo, se for utilizada a chama oxidante em vez
da chama neutra, ocorrerá a formação de óxido de ferro (escória) que se desprende do
aço-carbono.

A tendência da escória é subir à superfície da poça de fusão dirigindo-se para as


margens do cordão. No processo, observa-se um borbulhamento e a formação de uma
espécie de espuma na região da poça de fusão.

A formação de escória é evitada regulando-se corretamente a chama do


maçarico.

Defeitos

Os defeitos que surgem na solda são os mesmos classificados como


descontinuidades: falta de penetração, deposição insuficiente, penetração excessiva,
desalinhamento, falta de fusão, mordedura, embicamento e formação de escória.

Essas alterações serão consideradas defeitos, visíveis ou invisíveis, ou serão


consideradas descontinuidades dependendo da especificação do projeto.

Em resumo, a primeira providência a ser tomada antes de soldar é conhecer o


tipo de material que vai ser trabalhado; em seguida, observar rigorosamente o plano
de soldagem.

O plano de soldagem inclui a escolha do bico do maçarico segundo a espessura


do metal-base, o ângulo correto de inclinação da vareta e o seu respectivo diâmetro,
que deve ser proporcional à espessura do metal-base.

Evidentemente o preparo das superfícies a serem soldadas, o conhecimento das


posições de soldagem e a habilidade do operador também influem nos resultados de
uma solda.

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