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Apresentação
Veremos nesta aula quais são as leis de incentivo em vigor para a área de cultura no país, descrevendo suas regras de
aplicação e divulgando os modelos de tributação que incidem sobre cada uma delas. Além disso, esmiuçaremos os seus
mecanismos, indicando de que forma eles são praticados no mercado de consumo de projetos. Com isso,
demonstraremos a abrangência das suas metodologias no mercado econômico e o sociocultural.
Objetivo
Anunciar as regras das leis de incentivo no Brasil;
Primeiras palavras
Os mecanismos de incentivos scais praticados já são praticados no país há mais de 20 anos, utilizando os impostos
devidos para a realização de projetos. Tanto as pessoas jurídicas quanto as físicas estão aptas a usufruir desse benefício
scal. As pessoas ou as empresas que apoiam projetos culturais com benefícios scais são chamadas de incentivadoras.
Novas leis municipais, estaduais e federais foram estruturadas ao longo das duas últimas décadas. Atualmente, elas podem
destinar impostos nestas três esferas:
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), ambos recolhidos para
a União;
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é pago ao governo estadual;
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto Sobre Serviços (ISS), que são tributados pelo município.
As deduções feitas a partir do imposto de renda (IR) necessariamente precisam ser tributadas com base no lucro real para
utilizar os incentivos scais federais. No caso das leis de incentivo estaduais e municipais, o regime de tributação não conta,
pois não gera impacto na apuração de tributos, como por exemplo ICMS (estadual) e ISS (municipal).
Inicialmente, os incentivadores elegíveis precisam retirar certidões negativas de débitos. No caso da Lei de Incentivo à Cultura
(Lei nº 8.313/1991), que é federal, é necessário retirar uma certidão na Receita Federal.
Além das certidões, outras documentações serão solicitadas, conforme a lei de cada ministério, conselho ou secretaria, para
comprovar que se está totalmente em dia com o Fisco. Esta lista pode ser obtida nos sites das instâncias governamentais.
1. Proponentes
Os proponentes podem ser:
Pessoas jurídicas Pessoas jurídicas Pessoas físicas
públicas privadas Com atuação na área cultural
De natureza cultural da De natureza cultural com ou sem (artistas, produtores culturais,
administração indireta ns lucrativos (empresas, técnicos da área cultural etc.);
(autarquias, fundações etc.); cooperativas, fundações, ONGs,
organizações sociais etc.);
A Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura recebe propostas culturais que podem abranger os seguintes
segmentos: Teatro, dança, circo, ópera, mímica e congêneres; literatura; música; artes plásticas e grá cas, gravuras
e congêneres; cultura popular e artesanato; patrimônio cultural material e imaterial (museu, acervo etc.);
A Secretaria do Audiovisual recebe os relativos à área audiovisual: Curta e média-metragem, festivais nacionais,
o cinas, programas de rádio e TV, sites, novas mídias etc.
Atenção
Não podem apoiar pelo incentivo scal microempresas e empresas de pequeno porte que optaram pelo Sistema Integrado de
Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), que é o de
tributação simpli cada. Criado em 1996 por meio de medida provisória, o Simples Nacional foi convertido na Lei nº 9.317/1996,
cujo objetivo é facilitar o recolhimento de contribuições desses tipos de empresas.
Doação e Patrocínio
Recursos nanceiros;
Bens.
Ela ainda pode ser objeto de benefício scal. Também se con gura como doação o valor gasto com as despesas de
restauração, conservação ou preservação de bem tombado por:
União;
No momento de realizar a declaração do imposto de renda, o apoiador tem que escolher a opção completa do
formulário. No caso de doação, ela precisa ser feita até o dia 31 de dezembro do ano vigente. Ter em mãos os recibos
emitidos pelos órgãos para quem doou, com nome, CPF, data e valor doado, é fundamental para comprovar e
justi car o abatimento do IR.
Deduções
INSS R$ 6.278,09
Pensão judicial -
Aposentado -
A Quantidade de dependente é o valor que a Receita Federal abate do total de rendimento para cada dependente; INSS é o
valor pago de INSS pelo doador; e despesas médicas referem-se à soma das despesas durante o ano scal. Leia uma cartilha
sobre a lei Rouanet.
Patrocínio
Podemos listar as seguintes possibilidades:
Utilização de bens móveis ou imóveis do patrocinador, sem transferência de domínio. Ele tem direito a receber
até 10% do produto resultante do projeto (CDs, ingressos, revistas etc.) para distribuição gratuita promocional.
Atenção
Neste caso, se houver mais de um patrocinador, cada um receberá o produto em quantidade proporcional ao valor incentivado,
respeitado o limite de 10% para o conjunto de patrocinadores.
Percentuais de abatimento no IR
Há duas porcentagens especí cas para a dedução do IR pelo patrocinador:
Pessoa física Pessoa jurídica
6% 4% (alíquota de 15%)
Ambos podem abater 100% do valor patrocinado ou doado dos seus impostos devidos dentro destes percentuais.
Atenção
Este valor percentual obedece ao artigo 18 da Lei 9.874/99 e à Medida Provisória nº 2.228/2001, que altera a Lei 8.313/1991:
o valor incentivado não pode ser lançado como despesa operacional. A dedução do IR por pessoas jurídicas tributadas será
feito com base no lucro real.
A Lei 8.313/1991 contempla as seguintes áreas culturais:
Artes cênicas;
Fonte: Shutterstock.
Para o caso de demais áreas, como música popular e
artes integradas, o percentual de abatimento terá os
seguintes índices para:
Pessoa física Pessoa jurídica
60% do valor patrocinado ou 30% do valor patrocinado ou
80% do valor doado; 40% do valor doado;
Vamos olhar uma aplicação prática de recuperação do investimento por esta lei federal para uma empresa:
PATROCÍNIOS EMPRESA
DISCRIMINAÇÃO
Lei 9.874 Lei 8.313
a) Pessoa física
O valor destinado ao apoio deve ser depositado na conta bancária, aberta e supervisionada pelo Minc, do projeto escolhido
até o último dia do ano vigente. O responsável pelo projeto, após o depósito, irá emitir um recibo e mandá-lo ao doador. É
necessário guardar este comprovante, pois a Receita Federal pode pedir sua apresentação posteriormente.
Por isso, é mais comum que as empresas façam o depósito para projetos no mês de dezembro, porque é possível efetuar o
cálculo do incentivo a partir do valor exato dos impostos que a organização terá de pagar.
No entanto, para não deixar isso para a última hora, convém que, em outubro ou novembro, a empresa escolha os projetos
que serão apoiados. Ao mesmo tempo, já precisa de nir as contrapartidas (tema que será analisado na próxima aula).
9 - IR devido (5 - 7) R$ 300.000,00
9 - IR devido (5 - 7) R$ 288.000,00
As empresas tributadas por lucro real também podem fazer doações diretas para entidades sem ns lucrativos que
tenham a quali cação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) ou o título de Utilidade
Pública Federal (UPF), desde que elas ofereçam serviços gratuitos à população. Pela Lei nº 9.249, de 1995, esse tipo
de doação permite à empresa fazer a dedução de até 2% do seu lucro operacional bruto. Este limite deve ser
calculado antes do cômputo da própria doação, diminuindo, portanto, o IR e a contribuição social devidos. Vale dizer
que os 2% podem ser divididos entre várias Oscips ou UPFs diferentes.
O investidor deposita os recursos na conta bancária em nome da entidade (ou mais de uma, se for o caso). Em
seguida, é-lhe entregue uma declaração o cial, padronizada pela Receita Federal, na qual ele assume o compromisso
de usar os recursos exclusivamente para a realização de seus propósitos, sendo inclusive designada a pessoa física
responsável pelas tarefas. O doador deve guardar este documento para ns de scalização.
As companhias tributadas por lucro real também têm a possibilidade de doar para instituições de ensino e pesquisa
sem ns lucrativos instaladas no país, com o benefício da dedução de até 1,5% do seu lucro operacional bruto:
É importante deixar alguns dados signi cativos neste cenário de leis de incentivo no Brasil: projetos aprovados pela
Lei Rouanet, que vigorou até 2018, geraram neste mesmo ano um impacto de R$2 bilhões na economia. De acordo
com o Minc, 3.197 projetos culturais captaram R$1,288 bilhão em recursos de pessoas físicas e jurídicas. Este é o
terceiro maior número nos 27 anos da lei, perdendo apenas para os de 2011 (R$1,326 bilhão) e 2014 (R$1,336
bilhão). Esse levantamento mostra ainda que, ao longo destas três décadas, a cada R$1 investido por
patrocinadores, pelo menos R$1,59 retornou para a sociedade.
Segundo estudo publicado em 2018 pela Fundação Getúlio Vargas, seis áreas culturais estão contempladas, separadamente,
por lei federal:
Fonte: Shutterstock.
Isso nos leva à conclusão de que os fomentos à cultura deveriam ser tratados do mesmo modo que os incentivos a outros
setores da economia.
Exemplo
A indústria automotiva, que recebeu R$7,2 bilhões de incentivos scais, gerou 200 mil empregos em 2018. A área cultural, neste
mesmo ano, gerou 1 milhão de empregos, mas área da cultura só teve acesso a R$1,6 bilhão em incentivo.
Vale-cultura
O Minc criou este vale para ampliar o acesso à cultura e fomentar o crescimento da produção cultural em todo o Brasil.
Instituído pela Lei nº 12.761, de 26 de dezembro de 2012, o vale-cultura era garantido pelo incentivo scal concedido às
empresas tributadas em seu lucro real para estimular o fornecimento desse benefício scal a seus funcionários.
Cartão Vale-Cultura
Até 2016, as organizações tinham o direito de deduzir até 1% do IR devido. Para o empresário, não há uma incidência de
encargos sociais e trabalhistas sobre o valor despendido a título deste benefício. Os valores de aquisição do vale-cultura
poderão ser deduzidos pela empresa como despesa operacional na apuração do IR. No entanto, eles deverão ser adicionados
como este tipo de despesa para a apuração da base de cálculo da CSLL.
Ela cuida das ações voltadas ao empreendedor criativo das 10 regiões do Estado, buscando articulação entre:
Promoção da sustentabilidade por meio da cultura e da interlocução de ações integradas entre o poder público, a
sociedade civil, as universidades e as entidades privadas.
O proponente pode formalizar e comprovar o recebimento de recursos deste incentivo scal por meio de um recibo de
patrocínio em uma conta bancária exclusiva do projeto cultural patrocinado ou por renúncia scal (no caso de patrocínio a
projetos culturais chancelados pela SEC). Este valor refere–se aos recursos nanceiros de ICMS que o Governo do Estado
destina anualmente para a concessão de incentivos scais às empresas que patrocinarem projetos culturais pela lei estadual
de incentivo à cultura.
No mínimo, 0,25%;
No máximo, 0,5%.
Município
O ISS é de competência dos municípios. Sua incidência se dá nos casos em que ocorre uma prestação de serviço, com regras
gerais subordinadas à Lei Complementar 116/2003 e à Lei nº 11.438/1997. Todos os valores recolhidos a título de ISS são
destinados aos cofres públicos municipais.
Por ser um tributo de ordem municipal, as regras e alíquotas variam de um município para o outro; por isso, é importante
conhecer a legislação especí ca de cada um a m de evitar qualquer tipo de problema em razão do recolhimento inadequado
do imposto.
O valor utilizado como base do cálculo do ISS é o preço do serviço. Dessa forma, para fazer o cálculo deste imposto, é
necessário ter em mãos o valor do serviço e conhecer a alíquota municipal do ISS.
Exemplo
Uma empresa prestou um serviço no valor de R$15.000, sobre o qual incide uma alíquota de 4%. O imposto a ser pago, neste
caso, possui o valor de R$600.
Como funciona essa cobrança? A Secretaria Municipal de Cultura estabelece o abatimento de 100% do valor incentivado até
o limite de 20% do ISS pago mensalmente pela organização. A empresa incentivadora, após o seu cadastramento na lei,
transfere o valor correspondente deste limite a m de pagar a guia de recolhimento mensal de um projeto aprovado.
Exemplo
Se uma empresa paga R$100 mil de ISS ao governo, pode destinar até R$20 mil para incentivar e patrocinar um projeto cultural,
obtendo as contrapartidas de um patrocínio normal.
Combinações de porcentagens
A empresa pode decidir como investirá o imposto devido nos projetos que escolher. Ela pode direcionar o incentivo para mais
de um fundo, ação, programa ou projeto regido por leis de incentivo de diferentes níveis:
Municipal (ISS);
Estadual (ICMS);
Federal (IR devido, já que cada área federativa tem as próprias regras sobre sua tributação e respectiva renúncia).
Como investidor, a pessoa jurídica pode somar diferentes porcentagens de direcionamento desde que ela tenha imposto
su ciente para doar e não ultrapasse, nos incentivos federais, o somatório total de 6% no exercício.
Exemplo
São somados 4% via lei federal e 2% pela lei municipal do ISS. A soma, neste caso, está dentro do âmbito de 6%. Assim, o
investidor maximiza o aproveitamento dos incentivos existentes, valendo-se dessas combinações. No Rio de Janeiro, a
economia criativa, instituída há oito anos no Estado, é responsável por ações estratégicas de posicionamento da cultura como
eixo de desenvolvimento socioeconômico do Estado.
Atenção
É importante esclarecer que a Lei 8.313, de 1991, não foi extinta. A Lei de Incentivo à Cultura, popularmente conhecida como Lei
Rouanet por ter sido sancionada pelo então Ministro da Cultura Sérgio Rouanet, em 1991, não acabou! Ela segue valendo,
apresentando todas as regras já estabelecidas e as atuais alterações sancionadas em 24 de abril de 2019.
O documento detalha alterações, como o aumento da distribuição de ingressos gratuitos para até 40% do total. Também
estão listadas nele as exceções que poderão receber valores acima do novo teto para captação: R$1 milhão por projeto. Até
então, ele estava limitado a R$ 60 milhões por projeto.
A nova lei não estipula nenhum teto de captação para certas iniciativas culturais. Segundo as novas regras, cam de fora do
novo limite:
Planos anuais e plurianuais (para manutenção de instituições e atividades culturais de caráter continuado e
permanente);
Construção e manutenção de salas de cinema e teatro em municípios com menos de 100 mil habitantes.
Projetos classi cados como festas populares terão um limite maior: R$6 milhões. O novo governo acredita que atualmente
exista uma concentração de recursos, especialmente na região Sudeste. Com esse incentivo mais bem distribuído, ele
defende, haverá mais atividades culturais e artistas sendo apoiados.
Pelas novas regras, cada projeto bene ciado pela Lei de Incentivo à Cultura terá de reservar entre 20% e 40% de ingressos
gratuitos. Eles serão distribuídos por entidades e serviços de assistência social a famílias de baixa renda, de preferência
aquelas que possuam o cadastro único. As regras em vigor também separam 20% dos ingressos para preços populares. Pelo
que já foi anunciado, o percentual será mantido, mas o preço máximo deste lote cairá de R$75 para R$50.
O Ministro da Cidadania, Osmar Terra, declarou na ocasião que os produtores serão obrigados a promover ações educativas
nas escolas ou na comunidade, em parceria com as prefeituras, e que haverá editais especí cos para projetos realizados
integralmente fora do eixo Rio-São Paulo. Mas, por enquanto, não há maiores detalhes sobre essas medidas.
À exceção das mudanças que citamos, as alterações da Lei de Incentivo Federal – ainda em fase de operação – não geraram
mudanças realmente signi cativas a ponto de causar impacto nas regras atuais.
Atividades
1. Quais são as três esferas que permitem a destinação de impostos para projetos culturais?
3. Ao patrocinar, uma empresa pode combinar mais de uma opção de incentivo scal? Se ela pode, como se daria esta
possiblidade?
Notas
Diversos benefícios 1
Referências
Diversos benefícios: Como exemplo, temos a Isenção de encargos sociais e trabalhistas sobre o valor despendido a título do
vale-cultura.
BAND NEWS. Projetos aprovados pela Lei Rouanet geraram impacto de R$ 2 bi na economia. 8 jan. 2019. Disponível em:
https:// bandnewstv .band .uol .com .br /videos /16594986 /projetos -aprovados -pela -lei -rouanet -geraram -impacto -de -r -2
-bi -na -economia. Acesso em: 13 set. 2019.
BRASIL. Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991. Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o
Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e dá outras providências. Disponível em: http:// www .planalto .gov .br
/ccivil_03 /leis /L8313cons .htm. Acesso em: 13 set. 2019.
BRASIL. Lei nº 12.761, de 27 de dezembro de 2012. Institui o Programa de Cultura do Trabalhador; cria o vale-cultura; altera
as Leis nº s 8.212, de 24 de julho de 1991, e 7.713, de 22 de dezembro de 1988, e a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras providências. Disponível em: http:// www .planalto
.gov .br /ccivil_03 /_Ato2011 -2014 /2012 /Lei /L12761 .htm. Acesso em: 13 set. 2019.
BRASIL. Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de
competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. Disponível em: http:// www .planalto .gov .br
/ccivil_03 /leis /LCP /Lcp116 .htm. Acesso em: 13 set. 2019.
DURAND, J. C. Política cultural e economia da cultura. 1. ed. São Paulo: Sesc, 2013.
FECOMÉRCIO. Cartilha sobre uso de incentivos scais. 2015. Disponível em: https:// www .FECOMÉRCIO .com .br /upload
/_v1 /2015 -07 -30 /13544 .pdf. Acesso em: 13 set. 2019.
MENEZES, H. A Lei Rouanet: muito além dos fatos. 1. ed. São Paulo: Fons Sapientiae, 2016.
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