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HISTÓRIA

DA

ARTE


 

 

BIBLIOGRAFIA : HOME PAGE :


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INDICE CONTEMPORÂNEA

5.01 NEOCLÁSSICO
INTRODUÇÃO 5.02 ROMANTICA
5.03 REALISTA
PRÉ HISTÓRIA 5.04 IMPRESSIONISMO
5.05 EXPRESSIONISMO
PALEOLÍTICO INFERIOR 5.06 CUBISMO
PALEOLÍTICO SUPERIOR 5.07 ABSTRACIONISMO


 

 

NEOLÍTICO 5.08 FAUVISMO


IDADE DOS METAIS 5.09 CONSTRUTIVISMO
5.10 SURREALISMO
ARTE ANTIGA 5.11 DADAÍSMO
5.12 OP ART
2.01 EGÍPCIA
2.02 GREGA 5.13 POP ART
2.03 ROMANA 5.14 INSTALAÇÃO
2.04 PALEOCRISTÃ 5.15 INTERFERÊNCIA
2.05 BIZANTINA 5.16 COBRA
2.06 ISLÂMICA 5.17 FUTURISMO
5.18 ART NAIF
IDADE MÉDIA 5.19 PINTURA METAFÍSICA

3.01 ROMÂNICA ARTE BRASILEIRA


3.02 GÓTICA
6.01 PRÉ HISTPORIA
IDADE MODERNA 6.02 ARTE INDÍGENA
6.03 COLONIAL
4.01 RENASCIMENTO 6.04 HOLANDESA
4.02 MANEIRISMO 6.05 BARROCO
4.03 BARROCO 6.06 MISSÃO FRANCESA
4.04 ROCOCÓ 6.07 ARTE ACADÊMICA
6.08 MODERNISMO BRASILEIRO
6.09 EXPRESSIONISMO
6.10 ARTE NAIF

INTRODUÇÃO

O que é arte?
Criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia,
revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus
sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos
utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos
conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica,
a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura
etc. Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras:
visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Hoje, alguns tipos
de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista
precisa da arte e da técnica para comunicar-se.

Quem faz arte?


O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades
práticas, como as ferramentas para cavar a terra e os utensílios de
cozinha. Outros objetos são criados por serem interessantes ou
possuírem um caráter instrutivo. O homem cria a arte como meio de

 

 

vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas
crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e
aos outros, para explorar novas formas de olhar e interpretar
objetos e cenas.

Por que o mundo necessita de arte?


Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos
de função da arte que pode ser:
● feita para decorar o mundo
● para espelhar o nosso mundo (naturalista)
● para ajudar no dia-a-dia (utilitária)
● para explicar e descrever a história
● para ser usada na cura de doenças
● para ajudar a explorar o mundo.

Como entendemos a arte?


O que vemos quando admiramos uma arte depende:
● da nossa experiência e conhecimentos
● da nossa disposição no momento
● da imaginação e
● daquilo que o artista pretendeu mostrar.

PROCESSO DE DIÁLOGO COM O TRABALHO DO ARTISTA

VOCÊ, O APRECIADOR
Exige esforço, dedicação e
diálogo com o trabalho, então
pergunte-se:
Qual é o tema?
O Quais são os materiais
O ARTISTA
TRABALH utilizados?
Pode ter uma
O A obra tem título?
mensagem e toma
(obra de Quando e onde foi feita?
decisões
arte) Qual o seu tamanho?
Quais são as suas cores?
Como são as suas formas?
Você gosta?
Como ela faz se sentir?
Já viu algo parecido?

O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?


Estilo é como o trabalho se mostra, depois de o artista ter tomado
suas decisões. Cada artista possui um estilo único. Imagine se
todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala
gigantesca. Nunca conseguiríamos ver quem fez o que, quando e
como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na
forma de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores,
costumam classificá-las por categorias e rotulá-las. É um

 

 

procedimento comum na arte ocidental. Ex.: Renascimento,


Impressionismo Cubismo, Surrealismo, etc.

Como conseguimos ver as transformações do mundo através da


arte?
Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde e como.
Desta maneira estaremos dialogando com a obra de arte, e assim
podemos entender as mudanças que o mundo teve.

Como as idéias se espalham pelo mundo?


Exploradores, comerciantes, vendedores e artistas costumam
apresentar às pessoas idéias de outras culturas. Os pregressos na
tecnologia também difundiram técnicas e teorias. Elas se espalham
através da:
● arqueologia , quando se descobrem objetos de outras
civilizações.
● Pela fotografia, a arte passou a ser reproduzida e, nos anos
1890, muitas das revistas internacionais de arte já tinham
fotos
● pelo rádio e televisão, o rádio foi inventado em 1895 e a
televisão em 1926, permitindo que as idéias fossem
transmitidas por todo o mundo rapidamente, os estilos de
arte podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas
compartilhadas
● pela imprensa, que foi inventada por Johann Guttenberg por
volta de 1450, assim os livros e arte podiam ser impressos e
distribuídos em grande quantidade
● pela internet, alguns artistas colocam suas obras em
exposição e podemos pesquisá-las, bem como saber sobre
outros estilos.

Os historiadores de arte, críticos e estudiosos classificam os


períodos, estilos ou movimentos artísticos separadamente, para
facilitar o entendimento das produções artísticas.

Não há coincidência com a linha do tempo histórica, pois


● a partir de 1848 consideramos o início da Arte Moderna e
● o movimento Pop Art o início da Arte Pós-Moderna.
Porém, optamos por apresentar a arte por meio da linha do tempo
histórica, por considerarmos ser mais didática.

1- PRE HISTORIA

Um dos períodos mais fascinantes da história humana é a


Pré-História. Esse período não foi registrado por nenhum documento

 

 

escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo o que


sabemos dos homens que viveram nesse tempo é o resultado da
pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna
ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem.

Divisão da Pré-História:

1.1- PALEOLÍTICO INFERIOR


● aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a.C.
● primeiros hominídios
● caça e coleta
● controle do fogo e
● instrumentos de pedra e pedra lascada, madeira e
ossos: facas, machados.

a principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada


é o naturalismo. O artista pintava os seres, um animal, por
exemplo, do modo como o via de uma determinada perspectiva,
reproduzindo a natureza tal qual sua vista captava. Atualmente, a
explicação mais aceita é que essa arte era realizada por caçadores,
e que fazia parte do processo de magia por meio do qual
procurava-se interferir na captura de animais, ou seja, o
pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal
desde que possuísse a sua imagem. Acreditava que poderia matar o
animal verdadeiro desde que o representasse ferido mortalmente
num desenho. Utilizavam as pinturas rupestres, isto é, feitas em
rochedos e paredes de cavernas. O homem deste período era
nômade.

1.2- PALEOLÍTICO SUPERIOR


● instrumentos de marfim, ossos, madeira e pedra:
machado, arco e flecha, lançador de
dardos, anzol e linha; e
● desenvolvimento da pintura e da escultura

Os artistas do Paleolítico Superior realizaram também trabalhos em


escultura. Mas, tanto na pintura quanto na escultura, nota-se a
ausência de figuras masculinas. Predominam figuras femininas, com
a cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios
volumosos, ventre saltado e grandes nádegas. Destaca-se: Vênus
de Willendorf.

1.3- NEOLÍTICO
● instrumentos de pedra polida, enxada e tear;
● início do cultivo dos campos;
● artesanato: cerâmica e tecidos;

 

 

● construção de pedra; e
● primeiros arquitetos do mundo.

A fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo


cultivo da terra e pela manutenção de manadas, ocasionou um
aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras
instituições, como família e a divisão do trabalho. Assim, o homem
do Neolítico desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar
cerâmicas e construiu as primeiras moradias, constituindo-se os
primeiros arquitetos do mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo
através do atrito e deu início ao trabalho com metais.
Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte reflexo na arte. O
homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os
sentidos apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de
observação foi substituído pela abstração e racionalização. Como
conseqüência surge um estilo simplificador e geometrizante, sinais
e figuras mais que sugerem do que reproduzem os seres. Os
próprios temas da arte mudaram: começaram as representações da
vida coletiva.
Além de desenhos e pinturas, o artista do Neolítico produziu uma
cerâmica que revela sua preocupação com a beleza e não apenas
com a utilidade do objeto, também esculturas de metal.
Desse período temos as construções denominadas dolmens.
Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente
no chão, como se fossem paredes, e uma grande pedra era colocada
horizontalmente sobre elas, parecendo um teto. E o menir que era
monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra
fincado no solo em sentido vertical.
O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser
considerado uma das primeiras obras da arquitetura que a História
registra. Ele apresenta um enorme círculo de pedras erguidas a
intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando
outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco
semelhante a um altar. O conjunto está orientado para o ponto do
horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício de
que se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando
que as pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de
nenhuma argamassa.

1.4- IDADE DOS METAIS


● aparecimento de metalurgia;
● aparecimento das cidades;
● invenção da roda;
● invenção da escrita; e
● arado de bois.

 

 

As Cavernas
Antes de pintar as paredes da caverna, o homem fazia ornamentos
corporais, como colares e, depois, magníficas estatuetas, como as
famosas “Vênus”.

Existem várias cavernas pelo mundo, que demonstram a pintura


rupestre, algumas delas são:
Caverna de ALTAMIRA, Espanha, quase uma centena de desenhos
feitos há 14.000 anos, foram os primeiros desenhos descobertos,
em 1868. Sua autenticidade, porém, só foi reconhecida em 1902.
Caverna de LASCAUX, França, suas pinturas são achadas em 1942,
têm 17.000 anos. A cor preta, por exemplo, contém carvão moído e
dióxido de manganês.
Caverna de CHAUVET, França, há ursos, panteras, cavalos,
mamutes, hienas, dezenas de rinocerontes peludos e animais
diversos, descoberta em 1994.
Gruta de RODÉSIA, África, com mais de 40.000 anos.
Parque  Nacional Serra da Capivara ­ Sudeste do Estado do Piauí,  ocupando 
áreas dos municípios de São  Raimundo Nonato,  João  Costa,  Brejo do Piauí e 
Coronel  José  Dias.  Nessa  região  encontra­se  uma  densa  concentração  de 
sítios arqueológicos,  a maioria  com pinturas e  gravuras rupestres. Para saber 
mais  visite: fumdham.org Onde  havia  gente  ­  Os  arqueólogos  já  encontraram 
vários  registros  de  seres  humanos  pré­históricos que  viviam no  Brasil há pelo 
menos 11.000 anos:  


 

 

 
Os  primeiros  Inícions  da  América  ­ Estudos mostram que a  colonização  deve 
ter sido mais complexa do que se pensava:  

 
 
 
Curiosidades:  "O  trajeto  marítimo  do  Homo  erectus"  e  "Os  ancestrais  do 
Iníciom moderno": 


 
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IMAGENS

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STONEHENGE

Como foi construído:

Os  maciços  arcos  de  pedra  da  Planície  de  Salisbury  aguardam  o  nascer  do 
sol  como  vêm  fazendo,  dia  após  dia,  há  4  mil  anos.  Erguem­se  em  silêncio 
vigilante, a cor escura em contraste com o céu cinzento.  
Stonehenge  pode  ser  a  maior  maravilha  do  mundo  pré­histórico.  Com 
certeza,  é  um  de  seus  maiores  mistérios.  O  círculo  foi  deliberadamente 
alinhado  com  o  nascer  do sol do  solstício de verão, o  amanhecer  do  dia mais 
longo  do  ano.  Como  poderiam  os  Inícions  primitivos  ter  colocado  aqueles 
gigantescos  blocos  de  pedra,  pesando  até  50  toneladas  cada  um,  em  suas 
atuais posições? E por que fizeram isso?  
Na  Idade  Média,  o  monumento  de  Stonehenge  era  explicado  pelo  poder  da 
magia:  Merlin,  mago  da  corte  do  Rei  Arthur,  invocara  as forças das enormes 
pedras  da  Irlanda.  No  século  19,  as  pessoas  estavam  presas  à  idéia  dos 
druidas,  sem  atentar  para  o  fato  de  que  aqueles  antigos  sacerdotes  celtas 
faziam  os  cultos  em  bosques  de  carvalhos  sagrados,  e  não  em  templos  de 
pedra.  Sacerdotes  barbados  em  vestimentas  brancas  celebrando  o  solstício 
de verão em Stonehenge constituem sua imagem mais duradoura.  
O  astrônomo  Sir  Fred  Hoyle  declarou  que  Stonehenge  é  um  computador 

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pré­histórico, programado para prever os eclipses do sol e da lua.  
Ninguém  sabe  exatamente  o  que  é  Stonehenge.  No  entanto,  hoje  temos 
conhecimento  de  quando  foi  construído  ­  e  como.  Recente  estudo  feito  pela 
Associação  Arqueológica  de  Wessex  resolve  as  discussões  sobre a  idade de 
Stonehenge.  Tudo  começou  logo  após  o  ano  3000  a.C,  numa  área  circular 
delimitada  por  pequena  encosta  com  grande  fosso  externo.  "No  ano  2600 
a.C,  enormes  pedras  retangulares  foram  trazidas  das  Montanhas  Preseli, 
situadas  a  cerca  de  217  quilômetros  dali",  diz  Andrew  Lawson,  diretor  da 
Associação.  
O  anel  externo  e  a  arcada  interna  foram  feitos  de  blocos  de  arenito 
provenientes  das  Planícies  MarIborough,  situadas  40  quilômetros  ao  norte. 
Os  maiores  dolmens  da  arcada  interna,  chamados  de  trilithons,  são 
constituídos  por  dois  pilares  denominados  megálitos  e  uma  pedra  colocada 
sobre  o  topo.  Os  megálitos  têm  aproximadamente  sete  metros  de  altura  e 
pesam  até  50  toneladas.  Acredita­se  que  foram  construídos  por  volta  do  ano 
2400 a.C.  
Quando  prepararam  as  pedras, os criadores de Stonehenge fizeram  pequena 
elevação no meio das colunas, técnica  que na Grécia,  1.500 anos mais tarde, 
seria  chamada  de  êntase.  Contrariando  o  efeito  de  distorção da paisagem, a 
êntase faz a aresta de uma coluna parecer perfeitamente reta.  
Entretanto,  a  descoberta  mais  intrigante  da  Associação  é  que  o  tempo  de 
construção de Stonehenge talvez tenha sido bem menor do que  se  imaginava: 
"O  monumento  poderia  ser  construído  em  uma  geração,  com  potencial 
humano e gerenciamento ágil."  
Isso  é  incrível.  O  transporte  e  a  edificação  de  40  blocos  de  rocha, com outro 
bloco  de  10  toneladas  colocado  sobre  eles,  é  obra  que  mesmo  hoje  seria  de 
tirar  o  ânimo  de  qualquer  um.  Que  força  bruta  foi  necessária  para  colocar 
aquelas pedras na posição, sem guindastes ou roldanas?  
Há  três  verões,  num  campo  não  muito  distante  de  Stonehenge,  certo  grupo 
de  entusiastas  liderado  pelo  engenheiro  Mark  Whitby  e  pelo  arqueólogo 
Julian Richards mostrou como os arcos podem ter sido construídos.  
Whitby  coordenou  uma  operação  onde  réplicas  das  pedras  ­  duas  colunas 
de  45  toneladas  e  uma  viga  transversal  de  10  toneladas,  feitas  de  concreto  ­ 
foram  puxadas  sobre  trilhos  de  madeira  besuntados  com  sebo.  Uma  versão 
do  sistema  em  que  os  grandes  navios,  com  as  quilhas  lubrificadas,  são 
lançados  ao  mar  sobre  trilhos.  Os  grandes  blocos  de  pedra  foram  puxados 
colina  acima  por  130  soldados,  bombeiros  e  estudantes  usando  quase  150 
metros de corda.  
A  força  bruta,  no  entanto,  não  foi  suficiente  para  erguer  as  pedras.  Para 
alcançar  seu  objetivo,  Whitby  teve  de  pensar  como os  construtores originais. 
"Esses  rapazes  da  Idade  da  Pedra  eram  engenhosos",  admite  Whitby.  Uma 
dica  importante  foi  o  formato  do  buraco  onde  fica  a  coluna  maior.  Ele  era 
vertical,  com  um  dos lados  fortemente inclinado.  Whitby  construiu  uma  rampa 
perto  do  buraco  e  mandou  que  puxassem  a  enorme  pedra sobre  ela, até que 

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a  terça  parte  da  pedra  se  projetasse sobre  o buraco.  Pesados fragmentos de 


rocha  foram  colocados  sobre  o  bloco  de  pedra  e  empurrados  para  sua 
extremidade.  Momentos depois,  o peso desses fragmentos fez  o imenso bloco 
se inclinar e cair dentro do buraco abaixo dele.  
Uma  vez  erguido  o  segundo  bloco,  a  viga  transversal  foi  arrastada  sobre  a 
rampa  mais  íngreme.  Os  três  blocos  se  adaptaram  de  maneira  impecável  e 
formaram  a  perfeita  arcada  do  século  20.  Whitby  acredita  ter  solucionado  o 
problema.  "Com  140 pessoas, eu poderia construir Stonehenge  em menos de 
20 anos.”  
 

 
 
 

2- ARTE ANTIGA

2.1 – EGÍPCIA

Uma das principais civilizações da Antigüidade foi a que se


desenvolveu no Egito. Era uma civilização já bastante complexa em
sua organização social e riquíssima em suas realizações culturais.
A religião invadiu toda a vida egípcia, interpretando o universo,
justificando sua organização social e política, determinando o papel
de cada classe social e, conseqüentemente, orientando toda a
produção artística desse povo.

Além de crer em deuses, que poderiam interferir na história


humana, os egípcios acreditavam também numa vida após a morte
e achavam que essa vida era mais importante do que a que viviam
no presente.
O fundamento ideológico da arte egípcia é a glorificação dos deuses
e do rei defunto divinizado, para o qual se erguiam templos
funerários e túmulos grandiosos.

2.1.1- ARQUITETURA
As pirâmides do deserto de Gizé são as obras arquitetônicas mais
famosas e, foram construídas por importantes reis do Antigo
Império: Quéops, Quéfren e Miquerinos. Junto a essas três
pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o
faraó Quéfren, mas a ação erosiva do vento e das areias do deserto

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deram-lhe, ao longo dos séculos, um aspecto enigmático e


misterioso.

As características gerais da arquitetura egípcia são:


● solidez e durabilidade;
● sentimento de eternidade; e
● aspecto misterioso e impenetrável.

As pirâmides tinham base quadrangular, eram feitas com pedras


que pesavam cerca de vinte toneladas e mediam dez metros de
largura, além de serem admiravelmente lapidadas. A porta da frente
da pirâmide voltava-se para a estrela polar, a fim de que seu
influxo se concentrasse sobre a múmia. O interior era um verdadeiro
labirinto que ia dar na câmara funerária, local onde estava a múmia
do faraó e seus pertences.

Os templos mais significativos são: Carnac e Luxor, ambos


dedicados ao deus Amon.Os monumentos mais expressivos da arte
egípcia são os túmulos, divididos em três categorias:

Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó;


Mastaba - túmulo para a nobreza; e
Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo.

Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididas conforme


seu capitel:

Palmiforme - flores de palmeira;


Papiriforme - flores de papiro; e
Lotiforme - flor de lótus.

Para seu conhecimento


Esfinge: representa corpo de leão (força) e cabeça humana
(sabedoria). Eram colocadas na alameda de
entrada do templo para afastar os maus espíritos.
Obelisco: eram colocados à frente dos templos para materializar a
luz solar.

2.1.2- ESCULTURA
Os escultores egípcios representavam os faraós e os deuses em
posição serena, quase sempre de frente, sem demonstrar nenhuma
emoção. Pretendiam com isso traduzir, na pedra, uma ilusão de
imortalidade. Com esse objetivo ainda, exageravam freqüentemente
as proporções do corpo humano, dando às figuras representadas
uma impressão de força e de majestade.
Os Usciabtis eram figuras funerárias em miniatura, geralmente
esmaltadas de azul e verde, destinadas a substituir o faraó morto
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nos trabalhos mais ingratos no além, muitas vezes coberto de


inscrições.
Os baixos-relevos egípcios, que eram quase sempre pintados, foram
também expressão da qualidade superior atingida pelos artistas em
seu trabalho. Recobriam colunas e paredes, dando um encanto todo
especial às construções. Os próprios hieróglifos eram transcritos,
muitas vezes, em baixo-relevo.

2.1.3- PINTURA
A decoração colorida era um poderoso elemento de complementação
das atitudes religiosas.

Suas características gerais são:


● ausência de três dimensões;
● ignorância da profundidade;
● colorido à tinta lisa, sem claro-escuro e sem indicação do
relevo; e
● Lei da Frontalidade que determinava que o tronco da pessoa
fosse representado sempre de frente,
● enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de
perfil.

Quanto à hierarquia na pintura: eram representadas maiores as


pessoas com maior importância no reino, ou seja, nesta ordem de
grandeza: o rei, a mulher do rei, o sacerdote, os soldados e o povo.
As figuras femininas eram pintadas em ocre, enquanto que as
masculinas pintadas de vermelho.
Os egípcios escreviam usando desenhos, não utilizavam letras como
nós. Desenvolveram três formas de escrita:
Hieróglifos - considerados a escrita sagrada;
Hierática - uma escrita mais simples, utilizada pela nobreza e
pelos sacerdotes; e
Demótica - a escrita popular.

Livro dos Mortos, ou seja um rolo de papiro com rituais funerários


que era posto no sarcófago do faraó morto, era ilustrado com cenas
muito vivas, que acompanham o texto com singular eficácia.
Formado de tramas de fibras do tronco de papiro, as quais eram
batidas e prensadas transformando-se em folhas.

Para seu conhecimento


Hieróglifos: foi decifrada por Champolion, que descobriu o seu
significado em 1822, ela se deu na Pedra de Rosetta que foi
encontrada na cidade do mesmo nome no Delta do Nilo.
Mumificação:
a. eram retirados o cérebro, os intestinos e outros órgãos vitais,
e colocados num vaso de pedra chamado Canopo.
b. nas cavidades do corpo eram colocadas resinas aromáticas e
perfumes.
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c. as incisões eram costuradas e o corpo mergulhado num


tanque com Nitrato de Potássio.
d. Após 70 dias o corpo era lavado e enrolado numa bandagem
de algodão, embebida em betume, que servia como
impermeabilização.

IMAGENS

2.2 – GREGA

Enquanto a arte egípcia é uma arte ligada ao espírito, a arte grega


liga-se à inteligência, pois os seus reis não eram deuses, mas seres
inteligentes e justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. A
arte grega volta-se para o gozo da vida presente. Contemplando a
natureza, o artista se empolga pela vida e tenta, através da arte,
exprimir suas manifestações. Na sua constante busca da perfeição,
o artista grego cria uma arte de elaboração intelectual em que
predomina o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal. Ele tem como
características:
● o racionalismo;
● amor pela beleza;
● interesse pelo homem, essa pequena criatura que é “a medida
de todas as coisas”; e
● a democracia.

2.2.1- ARQUITETURA
As edificações que despertaram maior interesse são os templos. A
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característica mais evidente dos templos gregos é a simetria entre


o pórtico de entrada e o dos fundos. O templo era construído sobre
uma base de três degraus. O degrau mais elevado chamava-se
estilóbata e sobre ele eram erguidas as colunas. As colunas
sustentavam um entablamento horizontal formado por três partes:
a arquitrave, o friso e a cornija. As colunas e entablamento eram
construídos segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia.

● Ordem Dórica - era simples e maciça. O fuste da coluna era


monolítico e grosso. O capitel era uma almofada de pedra.
Nascida do sentir do povo grego, nela se expressa o
pensamento. Sendo a mais antiga das ordens arquitetônicas
gregas, a ordem dórica, por sua simplicidade e severidade,
empresta uma idéia de solidez e imponência
● Ordem Jônica - representava a graça e o feminino. A coluna
apresentava fuste mais delgado e não se firmava diretamente
sobre o estilóbata, mas sobre uma base decorada. O capitel
era formado por duas espirais unidas por duas curvas. A
ordem dórica traduz a forma do homem e a ordem jônica
traduz a forma da mulher.
● Ordem Coríntia - o capitel era formado com folhas de acanto
e quatro espirais simétricas, muito usado no lugar do capitel
jônico, de um modo a variar e enriquecer aquela ordem.
Sugere luxo e ostentação.

Os principais monumentos da arquitetura grega:


● Templos, dos quais o mais importante é o Partenon de
Atenas. Na Acrópole, também, se encontram as Cariátides,
que homenageavam as mulheres de Cária.
● Teatros, que eram construídos em lugares abertos (encosta)
e que compunham de três partes:
○ a skene ou cena, para os atores;
○ a konistra ou orquestra, para o coro;
○ o koilon ou arquibancada, para os espectadores.
Um exemplo típico é o Teatro de Epidauro, construído, no séc.
IV a.C., ao ar livre, composto por 55 degraus divididos em
duas ordens e calculados de acordo com uma inclinação
perfeita. Chegava a acomodar cerca de 14.000 espectadores e
tornou-se famoso por sua acústica perfeita.
● Ginásios, edifícios destinados à cultura física.
● Praça - Ágora onde os gregos se reuniam para discutir os
mais variados assuntos, entre eles; filosofia.

2.2.2- PINTURA
A pintura grega encontra-se na arte cerâmica. Os vasos gregos são
também conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas
também pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço
utilizado para a ornamentação. Além de servir para rituais
religiosos, esses vasos eram usados para armazenar, entre outras
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coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. Por isso, a sua forma


correspondia à função para que eram destinados:
● Ânfora - vasilha em forma de coração, com o gargalo largo
ornado com duas asas;
● Hidra - (derivado de ydor, água) tinha três asas, uma
vertical para segurar enquanto corria a água e duas para
levantar;
● Cratera - tinha a boca muito larga, com o corpo em forma
de um sino invertido, servia para misturar água com o
vinho (os gregos nunca bebiam vinho puro), etc.
As pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades
diárias e cenas da mitologia grega. O maior pintor de figuras negras
foi Exéquias.

A pintura grega se divide em três grupos:


● figuras negras sobre o fundo vermelho
● figuras vermelhas sobre o fundo negro
● figuras vermelhas sobre o fundo branco

2.2.3- ESCULTURA
A estatuária grega representa os mais altos padrões já atingidos
pelo homem. Na escultura, o antropomorfismo - esculturas de
formas humanas - foi insuperável. As estátuas adquiriram, além do
equilíbrio e perfeição das formas, o movimento.

No Período Arcaico os gregos começaram a esculpir, em mármores,


grandes figuras de homens. Primeiramente aparecem esculturas
simétricas, em rigorosa posição frontal, com o peso do corpo
igualmente distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é
chamado Kouros (palavra grega: homem jovem).

No Período Clássico passou-se a procurar movimento nas estátuas,


para isto, se começou a usar o bronze que era mais resistente do
que o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o
nu feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulheres eram
esculpidas sempre vestidas.

Período Helenístico podemos observar o crescente naturalismo: os


seres humanos não eram representados apenas de acordo com a
idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o
estado de espírito de um momento. O grande desafio e a grande
conquista da escultura do período helenístico foi a representação
não de uma figura apenas, mas de grupos de figuras que
mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos
os ângulos que pudessem ser observados.
Os principais mestres da escultura clássica grega são:
● Praxíteles, celebrado pela graça das suas esculturas, pela
lânguida pose em “S” (Hermes com Dionísio menino), foi o
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primeiro artista que esculpiu o nu feminino.


● Policleto, autor de Doríforo - condutor da lança, criou padrões
de beleza e equilíbrio através do tamanho das estátuas que
deveriam ter sete vezes e meia o tamanho da cabeça.
● Fídias, talvez o mais famoso de todos, autor de Zeus
Olímpico, sua obra-prima, e Atenéia. Realizou toda a
decoração em baixos-relevos do templo Partenon: as
esculturas dos frontões, métopas e frisos.
● Lisipo, representava os homens “tal como se vêem” e “não
como são” (verdadeiros retratos). Foi Lisipo que introduziu a
proporção ideal do corpo humano com a medida de oito vezes
a cabeças.
● Miron, autor do Discóbolo - homem arremessando o disco.

Para seu conhecimento:


Mitologia:
● Zeus: senhor dos céus;
● Atenéia: deusa da guerra;
● Afrodite: deusa do amor;
● Apolo: deus das artes e da beleza;
● Posseidon: deus das águas; entre outros.
Olimpíadas: Realizavam-se em Olímpia, cada 4 anos, em honra a
Zeus. Os primeiros jogos começaram em 776 a.C. As festas
olímpicas serviam de base para marcar o tempo.
Teatro: Foi criada a comédia e a tragédia. Entre as mais famosas:
Édipo Rei de Sófocles.
Música: Significa a arte das musas, entre os gregos a lira era o
instrumento nacional.

IMAGENS

2.3 – ROMANA

A arte romana sofreu duas fortes influências:


● a da arte etrusca popular e voltada para a expressão da
realidade vivida, e
● a da greco-helenística, orientada para a expressão de um
ideal de beleza. Um dos legados culturais mais importantes
que os etruscos deixaram aos romanos foi o uso do arco e da
abóbada nas construções.

2.3.1- ARQUITETURA
As características gerais da arquitetura romana são:
● busca do útil imediato, senso de realismo;
● grandeza material, realçando a idéia de força;
● energia e sentimento;
● predomínio do caráter sobre a beleza;

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● originais: urbanismo, vias de comunicação, anfiteatro, termas.

As construção eram de cinco espécies, de acordo com as funções:

1) Religião: Templos
Pouco se conhece deles. Os mais conhecidos são o templo de
Júpiter Stater, o de Saturno, o da Concórdia e o de César. O
Panteão, construído em Roma durante o reinado do Imperador
Adriano foi planejado para reunir a grande variedade de deuses
existentes em todo o Império, esse templo romano, com sua planta
circular fechada por uma cúpula, cria um local isolado do exterior
onde o povo se reunia para o culto.

2) Comércio e civismo: Basílica


A princípio destinada a operações comerciais e a atos judiciários, a
basílica servia para reuniões da bolsa, para tribunal e leitura de
editos. Mais tarde, já com o Cristianismo, passou a designar uma
igreja com certos privilégios. A basílica apresenta uma característica
inconfundível: a planta retangular, (de quatro a cinco mil metros)
dividida em várias colunatas. Para citar uma, a basílica Julia,
iniciada no governo de Júlio César, foi concluída no Império de
Otávio Augusto.

3) Higiene: Termas
Constituídas de ginásio, piscina, pórticos e jardins, as termas eram
o centro social de Roma. As mais famosas são as termas de
Caracala que, além de casas de banho, eram centro de reuniões
sociais e esportes.

4) Divertimentos:
● Circo: extremamente afeito aos divertimentos, foi de Roma
que se originou o circo. Dos jogos praticados temos:
■ jogos circenses - corridas de carros;
■ ginásios - incluídos neles o pugilato;
■ jogos de Tróia - aquele em que havia torneios a
cavalo;
■ jogos de escravos - executados por cavaleiros
conduzidos por escravos;
Sob a influência grega, os verdadeiros jogos circenses
romanos só surgiram pelo ano 264 a.C. Dos circos romanos, o
mais célebre é o "Circus Maximus".
● Teatro: imitado do teatro grego. O principal teatro é o de
Marcelus. Tinha cenários versáteis, giratórios e retiráveis.
● Anfiteatro: o povo romano apreciava muito as lutas dos
gladiadores. Essas lutas compunham um espetáculo que podia
ser apreciado de qualquer ângulo. Pois a palavra anfiteatro
significa teatro de um e de outro lado. Assim era o Coliseu,
certamente o mais belo dos anfiteatros romanos.
Externamente o edifício era ornamentado por esculturas, que
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ficavam dentro dos arcos, e por três andares com as ordens de


colunas gregas (de baixo para cima: ordem dórica, ordem
jônica e ordem coríntia). Essas colunas, na verdade eram
meias colunas, pois ficavam presas à estrutura das arcadas.
Portanto, não tinham a função de sustentar a construção, mas
apenas de ornamentá-la. Esse anfiteatro de enormes
proporções chegava a acomodar 40.000 pessoas sentadas e
mais de 5.000 em pé.

5) Monumentos decorativos
● Arco de Triunfo: pórtico monumental feito em homenagem
aos imperadores e generais vitoriosos. O mais famoso
deles é o arco de Tito, todo em mármore, construído no
Forum Romano para comemorar a tomada de Jerusalém.
● Coluna Triunfal: a mais famosa é a coluna de Trajano, com
seu característico friso em espiral que possui a narrativa
histórica dos feitos do Imperador em baixos-relevos no
fuste. Foi erguida por ordem do Senado para comemorar a
vitória de Trajano sobre os dácios e os partos.

6) Moradia:
Casa : Era construída ao redor de um pátio chamada Atrio.

2.3.2 – PINTURA
O Mosaico foi muito utilizado na decoração dos muros e pisos da
arquitetura em geral.
A maior parte das pinturas romanas que conhecemos hoje provém
das cidades de Pompéia e Herculano, que foram soterradas pela
erupção do Vesúvio em 79 a.C. Os estudiosos da pintura existente
em Pompéia classificam a decoração das paredes internas dos
edifícios em quatro estilos.
● Primeiro estilo: recobrir as paredes de uma sala com uma
camada de gesso pintado; que dava impressão de placas de
mármore.
● Segundo estilo: Os artistas começaram então a pintar painéis
que criavam a ilusão de janelas abertas por onde eram vistas
paisagens com animais, aves e pessoas, formando um grande
mural.
● Terceiro estilo: representações fiéis da realidade e valorizou
a delicadeza dos pequenos detalhes.
● Quarto estilo: um painel de fundo vermelho, tendo ao centro
uma pintura, geralmente cópia de obra grega, imitando um
cenário teatral.

2.3.3 – ESCULTURA
Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por
temperamento, eram muito diferentes dos gregos. Por serem
realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das
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pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os


gregos. Retratavam os imperadores e os homens da sociedade. Mais
realista que idealista, a estatuária romana teve seu maior êxito nos
retratos.

Com a invasão dos bárbaros as preocupações com as artes


diminuíram e poucos monumentos foram realizados pelo Estado. Era
o começo da decadência do Império Romano que, no séc. V -
precisamente no ano de 476 - perde o domínio do seu vasto
território do Ocidente para os invasores germânicos.

IMAGENS
Baixo relevo | Pintura romana | Jogo de bola | Aqueduto | Mosaico |
Anfiteatro | Arco do Triunfo

2.4 – PALEOCRISTÃ

Enquanto os romanos desenvolviam uma arte colossal e espalhavam


seu estilo por toda a Europa e parte da Ásia, os cristãos (aqueles
que seguiam os ensinamentos de Jesus Cristo) começaram a criar
uma arte simples e simbólica executada por pessoas que não eram
grandes artistas.Surge a arte cristã primitiva. Os romanos
testemunharam o nascimento de Jesus Cristo, o qual marcou uma
nova era e uma nova filosofia.Com o surgimento de um "novo reino"
espiritual, o poder romano viu-se extremamente abalado e teve
início um período de perseguição não só a Jesus, mas também a
todos aqueles que aceitaram sua condição de profeta e acreditaram
nos seus princípios. Esta perseguição marcou a primeira fase da
arte paleocristã: a fase catacumbária, que recebe este nome devido
às catacumbas, cemitérios subterrâneos em Roma, onde os
primeiros cristãos secretamente celebravam seus cultos.Nesses
locais, a pintura é simbólica.

Para entender melhor a simbologia:


● Jesus Cristo poderia estar simbolizado por um círculo ou por
um peixe, pois a palavra peixe, em grego ichtus, forma as
iniciais da frase: "Jesus Cristo de Deus Filho Salvador".
● Outra forma de simboliza-lo é o desenho do pastor com
ovelhas "Jesus Cristo é o Bom Pastor" e também, o cordeiro
"Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus".
● Passagens da Bíblia também eram ali simbolizadas, por
exemplo: Arca de Noé; Jonas engolido pelo peixe e Daniel na
cova dos leões.
● Ainda hoje podemos visitar as catacumbas de Santa Priscila e
Santa Domitila, nos arredores de Roma.
● Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em
313 d.C. o imperador Constantino legaliza o cristianismo,
dando início à 2a fase da arte paleocristã : a fase
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basilical.Tanto os gregos como os romanos, adotavam um


modelo de edifício denominado "Basílica" (origem do nome:
Basileu = Juíz) , lugar civil destinado ao comércio e assuntos
judiciais. Eram edifícios com grandes dimensões: um plano
retangular de 4 a 5 mil metros quadrados com três naves
separadas por colunas e uma única porta na fachada principal.
Com o fim da perseguição aos cristãos, os romanos cederam
algumas basílicas para eles podessem usar como local para as
suas celebrações.
● O mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos, foi o
material escolhido para o revestimento interno das basílicas,
utilizando imagens do Antigo e do Novo Testamento. Esse
tratamento artístico também foi dado aos mausoléus e os
sarcófagos feitos para os fiéis mais ricos eram decorados com
relevos usando imagens de passagens bíblicas.
● Na cidade de Ravena pode-se apreciar o Mausoléu de Gala
Placídia e a igreja de Santo Apolinário, o Novo e a de São
Vital com riquíssimos mosaicos.
● Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano
entre seus dois filhos: Honório e Arcádio.Honório ficou com o
Império Romano do Ocidente, tendo Roma como sua capital ,
e Arcádio ficou com o Império Romano do Oriente, com a
capital Constantinopla (antiga Bizâncio e atual Istambul).
● O império Romano do Ocidente sofreu várias invasões,
principalmente de povos bárbaros, até que, em 476 d.C., foi
completamente dominado (esta data, 476 d.c., marca o fim da
Idade Antiga e o início da Idade Média). Já o Império Romano
do Oriente (onde se desenvolveu a arte bizantina), apesar das
dificuldades financeiras, dos ataques bárbaros e das pestes,
conseguiu se manter até 1453, quando a sua capital
Constantinopla foi totalmente dominada pelos muçulmanos
(esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da
Idade Moderna).

IMAGENS
Sidrac, Misac e Abdêgano | Sansão matando os Filiseus

2.5 – BIZANTINA

O cristianismo não foi a única preocupação para o Império Romano


nos primeiros séculos de nossa era.Por volta do século IV, começou
a invasão dos povos bárbaros e que levou Constantino a transferir a
capital do Império para Bizâncio, cidade grega, depois batizada por
Constantinopla. A mudança da capital foi um golpe de misericórdia
para a já enfraquecida Roma; facilitou a formação dos Reinos
Bárbaros e possibilitou o aparecimento do primeiro estilo de arte
cristã - Arte Bizantina.

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Graças a sua localização(Constantinopla) a arte bizantina sofreu


influências de Roma, Grécia e do Oriente. A união de alguns
elementos dessa cultura formou um estilo novo, rico tanto na
técnica como na cor.

A arte bizantina está dirigida pela religião; ao clero cabia, além das
suas funções, organizar também as artes, tornando os artistas
meros executores.O regime era teocrático e o imperador possuía
poderes administrativos e espirituais; era o representante de Deus,
tanto que se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a
cabeça, e, não raro encontrar um mosaico onde esteja juntamente
com a esposa, ladeando a Virgem Maria e o Menino Jesus.

O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se


destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir os
fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos
vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se
assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas
diferentes e seguem convenções que regem inclusive os afrescos.
Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e
verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o
volume são ignorados e o dourado é demasiadamente utilizado
devido à associação com o maior bem existente na terra: o ouro.

A arquitetura das igrejas foi a que recebeu maior atenção da arte


bizantina, elas eram planejadas sobre uma base circular, octogonal
ou quadrada. Tinha imensas cúpulas, criando-se prédios enormes e
espaçosos, totalmente decorados.

A Igreja de Santa Sofia (Sofia = Sabedoria), na hoje Istambul, foi


um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, projetada pelos
arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto. Ela possui uma
cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos.Tal método
tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por associação à
abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto.
Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente
decorado com mosaicos e o chão de mármore polido. A verdadeira
beleza de Santa Sofia, a maior igreja de Constantinopla, capital do
Império Bizantino, encontra-se no seu vasto interior.Um olhar mais
atento permite ao visitante ver o trabalho requintado dos artífices
bizantinos no colorido resplandecente dos mosaicos agora
restaurados; no mármore profundamente talhado dos capitéis das
colunas das naves laterais, folhas de acantos envolvem o
monograma de Justiniano e de sua mulher Teodora. No alto, sobre
um solo de mármore, bordada em filigrama de sombras dos
candelabros suspensos, resplandece a grande cúpula. Embora a
igreja tenha perdido a maior parte da decoração original de ouro e
prata, mosaicos e afrescos, há uma beleza natural na sua
magnificência espacial e nos jogos de sombra e luz - um
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claro-escuro admirável quando os raios de sol penetram e iluminam


o seu interior.

Toda essa atração por decoração aliada a prevenção que os cristãos


tinham contra a estatuária que lembrava de imediato o paganismo
romano, afasta o gosto pela forma e conseqüentemente a
escultura não teve tanto destaque neste período.O que se
encontra restringe-se a baixos relevos acoplados à decoração.

A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o


reinado do Imperador Justiniano.Porém, logo sucedeu-se um período
de crise chamado de Iconoclastia. Constituía na destruição de
qualquer imagem santa devido ao conflito entre os imperadores e o
clero.

A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda


metade do século XV e boa parte do século XVI, a arte daquelas
regiões onde ainda florescia a ortodoxia grega permaneceu dentro
da arte bizantina. Essa arte extravasou em muito os limites
territoriais do império, penetrando, por exemplo, nos países
eslavos.

IMAGENS
A Imperatriz Teodora e sua Corte | Hipócrates | Igreja de Santa
Sofia | Igreja de Santo Apolinário Novo | Mosaico da Igreja de Santo
Apolinário Novo

2.6 – ISLÂMICA

No ano de 622, o profeta Maomé se exilou (hégira) na cidade de


Yatrib e para aquela que desde então se conhece como Medina
(Madinat al-Nabi, cidade do profeta). De lá, sob a orientação dos
califas, sucessores do profeta, começou a rápida expansão do Islã
até a Palestina, Síria, Pérsia, Índia, Ásia Menor, Norte da África e
Espanha. De origem nômade, os muçulmanos demoraram certo
tempo para estabelecer-se definitivamente e assentar as bases de
uma estética própria com a qual se identificassem.

Ao fazer isso, inevitavelmente devem ter absorvido traços


estilísticos dos povos conquistados, que no entanto souberam
adaptar muito bem ao seu modo de pensar e sentir,
transformando-os em seus próprios sinais de identidade. Foi assim
que as cúpulas bizantinas coroaram suas mesquitas, e os
esplêndidos tapetes persas, combinados com os coloridos mosaicos,
as decoraram. Aparentemente sensual, a arte islâmica foi na
realidade, desde seu início, conceitual e religiosa.

No âmbito sagrado evitou-se a arte figurativa, concentrando-se no


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geométrico e abstrato, mais simbólico do que transcendental. A


representação figurativa era considerada uma má imitação de uma
realidade fugaz e fictícia. Daí o emprego de formas como os
arabescos, resultado da combinação de traços ornamentais com
caligrafia, que desempenham duas funções: lembrar o verbo divino
e alegrar a vista. As letras lavradas na parede lembram o neófito,
que contempla uma obra feita para deus.

Na complexidade de sua análise, a arte islâmica se mostra, no


início, como exclusividade das classes altas e dos príncipes
mecenas, que eram os únicos economicamente capazes de construir
mesquitas, mausoléus e mosteiros. No entanto, na função de
governantes e guardiões do povo e conscientes da importância da
religião como base para a organização política e social, eles
realizavam suas obras para a comunidade de acordo com os
preceitos muçulmanos: oração, esmola, jejum e peregrinação.

2.6.1- ARQUITETURA
As mesquitas (locais de oração) foram construídas entre os séculos
VI e VIII, seguindo o modelo da casa de Maomé em Medina: uma
planta quadrangular, com um pátio voltado para o sul e duas
galerias com teto de palha e colunas de tronco de palmeira. A área
de oração era coberta, enquanto no pátio estavam as fontes para as
abluções. A casa de Maomé era local de reuniões para oração,
centro político, hospital e refúgio para os mais pobres. Essas
funções foram herdadas por mesquitas e alguns edifícios públicos.

No entanto, a arquitetura sagrada não manteve a simplicidade e a


rusticidade dos materiais da casa do profeta, sendo exemplo disso
as obras dos primeiros califas: Basora e Kufa, no Iraque, a Cúpula
da Roca, em Jerusalém, e a Grande Mesquita de Damasco. Contudo,
persistiu a preocupação com a preservação de certas formas
geométricas, como o quadrado e o cubo. O geômetra era tão
importante quanto o arquiteto. Na realidade, era ele quem
realmente projetava o edifício, enquanto o segundo controlava sua
realização.

A cúpula de pendentes, que permite cobrir o quadrado com um


círculo, foi um dos sistemas mais utilizados na construção de
mesquitas, embora não tenha existido um modelo comum. As
numerosas variações locais mantiveram a distribuição dos
ambientes, mas nem sempre conservaram sua forma. As mesquitas
transferiram depois parte de suas funções aos edifícios públicos:
por exemplo, as escolas de teologia, semelhantes àquelas na
forma. A construção de palácios, castelos e demais edifícios
públicos merece um capítulo à parte.

As residências dos emires constituíram uma arquitetura de


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segunda classe em relação às mesquitas. Seus palácios eram


planejados num estilo semelhante, pensados como um microcosmo
e constituíam o hábitat privativo do governante. Exemplo disso é o
Alhambra, em Granada. De planta quadrangular e cercado de
muralhas sólidas, o palácio tinha aspecto de fortaleza, embora se
comunicasse com a mesquita por meio de pátios e jardins.
O aposento mais importante era o diwan ou sala do trono.

Outra das construções mais originais e representativas do Islã foi o


minarete, uma espécie de torre cilíndrica ou octogonal situada no
exterior da mesquita a uma altura significativa, para que a voz do
almuadem ou muezim pudesse chegar até todos os fiéis,
convidando-os à oração. A Giralda, em Sevilha, era o antigo
minarete da cidade. Outras construções representativas foram os
mausoléus ou monumentos funerários, semelhantes às mesquitas
na forma e destinados a santos e mártires.

2.6.2- TAPETES
Os tapetes e tecidos desde sempre tiveram um papel muito
importante na cultura e na religião islâmicas. Para começar, como
povo nômade, esses eram os únicos materiais utilizados para
decorar o interior das tendas. À medida que foram se tornando
sedentários, as sedas, brocados e tapetes passaram a decorar
palácios e castelos, além de cumprir uma função fundamental nas
mesquitas, já que o muçulmano, ao rezar, não deve ficar
em contato com a terra.

Diferentemente da tecedura dos tecidos, a do tapete constitui uma


unidade em si mesma. Os fabricados antes do século XVI
chamam-se arcaicos e possuem uma trama de 80 000 nós por metro
quadrado. Os mais valiosos são de origem persa e têm 40 000 nós
por decímetro quadrado. As oficinas mais importantes foram as de
Shiraz, Tabriz e Isfahan, no Oriente, e Palermo, no Ocidente. Entre
os desenhos mais clássicos estão os de utensílios, de motivos
florais, de caça, com animais e plantas, e os geométricos, de
decoração.

2.6.3- PINTURA E GRÁFICA


As obras de pintura islâmica são representadas por afrescos e
miniaturas. Das primeiras, muito poucas chegaram até nossos dias
em bom estado de conservação. Elas eram geralmente usadas para
decorar paredes de palácios ou de edifícios públicos e
representavam cenas de caça e da vida cotidiana da corte. Seu
estilo era semelhante ao da pintura helênica, embora, segundo o
lugar, sofresse uma grande influência indiana, bizantina e inclusive
chinesa.

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A miniatura não foi usada, como no cristianismo, para ilustrar livros


religiosos, mas sim nas publicações de divulgação científica, para
tornar mais claro o texto, e nas literárias, para acompanhar a
narração. O estilo era um tanto estático, esquematizado, muito
parecido com o das miniaturas bizantinas, com fundo dourado e
ausência de perspectiva. O Corão era decorado com figuras
geométricas muito precisas, a fim de marcar a organização do texto,
por exemplo, separando um capítulo de outro.

Estreitamente ligada à pintura, encontra-se a arte dos mosaicistas.


Ela foi herdada de Bizâncio e da Pérsia antiga, tornando-se uma das
disciplinas mais importantes na decoração de mesquitas e palácios,
junto com a cerâmica. No início, as representações eram
completamente figurativas, semelhantes às antigas, mas
paulatinamente foram se abstraindo, até se transformarem em
folhas e flores misturadas com letras desenhadas artisticamente, o
que é conhecido como arabesco.

Assim, complexos desenhos multicoloridos, calculados com base na


simbologia numérica islâmica, cobriam as paredes internas e
externas dos edifícios, combinando com a decoração de gesso das
cúpulas. Caligrafias de incrível preciosidade e formas geométricas
multiplicadas até o infinito criaram superfícies de verdadeiro horror
ao espaço vazio. A mesma função desempenhava a cerâmica, mais
utilizada a partir do século XII e que atingiu o esplendor na
Espanha, onde foram criadas peças de uso cotidiano.

IMAGENS
Varanda de Lindajara | Cervo de Medina Azahara | Recipiente de
Marfim | Tapete de Alcaraz | Taj Mahal | Domo da Roca

3- IDADE MÉDIA

3.1 – ROMÂNICA

3.1.1- ARQUITETURA
No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja
estrutura era semelhante às construções dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são:
● abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
● pilares maciços que sustentavam as paredes espessas;
● aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
● torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada;
e
● arcos que são formados por 180 graus.
A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o
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seu tamanho. Elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem


chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as
formas volumosas, estilizadas e duras dessas igrejas é o fato da
arte românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das
idéias desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo
essencialmente clerical. A arte desse período passa, assim, a ser
encarada como uma extensão do serviço divino e uma oferenda à
divindade.

A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais


conhecido do seu conjunto o campanário que começou a ser
construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou
porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu.

Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas


pesadas, duras e primitivas.

3.1.2- PINTURA E ESCULTURA


Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à
pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar
valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas
da arquitetura. A pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas
grandes decorações murais, através da técnica do afresco, que
originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida.

Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As


características essenciais da pintura românica foram a deformação
e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos
religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da
realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que
as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de
cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e
sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza.

Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano,


nome que recebe a parede semicircular que fica logo abaixo dos
arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas
rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais.

Mosaicos são pequenas pedras coloridas que colocadas lado a lado,


vão formando o desenho. Usado desde a Antiguidade, veio do
Oriente a técnica bizantina que utilizava o azul e dourado, para
representar o próprio céu. No Ocidente foi utilizado principalmente
nas igrejas.

IMAGENS
Românico | Afresco de Cristo | Afresco Românico | Basílica
Românica

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3.2 – GÓTICA

No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia
fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social
se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana.
No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a
românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que
conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir
grandes edifícios.

3.2.1- ARQUITETURA
A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica
é a fachada. Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta
um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à
três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves
laterais.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do
estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas
entre os séculos XII e XIV.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos
góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a
luminosidade para o interior da igreja.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame
de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.

3.2.2- ESCULTURA
As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto,
demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e
as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa
reconhecer facilmente a personagem representada.

3.2.3- ILUMINURAS
Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos.
A gravura não fora ainda inventada, ou então é um privilégio da
quase mística China.
Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de
expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos
ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre
as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os
artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as
letras maiúsculas com que se iniciava um texto.
Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas
conclusões:
● a primeira é a compreensão do caráter individualista que a
arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos
possuidores das obras copiadas,
● a segunda é que os artistas ilustradores ao períodos gótico
tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço
30 
 
31 
 

tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que


seus trabalhos acabaram influenciando outros pintores.

3.2.4- PINTURA
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do
século XV, quando começou a ganhar novas características que
prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a
procura do realismo na representação dos seres que compunham as
obras pintadas.

Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros


precursores da pintura do Renascimento (Duocento):

Giotto - a característica principal do seu trabalho foi a identificação


da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum.
E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais
importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de
destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de
uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando
até ganhar plenitude no Renascimento.
Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis
(Itália) e Retiro de São Joaquim entre os Pastores.

Jan Van Eyck - procurava registrar nas suas pinturas os aspectos


da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas
pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar os
detalhes e as paisagens.
Obras destacadas: O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler
Rolin.

IMAGENS
Catedral de Chartres | Escultura Gótica | Políptico Gótico | Catedral
de Siena | Pintura de Giotto | Catedral Gótica | Pintura Gótica |
Flagelação de Cristo | Vitral | Tímpano Gótico

4- IDADE MODERNA

4.1- RENASCIMENTO

O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia


que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga
cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e
incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das
ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo
foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio
espírito do Renascimento. Num sentido amplo, esse ideal pode ser
31 
 
32 
 

entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da


natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que
haviam impregnado a cultura da Idade Média.
Características gerais:
● Racionalidade
● Dignidade do Ser Humano
● Rigor Científico
● Ideal Humanista
● Reutilização das artes greco-romana

4.1.1- ARQUITETURA
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício
baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que
o observador possa compreender a lei que o organiza, de qualquer
ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo
a lei simples do espaço, possui o segredo do edifício” (Bruno Zevi,
Saber Ver a Arquitetura)

Principais características:
Ordens Arquitetônicas
● Arcos de Volta-Perfeita
● Simplicidade na construção
● A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e
passam a ser autônomas

Construções palácios:
● igrejas,
● vilas (casa de descanso fora da cidade),
● fortalezas (funções militares)

O principal arquiteto renascentista:


Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renascentista,
pois foi pintor, escultor e arquiteto. Além de dominar conhecimentos
de Matemática, Geometria e de ser grande conhecedor da poesia de
Dante. Foi como construtor, porém, que realizou seus mais
importantes trabalhos, entre eles a cúpula da catedral de Florença e
a Capela Pazzi.

4.1.2- PINTURA
Principais características:
● Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as
diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos
vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da
geometria.
● Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e
outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão
de volume dos corpos.
● Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem

32 
 
33 
 

como simples observador do mundo que expressa a grandeza


de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio
Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser
compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
● Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
Outra característica da arte do Renascimento, em especial da
pintura, foi o surgimento de artistas com um estilo pessoal,
diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de
liberdade e, consequentemente, pelo individualismo.

Os principais pintores foram:

Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a


possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal de
beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por
isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque
manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas
porque supõem que perderam esse dom de Deus.
Obras destacadas: A Primavera e O Nascimento de Vênus.

Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo expressivo


de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade
mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um
espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar
trabalhos em diversos campos do conhecimento humano.
Obras destacadas: A Virgem dos Rochedos e Monalisa.

Michelângelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do teto da


Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, concebeu e realizou
grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre tantas que
expressam a genialidade do artista, uma particularmente
representativa é a criação do homem.
Obras destacadas: Teto da Capela Sistina e a Sagrada Família

Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento de


ordem e segurança, pois os elementos que compõem seus quadros
são dispostos em espaços amplo, claros e de acordo com uma
simetria equilibrada. Foi considerado grande pintor de “Madonas”.
Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Manhã.

4.1.3- ESCULTURA
Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para
Roma, esta re-adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os
papas deixam o palácio de Latrão e passam a residir no Vaticano.
Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos quais é
Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século XVI.
Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.

Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio.


33 
 
34 
 

Trabalhou em ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua


escultura. Obra destacada: Davi (1,26m) em bronze.

Principais Características:
● Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
● Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
● Profundidade e perspectiva
● Estudo do corpo e do caráter humano

O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos


artistas que nacionalizaram as idéias italianas. São eles:
● Dürer
● Hans Holbein
● Bosch
● Bruegel

Para seu conhecimento

● A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV


(retangular 40 x 13 x 20 altura). E é na própria Capela que se
faz o Conclave: reunião com os cardeais após a morte do Papa
para proceder a eleição do próximo. Possui alareira que
produz:
○ fumaça negra - que o Papa ainda não foi escolhido;
○ fumaça branca - que o Papa acaba de ser escolhido,
e que avisa o povo na Praça de São Pedro, no Vaticano
● Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo
humano maravilhosamente bem, pois tendo dissecado
cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci,
sabia exatamente a posição de cada músculo, cada tendão,
cada veia.
● Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre
as suas invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão
do helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um modelo
de asa-delta, etc.
● Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não
conseguimos desgrudar os olhos do seu olhar, parece que ele
nos persegue. Por que acontece isso? Será que seus olhos
podem se mexer? Este quadro foi pintado, pelo famoso artista
e inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) e qual será
o truque que ele usou para dar esse efeito? Quando se pinta
uma pessoa olhando para a frente (olhando diretamente para
o espectador) tem-se a impressão que o personagem do
quadro fixa seu olhar em todos. Isso acontece porque os
quadros são lisos. Se olharmos para a Monalisa de um ou de
outro lado estaremos vendo-a sempre com os olhos e a ponta
do nariz para a frente, e não poderemos ver o lado do seu
rosto. Aí está o truque: em qualquer ângulo que se olhe a
Monalisa a veremos sempre de frente.
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IMAGENS
A Degola dos Inocentes | Casamento da Virgem | Primavera |
Virgem dos Rochedos | Anunciação | Cristo (Mategna) | Escravo
Atlante | Igreja Santa Maria Pace | Jardim das Delícias | Monalisa |
Nascimento de Vênus | Nossa Senhora Rolim | Os Cambistas |
Piedade | Piedade (Michelangelo) | Pilastras Vaticano | Santa Maria
Fiori | São Jerônimo | Virgem e o Menino |

4.2 – MANEIRISMO

Paralelamente ao renascimento clássico, desenvolve-se em Roma,


do ano de 1520 até por volta de 1610, um movimento artístico
afastado conscientemente do modelo da antiguidade clássica: o
maneirismo (maniera, em italiano, significa maneira). Uma evidente
tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes
começa a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos
cânones clássicos.

Alguns historiadores o consideram uma transição entre o


renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um
estilo, propriamente dito. O certo, porém, é que o maneirismo é
uma conseqüência de um renascimento clássico que entra em
decadência. Os artistas se vêem obrigados a partir em busca de
elementos que lhes permitam renovar e desenvolver todas as
habilidades e técnicas adquiridas durante o renascimento.

Uma de suas fontes principais de inspiração é o espírito religioso


reinante na Europa nesse momento. Não só a Igreja, mas toda a
Europa estava dividida após a Reforma de Lutero. Carlos V, depois
de derrotar as tropas do sumo pontífice, saqueia e destrói Roma.
Reinam a desolação e a incerteza. Os grandes impérios começam a
se formar, e o homem já não é a principal e única medida do
universo.

Pintores, arquitetos e escultores são impelidos a deixar Roma com


destino a outras cidades. Valendo-se dos mesmos elementos do
renascimento, mas agora com um espírito totalmente diferente,
criam uma arte de labirintos, espirais e proporções estranhas, que
são, sem dúvida, a marca inconfundível do estilo maneirista. Mais
adiante, essa arte acabaria cultivada em todas as grandes cidades
européias.

4.2.1- ARQUITETURA
A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de
plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a
cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano
centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se
35 
 
36 
 

dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz


refletem-se não somente na construção em si, mas também na
distribuição da luz e na decoração.

Principais características:
Nas igrejas:
● Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes,
coros com escadas em espiral, que na maior parte das vezes
não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara
singularidade.
● Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de
figuras caprichosas são a decoração mais característica desse
estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares,
lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a
vista.
Nos ricos palácios e casas de campo:
● Formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra
prevalecem sobre o quadrado disciplinado do renascimento.
● A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos
das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo que,
mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a
necessidade de renovação.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI , (1511-1592), Autor de vários projetos


arquitetônicos por toda a Itália, tais como: a construção do túmulo
do conde de Montefeltro, o palácio dos Mantova, a villa na Porta del
Popolo. a fonte da Piazza della Signoria. Seu interesse pela
arquitetura o levou a estudar os tratados de Alberti e Brunelleschi,
com base nos quais planejou uma cidade ideal. De acordo com os
preceitos dos jesuítas, que proibiam o nu nas obras de arte, legou a
eles todos os seus bens.

GIORGIO VASARI, (1511-1574), Vasari é conhecido por sua obra


literária Le Vite (As Vidas), na qual, além de fazer um resumo da
arte renascentista, apresenta um relato às vezes pouco fiel, mas
muito interessante sobre os grandes artistas da época, sem deixar
de fazer comentários mal-intencionados e elogios exagerados. Sob
a proteção de Aretino, conseguiu realizar uma de suas únicas obras
significativas: os afrescos do palácio Cornaro. Vasari também
trabalhou em colaboração com Michelangelo em Roma, na década de
30. Suas biografias, publicadas em 1550, fizeram tanto sucesso que
se seguiram várias edições. Passou os últimos dias de sua vida em
Florença, dedicado à arquitetura.

PALLADIO, (1508-1580), O interesse que tinha pelas teorias de


Vitrúvio se reflete na totalidade de sua obra arquitetônica, cujo
caráter é rigorosamente clássico e no qual a clareza de linhas e a
36 
 
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harmonia das proporções preponderam sobre o decorativo, reduzido


a uma expressão mínima. Somente dez anos depois iria se dedicar à
arquitetura sacra em Veneza, com a construção das igrejas San
Giorgio Maggiore e Il Redentore. Não se pode dizer que Palladio
tenha sido um arquiteto tipicamente maneirista, no entanto, é um
dos mais importantes desse período. A obra de Palladio foi uma
referência obrigatória para os arquitetos ingleses e franceses do
barroco.

4.2.2- PINTURA
É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro
lugar. São os pintores da segunda década do século XV que,
afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo,
procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e
tentando re-valorizar a arte pela própria arte.

Principais características :
● Composição em que uma multidão de figuras se comprime em
espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação
de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera
de tensão permanente.
● Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os
membros bem-torneados do renascimento. Os músculos fazem
agora contorções absolutamente impróprias para os seres
humanos.
● Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de
um drapeado minucioso e cores brilhantes.
● A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras
inadmissíveis.
● Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam
no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura,
onde o olho atento deve, não sem certa
dificuldade,encontrá-lo.

Principal Artista:

EL GRECO, (1541-1614), Ao fundir as formas iconográficas


bizantinas com o desenho e o colorido da pintura veneziana e a
religiosidade espanhola. Na verdade, sua obra não foi totalmente
compreendida por seus contemporâneos. Nascido em Creta,
acredita-se que começou como pintor de ícones no convento de
Santa Catarina, em Cândia. De acordo com documentos existentes,
no ano de 1567 emigrou para Veneza, onde começou a trabalhar no
ateliê de Ticiano, com quem realizou algumas obras. Depois de
alguns anos de permanência em Madri ele se estabeleceu na cidade
de Toledo, onde trabalhou praticamente com exclusividade para a
corte de Filipe II, para os conventos locais e para a nobreza
toledana. Entre suas obras mais importantes estão O Enterro do
Conde de Orgaz, a meio caminho entre o retrato e a espiritualidade
37 
 
38 
 

mística. Homem com a Mão no Peito, O Sonho de Filipe II e O


Martírio de São Maurício. Esta última lhe custou a expulsão da corte.

4.2.3- ESCULTURA
Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por
Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito
intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em
resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura.
Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as
superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes,
elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do
espírito maneirista.

Principais características:
● A composição típica desse estilo apresenta um grupo de
figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio
aparentemente frágil, as figuras são unidas por contorções
extremadas e exagerado alongamento dos músculos.
● O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade
de posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a
reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando
a composição geral da peça e a graciosidade de todo o
conjunto.

Principais Artistas:

BARTOLOMEO AMMANATI, (1511-1592), Realizou trabalhos em


várias cidades italianas. Decorou também o palácio dos Mantova e o
túmulo do conde da cidade. Conheceu a poetisa Laura Battiferi, com
quem se casou, e juntos se mudaram para Roma a pedido do papa
Júlio II, que incumbiu-o da construção de sua villa na Porta del
Popolo. Começaram assim seus primeiros passos como arquiteto.
No ano de 1555, com a morte do papa, voltou para Florença, onde
venceu um concurso para a construção da fonte da Piazza della
Signoria. Seu interesse pela arquitetura o levou a estudar os
tratados de Alberti e Brunelleschi, com base nos quais planejou
uma cidade ideal. De acordo com os preceitos dos jesuítas, que
proibiam o nu nas obras de arte, legou a eles todos os seus bens.

GIAMBOLOGNA, (1529-1608), De origem flamenga, Giambologna


deu seus primeiros passos como escultor na oficina do francês
Jacques Dubroecq. Poucos anos depois mudou-se para Roma, onde
se supõe que teria colaborado com Michelangelo em muitas de suas
obras. Estabeleceu-se finalmente em Florença, na corte dos Medici.
O Rapto das Sabinas, Mercúrio, Baco e Os Pescadores estão entre
as obras mais importantes desse período. Participou também de um
concurso na cidade de Bolonha, para o qual realizou uma de suas
mais célebres esculturas, A Fonte de Netuno.Trabalhou com igual
maestria a pedra calcária e o mármore e foi grande conhecedor da
38 
 
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técnica de despejar os metais, como demonstram suas esculturas


de bronze. Giambologna está para o maneirismo como Michelangelo
está para o renascimento.

IMAGENS
Apresentação de Jesus no Templo | Basílica (Palladio) | Bibliotecário
| Eva com a Maça | Igreja Redentor | Laoconte | O Fogo | Palácio
Uffizi | Pátio Palácio Pitti | Ponte Trinitá

4.3 – BARROCO

A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a


irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao
continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e
espanhóis.
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a
razão ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas
procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca
predominam as emoções e não o racionalismo da arte
renascentista.

É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O homem se


coloca em constante dualismo:
● Paganismo X Cristianismo e
● Espírito X Matéria.

Suas características gerais são:


● emocional sobre o racional;
● busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas,
contracurvas, colunas retorcidas;
● entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
● violentos contrastes de luz e sombra;
● pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a
impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade
conseguida.

4.3.1- PINTURA
Características da pintura barroca:
● Composição em diagonal
● Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos
sentimentos)
● Realista, abrangendo todas as camadas sociais

Dentre os pintores barrocos italianos:


Caravaggio - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo
revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da
39 
 
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luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a


atenção do observador.
Obra destacada: Vocação de São Mateus.
Andrea Pozzo - realizou grandes composições de perspectiva nas
pinturas dos tetos das igrejas barrocas, causando a ilusão de que
as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se
abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para
a santidade.
Obra destacada: A Glória de Santo Inácio.

A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores


mais representativos, de outros países da Europa, temos:

Velázquez - além de retratar as pessoas da corte espanhola do


século XVII procurou registrar em seus quadros também os tipos
populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol
num dado momento da história.
Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.

Rubens (espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou


por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos
corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus
quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as cores
quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a
luminosidade da pele clara das figuras humanas.
Obra destacada: O Jardim do Amor.

Rembrandt (holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros


deste pintor não é propriamente o contraste entre luz e sombra,
mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que
envolvem áreas de luminosidade mais intensa.
Obra destacada: Aula de Anatomia.

4.3.2- ESCULTURA
Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do
dourado. Os gestos e os rostos das personagens revelam emoções
violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no
Renascimento.

Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de


suas obras serviram de elementos decorativos das igrejas, como,
por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na
Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de
Santa Teresa.

Para seu conhecimento :

Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para


40 
 
41 
 

designar pérolas de forma irregular.

IMAGENS
Lição de Anatomia do Dr. Tulp | A Ronda Noturna | Mulher
Banhando-se num Córrego | O Bobo da Corte Sebastián de Morra |
Vênus ao Espelho | Os Síndicos da Corporação de Tecelões de
Amsterdam | As Meninas | A Chegada de Maria de Médicis a
Marselha | Retrato de Susanna Fourment | ACabeça de uma Criança

4.4 – ROCOCÓ

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como


desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e
usado inicialmente em decoração de interiores.

Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura


disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da
reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na
parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.

Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida


cortesã (as fêtes galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao
teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização
naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.

O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado",


técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizadas
originariamente na decoração de grutas artificiais.

Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.

Características gerais:
● Uso abundante de formas curvas e pela profusão de
elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores.
● Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro,
frivolidade e exuberante.

4.4.1- ARQUITETURA
Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal
corrente da arte e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos
do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma
para Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre
Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.

Principais características:
41 
 
42 
 

● Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa


inundou os interiores por meio de numerosas janelas e o
relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
● A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno
foi unificado, com maior graça e intimidade.

Principal Artista:

Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia


beneditina de Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre
do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera.
Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.

4.4.2- ESCULTURA
Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário
do que ocorreu na arquitetura, não é possível traçar uma clara linha
divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer
estilisticamente.

Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da


arquitetura que se manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos
coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência
própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio
geral da decoração interior das igrejas.

Principais Artistas:

Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão,


membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no
estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande
tamanho, obras-primas dos interiores rococós.

Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores


representantes do estilo rococó na Alemanha. Suas esculturas eram
em geral feitas em madeira e a seguir policromadas. "Anunciação",
"Anjo da guarda", "Pietà".

4.4.3- PINTURA
Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes
decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura
francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o
predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa,
apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica
de Rubens.

Principais Artistas:

Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se


42 
 
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converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que


durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do
artista para a pintura do século XIX.

François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e


maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes
sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a
solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó.
Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande
perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de
Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").

Jean-Honoré Fragonard, (1732-1806), desenhista e retratista de


talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor
e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos
últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte
alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do
impressionismo.

IMAGENS
Banhistas | Carta de Amor | Embarque Citera | Igreja Ottobeuren |
Personagens de Comédia Italiana

5- CONTEMPORÂNEA

5.1 – NEOCLÁSSICO

Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do


século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações
dos artistas europeus. Trata-se do Academicismo ou
Neoclassicismo, que expressou os valores próprios de uma nova e
fortalecida burguesia, que assumiu a direção da Sociedade européia
após a Revolução Francesa e principalmente com o Império de
Napoleão.

Principais características:
● retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos
greco-latinos;
● academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos
modelos e às regras ensinadas nas escolas
● ou academias de belas-artes;
● arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro
culto à teoria de Aristóteles.

5.1.1- ARQUITETURA
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Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura


neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos ou o
das edificações do Renascimento italiano. Exemplos dessa
arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, transformada depois no
Panteão Nacional, em Paris, e a Porta do Brandemburgo, em Berlim.

5.1.2- PINTURA
A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura
clássica grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em
Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição.

Características da pintura:
● Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.
● Exatidão nos contornos
● Harmonia do colorido

Os maiores representantes da pintura neoclássica são, sem dúvida,

Jacques-Louis David - foi considerado o pintor da Revolução


Francesa, mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império de
Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos
ligados à vida do imperador. Suas obras geralmente expressam um
vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções.
Obra destacada: Bonaparte atravessando os Alpes e Morte de Marat

Ingres - sua obra abrange, além de composições mitológicas e


literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos
retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres soube registrar
a fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no
gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade.
Obra destacada: Banhista de Valpinçon.

Para seu conhecimento


Forte influência da arquitetura neoclássica foi a descoberta
arqueológica de Pompéia. Diante daquelas construções, num erro
de interpretação, os historiadores de arte acreditavam que os
edifícios gregos eram recobertos com mármore branco, ocasionando
a construção de tantos edifícios brancos. Exemplo: Casa Branca dos
Estados Unidos.

5.2 – ROMÂNTICA

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e


culturais causadas pela Revolução Industrial e pela Revolução
Francesa do final do século XVIII. Do mesmo modo, a atividade
artística tornou-se complexa.
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Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções


acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista.
Características gerais:
● a valorização dos sentimentos e da imaginação;
● o nacionalismo;
● a valorização da natureza como princípios da criação artística;
e
● os sentimentos do presente.

5.2.1- ARQUITETURA
Característica principal da arquitetura:
● Revaloriza-se o gótico, considerado estilo genuinamente
europeu.

Obra Destacada: Edifício do Parlamento Inglês

5.2.2- PINTURA
Características da pintura:
● Aproximação das formas barrocas
● Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo
ao observador
● Valorização das cores, claro-escuro
● Dramaticidade

Temas da pintura:
● Fatos reais da história nacional e contemporânea da vida dos
artistas
● Natureza revelando um dinamismo equivalente as emoções
humanas
● Mitologia Grega

Principais artistas:

Goya - trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da


corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a
ação incompreensível de monstros, cenas históricas e as lutas pela
liberdade.
Obra destacada: Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808.

Turner - representou grandes movimentos da natureza, mas por


meio do estudo da luz que a natureza reflete, procurou descrever
uma certa atmosfera da paisagem. Uma das primeiras vezes que a
arte registra a presença da máquina (locomotiva).
Obras destacadas: Chuva, Vapor e Velocidade e O Grande Canal,
Veneza.

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Delacroix - suas obras apresentam forte comprometimento


político, e o valor da pintura é assegurada pelo uso das cores, das
luzes e das sombras, dando-nos a sensação de grande
movimentação. Representava assuntos abstratos personificando-os.
Obras destacadas: A Liberdade guiando o povo e Agitação de
Tânger.

IMAGENS
Auto-Retrato | A Barca de Dante | A Maja Desnuda | A Liberdade
Guiando o Povo | A Mulher do Leque | Com Razão ou Sem Ela | A
Morte de Sardanápalo | A Sombrinha

5.3 – REALISTA

Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura


francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se
desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades.
O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento
científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza,
convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas
criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e
emotivas da realidade.

São características gerais:


● o cientificismo
● a valorização do objeto
● o sóbrio e o minucioso
● a expressão da realidade e dos aspectos descritivos

5.3.1- ARQUITETURA
Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às
novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As
cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de
fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas,
escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para
a nova burguesia.

Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje


logotipo da "Cidade Luz".

5.3.2- ESCULTURA
Auguste Rodin - não se preocupou com a idealização da realidade.
Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além
disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos,
assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua
característica principal é a fixação do momento significativo de um
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gesto humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O
Pensador.

5.3.3- PINTURA
Características da pintura;
● Representação da realidade com a mesma objetividade com
que um cientista estuda um fenômeno da natureza.
● Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois
a beleza está na realidade tal qual ela é.
● Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da
realidade

Temas da pintura:
● Politização
● Pintura social denunciando as injustiças e as imensas
desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência
da burguesia.

Principais pintores:

Courbet - foi considerado o criador do realismo social na pintura,


pois procurou retratar em suas telas temas da vida cotidiana,
principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia
particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da
sociedade no século XIX. Courbet dizia: "Sou democrata,
republicano, socialista, realista, amigo da verdade e verdadeiro"
Obra destacada: Moças Peneirando o Trigo.

Jean-François Millet, sensível observador da vida campestre, criou


uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação atávica
(características de ascendentes remotos) do homem com a terra. Foi
educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela
natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos
desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van
Gogh. É o caso, por exemplo, "Angelus".

IMAGENS
Pintura da Igreja de Gréville | As Respingadeiras | Honoré de Balzac
| A Jovem Mãe | O Beijo | Os Burgueses de Calais | Angelus |
Enterro em Ornans | O Atelie do Artista | Auto-Retrato

5.4 – IMPRESSIONISMO

O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou


profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte
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do século XX. Havia algumas considerações gerais, muito mais


práticas do que teóricas, que os artistas seguiam em seus
procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizaram
a pintura impressionista.

Principais Características:
● A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos
adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento,
pois as cores da natureza se modificam constantemente,
dependendo da incidência da luz do sol.
● As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma
abstração do ser humano para representar imagens.
● As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a
impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas,
como os pintores costumavam representá-las no passado.
● Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo
com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo
próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de
sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado
pelos pintores barrocos.
● As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura
das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras
e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o
observador que, ao admirar a pintura, combina as várias
cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de
ser técnica para se óptica.

A primeira vez que o público teve contato com a obra dos


impressionistas foi numa exposição coletiva realizada em Paris, em
abril de 1874. Mas o público e a crítica reagiram muito mal ao novo
movimento, pois ainda se mantinham fiéis aos princípios
acadêmicos da pintura.

Principais artistas:

Monet - incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou


vários motivos em diversas horas do dia, afim de estudar as
mutações coloridas do ambiente com sua luminosidade.
Obras Destacadas: Mulheres no Jardim e a Catedral de Rouen em
Pleno Sol.

Renoir - foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade


e chegou mesmo a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida.
Seus quadros manifestam otimismo, alegria e a intensa
movimentação da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o
corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e
sensualidade, preferia os nus ao ar livre, as composições com
personagens do cotidiano, os retratos e as naturezas mortas.
Obras Destacadas: Baile do Moulin de la Galette e La Grenouillière.
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Degas - sua formação acadêmica e sua admiração por Ingres


fizeram com que valorizasse o desenho e não apenas a cor, que era
a grande paixão do Impressionismo. Além disso, foi pintor de
poucas paisagens e cenas ao ar livre. Os ambientes de seus
quadros são interiores e a luz é artificial. Sua grande preocupação
era flagrar um instante da vida das pessoas, aprender um momento
do movimento de um corpo ou da expressão de um rosto. Adorava o
teatro de bailados.
Obra Destacada: O Ensaio.

Seurat - Mestre no pontilhismo. Obra Destacada: Tarde de Domingo


na Ilha Grande Jatte.

Visconti (Brasileiro) - ele já não se preocupa mais em imitar


modelos clássicos; procura, decididamente, registrar os efeitos da
luz solar nos objetivos e seres humanos que retrata em suas telas.
Ganhou uma viagem à Europa, onde teve contato com a obra dos
impressionistas. A influência que recebeu desses artistas foi tão
grande que ele é considerado o maior representante dessa
tendência na pintura brasileira.
Obra destacada: Trigal.

Para seu conhecimento


● O quadro Mulheres no Jardim, de Monet, foi pintado
totalmente ao ar livre e sempre com a luz do sol. São cenas
do jardim da casa do artista.
● O movimento impressionista foi idealizado nas reuniões com
seus principais pintores e elas aconteciam no estúdio
fotográfico de Nadar, na Rue de Capucines, Paris.

IMAGENS
Monet 1 | Monet 2 | Ensaio | Nenúfares | O Palco | Final de Um
Arabesco | Bailarina Diante da Janela | As Bailarinas Verdes |
Bailarina Espanhola | Duas Lavadeiras | Bailarina Vestida em
Repouso | A Ponte de Argenteuil | As Escarpas de Etretat | As
Amapolas | O Tanque das Niféias | Impressão, Sol Nascente

5.5- EXPRESSIONISMO

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura


dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos.
Utilizando cores patéticas, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao
medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a
figura, para ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais.

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Principais características:
● pesquisa no domínio psicológico;
● cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
● dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
● pasta grossa, martelada, áspera;
● técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e
refazendo, empastando ou provocando explosões;
● preferência pelo patético, trágico e sombrio

OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses


pintores o movimento ”Pós Impressionista”. Os pintores não
queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-los
mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa
designação.

Principais artistas:

Gauguin - Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com


os pais para a França, mais precisamente para Orléans. Em 1887
entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de valores.
Aos 35 anos tomou a decisão mais importante de sua vida:
dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de
viagens e boemia, que resultou numa produção artística singular e
determinante das vanguardas do século XX. Sua obra, longe de
poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a
de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar disso, é verdade que
teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo
Navis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma
forma de pensar a pintura como filosofia de vida. Suas primeiras
obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que
ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a
qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo
Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície,
quase decorativamente.No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti,
em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da
Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do
lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto,
segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor
adquire mais preponderância representada pelos vermelhos
intensos, amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris,
realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou
ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Obra
Destacada: Jovens Taitianas com Flores de Manga.

Cézanne - sua tendência foi converter os elementos naturais em


figuras geométricas - como cilindros, cones e esferas - acentua-se
cada vez mais, de tal forma que se torna impossível para ele recriar
a realidade segundo “impressões” captadas pelos sentidos.
Obras Destacadas: Castelo de Médan e Madame Cézanne
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Van Gogh - empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres


humanos e da natureza através da cor, que para ele era o elemento
fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se
pelo trabalho de Gauguin, principalmente pela sua decisão de
simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar
zonas de cores bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para
Arles, cidade do sul da França, onde passou a pintar ao ar livre. O
sol intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele
libertou-se completamente de qualquer naturalismo no emprego das
cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então
pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas
tinham para ele a função de representar emoções. Entretanto ele
passou por várias crises nervosas e, depois de internações e
tratamentos médicos, dirigiu-se, em maio de 1890, para Anvers,
uma cidade tranqüila ao norte da França. Nessa época, em três
meses apenas, pintou cerca de oitenta telas com cores fortes e
retorcidas. Em julho do mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma
obra plástica composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e dez
gravuras. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo público nem pelo
críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros passos em
direção à arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a
beleza dos seres por meio de uma explosão de cores. Obras
Destacadas: Trigal com Corvos e Café à Noite.

Toulouse-Lautrec - Pintava temas pertencentes à vida noturna de


Paris, e também foi responsável pelos cartazes das artistas que se
apresentavam no Moulin Rouge. Boêmio, morreu jovem.
Obra Destacada: Ivette Guilbert que Saúda o Público.

Munch - foi um dos primeiros artistas do século XX que conseguiu


conceder às cores um valor simbólico e subjetivo, longe das
representações realistas. Seus quadros exerceram grande influência
nos artistas do grupo Die Brücke, que conheciam e admiravam sua
obra. Nascido em Loten, Noruega, Munch iniciou sua formação na
cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a
Paris, na qual conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh. Em
seu regresso, foi convidado a participar da exposição da
Associação de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se
especializar em gravações e litografias, realizando trabalhos para a
Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos
Independentes. A partir de 1907, morou na Alemanha, onde, além
de exposições, realizou cenários. Passou seus últimos anos em
Oslo, na Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito
(1889). O Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os
artistas ligados a essa tendência. Nela a figura humana não
apresenta sua linhas reais mas contorce-se sob o efeito de suas
emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal
da ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura
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que se abre num grito perturbador.

Kirchner - foi um dos fundadores do grupo de pintura


expressionista Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o
pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de
sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim
de manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído
seus estudos de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner
continuou sua formação na cidade de Munique. Pouco tempo depois
reuniu-se com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com
os quais, motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die
Brücke (A Ponte, numa referência à frase do escritor: “...a ponte que
conduz ao super-homem”). Veio então a época em que os pintores
se reuniam numa casa de veraneio em Moritzburg e se dedicavam
apenas ao que mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os
quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como cenas
circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a
guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se
recuperaram do ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa
ao pé dos Alpes. Quando finalmente sua contribuição para a arte
alemã foi reconhecida, foi nomeado membro da academia de Berlim,
em 1931, para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua
obra ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura.
Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica uma
realidade de pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado
pelos desastres da guerra, seus quadros se transformaram num
amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto
de uma profunda tristeza.No final de 1938 o pintor pôs fim à própria
vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos museus de
arte moderna mais importantes da Alemanha.

Paul Klee - considerado um dos artistas mais originais do


movimento expressionista. Convencido de que a realidade artística
era totalmente diferente da observada na natureza, este pintor
dedicou-se durante
toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e
espírito. A exemplo de Kandinski, Klee estudou com o mestre Von
Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em
contato com os pintores da Nova Associação de Artistas e
finalmente uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter. Em
1912 viajou para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria
de vital importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: "A
cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento". Mas a
grande descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira
viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos
arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do pintor.
Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter
quase surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e
sonhos". Entre eles merecem ser mencionados Anatomia de
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Afrodite, Demônios, Flores Noturnas e Villa R. Depois de lutar


durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao
grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris,
na primeira exposição dos surrealistas. Paralelamente, começou a
trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na escola da
Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua
última exposição em vida aconteceu em Basiléia, em 1940. Além de
sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos escritos que
resumem seu pensamento artístico.

Amadeo Modigliani - iniciou sua formação como pintor no ateliê de


Micheli, em Livorno, sua cidade natal. Em 1902 entrou na Academia
de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três anos depois
mudou-se para Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi.
Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo, Picasso e
Braque. Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá
conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras
esculturas motivado pelas peças de arte africana chegadas à França
das colônias. Esse aspecto de máscara foi uma das constantes nos
seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os
cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a
revalorização da cor e o estudo das formas puras. Sua visão tão
subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas cores o
aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas franceses,
composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem
dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo
misteriosa, pertence, juntamente com a dos mestres Cézanne e Van
Gogh, para citar alguns, à dos gênios solitários.

IMAGENS
A sesta | O funcionário dos correios | A casa de Vincent em Arles |
A ansiedade | Ator | Auto retrato - Munch | Banhistas sob as
árvores | A cama do defunto | Cinco mulheres na rua | Eros e Psiquê
| Jacques Lipchetz e sua mulher | Auto retrato com modelo |
Leopold Zborowski | A morte no quarto da doente | Natureza morta
| Nu deitado | O peixe dourado | Pequeno porto | Retrato de Chaim
Soutine | Retrato de moça | Rua de Dresden | Senecio | Vapor e
veleiros | A voz

5.6- CUBISMO

Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois


para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se
fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram
mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com
todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem
abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em
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relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os


objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a
aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões,
numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio
de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos
ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno
deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo,
percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
● geometrização das formas e volumes;
● renúncia à perspectiva;
● o claro-escuro perde sua função;
● representação do volume colorido sobre superfícies planas;
● sensação de pintura escultórica;
● cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por
um ocre apagado ou um castanho suave.

O cubismo se divide em duas fases:


● Cubismo Analítico - caracterizado pela desestruturação da
obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em
partes, o artista registra todos os seus elementos em planos
sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura,
examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante,
através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres
foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de
qualquer figura nas pinturas cubistas.
● Cubismo Sintético - reagindo à excessiva fragmentação dos
objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa
tendência procurou tornar as figuras novamente
reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz
letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e
até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser
explicada pela intenção do artista em criar efeitos plásticos e
de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura
sugere, despertando também no observador as sensações
táteis.

Principais artistas:

Picasso - tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até


próximo à sua morte passou por diversas fases. Entretanto, são
mais nítidas a fase azul, que representa a tristeza e a melancolia
dos mais pobres, e a fase rosa em que pinta acrobatas e arlequins.
Depois de descobrir a arte africana e compreender que o artista
negro não pinta ou esculpe de acordo com as tendências de um
determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito
maior, Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em
1907, com a obra Les Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a
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estética cubista que, como vimos anteriormente, se fundamenta na


destruição de harmonia clássica das figuras e na decomposição da
realidade. Podemos destacar, também o mural Guernica, que
representa, com veemente indignação, o bombardeio da cidade
espanhola de Guernica, responsável pela morte de grande parte da
população civil formada por crianças, mulheres e trabalhadores,
durante a Guerra Espanhola.
Outra obra destacada: O Poeta.

Braque - um artista que passou pela fase do cubismo analítico e


sintético. Obra destacada: Mulher com Violão.

Dos artistas brasileiros destacamos:

Tarsila do Amaral - apesar de não ter exposto na Semana de 22,


colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna
brasileira, pois produziu uma obra indicadora de novos rumos. Em
1928 deu início a uma fase chamada antropofágica. A ela pertence a
tela Abaporu cujo nome, segundo a artista é de origem indígena e
significa “antropófago”. Também usou de temática social nos seus
quadros como na tela Operários.

Rego Monteiro - um dos primeiros artistas brasileiros a realizar


uma obra dentro da estética cubista. Estudou em Paris, depois da
Semana de Arte Moderna, sua vida alternou-se entre a França e o
Brasil. Foi reconhecido também naquele país, tem seus quadros
dentro do acervo de alguns importantes museus.
Obra destacada: Pietà.

IMAGENS

Pablo Picasso 1 | Pablo Picasso 2 | Georges Braque

5.7- ABSTRACIONISMO

A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e


o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que
esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação
de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o
pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade
visível, ela passa a ser abstrata.

O Abstracionismo apresenta várias fases, desde a mais sensível até


a intelectualidade máxima.

Abstracionismo Informal ou Sensível, predominam os sentimentos


e emoções. As cores e as formas são criadas livremente. Na
Alemanha surge o movimento denominado "Der blaue Reiter" (O
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Cavaleiro Azul) cujos fundadores são os Kandinsky, Franz Marc e


Paul Klee. Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua
expressividade maior. Estes artistas se aprofundam em pesquisas
cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura,
através das tonalidades e matizes obtidos. Eles querem um
expressionismo abstrato, sensivel e emotivo. Com a forma, a cor e
alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores,
sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior. Estes elementos
da composição devem ter uma unidade e harmonia, tal qual uma
obra musical.

Principais Artistas:

WASSILY KANDINSKY (1866-1944), pintor russo, antes do


abstracionismo participou de vários movimentos artísticos como
impressionismo, atravessou uma curta fase fauve e expressionismo.
Escreveu livros, como em 1911, Sobre o espiritual na arte, em que
procurou apontar correspondências simbólicas entre os impulsos
interiores e a linguagem das formas e cores, e em 1926, Do ponto e
da linha até a superfície, explicação mais técnica da construção e
inventividade da sua arte. Dezenas de suas obras foram confiscadas
pelos nazistas e várias delas expostas na mostra de "Arte
Degenerada".

PAUL KLEE (1879-1940), pintor suiço, capaz de aliar o rigor


artesanal a uma absoluta liberdade de invenção, surpreende sempre
pela multiplicidade de formas, desde composições em que se
insinua a representação figurativa até fascinantes experiências com
formas puras e inusitadas. Sua obra possui uma sistemática
rigorosa, são constantes as oposições entre ângulos retos na maior
parte de suas obras construtivistas e, em contraste, as
sinuosidades predominantes em outros quadros, como ainda se
alternam os estudos de perspectiva e os de pura plasticidade
bidimensional, ou o jogo entre as imagens de pura linha e os
contrastes cromáticos. O artista deixou vários textos críticos e seus
famosos Diários.

FRANZ MARC (1880-1916), pintor alemão, apaixonado pela arte


dos povos primitivos, das crianças e dos doentes mentais, o pintor
alemão Marc escolheu como temas favoritos os estudos sobre
animais, conheceu Kandinski, sob a influência deste, convenceu-se
de que a essência dos seres se revela na abstração. A admiração
pelos futuristas italianos imprimiram nova dinâmica à obra de Marc,
que passou a empregar formas e massas de cores brilhantes
próprias da pintura cubista. Os nazistas destruíram várias de suas
obras. As que restaram estão conservadas no Museu de Belas-Artes
de Liège, no Kunstmuseum, em Basiléia, na Städtische Galarie im
Lembachhaus, em Munique, no Walker Art Center, em Minneapolis,
e no Guggenheim Museum, em Nova York.
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5.7.1- SUPREMATISMO
É uma pintura com base nas formas geométricas planas, sem
qualquer preocupação de representação. Os elementos principais
são: retângulo, círculo, triângulo e a cruz. O manifesto do
Suprematismo, assinado por Malevitch e Maiakovski, poeta russo,
foi um dos principais integrantes do movimento futurista em seu
país, defendia a supremacia da sensibilidade sobre o próprio
objeto.
Mais racional que as obras abstratas de Kandisky e Paul Klee, reduz
as formas, à pureza geométrica do quadrado. Suas características
são rígidas e se baseiam nas relações formais e perceptivas entre a
forma e a cor. Pesquisa os efeitos perceptivos do quadrado negro
sobre o campo branco, nas variações ambíguas de fundo e forma.

Principal Artista:

KAZIMIR MALEVITCH (1878-1935), pintor russo. Fundador da


corrente suprematista, que levou o abstracionismo geométrico à
simplicidade extrema. foi o primeiro artista a usar elementos
geométricos abstratos. Procurou sempre elaborar composições puras
e cerebrais, destituídas de toda sensualidade. O "Quadro negro
sobre fundo branco" constituiu uma ruptura radical com a arte da
época. Pintado entre 1913 e 1915, compõe-se apenas de dois
quadrados, um dentro do outro, com os lados paralelos aos da tela.
A problemática dessa composição seria novamente abordada no
"Quadro branco sobre fundo branco" (1918), hoje no Museu de Arte
Moderna de Nova York.

5.7.2- CONSTRUTIVISMO OU ABSTRACIONISMO


GEOMÉTRICO
Onde as cores e as formas são organizadas de maneira que a
composição resulte apenas a expressão de uma concepção
geométrica.

Principal Artista:

PIET MONDRIAN (1872-1944), pintor holandês, desenvolveu uma


nova fase da arte abstrata: o neoplasticismo. Depois de haver
participado da arte cubista, continua simplificando suas formas até
conseguir um resultado, baseado nas proporções matemáticas
ideais, entre as relações formais de um espaço estudado. O artista
utiliza, como elemento de base, uma superfície plano, retangular e
as três cores primárias: vermelho, azul e amarelo - com um pouco
de preto e branco. Essas superfícies coloridas são distribuídas e
justapostas buscando uma arte pura. Ele procura, pesquisa e
consegue um equilíbrio da composição perfeito, despojado de todo
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excesso da cor, da linha ou da forma. Em 1940 Mondrian foi para


Nova York, onde realizou a última fase de sua obra: desapareceram
as barras negras e o quadro ficou dividido em múltiplos retângulos
de cores vivas. É a série dos quadros boogie-woogie.

A arte do néo-plasticismo de Mondrian vai ter uma influência


considerável na arquitetura e no desenho gráfico do século XX.

5.7.3- ARTE ABSTRATA AMERICANA


Em 1937, funda-se nos Estados Unidos, a Sociedade dos Artistas
Abstratos. O abstracionismo cresce e se desenvolve nas Américas,
chegando à criação de um estilo original. É a "Action Painting" ou
pintura de ação gestual, criada por Jackson Pollock nos anos de
1947 a 1950.

Características da Pintura:
● Compreensão da pintura como meio de emoções intensas.
● Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e
automatismo.
● Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis,
trincha, espátulas, etc.
● Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas
enormes, utilizando tinta à óleo, duco, pasta espessa de
areia, vidro moído.

Principais Artistas:

JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor americano, introduziu nova


modalidade na técnica, gotejando (dripping) as tintas que escorrem
de recipientes furados intencionalmente, numa execução veloz, com
gestos bruscos e impetuosos, borrifando, manchando, pintando a
superfície escolhida com resultados extraordinários e fantásticos,
algumas vezes realizada diante do público. Desenvolveu pesquisas
sobre pintura aromática. Nos últimos trabalhos nessa linha, o
artista usou materiais como pregos, conchas e pedaços de tela,
misturavam-se às camadas de tinta para dar relevo à textura. Usou
freqüentemente tintas industriais, muitas delas usadas na pintura
de automóveis.

HANS HARTUNG (1904-1989), Pintor francês nascido na Alemanha.


Um dos principais representantes do expressionismo abstrato na
Europa. Conhecido sobretudo pelo emprego de delicadas linhas
negras em fundos coloridos. Grande prêmio da Bienal de Veneza de
1960. Uma das influências mais fortes é Kandinski. Para ele, a
liberdade é conquistada pelo esforço do pintor, que faz da própria
mão um "pensamento em ação". Em seus quadros, é bem visível
essa liberdade interior e Hartung dá aos pretos diferenças de
intensidade, transparência e consistência.

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IMAGENS
Manube Mabe | Antonio Bandeira | Alexander Calder | Kandinski 1 |
Kandinski 2 | Samson Flexor | Kazimir Malevitch | Naum Gabo |
Alfredo Volpi 1 | Alfredo Volpi 2

5.8- FAUVISMO

Em 1905, em Paris, no Salão de Outono, alguns artistas foram


chamados de fauves (em português significa feras), em virtude da
intensidade com que usavam as cores puras, sem misturá-las ou
matizá-las. Quem lhes deu este nome foi o crítico Louis Vauxcelles,
pois estavam expostas um conjunto de pinturas modernas ao lado
de uma estatueta renascentista.

Os princípios deste movimento artístico eram:


● Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com
sentimentos.
● Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias.
● A cor pura deve ser exaltada.
● As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir
as sensações elementares, no mesmo estado de graça das
crianças e dos selvagens.

Características da pintura:
● Pincelada violente, expontânea e definitiva;
● Ausência de ar livre;
● Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é
subjetiva, não correspondendo à realidade;
Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
● Pintura por manchas largas, formando grandes planos;

Principais Artistas:

MAURICE DE VLAMINCK (1876-1958), pintor francês, foi o mais


autêntico fauvista, dizia: "Quero incendiar a Escola de Belas Artes
com meus vermelhos e azuis." Adotou mais tarde estilo entre
expressionista e realista.

ANDRÉ DERAIN (1880-1954), pintor francês, dizia: "As cores


chegaram a ser para nós cartuchos de dinamite." Por volta de 1900,
ligou-se a Maurice de Vlaminck e a Matisse, com os quais se tornou
um dos principais pintores fauvistas. Nessa fase, pintou figuras e
paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços
impulsivos e a pinceladas descontínuas para obter suas
composições espontâneas. Após romper com o fauvismo, em 1908,
sofreu influências de Cézanne e depois do cubismo. Na década de
1920, seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam adquirido uma
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entonação neoclássica, com o gradual desaparecimento da


gestualidade espontânea das primeiras obras. Seu estilo, desde
então, não mudou.

HENRI MATISSE (1869-1954), pintor francês, Nas suas pinturas ele


não se preocupa como realismo, tanto das figuras como das suas
cores. O que interessa é a composição e não as figuras em si, como
de pessoas ou de naturezas-mortas. Abandonou assim a
perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito de claro-escuro para
tratar a cor como valor em si mesma. Dos pintores fauvistas, que
exploraram o sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir
para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem
profundidade. Foi, também, escultor, ilustrador e litógrafo.

RAOUL DUFY (1877-1953), pintor, gravador e decorador francês.


Contrastes tonais e a geometrização da forma caracterizaram sua
obra. Impressionista a princípio, evoluiu gradativamente para o
fauvismo, depois de travar contato com Matisse. Morreu um ano
depois de receber o prêmio de pintura da bienal de Veneza.

5.9- CONTRUTIVISMO

Trata-se de um abstrato geométrico que busca movimento


perspectivo vibratório através das cores e linhas. É a síntese das
teorias abstratas e científicas da arte moderna. É uma pintura em
duas dimensões.

Artista destacado:

Mondrian - ele buscava o que existe de constante nos seres,


apesar de eles parecerem diferentes; cada coisa, seja ela uma casa,
uma árvore ou uma paisagem, possui uma essência que está por
trás de sua aparência. E as coisas, em sua essência, estão em
harmonia no Universo. O papel do artista, para ele, seria revelar
essa essência oculta e essa harmonia universal.
Obras Destacadas: Árvores em Flor e Composição.

IMAGENS
Kazimir Malevitch | Naum Gabo | Alfredo Volpi 1 | Alfredo Volpi 2

5.10- SURREALISMO

Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos


de FREUD e as incertezas políticas criaram um clima favorável para
o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a
frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais
complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira
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fantasiosa na realidade.

O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da


representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem
ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De
Chirico. Este movimento artístico surge todas às vezes que a
imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico,
o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo
real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser
tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a
aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o
controle. A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por
André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o
nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos
sentimentos humanos e do instinto como ponto de partida para uma
nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem
tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e
encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e
externa são percebidas totalmente isentas de contradições. A livre
associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise
freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do
surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do
automatismo, ou seja, qualquer forma de expressão em que a
mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas
tentavam
plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas
simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano:
o subconsciente.

Principais artistas

Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas


surrealistas. Estudou em Barcelona e depois em Madri, na Academia
de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca
e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de
Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente
aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta.
Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se
interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao
longo de toda a sua obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi
fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e
se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O
filme O Cão Andaluz, que fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o
conceito de “paranóia critica“ para referir-se à atitude de quem
recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é
preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos
anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes
mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse
viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma
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viagem para a América, onde publicou sua biografia A Vida Secreta


de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente
em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo
Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à
construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu
esculturas e desenho de jóias e móveis.
Obra Destacada: Mae West.

Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja,


em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco
Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas
franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois
com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante
algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão
voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos
pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois
anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em seu
desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou
uma grande precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou
radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo e
se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios
solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de
Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras
na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se
apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se
dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas
inquietações pictóricas. Obra Destacada: Noitada Esnobe da
Princesa.

Para seu conhecimento

“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões


fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de
André Breton, francês que lançou o movimento).

IMAGENS
Retrato da Senhora Mills | A cadeira | Desmaterialização do nariz de
Nero | Eu e a aldeia | Aquarela | Auto retrato Salvador Dali |Cão
latindo para lua | Carnaval de arlequim | Crucificação | Figuras
invertidas | Galatéia de esferas | Girafa em chamas | Interior
holandês | La Poètesse | Maternidade | Mercado de escravos |
L´objet du couchant | Objeto poético | A persistência da memória
|A rainha Luiza da Prússia |Auto retrato Miró | Rosto de Mae Est |
Telefone-lagosta | A tentação de Santo Antonio | A última ceia |
Vênus de Milo | Sofá-lábios de Mae Est

5.11- DADAÍSMO

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Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que,


se tivessem permanecido em seus respectivos países, teriam sido
convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de
negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias
nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento
dos seus próprios países na guerra. Fundaram um movimento
literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade
da ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em
evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi descoberta
acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário
alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na
linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia
sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da
irracionalidade da guerra. Sua proposta é que a arte ficasse solta
das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do
automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por
acaso.
O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.

Principais artistas:

MARCEL DUCHAMP (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte


abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das
décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira,
interessando-se pelo movimento das formas.O experimentalismo e
a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do
surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades,
objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e
receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte. Em
1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que
chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na
Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional),
inventou mecanismos ópticos.

FRANÇOIS PICABIA (1879-1953), pintor e escritor francês.


Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos
estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e
dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada. Suas
primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de
Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que
se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir
mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou
nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de
1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou
pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas
lineares e transparentes.

MAX ERNEST (1891-1976), pintor alemão, Adepto do irracional e do


onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos
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artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaímo


contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que
sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para
tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que
consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa,
como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou
grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta
debaixo dele.

IMAGENS
Francis Picabia | Choqq | Foutain | O menino carburador | Moedor de
chocolate nº 2 | A mulher monóculo | A noiva - Picabia | A noiva -
Duchamp | Nu descendo a escada | Paradoxismo da dor | Um rumor
secreto

5.12- OP ART

A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte


óptica”. Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a
Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não
tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em
comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais
próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas
possibilidades parecem ser tão limitadas quanto as da ciência e da
tecnologia.

Obras Destacadas: Mach-C do artista Vassarely e Pintura com


Movimento Transformável do artista Jacob Agam.

IMAGENS
Victor Vasarely 1 | Victor Vasarely 2

5.13- POP ART

Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação


foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês
Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da
civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos
Estados Unidos.

Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a


tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas,
após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos
Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas
obras.

Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura


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popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda


metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em
oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética
desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão,
da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.

Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade


pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos
massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam,
usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e
designs, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster,
látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes,
reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente
grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo
que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos
objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o
próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as
Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop
Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e
já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e
significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop
Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em
refinado, e aproximou a arte das massas, desmistificando, já que se
utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.

Principais Artistas:

Robert Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies


brancas ou pretas reforçadas com jornal amassado do início da
década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com
garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos industrializados e
pássaros empalhados. Por volta de 1962, adotou a técnica de
impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a
grandes extensões da tela e unificava a composição por meio de
grossas pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram como temas
episódios da história americana moderna e da cultura popular.

Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em


quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma
pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos.
Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características
das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu
a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por
exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados
das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por
um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a
linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do
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contexto de uma história, aparecem como imagens frias,


intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é
a combinação de arte comercial e abstração.

Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais


controvertida do pop art, Warhol mostrou sua concepção da
produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual
numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema,
como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as
personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar
da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando
sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do
objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de
Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e
dinheiro. Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o
trabalho de outros artistas e uma revista mensal

IMAGENS
Auto retrato de Andy Warhol 1 | Marilyn | Boa disposição de pele
macia | Pop Art | Tracer | Auto retrato Andy Warhol 2 | Elvis I e II |
Garrafas de Coca-Cola verdes | Jackie | Lata de sopa Campbell´s I |
A última ceia

5.14- INSTALAÇÃO

São ampliações de ambientes que são transformados em cenários


do tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros
materiais, para ativar o espaço arquitetônico.
O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.

Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto


Evangelista.

5.15- INTERFERÊNCIA

Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a


única fornecedora de memoráveis imagens visuais. Alguns artistas
interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-sóis, embrulhos
em locais públicos.Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista
que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada
para presente, Guarda-sóis colocados em um vale da Califórnia e
mais recentemente o Reichstag ( Parlamento Germânico em 1988 -
Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com duração de duas
semanas.
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5.16- COBRA

Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de


Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo artístico europeu que
surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo
figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel
Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock
essa pintura é gestual, livre, violenta na escolha de cores e
texturas.

Principais Artistas:

PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais


jovens integrantes do grupo Cobra, marcou sua obra pelo tachismo.
Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em 1965.

ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo


uso de cores vivas e formas distorcidas. Sofreu influência dos
pintores James Ensor e Paul Klee.

KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e


colorida, caracterizada pela figuração rude e simplificada. Realizou
também esculturas em madeira e metal.

5.17- FUTURISMO

O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em


22/02/1909, e nele, o poeta italiano Marinetti, dizendo que "o
esplendor do mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza
da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória
de Samotrácia". O segundo manifesto, de 1910, resultou do
encontro do poeta com os pintores Carlo Carra, Russolo, Severini,
Boccioni e Giacomo Balla.

Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à


máquina. Para Balla, "é mais belo um ferro elétrico que uma
escultura". Para os futuristas, os objetos não se esgotam no
contorno aparente e seus aspectos se interpenetram continuamente
a um só tempo, ou vários tempos num só espaço. O grupo pretendia
fortalecer a sociedade italiana através de uma pregação patriótica
que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia.

O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço


bidimensional. Procura-se neste estilo expressar o movimento real,
registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no
espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um
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automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por


ele no espaço.

Principais Artistas:

GIACOMO BALLA , em sua obra o pintor italiano tentou endeusar


os novos avanços científicos e técnicos por meio de representações
totalmente desnaturalizadas, embora sem chegar a uma total
abstração.Mesmo assim, mostrou grande preocupação com o
dinamismo das formas, com a situação da luz e a integração do
espectro cromático. A formação acadêmica de Balla restringiu-se a
um curso noturno de desenho, de dois meses de duração, na
Academia Albertina de Turim, sua cidade natal. Em 1895 o pintor
mudou-se para Roma, onde apresentou regularmente suas primeiras
obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e
Cultores das Belas-Artes. Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a
Paris, onde entrou em contato com a obra dos impressionistas e
neo-impressionistas e participou de várias exposições. Na volta a
Roma, conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais tarde,
juntava-se a eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura
Futurista. Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma
maneira de visualizar as teorias do movimento, apresentou em 1912
seu primeiro quadro futurista intitulado Cão na Coleira ou
Cão Atrelado. Dissolvido o movimento, Balla retornou às suas
pinturas realistas e se voltou para a escultura e a cenografia.
Embora em princípio Balla continuasse influenciado pelos
divisionistas, não demorou a encontrar uma maneira de se ajustar à
nova linguagem do movimento a que pertencia. Um recurso dos
mais originais que ele usou para representar o dinamismo foi a
simultaneidade, ou desintegração das formas, numa repetição
quase infinita, que permitia ao observador captar de uma só vez
todas as seqüências do movimento..

CARLO CARRA (1881-1966), junto com Giorgio De Chirico, ele se


separaria finalmente do futurismo para se dedicar àquilo que eles
próprios dariam o nome de Pintura Metafísica. Enquanto ganhava
seu sustento como pintor-decorador freqüentava as aulas de pintura
na Academia Brera, em Milão. Em 1900 fez sua primeira viagem a
Paris, contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá
mudou-se para Londres. Ao voltar, retomou as aulas na Academia
Brera e conheceu Boccioni e o poeta Marinetti. Um ano mais tarde
assinou o Primeiro Manifesto Futurista, redigido pelo poeta italiano
e publicado no jornal Le Figaro. Nessa época iniciou seus primeiros
estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e Trens, por definição suas
obras mais futuristas. Numa segunda viagem a Paris entrou em
contato com Apollinaire, Modigliani e Picasso. A partir desse
momento começaram a aparecer as referências cubistas em suas
obras. Carrà não deixou de comparecer às exposições futuristas de
Paris, Londres e Berlim, mas já em 1915 separou-se definitivamente
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do grupo. Juntou-se a Giorgio De Chirico e realizou sua primeira


pintura metafísica. Em suas últimas obras retornou ao
cubismo.Publicou vários trabalhos, entre eles La Pittura Metafísica
(1919) e La Mia Vita (1943), pintor italiano. Representante do
futurismo e mais tarde da pintura metafísica, influenciou a arte de
seu país nas décadas de 1920 e 1930. UMBERTO BOCCIONI
(1882-1916), sua obra se manteve sob a influência do cubismo, mas
incorporando os conceitos de dinamismo e simultaneidade: formas e
espaços que se movem ao mesmo tempo e em direções contrárias.
Nascido em Reggio di Calábria, Boccioni mudou-se ainda muito
jovem para Roma, onde estudou em diferentes academias. Logo fez
amizade com os pintores Balla e Severini. No início, mostrou-se
interessado na pintura impressionista, principalmente na obra de
Cézanne. Fez então algumas viagens a Paris, São Petersburgo e
Milão. Ao voltar, entrou em contato com Carrà e Marinetti e um ano
depois se encontrava entre os autores do Manifesto Futurista de
Pintura, do qual foi um dos principais teóricos. Foi com a intenção
de procurar as bases dessa nova estética que ele viajou a Paris,
onde se encontrou com Picasso e Braque. Ao retornar, publicou o
Manifesto Técnico da Pintura Futurista, no qual foram registrados os
princípios teóricos da arte futurista: condenação do passado,
desprezo pela representação naturalista, indiferença em relação aos
críticos de arte e rejeição dos conceitos de harmonia e bom gosto
aplicados à pintura. Em 1912, participou da primeira exposição
futurista. Suas obras ainda deixavam transparecer a preocupação do
artista com os conceitos propostos pelo cubismo. Os retratos
deformados pelas superposições de planos ainda não conseguiam
expressar com clareza sua concepção teórica. Um ano mais tarde,
com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol, Boccioni
conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio
de cores e planos desordenados, como num pseudofotograma.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o pintor se alistou como
voluntário e ao voltar publicou o livro Pittura, Scultura Futurista,
Dinâmico Plástico (Pintura, Escultura Futurista, Dinamismo Plástico).
Morreu dois anos depois, em 1916, na cidade de Verona.

Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908,


publicado em 1909.
"Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste
de escórias metálicas, de suores inúteis, de fuliges celestes,
contundidos e enfaixados os braços, mas impávidos, ditamos
nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra:
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da
temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais
da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o
êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a
insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o
69 
 
70 
 

murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de
uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida
adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito
explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a
metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste
ideal atravessa a Terra, lançada a toda velocidade no circuito
de sua própria órbita.
6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência,
a fim de aumentar o entusiástico fervor dos elementos
primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha
um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve
ser concebida como um violento assalto contra as forças
ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que
haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as
misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço
morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a
eterna velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o
militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas,
as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias
de todo tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda
vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo
prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré multicor e
polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos
o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros
incendiados por violentas luas elétricas: as estações
insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas
suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas
fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que
transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de
facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte,
as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os
trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o
vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se agitam ao
vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão
entusiasta.
É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência
arrebatadora e incendiária com o qual fundamos o nosso Futurismo,
porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de
professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.
Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores.
Queremos libertá-la dos incontáveis museus que a cobrem de
cemitérios inumeráveis.
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71 
 

Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra


promiscuidade de tantos corpos que não se conhecem. Museus:
dormitórios públicos onde se repousa sempre ao lado de seres
odiados ou desconhecidos! Museus: absurdos dos matadouros dos
pintores e escultores que se trucidam ferozmente a golpes de cores
e linhas ao longo de suas paredes!
Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita
o cemitério no dia dos mortos, tudo bem. Que uma vez por ano se
desponta uma coroa de flores diante da Gioconda, vá lá. Mas não
admitimos passear diariamente pelos museus nossas tristezas,
nossa frágil coragem, nossa mórbida inquietude. Por que devemos
nos envenenar? Por que devemos apodrecer?
E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do
artista que se empenhou em infringir as insuperáveis barreiras
erguidas contra o desejo de exprimir inteiramente o seu sonho?...
Admirar um quadro antigo equivale a verter a nossa sensibilidade
numa urna funerária, em vez de projetá-la para longe, em violentos
arremessos de criação e de ação.
Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa
eterna e inútil admiração do passado, da qual saís fatalmente
exaustos, diminuídos e espezinhados?
Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus,
das bibliotecas e das academias (cemitérios de esforços vãos,
calvários de sonhos crucificados, registros de lances truncados!...)
é, para os artistas, tão ruinosa quanto a tutela prolongada dos pais
para certos jovens embriagados por seus prisioneiros, vá lá: o
admirável passado é talvez um bálsamo para tantos dos seus
males, já que para eles o futuro está barrado... Mas nós não
queremos saber dele, do passado, nós, jovens e fortes futuristas!
Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos
carbonizados! Ei-los!... Aqui!... Ponham fogo nas estantes das
bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para inundar os
museus!... Oh, a alegria de ver flutuar à deriva, rasgadas e
descoradas sobre as águas, as velhas telas gloriosas!... Empunhem
as picaretas, os machados, os martelos e destruam sem piedade as
cidades veneradas!
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo
menos um decênio mais jovens e válidos que nos jogarão no cesto
de papéis, como manuscritos inúteis. - Pois é isso que queremos!
Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte,
dançando à cadência alada dos seus primeiros cantos, estendendo
os dedos aduncos de predadores e farejando caninamente, às
portas das academias, o bom cheiro das nossas mentes em
putrefação, já prometidas às catacumbas das bibliotecas.
Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - numa
noite de inverno - em campo aberto, sob um triste galpão
tamborilado por monótona chuva, e nos verão agachados junto aos
nossos aeroplanos trepidantes, aquecendo as mãos ao fogo
mesquinho proporcionado pelos nossos livros de hoje flamejando
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sob o vôo das nossas imagens.


Eles se amotinarão à nossa volta, ofegantes de angústia e
despeito, e todos, exasperados pela nossa soberba, inestancável
audácia, se precipitarão para matar-nos, impelidos por um ódio
tanto mais implacável quanto seus corações estiverem ébrios de
amor e admiração por nós.
A forte e sã Injustiça explodirá radiosa em seus olhos - A arte, de
fato, não pode ser senão violência, crueldade e injustiça.
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já
esbanjado tesouros, mil tesouros de força, de amor, de audácia, de
astúcia e de vontade rude, precipitadamente, delirantemente, sem
calcular, sem jamais hesitar, sem jamais repousar, até perder o
fôlego... Olhai para nós! Ainda não estamos exaustos! Nossos
corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão nutridos de
fogo, de ódio e de velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois
não vos recordais sequer de ter vivido! Eretos sobre o pináculo do
mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas!
Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já
entendemos!... Nossa bela e mendaz inteligência nos afirma que
somos o resultado e o prolongamento dos nossos ancestrais. -
Talvez!... Seja!... Mas que importa? Não queremos entender!... Ai
de quem nos repetir essas palavras infames!...
Cabeça erguida!...
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso
desafio às estrelas."
Teorias da Arte Moderna, H.B.Chipp, Martins Fontes, 1993.

IMAGENS
Automóvel + velocidade + luz | Dinamismo de um ciclista | Estado
de ânimo II | Funerais do anarquista Galli | A carga dos lanceiros |
Manifestação intervencionista | Retrato de Marinetti | Velocidade
abstrata

5.18- ART NAIF

É a arte da espontaneidade, da criatividade autêntica, do fazer


artístico sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o
artista expande seu universo particular. Claro que, como numa arte
mais intelectualizada, existem os realmente marcantes e outros
nem tanto.

Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de


artistas sem formação sistemática. Trata-se de um tipo de
expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas
tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte
popular.

Esse isolamento situa o art naïf numa faixa próxima à da arte


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infantil, da arte do doente mental e da arte primitiva, sem que, no


entanto, se confunda com elas.

Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas


manifestações mais puras, muito embora, mesmo nesses casos,
seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na
iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas
suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de
uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.

O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais


nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa.

Características gerais:
● Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é
sempre figurativa
● Não existe perspectiva geométrica linear.
● Pinceladas contidas com muitas cores.

Principal Artista:

Henri Rousseau (1844-1910), homem de pouca instrução geral e


quase nenhuma formação em pintura. Em sua primeira exposição foi
acusado pela crítica de ignorar regras elementares de desenho,
composição e perspectiva, e de empregar as cores de modo
arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de
carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de
selva que lembram tramas de sonho e parecem motivadas pelos
sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do século XX, após
despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo
Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu
trabalho foi reconhecido em Paris e posteriormente influenciou o
surrealismo.

5.19 – PINTURA METAFÍSICA

A pintura deve criar um impressão de mistério, através de


associações pouco comuns de objetos totalmente imprevistos, em
arcadas e arquiteturas puras, idealizadas, muitas vezes com a
inclusão de estátuas, manequins, frutas, legumes, numa
transfiguração toda especial, em curiosas perspectivas divergentes.
A pintura metafísica explora os efeitos de luzes misteriosas,
sombras sedutoras e cores ricas e profundas, de plástica despojada
e escultural. Tem inspiração na Metafísica, ciência que estuda tudo
quanto se manifesta de maneira sobrenatural.

Principais Artistas:
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GIORGIO DE CHIRICO (1888-1978), pintor italiano, nascido na


Grécia, principal
representante da "pintura metafísica", Giorgio De Chirico constitui
um caso singular: poucas vezes um artista alcançou tão
rapidamente a fama para em seguida renegar o estilo que o
celebrizara e cair em um esquecimento quase absoluto. As suas
obras retratam cenários arquitetônicos, solitários, irreais e
enigmáticos, onde colocava objetos heterogêneos para revelar um
mundo onírico e subconsciente, perpassado de inquietações
metafísicas. Também usada nas suas obras manequins, nus ou
vestidos à moda clássica, enigmáticos e sem rosto, que pareciam
simbolizar a estranheza do ser humano diante do seu meio
ambiente.

GIORGIO MORANDI (1890-1964), pintor italiano. Notável por suas


naturezas-mortas, em que buscava a unidade das coisas do
universo. Conferiu imobilidade e transparência de formas, recorte
intimista e atmosfera de luz cinza-clara às naturezas-mortas que
pintou usando como modelos frascos, garrafas, caixas e lâmpadas
velhas.

6- ARTE BRASILEIRA

6.1- PRE-HISTÓRIA

O Primeiro Homem das Américas

Escavações feitas no boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional


da Serra da Capivara, pela equipe da arquiteta Niède Guidon
encontraram o que eles acreditam ser restos de uma fogueira e
pedras lascadas, datadas em mais de 50 mil anos. A comunidade
científica internacional se dividiu sobre o tema. Alguns rechaçam
essas pesquisas, ponderando que a suposta fogueira pode ter sido
na verdade madeira incinerada por um raio e que nada garante que
as rochas não foram lascadas durante a queda de um bloco. A
questão por trás dessa briga é a elucidação de qual teria sido a
porta de entrada do homem na América. De um lado estão os que
acreditam que foi a travessia do estreito de Bering, entre 15 mil e
12 mil anos atrás - quando o nível do mar chegou a descer 100
metros em relação ao atual -, tenha sido o único caminho adotado.
Para quem não aceita essa exclusividade, outra porta de entrada do
continente americano poderia ser a costa do Pacífico na América
Latina, com viajantes vindos do sudeste asiático e das ilhas
oceânicas. Ou seja, a colonização teria acontecido por povos
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diferentes em épocas diferentes. A situação começou a tomar novos


rumos com a descoberta da toca do Garrincho. Dentes com 15 mil
anos foram desenterrados e apresentados ao público. Com essa
idade, são os fósseis humanos mais antigos do continente. Se
confirmada, a presumida datação em 40 mil anos das pinturas do
sertões da Bastiana também será um grande indício de que o
homem pode ter vivido aqui bem antes do que na América do Norte.
Se aceitos pela comunidade internacional, os dentes e desenhos -
que não podem ser causados por raios ou quedas de blocos -
representarão uma nova fase nos estudos sobre a ocupação do
continente.

As mais importantes pinturas rupestres do Brasil:


● PEDRA PINTADA (PA), aqui, em 1996, a arqueóloga
americana Anna Rosevelt achou pinturas com cerca de 11.000
anos.
● PERUAÇU (MG), tem vários estilos de pinturas entre 2.000 a
10.000 anos. Exibe espetaculares desenhos geométricos.
● LAGOA SANTA (MG), suas pinturas de animais, conhecidas
desde 1834, têm entre 2.000 e 10.000 anos de idade.
● SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), segundo Niède Guindon, da
Universidade Estadual de Campinas, possui vestígios humanos
de 40.000 anos e pinturas de 15.000 anos.

Para seu conhecimento:


A tinta de pedra é feita de cacos de minério que forneciam as cores
para as pinturas rupestres: os artistas raspavam as pedras para
arrancar os pigmentos coloridos, o vermelho e o amarelo vinham do
minério de ferro, o preto, do manganês. Misturado com cera de
abelha ou resina de árvores o pigmento virava tinta.

6.2- ARTE INDÍGENA

“Somos Parte Da Terra E Ela É Parte De Nós”


Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no
séc. XX a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das
civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e
ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como
professores. Mas a maior contribuição que os povos da floresta
podem deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a
natureza interna de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe
ensinam que tudo se desdobra de uma fonte única, formando uma
trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que tudo se
conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do
coração. Homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com
ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido
através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um.
Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do
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intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento


entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males se
manifestará no reino humano.

A Visão Indígena Brasileira

O que é índio? Um índio não chama nem a si mesmo de índio. Esse


nome veio trazido pelos colonizadores no séc. XVI. O índio mais
antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que
significa "Tu" (som) e "py" (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que
o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de
forma.

Qual a origem dos índios? Conforme o mito Tupy-Guarani, o


Criador, cujo coração é o Sol, tataravô desse Sol que vemos, soprou
seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe
Terra. Chamou sete anciões e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma
humanidade’. Os anciões navegaram em uma canoa que era como
cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo
eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião
da roça’. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu
através do arco-íris em que os anciões se transformaram. Seu nome
era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol.
E logo os anciões fizeram surgir da Águas do Grande Rio
Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a
humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. São
nossos tataravós.

Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua


origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra como
funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam de
mito, e algumas dessas histórias são denominadas de lendas.

6.2.1- ARQUITETURA
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem
várias famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300
a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem
ventilado, dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e
da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho.

No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reúnem os


conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, têm lugar as
grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas pucu que
levam à roça, ao campo e ao bosque.

Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas,


fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e
quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem
janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior
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não tem nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo


harmonioso.

6.2.2- PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA


Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o
sol, os insetos e os espíritos maus. E para revelar de quem se
trata, como está se sentindo e o que pretende. As cores e os
desenhos ‘falam’, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom desenho
garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada
tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu
modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples,
porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo
também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal é função
feminina, a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido. Assim
como a pintura corporal, a arte plumária serve para enfeites:
mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores
elegância e majestade. Esta é uma arte muito especial porque não
está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da
beleza.

6.2.3- A ALDEIA CABE NO COCAR


A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias.
Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e
simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em
forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o
passado. "É uma lógica de manutenção e não de progresso", explica
Luis Donisete Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada
um tem seu lugar e sua função determinados.

6.2.4- TRANÇADOS E CERÂMICA


A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil
dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando
que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de
utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte de
alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos
(peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o
calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas,
pulseiras), redes para pescar e dormir, instrumentos musicais para
uso em rituais religiosos, etc. Tudo isso sem perder a beleza e feito
com muita perfeição.
A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando
a sua forma, nas cores e na decoração exterior, o seu ponto alto
ocorreu na ilha de Marajó.

Ótimo site, visite: http://www.estadao.com.br/villasboas/

IMAGENS
Abano | Cerâmica Tapajônica | Cestos | Chefe Camaiura | Estátua
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Karajá | Jarra | Quarup | Rede | Tartaruga Karajá | Xavantes

6.3- COLONIAL

Após a chegada de Cabral, Portugal tomou posse do território e


transformou o Brasil em sua colônia. Primeiramente, foram
construídas as feitorias, que eram construções muito simples com
cerca de pau-a-pique ao redor, porque os portugueses temiam ser
atacados pelo índios. Preocupado com que outros povos ocupassem
terras brasileiras, o rei de Portugal enviou, em 1530, uma expedição
comandada por Martim Afonso de Sousa para dar início à
colonização. Martim Afonso fundou a vila de São Vicente (1532) e
instalou o primeiro engenho de açúcar, iniciando-se o plantio de
cana-de-açúcar, que se tornaria a principal fonte de riqueza
produzida no Brasil.

Após a divisão em capitanias hereditárias, houve grande


necessidade de construir moradias para os colonizadores que aqui
chegaram e engenhos para a fabricação de açúcar.

6.3.1- ARQUITETURA
A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas
retangulares e cobertura de palha sustentada por estruturas de
madeira roliça inclinada. Essas construções eram conhecidas por
tejupares, palavra que vem do tupi-guarani (tejy=gente e
upad=lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e passam os
colonizadores a construir casas de taipa.Com essa evolução
começam a aparecer as capelas, os centros das vilas, dirigidas por
missionários jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a imagem de Nossa
Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.A arquitetura
religiosa foi introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta Francisco Dias,
que trabalhou em Portugal com o arquiteto italiano Filipe Terzi,
projetista da igreja de São Roque de Lisboa.

Esquema de arquitetura primitiva:


Dois eram os modelos de arquitetura primitiva. A igreja de Jesus de
Roma (autor: Vignola) e a igreja de São Roque de Lisboa, ambas de
padres jesuítas.
Floresciam as igrejas em todos sos lugares onde chegavam os
colonizadores, especialmente no litoral.
Os principais arquitetos do período colonial foram: Francisco Dias,
Francisco Frias de Mesquita, Gregório de Magalhães e Fernandes
Pinto Alpoim.
A liberdade de estilo dada ao arquiteto modifica o esquema
simples, mas talvez pela falta de tempo ou por deficiência técnica
não se deu um acabamento mais aprimorado.

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Algumas das principais construções de taipas:


● Muralha ao redor de Salvador, construída por Tomé de
Sousa;
● Igreja Matriz de Cananéia;
● Vila inteira de São Vicente, destruída por um maremoto
e reconstruída entre 1542 e 1545;
● Engenhos de cana-de-açúcar; e
● Casa da Companhia de Jesus, que deu origem à cidade
de São Paulo.

Taipa
Construção feita de varas, galhos, cipós entrelaçados e cobertos
com barro. Para que o barro tivesse maior consistência a melhor
resistência à chuva, ele era misturado com sangue de boi e óleo de
peixe.
Elas podem ser feitas com técnicas diferentes:
● A taipa de pilão, de origem árabe, consiste em comprimir a
terra em formas de madeira, formando um caixão, onde o
material a ser socado ia disposto em camadas de 15 cm
aproximadamente. Essas camadas reduziam-se a metade após
o apiloamento. Quando a terra apilada atingia mais ou menos
2/3 da altura do taipal, eram nela introduzidas
transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em
folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios
cilíndricos denominados cabodás que permitiam o
ancoramento do taipal em nova posição. Essa técnica é usada
para formar as paredes externas e nas internas estruturais,
sobrecarregadas com pavimento superior ou com
madeiramento do telhado.
● A taipa de mão ou pau-a-pique que caracterizava-se por uma
trama de paus verticais e horizontais, eqüidistantes, e
alternadamente dispostos. Essa trama era fixada
verticalmente na estrutura do edifício e tinha seus vãos
preenchidos com barro, atirado por duas pessoas
simultaneamente uma de cada lado. A taipa de mão
geralmente é utilizada nas paredes internas da construção.

Forte São João


● No ano de 1531, após viagem através do Atlântico Sul, as
naus de Martim Afonso de Souza avistaram terras
tupi-guaranis.O lugar, chamado "Buriquioca"(morada dos
macacos) pelos nativos, encantou os portugueses por suas
belezas naturais e exóticas.
● Apesar da bela paisagem, por motivo de segurança seguiram
viagem, indo aportar em São Vicente, no dia 22 de janeiro de
1532.
● Neste mesmo ano, Martim Afonso enviou João Ramalho à
Bertioga a fim de verificar a possibilidade de construir uma
fortificação para proteger a nova vila dos ataques Tamoios.
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● Em 1540, Hans Staden, famoso artilheiro alemão, naufragou


na costa brasileira e foi levado à São Vicente. Lá, foi nomeado
para comandar a fortificação em Bertioga.
● Em 1547, a primitiva paliçada de madeira foi substituída por
alvenaria de pedra e cal e óleo de baleia, o que originou o
verdadeiro Forte. Primeiramente foi chamado Forte Sant'Iago
(ou São Tiago), recebeu a denominação de Forte São João em
1765, devido à restauração de sua capela, erguida em louvor a
São João Batista.
● Em 1940, a fortaleza, considerada a mais antiga do Brasil, foi
tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional)
● Aproveitando a comemoração dos 500 anos do Brasil, a
Prefeitura de Bertioga e o Iphan entregam para visitação o
forte totalmente restaurado.

6.3.2- ESCULTURA
Os jesuítas ensinaram aos índios e negros o alfabeto, a religião e a
trabalhar o barro, a madeira e a pedra. O índio é muito hábil na
imitação, mas, também muito primário e rústico na execução. O
negro adapta-se mais facilmente e é exuberante no desenho, na
arte, no talhe e nas lavras. Sob direção dos religiosos e de mestres,
vindos além-mar, o índio e o negro esculpiram muitos trabalhos,
que são a base ao enxerto da arte Barroca, em auge na Europa.

6.4- HOLANDESA

Na virada do século, os portugueses defenderam o Brasil dos


invasores ingleses, franceses e holandeses. Porém, os holandeses
resistiram e se instalaram no nordeste do país por quase 25 anos
(início em 1624). O Conde Maurício de Nassau trouxe à “Nova
Holanda” artistas e cientistas que se instalaram em Recife. Foi sob
a orientação de Nassau que o arquiteto Pieter Post projetou a
construção da Cidade Maurícia e também os palácios e prédios
administrativos.

Embora fosse comum a presença de artistas nas primeiras


expedições enviadas à América, Maurício de Nassau afirmou, em
carta à Luiz XIV, em 1678, ter a sua disposição seis pintores no
Brasil, entre os quais Frans Post e Albert Eckhout. Holandeses,
flamengos, alemães, os chamados pintores de Nassau, por não
serem católicos, puderam facilmente dedicar-se a temas profanos, o
que não era permitido aos portugueses. Em conseqüência disso
foram os primeiros artistas no Brasil e na América a abordar a
paisagem, os tipos étnicos, a fauna e a flora como temática de suas
produções artísticas, livre dos preconceitos e das superstições que
era de praxe se encontrar nas representações pictóricas que
apresentavam temas americanos. Foram verdadeiros repórteres do
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século XVII.

FRANS J. POST - Nascido em Haarlen, Holanda (1612-1680), foi


pintor, desenhista e gravador. Tinha 24 anos quando chegou ao
Brasil, contratado por Nassau, permaneceria até 1644. Era irmão do
arquiteto Pieter Post. Sua principal tarefa era nas novas terras do
foi documentar edifícios, portos e fortificações. Destacou-se entre
os pintores de Nassau: é considerado o primeiro paisagista a
trabalhar nas Américas. Foi autor de cerca de 150 obras, costumava
pintar pequenas figuras para funcionar como pontos de atração nos
quadros e deixa-los mais interessantes. Vários museus do mundo
mantêm em seus acervos obras de sua autoria. No Brasil podemos
ver a sua obra no MASP, em São Paulo e MNBA no Rio de Janeiro.
Obras destacadas: A cidade e o castelo de Frederik na Paraíba;
Paisagem Brasileira com nativos dançando; Paisagem com
Tamanduá; Mauritsstad e Recife.

ALBERT ECKHOUT - Nascido em Groninger, Holanda (1610-1666),


foi artista e botânico, veio para o Brasil em 1637 e permaneceu até
1644, como pintor contratado por Maurício de Nassau. Aqui realizou
grande parte de sua obra. Nela destacam-se naturezas-mortas com
frutas e legumes tropicais, representações dos tipos humanos que
habitavam o país e costumes. Ficou fascinado pelo o que encontrou
no Brasil. O Conde de Nassau freqüentemente ofereceu obras de
Eckhout como presente à nobreza européia. O rei da Dinamarca
recebeu vinte pinturas retratando tipos brasileiros e
naturezas-mortas. O rei da França recebeu uma coleção de pinturas
que foi usada para fazer tapeçarias, as chamadas “Tapeçarias das
Índias” tornaram-se muito conhecidas e foram tão copiadas que os
cartões originais se estragaram. Os trabalhos de Eckhout
contribuem para que os europeus se interessassem pelo Brasil.
Obras destacadas: Dança Tapuia; Composição com cabaças, frutas e
cactos; Os dois touros; Mameluca; Mulato; Índia Tapuia; Mulher
Africana.

6.5- BARROCO

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o


século XVIII, perdurando ainda no início do século XIX. O barroco
brasileiro é claramente associado à religião católica. Duas linhas
diferentes caracterizam o estilo barroco brasileiro. Nas regiões
enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração,
encontramos igrejas com trabalhos em relevos feitos em madeira -
as talhas - recobertas por finas camadas de ouro, com janelas,
cornijas e portas decoradas com detalhados trabalhos de escultura.
Já nas regiões onde não existia nem açúcar nem ouro, as igrejas
apresentam talhas modestas e os trabalhos foram realizados por
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artistas menos experientes e famosos do que os que viviam nas


regiões mais ricas.

O ponto culminante da integração entre arquitetura, escultura, talha


e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos
trabalhos de:

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - seu projeto para a igreja


de São Francisco, em Ouro Preto, por exemplo, bem como a sua
realização, expressam uma obra de arte plena e perfeita. Desde a
portada, com um belíssimo trabalho de medalhões, anjos e fitas
esculpidos em pedra-sabão, o visitante já tem certeza de que está
diante de um artista completo. Além de extraordinário arquiteto e
decorador de igrejas foi também incomparável escultor. O Santuário
do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, é
constituído por uma igreja em cujo adro estão as esculturas em
pedra-sabão de doze profetas, cada um desses personagens numa
posição diferente e executando gestos que se coordenam. Com isso,
ele conseguiu um resultado muito interessante, pois torna muito
forte para o observador a sugestão de que as figuras de pedra
estão se movimentando.

Características da escultura de Aleijadinho:


● Olhos espaçados
● Nariz reto e alongado
● Lábios entreabertos
● Queixo pontiagudo
● Pescoço alongado em forma de V

Manuel da Costa Ataíde - suas pinturas em tetos das igrejas


seguiam as características do estilo barroco, e aliavam-se
perfeitamente às esculturas e arquitetura de Aleijadinho. O Mestre
Ataíde pintou várias igrejas de Minas Gerais com um estilo próprio e
bem brasileiro. Usava cores vivas e alegres e gostava muito do
azul. Ataíde utilizava tanto a tinta a óleo (que era importada da
Europa) como a têmpera. Os pintores da época nem sempre podiam
importar suas tintas. Faziam então suas próprias cores com
pigmentos e solventes naturais aqui da terra. Entre outros, usavam
terra queimada, leite e óleo de baleia, clara de ovo, além de
extratos de plantas e flores. E é claro criavam suas próprias receitas
que eram mantidas em segredo. Talvez por isso é que se diz que
não existe, no mundo inteiro, um colorido como o das cidades
mineiras da época do barroco.
Obra Destacada: Pintura do Teto da Igreja de São Francisco de
Assis.

IMAGENS
Basílica de Congonhas | Cristo carregando a Cruz | Flagelação de
Cristo | Igreja de São Francisco | Matriz de Santo Antonio | Profeta
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Daniel | Última Ceia | São Francisco | Teto de Igreja Ataíde | Igreja


do Pilar | Igreja Matriz Conceição | Igreja Matriz Santo Antonio |
Órgão Tiradentes

6.6- MISSÃO FRANCESA

No início do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte


invadiram Portugal, obrigando D. João VI (rei de Portugal), sua
família e sua corte (nobres, artistas, empregados, etc.) a virem para
o Brasil.
D. João VI, preocupado com o desenvolvimento cultural, trouxe para
cá material para montar a primeira gráfica brasileira, onde foram
impressos diversos livros e um jornal chamado A Gazeta do Rio de
Janeiro. Nesse momento, o Brasil recebe forte influência cultural
européia, intensificada ainda mais com a chegada de um grupo de
artistas franceses (1816) encarregado da fundação da Academia de
Belas-Artes (1826), na qual os alunos poderiam aprender as artes e
os ofícios artísticos. Esse grupo ficou conhecido como Missão
Artística Francesa.

Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam,


esculpiam e construíam à moda européia. Obedeciam ao estilo
neoclássico (novo clássico), ou seja, um estilo artístico que
propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da
Antigüidade.

Algumas características de construções neoclássicas:


● Colunas (de origem grega): Estrutura de sustentação das
construções. Compõe-se de três partes : base, fuste (parte
maior) e capitel (parte superior com ornamentos).
● Arcos (de origem romana): Elemento de construção de formato
curvo existente na parte superior das portas e passagens que
servem de sustentação.
● Frontões: Estrutura geralmente triangular existente acima de
portas e colunas e abaixo do telhado. Os frontões podem
receber os mais variados tipos de decoração.

Os pintores deveriam seguir algumas regras na pintura tais como:


inspirada nas esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista
italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da
composição e da harmonia do colorido.

Principais artistas:

Nicolas-Antonine Taunay: (1775-1830) pintor francês de grande


destaque na corte de Napoleão Bonaparte e considerado um dos
mais importantes da Missão Francesa. Durante os cinco anos que
residiu no Brasil, retratou várias paisagens do Rio de Janeiro.
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Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) foi chamado de "a alma da


Missão Francesa". Ele foi desenhista, aquarelista, pintor
cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da
primeira exposição de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no
projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os
festejos da aclamação de D.João VI como rei de Portugal, Brasil e
Algarve. Mas é em Viagem pitoresca ao Brasil, coleção composta de
três volumes com um total de 150 ilustrações, que ele retrata e
descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a
nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão
uma excelente idéia da sociedade brasileira do século XIX.

Alguns dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, no


séc. XIX, outros pintores motivados pela paisagem luminosa e pela
existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. É
nessa perspectiva que se situa alguns artistas europeus
independentes da Missão Artística Francesa:
Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil com a comitiva da
Princesa Leopoldina, viajou pelo interior, retratando paisagens e
cenas da vida no nosso povo em Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro. Sua obra compõem-se de 800 desenhos e aquarelas.
Johann-Moritz Rugendas, era alemão, esteve no Brasil entre 1821
e 1825. Além do nosso país, visitou outros países da América
Latina, documentando, por meio de desenhos e aquarelas, a
paisagem e os costumes dos povos que conheceu.

6.7- ARTE ACADÊMICA

A partir da vinda de D. João VI, o Brasil recebe forte influência da


cultura européia, que começa assimilar e a imitar. A Academia e
Escola de Belas-Artes abriu os cursos em novembro de 1826. Os
principais artistas acadêmicos:

Pedro Américo de Figueiredo e Melo - sua pintura abrangeu temas


bíblicos e históricos, mas também realizou imponentes retratos.
Obra Destacada: Independência ou Morte (Conhecido também como
Grito do Ipiranga).

Vitor Meireles de Lima - sua obra mais conhecida é A Primeira


Missa no Brasil; os temas preferidos eram históricos, bíblicos e os
retratos.
Obra destacada: Moema

Almeida Júnior - sua obra pictórica é grande e de temática variada,


pois inclui quadros históricos, religiosos e regionalistas. Produziu as
obras: Leitura, as telas de inspiração regionalista como Picando
Fumo e O Violeiro.
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6.8- SEMANA DE 22 - MODERNISMO BRASILEIRO

Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e


literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de
Andrade e alguns outros artistas que vão se conscientizando do
tempo em que vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a
falar do Manifesto Futurista, de Marinetti, que propõe “o
compromisso da literatura com a nova civilização técnica”.

Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização


das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os
artistas brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil,
escreve para os jornais expondo suas idéias renovadores de grupos
de artistas que começam a se unir em torno de uma nova proposta
estética.

Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de
pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os
brasileiros:
● a de Lasar Segall, em 1913, e
● a de Anita Malfatti, em 1917.

A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os


adeptos da arte acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro
Lobato para o jornal O Estado de S. Paulo, intitulado: “A propósito
da Exposição Malfatti”, publicado na seção “Artes e Artistas” da
edição de 20 de dezembro de 1917, foi a reação mais contundente
dos espíritos conservadores.

No artigo publicado nesse jornal, Monteiro Lobato, preso a


princípios estéticos conservadores, afirma que “todas as artes são
regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não
dependem do tempo nem da latitude”. Mas Monteiro Lobato vai
mais longe ao criticar os novos movimentos artísticos. Assim,
escreve que “quando as sensações do mundo externo
transformaram-se em impressões cerebrais, nós ‘sentimos’. Para
que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou
que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o
nosso cérebro esteja em ‘pane’ por virtude de alguma grave lesão.
Enquanto a percepção sensorial se fizer normalmente no homem,
através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de
um gato não poderá ‘sentir’ senão um gato, e é falsa a
‘interpretação quem do bichano fizer um totó, um escaravelho ou
um amontoado de cubos transparentes”.

Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos


mais tarde, Mário de Andrade. Suas idéias estéticas estão expostas
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basicamente no “Prefácio Interessantíssimo” de sua obra Paulicéia


Desvairada, publicada em 1922. Aí, Mário de Andrade afirma que:
● Belo da arte: arbitrário convencional, transitório - questão de
moda.
● Belo da natureza: imutável, objetivo, natural - tem a
eternidade que a natureza tiver.
"Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos
os grandes artistas, ora conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de
Balzac, Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do Braz Cubas)
ora inconscientes ( a grande maioria) foram deformadores da
natureza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico,
tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros
infiram o que quiserem. Pouco me importa”.
(Mário de Andrade, Poesias Completas)

Embora existia uma diferença de alguns anos entre a publicação


desses dois textos, eles colocam de uma forma clara as idéias em
que se dividiram artistas e críticos diante da arte. De um lado, os
que tendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real; do outro, os
que almejavam uma tal liberdade criadora para o artista, que ele
não se sentisse cerceado pelo limites da realidade.
Essa divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os
de uma renovadora, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu
clímax na Semana de Arte Moderna realizada nos dias 13, 15 e 17
de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. No interior
do teatro, foram apresentados concertos e conferências, enquanto
no saguão foram montadas exposições de artistas plásticos, como
os arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel, os escultores Vítor
Brecheret e W. Haerberg e os desenhistas e pintores Anita Malfatti,
Di Cavalcanti, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando
de Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira, Vicente do Rego
Monteiro.

Estes eventos da Semana de Arte Moderna foram o marco mais


caracterizador da presença, entre nós, de uma nova concepção do
fazer e compreender a obra de arte.

6.9- EXPRESSIONISMO

Principais Artistas:
Lasar Segall - seu desenho anguloso e suas cores fortes procuram
expressar as paixões e os sofrimentos de ser humanos. Em 1924
assumiu uma temática brasileira: seus personagens agora são
mulatas, prostitutas e marinheiros; sua paisagem, favelas e
bananeiras.
Obras Destacadas: Bananal e Dois Seres.

Anita Malfatti - sua arte era livre das limitações que o


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academicismo impunha, seus trabalhos se tornaram marcos na


pintura moderna brasileira, por seu comprometimento com as novas
tendências.
Obra Destacada: A Estudante Russa.

Di Cavalcanti - as obras deste pintor ficaram muito conhecidas pela


presença da mulher mulata uma espécie de símbolo de brasilidade
e, na opinião do jornalista Luís Martins, um admirável elemento
plástico.
Obras Destacadas: Pescadores e Nascimento de Vênus.

IMAGENS
Lasar Segall

6.10- ARTE NAIF

O surgimento do art naïf no Brasil foi posterior à Semana de Arte


Moderna (1922). A pintura de Tarsila do Amaral, por sua busca das
formas simples e de uma temática "primitiva", guarda algum
parentesco com o art naïf, mas seria um equívoco inseri-la nessa
categoria.

Mais próxima dos naïfs está a pintura de Djanira, com seus santos,
seus pescadores, suas cenas de trabalho na roça, tudo tratado em
composições bidimensionais, cores planas e desenho simplificado.

Principais Artistas :

Cardosinho (1861-1947), primitivo ingênuo, começou a pintar aos


70 anos e chegou a produzir cerca de 600 quadros. Uma de suas
obras está na Tate Gallery, em Londres. com suas fantasias
beirando o surreal, copiadas de cartões-postais.

Heitor dos Prazeres (1898-1966), é um artista que revela minúcias


e detalhes da realidade que retrata. A figura humana é o centro de
seus trabalhos e, nela, dois detalhes chamam a atenção do
observador: o rosto quase de perfil e a forte sugestão de
movimento, resultante do fato das figuras estarem quase sempre
na ponta dos pés, como se dançassem ou simplesmente andassem.
Sua arte deixa de lado os preconceitos e os fatos tristes da
realidade social. Ao contrário, procura mostrar um mundo fraterno
em que diferentes pessoas participam de uma mesma atividade.
 

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