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História dos jogos, brinquedos e brincadeiras

Paulo Heraldo Costa do Valle


Autor

Introdução
Neste material, serão estudadas de forma bastante detalhada as principais
definições de o que é o jogo, brinquedo e brincadeira, além de uma importante
abordagem referente aos significados mais importantes destas atividades. Com
isso, você conseguirá entender melhor o significado de cada uma delas

Também serão abordados os principais momentos históricos referentes à utilização


do jogo, brinquedo e brincadeira. Por meio desta abordagem, você terá contato em
detalhes com os indivíduos que se destacaram ao longo da história, como também
saberá quando surgiram alguns jogos e brincadeiras ao longo da história.

E, por último, será abordado o trabalho do pedagogo Friedrich Fröbel, considerado o


criador dos jardins de infância, tendo contato com toda a sua proposta de ensino,
verificando a importante ligação do ensino com os jogos.

Objetivos de Aprendizagem

Refletir sobre os significados e as definições das palavras jogo, brinquedo


e brincadeira.

Analisar os diferentes momentos históricos com relação à utilização de


jogo, brinquedo e brincadeira.

Estudar sobre Friedrich Fröbel, um importante pedagogo, criador dos


jardins de infância.
Introdução ao jogo, brinquedo e
brincadeira
Inicialmente, faremos uma introdução sobre o assunto abordando o significado e
as definições de cada uma das palavras: jogo, brinquedo e brincadeira. A partir
destas definições, você começará a ter mais ferramentas para entender todos os
processos envolvidos nessas importantes atividades na vida de todos os indivíduos
e, principalmente, na vida das crianças.

Jogo
A palavra jogo é originada do latim, incus, que significa “diversão” ou “brincadeira”.
Existem várias definições mais utilizadas para o jogo, entre elas estão divertimento,
distração ou passatempo. Todo jogo pode ser tanto individual como coletivo,
podendo ser aplicado não apenas com crianças, mas também com todos os
adultos (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

O jogo é uma atividade que entretém qualquer indivíduo, uma vez que o ser
humano já é lúdico por natureza; portanto, é fundamental praticá-lo,
principalmente com as crianças. Ainda, todo jogo possui ferramentas (dados e
tabuleiro), regras (normas que organizam o jogo) e estratégias (formas que os
jogadores vão utilizar para ganhar o jogo).

Brinquedo
A palavra brinquedo está muito presente na vida dos indivíduos desde o século XIX,
sendo derivada de “brinco”; já o sufixo “edo” é referente à madeira, visto que este
era o material mais utilizado para a confecção dos primeiros brinquedos. Todo
brinquedo corresponde a um objeto ou uma atividade lúdica, tendo como foco o
lazer; normalmente está ligado às crianças, mas também pode ser utilizado por
adultos.

Saiba mais!
Brinquedos e brincadeiras no contexto da educação infantil

Por meio da leitura deste material, você vai perceber que a criança
aprende brincando; portanto, o ato de brincar é considerado um
elemento essencial para promover o desenvolvimento e a
aprendizagem da criança, mediante importantes alterações
psicológicas, cognitivas e sociais. As atividades lúdicas no dia a dia
das crianças são essenciais e o professor tem um papel fundamental
em todo esse processo, uma vez que é ele que vai propor e
intermediar as atividades realizadas pelos alunos. Fique por dentro,
acessando o link a seguir.

Clique Aqui

Fonte: Oliveira e Araújo (2019). 

Para a pedagogia, um brinquedo corresponde a qualquer objeto que permita à


criança brincar. Existem, ainda, brinquedos que possibilitam brincar e ao mesmo
tempo aprender uma determinada atividade; estes são chamados de brinquedos
educativos (CINTRA; PROENÇA, JESUÍNO, 2010).

FIGURA 1 Criança brincando


FONTE: fizkes / 123RF.
Os brinquedos são fundamentais na vida das crianças, pois favorecem o seu
desenvolvimento e a sua educação, uma vez que atuam na criação e no
desenvolvimento simbólico, incentivam a imaginação e o raciocínio, além de
aumentarem a autoestima. Os brinquedos também podem ser utilizados no
tratamento psicoterapêutico, por meio da ludoterapia (KISHIMOTO, 2017).

Brincadeira
A brincadeira corresponde à atividade de brincar, sendo considerada como um
entretenimento. A distinção entre ela e as outras atividades realizadas todos os dias
é que, no caso da brincadeira, sempre existe uma atividade divertida e muito
criativa envolvida (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Para que a atividade possa ser apontada como uma brincadeira, é necessário que
exista um desvio de forma intencional da própria realidade.

Agora você já sabe quais são as diferenças entre jogo, brinquedos e brincadeira e
os seus respectivos significados. Essas informações são fundamentais para
compreender todos os conteúdos que ainda serão estudados.
Diferentes momentos históricos
Agora serão abordados em detalhes os diferentes momentos históricos
relacionados à criação e à participação dos indivíduos em jogos, brinquedos e
brincadeiras. Desde a Antiguidade, os indivíduos já faziam uso de brinquedos, mas
eles nem sempre foram utilizados por crianças com o objetivo de brincar, e até
fizeram parte de rituais religiosos.

Primeiros brinquedos na Antiguidade


Os brinquedos fazem parte da vida das crianças desde os tempos mais remotos da
história, e vários brinquedos de outrora são muito parecidos com os utilizados nos
dias atuais.

Os dados históricos indicam a utilização das bonecas tanto na África como na Ásia
desde 40.000 anos atrás. Existe a hipótese de que as primeiras bonecas e os jogos
praticados na época fossem utilizados durante os rituais religiosos praticados pelos
povos antigos e só posteriormente tenham servido como brinquedos (KISHIMOTO,
2017).

O Vale do Indo corresponde à civilização que viveu durante a chamada Idade do


Bronze nas regiões do sul da Ásia. Escavações nesses locais encontraram vários
brinquedos confeccionados de argila em formas de pequenas carroças e animais
de brinquedo, além de apitos no formato de pássaros, macacos de brinquedo que
deslizavam em uma corda e vacas que balançavam a cabeça.

Já na antiga Suméria, as crianças brincavam com brinquedos com formas de


animais e formas humanas, enquanto os egípcios brincavam com bonecos que
possuíam membros articulados e cabelos, todos os brinquedos eram
confeccionados de pedra, cerâmica e madeira.

As bonecas egípcias, chamadas de ushabtis, tinham cabelos naturais e mediam


por volta de 10 e 23 centímetros. Elas tinham dupla função, pois, além de serem
utilizadas como brinquedos pelas crianças, eram enterradas ao lado dos reis
egípcios, servindo como um objeto funerário. Algumas bonecas egípcias inclusive
eram confeccionadas como grandes obras de arte de joalheria, produzidas com
ouro e marfim (KISHIMOTO, 2017).

Entre os períodos de 3000 a.C. até 2000 a.C., no Egito, eram confeccionadas 
pequenas casas de bonecas com mobílias muito pequenas. Em Kahun, foi
encontrado um ateliê para a criação das bonecas.
Um dos brinquedos mais antigos utilizados tanto pelas crianças como também
pelos adultos é a bola, empregada em vários tipos de jogos. De acordo com os
dados históricos, os japoneses fabricavam bolas utilizando fibras de bambu. Os
olmecas e os astecas faziam um jogo com uma bola de borracha sólida (látex) que
era passada através de um pequeno aro sem o auxílio das mãos. Segundo os
dados existentes, esse jogo não era considerado só uma diversão, mas também
uma atividade sagrada (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Atualmente são utilizados vários tipos de bolas em diversas modalidades


esportivas, entre elas o futebol, o basquetebol, o voleibol, o boliche, a queimada, o
golfe, a sinuca, o tênis, entre outros esportes.

As bolinhas de gude são consideradas um dos brinquedos mais antigos, sendo


utilizadas pelas crianças no continente africano há praticamente milhares de anos.
As bolas primitivas eram confeccionadas com sementes, nozes ou pedras;
atualmente, são de vidro, porém o objetivo permanece o mesmo: acertar as bolas
inimigas

Enquanto na Índia os brinquedos confeccionados em latão e bronze, com formatos


de cavalos e elefantes, eram destinados às famílias com maior poder aquisitivo,
havia também vários tipos de brinquedos folclóricos. Tais brinquedos são utilizados
ainda hoje, como é o caso dos bonecos confeccionados em argila com formatos de
elefantes ou as bonecas acrobatas (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Grécia Antiga
O período da Antiguidade compreende de 3000 a.C. até 476 d.C. Este período foi
caracterizado por uma estruturação socioeconômica diferente, em decorrência do
aparecimento das cidades, visto que antes os indivíduos viviam isolados com suas
famílias em propriedades rurais.

Na Grécia Antiga, já existiam relatos de jogos, brinquedos e brincadeiras na vida das


crianças, e todas as brincadeiras foram passadas ao longo da história, de geração
em geração. Entre os brinquedos mais utilizados na época, estão o cavalo de
madeira, barcos e espadas de madeira (KISHIMOTO, 2017).
FIGURA 2 Cavalo de brinquedo
FONTE: Sharon Mollerus / Wikimedia Commons

Desde as comunidades mais primitivas até as atuais, o ato de brincar é


considerado como o responsável por proporcionar à criança uma construção
simbólica do mundo, sendo, portanto, fundamental para todo o desenvolvimento.

Em função das mudanças sociais, o processo educativo, que anteriormente era


comunitário, passa por várias mudanças com o surgimento das primeiras escolas.
Durante todo esse período, a educação teve uma grande influência da sociedade,
afinal, as famílias dos nobres interferiam muito nos processos sociais, existindo uma
grande preocupação por parte dos adultos quanto à formação das crianças
(COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Na Grécia Antiga, as crianças iniciavam a sua educação aos sete anos de idade.
Para Platão (427-348), os primeiros anos na escola eram fundamentais para toda a
formação, sendo que o tempo das crianças deveria ser preenchido com jogos
educativos, realizados pelos dois sexos.

Para Platão, o esporte tinha um papel fundamental na formação tanto educacional


como moral, estando diretamente relacionado à formação do caráter e da
personalidade.

Durante a Antiguidade, foram exploradas várias possibilidades de brinquedos e


brincadeiras, entre eles: jogos de ossinhos, arcos, bonecas, cavalos, entre outros.
Uma grande parte dos brinquedos utilizados até os dias atuais foi originada na
Grécia Antiga, e eles são considerados importantes facilitadores, no sentido de
possibilitarem a aprendizagem (KISHIMOTO, 2017).
O jogo conhecido como pentelitha, composto de um lançamento de cinco
pedrinhas ao ar apanhando-se a maior quantidade possível delas na palma da
mão, foi praticado durante muitos séculos e, de acordo com os dados, era jogado
também utilizando-se ossos.

Os dados eram feitos do osso calcâneo do carneiro (astrágalo), e, nos jogos, era
concedido um valor a cada uma das seis faces. Na época, também existiam os
dados de ouro e de prata (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Atenção!
Importância dos jogos

Os jogos eram considerados fundamentais durante os anos iniciais de


cada uma das crianças. Para os filósofos que viveram durante a
Antiguidade, o corpo era algo muito importante, e, portanto, os jogos
físicos tinham um grande valor pedagógico, sendo todos voltados
para o ensino e a aprendizagem.

Fonte: Cotonhoto, Rossetti e Missawa (2019). 

Foi na Antiguidade que a mímica foi originada, sendo um tipo de brincadeira da


qual podem participar tanto crianças e adolescentes quanto adultos. Para praticá-
la, é necessário que um indivíduo faça a mímica sem utilizar qualquer tipo de
códigos, letras ou palavras, e os outros devem adivinhar o que o praticante da
mímica está querendo mostrar – pode ser um animal, um objeto ou qualquer outra
coisa.
FIGURA 3 Mímica
FONTE: Ronald / Wikimedia Commons

Em decorrência das batalhas e conquistas da época, os romanos acabaram


levando a mímica para a Itália. Após a queda do Império Romano, a Igreja Católica
proibiu esse tipo de prática, fechando todos os teatros existentes na época, uma vez
que acreditavam que tais atividades eram profanas, pois não estavam ligadas aos
preceitos da Igreja (KISHIMOTO, 2017).

Roma Antiga
Quintiliano foi um filósofo e pedagogo romano, professor de gramática e retórica
em Roma ao longo do império Vespasiano. Ele viveu durante os anos 35 a 95 e
destacava a importância da utilização dos jogos.
FIGURA 4 Quintiliano
FONTE: Vanzanten / Wikimedia Commons

Durante este período, as brincadeiras praticadas pelas crianças eram consideradas


um importante facilitador no processo de aprendizagem de todos os conteúdos
formais, para que conseguissem aprender as obrigações sociais. Desse modo, as
crianças tinham contato com o processo de criação de todos os pressupostos
antropológicos responsáveis pela base da pedagogia.

Tanto para os romanos como para os gregos, a educação era pautada por meio de
modelos. Os jogos corporais para os gregos deixaram de ser tão praticados como
antes e deram lugar à prática dos jogos mentais. Para alguns humanistas, o
emprego desses jogos era fundamental, porém não acreditavam que eles
servissem para a educação das crianças (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Para muitos, os brinquedos eram vistos com um certo desprezo, pois poderiam
contribuir para o desvio de atenção das crianças, e o foco deveria ser o estudo.

Um dos brinquedos criados na Roma Antiga foi a amarelinha, que simbolizava a


passagem do homem pela vida; por essa razão, em uma extremidade estava
escrito céu e na outra, inferno. Entre as extremidades, existiam casas numeradas de
1 a 9. A criança jogava uma pedra e, de acordo com o número em que a pedra
caísse, ela ia pulando de cada em casa, sempre devendo colocar um pé em cada
casa até atingir o céu (KISHIMOTO, 2017).

Idade Média
Toda a Idade Média foi marcada pela grande interferência da Igreja em todos os
aspectos, principalmente morais, políticos e jurídicos, além, é claro, dos
educacionais. Portanto, houve uma grande influência dos conteúdos religiosos
durante este período.

Pode-se dizer que a filosofia praticada na época foi uma adaptação ao


pensamento grego, não existindo uma preocupação com a infância. As crianças
reproduziam as tarefas desempenhadas pelos adultos, sob grande influência dos
princípios morais cristãos voltados para uma educação disciplinadora.

Os jogos eram focados na educação dos cavaleiros, visto que a Igreja não oferecia
disciplinas como a educação física (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Um dos exemplos de jogos criados nesta época foi a cabra-cega, em que um dos
indivíduos ficava com os olhos vendados, procurando adivinhar e agarrar os outros
indivíduos. Quando um participante era agarrado, este deveria ficar com os olhos
vendados e procurar os demais. Para este jogo, não havia um número mínimo de
participantes, e era necessária apenas uma venda para tapar os olhos de quem
fosse a cabra-cega. O jogo iniciava-se no momento que os indivíduos faziam uma
roda em volta da cabra-cega, que permanecia de joelhos com os olhos vendados
(KISHIMOTO, 2017).

FIGURA 5 Cabra-cega
FONTE: Quadell / Wikimedia Commons

Essa brincadeira ainda é muito praticada atualmente, tanto por crianças como
também por adultos. O interessante é que é uma atividade que não requer muitos
objetos, uma vez que é necessário apenas um lenço.
Séculos X e XI
Durante os séculos X e XI, ocorreram várias mudanças em virtude das grandes
transformações econômicas. Este momento foi marcado pela liberação das
navegações no Mediterrâneo, o que resultou em um grande desenvolvimento do
comércio, uma vez que as invasões pelos bárbaros foram interrompidas.

Houve novamente o surgimento das cidades e, consequentemente, o aparecimento


da burguesia. O comércio passou por um processo de grande expansão, e os
caminhos para a ciência e a educação também se expandiram (COTONHOTO;
ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Séculos XV e XVI
Neste período, ocorreu um importante movimento chamado de humanismo, tendo
como objetivo o rompimento das concepções que foram dominantes durante a
Idade Média, com a proposta de alterar a imagem tanto do homem como da
cultura.

Iniciou-se uma grande preocupação com a educação, que contribuiu para o


surgimento das escolas modernas. Em concordância com as pesquisas realizadas,
o movimento Renascentista do século XVI foi fundamental para a percepção do
valor que os jogos têm para educação, sendo considerados como uma tendência
natural do homem. Infelizmente essas ideias não eram aplicadas para as crianças,
e sim apenas para os adultos (KISHIMOTO, 2017).

Posteriormente, por meio de Montaigne, Rousseau e Pestalozzi, entre outros, foram


desenvolvidos estudos importantes sobre educação de forma sistemática,
reforçando a importância da responsabilidade social para a ciência, da valorização
do desenvolvimento infantil e dos aspectos psicológicos envolvidos no processo do
ensino.

Companhia de Jesus
Os membros da Companhia de Jesus são conhecidos como jesuítas. Esta ordem
religiosa foi fundada no ano de 1534 por um grupo de estudantes da Universidade
de Paris, tendo como líder Inácio de Loyola, posteriormente conhecido como Santo
Inácio de Loyola. Os primeiros jesuítas enviados para a América foram José de
Anchieta e Manuel da Nóbrega (KISHIMOTO, 2017).

FIGURA 6 José de Anchieta


FONTE: Pablo Busatto / Wikimedia Commons

Após o surgimento da Companhia de Jesus, o principal foco dos jesuítas era o


processo educacional. Nesse sentido, eles começaram a ver os jogos educativos
como um importante recurso para o ensino, garantindo uma expansão muito
significativa no mundo inteiro das suas pregações mediante a utilização de jogos.
Esses jogos sempre tinham um significado importante como pano de fundo, sendo
voltados, por exemplo, para as atividades da vida cotidiana, como alimentação e
higiene pessoal, além dos preceitos religiosos transmitidos durante essas
atividades.

Revolução Industrial
A Revolução Industrial ocorreu no século XVIII, na Inglaterra. O novo modo de
produção foi disseminado pela Europa durante o século XIX, e, no século XX, já
estava em todo o mundo.

A lei fabril exigia que as crianças fossem à escola ao menos durante 30 dias e não
menos que 150 horas antes de começarem a trabalhar (ou seja, as crianças
deveriam ficar por volta de três horas diárias na escola). O trabalho, portanto,
estava atrelado à frequência na escola, até que fossem alcançadas as 150 horas
legais (KISHIMOTO, 2017).
FIGURA 7 Trabalho infantil
FONTE: Lewis W. Hine for the National Child Labor Committee / Wikimedia Commons

Os espaços físicos das escolas na época eram muito precários, e boa parte das
crianças ia à escola apenas para receber o seu atestado de frequência.

O capitalismo proporcionou grandes mudanças, e o homem passou a ser visto


apenas como uma força de trabalho vendida para os proprietários dos meios de
produção, fazendo com que ele perdesse a sua liberdade e tornando-o
praticamente um escravo (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Observe a figura a seguir, um exemplo de brincadeira da época:


FIGURA 8 Pega-pega
FONTE: FA2010 / Wikimedia Commons

Um dos exemplos de brincadeiras criadas na época da Revolução Industrial é o


pega-pega, surgida na região da Madeira. Nela, um dos jogadores tenta pegar os
outros, que evitam serem pegos. Quanto à forma de ser pego nessa brincadeira,
podem existir algumas variantes, e as regras ficam a cargo dos jogadores. Por
exemplo, dependendo do modo de brincar, o indivíduo vai virar automaticamente o
pegador apenas ao ser tocado (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

Saiba mais!
Brinquedos e brinquedoteca

Você está convidado a acessar o site da Associação Brasileira de


Brinquedotecas. Lá, encontrará informações muito relevantes e terá
acesso a todas as leis relacionadas a brinquedos, brinquedotecas e
crianças. Outro ponto muito importante deste site é que ele conta com
diferentes jogos, brincadeiras, cantigas, curiosidades, fábulas, lendas e
vídeos, entre outras informações muito interessantes. Saiba mais,
acessando o link a seguir.
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Início do jardim de infância
No ano de 1896, foi iniciado o primeiro jardim de infância oficial, destinado apenas
aos mais abastados, ou seja, a burguesia, que vivia cercada de muito luxo.

Friedrich Wilhelm August Fröbel foi um importante pedagogo alemão, nascido em


Oberweissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782, e falecido no ano de 1852,
praticamente o primeiro educador a considerar o começo da infância como um
período fundamental para a constituição dos indivíduos. A época de Fröbel foi
marcada por muitas mudanças envolvendo as crianças, uma vez que ele sempre
esteve à frente de processos relacionados à pedagogia.

O primeiro jardim de infância, destinado a crianças com menos de oito anos de


idade, foi criado por ele na cidade alemã de Blankenburg; posteriormente, os jardins
de infância difundiram-se por toda a Europa e pelos Estados Unidos, onde foram
agregados às normas educacionais propostas pelo filósofo John Dewey
(COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).

FIGURA 9 Friedrich Wilhelm August Fröbel


FONTE: Verlag A.Pichlers Witwe und Sohn / Wikimedia Commons

Fröbel comparava as crianças com as plantas durante o período de formação, que


demandavam cuidados constantes para crescerem da forma mais saudável.

Muito das técnicas educacionais empregadas atualmente são baseadas nas


propostas de Fröbel. Ele defendia que as brincadeiras eram o recurso inicial ao
longo de todo o processo da aprendizagem, significando, portanto, não apenas
uma diversão, e sim uma forma para a criação de representações mais concretas
do mundo, tendo como objetivo ajudar no entendimento dele (SCHWARTZ; RANGEL;
DARIDO, 2004).

Fröbel foi também um dos primeiros pedagogos a abordar a autoeducação,


conceito que só foi difundido no começo do século XX, por meio do movimento da
Escola Nova, de Maria Montessori.

Treinamento das habilidades


Fröbel foi o responsável pelo desenvolvimento de vários brinquedos. Por meio da
análise das crianças com idades diferentes, a educação, segundo ele, permitia
tanto o treinamento de habilidades que já estavam presentes nelas como também
o aparecimento de novas habilidades. Portanto, era possível que os alunos
realizassem a exteriorização do mundo interior e a interiorização de todas as
inovações vindas do exterior – este era considerado um dos pilares do aprendizado.

Fröbel, além da prática escolar, se dedicou à criação de um método filosófico para


lhe dar sustentação. Para ele, a educação teria que focar os conceitos de unidade e
harmonia, por meio dos quais as crianças poderiam atingir a própria identidade,
além do contato com o eterno. Essas questões relacionadas ao âmbito espiritual se
devem às influências que ele recebeu do pai, que foi um pastor protestante.

O autoconhecimento não estava limitado aos domínios individuais, mas


acreditava-se que poderia ser um importante meio para proporcionar uma vida
melhor à sociedade. Nesse sentido, para Fröbel, a educação infantil era
fundamental para a constituição da criança, e essa proposta foi acatada pela
maioria dos teóricos da educação que o procederam.

O propósito das tarefas desenvolvidas nos jardins de infância era garantir a


realização de brincadeiras muito criativas. Todas as atividades lúdicas e o material
escolar deveriam ser determinados previamente, para assegurar maiores
possibilidades aos processos educativos.

A maioria das brincadeiras propostas por Fröbel era realizada ao ar livre, tendo
como objetivo estimular os praticantes por meio do contato com o ambiente. Para
ele, era essencial que as crianças fizessem atividades manuais, pois estas seriam
uma forma importante de estimulá-las. Ele acreditava que era necessário propor
atividades nas quais as crianças ficassem livres, tendo, com isso, a liberdade para a
criação mediante as expressões do seu próprio interior. Fröbel era adepto ao
“aprender a aprender”, uma vez que a educação é desenvolvida por meio da
espontaneidade das crianças (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA, 2019).
Portanto, quanto mais ativa a criança for, mais receptiva ela será para receber
novos conhecimentos. E o marco inicial para isso seria o ensino por meio dos
sentidos e o contato que estes poderiam possibilitar no mundo.

Por conseguinte, para Fröbel, a educação é fundamentada na percepção, que


ocorre espontaneamente nas crianças. A pedagogia que ele defendia era pautada
na liberdade de todas as crianças, uma vez que as crianças já trazem dentro de si
mesmas uma metodologia própria, que proporciona o aprendizado em função dos
interesses e por meio das ações práticas. Nesse sentido, não é indicada a
abstração em excesso, visto que ela prejudicaria o aprendizado dos alunos.

Durante a primeira infância, segundo Fröbel, era necessário o foco na percepção e


no desenvolvimento da linguagem, devendo ser trabalhadas as ciências naturais, a
matemática, a linguagem, as artes e a religião (COTONHOTO; ROSSETTI; MISSAWA,
2019)

A educação não poderia gerar imposições aos alunos, visto que estes passarão por
vários estágios para o aprendizado e as imposições poderiam atrapalhar todo este
processo. Com essas afirmações, Fröbel já estava adiantando as propostas de
Piaget.

Fröbel propôs três estágios por meio da utilização das fases do desenvolvimento,
mostrando quais seriam as alterações encontradas no aprendizado durante estas
três fases. São elas:

Primeira infância: corresponde ao período de desenvolvimento do bebê,


quando ocorrem os primeiros contatos com o mundo.

Infância: período no qual a criança começa a diferenciar e identificar o mundo


que a rodeia.

Idade escolar: período no qual ocorre o desenvolvimento da linguagem.

Por meio das suas produções, ele mostrava a importância da brincadeira e da fala
nas crianças, que lhes proporcionava maior desenvolvimento, além de contribuir
para um relacionamento melhor com o mundo exterior.

Todas essas propostas relacionadas à criação de jardins de infância e à prática dos


jogos receberam um espaço cada vez maior em diferentes países, sobretudo na
Ásia e nos Estados Unidos.

Estes programas tinham como base a brincadeira de forma supervisionada, porém,


como pode ser observado a seguir, existiam diferenças entre as crianças pobres e
da elite. Para as crianças pobres e imigrantes existiam locais pré-determinados,
enquanto o brincar livre era praticado principalmente por meio das escolas
particulares pertencentes à elite.

Portanto, para a sociedade norte-americana, os desenvolvimentos decorrentes da


industrialização e da urbanização impuseram a necessidade da criação de um
brincar sob supervisão de profissionais praticamente em todas as creches.

De acordo com alguns pesquisadores, havia uma crença dominante de que as


necessidades das crianças pobres são distintas das necessidades das crianças
ricas. Entendia-se ainda que as crianças conseguiam aprender melhor por meio
das brincadeiras, porém não se acreditava na possibilidade de brincar sem
nenhuma supervisão como uma forma de educação (SCHWARTZ; RANGEL; DARIDO,
2004).

Por meio desse movimento, os jogos começaram a ser considerados essenciais


para o processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, o uso dos jogos
educativos se consolidou para o aprendizado de todos os temas escolares.

Posteriormente, apareceram novas pesquisas referentes à excelência dos jogos


para o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, bem como para a
formação dos autores deste processo, ou seja, professores, alunos, pais, estudiosos
sobre o tema e a sociedade em geral (SCHWARTZ; RANGEL; DARIDO, 2004).

Agora que você concluiu a leitura deste estudo, veja, nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:

Indicação de Leitura 
 

Livro: O jogo e a educação infantil: falar e dizer; olhar e ver; escutar e ouvir (Na sala
de aula)

Autor: Celso Antunes

Ano: 2017

Editora: Vozes

ISBN: 8532629008
Comentário: Este livro aborda a importância da brincadeira na educação infantil,
mostrando o prazer, a alegria e a satisfação que ela proporciona aos alunos. Por
meio das brincadeiras, ocorrem também outros ganhos importantes, como o
estímulo de todas as inteligências, o desenvolvimento de competências e o
incentivo para melhorar as relações sociais, proporcionando um crescimento mais
saudável e integral para as crianças.

Atividade

A amarelinha é uma brincadeira criada para simbolizar a passagem do


homem pela vida, sendo representada por meio do céu e do inferno, além
dos números de 1 a 9, separados em círculos ou quadrados. Assinale a
alternativa correta, que apresenta em que momento da história a
amarelinha foi criada. 

A. Idade Média. 

B. Roma Antiga. 

C. Revolução Industrial. 

D. Antiguidade. 

E. Grécia Antiga. 

Atividade

Na Grécia Antiga, o processo educacional das crianças era iniciado a partir


dos sete anos de idade, sendo considerado de grande importância para
todos os indivíduos. Um jogo característico da época é a pentelitha. Nesse
sentido, assinale a alternativa que apresenta como o jogo pentelitha era
realizado. 

A. A partir do lançamento de cinco pedras em direção ao adversário. 


B. A partir do lançamento de cinco pedras em direção ao alvo. 

C. A partir do lançamento de cinco pedras ao ar. 

D. A partir do lançamento de pedras sobre as águas. 

E. A partir do lançamento de duas pedras, verificando qual chegava


mais longe. 

Atividade

Friedrich Fröbel foi um importante pedagogo alemão, primeiro educador a


considerar o início da infância como um período essencial para a
formação dos indivíduos e o criador do primeiro jardim de infância.
Assinale a alternativa que apresenta a que idade os jardins da infância
eram destinados e com o que Fröbel comparava as crianças. 

A. Menos de oito anos de idade – ele comparava as crianças ao


concreto durante o período de formação, devido à necessidade de
rigidez, não sendo necessário ter nenhum tipo de cuidado. 

B. Menos de cinco anos de idade – ele comparava as crianças com


as plantas durante o período de formação, sendo necessários
cuidados constantes para crescerem de forma mais saudável. 

C. Menos de sete anos de idade – ele comparava as crianças com o


cristal, devido à sua grande fragilidade, o que significa que
qualquer pequena mudança comprometeria muito o aprendizado
delas.

D. Menos de quatro anos de idade – ele comparava as crianças com


as plantas durante o período de formação, sendo necessários
cuidados constantes para crescerem de forma mais saudável. 
E. Menos de oito anos de idade – ele comparava as crianças com as
plantas durante o período de formação, sendo necessários
cuidados constantes para crescerem de forma mais saudável. 

 
Síntese
Chegamos ao final deste material, que abordou assuntos muito interessantes sobre
o jogo, os brinquedos e as brincadeiras. Ao longo do conteúdo, você pôde aprender
as definições e os significados de cada uma das atividades.

Foram abordados também os períodos históricos, permitindo-lhe conhecer as


particularidades de cada um, como as crianças e os adultos se comportavam
frente aos jogos e às brincadeiras, além de saber quais foram os jogos criados
nesses períodos.

Por último, foram abordadas as contribuições de Fröbel para a construção do


primeiro jardim de infância e a importante relação dos jogos com o aprendizado
das crianças.

Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BRINQUEDOTECAS. Disponível em:
https://en.brinquedoteca.org.br/. Acesso em: 04 mar. 2021.,CINTRA, R. C. G. G.;
PROENÇA.; M. A. M.JESUÍNO, M. S. A historidade do lúdico na abordagem histórico-
cultural de Vigotski. Revista Rascunhos Culturais, v. 1, n. 2, p. 225-238,
2010.,COTONHOTO, L. A.; ROSSETTI, C. B.; MISSAWA, D. D. A. A importância do jogo e da
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