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O Brincar – Conceito e História

1. O Brincar na História

A seguir tentará se mostrar como o Brincar esteve presente na história


do mundo, como era muito inerente á cultura e de uma certa forma fez alguma
diferença à sociedade na época, os fatos sobre o Brincar, segundo Atzingen
(2001), ocorreram da seguinte forma:

 Na Babilônia há cerca de 3000 anos a.C., já haviam os piões,


feitos de argila e com bordas decoradas.

 O jogo do Ur, que é um jogo de percurso, que era jogado na


Mesopotâmia há mais ou menos 3 mil anos a.C.

 Os 1ºs chocalhos para crianças surgiram no Egito por volta de


1360 a.C.

 A origem das bonecas ocorreu no Egito, há 5 mil anos.

 Achados arqueológicos do século IV a.C., na Grécia,


descobriram bonecos em túmulos de crianças.

 Na Grécia – Platão (427–348): Os primeiros anos da infância


deveriam ser ocupados com jogos educativos praticados por
ambos os sexos; esporte tinha objetivo educacional e moral para
formação da personalidade e do caráter.

 Um dos elementos lúdicos presentes na Roma antiga eram os


espetáculos de corridas de cavalos no Hipódromo de Bizâncio.

 Os Soldadinhos de chumbo em meados do séc. XIII

 No Renascimento a busca da beleza e da nobreza é um exemplo


de jogo cultural. Há duas "Idades de Ouro do jogo".

 Os suíços criaram as 1ªs caixinhas de música por volta de 1770.


 Leonardo já tinha estudos sobre a Bicicleta, mas sua história
oficial começou em 1790.

 O primeiro trem elétrico em miniatura foi feito em 1835 por um


ferreiro nova-iorquino

 Os carrinhos apareceram simultaneamente aos carros originais


nos primeiros anos do séc. XX.

 O brinquedo autorama foi inventado em 1956.

 Os bonecos playmobil ganharam suas primeiras versões em


1958.

 O balanço era um brinquedo freqüente na festa da juventude no


séc. XVIII.

 Na Idade Média a consagração dos cavaleiros, nas cerimônias


de investidura, nos torneios, na heráldica, nas ordens de
cavalaria, nos votos, isto é, em todas as coisas relacionadas com
o mundo arcaico, o fator lúdico exerce plenamente sua função,
como autêntica força criadora.

 Na Ilíada, quando Ulisses desembarca na ilha e ele é acordado


pelas damas, elas estão jogando bola.

 Em 1747 surgem os fantoches, estes eram dados de presentes


ás mulheres e ás crianças.

 Na Índia há muitos séculos surgiu o xadrez.

 Na África deu-se origem a perna de pau que naquele momento


era associada a práticas religiosas e mitológicas, foi utilizada
pelos feiticeiros em ritos de iniciação por algumas tribos.

 Pieter Brughel, pintor do século XVI. Fez uma tela em 1560


onde havia cerca de 84 brincadeiras dentre as quais o jogo do
pião, pula-sela, o arco, a cadeirinha.
 A origem da pipa é chinesa e que a princípio era usada para fins
militares, mas que depois tornou-se um brinquedo popular
também conhecido como papagaio, pandorga, quadrado, arraia,
cafifa.

 As bonecas que sempre encantaram as meninas de vários locais


e das diversas classes sociais tornaram-se tradicionais,
confeccionadas de diversas formas e jeitos como: bonecas de
massa, de barro, de pano, de louça, de borracha e as
industrializadas.

 Alguns brinquedos muito antigos como a bola, o arco, a roda de


penas na época haviam sido impostos às crianças, como objetos
de culto, mas que depois devido à imaginação das crianças
foram transformadas em brinquedos.

2. Brincar e o Jogo - Conceito

A abordagem que será feita neste tópico será destinado aos conceitos
elaborados por alguns autores sobre o Brincar e o Jogo, pois ambos acabam se
misturando no decorrer da história, e a formação de cada um para colaborar com
a cultura lúdica e educacional. Tentarei abordar sobre um pouco de história do
lúdico, destacar como este teve importância no âmbito da educação e que feito de
forma séria pode ajudar no ensino aprendizagem do aluno. A idéia deste tópico
não é buscar comparar qual é o melhor conceito ou quem tenha explorado o lúdico
de maneira mais elaborada, mas apenas contribuição que cada autor em sua
época deu para o Brincar e para o Jogo e fizeram com que cada um falasse da
importância deste assunto junto à educação. (ALVES, 2005)

“É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto,


pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo
que o indivíduo descobre o eu (self)”.(WINNICOT,1975:80)
O autor Donald Woods Winnicott (1975) descobre que através do
Brincar pode-se revelar muito do ser humano, ele tenta explorar sua descoberta
para poder identificar o comportamento do mesmo.

No momento do brincar as pessoas acabam se soltando, ficando leves,


livres e podendo ser elas mesmas. As pessoas neste momento acabam
esquecendo de seus problemas, amarguras, tristezas e parecem ser outras. O
Brincar transforma as pessoas, faz de um cara triste uma pessoa alegre, faz de
um cara mal-humorado uma pessoa de bem com a vida, tire de um rosto sisudo
um sorriso, o Brincar muda o estado de espírito das pessoas, é só dar um
brinquedo, que a pessoa gosta, na mão que ela se transforma ou é só fazer uma
brincadeira, que a atraia, que o indivíduo muda completamente. O Brincar faz com
que as pessoas estejam de caras limpas e não usem mascaras.
(WINNICOT,1975)

Sendo o Brincar uma situação onde o ser humano pode oferecer muito
de si mesmo, fica mais à vontade, conhece o seu potencial e suas limitações, é
uma situação totalmente prazerosa a qual se encontra, é um ótimo momento que
pode-se obter uma melhor performance deste na área educacional. Por que a
escola insiste em ser tão séria se é, no Brincar que se descobre características
sobre si e o outro? Não deveria haver mais jogos, brincadeiras e brinquedos, se o
final do estudo de Winnicott (1975), diz que o brincar é essencial para o ser
humano para a sua criatividade, por que a escola ainda tenta diminuir as aulas de
Educação Física e Artes e aumentar as aulas das disciplinas Português e
Matemática ou História e Geografia? São perguntas que muitos não conseguem
ou não querem responder, mas se as pessoas observarem que ao término de uma
boa aula de Educação Física as pessoas voltam com outro ânimo para poder
trabalhar, os professores poderiam canalizar melhor este potencial e aproveitar o
momento com uma possibilidade de criação. Ter uma atividade prazerosa não é
privilégio somente de Artes e Educação Física, outros professores de outras
disciplinas poderiam inserir atividades lúdicas em seu planejamento, com certeza
suas aulas ficariam mais prazerosas e seus alunos teriam mais vontade de
aprender, com certeza o ambiente atrativo possibilitando a criação por ambos os
lados, alunado e professorado.

Outra contribuição dada por Winnicott (1975) é que ao brincar a pessoa


demonstra que está bem, ou seja, que sua saúde está boa, ela está em perfeitas
condições para desenvolver uma atividade lúdica, por outro lado se seu estado
não é bom prefere ficar de fora se esquivando de tudo e de todos, ninguém que
esteja mal fisicamente ou psicologicamente quer fazer alguma atividade.

A identificação de quem realmente é o indivíduo não é algo muito fácil,


mas quando a pessoa seja ela criança, adolescente ou adulta, está em uma
situação do lúdico é uma ótima oportunidade de descobrir um pouco mais sobre o
ser humano, é um momento único onde este viaja em seus sonhos, fantasia seu
mundo e se torna criativo, a formação de Winnicott (1975) o ajudou a desvendar
muito sobre o ser humano, não somente nas crianças que era sua especialidade,
mas também nos adultos, e com certeza isto trouxe muitos benefícios a diversas
áreas, a psicanálise com certeza e a educação está entre uma destas áreas
beneficiadas.

Parece que a criança, longe de saber brincar, deve aprender a brincar, e


que as brincadeiras chamadas de brincadeiras de bebês entre a mãe e a
criança são indiscutivelmente um dos lugares essenciais dessa
aprendizagem. (BROUGÈRE, 1998: 22)

Já para Gilles Bruougère (1998), a criança precisa ser inserida no


mundo do brincar, pois ainda é desconhecido para ela, então é necessário
aprender a brincar, e neste caso o relacionamento entre bebê e a mãe é o início
desta aprendizagem da cultura lúdica da criança. A fase da amamentação, onde a
mãe e o bebê estão muito próximos é um momento riquíssimo para que o
aprendizado se inicie onde os gracejos, as caretas e os carinhos farão parte da
construção de uma cultura lúdica. Alguns adultos devem achar isto muito natural,
já que é algo que vai acontecer mesmo no ciclo da vida, e deve ser mesmo, e por
ser tão natural talvez alguns não tenham dimensão e nem percebam a real
importância deste momento, pois se deste ponto a criança se sair bem ela
construirá sua cultura lúdica sob uma base sólida e não somente isto, já terá
iniciado um ciclo de aprendizagem em sua vida.

O momento único na vida deste pequeno ser pode estruturar toda a sua
vida, a criança aprenderá repetição de gestos, as primeiras regras, a fantasia e os
sonhos também estarão presentes, estes são os primeiros passos para criação de
uma cultura lúdica na vida da pessoa e que ao longo do tempo se ampliará com as
experiências que a criança tiver em sua vida, porém um bom início dará a esta
criança uma boa base para o desenvolvimento de uma estrutura ideal para novas
atividades lúdicas que estiverem por vir.

Partindo deste princípio como pode algumas pessoas ainda acharem


que o brincar é fútil e que esta atividade serve simplesmente para distrair ou
somente fazer parte da vida como atividade de entretenimento, talvez se
esqueceram que foram crianças ou não tiveram um bom início de cultura lúdica,
então é preciso vê-la como algo natural, porque para a criança é algo natural, pois
já brinca desde o princípio, se isto foi trabalhado desde a sua maternidade, então
em sua naturalidade pede este tipo de atividade, agora se faz parte da natureza
da criança e é feito com naturalidade, fazer do brincar um suporte pedagógico fará
desta atividade algo que faz parte desta natureza. (BROUGÈRE, 2000)

Nas escolas de educação infantil exploram pouco a cultura lúdica como


forma de suporte pedagógico, na maioria das vezes usam as brincadeiras como
uma forma de distração e entretenimento e não dão o valor devido à cultura lúdica,
se este tipo de situação acontece nesta fase imagine na fase da adolescência,
então é necessário inserir de forma séria a cultura lúdica na educação infantil para
que ao chegar na fase da adolescência o brincar seja tão natural quanto fazer uma
conta de matemática ou a leitura de um texto.

Segundo Gilles (1998), dar lugar à brincadeira consiste em propor uma


educação natural.
Para Piaget (1971) o jogo não pode ser visto apenas como divertimento
ou brincadeira com desperdício de energia, pois ele contribui para o
desenvolvimento porque contribui para o desenvolvimento de funções cujo estado
de maturidade só é atingido no fim da infância: funções gerais, tais como a
inteligência e funções especiais ou instintos particulares.

Piaget (1971), sabia da importância do jogo na vida da criança, assim


como outros autores falaram a respeito do assunto, Piaget (1971) ressaltou
relevância do jogo ou da brincadeira na vida da criança, pois após estudos sabia o
que o jogo causava nesta fase, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-
operatório. Em se tratando do desenvolvimento da criança via que esta atividade
atingia a criança como um todo e favorecia a construção do seu conhecimento.
Podia-se perceber a motivação das crianças ao fazer atividades que envolviam os
jogos, pois queriam fazer o melhor e faziam um esforço para suplantar as
barreiras existentes tanto na área emocional como na cognitiva.

Piaget (1971) colocava que o jogo é uma atividade essencial na fase


infantil, pois a criança acaba assimilando o conteúdo, se apropria do que
compreende ser a realidade. Ele entendia que o jogo não é algo decisivo que
poderia mudar as estruturas, porém sabia que poderia provocar transformações à
realidade.

Piaget (1971) classifica em fases o desenvolvimento do jogo na criança:

 Primeira fase: adaptações puramente reflexas. A criança acaba


agindo de acordo com seus instintos essenciais, como por
exemplo, a sucção dá lugar a exercícios em seco como a
refeição.

 Segunda fase: o jogo parece duplicar uma das condutas


adaptativas. Como exemplo, os sons, os movimentos da cabeça
e das mãos junto com sorrisos de divertimento.

Nos primeiros meses da existência da criança tudo pode parece ser


um jogo, mas é uma fase difícil em que todo esquema pode parecer
lúdico ou não, depende do contexto em que a criança se encontra
ou do funcionamento que está ocorrendo no momento.

 Terceira fase ou fase das reações circulares secundárias: o


processo se mantém inalterado, mas nesta fase já se apresenta
com maior nitidez uma diferença entre jogo e assimilação
intelectual. A criança assimila a manipulação de objetos,
descobre que eles fazem barulho. Quando o Jogo for entendido
pela criança perde-se a graça e já não é mais novidade.

 Quarta fase ou fase da coordenação dos esquemas secundários,


pode-se assinalar o surgimento de duas novidades em relação
ao jogo: aplicação de esquemas conhecidos às novas situações
e mobilidade dos esquemas permite a formação de verdadeiras
combinações lúdicas. A criança repete e associa os esquemas já
constituídos por ela.

 Quinta fase: nesta fase se acentua a conduta ritual e a transição


do símbolo lúdico, as manifestações surgem com maior
criatividade e com muito mais combinações.

Enquanto na fase quatro há repetição e associação dos esquemas já


constituídos, com fim não-lúdico, os desta fase constituem-se quase
imediatamente em jogos.

 Sexta fase: nesta fase o lúdico desliga-se do ritual, sob a forma


de esquemas simbólicos, graças ao progresso no sentido da
representação. Este progresso é concretizado quando da
passagem da inteligência experimental para a combinação
mental, da imitação externa à imitação interna. Nesta fase existe
há imitação o que descreve de certa forma o símbolo e fazendo
com que haja uma diferença considerável entre o jogo motor,
desta forma aparentemente e pode-se dizer que também ao
mesmo tempo em que há assimilação lúdica.

Segundo o professor do Instituto de Psicologia da USP Lino de Macedo


(2005), foi o cientista suíço Jean Piaget (1896-1980) quem deixou as contribuições
mais valiosas sobre o lúdico. Piaget (1971) classifica o jogo infantil em quatro
tipos:
 De exercício: se caracteriza pela repetição de uma ação pelo
prazer que ela proporciona e é uma das primeiras atividades
lúdicas do bebê. É o que acontece quando ele joga objetos no
chão diversas vezes ou balança o chocalho sem parar.

 Simbólico: envolve o faz-de-conta, a representação que ocorre


quando os alunos brincam de pirata, de escolinha, de casinha ou
de super-heróis. Também acontece quando as crianças
manipulam objetos atribuindo a eles significados diferentes do
habitual, como tratar um cabo de vassoura como um cavalo.

 De regras: é o que exige que os participantes cumpram normas e


passem a considerar outros fatores que influenciam no resultado,
como atenção, concentração, raciocínio e sorte.

 De construção: nele, a atividade principal é construir e usar


diversos objetos para criar um novo. Pode ser uma cidade com
blocos de madeira ou um aviãozinho de sucata.

Segundo o autor Lev Vygotsky (1991) o que difere a criança do macaco


é a fala, pois ela tem um papel essencial na organização das funções
psicológicas. Dentro do processo da evolução do ser humano o momento de maior
significado é quando em seu desenvolvimento intelectual acontece à convergência
entre a fala e a atividade prática, duas linhas que até então eram completamente
independentes, a criança resolve com mais facilidade as suas tarefas quando a
sua fala acompanha a sua ação e isto pode ir aumentando a partir do momento
que a criança percebe não ter nenhuma ajuda de fora, então ela começa a falar
sozinha e vai desenvolvendo a fala egocêntrica para tentar assim resolver a
atividade que lhe foi proposta. No momento em que a criança, não havendo
ninguém, começa a se guiar pela sua fala internalizada e formou uma base para a
tarefa proposta como uma forma social para o seu comportamento, ela consegue
impor a si mesma uma atitude social, e assim interagir com ela e o meio, bem o
homem é interativo por isso dá tanta importância a fala.
O desenvolvimento cognitivo acontece quando a criança mantém uma
interação com as pessoas que ela convive em seu meio ambiente, então o seu
aprendizado não começa na escola, quando a criança vai para a escola já tem um
certo nível de aprendizado devido o convívio com as pessoas ao seu redor, a
função da escola é reunir e organizar todo este aprendizado, que se iniciou em
seus primeiros anos de vida, para aquisição de mais conhecimento.

A aquisição do conhecimento acontece através das zonas de


desenvolvimento real e proximal.

Segundo Vygotsky (1991), Zona de Desenvolvimento Real é definida


quando a criança consegue, de forma independente, solucionar os seus
problemas, quando algumas funções na criança já amadureceram, ou seja, o
desenvolvimento chegou aos seus produtos finais. Zona de Desenvolvimento
Proximal é definida quando as funções ainda não amadureceram, mas estão no
processo de maturação e são assistidas por alguém mais experiente ou um adulto,
são funções que amadurecerão com o tempo, mas por enquanto estão em estado
embrionário e que precisam das interações com outras pessoas para o seu
desenvolvimento.

O aprendizado, enquanto não adquirido, cria a Zona de


Desenvolvimento Proximal que desperta vários processos de desenvolvimento
dentro da pessoa, os processos agem através das interações que a criança terá
ao longo do processo que uma vez interiorizados acabam amadurecendo e
começam a fazer parte do repertório interno da criança, onde os usará de forma
independente a qualquer momento.

Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados, mas não


progridem na mesma proporção. O aprendizado na escola não coincide com o
desenvolvimento da criança.

No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um papel de


primeira importância. Põem em evidência as qualidades especificamente
humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de
desenvolvimento. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz
de fazer em cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de
pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao
desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções maduras,
mas as funções em vias de maturação. (VYGOTSKY, 1979:138)

O que torna o jogo importante no desenvolvimento da criança não é por


ser feito de livre escolha, sem ser forçado, mas sim, a possibilidade que no âmbito
da imaginação é possível se ter como planejar, imaginar as mais variadas
situações, imitar alguém ou alguma situação da vida, bem como, os aspectos
sociais dos momentos lúdicos, os seus contidos, e as regras que fazem parte a
cada estado.

Não é toda atividade lúdica que consegue criar uma situação Zona de
Desenvolvimento Proximal, do mesmo jeito que nem toda a metodologia de ensino
consegue fazê-lo, porém no jogo simbólico existe uma possibilidade para que isto
aconteça, já que neste tipo de jogo estão inseridos uma situação imaginária e o
cumprimento às regras. Vygotsky (1979) levou em consideração que o brinquedo
era uma forte fonte para a promoção da Zona de Desenvolvimento Proximal, pois
em suas observações a levava ao imaginário e criava suas próprias regras ao
brincar.

Quando Vygotsky (1979) se refere ao brinquedo, não quer especificar


um objeto, mas é algo com uma amplitude um pouco maior que está relacionado
ao ato de brincar. Quando ele cita o brinquedo como atividade do brincar, mais
especificamente ele quer tratar do jogo de papéis e o do “faz de conta”.

Nestas duas atividades a criança representa papéis e comportamentos,


se aventura em tarefas das pessoas mais velhas, experimenta situações, hábitos,
ensaia condutas e valores para as quais ainda não está pronta na vida real, tenta
impor sentido há algo que pra ela está muito distante de sua realidade naquele
momento. Esta possibilidade de trabalho com o imaginário cria uma Zona de
Desenvolvimento Proximal que possibilita a formação de conceitos ou métodos em
desenvolvimento e porque não o início há um novo aprendizado.

Observando todos os autores e suas abordagens sobre o brincar e


fazendo uma análise do que esta ação pode fazer na vida não só da criança, mas
de qualquer ser humano, seja o brincar ou a cultura lúdica, pode-se dizer que o
Brincar é: uma atividade que envolve a comunicação e expressão; é uma atividade
voluntária e com regras; uma atividade que proporciona o desenvolvimento físico,
cognitivo, emocional e social; é uma forma de aprender a viver e se relacionar com
o outro; uma atividade inerente de cada cultura de cada local; uma atividade que
envolve a imaginação da pessoa. Sendo assim o Brincar é muito importante e
deve fazer parte das atividades de aprendizagem de qualquer pessoa e que de
forma alguma pode ficar de fora, pois não somente irá proporcionar aprendizado
assim como satisfação e prazer ao se aprender.

Referências Bibliográficas

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