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LEGISLAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS DA


PESSOA COM AUTISMO: seu cumprimento no atendimento à saúde em
Redenção, Pará

João Pedro da Silva Machado1


Rosa Maria Campelo Macedo Rocha2
Ronigley Silva Maranhão3
José Rodrigues de Carvalho4

RESUMO: O presente artigo apresenta de forma exploratória como a Legislação da


Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com Autismo (Lei nº 12.764/
2012), vem sendo tratada em um município do estado do Pará. Sabe-se que as
pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autismo (TEA) possuem uma
deficiência de comunicação, com padrões de comportamentos restritivos repetitivos.
Na busca por informações acerca do atendimento das pessoas com esse transtorno,
teve-se como objetivo principal compreender como o município de Redenção tem
cumprido a referida legislação no aspecto da oferta da saúde. Os métodos adotados
de pesquisa foram de análise qualitativa do texto, com objetivo exploratório de
material bibliográfico documental coletado em instituiçoes púlblicas. Apesar da
existência de previsão legal, apurou-se que os indivíduos com a TEA tem pouco
acesso ao serviço à saúde no Municipio de Redenção-Pa.

Palavras-chaves: Autismo. Direito da Pessoa com TEA. Legislação. Saúde. TEA.

ABSTRACT: This article introduces preliminary research on the application of


Legislação da Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com Autismo
(Lei nº 12.764/2012) in a specific municipality of the state of Pará. It is well known
that people diagnosed with Autism Spectrum Disorder (ASD) present a deficiency in
communication skills, showing patterns of restrictive repetitive behavior. The main
objective of this research was to understand how, in the context of health services
offered to people with ASD, the municipality of Redenção has followed the
aforementioned legislation. The method of this research was a qualitative analysis of
data, reviewing bibliographical material, documents, collected from public institutions.
Despite existing legal provision, this study concluded that individuals with ASD have
little access to health services in the municipality of Redenção/PA.

Keywords: Autism. ASD individuals’ rights. Legislation. Health Services. ASD.


Data de Aprovação: 25 de Novembro de 2021
INTRODUÇÃO
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Direito da
Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR 2021
2
Acadêmico de Bacharel em Direito pela FESAR - Faculdade de Ensino Superior da Amazônia
Reunida. E-mail: jpsm.machado@hotmail.com
3
Acadêmico de Bacharel em Direito pela FESAR - Faculdade de Ensino Superior da Amazônia
Reunida. E-mail: rosacampmacedo@hotmail.com
4
Acadêmico de Bacharel em Direito pela FESAR - Faculdade de Ensino Superior da Amazônia
Reunida. E-mail: ronygley@hotmail.com
5
Docente da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR. E-mail:
jose.carvalho@fesar.edu.br
2

As pesquisas científicas sobre autismo têm evoluido consideravelmente nos


últimos tempos. O tema que vem sendo bastante discutido em relação à origem do
transtorno, ao crescimento do conhecimento de metodologias e sobre o tratamento.
De acordo com Goulart e Assis (2002), esse intenso interesse científico tema
contribuído para o aperfeiçoamento de técnicas de detecção e diagnóstico,
proporcionando uma identificação da condição cada vez mais precisa e prematura
no desenvolvimento infantil.
Inicialmente, o autismo foi definido por Kanner no ano de 1943, como
Distúrbio Autístico do Contato Afetivo, baseando-se em seu estudo realizado com 11
(onze) crianças que demonstravam aspectos comportamentais parecidos, bem
como: perturbações das relações afetivas com o meio, incapacidade de se
relacionarem com outras pessoas, severos distúrbios de linguagem, solidão autística
extrema, presença de boas potencialidades cognitivas, aspecto físico
aparentemente, normal, comportamentos ritualísticos, primeiros sinais apresentados
na infância e predominância no sexo masculino.
Segundo Kanner (2006), por volta dos anos 1950 e 1960, houve muitas
controvérsias sobre a origem do autismo e sua etiologia, acreditava-se que o
autismo era causado por pais que não demonstravam qualquer relação afetiva por
seus filhos (achamada “mãe geladeira”). A classificação desse transtorno foi
marcada em 1978, após Michael Rutter definir o autismo baseado em quatro
critérios: 1) atraso e desvio sociais não só como função de retardo mental; 2)
problemas de comunicação, novamente, não só em função de retardo mental
associado; 3) comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e
maneirismos; e 4) início antes dos 30 meses de idade.
A definição de Rutter e os crescentes estudos sobre o autismo influenciaram
na definição desta condição na terceira versão do Manual de Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III), no ano de 1980, quando o autismo foi
reconhecido pela primeira vez e inserido em uma nova classe de transtornos, os
transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDs). Em dias mais atuais, o DSM-V
define o autismo como um transtorno do neurodesenvolvimento, caracterizado por
dificuldades quanto à comunicação e interação social, além da presença de padrões
restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Por tanto, o transtorno do desenvolvimento no espectro autista é um dos
distúrbios neurológicos mais frequentes que prejudica o desenvolvimento
3

neuropsicomotor de crianças, onde este estado cingi uma diversidade de desordens


neurológicas comportamentais com 3 (três) condições mais perceptíveis, sendo elas:
dificuldade de socialização, transtornos em comunicação oral e não oral e
paradigmas repetitivos de comportamento (TEXEIRA, 2015). Além disso, uma
criança autista demonstra perdas consideráveis em suas habilidades de imitação e
na espontaneidade de gesto descritivos que dificultam tomar posse de
comportamentos complexos de socialização (INGERSOLL & SCHREIBMAN, 2006).
A escolha do referido tema deu-se a partir da vivência pessoal, na qual o terceiro e
ultimo filho da pesquisadora Rosa Campelo, nasceu com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) e toda dificuldade encontrada no dia a dia, essa situação nos
despertou o interesse de compreender como transcorre o processo legislativo e
como o município de Redenção tem cumprido a Legislação da Política Nacional de
Proteção aos Direitos da Pessoa com Autismo no aspecto da oferta da saúde,
partimos do pressuposto que o município cumpre a legislação. Sendo assim surgiu a
seguinte questão que norteou a presente pesquisa: Como o município de Redenção
tem cumprido a Legislação da Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa
com Autismo no aspecto da oferta da saúde?
Temos como principal objetivo compreender como o município de Redenção
tem cumprido a Legislação da Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa
com Autismo no aspecto da oferta da saúde, já que é o municipio em que vivemos,
Redenção é um municipio localizado na região suldeste do Pará, com uma
população estimada em 86.326 pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatisticas
(IBGE) com um numero rasoável de pessoas com diagnosticos e suspeita de TEA.

CONHECENDO O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA


Os avanços das pesquisas no campo das ciências médicas têm possibilitado
diagnosticar o autismo de maneira mais eficaz e precoce, o que permite tanto a
família quanto as insituições públicas de saúde agir com mais segurança e urgência
no sentido de oferecer condições às pessoas com esse transtorno vivam uma vida
com dignidade.
No que tange ao pode público, por exemplo, a Lei prever uma série de
medidas e ações que podem ser implementadas tais como,

a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do


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espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento


multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes; o estímulo à
inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de
trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente)
(MARAL, 2017, p. 2).

Além dessas medidas muitas outras devem ser colocadas em prática para
que as pessoas com TEA possa levar uma vida “normal”, uma vez que são sujeitos
de direitos que devem ter sua cidadania estimulada e respeita tanto da parte dos
cuidadores familiares quanto da parte do Estado. Trata-se de uma lei que “em
sucintos artigos, expõe os direitos da criança autista e as ações que o Poder Público
tem a obrigação de realizar, para promoção destes direitos”. (SANTOS, 2014, p. 21).
Conforme Santos (2014), a comunidade jurídica tem se aproximado cada vez
mais do tema. Decisões judiciais que enfrentam a educação da criança autista têm
sido recorrentes. Ocorre que, por se tratar de um direito social, prestacional positivo,
é difícil sua execução espontânea por parte do Poder Público, o que acaba
acarretando prejuízo para a clientela que demanda esse atendimento, ferindo sua
dignidade humana.
Em consonância com Machado (2003), a dignidade da pessoa humana
configura um dos cinco fundamentos do Estado Democrático de Direito no seio do
qual se organiza a Nação Brasileira, nos expressos termos do inciso III do artigo 1º
do Texto Constitucional. Para essa autora o ordenamento jurídico é condição basilar
do Estado Democrático de Direito, na medida em que tal coerência valorativa é pré-
requisito da existência de igualdade entre os indivíduos, ao menos como norte
primeiro a ser buscado pelo Direito.
Como os direitos se efetivam na menor esfera territorial do Estado que são os
municípios, nem sempre esse ente dispoõe de entendimento e equipamentos
suficientes para atendente às demandas das pessoas com transtorno de autismo.
Sendo assim, um dos primeiros passos a ser dado em direção ao atendimento
adequado às pessoas que buscam esse direito junto às instituições públicas é
compreender o que de fato as ciências médicas define como autismo no espectro
das deficiências.

DEFICIÊNCIA
São diversas as manifestações acerca do conceito de deficiência, muitos
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autores apresentam opiniões diferentes sobre valores e conceitos sobre qual


terminologia definem as pessoas com alguma limitação física ou psicológica.
Para o autor Gaio (2006), o conceito de deficiência ainda gera diversas
polêmicas, e através de seu estudo levantam equívocos e as contradições geradas
por termos como: normal, anormal, deficiente, excepcional, especial e outros.
Em se tratando do termo deficiência, Silva e Silva (2006) abordam que o conceito de
deficiência está relacionado ao caráter biológico do defeito e, sendo assim,
corresponde à deficiência em si mesma.
O termo que optamos para a nossa pesquisa foi pessoa com deficiência
tomando como base na LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015, que utiliza a
terminologia “Pessoa com Deficiência” por compreendermos que este, diferente de
muitas das outras terminologias não estigmatizadas e impregnadas de
discriminação, e que este melhor se encaixa nos objetivos da nossa pesquisa.
Existem diversos tipos e classificações de deficiência e todo estudo
relacionado acerca deste assunto está fundamentado na Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA).
A referida Lei foi importante para a regulamentação da matéria, sendo ela
responsável, inclusive, pela definição legal do TEA no parágrafo 1º do artigo 1º:

Art. 1º […]
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do
espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na
forma dos seguintes incisos I ou II:
I – Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da
interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação
verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível
de desenvolvimento;
II – Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e
atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva
aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses
restritos e fixos (BRASIL, 2012).

Nota-se que a legislação define com especificidade algumas características


clínicas nas pessoas com TEA que podem dar segurança aos gestores públicos
providenciarem ações que venham atender esses pacientes.

DEFICIÊNCIA MENTAL
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O Decreto Nº 5.296 de dezembro de 2004 da Presidência da República,


regulamenta a deficiência mental como:

Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com


manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou
mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado
pessoal, habilidades sociais utilização dos recursos da comunidade, saúde e
segurança, habilidades acadêmica e lazer e trabalho. (BRASIL, 2004)

Alguns testes têm sido utilizados frequentemente para identificar e classificar


a deficiência mental. Com o uso destes testes possibilitou-se a classificação em
escalas.

A deficiência mental é uma condição complexa. Seu diagnóstico envolve a


compreensão da ação combinada de quatro grupos de fatores etiológicos -
biomédicos, comportamentais, sociais e educacionais. A ênfase em
elementos dessas dimensões depende do enfoque e da fundamentação
teórica que orientam a concepção dos estudiosos. (CARVALHO e
MARCIEL, 2003, p. 148)

Estas classificações estão diretamente relacionadas às capacidades e as


limitações das pessoas com deficiência. O DSMV – Manual Diagnóstico e Estatístico
De Transtornos Mentais (2014) classifica a deficiência intelectual em 4 níveis de
intensidade – leve, moderada, grave e profunda. Vejamos também o que diz
Gimenez (2008) sobre as classificações da deficiência mental, organizado no
(Quadro 1) a seguir:

Quado 1 – Classificação da deficiência mental

Profundo Este indivíduo possui dependência completa e limitações


extremas relacionadas ao processo de aprendizagem. Essa
situação pode ser denominada de vida com apoio.

Severo Em geral, apresenta distúrbios sensoriais e ortopédicos,


prejuízo na comunicação e mobilidade. Está incluído entres
os indivíduos denominados de dependentes.
Moderado Possui um considerável atraso no aprendizado e problemas
motores visíveis, e geralmente possui certa facilidade em se
adequar, e são considerados treináveis e incluem algumas
pessoas com Síndrome de Down.
Leve Tem aprendizagem lenta, mas tem plena capacidade para
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desenvolver atividades simples. É conhecido pelo termo


“educável” dentro dos padrões.
Fonte: Elaboração dos Autores, com base em Gimenez (2008).

O DIREITO A SAÚDE DA PESSOA COM TEA


A partir da necessidade em regulamentar os direitos das pessoas com TEA
no Brasil devido ao cenário em que se vivia, no dia 27 de dezembro de 2012 houve
uma grande conquista dos pais e familiares de pessoas com TEA, pois foi nesta data
que foi sancionada a Lei nº 12.764/2012, pela então Presidente Dilma Rousseff,
cujas disposições instituíram a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa
com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL, 2012).
Os direitos das pessoas diagnosticadas com o transtorno do espectro autista
estão enumerados no artigo 3º da Lei da Política Nacional do TEA e são os
seguintes:

Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:


I – a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da
personalidade, a segurança e o lazer;
II – a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III – o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às
suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV – o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com
transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino
regular, nos termos do inciso IV do art. 2º , terá direito a acompanhante
especializado (BRASIL, 2012)

O direito fundamental dos autistas à saúde, que deve ser assegurado ao


indivíduo com TEA, que necessita de acompanhamento médico para tratar essa sua
deficiência. Infelizmente, a simples previsão legal não é o suficiente para assegurar
os direitos fundamentais dos cidadãos, mas sem dúvida é a ferramenta que permite
a sua efetivação através de medidas impositivas do Estado.
Conforme se pode verificar até aqui, a regulamentação da proteção das
pessoas com transtorno espectro autismo é resultado da luta desses indivíduos e
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seus familiares pelo seu reconhecimento como pessoa igual às demais em direitos,
as quais somente são garantidas com a aplicação de medidas que levam em
consideração suas características especiais de pessoa com deficiência. Nota-se
assim que ainda existem obstáculos a serem enfrentados diretamente – muitas
vezes por meio do acionamento do Poder Judiciário, contudo não se pode deixar de
lado o reconhecimento que sua previsão tem implicado em melhorias na vida dos
Autistas na busca pela efetiva garantia de seus direitos fundamentais.

METODOLOGIA
A metodologia adotada para este estudo foi à pesquisa Documental, que para
(Gil, 2008, pg 45), É muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza
das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um
tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão”
(documentos de arquivos de instituições públicas, ong., etc.), existem também
aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como
relatórios de empresas, tabelas etc...
O estudo tem como enfoque a abordagem qualitativa, que foi definida a partir
do pressuposto que, em síntese é uma pesquisa qualitativa que tem como objetivo
científico manipular informações recolhidas, descrevendo e analisando-as, para num
segundo momento interpretar e discutir à luz da teoria, ao passo que a pesquisa
quantitativa a partir da quantificação dos dados recolhidos se serve de modelo
matemático para descrever, analisar, interpretar e discutir os achados. (SEVERINO,
2008, p.62).
A obtenção dos dados foi a partir de uma pesquisa e análise de bibliografias
já publicadas em forma de livros, periódicos (revistas), teses, anais de congressos,
indexados em bases de dados em formato on-line ou CD-ROM, tais como a
legislação federal vigente, a lei 12.764, que institui a Politica Nacional de Proteção
dos Direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Constitui-se ainda fonte
desta pesquisa alguns documentos obtidos em instituições municipais,
especificamente na Camara Municipal de Vereadores e na Associação Amor Azuis,
esta formada por familiares de pessoas com TEA. Ressaltamos que a finalidade das
leis federal e municpal é proporcionar ao pesquisador o acesso à leitura de parte do
marco jurídico produzido sobre o assunto, servindo de conteúdo e apoio
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interpretativo e analítico para o desenvolvimento deste trabalho.


Para a aquisição de documentos oficiais estivemos na Central de Regulação
Ambulatorial, responsável pela regulação do acesso dos pacientes às consultas, aos
exames especializados e aos Serviços Auxiliares de Diagnóstico e Terapia (SADT)
com o senhor responsável pelo atendimentno inicial, onde protocolamos ofícios
solicitando o protocolo de atendimento às pessoas com Espectro de Transtorno
Autista, o mesmo nos informou que a regulação não tem um controle da quantidade
de pacientes e nos indicou uma senhora Presidente que está a Frente da
Associação em Constituição, que tem dados mais específicos sobre o autismo.
Protocolamos pedido de informação sobre a Associação e suas ações e a mesma
nos informou sobre um abaixo assinado das mães de filhos com autismo para
transformar o Centro Especializado em Reabilitação - CER hoje classificado como
CER III para ser modificado para CER IV, e poder assim oferecer serviços de
habilitação e reabilitação à pessoa com deficiência intelectual, física, auditiva, visual
e múltiplas deficiências, com profissionais capacitados com técnicas inovadoras e
equipamentos modernos.
Logo após protocolamos um ofício no Fórum de Justiça solicitando
informações sobre possíveis processos movidos por familiares requerendo
cumprimento da Lei que garante atendimento à saúde de pessoas com Espectro de
Transtorno Autismo. Como resposta, fomos informalmente informados que a Juíza
estava de licença e que o Fórum não tem ferramenta de busca de um tema
específico, e que procurássemos a instituição na Quarta-feira seguinte, mas até a
finalização desta pesquisa não obtivemos resposta.
Outro espaço acerca de informações foi a Associoção de Pais e Amigo do
Excepicionais APAE, onde dia 10 de novembro de 2021 protocolamos um ofício
solicitando dados sobre o tratamento de autismo, pois informalmente haviamos sido
comunicados na Regulação que 100% das pessoas com TEA eram encaminhadas
pelo município à APAE, e que a mesma mantém um convênio assinado com a
Prefeitura. Solicitamos ainda via ofício à Câmara municipal as legislações municipais
sobre o assunto e o convênio da prefeitura com a APAE, que foi respondido com os
documentos solicitados para a análise.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS


A partir dos documentos que nos foram cedidos percebemos a forma na qual
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o municipio lida com as pessoas com TEA exposto no (Quadro 2), com os passos
para o atendimento, diagnóstico e tratamento das pessoas com suspeita desse
transtorno no municipio de Redenção-PA:

Quadro 2 – Cronograma diagnóstico e tratamento autista


CRONOGRAMA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO AUTISTA
Passo 1º Consulta no Posto de Saúde para avaliação médica, caso
positiva as suspeitas o Posto de Saúde encaminha para a
Neurologia.
Passo 2º Consulta no Posto de Saúde para avaliação médica, caso
positiva as suspeitas o Posto de Saúde encaminha para a
Neurologia.
Passo 3º Marca o exame oriundo da consulta do PASSO II, através da
Regulação, e passar por uma equipe multidisciplinar (CER ou
APAE).
Passo 4º Volta aos profissionais do PASSO II através de marcação na
regulaçã, para apresentação de exames e laudos, para que o
mesmo descarte ou constate o Diagnóstico de hipótese de
Autista.
Passo 5º Caso o diagnóstico seja positivo os pacientes serão
encaminhados para APAE para tratamento.

Fonte: Leis municipais. Organização dos autores, 2021.

Através da Analise dos documentos podemos identificar a carência do


municipio em fornecer os dados nescessários para relização desta pesquisa, isso
pela ausência de um controle municipal. Por outro lado, existem orgãos que
atendem as pessoas com diagnóstico e com supeita, (como o Centro de Regulação)
e também a presença da Associação Amor Azul, que interfere diretamente na
garantia do acesso asaúde das pessoas com TEA no municipio, e na busca das
garantias dos demais direitos da Pessoa com esse transtorno, em Especial os
direios descritos na lei Lei 12.764/2012.
Também constatamos que as adaptações ao atendimento no CER só irá se
suceder se houver interesse por partes dos gestores municipais, visto que cabe aos
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mesmos encontrar meios que possibilitem o atendimento das pessoas com TEA nas
unidades municipais que oferecem. Apesar das diversas manifestações e lutas na
busca em fazer valer os direitos da pessoa com TEA, ainda há evidências de falta de
compromisso das instituições e órgãos municipais para se tornar uma realidade no
município. Para Lopes e Silva (2021, p. 24), “existem alguns indivíduos que, por
possuírem condições especiais, exigem do Estado uma maior regulamentação que
positive e torne efetivo o exercício desses direitos, dentre eles aqueles que possuem
o chamado transtorno do espectro autismo (TEA)”. Mesmo com a existência de leis
em prol do direito da pessoa com TEA encontram-se diversas dificuldades durante
no processo de cumprimento das normas.
Constatamos ainda que a maioria as instituições não possuem estruturas,
recursos nem funcionários especializados para atender eamparar este público, o que
interfere diretamente no processo do cumprimento legal. Esse cenário evidencia que
há flagrante descumprimento à legislação a exemplo no que garante Art. 2º da
Constituição Federak,

Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de


deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos
à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo
à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e
das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico (BRASIL,
1989).

Esses direitos básicos mais recentemente foram detalhadamente explicitos e


assegurados na Lei da Política Nacional para pessoas com TEA no seu artigo 3º, por
exemplo, nos seguintes parágrafos,

I –[...] a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da


personalidade, a segurança e o lazer; II – a proteção contra qualquer forma
de abuso e exploração; III – o acesso a ações e serviços de saúde, com
vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde [...]. (LOPES;
SILVA, p. 8).

As mesmas autoras ressaltam ainda que a Lei 12.764/2012 – Estatuto da


Pessoa com Deficiência foi recentemente alterada por meio da Lei nº 13.977/2020 –
Lei Romeo Mion, a fim de instituir a Carteira de Identificação da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista, ampliando assim o marco legal prevendo
atendimentos dignos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente artigo nos propusemos a perceber como a lei que garante
direitos às pessoas com TEA vem sendo cumprida no município de Redenção, tarefa
que nos revelou aspectos importantes do modo de funcionar do poder público diante
da demanda e as relações de parceria que estabeleceu com instituiçoes da
sociedade da civil.
Segundo o Art. 5º da Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, mas
é sabido que todos têm as suas individualidades, o que pode tornar um ser com
nescessidades diferentes e maiores que os outros, o que leva a criação de uma
legislação especifica para atender determinado grupo de pessoas, é o que acontece
com as Pessoas com TEA, a criação da lei 12.764/2012 que prevê expressamente o
direito da pessoa com TEA.
Ademais, é visivel que a administração municipal, juntamente com os orgãos
públicos e a Associação Amor Azul buscam a melhor forma de contribuir no
atendimento das pessoas laudadas e com suspeita do Transtorno do Espectro
Autista, logo, na qualidade de vida e na interação social desses indivíduos.
Deixamos em destaque que este tema necessita ser mais abordado, pois é
notório que a produção cientifica sobre o mesmo é escassa, assim como a literatura
ainda carece de mais pesquisas desenvolvidas e intervenções especificamente para
este público alvo, com o intuito de proporcionar mais conteúdos a pesquisadores
além de avanços sobre a qualidade de vida de pessoas com autismo. Todavia, os
estudos encontrados trazem profundas reflexões sobre a importância da intervenção
municipal na busca de oferecer uma melhor qualidade de vida para pessoas com
TEA.
É evidente que ainda existe um caminho de conscientização e quebra de
preconceitos a se percorrer, mas os avanços já são perceptíveis. Desde a criação
das Leis de Proteção as Pessoas com Deficiência, a inclusão desses cidadãos tem
sido uma realidade, os quais somente terão a dignidade humana resguardada pela
Constituição Federal quando todas as disposições legais sejam efetivamente
cumpridas por todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13

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