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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE


MINAS GERAIS
CAMPUS TEÓFILO OTONI

Curso Técnico em Agropecuária

PRÁTICA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL I:


Relatório de atividades práticas

Aluno: Guilherme de Quadros Alves

Tutor: André Santos de Souza

Carlos Chagas - MG
Maio / 2023
1 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 01 – AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM E
INFORMÁTICA BÁSICA

1.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Aula prática com objetivo de conhecimento de hardware e software, onde foi


realizada a desmontagem, manipulação e montagem de um gabinete de computador.

Local: Laboratório de Informática do Polo UAB – Carlos Chagas


Data: 28/01/2023
Horário: das 08:00 às 10:00
Tema: Hardware e Software

1.2 INTRODUÇÃO

A informática faz parte de nossas vidas e atualmente é praticamente impossível


concebermos a ideia de uma sociedade sem a informática, devido às facilidades e
comodidades trazidas pelo avanço tecnológico.
A disciplina AVA e Informática básica tem por objetivo principal trazer para o
aluno os principais conceitos de microinformática e de Ambiente Virtual de
Aprendizagem - AVA, uma vez que o curso é semi-presencial, e as aulas práticas
objetivam que os conteúdos teóricos sejam melhores fixados pelos alunos, nesta
prática em questão foi possível identificar e manusear os principais componentes de
um computador.
1.3 REFERENCIAL TEÓRICO

1.3.1 BREVE HISTÓRIA DA INFORMÁTICA

Da necessidade de controlar os rebanhos, pastores gregos e egípcios


inventaram um processo de contagem primitivo que se baseava na equivalência. Cada
animal era equivalente a uma pedrinha que juntas representavam a soma. Assim, se
tivesse uma pedrinha a mais era notada a falta de um animal, duas pedrinhas, dois
animais e assim por diante. Era o início do primitivo processamento de dados do
Homem. Mais tarde, o sistema evoluiu e tornou-se ainda mais prático, ao surgirem os
símbolos numéricos e os sistemas de numerações. Dessa forma, não era mais
necessário acumular pedras ou conchas, mas sim, conhecer o símbolo numérico que
representava dada quantidade de animais do rebanho. O ábaco foi o primeiro
dispositivo criado para realizar operações aritméticas e é considerado o marco inicial
da Informática. Com o surgimento do papel, aliado aos sistemas de escrita e de
numeração, o homem passou, então, a registrar dados na forma escrita e a manipulá-
los. Depois, veio a máquina de escrever, que reinou absoluta desde o século XIX até
o início da década de 80 do século XX, quando foi definitivamente substituída pelos
computadores e seus programas processadores de texto. Isso significa que, entre
outras funções, o computador modificou a forma de escrever, facilitando a correção
de erros e melhorando a aparência do texto.

1.3.2 EVOLUÇÃO DOS COMPUTADORES

Quando se pensa na história do computador e da Internet, observa-se que,


apesar de muitos equipamentos terem aparecido bem antes, eles surgiram em torno
dos anos 40 do século passado e eram enormes, ocupando vários metros quadrados.
Esses equipamentos passaram por uma grande evolução, que pode ser dividida em
gerações. Cada geração é caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico no modo
como o computador opera, resultando em equipamentos cada vez menores, mais
poderosos, eficientes rápidos, e baratos.
• Primeira Geração (1940-1950) – É constituída por todos os computadores
construídos à base de válvulas a vácuo (válvulas eletrônicas do tamanho de
lâmpadas elétricas, usadas como componentes internos do computador) e cuja
aplicação fundamental se deu nos campos científico e militar.
• Segunda Geração (1951-1958) – É o início da computação comercial; ano em
que o primeiro computador comercial (UNIVAC – Universal Automatic
Computer – Computador Automático Universal) foi entregue a um cliente.
Nessa geração, ainda se utilizava a válvula a vácuo. •

• Terceira Geração (1959-1964) – A válvula a vácuo é substituída pelo transistor,


um dispositivo pequeno que transfere sinais eletrônicos através de um resistor.
As áreas de aplicação dessa época foram, além da científica e militar, a
administrativa e gerencial, que, no entanto, não chegou ao público em geral.

• Quarta Geração (1965-1970) – Nesta geração, o elemento mais significativo é


o circuito integrado, que consiste em um circuito eletrônico completo em um
pequeno chip de silício. Os chips apresentaram confiabilidade, tamanho
reduzido e baixo custo.

• Quinta Geração (1971– até os dias atuais) – Em 1971 aparece o processador,


que consiste na inclusão de vários chips especializados de um computador em
um único circuito integrado. Também é nessa época que se começa a utilizar
o disquete (Floppy Disk) como unidade de armazenamento. Uma história mais
próxima de nós, usuários finais, seria a dos computadores pessoais, mais
acessíveis ao usuário comum; história que se inicia com o primeiro computador
pessoal chamado MITS ALTAIR, construído em 1975, e que evolui até os
computadores pessoais que compramos atualmente nas lojas de Informática.

1.3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES

Para se realizar uma classificação, é necessário adotar determinados critérios


classificatórios. Em relação a computadores, esses critérios podem ser: finalidade de
uso, tamanho, poder de processamento, entre outros. No entanto, não há um critério
padronizado para tal, e tampouco podemos estabelecer categorias de computadores
claramente distintas, uma vez que a Informática é muito dinâmica. Dessa forma,
optamos por descrever conjuntos de computadores que têm sido utilizados
atualmente.
• Computadores Pessoais (Personal Computers – Pcs) - É o conhecido
microcomputador. Um computador feito para usuários domésticos em todos os
aspectos: tamanho, preço, poder de processamento, facilidade de uso, entre
outros.
• Computadores Laptops ou Notebooks - Suas principais características são as
dimensões e pesos reduzidos e, é claro, sua portabilidade, ou seja, a facilidade
de o usuário se deslocar com o equipamento. Esses computadores possuem
autonomia de algumas horas de uso, sem precisarem estar conectados à rede
elétrica. Isso é possível graças ao uso de baterias. Os notebooks podem
competir com os recursos dos computadores pessoais.
• Computadores de mão (do inglês handheld, que significa “segurar com a mão”)
- A principal característica dos computadores de mão é o tamanho bem
reduzido. São computadores que cabem na palma da mão. Nesse conjunto de
computadores entram o assistente digital pessoal (Personal Digital Assistant –
PDA), Ipods, câmeras digitais e filmadoras digitais portáteis, telefones
celulares, minigames, tocador de mp3, entre outros dispositivos portáteis. O
PDA é um handheld utilizado para controlar agenda de atividades e
informações sobre transações comerciais, como nomes de clientes e pedidos.
• Mainframe (computadores de grande porte) - São computadores de grandes
dimensões, que requerem um ambiente totalmente específico, além de
recursos humanos bastante técnicos e especializados. Por isso, são máquinas
de altíssimo custo e, também de manutenção e operacionalidade bastante
caras, o que faz com que sejam utilizados somente pelas grandes corporações.
Têm um processamento extremamente rápido e a alta capacidade para
manipulação das informações.
1.3.4 HARDWARE E SOFTWARE

Hardware e software são as duas partes fundamentais de um computador.


Hardware É a parte física do computador. A palavra hardware é inglesa e nos dá a
ideia de produto sólido e palpável, ou seja, são as partes do computador que você
consegue ver e tocar, como o teclado, o mouse e o monitor.
Softwares são programas ou conjunto de instruções que permitem que o
computador execute uma determinada tarefa. O software é um produto intelectual e
impalpável, ou seja, que não podemos tocar. Exemplos de Softwares: Word, Excel,
Paint, etc.

1.3.4.1 PRINCIPAIS HARDWARES DE UM COMPUTADOR

Gabinete: É uma caixa metálica que serve para organizar e proteger os


principais componentes do computador. Para os computadores pessoais,
encontramos basicamente dois tipos de modelos de gabinetes: torre e desktop. O
modelo torre é o mais comum, apresentando-se na forma vertical, já o desktop
apresenta-se na forma horizontal.
Placa-mãe (motherboard): Placa de circuito impresso que aloja o processador
e contém encaixes (slots) para a conexão dos demais hardwares de entrada, saída e
armazenamento. A placa-mãe é responsável por interconectar cada um dos
dispositivos do computador. Existem diversos fabricantes e modelos de placa-mãe.
Um bom computador deve possuir uma placa-mãe de qualidade e que tenha bom
desempenho. A placa-mãe de um computador, de acordo com suas especificações,
define o quanto esse computador pode evoluir, ou seja, o quanto ele pode ter o seu
desempenho melhorado. Todo computador pessoal, para funcionar, necessita ter uma
placa-mãe.
Fonte de Alimentação: Tem como finalidade receber a tensão da rede elétrica
(110 ou 220 volts em corrente alternada) e gerar tensões em corrente contínua
necessária ao funcionamento das placas do computador.
Estabilizador: Equipamento que protege o computador de oscilações na rede
elétrica que, em geral, acontecem durante tempestades. Serve também para atenuar
interferências, quedas de voltagem e outras anomalias na rede elétrica. Composto
normalmente por um fusível de proteção e uma chave seletora da tensão da rede. É
fortemente recomendado que o cabo de energia que sai da fonte de alimentação seja
ligado em um estabilizador em vez de ser ligado diretamente na tomada de sua
residência ou escritório.
No-break: É um aparelho que substitui o estabilizador e, além disso, evita que
seu computador desligue em caso de falta total de energia elétrica. Um no-break
possui uma bateria que é capaz de manter o funcionamento de um computador por
algumas horas. O tempo exato depende da capacidade do no-break e do consumo do
computador.

1.3 METODOLOGIA

Foram utilizados na aula prática de informática dada pelo professor João Victor, os
seguintes recursos:
• Datashow;
• Chave de fenda e phillips
• Gabinete contendo seus respectivos hardwares;
• Microfone e caixa amplificada.

Após a apresentação da parte teórica, o professor tutor do curso André Santos De


Souza dividiu a turma em grupos de três alunos, onde cada grupo ficou responsável
por abrir, desmontar e manipular cada um dos hardwares que compõe o gabinete,
bem como saber a funcionalidade de cada um. O tempo todo o professor de
informática orientava os alunos na retirada das peças e fazendo o reconhecimento de
cada uma dessas partes e suas utilidades e em seguida os alunos foram orientados
no processo de recolocar cada um dos hardwares em seu respectivo lugar,
encerrando-se a aula.

1.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aula prática visa aprimorar o conhecimento teórico, uma vez que o aluno é
capaz de vivenciar em situações reais aquilo que aprendeu em sala de aula, sendo
dessa forma uma excelente ferramenta de ensino. Deste modo, os resultados da aula
prática superaram as expectativas uma vez que várias dúvidas foram sanadas,
trazendo o aluno a saber aluno diferenciar e identificar os diferentes hardwares que
compõem um computador, mostrando que com empenho e dedicação é possível
aprender algo novo, que muitas vezes parecia impossível.

Figura 1: gabinete aberto sem desmontar

Figura 2: principais partes do gabinete

Figura 3: CPU
1.6 CONCLUSÕES

No mundo de hoje é quase impossível viver sem a informática, mesmo com


seus pontos negativos, ou seja, sabendo-se utilizar esses recursos de forma honesta
e responsável tudo se torna mais fácil e rápido em um mundo cada vez mais
globalizado, e em constante evolução. A informática está presente em todos os
setores da vida e da economia, seja na indústria, comércio, educação, comunicação
e como não poderia deixar de citar, na agropecuária, entre outros. Desse modo ter um
conhecimento mais aprofundado sobre a informática e conhecer o computador e seu
funcionamento é de fundamental importância, e, acompanhar o ritmo dessa grande
revolução tecnológica poderá ser o diferencial na disputa pelo mercado trabalho, cada
vez mais automatizado.
Sabendo disso é essencial ao Técnico em Agropecuária ter esse conhecimento
em informática para auxiliar em suas diversas áreas de atuação, seja em catalogar,
monitorar, controlar e rastrear todo o rebanho, bem como nas atividades agrícolas, no
controle de aplicação de defensivos, de irrigação, mapeamento aéreo, etc.

REFERÊNCIAS
O que é software e hardware? Entenda a diferença entre os termos | Notícias | TechTudo
acesso em 03/02/2023 às 15:37

hardware e software - Pesquisar (bing.com) acesso em 03/02/2023 às 16:21


2 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 02 – INTRODUÇÃO À AGROPECUÁRIA

2.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Local: Fazenda Urupê - Carlos Chagas - MG


Data: 11/02/2023
Horário: das 07:00 às 11:00
Tema: Bovinocultura de corte - sistema Semi-intensivo

2.2 INTRODUÇÃO

A Pecuária é uma atividade econômica praticada nas áreas rurais e muito


importante para o consumo e o desenvolvimento do ser humano. Ela é voltada
diretamente para a criação de animais com fins econômicos e de consumo. O termo
pecuária tem origem no latim e quer dizer “criação de gado” “pecus” quer dizer “cabeça
de gado”, “pecúnia” que quer dizer “moeda, dinheiro”. A base da atividade pecuarista
é a produção de alimentos e outras matérias primas. Ela é considerada uma das mais
antigas e conhecidas práticas da humanidade.
Os produtos mais importantes resultantes da atividade pecuarista são:
• carne bovina, suína, caprina, de aves, etc.;
• leite, ovos, mel;
• couro, lã, seda – fibras usadas na indústria de roupas e calçados,
automobilística e mobiliária;
• ossos e outros.
No Brasil se destaca a pecuária de corte, responsável por nos tornar um dos
principais exportadores de carne do mundo. Possuímos atualmente o segundo maior
rebanho bovino do mundo e o primeiro maior rebanho comercial, já que a Índia não
explora comercialmente os seus animais. O país é também o maior exportador de
carne em toneladas e em faturamento, exportando cerca de 20% de sua produção,
apesar de ainda possuir taxas produtivas abaixo dos seus maiores concorrentes.
Alguns pontos fundamentais podem ser relacionados ao aumento da
exportação de carne brasileira, conforme listado abaixo:
• Fatores sanitários: doença da vaca louca e a febre aftosa que ocorreram em
outros países e abriram as portas do mercado mundial para o Brasil.
• Refinamento na qualidade e precocidade do rebanho brasileiro.
• Aumento da demanda pelos mercados asiático, russo, do Oriente médio e
Europa oriental.
• Redução de custos da produção nacional quando comparado aos seus maiores
concorrentes: Argentina, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Uruguai.
Assim, se faz necessária uma gestão rigorosa da produção, que seja capaz de
administrar com olhar estratégico e inovador. O Brasil tem potencial e volume
produtivo para manter sua hegemonia na exportação de carne bovina. No entanto,
devemos melhorar diversos aspectos da produção, seja pelo incremento de
tecnologias ou mudança de visão do negócio, para que não percamos os resultados
conquistados no mercado internacional.
Desta forma, fica evidente a importância da pecuária de corte para a economia
nacional, fazendo-se necessário falar sobre essa relevante atividade.

2.3 REFERENCIAL TEÓRICO

A pecuária existe desde a época do período Neolítico (Idade da Pedra Polida),


naquela fase os homens realizavam a atividade de criação e domesticação do gado
com interesse apenas de subsistência, o homem precisou domesticar o gado para
extrair carne e leite. Na Roma Antiga, os animais eram cuidados para o abate, mas
também eram usados como uma forma de guardar valor, ou seja, era considerado um
bem valioso.
A origem da pecuária se deu a partir das evoluções da atitude praticada pelos
caçadores-coletores que viviam há cerca de 100.000 anos. Esses caçadores-
coletores eram pessoas que existiam em uma comunidade em que a maioria ou toda
a comida era alcançada por meio da busca pela alimentação.
Esses caçadores-coletores descobriram que podiam, além de prender os
animais vivos para depois promover o corte, também administrar a reprodução dos
mesmos. No passado, os povos nômades costumavam domesticar os rebanhos em
suas jornadas e, assim, eles não iam mais atrás da caça somente, buscavam também
novas pastagens para os bichos.
2.3.1 MODALIDADES

A atividade pecuarista apresenta duas categorias principais de evolução.


• Pecuária Intensiva – Também chamada de pecuária moderna, é uma tarefa
que tem como resultado a produtividade. Ela se sobressai porque utiliza
técnicas avançadas e recursos tecnológicos. Quando um rebanho é observado
por especialistas, é criado em cativeiro, isso acaba favorecendo o ganho de
peso. Os bichos possuem uma refeição regrada em ração específica, tomam
muitos hormônios, além de existir métodos de inseminação artificial e
clonagem.
• Pecuária Extensiva – Trata-se de uma atuação definida pela utilização de
técnicas comuns de recursos tecnológicos e por causa disso, possui uma baixa
produtividade. Nesse caso o gado é criado totalmente livre em grandes
terrenos, cuja alimentação está baseada apenas nas pastagens, além de não
possuir qualquer assistência especializada.

2.3.2 PECUÁRIA DE CORTE

A pecuária de corte é a atividade destinada à criação de animais com o objetivo


de produzir carne para o consumo humano. No Brasil, a atividade está muito
associada a criação de bovinos, pela sua magnitude e expansão territorial, ainda que
também tenha expressividade com a produção de aves, suínos e outros.
É importante ressaltar que a pecuária de corte tem passado por mudanças
significativas. Apesar de todo o histórico extrativista da atividade, esta tem passado
por um importante processo de profissionalização e tecnificação, buscando superar
as estreitas margens de negociação e alcançar a tão almejada lucratividade. Para
isso, se amparam em tecnologias que proporcionam uma gestão eficiente, medindo e
gerindo resultados. Esse novo modo de se fazer pecuária tem sido chamado de
pecuária de precisão ou pecuária 4.0.
Para se obter bons resultados na pecuária de corte e ter sucesso no
empreendimento é fundamental que o pecuarista tenha visão crítica diante de fatores
que possam interferir no desempenho do animal, neste sentido alguns pontos
chamam atenção. Confira:
• Qualidade e controle da alimentação: Bons pastos e boa suplementação
compõem a base do manejo nutricional do rebanho. Por isso, uma das
principais preocupações deve ser a de balancear os nutrientes necessários ao
organismo animal, a fim de possam alcançar o potencial máximo de
produtividade. No entanto, gerenciar bem o manejo não significa apenas
alimentar corretamente o rebanho, mas aumentar a rentabilidade do
empreendimento. Melhorar a gestão da alimentação é uma forma de tornar a
pecuária de corte uma atividade altamente competitiva.
• Tecnologia no campo: Percebe-se que atualmente as propriedades vêm
inovando seu padrão de produção de carne, introduzindo conceitos e novas
tecnologias, com o intuito de fortificarem a produção e tornar visível seu
negócio.
• Atenção à natalidade e mortalidade: Espera-se que um sistema de cria alcance
um índice de natalidade acima de 80%, em média, sendo aceitável 75% em
anos menos favoráveis. No entanto, é necessário considerar a influência de
fatores externos, sob os quais o produtor não tem controle como, por exemplo,
secas, ataque de pragas, enchentes e muitos outros. Já o índice de
mortalidade, se baseia no seguinte cálculo: nº de animais mortos não
aproveitados, dividido pelo número total do rebanho. Nesse caso valor de
referência do índice de mortalidade deve ser de abaixo de 5% ao ano.
• Foco no abate precoce: A idade de abate depende essencialmente da
eficiência obtida nas fases anteriores de criação do animal: recria e engorda,
que são diretamente influenciadas pela oferta de alimentos, pelo manejo, pelo
controle sanitário do rebanho e pela qualidade genética dos animais.

2.3.3 IMPACTOS AMBIENTAIS

Como tudo não são flores, a atividade pecuária consiste em promover criação,
domesticação e reprodução de animais, mas também promove sérias complicações
ao meio ambiente como o desgaste da biodiversidade com queimadas e
desmatamentos e outros fatores que são promovidos com intuito de conseguir cada
vez mais espaços para a produção da atividade. Essas práticas acabam se tornando
nocivas para a natureza em geral e para o equilíbrio do ecossistema, contamina o
ambiente e o solo e provoca a mortalidade de espécies animais e vegetais.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da
agropecuária. A retirada da cobertura vegetal provoca a redução da biodiversidade,
extinção de espécies animais e vegetais, desertificação, erosão, redução dos
nutrientes do solo, contribui para o aquecimento global, entre outros danos. Os
principais impactos causados pelo desmatamento são:
• Perda da biodiversidade – As espécies perdem seu habitat ou não conseguem
sobreviver nos pequenos fragmentos florestais que restam. As populações de
plantas, animais e microorganismos ficam debilitadas e eventualmente
algumas podem se extinguir. Até mesmo o desmatamento localizado pode
resultar na perda de espécies, devido ao elevado grau de endemismo – ou seja,
a presença de espécies que só existem dentro de uma área geográfica
determinada.
• Degradação do habitat – As novas rodovias, que permitem que pessoas e
madeireiros alcancem o coração da Bacia Amazônica, têm provocado uma
fragmentação geral na floresta úmida tropical. A estrutura e a composição das
espécies sofrem o efeito dessa fragmentação da paisagem e o mesmo
acontece com o microclima. Tais fragmentos paisagísticos são mais
vulneráveis às secas e aos incêndios florestais – alterações que afetam
negativamente uma grande variedade de espécies animais.
• Modificação do clima mundial – É reduzida a capacidade da floresta de
absorver o gás carbônico (CO2) poluidor. Ao mesmo tempo, existe uma
presença maior de CO2 liberado com a queima de árvores.
• Perda do ciclo hidrológico – O desmatamento reduz os serviços hidrológicos
providenciados pelas árvores, que são fundamentais. No Brasil, uma parte do
vapor d’água que emana das florestas é transportada pelo vento até as regiões
do Centro-Sul, onde está localizada a maior parte da atividade agrícola do país.
• Impactos sociais – Com a redução das florestas, as pessoas têm menos
possibilidade de usufruir os benefícios dos recursos naturais que esses
ecossistemas oferecem. Isso se traduz em mais pobreza e, em alguns casos,
essas pessoas podem ter necessidade de se mudar de lugar e procurar outras
áreas para garantir seu sustento.
Figura 04: Flagrante de um desmatamento

As queimadas, método muito utilizado para a retirada da vegetação original,


intensificam a poluição atmosférica, além de reduzirem os nutrientes do solo, sendo
necessário usar uma quantidade maior de produtos químicos (fertilizantes) durante o
cultivo de determinados alimentos, fato que provoca a poluição do solo.
As queimadas provocam a redução da fertilidade pela perda de nutrientes por
lixiviação e altera o pH (potencial hidrogeniônico) do solo. Diminui a capacidade de
absorção de água do solo, provocando o seu ressecamento, podendo levar à
desertificação.
A fumaça provoca poluição da atmosfera, mudando a qualidade do ar,
causando danos à saúde das pessoas locais. Dificulta a visibilidade nas rodovias
ocasionando acidentes de trânsito. O hábito das queimadas aumenta o lançamento
de gases de efeito estufa, contribuindo para as alterações climáticas.

Figura 05: Flagrante de uma queimada

Na pecuária, além da substituição da cobertura vegetal pelas pastagens, outro


problema ambiental é a compactação do solo gerada pelo deslocamento dos
rebanhos. O solo compactado dificulta a infiltração da água e aumenta o escoamento
superficial, podendo gerar erosões, favorecem a lixiviação e assoreamento de cursos
d’água. Além disso, esses animais, através da liberação de gás metano, também
contribuem para a intensificação do aquecimento global.

Figura 06: Flagrante de degradação por pisoteio do gado

2.4 METODOLOGIA

Para essa atividade prática em particular, não foram utilizados materiais e


recursos didáticos. Foi realizada caminhada pelos setores da fazenda em que em
cada um havia a explicação do proprietário sobre a prática de criação semi intensiva
ora utilizada na propriedade. Vale ressaltar que o senhor Josélio, além de ser técnico
agrícola é um experiente conhecedor da atividade pecuária.

2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na fazenda Urupê, o proprietário trabalha com as fases de recria e terminação,


ou seja, compra o gado, engorda e posteriormente vende. A propriedade possui 357
alqueires subdividida em 36 pastos, cada qual com seu comedouro e bebedouro
(figura 07) onde o gado é separado em lotes pequenos de acordo suas características,
como raça, cor, porte entre outras, de modo a se obter um lote homogêneo, evitando-
se o estresse e que animais maiores firam os menores.
Figura 07: Visão de um lote com comedouro e bebedouro

Além disso a propriedade conta com uma área reservada para quarentena,
para o gado recém-adquirido, uma outra que funciona como um “hospital”, para
animais feridos (figura 08) e também uma área para plantio de algumas variedades
de capins para o consumo do gado em período de secas, como o Capiaçu, o Elefante
roxo, Anapiê, e o capim Miagui (figura 09).

Figura 08: Pasto hospital

Figura 09: Área reservada para o cultivo de algumas espécies de capim


Atualmente a propriedade conta com cerca de 920 cabeças de gado criados a
pasto, porém recebendo suplementação no cocho diariamente e sempre no mesmo
horário, entre 7 e 11 da manhã, pois o boi é um animal rotineiro, para tal utiliza um
vagão puxado por trator (figura 10). A alimentação é dada de acordo o peso do animal,
daí a necessidade de se separar os lotes de forma homogênea e não excedendo o
limite de 1 animal a cada 14m2.

Figura 10: Vagão sendo abastecido com a suplementação para o gado

Ao se atingir por volta de 15 arrobas o gado vai para o confinamento por 90


dias, onde ganha por volta de 1.5 a 1.7 kg por dia para posteriormente ser vendido
para o abate com peso acima de 18 arrobas.
As técnicas de criação e nutrição animal utilizadas na propriedade visam
garantir um gado com características de mercado tipo exportação, com o ganho
precoce de peso (aproximadamente 30 meses) para maximizar a produtividade e
lucratividade, além de garantir a qualidade da carcaça e consequentemente melhor
preço por lote de animais.

2.6 CONCLUSÕES

A pecuária, está em constante evolução e o uso de tecnologias modernas que


visam a produção e o desenvolvimento sustentável vem sendo cada vez mais
empregados de forma a se obter sucesso e acima de tudo, lucro e ainda assim
preservar os recursos naturais. A implantação de um sistema silvipastoril por exemplo,
possibilita maior ganho de peso, produção de leite e bem estar animal, melhora a
qualidade da pastagem, além da possibilidade de uma renda extra com a extração e
venda da madeira, uma vez que se pode plantar, sem interferir na criação do gado,
cerca de 600 árvores por hectare.
A proteção e preservação dos recursos hídricos é de fundamental importância
para manutenção da pecuária, principalmente na nossa cidade, que fica na zona de
transição entre a mata atlântica e o semiárido, e onde a presença quase que exclusiva
da pecuária extensiva é visivelmente notada. Desta forma, é imprescindível aos
produtores rurais investirem em novas tecnologias que visam a manutenção da
pecuária de forma ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente
viável.

REFERÊNCIAS

https://www.comprerural.com/pecuaria-de-corte-entenda-o-que-e-e-quais-as-suas-
particularidades/

https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/geografia/pecuaria
3 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 03 – INTRODUÇÃO À AGROPECUÁRIA

3.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS


Local: Frigorífico Max beef
Data: 11/03/2023
Horário: das 07:00 às 11:00
Tema: Indústria Frigorífica

3.2 INTRODUÇÃO

A partir do advento da energia elétrica, juntamente ao desenvolvimento dos


sistemas de transporte, foi possível dar início a um novo segmento da produção de
carne, a indústria frigorífica. Desta forma o Brasil se elevou entre os primeiros
exportadores de carne do mundo.
O principal objetivo da indústria frigorífica é a industrialização de carnes no
geral, envolvendo desde o abate, processamento e armazenamento, até a logística,
mas ainda existem muitos desafios a serem vencidos até que o país atinja plenas
condições de competitividade.
A ociosidade de plantas frigoríficas leva a um aumento no preço pago pelo
consumidor final. Segundo a Embrapa, para que isso não ocorra, é necessária uma
maior continuidade de produção e um volume de oferta de carnes mais bem
distribuídos durante o ano. Isso porque ainda existem muitos problemas com a
distribuição da matéria prima irregular no país, sendo concentrado mais no segundo
semestre de cada ano.
Outra solução, que é uma grande tendência, é a verticalização, ou seja,
frigoríficos com rebanhos próprios. Sendo provável que até 2040, a produtividade de
frigoríficos esteja muito maior à atual e com níveis de ociosidade bem baixos.
Outro ponto importante está na diminuição do uso de aditivos em alimentos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Tecnologia de Alimentos, aditivos alimentares são
substâncias que preservam os alimentos, impedindo que estraguem. Os aditivos
utilizados na indústria da carne são classificados de acordo com a sua função:
conservantes, antioxidantes, estabilizantes, corantes, condimentos e aromatizantes.
Cada dia mais, o consumidor tem buscado por produtos mais sustentáveis e
saudáveis. Por isso, é possível visualizar uma tendência de que, até 2040, tecnologias
de processamento proporcionarão uma diminuição de conservantes, aditivos,
corantes ou aromatizantes nos produtos, ofertando produtos mais naturais.
Um ponto que auxiliará muito nisso é a tecnologia em embalagens, que
contribuirá muito para a redução de aditivos, uma vez que tecnologias com vácuo ou
atmosfera modificada já é uma realidade para muitos. Um exemplo disso é a Case
Ready, ou Tray-ready, que consiste em cortes dispostos em bandejas de poliestirenos
expandido (EPS), recobertos com filmes próprios, geralmente com atmosfera interna
modificada, trazendo benefícios como maior controle higiênico dos produtos e
padronização de cortes.
Outra tendência muito importante, principalmente em tempo de pandemia, é a
utilização de robôs que substituem humanos nas plantas frigoríficas. São chamados
cobots, uma união de colaboração e robôs, que no próprio nome já explica, sendo
máquinas com recursos semelhantes a robôs que podem colaborar com a segurança
dos trabalhadores em linhas produtivas, contribuindo com a interação entre homem e
máquina.
A Cadeia Produtiva da Carne Bovina brasileira é extremamente competitiva no
mundo. Segundo a FAO, o comércio mundial de carnes deve crescer 30% na próxima
década, sendo que grande parte desta demanda virá de países em desenvolvimento
e emergentes (China). Devemos, junto com a Índia, representar 2/3 destas
exportações.
No entanto, existem grandes desafios a serem resolvidos nas áreas ambientais,
regulatórias, sanitárias, logísticas, tributárias e burocráticas, para que possamos
conquistar uma maior fatia do mercado.

3.3 REFERENCIAL TEÓRICO

Até o surgimento da indústria frigorífica, no Brasil, na década de 1910,


prevaleciam no país as charqueadas primitivas, e os matadouros municipais, que
faziam o abastecimento local de modo bastante precário, exceto por alguns
estabelecimentos que, no quesito instalações eram bastante atualizados
relativamente aos seus similares franceses e alemães.
As charqueadas e matadouros municipais foram importantes no abastecimento
local, mas operavam em condições pouco higiênicas, sem inspeção sanitária,
produzindo para consumo imediato, exceto pelas carnes salgadas, de maior tempo de
conservação. Tais estabelecimentos aproveitavam muito mal os subprodutos, na
verdade aproveitavam quase que exclusivamente o couro e o sebo, este último obtido
por via úmida em autoclaves, resultando em produto de baixa qualidade, desperdício
de resíduos proteicos e, irremediavelmente, em danos ambientais.
A evolução dos antigos matadouros a céu aberto, malcheirosos e cheios de
predadores, para instalações industriais modernas começou com a descoberta dos
processos de refrigeração com amônia. A possibilidade de armazenar e transportar
grandes quantidades de carne possibilitou retirar o abate da proximidade das cidades
e levá-los próximos aos locais de produção. A evolução da biologia, com o estudo de
melhoramento genético, nutricional e um melhor conhecimento dos micro-organismos
causadores de doenças, levou a uma constante procura por mais higiene, limpeza e
qualidade na produção, o que só foi possível graças a evolução da indústria.
Além da carne, que é seu produto de maior valor, muitos outros subprodutos
do gado são vendidos pelos abatedouros frigoríficos, como por exemplo o couro usado
em indústrias de calçado entre outras, o sangue usado como insumo em indústrias
químicas, os ossos usados na fabricação da farinha de ossos que enriquece rações,
e os miúdos vendidos também como alimento. Como curiosidade, até cálculos biliares
são vendidos como insumo para indústrias de química ou produtores asiáticos de
pérolas. Em resumo, numa indústria frigorífica moderna nada se perde.

3.3.1 SURGIMENTO DOS ABATEDOUROS FRIGORÍFICOS NO BRASIL

As empresas multinacionais americanas e inglesas foram quem começaram a


explorar a atividade de abate e frigorificação de carne no Brasil. Traziam experiências
dos seus empreendimentos em outros países e conhecimento da tecnologia do
processamento, transporte e comercialização dos produtos e subprodutos oriundos
da operação.
O primeiro matadouro frigorífico do Brasil foi instalado em 1913 na cidade de
Barretos (SP) por Antônio Prado (1840-1929) e chamava-se ‘Companhia Frigorífica e
Pastoril’. Em 1914 saiu deste frigorífico a primeira remessa de carne congelada do
Brasil para a Inglaterra. Em 1923, a empresa foi adquirida pela Sociedade Frigorífico
Anglo, da família britânica Vestey. O recorde de abate anual desde frigorífico foi no
ano de 1941 (para abastecer os exércitos aliados na Segunda Grande Guerra) quando
foram processadas 259.000 cabeças de bovinos naquele ano. Houve dias em que
foram abatidas mais 3.000 cabeças de bois.
A Wilson em 1918 estabeleceu os dois primeiros frigoríficos no Brasil, um em
Santana do Livramento (RS) e outro em Osasco (SP). Construiu mais tarde outro
frigorifico em Ponta Grossa no Paraná, este dedicado à industrialização de suínos.
Em 1971 o ramo brasileiro da Wilson foi vendido para um grupo argentino que
manteve a marca, mas trocou o nome da empresa para Comabra. Em 1992 a
Comabra foi incorporada pela Sadia.
A Swift chegou ao Brasil em julho de 1917, iniciando a construção de um
frigorífico na cidade do Rio Grande (RS). Em 1972, a empresa no Brasil foi incorporada
pela Armour, criando uma outra empresa a Swift-Armour que foi vendida em 1973
para o grupo financeiro Brascan/Antunes. Em 1989 o Grupo Brascan/Antunes
desinteressou-se pelo negócio e vendeu a empresa para o Grupo Bordon. Em 1973 a
Swift nos Estados Unidos foi incorporada pela holding ‘Esmark Inc.’ e entre 1990 e
2000 pertenceu a ‘ConAgra’.
As filiais dos outros países foram retalhadas e passaram a pertencer a diversos
donos e atualmente o que sobrou do grande império nos Estados Unidos, no Brasil, e
na Argentina, pertence ao grupo brasileiro JBS.
A Armour se estabeleceu em 1917 adquirindo uma charqueada em Santana do
Livramento (RS), transformando-a num grande abatedouro-frigorífico, com fábrica de
enlatados de carne. Mais tarde comprou em Santo André (SP) no bairro de Utinga, o
frigorifico Martinelli, que foi reformado, mantendo o abatedouro frigorifico e construída
uma grande fábrica de enlatados de carne. Em 1972 houve a fusão com a Swift e
criado uma nova empresa a Swift-Armour que depois de pertencer ao grupo financeiro
Brascan/Antunes, em 1989 passou a fazer parte do Grupo Bordon que em 2000 pediu
concordata.
As exportações de carne do Brasil tiveram início em 1914, com 200 toneladas
de carne. Nos anos seguintes, até 1920, foram exportadas outras 51.799 toneladas
de carnes processadas; e 286.900 toneladas de carnes sem processamento.
Veiga Cabral, mostra o retrato da indústria da carne na época. Menciona o
‘Frigorífico Armour de São Paulo’, como o maior do Brasil, informando que a
capacidade de abate era de 2.000 suínos, 1.000 ovinos e 800 bovinos por dia, tinha
câmaras de estocagem para 3.000 toneladas de carne empilhada e 1.500 toneladas
dependuradas.
Depois, das multinacionais, o Rio Grande do Sul experimentou uma nova fase
que foi iniciada na década de 1930 e durou até o final da década de 1950, que foi a
entrada das cooperativas que congregavam os produtores rurais, principalmente de
trigo, no negócio de abate e desossa de bovinos. A pioneira foi a ‘Cooperativa Rural
Brasileira’ que inaugurou em 1936, em São Gabriel, um frigorífico. Outras vieram a
acompanhar seu exemplo.
As décadas de 40 e 50 também foram de progresso para a indústria frigorífica
de Minas Gerais, o estado que detinha o maior rebanho bovino do Brasil. Em 1948,
foi inaugurado em Campo Belo, o ‘Frigorífico São João’, em 1949, em Uberlândia, o
‘Frigorífico Ômega’, em 1950 em Araguari, o ‘Frigorífico Mataboi’, em 1954 em Santa
Luzia, o ‘Frimisa’ (Frigorífico Minas Gerais), que era de propriedade do governo de
Minas Gerais.
A década de 1970 foi uma das melhores para a indústria frigorífica no Brasil. A
rentabilidade do segmento foi garantida pela política protecionista de preços tabelados
de carne e pelo programa governamental de formação de estoques reguladores de
carne congelada para o período de entressafra. Houve muita fraude e lucros fáceis
para os sonegadores e os aproveitadores. O transporte dos bois era o grande
problema uma vez que grande parte do gado vinha de Minas Gerais e de Goiás.
Depois, da instalação na década de 1970 de tantos frigoríficos, o setor foi totalmente
dominado pelas empresas nacionais com maior poder político de barganha com o
Governo. Uma a uma as empresas estrangeiras foram deixando o país, A Swift,
depois, de pertencer a um grupo de investimentos, foi vendida ao Grupo Bordon em
1989, que por sua vez em 2000, foi sucedido pela empresa Bertin, que mais
recentemente foi incorporada pela JBS Friboi.
O Wilson a um grupo argentino radicado no Brasil (Comabra), que depois, foi
também repassado ao grupo Bordon. No início dos anos 90, a empresa foi incorporada
pela Sadia, que ainda é detentora da marca no Brasil. A última a sair foi o Grupo
Vestey- ‘Frigorífico Anglo’, que encerrou suas atividades em 1993, vendendo as
instalações e a marca para uma empresa brasileira formada por dois ex-diretores, que
hoje pertence ao JBS Friboi.
Figura 11: surgimento das indústrias frigoríficas no Brasil

3.3.2 O SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL

O serviço de inspeção realiza o registro e a fiscalização de estabelecimentos


que trabalham na produção, manipulação, beneficiamento, transformação,
acondicionamento, embalagem e comercialização de produtos de origem animal
(carne, leite, peixe, ovos e mel), os quais devem estar devidamente registrados.
Acompanhando o desenvolvimento da indústria, direcionada para o mercado
externo cada vez mais exigente, e com o apoio integral dos empresários (na maioria
multinacionais), foi criado em 1921, o ‘Serviço de Inspeção dos Produtos de Origem
Animal’. As exportações de carne do Brasil tiveram início em 1914, entretanto, naquele
período, ainda não havia a figura do inspetor veterinário.
Surgia assim, mais ou menos ao mesmo tempo, no dia 11 de janeiro 1915, o
Serviço de Inspeção de Fábricas de Produtos Animais, precursor do SIF (criado como
Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal em 1921), a Medicina Veterinária
Brasileira com a criação da Escola Superior no Rio de Janeiro, e a indústria de
produtos de origem animal, mais especificamente da carne bovina, com a construção
do primeiro matadouro-frigorífico nacional, da Cia. Frigorífica Pastoril, instalado em
Barretos, SP, em 1913.
De resto, com a evolução dos abatedouros frigoríficos, os inspetores federais
que interagiram com as grandes companhias estrangeiras de frigoríficos,
denominadas anglo-americanas, sempre reconheceram nelas a facilidade para
transferência de tecnologia. É como se os seus diretores e gerentes praticassem uma
filosofia de corresponsabilidade na evolução do ambiente competitivo nacional. Era
preciso deixar para trás a era das charqueadas, matadouros municipais e a
clandestinidade, e eles se dispunham a colaborar com esse propósito.
Figura 12: Selo do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.)

3.3.3 BOAS PRÁTICAS DE ABATE E PRODUÇÃO

Hoje o abate humanizado de bovinos é exigido de frigoríficos que possuem


certificação de inspeção federal (SIF) e até 2040 a tendência é que todos os frigoríficos
brasileiros tenham adotado as boas práticas para o bem-estar animal.
Há algumas décadas, o abate de animais era considerado uma operação
tecnológica de baixo nível científico e não se constituía em um tema pesquisado
seriamente por universidades, institutos de pesquisa e indústrias. A tecnologia do
abate de animais destinado ao consumo somente assumiu importância científica
quando se observou que os eventos que se sucedem desde a propriedade rural até o
abate do animal tinham grande influência na qualidade da carne (SWATLAND, 1999).
Nos países desenvolvidos há uma demanda crescente por processos
denominados abates humanitários com o objetivo de reduzir sofrimentos inúteis ao
animal a ser abatido (CORTESI, 1994; PICCHI & AJZENTAL, 1993). Abate
humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos
que garantem o bem-estar dos animais desde as operações de embarque na
propriedade rural até a operação de sangria (ROÇA, 1999). O essencial é que o abate
de animais seja realizado sem sofrimentos desnecessários e que a sangria seja
eficiente.
As condições humanitárias não devem prevalecer somente no ato de abater e
sim nos momentos precedentes ao abate (GRACEY & COLLINS, 1992). Há vários
critérios que definem um bom método de abate (SWATLAND, 1999):
a) os animais não devem ser tratados com crueldade;
b) os animais não podem ser estressados desnecessariamente;
c) a sangria deve ser a mais rápida e completa possível;
d) as contusões na carcaça devem ser mínimas;
e) o método de abate deve ser higiênico, econômico e seguro para os
operadores.
Alguns exemplos que envolvem as boas práticas podem ser:
• Alimentação adequada: as normas proíbem que a dieta seja composta por
proteína animal, exceto leite e derivados; a ração não pode conter antibióticos
com fins profiláticos; os bezerros devem ser alimentados exclusivamente pelo
leite materno nas suas primeiras 24h de vida.
• Acesso à água: a água deve estar sempre limpa e fresca; cada bovino precisa
de aproximadamente 4l/kg de peso; no pasto, os animais não podem caminhar
muito até o fornecimento de água mais próximo, que não pode passar de 800
metros em terrenos declinados ou 3.200 metros em terrenos planos; não é
recomendado oferecimento de fontes naturais de água por ser um risco à
contaminação dos animais com doenças.
• Instalações: devem ser ambientes preparados para evitar ferimentos e quedas;
com cuidados de condições de temperaturas amenas; é exigido que esses
locais tenham sombras naturais ou artificiais.
• Descanso: locais onde o animal pode expressar seus comportamentos naturais
como se deitar, se lamber, levantar-se e virar; é expressamente proibido
amarrar os animais; devem ser áreas declinadas para que haja a drenagem do
ambiente.
• Manejo: um dos pontos mais importante é o barulho nas instalações, portões e
outros equipamentos devem ser silenciosos; a inclinação máxima dos
equipamentos de transporte é de 20%; as áreas precisam ser bem iluminadas
e limpas; a carroceria não pode conter partes cortantes ou afiadas que possam
machucar os animais; o piso deve ser antiderrapante.
Como já mencionado, o transporte também é uma importante etapa do bem-
estar. É bem provável que até 2040, as boas práticas e bem-estar no transporte de
animais seja regulamentada e legalizada em toda a cadeia produtiva de carne bovina.
Mas para isso, é necessário certo investimento em estruturas de saídas de
bovinos das propriedades rurais e em melhores meios de transporte por parte dos
frigoríficos. O mercado consumidor é um grande incentivador dessas melhorias e
tecnologias nesse ramo.
As instalações industriais modernas estão muito distantes dos antigos e
malcheirosos abatedouros, presentes na imaginação de muitos ainda. A exigência
com a limpeza, equipamentos adequados, uso intenso de materiais apropriados como
o aço inoxidável, instalações revestidas com materiais próprios e o conceito de não
deixar nada que possa se deteriorar, com um prazo mínimo entre o abate e a entrada
na câmara frigorífica, são práticas exigidas.
O uso intensivo do vapor de água como esterilizante, já que produtos químicos
contaminariam a carne, ajuda a eliminar a contaminação por micro-organismos.
Práticas adequadas, como o uso de facas diferentes para a parte externa ou
interna do animal e o controle de insetos e predadores, também contribuem muito para
a melhoria da sanidade.

3.4 METODOLOGIA

Para a elaboração desta aula prática, antes da visita in locu no frigorífico Max
beef, foi realizada em data prévia, uma videoconferência sobre o tema com o Dr.
Fredson Vieira e Silva, objetivando dar ao aluno conhecimentos sobre a temática de
abate de bovinos e a familiarização com uma indústria frigorífica, com todos os seus
perigos, cuidados e atenção necessários. Durante a visita técnica, acompanhada pela
técnica em segurança do trabalho, Bruna, que mostrou toda a indústria, desde os
currais de recepção de animais até as câmaras frias para armazenamento e posterior
embarque das carnes.

3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fundada em 1988, a Supremo Carnes pertence ao grupo Supremo, que


engloba as empresas: Supremo Carnes, Maxi Beef, e mais duas plantas de abate em
Abaeté e Campo Belo. Em 1990, os dois sócios, Sandro e Luís Carlos, inauguraram
a Supremo Alimentos, em Ibirité- MG, já com a habilitação de inspeção federal (S.I.F.).
Em 1999, a Supremo tornou-se uma das pioneiras no estado de Minas Gerais a
produzir e comercializar carnes embaladas a vácuo.
Para melhor atender a toda região metropolitana de Belo Horizonte, em 2006,
foi inaugurado o Frigorífico Santa Vitória, em Contagem-MG, ponto logístico
estratégico.
Devido ao sucesso da empresa, em 2008, o grupo chegou à Carlos Chagas-
MG, uma das regiões com maior produção de gado bovino do país. Dessa forma, a
capacidade de produção da Supremo Alimentos triplicou, saindo da esfera de Minas
Gerais para atender a todos os estados do país.
Em 2015, a Supremo Alimentos inicia uma nova fase. Recebe sua certificação
para exportação e passa a se chamar Supremo Carnes. Com isso, em 2016 houve a
aquisição de uma nova planta, em Abaeté-MG dando início às atividades de
exportação.
Em 2017 a capacidade de produção aumentou com a aquisição de uma nova
planta em Campo Belo – MG.
Em 2018 o grupo Supremo carnes foi premiado pelo Ministério da Agricultura
com o selo Agro+ Integridade, repetindo o feito em 2019.
Hoje, o grupo Supremo conta com mais de 1.400 colaboradores diretos e
produz, aproximadamente, 100 toneladas de carne por dia.
Especializadas no abate de gado bovino, com excelência em logística, as
Plantas Industriais são certificadas pelo Serviço de Inspeção Federal (S.I.F), o que
garante a qualidade e procedência de seus produtos.
O Supremo Carnes mantém um compromisso constante com o meio ambiente.
Nossas práticas de sustentabilidade envolvem colaboradores, fornecedores e a
comunidade no entorno. Fazem parte do nosso sistema de gestão ambiental a
otimização dos recursos naturais e insumos, a redução do consumo de água, energia
e geração de resíduos. Atendemos a todos os padrões de emissão de efluentes
líquidos e gasosos, que são 100% tratados, resultando em uma produção mais limpa
e biodegradável.
A empresa Maxi Beef do Grupo Supremo Carnes, que tem como razão social
Maxi Beef Alimentos Do Brasil Ltda. foi fundada em 08/08/2005 e está cadastrada na
Solutudo no segmento de Abatedouros com o CNPJ 07.540.084/0001-03. No
mercado, a empresa está localizada na Fazenda Manoa, Nº S/N no bairro Zona Rural
em Carlos Chagas - MG, CEP 39864-000. A empresa Maxi Beef está cadastrada na
Receita Federal sob o CNAE 1011-2/01 com atividade fim de Frigorífico - Abate De
Bovinos.
Figura 13: Vista aérea da planta Maxi Beef Carlos Chagas

Figura 14: Vista parcial de uma linha de produção de uma indústria frigorífica

3.6 CONCLUSÕES

A carne bovina é uma das proteínas animais mais consumidas no mundo,


estando atrás da carne suína e da carne de frango. Dentro das proteínas animais
encontramos várias ameaças de produtos substitutos, porém como citado acima, a
carne mais consumida no mundo é a suína e vem sendo ameaçada pelo rápido
crescimento do consumo de frango.
A cultura influencia neste consumo, por exemplo, recentemente, observamos
um crescimento de veganos no mundo. Portanto, esta tendência passa a ser uma
ameaça ao consumo de carnes. A competitividade destas carnes na questão de
custos e eficiência produtiva também traz uma ameaça constante para a carne bovina.
A Cadeia Produtiva da Carne Bovina brasileira é extremamente competitiva no
mundo. Segundo o IBGE, temos mais de 3.000 propriedades exercendo a atividade
com um rebanho de mais de 180 milhões de cabeças. No mercado mundial, estamos
entre os maiores exportadores. No ano de 2019, cerca, 70% das exportações
mundiais estão nas mãos dos 5 maiores exportadores (Brasil, EUA, Austrália, Índia,
Argentina). Alguns países possuem vantagens competitivas em preço e qualidade
(Austrália, EUA, Argentina e Uruguai), outros somente em preço (Índia).
Segundo a FAO, o comércio mundial de carnes deve crescer 30% na próxima
década, sendo que grande parte desta demanda virá de países em desenvolvimento
e emergentes (China). Devemos, junto com a Índia, representar 2/3 destas
exportações.No ano de 2019, a Índia tem se destacado como um novo concorrente
no mercado mundial de carnes. Devido ao seu grande estoque de animais e as
mudanças na cultura e suas regulamentações, o país se tornou, em menos de uma
década, um dos maiores exportadores mundiais. A maior vantagem competitiva está
na sua logística e preços. Porém, possui desvantagens nas questões de qualidade,
genética e tecnologias em relação ao Brasil.
No entanto, no Brasil, existem grandes desafios a serem resolvidos nas áreas
ambientais, regulatórias, sanitárias, logísticas, tributárias e burocráticas, para que
possamos conquistar uma maior fatia do mercado.
Com o crescimento do comércio mundial, o produtor terá que participar cada
vez mais destas discussões. Estas questões não serão resolvidas sem a sua
participação efetiva na Cadeia Produtiva. Para isto, o desenvolvimento de instituições
fortes é cada vez mais necessário para que as discussões tenham efetividade na
Cadeia Produtiva da Carne Bovina.

REFERÊNCIAS

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (unesp.br) acesso em 13/04/2023

Frigorífico/abatedouro - Portal Embrapa acesso em 13/04/2023

O surgimento dos matadouros-frigoríficos no Brasil do início do século XX - Pedro Eduardo


de Felício (beefpoint.com.br) acesso em 14/04/2023

Cadeia Produtiva da Carne Bovina, Tendências e Desafios! - Agromove acesso em


12/04/2023

http://sites.beefpoint.com.br/pedrodefelicio/o-surgimento-dos-matadouros-frigorificos-no-
brasil-do-inicio-do-seculo-xx/ acesso em 15/04/2023

O Supremo - Supremo (supremocarnes.com.br) acesso em 18/04/2023


4 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 04 – Solos

4.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Local: Fazenda de Daniel da auto-escola


Data: 18/03/2023
Horário: 07:00 as 11:00
Tema: Estudo prático de perfis, identificação e análise de solos

4.2 INTRODUÇÃO

Solo pode ser definido como um corpo dinâmico de origem mineral e orgânica
formado por material inconsolidado (ou friável) que reveste a superfície do planeta
Terra. Os solos são o produto direto da ação dos agentes intempéricos sobre as
rochas, sendo constituídos pela ação lenta e continuada das águas, dos ventos, da
variação de temperatura e também dos animais e micro-organismos.
A composição e a estrutura de um solo variam consideravelmente de região
para região, dependendo diretamente de aspectos como clima, disponibilidade
hídrica, rocha-mãe e topografia. Dessa forma, o conhecimento dos diferentes tipos de
solos de uma região, é de fundamental importância para o sucesso das atividades
agropecuárias, uma vez que ele é a base para o desenvolvimento das mesmas.
Os solos são muito importantes para a manutenção da vida no planeta, visto
que, além de sustentarem a vegetação e parte da fauna, eles próprios consistem em
um amplo e diverso ecossistema. Os solos também realizam a renovação de
nutrientes periodicamente como parte de sua função nos ciclos biogeoquímicos do
nosso planeta. Além disso os solos são a base para o desenvolvimento das atividades
econômicas, principalmente o setor primário — agricultura, pecuária e extrativismo.
Por essa razão, o manejo adequado dos solos se torna tarefa tão importante para a
manutenção do equilíbrio dos sistemas naturais e, por conseguinte, para a
preservação do meio ambiente.
O solo é aproveitado para diversas atividades econômicas, como a exploração
de recursos minerais e energéticos, pois é dele que retiramos minerais, rochas e
minérios usados no dia a dia e que servem de matéria-prima para a atividade
industrial, da construção civil e para a produção de objetos do nosso uso diário.
O solo também é um importante armazenador de água, pois é por meio dele
que ocorre o processo de infiltração e, consequentemente, o abastecimento dos
lençóis freáticos, dos aquíferos e o surgimento de nascentes.
Por promover uma interação completa com a hidrografia, a atmosfera, as
rochas e os minerais e até os organismos vivos, é um consenso que a qualidade de
vida dos solos influencia diretamente na qualidade de vida de todos os fatores bióticos
(vivos) e abióticos (não vivos) do planeta Terra.
Sendo assim, há um debate diário sobre o processo de manutenção e cuidado
em relação aos impactos ambientais no solo, no qual se discute políticas públicas de
preservação do solo e de seus recursos, por tratar-se de algo essencial à vida e ao
planeta de modo geral.

4.3 REFERENCIAL TEÓRICO

Diversos são os fatores que contribuem para a formação do solo, o material


originário (rocha matriz ou rocha mãe), o clima, a atividade biológica, ligada aos
organismos vivos presentes no lugar de origem do solo, o tempo, a hidrografia e a
topografia da área. Todos esses elementos agem em conjunto ao promoverem a
separação das partículas das rochas.
Assim o solo é formado por meio de processos que fazem a desintegração de
partículas, promovendo sua evolução e seu crescimento. Esses processos levam em
conta a infiltração de água ou a descompactação de partículas por outros elementos
físicos ou químicos, e, assim, o solo vai aumentando, crescendo, desenvolvendo-se,
pois, quanto mais profundo é o solo, mais desenvolvido ele é.
Figura 15: Esquema representativo do processo de evolução dos solos.

A composição do solo é variável de um tipo de solo para outro, pois os


elementos químicos presentes na sua composição variam por meio de fatores como:
umidade, Sol, vento, organismos vivos, clima e até a presença de biodiversidade. No
entanto, encontra-se na composição dos solos, de modo geral, cinco elementos que
constituem o solo: matéria mineral (45%), água (25%), ar (25%), matéria orgânica, e
organismos vivos (biota do solo), embora estes últimos não sejam considerados
constituintes do solo em termos geológicos.
O solo é composto por três fases distintas: sólido, que compreende matéria
orgânica e inorgânica; líquido, que é a solução do solo ou água do solo; e gasoso,
que é o ar do solo. As matérias orgânica ou inorgânica compreendem partículas
minerais do solo, originadas do intemperismo da rocha, ou seja, da sua desintegração.
Há também materiais orgânicos provenientes de animais e plantas, que entram em
decomposição e formam a camada de húmus (primeira camada do solo).
Cada horizonte dos solos possui composições diferentes, observe:
Horizonte O – Camada com alta presença de matéria orgânica, água, animais
e plantas.
Horizonte A – Mais escura por possuir matéria orgânica, água e sais minerais.
Horizonte B – Acumula sais minerais e materiais dos horizontes O e A, possui
presença maior de ar.
Horizonte C – Constituído por fragmentos de rochas desintegradas do horizonte
D; grande presença de ar.
Horizonte D ou R – Rocha matriz ou originária do solo.
Figura 16: Camadas dos solos.

O líquido compreende a água infiltrada, escoada ou presente no lençol freático.


Geralmente as plantas retiram do solo a quantidade de água necessária à sua
sobrevivência. Nem toda água que chega ao solo fica disponível às plantas, pois ela
pode continuar a infiltrar, abastecendo outros mananciais d’água. O gasoso é
constituído pelo ar presente nos poros dos solos; à medida que há maior presença de
argila no solo, menor é essa porosidade.
Os solos evoluídos possuem normalmente várias camadas sobrepostas,
designadas por horizontes. Estas camadas são formadas pela ação simultânea de
processos físicos, químicos e biológicos e pode distinguir-se entre si através de
determinadas propriedades, como por exemplo a cor, a textura e o teor em argilas.
Um perfil de solo generalizado, e um tanto simplificado, tem quatro divisões
principais, além do R (Rocha Consolidada), são eles: Horizontes O, A, B e C.
O solo é um sistema aberto entre os diversos geoecossistemas do nosso
Planeta, que está constantemente sob ação de fluxos de matéria e energia. Essa
condição o torna um sistema dinâmico, ou seja, o solo evolui, se desenvolve e se
forma de maneira contínua no ambiente em que está inserido. A formação do solo é
dada pela interação de fatores do ambiente ao longo do tempo, conforme descrito por
Jenny (1941):

S = f (m, r, o, c, v, t);
Em que f = função; m = material de origem; r = relevo; o = organismos, v =
vegetação; t = tempo. Este modelo é uma expressão qualitativa, ou semiquantitativa
da formação do solo e continua aceito até hoje, contribuindo para os atuais
fundamentos da pedologia, que são expressos pela interação dos fatores de formação
do solo sob a atuação da dinâmica interna do sistema solo e de processos
pedogenéticos específicos para um determinado pedoambiente, resultando em solos
com propriedades e características próprias que exercem suas funções na paisagem
em que se inserem.
As feições morfológicas e as características do solo refletem a atuação dos
processos pedogenéticos na sua formação.
Os processos pedogenéticos são estudados em duas vias: I) o modelo de
processos múltiplos, baseado em quatro processos básicos de formação do solo:
adições, perdas, transformações e translocações; II) o modelo de processos
específicos, que considera as características dos diferentes tipos de solos, como
resultado da atuação de mecanismos específicos na integração dos fatores de
formação dos solos, como por exemplo: laterização, silicificação, ferralitização,
gleização, podzolização, salinização, etc.
A interpretação dos processos pedogenéticos permite entender o solo no seu
ambiente de ocorrência e a organização de sistemas de classificação de solos.

4.3.1 PROCESSOS PEDOGENÉTICOS

Processos Processos Descrição resumida do Exemplo de


pedogenétic múltiplos processo ocorrência
os
específicos
Ferralitização Remoção, Remoção de sílica e Latossolos,
transformação concentração de óxidos de Nitossolos,
e translocação Fe e Al. caráter ácrico
Silicificação Transformação Migração e acúmulo de Latossolos e
e translocação sílica cimentando Argissolos
estruturas ou a matriz do Amarelos
solo coesos
Plintitização e Transformação Redução e translocação de Plintossolos
laterização e translocação Fe e oxidação e
precipitação originando
mosqueados, plintita ou
petroplintita
Lessivagem Translocação Migração vertical de argila Argissolos,
ou no solo Luvissolos,
argiluviação horizontes E,
lamelas
Podzolização Transformação Migração de complexos de Espodossolos,
e translocação Fe, Al e matéria orgânica Ortstein
no solo com acúmulo em
horizonte iluvial, com ou
sem sílica
Gleização Remoção, Redução de Fe em Gleissolos,
transformação condições anaeróbias e Planossolos
e translocação translocação formando
horizontes acinzentados
com ou sem mosqueados
Calcificação Translocação Acumulação de Luvissolos,
ou CaCO3 com nódulos ou Chernossolos
carbonatação horizonte endurecido Rêndzicos
Ferrólise Remoção, Destruição de argila com Planossolos,
transformação formação de horizonte B Argissolos
e translocação textural
Salinização Translocação Acumulação de sais por Gleissolos
evaporação no horizonte sálicos
superficial ou na superfície
do solo
Sulfurização Transformação Acidificação do solo Gleissolos
ou e translocação causada pela oxidação de Tiomórficos
tiomorfismo compostos de enxofre
Adaptado de Kämpf & Curi (2012).
Tabela 01: Processos Pedogenéticos
Figura 17: Processos de formação do solo (Pedogênese)

4.3.2 TIPOS DE SOLO DO BRASIL

O Brasil destaca-se como grande produtor agrícola, fato proveniente do


extenso território e também da fertilidade do solo. Em razão da dimensão territorial do
Brasil ocupando uma área equivalente a 8 514 876 Km² e sendo o quinto maior país
do mundo, é possível identificar diversos tipos de solo que são diferenciados segundo
a tonalidade, composição e granulação. O solo corresponde à decomposição de
rochas que ocorre por meio de ações ligadas à temperatura, como o calor, além de
processos erosivos provenientes da ação dos ventos, chuva e seres vivos, tais como
bactérias e fungos. No Brasil, são encontrados quatro tipos de solo, são eles: terra
roxa, massapé, salmorão e aluviais.

• Terra roxa: corresponde a um tipo de solo de extrema fertilidade que detém


uma tonalidade avermelhada. Pode ser encontrado em Goiás, Minas Gerais,
Mato Grosso do Sul e São Paulo. É originado a partir da decomposição de
rochas, nesse caso de basalto.
• Massapé: é um solo encontrado principalmente no litoral nordestino
constituído a partir da decomposição de rochas com características minerais
de gnaisses de tonalidade escura, calcários e filitos.
• Salmorão: esse tipo de solo é encontrado ao longo das regiões Sul, Sudeste
e Centro-Oeste do Brasil, é constituído pela fragmentação de rochas graníticas
e gnaisses.
• Aluviais: é um tipo de solo formado em decorrência da sedimentação em áreas
de várzea ou vales, é possível de ser encontrado em diversos pontos do país.
Há diversos tipos de solo no nosso país e conhecê-los é importante para o
manejo, tanto na perspectiva da preservação dos recursos naturais quanto no intuito
de atingir altas produtividades. O Brasil é um país de dimensões territoriais, isso
contribui para que tenhamos riqueza e diversidade de ecossistemas e paisagens
incríveis. Exemplificando, há seis biomas presentes no Brasil: Amazônia, Cerrado,
Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. Cada um desses biomas possui
características próprias de diversidade biológica, incluindo a flora, a fauna e paisagem.
Sendo assim, pode-se inferir que há também uma variedade enorme de tipos
de solos com características próprias. Essa diversidade de tipos de solo ocorre em
função dos diferentes fatores de formação aos quais foram submetidas as áreas de
cada região ao longo do tempo. Esses fatores de formação dos tipos de solo
correspondem ao material de origem, ao tempo, ao relevo, ao clima e à ação dos
organismos vivos. Por isso, instituições de pesquisa nacionais e internacionais
investiram tempo e dinheiro em organizar sistemas de classificação com o intuito de
agrupar tipos de solo com características semelhantes. No Brasil, foi desenvolvido
o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), onde são agrupados os
principais tipos de solo que ocorrem no país de acordo com características
específicas.
Com isso, é possível descrever e mapear os principais tipos de solo de cada
região e facilitar o planejamento das atividades econômicas mais adequadamente.
No contexto agrícola, determinados tipos de solo têm aptidão para
determinadas atividades e não suportam outras. Exemplo disso é o cultivo de arroz
irrigado por inundação que ocorre no sul do Brasil. Essa atividade só é possível de
realizar em solos mal drenados que impeçam a percolação de grandes quantidades
de água, favorecendo a inundação da lavoura.
Existem uma série de fatores que determinaram as características dos tipos de
solo que encontramos hoje. São eles o material de origem, o tempo, o relevo, o
clima e os organismos vivos. Todos esses fatores atuam em conjunto.
O material de origem corresponde à rocha matriz, ou seja, a rocha da qual o
solo se formou e continua se desenvolvendo. As rochas se diferenciam pela sua
formação e por suas características físicas e químicas. Deste modo, podemos dizer
que o solo herdará propriedades físicas e químicas da sua rocha matriz. Ademais, em
geral, estima-se que demoram cerca de 300 anos para a formação de 1 cm de solo.
Logo, o solo não é um recurso renovável dependendo da escala de tempo utilizada e
processo de degradação como a erosão devem ser mitigados urgentemente.
O tempo decorrente da exposição do material rochoso à superfície da crosta
terrestre e da ação dos processos de intemperismo em diferentes intensidades afeta
a paisagem e a formação dos diferentes tipos de solo. A razão de Latossolos serem
reconhecidos como tipos de solo velhos não quer dizer que o solo se originou antes
do que um Chernossolo, por exemplo.
Nesse sentido, o clima representado pela grande intensidade de chuvas e
temperaturas mais altas, regula processos como a lixiviação de íons e atividade dos
organismos resultando em tipos de solo mais intemperizados, chamados
popularmente de velhos.
O relevo influencia na dinâmica de erosão, ou seja, no transporte e deposição
de partículas de solo de um local para outro. Esse processo, em uma grande escala
de tempo, causa grandes alterações na paisagem e nos tipos de solo.
Os organismos, inclui desde a ação dos líquens, reconhecidos como um dos
primeiros colonizadores das rochas, até as atividades de plantas e animais. Em
regiões do cerrado, minhocas e cupins são capazes de movimentar grandes
quantidades partículas através do perfil do solo em processo conhecido como
bioturbação.

4.3.3 SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

A partir da necessidade de agrupar os diferentes tipos de solo, com ocorrência


no Brasil, em classes com características em comum, foi elaborado o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
O enquadramento dos tipos de solo em determinada classe é baseado em
características morfológicas, químicas, físicas e mineralógicos do perfil do solo.
Outras características do local, como o regime de drenagem, também podem
ser consideradas na classificação. Sendo assim, o SiBCS apresenta 13 tipos de solos,
os quais ainda são subdivididos em outras subclasses as quais designam outras
características.
Os 12 tipos de solo existentes são: Argissolos, Cambissolos, Chernossolos,
Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos, Nitossolos,
Organossolos, Plintossolos, Planossolos e Vertissolos. Por exemplo, um Gleissolo
pode ser eutrófico ou distrófico em função de ter mais o menos do que 50% da
capacidade de troca de cátions (CTC) saturada por bases, respectivamente.
Todos esses tipos de solo devem apresentar atributos e horizontes específicos
que os caracterizam.
Em nível mundial, existem outros dois sistemas de classificação de tipos de
solos amplamente utilizados. São eles o Soil Taxonomy desenvolvido pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e o WRB (World Reference Base)
disponibilizados pela FAO (Food and Agricultura Organization).
Esses sistemas apresentam algumas diferenças quanto ao sistema usado por
nós, porém é possível fazer a correspondência entre os tipos de solos.

4.3.4 PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DOS PRINCIPAIS SOLOS DO


BRASIL

Não podemos considerar que um solo seja mais importante do que outro, pois
todos desempenham funções produtivas e ecológicas importantes para o local onde
estão inseridos. Entretanto, os Latossolos são os tipos de solo mais abundantes no
Brasil e, juntamente, com Argissolos e Neossolos ocupam cerca de 70% da área do
país. Esse fato deixa evidente um dos motivos de o Brasil desempenhar papel de
destaque na agropecuária, sendo um dos principais produtores de grãos e um grande
importador de fertilizantes.
Os Latossolos são um dos principais tipos de solo em termos de área e
relevância agrícola. Esses tipos de solo apresentam, usualmente, ótimas condições
físicas, ou seja, boa drenagem, aeração, armazenamento e disponibilidade de água.
Por outro lado, em condições naturais, são solos ácidos e pobres quimicamente.
Deste modo, é essencial a execução das práticas de calagem e adubação
corretamente.
O teor de matéria orgânica é importante em qualquer solo agrícola, pois
favorece a CTC (Capacidade de Troca Catiônica), a agregação e o armazenamento
de água. Em Latossolos, o manejo capaz de preservar e aumentar os teores de
matéria orgânica é ainda mais importante. Isso ocorre porque esses solos apresentam
a caulinita como principal argilomineral, sendo ricos em óxidos de Fe e Al. Sendo
assim, a matéria orgânica exerce um papel fundamental em aumentar a quantidades
de cargas no solo.
Os Argissolos são tipos de solo profundos e podem ser perfeitamente e
imperfeitamente drenados conforme sua inserção no relevo. Em geral, também
apresentam problemas com acidez e fertilidade.
Cores avermelhadas indicam condições de boa drenagem enquanto cores
acinzentadas ocorrem em função da má drenagem. Tais características resultam da
dinâmica do Fe que em estado oxidado forma óxidos e confere coloração
avermelhada e em estado reduzido torna-se solúvel e móvel no perfil, ocasionando
tons acizentados. A presença de horizonte Bt em subsuperfície pode conferir um
impedimento físico à passagem de água e crescimento radicular, principalmente
quando esse horizonte encontra-se mais próximo da superfície.
Tanto Latossolos quanto Argissolos são tipos de solo com boa aptidão para os
cultivos de culturas anuais produtoras de grãos como soja e milho. Naturalmente,
esses solos são ácidos e apresentam problemas de fertilidade, entretanto, são fatores
facilmente resolvidos pelas práticas de calagem e adubação.
Os Neossolos e Cambissolos são caracterizados pela ausência de horizonte B
e são um dos tipos de solo mais comuns. Neossolos ocorrem, geralmente, nas cotas
mais altas do relevo e são solos considerados rasos, fato que nos obriga a ter
restrições quanto ao seu uso, deve-se optar por práticas e atividades capazes de
minimizar as perdas de solo nessas áreas.
Solos de áreas de várzea, como Planossolos e Gleissolos, apresentam baixa
porosidade total, elevada relação Micro/Macroporos, baixa retenção de água e
horizonte Bt em subsuperficie. O fato desses solos possuírem baixa porosidade total
e elevada relação micro/macroporos faz com que eles fiquem saturados em períodos
chuvosos e sequem rapidamente em curtos intervalos de falta de chuva. Por isso, o
manejo dessas áreas é mais trabalhoso e estratégias como a semeadura na data
recomendada para cada região são fundamentais.
Os Organossolos são solos típicos de áreas mal drenadas, como banhados, as
quais apresentam acúmulo de carbono orgânico em superfície. Apesar desses solos
possuírem pequena expressão geográfica, desempenha função ecológica
importantíssima, uma vez que algumas plantas e animais são endêmicas desses
ecossistemas.
O Sul do país é responsável por quase toda a produção de arroz do Brasil, o
que acontece, majoritariamente, em sistema de irrigação por inundação. Isso só é
possível pelas características dos tipos de solo, principalmente Planossolos,
Gleissolos,Vertissolos e Chernossolos, e do relevo plano a suavemente ondulado.
Esses solos possuem características que os tornam mal drenados, impedindo ou
restringindo a percolação da água no perfil, viabilizando a inundação do terreno.
Os Chernossolos são ligeiramente melhor drenados do que os demais solos de
terras baixas e apresentam ótima fertilidade natural. Entretanto, suas limitações são
de ordem física. O cultivo de culturas de sequeiro nessas áreas também é possível e
bons resultados já foram evidenciados para soja, tais como produtividades de 3
ton/ha-1. Entretanto, devemos investir em drenagem e em cultivares resistentes ao
excesso de água.
A semeadura de culturas de sequeiro nas áreas mais altas nas terras baixas
(coxilhas) também é uma estratégia eficiente.

4.4 METODOLOGIA

A aula prática, foi desenvolvida no município de Carlos Chagas. Localizada no


vale do Mucuri, região Nordeste do estado de Minas Gerais. De acordo o Embrapa
(2013) a predominância dos solos da região segundo a tabela do Sibics é de
Latossolos vermelho-amarelo distróficos.
Para a aula em questão, o professor Ivan, utilizou de várias ferramentas e
materiais para simular uma coleta de solo: trado holandês, sonda, pá de corte, paceta,
martelo, enxadão, enxada, fita métrica, faca, balde plástico, Água, modelo de ficha de
coleta e análise de solo, livro Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, o livro:
“Manual de descriçao e coleta no Campo” e a caderneta de tabela de cor de solos de
Munsell. Estes objetos foram utilizados para realizar a explicação sobre a amostragem
dos solos para envio ao laboratório e também para a identificação da cor, textura,
composição e friabilidade do solo, entre outros.
Para a realização da coleta de solo deve se separar a área em glebas e fazer
a coleta com o trado holandês na profundidade de 20 a 40 cm, ou na ausência do
mesmo, utilizando-se de outros métodos de coleta na área desejada, coletando-se as
amostras aleatoriamente em zigue-zague, sempre na mesma quantidade por amostra,
evitando cupinzeiros, fezes de animais, proximidades de casas, cisternas e currais,
locais onde teve queimadas, etc.
Antes de se fazer a coleta, deve-se fazer uma previa limpeza da área, retirando
toda cobertura vegetal que sobrepõem o solo, devendo-se coletar de 15 a 20 amostras
por gleba, fazendo o uso do balde plástico sempre limpo para que não haja
contaminação do material, para juntar todas as amostras, homogeneizar e deste
material, que representa toda a gleba, fazer uma amostra composta ou Gleba
homogênea, retirar cerca de 1kg em um saco , devendo a identificação deve ser feita
com lápis em um papel que será colocado dentro de um segundo saco plástico para
que o mesmo não umedeça em contato com solo e perca as informações.

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com amostras de solos coletadas o professor Ivan fez algumas explicações


sobre o Gleissolos encontrado em várzeas, planícies alagadas, que é um solo
constituído de minerais com tendência às cores acinzentadas, devido aos
microrganismos presentes na sua constituição, e fez a observação que a ausência de
microrganismos provoca a perda de sua tonalidade e fica com sua coloração clara ou
branca, sua textura variável de arenosa à argilosa, e sua fertilidade, variável de baixa
à elevada. No período chuvoso a elevação dos corpos d’água, promove a formação
dos plintossolos nas áreas de alagamento.
Ao observar a região íngreme notou a presença do cambissolo e nos topos dos
morros se encontra o latossolo, e, citou a importâncias das raízes para aumentar a
porosidade dos solos e revolver os nutrientes. Ao fazer análise do solo e perceber alto
teor de alumínio significa que existe uma barreira que impede a raiz da planta de
desenvolver a profundidade necessária para conseguir água, neste ínterim é
necessário fazer a gessagem, mas antes é necessário fazer a calagem e adubação,
pois a gessagem e um processo de lixiviação – lavagem do solo. A calagem é
necessária para aumentar o PH do solo que deve ficar em torno de 6,5. Quando se
deparar com uma área nunca analisada, sem informação é necessário fazer um perfil
do solo, realizando uma trincheira com 02 (dois) metros de profundidade em áreas
planas e a análise em 6 meses antes do plantio. Solos pegajosos, com muito teor de
argila, representam um problema para mecanização agrícola, pois não consegue usar
as máquinas.
Figura 18: Fita métrica utilizada para medir a profundidade dos horizontes do solo

Figura 19: Separação de parcelas das diversas camadas do solo para posteriores testes
Figura 20: Teste de consistência e friabilidade do Solo

Figura 21: Identificação da amostra pela tabela de Munsell

Figura 22: Coleta com trado Holandês


4.6 CONCLUSÕES

Revestindo grande parte da superfície terrestre, o solo desempenha papel


fundamental na sustentação da vida e das atividades humanas. É nele que se fixam
as edificações e a infraestrutura (as rodovias, os viadutos, os postes elétricos, as
ferrovias e várias outras redes), além desse substrato oferecer nutrientes para o
desenvolvimento dos cultivos agrícolas e muitos dos recursos naturais importantes
para a nossa economia, como os minerais.
Os solos são muito importantes para a manutenção da vida no planeta, visto
que, além de sustentarem a vegetação e parte da fauna, eles próprios consistem em
um amplo e diverso ecossistema. Não somente isso, os solos realizam a renovação
de nutrientes periodicamente como parte de sua função nos ciclos biogeoquímicos do
nosso planeta. Por essa razão, o manejo adequado dos solos se torna tarefa tão
importante para a manutenção do equilíbrio dos sistemas naturais e, por conseguinte,
para a preservação do meio ambiente.
Sendo aissim, cabe ao técnico em agropecuária possuir conhecimentos
necessários para identificação das características dos solos ainda em campo, para
que se possa fazer uma coleta de solos efetiva, com os devidos cuidados para gerar
resultados laboratoriais eficientes, sempre mostrando para seu cliente os benefícios
de uma análise de solo e que esta seja feita no mínimo 03 (três) meses antes de iniciar
uma plantação de qualquer tipo de cultivo. A correção da área a ser utilizada caso
esteja faltando algum nutriente ou com PH baixo é essencial para ter uma plantação
de qualidade e evitar prejuízos.

REFERÊNCIAS

FREITAS, Eduardo de. "Tipos de Solo do Brasil "; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/tipos-solo-brasil.htm. Acesso em 02 de abril de 2023.

Conheça algumas práticas conservacionistas do solo - Pensamento Verde

https://www.embrapa.br/solos/sibcs/historia-da-classificacao-de-solos-no-brasil
https://www.embrapa.br/solos/sibcs/formacao-do-solo
https://institutoagro.com.br/tipos-de-solo-do-brasil/

O que é Plantio Direto? | Agric.com.br

Solo: o que é, função, composição, formação, tipos - Brasil Escola (uol.com.br)


5 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 05 - Climatologia

5.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Local: EFASA (Serra dos Aimorés-MG)


Data: 25/03/2023
Horário: 07:00 às 11:00
Tema: Climatologia e conhecimento das atividades desenvolvidas na EFASA

5.2 INTRODUÇÃO

A climatologia é um dos ramos da Geografia física que estuda o clima e o


tempo. Esta ciência se dedica aos estudos dos fenômenos climáticos, classificação
dos climas e a interferência das ações dos seres humanos no clima mundial.
A climatologia é uma ciência muito importante, pois diversas atividades
humanas (agricultura, economia, comércio, etc.) dependem de dados do clima para
tomar atitudes. Um fazendeiro, por exemplo, tem a necessidade de informações do
clima para saber quando, quanto e como poderá plantar e colher determinado gênero
agrícola.
O clima é um dos principais fatores limitantes do agronegócio. Além de interferir
na produtividade, as condições climáticas também podem gerar atrasos em etapas
importantes, como plantio e colheita, que alteram todo o ciclo produtivo.
Sendo assim, cuidar do ambiente e desenvolver manejos mais sustentáveis são
fatores vitais para os produtores rurais que desejam ter sucesso em suas safras por
longo tempo. Afinal, o desmatamento e as mudanças nas áreas produtivas influenciam
diretamente na incidência de chuvas, épocas de seca, além de nas mudanças de
temperatura.

5.3 REFERENCIAL TEÓRICO

Climatologia é a ciência que estuda o clima. Surgida com o Renascimento


(antes disso os eventos atmosféricos eram tidos como obra de Deus, embora tenham
sido publicados dois trabalhos a respeito antes disso: um por Hipócrates em 400 a.C.
e outro por Aristóteles em 450a.C., respectivamente “Ares, Águas e Lugares” e
“Meteorológica e Escrita”). Com a invenção do termômetro, em 1593, por Galileu e do
barômetro de mercúrio, em, por Torricelli, finalmente os eventos da atmosfera
puderam ser medidos e estudados. Mais tarde o estudo dos fenômenos atmosféricos
se dividiria em dois ramos: a climatologia e a meteorologia, cada qual com uma
abordagem diferente para os mesmos fenômenos.
Mas, para saber exatamente do que se trata é necessário antes compreender
a diferença entre “tempo” e “clima”: “tempo” é a característica, ou o comportamento
da atmosfera num dado momento (período curto, como um dia, uma semana...) com
relação à umidade, temperatura, nebulosidade, precipitação, e outros fatores; já
“clima” reflete o comportamento geral da atmosfera, para os mesmos fatores, de
determinada região só que em um período longo de tempo, geralmente de 30 a 35
anos (é necessário um período longo de estudos sobre determinada região para
determinar qual o clima). Por esse motivo, o estudo do clima é bastante complexo,
envolvendo diversos fatores e, até mesmo, a influência humana.
Assim a Climatologia tenta entender o funcionamento do clima, tal qual a
Meteorologia o faz com os fenômenos da atmosfera (estado físico, químico e dinâmico
da atmosfera). Mas o climatólogo também se ocupa do estudo do tempo, dependendo
da área específica. Veja a seguir:
• Climatologia sinótica: nesta área específica, o objetivo é estudar o tempo e o
clima de determinada área com relação ao padrão circulatório predominante da
atmosfera;
• Climatologia regional: tem como objetivo estudar apenas o clima em
determinadas regiões;
• Climatologia física: tem como objetivo investigar o comportamento dos
processos atmosféricos através de princípios físicos que englobam o regime
de balanço hídrico da terra e da atmosfera e a energia global;
• Climatologia dinâmica: estuda o clima e o tempo com destaque para os
movimentos atmosféricos;
• Climatologia histórica: é o estudo do clima através do tempo (aqui, no sentido
histórico). Sua evolução, variações, padrões e interações;
• Climatologia aplicada: é a utilização dos conhecimentos climatológicos para a
solução de problemas diários, ou práticos, da sociedade.
5.3.1 SUBDIVISÕES DA CLIMATOLOGIA

• Climatologia física: tem como foco o estudo dos elementos climáticos (vento,
umidade, precipitação, etc.) a partir de uma abordagem estatística, bem como
as relações causais entre eles.
• Climatologia regional: como o próprio nome indica, concentra seus esforços no
estudo das características climáticas discretas ou típicas de uma determinada
região.
• Meteorologia dinâmica: surgido no final da década de 1960, trata da simulação
e determinação das mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global,
utilizando equações fundamentais da meteorologia.
• Paleoclimatologia: trata-se do estudo do clima em eras geológicas antigas, com
base em suas evidências no registro fóssil e na composição das rochas dos
substratos subterrâneos.
• Bioclimatologia: o estudo das correlações entre clima e vida, ou seja, como
ambas as coisas influenciam uma à outra.

5.3.2 COMO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS PODEM AFETAR O AGRONEGÓCIO

A temperatura do planeta vai sofrer um aumento de até 2ºC até 2050, o que
deverá provocar mudanças drásticas no agronegócio: redução da irrigação, aumento
na aridez do solo, mais secas e geadas fora de época, maior incidência de pragas e
doenças. Esses dados são do Banco Mundial, que alerta para o desequilíbrio agrícola
na produção.
No caso do Brasil, pode haver uma queda no volume vendido em exportações.
Mas nem tudo são más notícias, como explica o meteorologista e sócio-diretor da
Somar Meteorologia, Paulo Etchichury. “Não existe forma de evitar o aquecimento
global, faz parte de um ciclo natural” explica. “O que se pode fazer é apenas seguir
algumas alternativas de adequação”. Segundo Etchichury, há três fatores que
estimulam o processo de transição para adequação: mitigação, adaptação e inovação.
• Mitigação – A mitigação funciona como um “freio” no aquecimento global, um
conjunto de medidas que, se adotadas correta e rapidamente, contribuirão para
minimizar os efeitos das mudanças no clima e evitação diminuir a
produtividade. Um exemplo é a redução das quantidades de gases de efeito
estufa da pecuária. Com boas práticas agropecuárias é possível reduzir os
volumes de CO² e metano emitidos pela pecuária.
• Adaptação – O agronegócio se adapta às novas mudanças de temperatura no
planeta fazendo com que as culturas se adaptem às demandas da natureza.
Já estão em desenvolvimento variedades de soja e milho geneticamente
modificadas para se adaptarem a solos mais áridos e estresse hídrico.
• Inovação – Paulo Etchichury diz que, para enfrentar as mudanças no clima os
produtores precisam de inovação. Vários exemplos em uso hoje foram criados
e incorporados por agricultores: variedades de grãos e hortaliças que se
adaptam às diferentes condições de solo e clima, sistemas de cultivos com
rotação de culturas, diversificação da produção, implantação de agricultura
sustentável com bom manejo de pragas são bons exemplos.
Além disso, existem barreiras não tarifárias aplicadas no país que funcionam
como ação contra o aquecimento global. Segundo a Embrapa, a obrigatoriedade de
compra de carne com origem controlada e desvinculada do desmatamento na
Amazônia é uma delas.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO), o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, com 5,7%
do mercado global. O país está atrás apenas dos Estados Unidos (11%) e a Europa
(41%). Em relação às mudanças climáticas, o Brasil responde por 3% das emissões
globais de gases de efeito estufa.

5.3.3 OS CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS E OS


REBATIMENTOS NO BRASIL

Sem dúvida os climas mudam, e essas mudanças influenciam de maneira


drástica as oportunidades para a vida. O clima na Terra sofreu extremas
transformações ao longo do processo evolutivo do planeta.
As mudanças globais atuais, entretanto, são caracterizadas por sua maior
rapidez, intensidade e abrangência. Além disso, os impactos das atividades humanas
se fazem sentir em praticamente todos os sistemas naturais do planeta sem que sejam
acompanhadas pela capacidade de adaptação e de coevolução entre os sistemas
sociais e naturais. A incerteza e imprevisibilidade também acompanham os padrões
atuais das mudanças.
As mudanças ambientais também possuem forte correlação com questões
relativas à distribuição do ônus causado pelo desequilíbrio nos ecossistemas. Trazem
embutidas questões éticas e de justiça socioambiental. De acordo com a publicação
Cuatro grandes retos, una solución global: Biodiversidad, cambio climático,
desertificación y lucha contra la pobreza, de Gonzáles e Montes, habitantes de países
desenvolvidos são capazes de se adaptar com mais facilidade às mudanças na
disponibilidade de serviços, porque podem substituí-los por meio da tecnologia,
quando se tornam escassos. Nos países do sul, em especial em comunidades rurais,
esta substituição é mais difícil, tornando esses grupos mais vulneráveis às mudanças
na integridade dos ecossistemas, que, com frequência, se traduzem em perdas de
produtividade agrícola, contaminação das águas, erosão e perda de fertilidade dos
solos, ou falta de proteção diante de eventos climáticos extremos ou catástrofes
naturais.
Na última década, têm sido recorrentes os esforços para tratar os grandes
desafios socioambientais por meio de soluções globais. Da mesma forma, são várias
as iniciativas para compreender os vínculos entre a luta contra a pobreza e as três
grandes convenções ambientais internacionais (mudança climática, biodiversidade e
combate à desertificação).
O aquecimento global provocado pelo incremento do efeito estufa, fenômeno
responsável pelo equilíbrio de temperatura do planeta, vem desencadeando um
conjunto de transformações que se articulam com outras mudanças ambientais de
caráter global. A desertificação é um desses problemas, que, por sua vez, está
associada de maneira direta à perda da biodiversidade através da retirada da
cobertura vegetal. Efeitos negativos ocorrem quando esta retirada é integral, em larga
escala e sem considerar os serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura
florestal.
A diversidade biológica desempenha papel de destaque na maioria dos
serviços proporcionados pelos ecossistemas de terras secas. As plantas sustentam a
produção primária que proporciona em última instância o alimento, as fibras e a lenha
e que capta o carbono, regulando dessa forma o clima global. Além disso, juntamente
com a diversidade de organismos (micro e macro) decompositores, contribuem para
a formação do solo e para a ciclagem de nutrientes. Sua presença é fundamental para
regulação da infiltração decorrente da precipitação e, por conseguinte, para o
equilíbrio do escoamento superficial.
A exposição e degradação dos solos das terras secas podem, por sua vez,
liberar quantidades significativas de carbono, tanto orgânico como inorgânico,
contribuindo para o acúmulo já existente no sistema climático global. O solo
representa uma capa limite entre o ecossistema terrestre e a atmosfera com a qual
interage permanentemente, recebendo umidade e mantendo um contínuo intercâmbio
de gases, compostos e fluxos energéticos. Além disso, fatores externos como a
radiação solar, que proporciona temperatura ao solo, também se vê afetada pelas
condições atmosféricas. Os processos de formação e evolução do solo se ajustam ao
longo do tempo às condições climáticas predominantes.
Já o efeito da mudança climática na desertificação, além de complexo, tem sido
pouco estudado. Contudo, os dados do Quarto Relatório do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2007) apontam na quase totalidade dos cenários
trabalhados para um aumento de temperatura nas terras secas, que, por sua vez,
passa a ter ocorrências de eventos extremos, secas e estiagens. É que, com
temperaturas mais altas, a evapotranspiração passa a ser maior, ampliando a
quantidade de vapor d’água na atmosfera, que tanto contribui para o efeito estufa e a
tendência de aumento de secas, como também amplia a umidade e a possibilidade
de chuvas concentradas, com grande volume de água e risco de enchentes.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é um órgão
criado em 1988 pela Organização Meteorológica Internacional (OMM) e pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente (PNUMA). Em seu quarto
relatório, de 2007, conclui, com acima de 90% de confiança, que o aquecimento global
dos últimos 50 anos é causado pelas atividades humanas e recomenda que o aumento
médio da temperatura do planeta seja de, no máximo, 2 oC. O Painel desenvolveu
uma série de cenários de emissões, cada qual baseado em diferentes hipóteses sobre
variáveis que têm um efeito no aquecimento global, como, por exemplo, crescimento
populacional, crescimento econômico, distribuição de riqueza, grau de avanço
tecnológico, cooperação internacional, eqüidade social e ambiental, e o grau de
dependência em combustíveis fósseis no futuro.
O IPCC trabalha com modelos climáticos que são construções numéricas
altamente complexas. Contudo, mesmo com os avanços ocorridos, ainda persistem
dúvidas sobre a capacidade de previsibilidade desses modelos no que se refere aos
cenários de mudanças climáticas.
É necessário destacar que existem diferenças entre previsões e projeções
climáticas, estas últimas estudando cenários relativos e não valores absolutos,
utilizando cenários de forçamentos radioativos, baseados em suposições e, por isso,
permeados de incertezas. Outro aspecto relativo à confiabilidade dos modelos
climáticos diz respeito a sua relação com as variações climáticas naturais.
Uma tendência atual nos estudos tem sido a construção de modelos regionais,
reduzindo a escala dos modelos globais para o estudo de certas regiões. Um exemplo
concreto é o Atlas de Cenários Futuros para o Brasil, elaborado pelo Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) em 2007, trabalhando com a média de três modelos
regionais.

5.4 METODOLOGIA

No dia 25/03/2023 aconteceu no município de Serra dos Aimorés/MG na


EFASA (Escola Família Agrícola de Serra dos Aimorés) a visita à estação
meteorológica, acompanhada pelo instrutor Luís Jesus Santos, com fins de obter o
conhecimento sobre como funciona a climatologia e sua importância para as
atividades agropecuárias, sendo o seu conhecimento uma ferramenta fundamental
para monitorar as condições meteorológicas, assim possibilitando a tomadas de
decisões preventivas.
Para o presente trabalho, foram utilizados pelo professor Luiz, alguns
equipamentos da miniestação meteorológica existente no local e material de apoio de
uso do próprio professor para fazer anotações sobre observações do clima e também
para lecionar a respeito de climatologia.
Na ocasião foi realizado um pequeno passeio acompanhado pelo diretor e
também por um professor, para se conhecer todas as instalações, atividades e a área
de atuação da EFASA. Tivemos a honra de conhecer o projeto de multiplicação rápida
de mudas de mandioca, conhecemos também as instalações da escola, como por
exemplo o chiqueiro, o curral dos caprinos, a granja, o viveiro de mudas, o projeto da
agroflorestal com foco na horticultura, o projeto da aquaponia, entre outros.
Figura 23: Chiqueiro

Figura 24: Curral dos caprinos

Figura 25: Granja

Figura 26: Viveiro de mudas


Figura 27: Agrofloresta com foco em horticultura

Figura 28: Projeto da aquaponia

5.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O trabalho numa estação meteorológica consiste na coleta diária de dados de


precisão, sendo necessário para tal, o conhecimento e equipamentos necessários
para realizar toda a prática sob normas padrões.
Existem estações automáticas e convencionais. Vimos também alguns
principais sensores como: o anemômetro que mede a velocidade do vento e sua
direção; o piranômetro que registra a radiação solar no decorrer do dia; sensor de
temperatura e umidade que o próprio nome já descreve sua função; e o pluviômetro
que mede a precipitação.
O Brasil ainda não apresenta uma rede de estações meteorológicas suficiente
para atender toda a necessidade do país, onde a concentração de pontos de
observação, estão em sua maioria, localizados em áreas mais desenvolvidas e um
número muito pequeno nas áreas do interior.
As principais estações são coordenadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde os dados
registrados podem ser acessados pela plataforma de sistema Integrado de dados
Ambientais (SINDA).
Contudo fica claro que a necessidade de se ter informações sobre as condições
que estamos expostos, sobre as variáveis que afetam uma produção, onde dessa
forma o monitoramento possa gerar registros que a longo prazo fornece suporte para
um planejamento mais eficaz, estando assim preparado e um passo à frente.

Figura 29: Estação meteorológica automática

Figura 30: Piranômetro


Figura 31: Pluviógrafo

5.6 CONCLUSÕES

A climatologia é de extrema importância para a agropecuária, pois permite


compreender as condições meteorológicas que influenciam o desenvolvimento das
plantas e dos animais, bem como prever eventos climáticos extremos que possam
afetar a produção agrícola. Com base no conhecimento climatológico, é possível
realizar planejamento de safras e manejo de culturas, a fim de tirar o máximo proveito
das condições meteorológicas favoráveis e minimizar os danos causados por eventos
como secas, geadas e chuvas intensas.
Além disso, a climatologia é uma importante ferramenta para a gestão dos
recursos hídricos na agropecuária, ajudando a identificar áreas que estão sujeitas a
períodos de estiagem e que precisam de medidas de conservação e preservação dos
recursos naturais.
Assim, a climatologia é uma disciplina fundamental para a produção agrícola
sustentável, permitindo que os produtores rurais tomem decisões informadas e
eficazes para enfrentar os desafios climáticos e garantir a segurança alimentar da
população. Dessa forma, a climatologia é uma ferramenta fundamental para o trabalho
do técnico em Agropecuária, garantindo um planejamento e gestão mais eficiente e
sustentável da produção agropecuária.
REFERÊNCIAS

ANDRADE, Gilberto Osório de. Alguns aspectos do quadro natural do Nordeste. Recife: SUDENE,
1977. Estudos Regionais, 2.

FLANNERY, Tim. Os senhores do clima: como o homem está alterando as condições climáticas e o
que isso significa para o futuro do planeta. Rio de Janeiro: Record, 2007.

GALVÍNCIO, Josiclêda Domiciano (Org.). Mudanças climáticas e impactos ambientais. Recife: Ed.
Universitária da UFPE, 2010.

GONZÁLEZ, José A. y MONTES, Carlos. Cooperación para el desarrollo en tiempos de cambio


global: cuando seguir haciendo lo mismo ya no es una opción En: González, J.A. y Santos, I. (eds.),
Cuatro grandes retos, una solución global: Biodiversidad, cambio climático, desertificación y lucha
contra la pobreza. Madrid: Fundación IPADE y Agencia Española de Cooperación para el Desarrollo –
AECID, 2011.

LACERDA, Francinete F. et al. Detecção de sinais de mudanças climáticas para algumas localidades
do Sertão do Pajeú – PE. Anais do XVI Congresso Brasileiro de Agrometeorologia,22 a 25 de
Setembro de 2009
MARENGO, José Antônio. Caracterização do clima no Século XX e Cenários Climáticos no Brasil e
na América do Sul para o Século XXI derivados dos Modelos Globais de Clima do IPCC. São Paulo:
CPTEC/INPE, MMA, 2007.

MARENGO, José Antônio. Água e mudanças climáticas. In: Estudos Avançados. 22 (63), p.83-96.
2008.

https://www.canalrural.com.br/noticias/estudo-revela-que-mudancas-climaticas-sao-o-maior-perigo-
para-o-agro/

https://www.cbcagronegocios.com.br/blog-como-as-mudancas-climaticas-podem-afetar-o-
agronegocio/

http://www.infobibos.com/artigos/2006_2/itba/index.htm#:~:text=Neste%20contexto%20insere
%2Dse%20a,visando%20sempre%20a%20garantia%20do

http://www.infobibos.com/artigos/2006_2/itba/index.htm
6 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 06 – Zootecnia Geral

6.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Local: Sopec
Data: 15/04/2023
Horário: 07:00 às 11:00
Tema: Nutrição animal – Fábrica de ração

6.2 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com alto potencial agropecuário, prova disso são nossos
produtos (carnes, ovos, leite, couro, etc.) que são exportados para o mundo todo.
Todo esse sucesso refere-se a nossa extensa área para produção animal e
nosso clima, ambos bastante favoráveis para a criação de animais. No entanto, um
dos fatores fundamentais que também explica esse sucesso é a nossa capacidade
em alimentar nossos animais de forma barata, mas que atenda todas as necessidades
nutricionais. Para isso, a nutrição animal é parte fundamental deste processo.
Hoje em dia a maximização dos nossos lucros depende estritamente do manejo
que adotamos no quesito nutrição animal, já que os custos com a alimentação variam
entre 40% a 75% do custo total de produção. Logo, realizar um planejamento
nutricional adequado é fundamental, evitando gastos desnecessários e favorecendo
a lucratividade da atividade. Para que esse planejamento alimentar seja o mais
eficiente possível, devemos ter conhecimentos sobre as exigências de cada categoria
animal, potencial nutricional dos alimentos, além de conhecimentos básicos para uma
equilibrar a formulação da ração.

6.3 REFERENCIAL TEÓRICO

Quando tiramos leite da vaca, coletamos ovos das galinhas de postura e


engordamos bovinos, suínos, ovinos e aves para abate visamos sempre o lucro. Essa
é a principal prova que a exploração de animais domésticos é feita, quase que
exclusivamente, mirando nosso interesse econômico.
Porém, para que a produção animal resulte na máxima eficiência, três aspectos
são considerados imprescindíveis: Genética, Higiene/Manejo e Alimentação.
A genética é capaz de conferir ao indivíduo potencial intrínseco, sendo esse o
ponto de partida para o desempenho de toda e qualquer função do animal,
principalmente aqueles de produção. Em razão da genética, existem raças e diversas
variedades que, ao longo dos anos, foram selecionadas para se tornarem altamente
especializadas, permitindo um usufruto mais rápido da produção animal.
Já a higiene e o manejo fornecem, juntamente com a genética, o ponto de
partida às condições básicas dos animais, pois previnem as enfermidades e oferecem
condições ideias à criação e à produção animal.
Porém, tanto o maior potencial genético quanto a higiene e o manejo terão suas
necessidades por alimentos aumentada à medida que o animal vai se especializando.
por isso é fundamental dar a máxima atenção a sua alimentação.
A função da alimentação dos animais domésticos é fornecer ao indivíduo
alimentos capazes de manter a vida e assegurar, na melhor das condições toda a
demanda alimentar por eles necessitada. Mas, se preocupar somente em “alimentar”
os animais, não basta, principalmente quando a criação visa o interesse econômico.
Com o significativo crescimento das necessidades das espécies, a simples
preocupação com o arraçoamento dos animais já não atende as suas necessidades
a muito tempo. Essa preocupação ganhou importância principalmente após os
animais ganharem o status de “produtores de trabalho mecânico”, ou seja, produtores
de carne, leite, ovos, lã ou trabalho pesado. A partir deste momento, as necessidades
do organismo, em função da espécie, sexo, idade, tamanho e produções ganharam
um novo patamar que se tornou um “problema” de ordem teórica.
Neste novo patamar, determinada substância pode ser alimento para um
animal ou para uma dada espécie, mas pode deixar de ser um alimento nutritivo para
um outro animal ou espécie. Isso porque, o rendimento ótimo dos alimentos depende
das necessidades nutricionais dos animais. Para isso, esforços conjugados e muita
pesquisa em uma ciência intimamente relacionada à alimentação se tornaram
fundamentais.
Essa ciência é bastante especifica e precisa estar em constante equilíbrio para
o bom atendimento das necessidades do animal. Estamos falando da nutrição
animal, que se preocupa em nutrir os animais e não simplesmente alimentá-los.
6.3.1 CONCEITO DE NUTRIÇÃO ANIMAL

O termo nutrição animal é definido pelo conjunto de processos em que um


organismo vivo digere ou assimila os nutrientes contidos nos alimentos ingeridos,
usando-os para seu crescimento, manutenção, reparação dos tecidos corporais e
produção. Em animais domésticos, destinados a produção, a nutrição animal será a
responsável por contribuir com a elaboração de produtos (produção de leite pela vaca,
produção de ovos pelas galinhas ou deposição de gordura pelos animais de corte). O
valor de toda substância considerada alimento é baseado em seu teor de nutrientes,
daí a importância da nutrição. Todo nutriente é definido como constituinte, ou grupo
de constituintes dos alimentos, de igual composição química geral.
Considerando esta ciência, a base da nutrição animal procura considerar
primeiramente os nutrientes e depois os alimentos. Assim os técnicos da nutrição
animal (zootecnistas, veterinários e agrônomos) precisam pensar essencialmente nos
nutrientes para depois pensar nos alimentos que os integram. E esses nutrientes são
muitos. Atualmente os conhecidos pela ciência consistem em pelo menos:
• 12 aminoácidos essenciais e suas inter-relações com os demais;
• 17 vitaminas;
• 15 ou mais minerais, ácidos graxos, glicídios.
Há ainda outros fatores que ainda nem foram totalmente identificados. Por isso,
cabe aos profissionais da nutrição conhecerem profundamente as características e
necessidades de cada espécie e categoria animal, formulando a nutrição mais
completa que atenda às suas exigências nutritivas.
Estas necessidades, passam, prioritariamente pelas necessidades metabólicas
dos animais, que veremos a seguir.

6.3.2 NECESSIDADES METABÓLICAS DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO

Usualmente, na nutrição animal, o entendimento das necessidades


metabólicas da categoria animal é parte fundamental. Essas necessidades irão variar
conforme muitas variáveis, tais como:
• Categoria animal;
• Raça;
• Tamanho;
• Capacidade produtiva;
• Capacidade reprodutiva;
• Nível de produção;
• Estágio de crescimento;
• Ambiente.
Além disso, entender as funções da nutrição animal dentro do sistema produtivo
também é parte fundamental que separam o sucesso do fracasso na alimentação dos
animais. Dentre essas funções principais, pode-se citar:

1. Mantença - Representa a quantidade mínima de cada nutriente no objetivo de


promover as funções orgânicas básicas do organismo animal, prevenindo
qualquer problema ou disfunção metabólica que possa ocorrer. Estas funções
são:
• Produção de calor para manter a temperatura corporal;
• Energia para as necessidades internas do animal, caso da respiração,
circulação, etc.;
• Movimento mínimo; e
• Reparo dos tecidos, órgãos e estruturas.

2. Crescimento - Nutrientes balanceados serão fundamentais para que o animal


cresça e se desenvolva no máximo da sua capacidade genética e ambiental.
Geralmente, proteínas e macrominerais são importantes neste processo de
crescimento, pois fazem parte da estrutura do corpo. Porém, tanto a energia
quanto outros nutrientes também são importantes para construir a estrutura do
animal.
Devemos entender também que o processo de crescimento se torna bastante
crítico quando o animal é destinado a desempenhar outra função de forma conjunta,
como trabalho ou lactação. Assim, o crescimento será sacrificado em benefício dessas
funções.

3. Reprodução - Devemos ter a ciência que para a reprodução os animais muito


obesos ou magros excessivamente terão sua eficiência reprodutiva diminuída.
Daí a importância de conhecer o escore de condição corporal dos animais para
que tenham melhores porcentagens de sucesso reprodutivo. O escore por sua
vez, será controlado via nutrição animal.

4. Trabalho - Para o trabalho, a energia será bastante requerida, porém outros


nutrientes também terão sua importância, caso da água para a transpiração,
por exemplo.

5. Lactação - Comparada com a prenhez, a demanda nutritiva da lactação é


muito maior. As vacas por exemplo, devem receber uma dieta alimentar que
possa permitir a maior ingestão de nutrientes possível, evitando que percam
muito peso e tenham sua vida reprodutiva comprometida.

6. Engorda - Para o metabolismo dos animais, a engorda é, em grau de


importância, a necessidade menos importante. Por isso, na formulação das
rações deve haver o entendimento que o corpo primeiramente preencherá
todas as outras exigências e somente depois se preocupará em catalisar
nutrientes para a engorda.

6.3.3 CONHECENDO OS NUTRIENTES DE IMPORTÂNCIA NA NUTRIÇÃO


ANIMAL

Todos os nutrientes utilizados na nutrição animal são compostos ou grupos de


compostos de mesma composição química, que contribuem com a mantença da vida
animal. Normalmente são obtidos por meio dos alimentos.
Na nutrição animal, os nutrientes podem ser classificados em nutrientes
orgânicos (energéticos, proteicos e vitamínicos) e nutrientes inorgânicos (sais
minerais e água.

• NUTRIENTES ORGÂNICOS
Os nutrientes orgânicos energéticos são os lipidios saturados e insaturados,
os carboidratos não nitrogenados - monossacarídeos, oligossacarídeos e
polissacarídeos; e a fibra bruta.
Os nutrientes orgânicos proteicos são as proteínas - aminoácidos essenciais
e não essenciais e o nitrogênio.
Já os nutrientes orgânicos vitamínicos são as vitaminas lipossolúveis (A, D, E
e K) e as hidrossolúveis (Complexo B e C).

• NUTRIENTES INORGÂNICOS
Os nutrientes inorgânicos são os sais Minerais (Macroelementos e
Microelementos) e água.
Veremos a seguir, de forma breve, um pouco de cada um desses nutrientes.
Nutrientes energéticos - Os nutrientes energéticos são aqueles que fornecem
toda a energia para a mantença, crescimento e produção. Em todos os animais a
energia é necessária para:
• Manutenção de processos vitais como: respiração, digestão, crescimento,
reprodução, homeotermia, excreção e mantença;
• Acúmulo de reservas para períodos de escassez de alimentos, na forma de
gordura;
• Proteção do organismo, formando uma camada isolante;
• Produção (leite, carne, ovos, lã…);
A energia necessária pelos animais é proveniente, em sua maior parte, dos
carboidratos e, em menor proporção, dos lipídios.
Nutrientes Proteicos - Os nutrientes proteicos são compostos essencialmente
por proteínas, que são compostos orgânicos bastante complexos, sendo formados
fundamentalmente por carbono, hidrogênio oxigênio e nitrogênio (C, H, O e N).
Algumas proteínas possuem ainda, enxofre (S), fósforo (P) ou cobre (Cu).
Podemos estudar as proteínas a partir das moléculas de aminoácidos (AA) que,
quando ligadas entre si, arranjadas em sequência única, formarão o que conhecemos
por proteína. A função principal das proteínas é compor as estruturas do organismo
dos animais, onde estão incluídos: tecido muscular, órgãos internos, pele, glóbulos de
sangue, anticorpos, enzimas, hormônios, artérias, DNA, cartilagens, etc.
Deve-se ressaltar que nenhuma proteína é totalmente completa. Assim, não há
nenhuma proteína que terá a capacidade de suprir as necessidades dos animais
quando usada sozinha.
Nutrientes Vitamínicos - Os nutrientes vitamínicos são elementos nutritivos
essenciais para a vida (VITA). Geralmente possuem na sua estrutura compostos
nitrogenados (AMINAS), os quais não são sintetizados pelo organismo e que, se
faltarem na nutrição animal, tendem a provocar manifestações de carência ao
organismo, causando diversos distúrbios, alguns até fatais.
A classificação das vitaminas é feita de acordo com a sua solubilidade. São
divididas em lipossolúveis, ou seja, solúveis em gordura e hidrossolúveis, sendo
solúveis em água.
• Vitaminas Hidrossolúveis
B1 – Tiamina;
B2 – Riboflavina;
B6 – Piridoxina;
B12 – Cobalamina / Cianocobalamina / Hidroxicobalamina
Biotina – (B8);
Niacina / Niacinamida / Fator PP;
Ácido Fólico – (B9) / Folacina;
Carnitina – (B11) / L – Carnitina;
C – Ácido Ascórbico;
Bioflavonóides – VitaminaP / Rutina.
• Vitaminas lipossolúveis
A – Caroteno;
D – Calciferol;
E – Tocoferol;
K.
Vale ressaltar que cada uma dessas vitaminas desempenhará papéis
específicos no organismo animal, como regulação do crescimento (vitamina A) ou
auxiliar na assimilação de minerais (vitamina D).
Macro e Microminerais - Os principais representantes dos nutrientes
inorgânicos são os sais minerais, sendo classificados em macrominerais e
microminerais.
Os macrominerais são aqueles minerais que o organismo necessita em
quantidades maiores. Os microminerais são aqueles que o organismo necessita em
pequenas quantidades.
São macrominerais: Cálcio (Ca), Fósforo(P), Potássio(K), Magnésio(Mg),
Sódio(Na), Cloro(Cl) e Enxofre(S).
São microminerais: Ferro(Fe), Cobre(Cu), Cobalto(Co), Iodo(I), Manganês(Mn),
Zinco(Zn), Selênio(Se), Molibdênio(Mo) e Flúor(F).
Para a nutrição animal, os minerais podem ser essenciais, ou seja, apresentam
função no organismo já conhecida, ou não essenciais, pois ainda não ser conhecidas
nenhuma função biológica de importância a eles atribuída, porém esta categoria pode
ser apenas fruto do nível atual das pesquisas.
Água - Dentre todos os nutrientes, mesmo sendo o nutriente mais barato, a
água pode ser considerada aquela com maior importância para os animais.
A água é um nutriente essencial para todos os seres vivos. Nos animais ela
corresponde a cerca de 50% a 80% do peso vivo. Por ser o constituinte de maior
abundância no organismo, a quantidade e qualidade da água fornecida aos animais é
de fundamental importância para o seu desempenho produtivo. A quantidade diária
exigida de água é influenciada por uma diversidade de fatores, tais como: temperatura
ambiente, peso, idade, fase da vida do animal (prenhez, engorda, crescimento) e o
consumo de matéria seca.
Fornecimentos inadequados de água diminuem o consumo alimentar e
consequentemente, prejudicam a performance do animal. A água deve ser limpa,
inodora, incolor, insípida e abundante. Também deve estar disponível ao animal a todo
momento.

6.3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS PARA A NUTRIÇÃO ANIMAL

Os alimentos são classificados de acordo com o Conselho Nacional de


Pesquisas dos EUA (NRC). Basicamente, estes alimentos são divididos em
volumosos e concentrados.
• ALIMENTOS VOLUMOSOS - Os alimentos volumosos apresentam baixo teor
energético, com altos teores em fibra ou em água. Possuem menos de 60% de
NDT e ou mais de 18% de fibra bruta (FB), podendo ser divididos em secos e
úmidos. Comparados aos concentrados, apresentam baixo custo na
propriedade. Para bovinos de corte, os volumosos mais comuns são as
pastagens naturais ou artificiais (braquiárias e panicuns), capineiras (capim
elefante), silagens (capim, milho, sorgo) e a cana-de-açúcar;
Também podem ser utilizados como volumosos o milheto, os fenos de
gramíneas, a silagem de girassol e as palhadas de culturas, sendo esses alimentos
menos usuais.
• ALIMENTOS CONCENTRADOS - Os alimentos concentrados normalmente
contêm baixo teor de água e de fibra, podendo ter concentrações altas de
energia (concentrados energéticos, como o milho), de proteína (concentrados
proteicos, como o farelo de algodão) ou ambos (caso da semente de soja).
Representam os alimentos com alto teor de energia, mais de 60% de NDT.
Apresentam também menos de 18% de Fibra Bruta (FB). Como o próprio nome
diz, são mais concentrados em nutrientes quando comparados aos volumosos.
Os concentrados podem ser divididos em:
Concentrados energéticos: São alimentos ricos em energia e que contém
menos de 20% de Proteína Bruta, sendo representados pelos grãos de cereais (tendo
o milho como o mais importante) e seus subprodutos, assim como óleos e outras
fontes de gordura.
As principais características dos concentrados energéticos são:
• Possuem baixo teor de fibra;
• A grande maioria possui boa aceitabilidade pelos animais;
• Não há muita variação entre seus valores nutritivos dentro de um determinado
alimento;
• São alimentos ricos em fósforo, porém pobres em cálcio;
• Possuem grande variabilidade na qualidade da proteína, mas esta é
geralmente baixa;
• Quando comparados aos concentrados proteicos são pobres em PB.
Concentrados proteicos: São considerados concentrados proteicos os
alimentos que possuem menos de 18% de fibra e mais de 20% de proteína bruta na
matéria seca. Farelo de soja, farelo de algodão, farelo de girassol, soja grão, farelo de
amendoim e caroço de algodão são alguns dos seus representantes principais.
Devido ao alto teor de proteína, os concentrados proteicos têm valor de compra
mais elevado quando comparados aos concentrados energéticos.

6.3.5 IMPORTÂNCIA DA RAÇÃO BALANCEADA

O avanço das tecnologias ligadas ao melhoramento genético e ao manejo


culminam em aumento da capacidade produtiva dos animais, em razão disso a
simples oferta de forragem não é mais capaz de atender suas necessidades por
completo. Dessa forma, é imprescindível que a ração seja balanceada (minerais,
proteína, vitaminas, etc.) e atenda todas as necessidades de cada categoria animal.
Por definição, uma ração será considerada balanceada quando todos os
nutrientes requeridos estão presentes no alimento ingerido no período de 24 horas,
de forma equilibrada e constante.
Na nutrição animal, o processo de balanceamento da ração é dividido
basicamente em algumas etapas:
1ª etapa: Estimativa das exigências nutricionais dos animais;
2ª etapa: Levantar e quantificar os alimentos disponíveis, seguido do cálculo
dos nutrientes fornecidos pelos alimentos;
3ª etapa: Relacionar a composição química e o valor energético dos alimentos
a serem utilizados, considerando-se os nutrientes de interesse;
4ª etapa: Proceder com o balanceamento da ração para a proteína bruta e
energia;
5ª etapa: Depois de concluído o cálculo da ração, verificar se todas as
exigências foram atendidas.
Vale lembrar, que na formulação das rações é aconselhável sempre ter o auxilio
de um zootecnista, agrônomo ou médico veterinário especialistas em nutrição animal.
Um alimento barato, mas com baixa quantidade de matéria seca, não será barato.
Quanto melhor a forragem, menor a necessidade de usar concentrados. Para isso,
deve apresentar baixo FDN e boa palatabilidade.
Dessa forma, o arraçoamento pode ser diferenciado, por mérito. Vale lembrar
que normalmente, a ração balanceada é preparada para um grupo de animais com
necessidades semelhantes.
A fisiologia do organismo dos animais muito se assemelha com a do organismo
humano. Assim como nós, os animais possuem necessidades específicas
nutricionais, a depender de diversos fatores, como idade, condições fisiopatológicas
e estilo de vida. Antigamente, a nutrição animal era baseada em teores máximos e
mínimos de componentes e nutrientes necessários para a sobrevivência do animal.
Hoje em dia, sabe-se cada vez mais que, assim como na medicina humana, é
necessária uma abordagem que leve em conta outros aspectos e entenda que o papel
da nutrição vai muito além da sobrevivência e está intrinsecamente ligado à promoção
da saúde, longevidade e bem-estar dos nossos animais. É importante ressaltar que
os organismos de seres humanos e animais são formados de nutrientes, os quais são
mais de 400 que interagem promovendo a vida.
A boa nutrição animal depende da eficiência com que os nutrientes da dieta
cheguem a todas as células do corpo animal em taxas suficientes para garantir o
máximo desempenho. O melhoramento tem alterado anualmente a genética dos
animais e novos padrões nutricionais são estabelecidos. Por exemplo, o suíno tipo
banha de meados do século passado exigia menos aminoácidos do que as linhagens
modernas, que possuem alta proporção de tecidos magros na carcaça. Tendência
semelhante também ocorre no melhoramento genético de frangos, perus e galinhas.
Um foco importante da nutrição é a qualidade dos ingredientes das dietas. Um
farelo de soja mal processado e um milho contendo microtoxinas comprometem o
ganho de peso, a conversão alimentar e a viabilidade do plantel de frangos e suínos,
logo, o crescimento de leitões, pintos e pintainhas é muito afetado. Dietas peletizadas,
expandidas e extrusadas alteram fisicamente o alimento e a estrutura dos
macronutrientes dos grãos e aumentam a digestibilidade, o comportamento alimentar
e a eficiência de aproveitamento dos nutrientes pelos animais.

6.4 METODOLOGIA

Na data de 15 de Abril de 2023, a turma do curso técnico em agropecuária do


IFNMG polo UAB – Carlos Chagas, esteve em visita técnica na Fábrica de rações
SOPEC, localizada na zona rural do município de Carlos Chagas, região nordeste do
estado de Minas Gerais com o intuito de conhecer os processos de fabricação de
alguns tipos de ração.
Na ocasião fomos recebidos pelo gerente de produção Luiz Júnior, onde o
mesmo conduziu os alunos pelas diversas unidades da indústria, explicando cada um
dos processos da linha de produção, bem como alguns aspectos inerentes à nutrição
animal, em particular dos bovinos.

6.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fundada em 1968, com mais de 50 anos de mercado, com sede em Carlos


Chagas - Minas Gerais, a Sopec destaca-se no segmento de Nutrição Animal com
expertise na produção de minerais e rações.
Atendendo à expectativa de seus clientes e do mercado, de estar sempre
buscando a inovação tecnológica, a empresa desenvolveu um amplo portfólio de
produtos com mais de 80 formulações para bovinos de corte e leite, equídeos, ovinos,
suínos e aves; dentre eles, suplementos minerais de pronto uso, núcleos minerais,
concentrados proteicos, premix de confinamento e rações, que buscam atender o alto
desempenho dos animais e levar ao progresso de seus produtores que visam uma
pecuária moderna, de ciclo curto, com rentabilidade e sustentabilidade.
O processo de fabricação de rações da fábrica consiste em receber e analisar
as diversas matérias primas como o milho, soja, sorgo, sal, etc., que são transportados
da moega para os silos através de esteiras, e nestes são armazenadas.
A indústria possui 7 Silos de estoque de matérias primas, com capacidades que
variam de 70 a 250 toneladas. Destes silos a matéria prima é transportada para a
fábrica por uma segunda esteira e na fábrica são transformados em diversos tipos de
ração, proteinados e núcleo. Hoje a SOPEC tem a capacidade de produção de 1600
sacos de proteinado e núcleo e 1000 sacos de ração.
Na oportunidade foi apresentada à turma os diversos setores da indústria,
desde o laboratório, galpão de estoque, fábrica, setor de embalagem e de embarque
, conforme se pode observar nas figuras 34 a 40.

Figura 32: Logomarca da SOPEC

Figura 33: Portfolio da Sopec


Figura 34: Silos de armazenamento de matérias primas

Figura 35: Moega - Local de recebimento das matérias primas


Figura 36: Amostras de matérias primas a serem analisadas no laboratório

Figura 37: Galpão de Estoque

Figura 38: Vista parcial da fábrica


Figura 39: Setor de ensaque/embalagem

Figura 40: Setor de embarque

6.6 CONCLUSÕES

A nutrição animal é uma área da Zootecnia de grande importância para


economia nacional e desenvolvimento do agronegócio.
A nutrição e a produção animal uma vez compreendidas, permitem a obtenção
das melhores respostas em termos de aumentar lucros, reduzir impactos ambientais
e expressar o máximo potencial genético do animal.
Nesse sentido, o constante aprimoramento dos métodos de manejo dos
animais e das pastagens, assim como, as novas descobertas nestes segmentos são
extremamente importantes. Além disso, é fundamental conhecer profundamente as
exigências dos animais, e lançar mão de estratégias que vise melhorar o
aproveitamento dos nutrientes contidos nos ingredientes, bem como da adoção de
equipamentos e/ou manejos que visem maximizar o consumo de ração. Uma vez que,
o custo com alimentação é elevado, podendo representar de 70 a 80% do custo total
de produção.

REFERÊNCIAS

https://multitecnica.com.br/nutricao-animal-guia-completo/

https://www.cfmv.gov.br/medico-veterinario-e-zootecnista-abordam-importancia-da-nutricao-dos-
animais/comunicacao/noticias/2021/03/31/

Sopec Nutrição Animal -


7 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 07- Zootecnia Geral

7.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Local: Fazenda Ibitiraia


Data: 29/04/2023
Horário: 07:00 às 11:00
Tema: Bovinocultura de Leite - Qualidade do leite

7.2 INTRODUÇÃO

A domesticação e criação do gado leiteiro começaram há aproximadamente


5.000 anos atrás, e tinha como base o uso do animal também para carga, não sendo
somente para a produção leiteira. O leite é considerado um dos produtos mais
importantes da agropecuária brasileira, pois a partir desta matéria prima obtemos
inúmeros derivados que por ventura obtêm preços variados.
O Brasil é um dos maiores produtores de leite do mundo e a tendência é crescer
cada vez mais. Sendo essa, uma das principais atividades do agronegócio nacional e
uma área muito importante na geração de emprego e de capital para o país.
Além da produção, outro fator muito importante para a atividade leiteira é a
qualidade do leite. E isso é bem evidenciado com alguns programas de remuneração
realizados entre a indústria de beneficiamento do leite e os produtores. Conforme o
leite tenha os níveis desejáveis de qualidade pela indústria, o produtor é mais bem
remunerado pelo seu produto.
O governo também reconhece a importância da qualidade do leite. O Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou em 2002, a Instrução
Normativa 51, onde foi estipulado padrões para a qualidade do leite produzido no
Brasil, definindo como deve ser de maneira higiênica, a obtenção, a produção, o
armazenamento e a comercialização do leite. Segundo o MAPA, para ser considerado
de qualidade, o leite deve apresentar:
• Boa composição química e propriedades físicas;
• Baixas quantidades na Contagem Bacteriana Total (CBT);
• Baixas quantidades na Contagem Células Somáticas (CCS);
• Ausência de agentes patológicos e contaminantes no leite.
Sabendo desses critérios, podemos realizar algumas intervenções no rebanho
que podem favorecer a qualidade do leite antes da sua obtenção.

Figura 41: Produção de leite

7.3 REFERENCIAL TEÓRICO

O leite está presente na mesa da grande maioria dos brasileiros, não apenas
na sua forma original, como também em derivados. Parte importante da dieta humana
e com vasta oferta no mercado, não fica difícil entender por que a bovinocultura de
leite se apresenta como uma boa opção de negócio. De acordo com a Embrapa, o
leite está na alimentação de cerca de 80% da população e contribui com 5% da
energia, 9% da gordura e 10% da proteína ingerida em todo o mundo. Só no último
trimestre de 2021 foram adquiridos quase 6,2 milhões de litros de leite cru no Brasil.
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná estão entre os estados que mais
compraram o produto nesse período.
Além disso, a atividade também gera milhares de empregos e oportunidades
de renda, movimentando toda a economia nacional e dando oportunidade até mesmo
para os pequenos produtores. Apesar disso, o mercado de lácteos no Brasil é bastante
instável, oscilando entre o excesso e a falta de oferta em diferentes períodos. Isso
sensibiliza o poder de atuação das fazendas de bovinocultura de leite, tornando tanto
o produtor quanto as indústrias mais suscetíveis a prejuízos.
O estado que mais produz leite é Minas Gerais, participando com 28% do
volume produzido no Brasil que em 2007 atingiu 26,13 bilhões de litros. O Paraná se
consolidou como o segundo maior produtor de leite entre os estados do Brasil,
perdendo apenas para Minas Gerais. O Paraná produz cerca de 5 bilhões de litros de
leite por ano. Na produção de gado como matéria-prima do leite é predominante a
raça holandesa nas cores preta e branca.
A pecuária de leite no Brasil ainda exibe índices de produtividade muito
precários, até mesmo nas bacias mais importantes. Apesar de possuir o maior
rebanho bovino comercial do mundo, o País produz somente cerca de 12% do
leite/animal/ano, com uma produtividade em torno de 3,0 litros/vaca/dia.
Apesar dos esforços para melhorar a qualidade genética do rebanho e a
capacidade de produção, os pecuaristas não se sentem estimulados a explorar a
pecuária leiteira em termos empresariais, fazendo dela uma importante fonte geradora
de emprego e renda. Assim sendo, predomina o empirismo, aliado ao
desconhecimento e falta de capacitação técnica da mão-de-obra envolvida em todos
os níveis do processo produtivo. A maioria da classe produtora carece de informações
relativas a esquemas de cruzamentos, manejo alimentar e manejo sanitário que
permitam a obtenção e exploração de um rebanho mais especializado na produção
de leite. A falta de especialização e acompanhamento tecnológico à atividade da
pecuária leiteira tem sérios reflexos no custo final de produção da matéria-prima.
A produção de Leite também é responsável por um fator social interessante. Já
que pequenos produtores não abandonaram o campo por causa do leite, que é capaz
de dar um bom retorno financeiro.
Porém, para o sucesso na produção leiteira, é necessário um bom
gerenciamento e investimento. Isso porque o Gado de Leite é mais sensível que o de
corte. Isso acontece por fatores genéticos, logo seu tratamento deve ser mais
específico e cauteloso, e o acompanhamento dos processos reprodutivos devem ser
bem precisos, para não parar a produção.

7.3.1 PRINCIPAIS RAÇAS DE GADO LEITEIRO NO BRASIL

O gado bovino está presente no Brasil desde os primeiros anos que se


seguiram após a chegada dos portugueses. Inclusive há historiadores que apontam a
pecuária bovina como a principal atividade econômica que iria, ao longo do tempo,
desenhar os principais contornos de sua atual extensão territorial.
A criação de gado bovino no Brasil é, de longe, a atividade econômica que
ocupa a maior extensão de terras atualmente. A bovinocultura praticada no Brasil se
destaca no cenário mundial do agronegócio. É uma das mais fortes do mundo. Os
brasileiros são donos do segundo maior rebanho efetivo do mundo, perdendo apenas
para a Índia, também é um grande exportador de carne no cenário mundial.
No Brasil a bovinocultura se desenvolve e proporciona lucratividade em dois
segmentos, são eles: cadeia produtiva da carne e também a cadeia produtiva do
leite.
A produção de leite tem sua devida importância pois trata-se de uma atividade
com impacto destacado na econômica.
O bom resultado alcançado na produção de bovinos está diretamente ligado ao
clima tropical e também à extensão territorial. Outros fatores que influenciam
diretamente na produção quantitativa e qualitativa são a tecnologia, capacitação
profissional, desenvolvimento de políticas públicas que influenciam todo o processo,
controle da sanidade animal e segurança alimentar.
Há várias opções de raças e cruzamentos para produção de leite, no Brasil as
principais são:
1. Raça Holandesa - é a raça europeia mais disseminada no mundo e com
maior potencial para a produção de leite. Possui a pelagem branca e preta ou branca
e vermelha, são exigentes quanto ao clima, conforto e manejo. É uma matriz muito
utilizada em cruzamentos devido ao seu potencial. As novilhas podem ter a primeira
cria aos 2 anos de idade. A produção média de leite é de 6 a 10 mil kg em 305 dias
de lactação.
2. Raça Jersey - é uma raça europeia mais rústica, ou seja, que se adapta
mais fácil com uma boa produção de leite, alta fertilidade e grande longevidade, eleita
a segunda melhor raça leiteira. É uma raça de pequeno porte com pelagem parda com
variação de pardo escuro ao amarelo claro. O leite apresenta elevados teores de
proteína e gordura. Devido a precocidade sexual a primeira parição pode ser de 15
aos 18 meses de idade. A produção média de leite é de 3.500 a 5.500 mil em 305 dias
de lactação.
3. Raça Pardo Suíço - é uma das raças europeias mais antigas do mundo.
Podem ser utilizadas para produção de carne, porém a raça é predominantemente
usada na produção leiteira. Possui uma pelagem parda clara a cinzenta escura, são
animais rústicos e com alta fertilidade e longevidade. A idade das novilhas ao primeiro
parto é de 30 meses. A produção média de leite é de aproximadamente 2.500 kg em
200 dias de lactação.
4. Raças Zebu Leiteiras - As raças indianas conhecidas como zebuínas
se diferenciam das raças europeias por serem animais que se adaptam mais rápido,
com grande resistência ao calor excessivo e à alta umidade do ar. O Gado zebu
usufrui com eficiência alimentos com baixa qualidade nutricional. As três raças
zebuínas mais comuns são:
a) Gir - é a raça indiana mais utilizada em cruzamentos. Possui grande
porte com a pelagem variada. Apresenta longevidade produtiva e reprodutiva além de
ter temperamento dócil. A idade do primeiro parto é de aproximadamente 43 meses.
Já a produção média de leite é de mais ou menos 777 kg em 286 dias.
b) Guzerá - considerada a primeira raça zebuína utilizada pelo homem, ela
possui fácil adaptação e pode ser utilizada para a produção de leite e carne, ou seja,
dupla aptidão. Uma característica importante é a fertilidade da raça, já que se bem
manejada pode fazer um bezerro a cada 13 meses. E a produção média de leite
durante o período de lactação de 270 dias é de 2.071 kg. Além da % de gordura do
leite e sua rusticidade, a raça aceita erros de manejos principalmente para os que
iniciam na atividade sem conhecimento do manejo correto.
c) Sindi - adequados para regiões mais secas e de poucos recursos
alimentares, como no nordeste brasileiro. Assim como Guzerá também pode ser
utilizada na produção de leite e carne. A raça possui um porte pequeno e a pelagem
vermelha, variando do mais escuro ao amarelo alaranjado com pintas brancas com a
produção média de leite de 2.266 kg em 250 dias.
d) Girolando - é derivado do cruzamento da raça zebuína Gir com a raça
europeia holandesa. A mistura agregou a rusticidade da raça Gir com a alta produção
da raça holandesa, além da precocidade sexual, longevidade e fertilidade. Um dos
benefícios das raças mestiças é a questão do preço comparado às raças puras, no
caso do Girolando o valor é menor e a média de produção de leite é ótima,
aproximadamente 5.061 kg em 283 dias.
7.3.2 QUALIDADE DO LEITE

Um dos requisitos mais importantes para que o leite seja considerado como de
boa qualidade, é o produto ser livre de qualquer tipo de agente que traga algum tipo
de risco para a saúde do consumidor. Pela quantidade de nutrientes encontrados no
leite, ele se torna um meio de cultura bom para o crescimento de microrganismos, por
isso o controle sanitário e boa higiene devem ser sempre visados na produção.
A qualidade do leite é medida pela sua composição físico-química e
microbiológica, que são avaliadas de acordo com os padrões estabelecidos pelos
órgãos regulatórios e pelas indústrias de laticínios. Os principais parâmetros avaliados
são:
• Teor de gordura: valor mínimo de 3% para leite integral e máximo de 0,5% para
leite desnatado;
• Teor de proteína: valor mínimo de 2,9%;
• Teor de lactose: valor mínimo de 4,5%;
• Contagem de Células Somáticas (CCS): valor máximo de 400.000 células/mL;
• Contagem Bacteriana Total (CBT): valor máximo de 100.000 UFC/mL;
• Presença de antibióticos e resíduos químicos: devem estar ausentes.
Esses parâmetros influenciam na qualidade sensorial e nutricional do leite,
além de impactar na sua vida útil e segurança alimentar.
A qualidade do leite também pode ser afetada pelo manejo, alimentação e
saúde dos animais produtores, além das condições de higiene e conservação na
fazenda e na indústria.
Para o produtor, existem 2 eixos que balizam a cadeia produtiva: a qualidade
nutricional e a inocuidade do leite. O produto precisa ser o mais rico possível em
proteína, gordura e lactose, mas livre de bactérias e outros fatores que indiquem
insalubridade e afetem o sabor do leite — como contagem de células somáticas.
Frente a essas conjunturas, o produtor precisa estar dentro das normas de
seguridade alimentar, além de agradar o gosto do consumidor. Para tanto, alguns
fatores devem ser observados, tais como a nutrição, conforto térmico, higiene e
sanidade.
Nutrição - A nutrição das vacas leiteiras é extremamente importante para sua
produção. A qualidade da dieta oferecida tem grande relevância para a constituição
do leite, uma vez que maximiza o potencial genético dos animais.
Além disso, para produzir um leite com os padrões nutricionais recomendados
(que será consumido, por exemplo, por crianças, idosos e mulheres na menopausa
como fonte de cálcio), a vaca precisa de uma dieta equilibrada em minerais, vitaminas,
proteínas e energia. É importante, portanto, contar com uma assistência técnica na
formulação de dietas e no acompanhamento dos resultados do rebanho. Assim, caso
haja qualquer intercorrência, ela pode ser corrigida o mais rapidamente possível para
não comprometer a qualidade do leite.
Promover o conforto animal - É essencial que as práticas de bem-estar
animal sejam cumpridas, visto que o estado em que as vacas se encontram influencia
diretamente a produção do leite. Se elas não estiverem dentro de sua zona de
conforto, toda a produção poderá ser prejudicada. Nesse sentido, é fundamental
investir, por exemplo, em equipamentos que evitem o estresse térmico, já que os
bovinos são sensíveis a variações de temperatura. Como consequência, uma cascata
de alterações hormonais afeta o leite.
Manter o status sanitário da fazenda - Essa prática faz parte da promoção
de bem-estar, uma vez que vacas saudáveis produzem melhor. As questões sanitárias
são extremamente importantes na pecuária leiteira, principalmente na cama das vacas
(onde descansam) e na sala de ordenha. Esses locais devem ser rigorosamente
higienizados, pois há o contato direto com o úbere do animal. Lembre-se: qualquer
insalubridade aumenta o risco de contaminações.
Investir na capacitação da equipe - Por último, mas não menos importante,
está a capacitação da equipe de trabalho. Investir no treinamento dos funcionários é
crucial para que todas essas práticas sejam executadas adequadamente.
A produtividade e a rentabilidade de um negócio estão atreladas a uma boa
gestão. Quando se trata de um empreendimento como criação de animais, a gestão
deve se preocupar também com as boas práticas de manejo.
Fazer o planejamento das metas e tomar os devidos cuidados durante toda a
cadeia produtiva garante a seguridade e eleva a qualidade do leite, fazendo com que
o pecuarista consiga entregar um produto ao gosto do freguês.
Um dos fatores mais importantes na qualidade do leite é a sua composição.
Para ter bons padrões de qualidade, foi criado em 2011 a Instrução Normativa 62,
onde é definido que o leite cru deve apresentar no mínimo:
• 3% de gordura;
• 2,9% de proteína e;
• 8,4% de sólidos totais.

Teor de gordura - Um dos principais componentes do leite é a gordura. E esse


componente, pode ser muito influenciado pela nutrição recebida pelo animal. Quando
é fornecido ao animal, uma dieta com alimentos volumosos, ricos em carboidratos
estruturais (celulose e hemicelulose), tem-se um favorecimento na produção de ácido
acético e butírico, pela fermentação ruminal.
Com o aumento das concentrações molares desses ácidos graxos voláteis no
rúmen, obtém-se o aumento do teor de gordura no leite, pois desses produtos da
fermentação das fibras (ácido acético e butírico) é que são formadas no úbere 50%
da gordura do leite.
Mas se a dieta fornecida tiver uma quantidade maior de concentrado, alterando
o tipo de fermentação e levando a produção de ácido propiônico, o teor da gordura no
leite poderá ser menor.
O uso de gorduras protegidas na dieta dos animais pode levar a um aumento
singelo no percentual de gordura. Mas quando se tem o uso de gorduras insaturadas
ou em maiores medidas na dieta, tem-se uma queda grande no teor de gordura.
Pode ocorrer também, a redução no teor de gordura quando tem o uso de
lipídeos, pois dependendo da quantidade pode alterar a fermentação da celulose e
hemicelulose dos alimentos fazendo com que ocorra uma queda na quantidade de
gordura no leite. Com isso, a nutrição animal, é um processo importante na obtenção
de um leite com bons níveis de gordura.
Fornecer uma dieta que tenha uma proporção adequada de concentrado e
volumoso, não ultrapassando a proporção de 50% de cada tipo de alimento, que
contenha boa qualidade e qualidade de fibras e de ácidos graxos, é importante para
que a vaca consiga realizar uma fermentação adequada, para que ocorra uma boa
produção de ácido acético e butírico, levando a melhora na quantidade de gordura do
leite, por meio de processos fisiológicos do animal.
Outra maneira de ter bons níveis de gordura no leite, é o fornecimento de
alimentos com mais frequência. Com isso, o pH ruminal é mantido com menos
variações e há uma manutenção dos micro-organismos produtores de ácido acético
no rúmen.

Proteína - Outro componente importante do leite é a proteína, mas esse


componente não é muito alterado pela dieta como a gordura, sendo estimado que
para cada 1% de proteína acrescentada na dieta, seja aumentado cerca de 0,02% de
proteína no leite. Esse aumento de proteína dietético pode aumentar o nível de
nitrogênio não proteico do leite, podendo ser mensurado pela quantidade de ureia no
leite.
As proteínas do leite são produzidas nas células alveolares, tendo como
precursor alguns aminoácidos advindos do sangue. O teor baixo de proteínas no leite
pode ser causado pela baixa produção de proteína microbiana pelo animal, ou a baixa
absorção de proteína pelo intestino do animal.

Lactose - A lactose está ligada com o controle do volume de leite e por estar
ligada ao sistema endócrino do animal o seu teor vai ter pouca variação.
Essa lactose é mais influenciada pela produção de glicose no fígado, após a
absorção de ácido propiônico pelo rúmen (sendo esse mais produzido em dietas com
maiores proporções de alimento concentrado) e da transformação de certos
aminoácidos.

Contagem de células somáticas (CCS) - Um grande problema envolvido na


qualidade do leite é a Contagem de Células Somáticas (CCS). Altos níveis de CCS
são indicadores de mastite no rebanho. Essa doença acontece por 137 diferentes
agentes etiológicos, entre esses destacam-se o vírus, algas, fungos e principalmente
bactérias.
A mastite é a principal afecção dos animais na produção leiteira, e essa doença
altera os padrões físicos, químicos e microbiológicos do leite e da saúde da glândula
mamária. As principais alterações são o sabor salgado do leite e redução do teor de
proteína e gordura do leite.
Alguns outros fatores além da mastite podem interferir na CCS, como:
• Época do ano;
• Raça;
• Estágio de lactação;
• Produção do leite;
• Número de lactações;
• Problemas de manejo;
• Problemas nutricionais
• Clima;
• Doenças recorrentes.
Existem algumas medidas simples que podem fazer com que ocorra redução
na CCS, melhorando a qualidade do leite como:
• Realizar sempre a higiene e desinfecção de todos os equipamentos e das mãos
do ordenhador. Essa é uma medida que auxilia também na redução de infecção
de vacas saudáveis pelos agentes da mastite, o que reduz o número de CCS
da propriedade. A higiene adequada das teteiras entre uma ordenha e outra
em propriedades que possuem grandes incidências de mastites subclínicas,
gerou redução dessa doença de 96% para 47%;
• Realizar com os primeiros jatos de leite o teste da caneca de fundo escuro, que
serve para observação de grumos, sangue ou qualquer outra secreção. Nas
vacas onde tem essas alterações encontradas, deve-se fazer a ordenha das
mesmas por último, evitando a disseminação de mastite pelo rebanho;
• Realizar a limpeza e secagem dos tetos, realização do pré-dipping e do pós-
dipping;
• Realizar o tratamento de todos os tetos das vacas secas, visando acabar com
a mastite subclínica;
• Evitar qualquer tipo de lesão nos tetos;
• Fornecer alimento para os animais após a ordenha, para que os mesmos
fiquem de pé até o fechamento do esfíncter do teto;
• Descartar do rebanho animais que apresentem a mastite de forma crônica.

Contagem bacteriana total (CBT) - Outro indicador de qualidade do leite é a


Contagem Bacteriana Total (CBT), que indica as condições de higiene na obtenção e
conservação do leite.
A multiplicação de bactérias faz com que ocorram alterações nos componentes
e reduz a qualidade do leite, e por isso tenta-se reduzir a CBT. A mastite raramente
provocará uma alta CBT, exceto em casos de grandes infecções por Streptococcus
agalactiae, ou em surtos de Streptococcus uberis, ou Escherichia coli.
Uma das causas mais comuns de alta CBT é a contaminação pelos tetos sujos.
É importante que os tetos sejam preparados para ordenha, para evitar esse tipo de
contaminação. Em casos onde a sala de ordenha é contaminada há um aumento
significativo na CBT.
Alguns estudos mostraram que 10% dos microrganismos presentes no leite,
advinham dos equipamentos. Entre uma ordenha e outra, deve ser realizada a limpeza
e desinfecção de todo equipamento de ordenha. Uma deficiente limpeza nesse
sistema de ordenha pode fazer com que se acumulem resíduos de leite, o que
favorece o crescimento de microrganismos que são fontes de contaminação do leite.
A realização de limpezas e de desinfecções da ordenha pode reduzir em 90%
o número de bactérias no leite. Todas essas práticas devem ser rotineiras dentro das
propriedades, para que esse procedimento de redução na CBT ocorra de maneira
satisfatória.
A limpeza e a higienização devem ser feitas após a última vaca ser ordenhada.
A limpeza dos equipamentos por circulação deve ser realizada em 4 etapas:
• Enxágue inicial com água morna de 35ºC a 45ºC por 5 minutos sem recircular.
O pré enxágue retira restos de leite que ficam na tubulação;
• Limpeza Alcalino-Clorada com água a 65ºC-70ºC reciclando por 10 minutos,
com variação na pressão de vácuo, para que o fluxo seja turbulento capaz de
dissolver a gordura acumulada;
• Após a drenagem da solução de detergente alcalino, fazer o pós-enxague
intermediário com água em temperatura ambiente por 5 minutos;
• Limpeza ácida com água a temperatura ambiente por 10 minutos.
Para a limpeza dos equipamentos de ordenha deve-se usar água tratada. O
uso de água sem tratamento em contato com o leite, ou equipamentos de ordenha,
pode acarretar no aumento expressivo da CBT.
Outro fator importante nos índices de CBT é o armazenamento e o transporte
do leite. A refrigeração do leite deve ser realizada em tanques específicos que atinjam
temperaturas de 4ºC, no máximo 3 horas após a ordenha. Caso isso não seja obtido,
haverá uma grande multiplicação dos microrganismos, gerando a contaminação do
leite, prejudicando assim, a sua qualidade.
A refrigeração do leite tem como objetivo reduzir o crescimento das bactérias
mesófilas, que se multiplicam de forma favorável entre temperaturas de 20 a 40ºC.
Algumas medidas podem ser realizadas pelo produtor, para que o leite não seja
contaminado e a CBT esteja sempre em níveis aceitáveis, como:
• Utilização de água tratada para qualquer procedimento, para a limpeza e
higienização do complexo de equipamentos de ordenha;
• A higiene pessoal do ordenhador deve sempre realizada;
• Realização de pré-dipping e pós-dipping;
• Manter a sala de ordenha sempre limpa;
• Ter sempre todos os equipamentos de ordenha em boas condições de
funcionamento;
• Realizar a cada ordenha a limpeza e higienização de todos os equipamentos e
utensílios;
• Realizar a limpeza dos tanques sempre que o leite for recolhido pelo
transportador.

Figura 42: Desinfecção das tetas com Iodo

7.3.3 CONTROLE SANITÁRIO DO REBANHO LEITEIRO

O controle sanitário dentro do rebanho leiteiro se dá por meio de medidas


preventivas, contra qualquer doença que pode acometer os animais, garantindo
assim, que o produto consumido pelos clientes seja próprio para o consumo e não
trazendo danos à saúde dos mesmos.
Duas doenças de grande importância e que podem ser transmitidas ao homem,
pelo consumo de leite contaminado são a brucelose e tuberculose.
Foi criada pelo MAPA a Instrução Normativa 62 em 2001, que define rigorosas
formas de controle e de medidas profiláticas e sanitárias, que devem ser realizadas
pelas propriedades, visando à erradicação dessas patologias nos rebanhos e mantém
a integridade da saúde pública frente a essas zoonoses e também para gerar
competitividade da pecuária nacional no mercado mundial.
A IN-62, definiu um programa de vacinação obrigatório contra a brucelose
bovina, credenciando as propriedades livres e que mantinham controles rigorosos
contra essa doença.
Sabendo dos impactos dessas doenças para a saúde pública e por se tratar de
zoonoses, o controle sanitário de manejo e preventivo da saúde dos animais, como a
vacinação, é de extrema importância dentro das propriedades que visam a produção
de um leite de qualidade.
Dentro das propriedades, é comum o uso de várias substâncias visando
tratamentos contra alguma doença ou agentes que prejudiquem a saúde animal. Mas
um fator que deve ser levado em conta com o uso dessas substâncias, é que após
sua utilização, pode ser encontrado resíduos desse produto no leite, que podem
prejudicar a saúde do consumidor, levando a formação de alergias, criação de
resistência microbiana aos antimicrobianos e até prejuízos tecnológicos para a
indústria de laticínios.
Com isso, deve-se respeitar, após o uso de tais substâncias, o período de
carência de cada produto utilizado nos animais. Muitos fatores como: a formulação do
produto utilizado, via de administração, dosagem e o protocolo utilizado, podem
influenciar nesse período de carência. Para evitar a presença de resíduos no leite,
podem-se adotar algumas medidas como:
• Conhecer bem qual a substância será utilizada previamente;
• Usar somente substâncias específica para animais;
• Armazenar de forma correta esses produtos e utilizá-los corretamente
conforme a categoria de animal que está em tratamento. Pois, produtos
utilizados para vacas secas possuem um tempo de carência maior que para as
vacas lactantes;
• Não realizar superdosagem desses produtos nos animais;
• As vacas em tratamento devem ser ordenhadas por último, e seu leite deve ser
descartado se esse animal está dentro do período de carência.
• Observação e conhecimento do período de carência de todas as substâncias
utilizadas.
Figura 43: Controle sanitário do rebanho

7.3.4 CONFORTO TÉRMICO

Outro fator que está sendo associado a prejuízos na qualidade do leite, é o


desconforto térmico para os animais. A composição do leite pode ser alterada se os
animais estiverem em situação de estresse térmico, alterando o teor de gordura,
proteína e cálcio no leite. Os valores de sólidos totais do leite, também podem ter seus
números diminuídos em épocas mais quentes do ano.
O estresse calórico pode aumentar a suscetibilidade dos animais a infecções e
também as altas temperaturas podem estar associadas a um número maior de
agentes infecciosos encontrados no ambiente. A taxa de infecções por agente
ambientais foi coincidente com o número maior de coliformes fecais encontrados na
cama dos animais, nas épocas mais quentes do ano, como o verão.
Nessas épocas quentes do ano, também foi observado que o percentual de
novas infecções de mastites era mais elevado, o que pode ser explicado pelo maior
número de agentes patogênicos no ambiente e superfície dos tetos, ou diminuição da
resistência imunológica do animal. E qualquer tipo de infecção da glândula mamária
leva a um aumento no CCS, sendo isso prejudicial para a qualidade do leite.
Animais que receberam uma melhor climatização na sala de espera por meio
de ventilação, apresentaram melhor teor de gordura e também tiveram um número
maior de hormônios, como o cortisol e T3 e T4 no organismo.
Com isso, o manejo correto, assim como o bem-estar animal, são importantes
para a obtenção de um leite de qualidade, tanto na sua composição, como também
na saúde da glândula mamária, o que reduz o número de mastite no rebanho e,
consequentemente, a quantidade de CCS do leite.
Figura 44: Galpão adaptado para oferecer conforto térmico ao rebanho

7.4 METODOLOGIA

Na data de 29 de Abril de 2023 foi realizada uma visita técnica na fazenda


Ibitiraia, no município de Carlos Chagas, região nordeste do estado de Minas Gerais
onde na ocasião a turma do curso técnico em Agropecuária foi recepcionada pelo
proprietário, Tarcísio de Oliveira Batista, um profundo conhecedor da bovinocultura de
corte e leite e também de equinocultura.
No transcorrer da visita o proprietário apresentou de forma bastante lúdica, seu
modelo de criação de bovinos de leite em sistema de semi-confinamento e a ordenha
mecanizada, conforme figuras 45 e 46.
Figura 45: Gado semi confinado

Figura 46: Ordenha mecanizada

7.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com mais de 31 anos de experiência no setor de bovinocultura de leite, a


fazenda Ibitiraia é uma referência na região de Carlos Chagas no que diz respeito a
qualidade na produção de leite.
A propriedade está na família a 3 gerações e os conhecimentos referentes aos
diversos empreendimentos da propriedade, desde a bovinocultura de corte e leite e
equinocultura, vem sendo passados de geração em geração. Nota-se uma profunda
preocupação com a qualidade da produção em geral, de modo que agregue valor aos
seus produtos e que satisfaça ao mercado consumidor e para isso o proprietário
investe em tecnologias para melhoramento genético e nutricional do rebanho, além
de garantir conforto e condições sanitárias adequadas aos animais e
consequentemente, a melhora na qualidade do leite produzido e também no valor
agregado.
7.6 CONCLUSÕES

Hoje em dia, a cadeia produtiva do leite apresenta grande importância


econômica no cenário do agronegócio nacional. O Brasil ocupa a terceira colocação
no cenário mundial quando o quesito é produção de leite. Esse sucesso não vem
acontecendo por acaso. Já que esse ramo nacional está investindo cada vez mais,
seja em Genética Bovina quanto na qualidade da alimentação do gado.
O leite apresenta características nutricionais que o tornam um alimento
essencial e bastante consumido, tanto na forma in natura como na forma de
subprodutos (queijo, iogurte, doces, etc.) advindos do seu processamento.
A segurança alimentar na cadeia produtiva do leite depende do controle de
qualidade realizado desde a produção primaria até a mesa do consumidor. O controle
de qualidade do leite deve contribuir para a redução dos custos, a racionalização dos
investimentos e o aumento da rentabilidade do negócio leiteiro. Além de garantir a
segurança alimentar da população, quando realizada de forma integrada a um
programa de melhoria da qualidade do leite, traz retornos financeiros a toda cadeia
produtiva. A opção pela qualidade do leite é hoje a opção pela sobrevivência da
atividade.
Em resumo, as questões de manejo, bem-estar animal, instalações e
alimentação, são a base para uma boa qualidade do leite. Além disso, uma mão de
obra qualificada é fundamental para melhorar os processos no dia a dia. O
planejamento, a infraestrutura, as estratégias e a própria tecnologia não podem ficar
de fora. O mesmo vale sobre o monitoramento e o controle a respeito das condições
sanitárias e de produtividade do rebanho, mantendo as doenças afastadas.

REFERÊNCIAS

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https://nutricaoesaudeanimal.com.br/qualidade-do-leite/

https://rehagro.com.br/blog/como-melhorar-a-qualidade-do-leite-nas-fazendas/

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ZOCCAL, R. Leite em números. Coronel Pacheco: EMBRAPA-CNPGL, 1994. 131p.


8 ATIVIDADE PRÁTICA Nº. 08 – Zootecnia Geral

8.1 INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Local: Rancho Itaporanga


Data: 06/05/2023
Horário: 07:00 às 11:00
Tema: Equinocultura

8.2 INTRODUÇÃO

Equinocultura é a área da Zootecnia que trata da criação e manejo de equinos,


ou seja, de cavalos, especialmente de raça. Os cavalos normalmente são criados para
serem vendidos e/ou ensinados e em raros casos são usados para a produção de
alimentos, já que a carne de cavalo é pouco consumida no Brasil, o que o
descaracteriza como animal de produção, aproximando-o como animal de companhia.
Esta atividade engloba todos os aspectos envolvidos na criação, desde a
seleção de reprodutores até o cuidado com os animais e seu uso em diversas
atividades, como esportes equestres, trabalho rural, lazer e terapia. A equinocultura
também pode incluir a produção e comercialização de produtos relacionados aos
equinos, como alimentos, suplementos, medicamentos e acessórios.
Muito semelhante à equinocultura, a equideocultura é uma atividade que
abrange a criação de asnos, burros, jumentos, bardoto e a mula.
De qualquer forma, a equinocultura no Brasil é altamente popular e rentável
nos dias de hoje. Prova disso é que a Federação Internacional da Agricultura atestou
que o Brasil possui a quarta maior tropa de cavalos do mundo inteiro. Mesmo que,
para os pessimistas, não pareça uma posição tão satisfatória no ranking, é importante
frisar que se trata de um ranking a nível mundial.
Segundo a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga
Marchador (ABCCMM), o setor fatura aproximadamente 16 bilhões de reais por ano.
E mais! Empregou mais de 3 milhões de pessoas e o mercado cresceu 12% em 10
anos.
Além disso, para quem possui capital e deseja investir em alguma atividade,
iniciar uma fazenda de cavalos para dar o pontapé inicial na equinocultura pode ser
altamente rentável e gratificante. Gratificante não somente no sentido financeiro e
físico, mas emocional e psicológico também. Afinal, os cavalos são animais
extremamente bondosos e fiéis quando são bem tratados. Logo, fazem amizade com
grande facilidade com o seu criador.
Para entender mais sobre o que é equinocultura, é preciso entender que isso
vai muito além do uso do cavalo ou da comercialização do mesmo, mas sim do bem-
estar físico e psicológico, afeto e paciência para com o animal. Logo, a equinocultura
não está ligada somente ao dinheiro, mas sim à prática de cuidar e dar amor aos
equinos de uma forma racional, cuidadosa e profissional.

Figura 47: Bidu Bryan 3M – Rancho Itaporanga

8.3 REFERENCIAL TEÓRICO

A chegada de cavalos no Brasil só foi registrada em 1549. Naquele ano, Tomé


de Souza (primeiro governador-geral) mandou virem alguns animais, de Cabo Verde
para a Bahia, na caravela Galga. Assim, nos primeiros anos da Colônia, a sua criação
(junto com o gado bovino) foi iniciada formalmente e seria fundamental para a
formação do Brasil.
Com o passar do tempo e a falta de condições de alguns proprietários de
oferecer um ambiente adequado ao comportamento natural do cavalo, foi criada a
cultura de se confinar estes animais em baias. Diante disso uma série de cuidados
deve ser tomada para a construção desta instalação. O cavalo é uma presa e evoluiu
para escapar de situações perigosas e desagradáveis, o que pode causar-lhes
ferimentos, principalmente quando são mantidos em baias pequenas. O criador deve
procurar soltá-lo em algum piquete ou pastagem, pelo menos algumas horas por dia
para que o mesmo venha a expressar seu comportamento natural. Dentro da gama
de problemas que os animais venham a apresentar, pode-se dizer que as instalações
e o manejo são os de maior relevância no bem-estar para os equinos.
Instalações apropriadas proporcionam um melhor estado de saúde para o
animal, previnem acidentes e proporcionam maior tranquilidade, o levando a um
equilíbrio mental que lhe permite aproveitar melhor os nutrientes oferecidos com
menor desgaste energético para mantença.
Hoje o Brasil tem um rebanho equino aproximado de 5,5milhões de cabeças
(IBGE). O mercado do agronegócio movimenta cerca de R$ 16 bilhões, e geram 3,2
milhões de empregos diretos e indiretos. Mas a grande mudança veio dos centros
urbanos. O forte crescimento de empreendimentos residenciais com hípicas ou
facilidades próximas para prática equestre, trouxe o consumidor urbano para o
agronegócio do cavalo, reforçando o crescimento das atividades de esporte e lazer.
As provas, profissionais e amadoras, cresceram em quantidade e qualidade, com
destaque para as raças que souberam aproveitar o bom momento, criando estruturas
e instalações melhores para recepção de provas e organizaram eventos com
profissionalismo crescente.
Geograficamente, o plantel reduziu sua concentração, embora Minas Gerais
permaneça com destaque. Destaca-se o crescimento da Região Centro-Oeste e a
manutenção do Rio Grande do Sul na participação do plantel nacional, enquanto
outros importantes estados reduziram sua fatia no efetivo nacional.
Mas o grande destaque da equinocultura nesses 25 anos ocorreu no
reconhecimento de sua contribuição ao país e a evolução do profissionalismo.
Apesar das crises, inevitáveis, o quadro atual permite otimismo quanto ao
crescimento da equinocultura, desde que focada e atenta às mudanças e demandas
da sociedade. O desafio atual, com importante reflexo econômico e social, é o foco no
bem-estar animal, que é o que assegurará o crescimento sustentável da equinocultura
para os próximos 25 anos e além.
É comum que no Brasil, como aumentou o número da produção de equinos,
também tem aumentado a procura por tecnologias modernas e econômicas. Mas
lembre-se sempre de que isso exige um grande investimento de tempo e dinheiro. E
independente do uso do cavalo, o bem-estar é uma condição intrínseca do animal,
não apenas diz respeito ao bem-estar físico, mas também inclui o bem-estar
psicológico.
Quando se pensa em equinos, a sua produção está muito envolvida com
eventos, entre eles, competições, circuitos de hipismo, leilões e equoterapia. Ou seja,
existe um mercado diversificado e próspero, se você deseja criar cavalos. Mas cultivar
e manter esses lindos animais requer motivação, tempo e bom planejamento. Para
criar um negócio nessa área, é preciso primeiro avaliar em detalhes todas as
vantagens e desvantagens.

Figura 48: Proprietários do Rancho Itaporanga recepcionando a turma

8.3.1 FATORES A CONSIDERAR NA CRIAÇÃO DE CAVALOS

Existe um mercado muito diversificado, possuindo cavalos para todos os tipos


de gosto. Porém, é preciso sempre avaliar alguns detalhes antes de dar início a esse
negócio. Afinal, cultivar, manter e cuidar com afeto desses animais é uma prática
extremamente maravilhosa, mas que requer motivação, paciência, planejamento, e
tempo disponível.
A criação de cavalos requer um grande investimento inicial e algum
conhecimento administrativo. Além disso, para colher os benefícios do seu trabalho,
você terá que dedicar paixão, recursos e tempo em quantidades consideráveis. O
cuidado do cavalo requer espaço adequado, equipamentos, mão de obra, adequada
nutrição, visitas médicas. É interessante também possuir um espaço adequado. O
cavalo precisa de espaço livre para correr. Você terá que separar as áreas dedicadas
aos garanhões e às éguas.
É interessante que se tenha um estábulo, que deve ser um local grande,
bastante alto, bem iluminado e com suprimento de água suficiente. Você também
precisará pensar em um local fértil para poder plantar o feno para complementar a
alimentação equilibrada.
Também será importante ter cuidado para que não cresça nenhuma espécie
tóxica de grama que possa causar problemas de saúde aos seus cavalos. Crie uma
zona para reprodução.
É correto colocar cercas de qualidade e adequadas, para que os cavalos não
escapem, mas sem o perigo de ferimentos, nunca usar arame farpado ou malha de
arame.

8.3.1.1 CICLO REPRODUTIVO

Equinos são poliéstricos estacionais, ou seja, eles estão aptos para a


reprodução em períodos de dias longos, sua gestação dura em torno de 330 a 340
dias em média, no qual possui o ciclo estral com 21 dias, sendo em princípio 14 dias
correspondendo a fase luteínica (diestro) e 7 dias a fase folicular (estro), além disso,
o anestro é decorrente de um período de 30 dias podendo apresentar
desenvolvimento do folículo no período do cio do potro, porém sem ovulação. Isso
ocorre devido à época em que elas parem. Deste modo, quando os potros nascem no
inverno/outono (dias curtos) há maior chance de acontecer o anestro do que aquelas
que parem na primavera/verão.
Por apresentarem uma involução uterina rápida é possível que as éguas sejam
capazes de estarem preparadas para uma nova gestação, deste modo é possível
ocorrer o cio do potro, o que melhora a eficiência reprodutiva e indica que o animal
está com uma boa fertilidade.
O primeiro estro normalmente costuma ocorrer em média 7 dias após o parto,
quando éguas têm um parto normal conseguem apresentar uma rápida involução
uterina por terem uma placenta pouco invasiva (epiteliocorial difusa) e ter um grande
acúmulo de FSH (aumenta proliferação dos folículos e atividade ovariana).
Em contrapartida, em relação a quantidade de dias pós-parto para o primeiro
cio, pode aumentar a taxa de concepção, sendo assim, animais que apresentam cio
15 dias pós-parto possuem um maior índice de prenhez que animais que manifestam
estro dentro de 7 dias, ainda assim, um outro fator que pode influenciar no
aproveitamento deste primeiro cio é se a concepção é feita de modo natural ou por
inseminação artificial.
Não são todas as fêmeas que apresentam o cio do potro, pois há outros fatores
que podem interferir em sua manifestação ou não (Raça, Condição corpórea,
quantidade de partos, deficiências nutricionais, ambiente, tempo de regeneração do
endométrio, infecções, idade);
Cada fator possui um tempo necessário para sofrer expulsão e regeneração de
suas estruturas e funções. Interferindo deste modo no aproveitamento ou não do cio
do potro, sendo sob essa perspectiva as éguas que têm acúmulo de fluído, ou seja,
involução uterina incompleta possuem menores índices de gestação.
Em síntese, o aproveitamento do cio do potro é indicado para melhorar o
manejo reprodutivo do plantel, porém deve-se ser usado apenas em éguas jovens,
pois elas apresentam um sistema reprodutivo mais rígido, sem inflamações e não têm
risco de sofrer complicações na gestação ou no parto.

Figura 49: Potros nascidos na propriedade

8.3.1.2 INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

Baias são instalações destinadas ao confinamento de equinos, geralmente animais


destinados a competições, sejam elas morfológicas ou funcionais. Estas benfeitorias
devem fornecer ao animal estabulado um conforto físico e psicológico, e um bem-estar
que assegure uma nutrição e sanidade adequada. As baias podem ser alocadas de
várias maneiras dentro de um galpão, ou de forma livre desde que tenha as medidas
necessárias, e ofereça conforto térmico aos animais estabulados. A baia deve ter no
mínimo 3x4=12m2 sendo ideal para o conforto do animal uma baia de 4x4=16m2, com
pé direito de no mínimo 2,80m. Espaços muito reduzidos, principalmente associados
a longos períodos confinados, causam estresse e grande frustração ao animal. Deve
ser construída de forma que seja a favor dos ventos predominantes, e que o sol não
venha a bater durante todo o dia na instalação. As baias podem ser de vários tipos
como se segue:
• Baias de alvenaria: Baia com boa durabilidade, sendo este material
semelhante ao concreto e com custos menores de implantação. Recomenda-
se reboco nos tijolos para que os coices dos animais não venham a quebrá-los
criando superfícies pontiagudas que ofereceriam riscos aos animais. A baia de
alvenaria deve ter tamanho e ventilação adequados, além de proporcionar
contato visual com outros animais.
• Baias em galpão: Uma forma barata de instalação é construir um galpão e
alojar diversas baias embaixo. Tendo-se a liberdade de escolher o material
para as divisões. Seja de alvenaria, concreto, metal ou madeira. Estas facilitam
a circulação do ar por serem bem arejadas. Além disso, facilitam o manejo em
dias de sol ou chuva.
• Baias de madeira: É um modelo antigo de baia, de baixo custo e que cria um
ambiente agradável e natural ao cavalo, no entanto deve ser bem conservada.
Exigem maior manutenção, pois o cavalo muitas vezes fica roendo a madeira,
do contrário pode vir a apodrecer e causar lesões em cavalos que tem hábito
de escoicear.
Cochos e bebedouros - O cocho deve ter de 0,90 a 1,1m de altura levando em
consideração o porte do animal embaiado, para facilitar a higienização não deve
possuir cantos e sim ter fundo redondo. É recomendado que a profundidade do cocho
seja de 50 a 60 cm tanto para que o hábito natural do cavalo de comer ao nível do
solo seja respeitado, quanto para que ao se alimentar o animal consiga visualizar o
seu entorno. O bebedouro deve apresentar as mesmas características de altura e
segurança que o comedouro. Os cochos e bebedouros podem ser feitos de madeira,
concreto ou plástico. Independente do material, este deve ser de fácil limpeza, para
que seja higienizado diariamente.
Piso- O piso da baia tem por objetivo: facilitar a limpeza, gerar conforto físico ao
cavalo, e diminuir os impactos dos membros do animal. Estes em alguns casos devido
a sua rigidez devem ser cobertos por uma cama que proporcione mais bem-estar ao
animal. Os custos dependem do material e da disponibilidade deste. Pisos que usem
como material o concreto deve dispor de inclinação que direcione os resíduos para
um dreno fora da baia. Deve ser resistente a ponto de aguentar o pisoteio do animal.
Quando houver um ralo e não uma canaleta este deve ser de material metálico e com
pequenos furos. É obrigatório que por cima seja posta uma cama que vise o conforto
físico do cavalo.
• Piso de areia: Serve tanto quanto piso quanto cama, é de baixo custo, logo
abaixo deste piso é ideal que se faça uma caixa de filtragem para escoamento
da urina, seja ela feita com pedras ou até mesmo com carvão mineral, que
atenua os odores da ureia. Uma vez ao ano ou semestralmente, dependendo
da periodicidade do manejo, é necessário substituir integralmente o material do
piso.
• Piso de borracha: A borracha tem uma durabilidade maior que os demais é
um piso pouco absorvente, com a facilidade de poder ser lavado diariamente.
Em alguns casos não há necessidade de se usar cama, no entanto tem um
custo maior para a propriedade.
Redondel- O redondel é uma instalação circular coberta ou não, presente na maioria
das propriedades criadoras de equino, esta benfeitoria é direcionada ao processo de
doma de animais jovens, e ao exercício diário de cavalos em treinamento. As
dimensões de um redondel variam de acordo o manejo da propriedade, e em alguns
lugares ao porte e a idade do animal, e vão de 12 a 35 metros.
• Madeira: O redondel de madeira é amplamente utilizado e atrativo devido à
facilidade de construção, durabilidade e custo reduzido. Em contrapartida há
um custo posterior e constante com manutenção como pintura e também
devido à madeira ter problemas com pragas como os fungos e cupim. Outro
problema que pode vir a ocorrer é que com o coice de um animal a madeira
pode vir a quebrar e lesionar o animal. Pode ser feito de diversos materiais
como:
• Ferro: O redondel feito com ferro tem uma grande vantagem em relação aos
demais que é a mobilidade, geralmente estes modelos são desmontáveis e
podem ser transportados para diversos locais da propriedade. Contudo esse
material tem um custo elevado e é susceptível a ferrugem o que demanda
atenção com a sua manutenção. Esta estrutura deve ser planejada para ser
bem resistente para suportar possíveis choques do animal que possam vir a
ocorrer.
• Concreto: O concreto também é utilizado na construção de redondéis, essa é
uma opção de custo elevado mais que dá um conforto maior tanto para o
tratador como para o animal manejado, e possui uma grande vida útil. Também
pode vir a causar lesões nos membros dos animais que virem a deferir coices
na estrutura. Saber sobre o que proporciona conforto à espécie animal –
ambiência e agentes estressores – além de atender suas exigências, auxiliarão
o criador na adequação do manejo correto e evitando assim que o animal tenha
perdas tanto no desempenho, como perdas econômicas.

Figura 50: Redondel feito em madeira

8.3.2 PRINCIPAIS RAÇAS EQUINAS ENCONTRADAS NO BRASIL

Cada cavalo tem sua morfologia e função, seja passeio, cavalgadas ou esporte.
Normalmente, pesquisamos muito para definir cruzamentos ou decidir sobre a compra
de um exemplar. Quem foram os pais, o que eles já produziram, como determinada
linhagem se comporta na função que estamos desejando desenvolver. Estudo de
genética, pedigree e campanha é comum.
Segundo o site Meio Rural (dados de 2016), existem no Brasil dez raças de
cavalos de sela e três raças de pôneis formadas em território nacional, e 14 raças de
cavalo de sela e tração e três de pôneis de origem estrangeira e criadas em diversos
estados. Cada uma delas para atender as necessidades esportivas, de trabalho e de
gostos pessoais dos seres humanos.
As raças genuinamente brasileiras listadas são o Brasileiro de Hipismo,
Campeiro, Campolina, Lavradeiro, Mangalarga, Mangalarga Marchador, Marajoara,
Nordestino, Pampa, Pantaneiro, e os pôneis Pônei Brasileiro, Piquira e Puruca. As
estrangeiras são Andaluz, Anglo-Árabe, Appaloosa, Árabe, Bretão, Clydesdalle,
Crioulo, Friesian, Lusitano, Morgan, Paint Horse, Percheron, Puro Sanguê Inglês,
Quarto de Milha, e os pôneis Fjord, Haflinger e Shetland. Cada uma delas com sua
origem e características.
O Brasileiro de Hipismo, por exemplo, surgiu na década de 70. É uma mistura
de várias raças europeias. Fundada em 1975, a Associação da raça conta nos dias
de hoje com mais de 18000 animais registados no stud-book. Os animais de cerca de
1,68m e 600kg são usados para as provas de Hipismo, como Salto, CCE,
Adestramento, Volteio e ainda Equitação de Trabalho.
O Campeiro tem sua origem em Santa Catarina, no século 16, a partir de
animais de origem espanhola. A seleção natural formou o padrão racial e prima pela
rusticidade e resistência. Os exemplares estão todos em Santa Catarina, são dois mil
registrados, aproximadamente, utilizado para lida com gado e cavalgadas.
A raça Campolina foi criada pelo Coronel Cassiano Campolina, no Rio de
Janeiro. Cavalos altos e bom marchadores foram as escolhas para as cruzas visando
formar essa nova raça, lá nos anos 1857. O primeiro exemplar veio de uma cruza com
cavalo Andaluz e ditou o padrão até hoje. É um cavalo famoso por sua marcha
cômoda, sendo utilizado nas provas de Marcha e cavalgadas.
É no estado de Roraima que observamos a origem do Lavradeiro, cruza de
cavalos selvagens da região no século 18. Se distinguem por porte atlético baixo, alta
fertilidade e grandes velocidades. Após domados, se mostram muito dóceis e ativos
para o trabalho no campo.
O cavalo Mangalarga teve origem nos cavalos da Península Ibérica, trazidos
ao Brasil pelos colonizadores. Eram Lusitanos que foram utilizados com
melhoramento genético para formar uma nova raça que fosse ideal para o trabalho
nas fazendas, lida com gado, e para o esporte. Nasceu então o Mangalarga com bons
andamentos, resistência, docilidade, com marcha trotada. Hoje são mais de 193 mil
exemplares.
O Mangalarga Marchador tem a mesma origem, animais trazidos pela
comitiva de D. João VI. Sua marcha picada ou batida se caracteriza pelo apoio
tripedal. Os animais dessa raça, que já são mais de 300 mil no Brasil, são muito
utilizados para provas de Conformação, Marcha, Enduro, cavalgadas e até Salto.
O Marajoara, como o nome sugere, foi desenvolvido na Ilha de Marajó, Pará.
A raça se desenvolveu a partir da seleção natural desde o século 17, adaptando-se
muito bem às características da ilha, como excesso de umidade o ano todo e clima
quente e úmido. Estima-se mais de 150 mil exemplares, utilizados em sua maioria
para a lida com búfalos, gado e provas de resistência.
A origem do cavalo Nordestino também data do século 16 e 17, com os
primeiros animais que chegaram para desbravar o continente. Acredita-se que foram
formados a partir das raças portuguesas Sorraia e Garrano. É um cavalo pequeno e
resistente, bem adaptado às condições do semi-árido nordestino.
O Pampa é uma raça que reúne animais de diversas raças que tenham como
característica principal sua pelagem. São aceitos para registro cavalos das raças
Anglo-Árabe, Campeiro, Campolina, Crioulo, Mangalarga, Mangalarga Marchador e
PSI, desde que obedecendo o critério de pintados. O animal deve ter pelo menos uma
área de pelos brancos medindo em torno de 100cm².
O cavalo Pantaneiro tem origem de cavalos oriundos de expedições de
exploração no interior do Brasil no século 16 e são encontramos na região do Mato
Grosso e Pantanal, sob condições inóspitas de excesso de umidade, mas com
abundancia em pastagens. É muito utilizado na lida diária com gado e em provas de
resistência, maneabilidade e velocidade, além de cavalgadas pelo Pantanal.

Figura 51: Proprietários com uma égua Quarto de Milha do seu plantel
8.3.4.1 O QUARTO DE MILHA

Quarto de milha é uma raça de cavalo originária dos Estados Unidos. Começou
a formar-se com a chegada dos europeus ao continente norte-americano, por volta de
1611, pelo cruzamento dos cavalos trazidos pelos ingleses e espanhóis, e cavalos de
indígenas (mustangues), também de ascendência ibérica. Posteriormente, dezessete
garanhões e éguas, originalmente puro-sangue ingleses, foram levados para os
Estados Unidos. Entre os Puro-Sangues Ingleses importados figura Janus, um filho
de Godolphin Barb.
Com o tempo surgiu um equino compacto e bastante musculoso, capaz de
correr distâncias curtas em grande velocidade. O primeiro Stud Book com registro
genealógico da raça iniciou em 1941, no Texas. O registro para cavalo Quarto de
milha ainda aceita a inclusão de Puro-Sangues Ingleses, ou seja, são aceitos
cruzamentos QM x QM ou PSI x QM.
Na época em que a Guerra da Independência começou, os colonizadores
tinham se tornado muito afeiçoados às corridas, que em geral eram disputadas entre
três cavalos que corriam até um quarto de milha (402,33600 metros). Mas outras
atividades também foram desempenhadas com sucesso por estes animais.
Linhagens diferentes foram sendo definidas para cada atividade. Hoje são bem
distintas e tem uma seleção rigorosa. Mas a principal característica do quarto de milha
é a versatilidade. Corridas, provas de vaqueiros em geral e trabalho no campo. Teve
bastante aceitação no trabalho e lida do campo devido a sua docilidade, robustez e
velocidade.
Os cavalos selecionados possuíam um antemão poderoso, que lhes
assegurava arranques fulgurantes. Logo ficou evidente que essa morfologia os
tornava particularmente hábeis para o trabalho com o gado: apartar os bezerros,
separar vacas, etc. Ao mesmo tempo em que eram desenvolvidas provas esportivas
inspiradas nesse trabalho (apartação, tambor, etc), a raça foi se desenvolvendo, e
hoje, é uma das mais presentes em todo o mundo.
No nordeste do Brasil, o Quarto de milha tornou-se o melhor em vaquejada. No
sul do Brasil, nos trabalhos de campo, encontra-se em concorrência com o cavalo
crioulo. No Brasil o QM de corrida encontra seu lugar nas canchas retas do interior,
com grande expressão na pista do Jockey Club de Sorocaba. Atualmente grandes
nomes do QM de corrida tem gerações no Brasil, como: Granite Lake, Dean Miracle,
Panther Mountain, Check Him Out, Gold Medal Jess, No secrets here, entre outros.
O mais famoso Quarto de Milha de corrida tanto nas pistas como nas atividades
reprodutivas foi Dash for Cash que vem aos poucos sendo superado pela “lenda viva”
como é chamado, Corona Cartel. Outro Famosos Quarto de Milha de corrida, foi First
Down Dash, filho de Dash For Cash, que produziu ganhadores de mais de US$ 65
Milhões.

Figura 52: Belíssimo exemplar da raça Quarto de Milha do rancho Itaporanga

8.4 METODOLOGIA

Na data de 06 de Maio de 2023 foi realizada uma visita técnica no rancho


Itaporanga, nome fantasia do haras pertencente à fazenda Ibitiraia, no município de
Carlos Chagas, região nordeste do estado de Minas Gerais onde na ocasião, a turma
do curso técnico em Agropecuária foi recepcionada pelo proprietário, Tarcísio de
Oliveira Batista que é técnico agrícola formado em Florestal – MG e um profundo
conhecedor da equinocultura e que dedica grande parte de seu esforço e tempo à
criação de equinos, sendo seu foco voltado quase que exclusivamente para a raça
Quarto de Milha. Houve participação ativa na aula, com seu vasto conhecimento
sobre equinocultura, da veterinária e também esposa do proprietário, dra Lara
Brandão de Oliveira Batista,
No transcorrer da visita o proprietário e sua esposa apresentaram parte de seu
plantel e explanaram de forma bastante lúdica, boa parte do amplo conhecimento que
os mesmos possuem sobre a equinocultura.

8.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a visita técnica o proprietário Tarcísio, que herdou os talentos e o amor


pela equinocultura do pai, um dos pioneiros na criação da Raça Quarto de Milha na
região, o Sr° José Cláudio de Miranda Baptista, já falecido que era um pecurarista e
também equinocultor muito conhecido não só na região de Carlos Chagas, mas em
outros estados, e foi de suma importância para alavancar a região com a equinocultura
e também no incentivo ao filho que desde novo passou a apreciar esses animais e
transferiu muito conhecimento ao Tarcísio, o que culminou com a paixão pelos
cavalos, especialmente pela raça Quarto de Milha.
O proprietário, fala com emoção que sua primeira aquisição, foi uma égua, que
mesmo de excelente procedência, tinha mais de 20 anos e alguns defeitos físicos,
mas que rendeu a ele 3 garanhões campeões, foi uma grande aposta com um
resultado promissor.
No decorrer das explicações dos proprietários sobre os diversos aspectos
envolvidos na equinocultura, os seus auxiliares iam trazendo alguns dos cavalos do
seu plantel, para a turma observar a pelagem, aprumos, análise da arcada dentária e
principalmente dos cuidados e dedicação que a atividade exige.
A todo momento a Dra Lara, explicava os cuidados com a alimentação e
qualidade dos alimentos fornecidos aos equinos de raça, pois os mesmos são muito
sensíveis. Explicou também que ao se adquirir um animal ou para garantir a sanidade
dos que já possuem é necessário dar uma atenção especial à boca dos animais se
tem algum defeito, como falta de algum dente, dentes fraturados ou com crescimento
descontrolado por se tratar de uma animal de cocheira, o que pode causar um
desconforto e impedir que esse animal tenha uma alimentação correta.
A alimentação do cavalo tem que ser de excelente qualidade, pois
diferentemente dos bovinos ele é monogástrico e tem um estômago
consideravelmente pequeno, devendo ser composta de volumoso, de preferência
gramíneas, concentrados, proteicos, alimentos energéticos, vitaminas e minerais e
sempre lembrar de colocar sal na ração para que o animal beba água em abundância,
o que é essencial para uma boa digestão. Deve-se observar que essa água esteja
sempre limpa e fresca.
É importante lembrar que a alimentação do animal deve ser dada sempre nos
mesmos horários devendo os cochos estarem sempre limpos evitando a fermentação
dos restos e a consequente intoxicação dos animais, uma vez que a cólica é uma das
maiores causas de mortes de equinos e seu tratamento exige um custo muito elevado.
Estes procedimentos são necessários para promover a sanidade e longevidade dos
animais.
Foi mostrado à turma pela Dra Lara, um crânio de um cavalo, com fins didáticos
para elucidar um pouco sobre a cronometria dentária e sobre a função da odontologia
animal. Pode-se constatar que o crânio seria de um cavalo adulto, com
aproximadamente 5 anos, devido a presença dos caninos e de todos os molares
presentes. Explicou também que a alimentação influencia diretamente na dentição dos
equinos de modo que a formação dos dentes de um animal que recebe alimentação
nos cochos é diferente de um outro animal que se alimenta diretamente no campo.
Vale lembrar que a propriedade conta com um laboratório, que se localiza
dentro do curral, que contém vários aparelhos utilizados na lida diária como:
microscópio, pinças, elevador de gengivas, alavanca apical, fórceps extrator e boticão
para dente de lobo, estoque de sêmen, entre outros.
Por fim, o proprietário explicou que investe em linhagens de cavalos
vencedores, o que apesar de demandar um certo investimento, promove também um
excelente retorno financeiro com a venda de potros, sêmen e também de embriões
sendo que alguns animais de seu plantel são filhos e netos de campeões brasileiros
e até mundiais, o que dá visibilidade ao haras nacionalmente.

Figura 53: Crânio utilizado na aula prática sobre cronometria dentária


8.6 CONCLUSÕES

A criação de equinos de raça tem como objetivo selecionar e aprimorar


características específicas de cada raça, como beleza, desempenho atlético e
temperamento. Com isso, é possível obter animais com habilidades e predisposições
genéticas para atividades esportivas, de trabalho e lazer.
Escolher um cavalo, ou mais ainda, apaixonar-se por uma raça específica, é
algo que não conseguimos explicar. É como time de futebol, parece que já nascemos
com aquela paixão. Muitas vezes somos inspirados pelo meio que vivemos, a raça
que a família trabalha há gerações, por exemplo. Seja como for, mergulhar de cabeça
nessa ou naquela raça e suas particularidades e funcionalidades, é algo especial.
Cada cavalo tem sua morfologia e função, seja passeio, cavalgadas ou esporte.
Normalmente, pesquisamos muito para definir cruzamentos ou decidir sobre a compra
de um exemplar. Quem foram os pais, o que eles já produziram, como determinada
linhagem se comporta na função que estamos desejando desenvolver, estudo de
genética e pedigree.
Segundo o site Meio Rural (dados de 2016), existem no Brasil dez raças de
cavalos de sela e três raças de pôneis formadas em território nacional, e 14 raças de
cavalo de sela e tração e três de pôneis de origem estrangeira e criadas em diversos
estados. Cada uma delas para atender as necessidades esportivas, de trabalho e de
gostos pessoais dos seres humanos.
No entanto, é importante ressaltar que a criação de equinos de raça deve ser
realizada com responsabilidade e respeito aos animais, evitando práticas que
comprometam seu bem-estar.

REFERÊNCIAS

O que é equinocultura e quais são as suas características no Brasil (agro20.com.br)

O Que é Equinocultura? (abaraujo.com)

https://www.fiepr.org.br/observatorios/biotecnologia-
animal/FreeComponent21755content366500.shtml

Quarto de milha – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)


Zootecnia e cia.: Equinocultura: O que é? E qual a sua finalidade?

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