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da Silva, Elcio Brito. Automação & Sociedade: Quarta Revolução Industrial, um olhar para o
Brasil . BRASPORT. Edição do Kindle. 2018
Em seu livro “A Quarta Revolução Industrial”, Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do
Fórum Econômico Mundial, afirma: “estamos no início de uma revolução que alterará
profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala,
escopo e complexidade, a Quarta Revolução Industrial é algo que considero diferente de tudo
aquilo que já foi experimentado pela humanidade” (SCHWAB, 2017, p. 11).
A obra de Schwab provoca reflexões profundas sobre essa nova etapa do desenvolvimento
humano que começamos a experimentar. Neste capítulo apresentamos os principais pontos do
livro de Schwab, que se impôs como norteador do olhar que agora lançamos sobre o Brasil,
devido à sua abrangência e visão sobre as oportunidades e ameaças que a quarta revolução traz
para a sociedade.
Portanto, este “Automação & Sociedade: Quarta Revolução Industrial, um olhar para o Brasil”
utiliza o livro de Schwab como ponto de partida para apresentar exemplos de como a Quarta
Revolução Industrial tem sido experimentada no nosso país. Ao longo deste livro, são discutidos
também os desafios para nos adaptarmos a essa nova revolução e as ações que podemos
realizar tanto coletiva como individualmente, com vistas a encontrar um caminho a seguir para
nos beneficiarmos desse momento magnífico que vivemos.
Ele defende que são três os fatores que nos levam a concluir que estamos experimentando a
Quarta Revolução Industrial (idem, p. 13). O primeiro deles diz respeito à velocidade com que
as mudanças se produzem. Como vivemos em um mundo extremamente interconectado, ao
mesmo tempo que as novas tecnologias de uma área avançam, tecnologias de outras áreas são
viabilizadas e beneficiadas, criando um círculo virtuoso e acelerado de progresso tecnológico,
visto por muitos como exponencial, tanto na literatura técnica como científica. O segundo fator
engloba a amplitude e a profundidade das mudanças. Diversos paradigmas estão sendo
quebrados devido à tecnologia na economia, nos negócios, na sociedade e no dia a dia das
pessoas. Ela modifica o que fazemos e como fazemos, sendo capaz de produzir inovações
surpreendentes numa alta frequência. Por fim, o terceiro fator mencionado nos faz ter uma
visão holística dessa revolução. Trata-se do impacto sistêmico, percebido quando há a
transformação de sistemas inteiros entre países e dentro deles, na sociedade, nas organizações
e na população. Apesar de estarmos vivenciando enormes transformações, deve-se destacar
que, considerando os dois vetores de uma revolução industrial, a tecnologia e a organização
social, ainda não existe uma clara visão sobre em qual direção, em termos de organização social,
estamos caminhando.
Cabe ressaltar ainda que, segundo Simão Filho e Pereira (2014, p. 55-59), a evolução observada
com o surgimento da internet, do desenvolvimento da computação, do software e das
comunicações, em conjunto com os avanços na organização social, catalisados com o fim da
Guerra Fria, possuem a relevância para serem também entendidos como uma revolução
industrial. Assim, fica a cargo dos pesquisadores do futuro, que refletirão sobre esta fase do
desenvolvimento da humanidade, distanciados da influência direta de analisar a própria época
que vivenciam, a demarcação final, em termos de revolução industrial, deste período entre a
última década do século XX e a segunda década do século XXI.
As principais tecnologias do mundo digital associadas à quarta revolução, de acordo com Schwab
(2017, p. 23), são:
a) Internet das coisas: conforme Atzori, Iera e Morabito (2010), trata-se de um novo paradigma
na comunicação eletrônica de dados sem fio, no qual objetos de nosso dia a dia passam a ter
capacidade de se conectarem através da internet de modo a poderem colaborar entre si, com o
objetivo de executarem uma determinada função. Segundo Evans (2011, p. 3), a segunda década
do século XXI começou com 12,5 bilhões de dispositivos conectados à internet e deve terminar
com 50 bilhões de dispositivos conectados. Entre as possibilidades de ganhos econômicos que
esta tecnologia traz estão a viabilização da rastreabilidade de produtos, que contribui para o
aumento de visibilidade e consequentemente para uma melhora na gestão em toda a cadeia de
fornecimento.
b) Blockchain: o blockchain foi criado inicialmente com a proposta de ser um banco de dados
capaz de viabilizar a implantação de um livro contábil, para possibilitar que transações
financeiras fossem realizadas diretamente entre os interessados sem a necessidade de
intermediários (TAPSCOTT; TAPSCOTT, 2016, p. 1). Hoje o blockchain é visto como uma solução
para diversas aplicações, como, por exemplo, de registro de movimentações, em que se busca
não só a eliminação de intermediários, mas também outros benefícios, como, por exemplo, a
desburocratização.
c) Plataformas digitais: plataformas digitais são ambientes digitais com capacidade de oferecer
serviços a um custo marginal de acesso, reprodução e distribuição muito baixos. A internet é a
principal representante desta tecnologia. As plataformas digitais tornam possível a economia
sob demanda. O Uber simboliza o poder de ruptura dessas plataformas, que permitem a
localização de ativos e serviços de terceiros antes desconhecidos, tornando-os disponíveis para
uso por uma grande parcela de potenciais consumidores (BRYNJOLFSSON; MCAFEE, 2017, p.
127-176).
a) Veículos autônomos1: são veículos que se movimentam sem a ação humana. A autonomia
dos veículos alterará o modelo de comercialização destes bens porque é muito provável que
grande parte da população opte por ser um usuário colaborativo, e não mais um proprietário.
d) Novos materiais: materiais mais leves, mais fortes, recicláveis e adaptáveis têm surgido no
mercado em alta frequência. Esses novos materiais abrem um largo espectro de possibilidades
de criação de novos produtos.
Schwab (2017, p. 29-32) aponta que as principais tecnologias do mundo biológico associadas à
quarta revolução estão ligadas à manipulação genética. Essas manipulações só se tornaram
possíveis devido às reduções dos custos das tecnologias digitais que contribuíram imensamente
para os avanços no desenvolvimento do mundo biológico. Hoje o tempo necessário para
processamento de um sequenciamento genético é de poucas horas e o custo do
sequenciamento genético caiu de 2,7 bilhões para menos de ganham mil dólares num período
de 10 anos (WETTERSTRAND, 2016). Entre as tecnologias de manipulação genética de maior
destaque no mundo biológico está a biologia sintética, que em nível de pesquisa tem
demonstrado um potencial transformador surpreendente, cujas limitações hoje são mais
jurídicas e éticas do que técnicas.
A capacidade preditiva das turbinas da gigante industrial americana General Electric (GE), aptas
a identificar uma futura falha, por sua vez, ilustra as possibilidades que surgem quando as
tecnologias do mundo físico encontram as tecnologias do mundo digital.
Um exemplo do que é possível quando ocorre a convergência dos mundos digital, físico e
biológico deu-se em novembro de 2016, quando Gregoire Courtine, professor do Instituto
Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne, apresentou ao mundo os primeiros resultados de sua
pesquisa sobre recuperação de movimentos em primatas lesionados. Em sua demonstração de
resultados, Courtine apresentou um primata com uma lesão parcial na espinha, responsável pela
paralisia dos movimentos da perna direta. No cérebro deste primata foi implantado um
neurotransmissor, um gerador de pulso e um implante multieletrodo junto à espinha. As
informações capturadas pelo neurotransmissor foram transmitidas por meio digital sem fio para
um computador. O computador interpretou as atividades neurais do primata e as converteu em
comandos. Esses comandos foram transmitidos também digitalmente por uma comunicação
sem fio para o gerador de pulso instalado no primata. Os comandos recebidos foram
decodificados e transformados em sinais elétricos que foram aplicados em grupos musculares
específicos, por meio do implante junto à espinha, viabilizando o retorno dos movimentos da
perna direita de forma a permitir ao primata andar normalmente outra vez (FERNANDEZ, 2016).
A figura 1.1 ilustra a convergência dos três mundos: o digital, o físico e o biológico. Essa
convergência tem uma abrangência com um impacto tão significativo que é normalmente, na
leitura técnico-científica, referenciada como uma convergência maior do que apenas aquela das
tecnologias: é uma convergência capaz de gerar uma nova organização social. Essa Sociedade
4.0 é formada pela Indústria 4.0, a Saúde 4.0, o Hospital 4.0, a Cidade 4.0, enfim, todos os setores
e agentes do mundo que conhecemos, numa versão transformada pelo fim dos limites entre
esses mundos.
Do ponto de vista econômico, para Schwab (2017, p. 35), os impactos da quarta revolução serão
sentidos em várias dimensões, sem, contudo, que exista um consenso entre os economistas
sobre quais serão esses impactos. Nos extremos da discussão sobre o tema, para o autor, estão
os tecnopessimistas e os tecno-otimistas.
De acordo com Schwab (2017, p. 56), as tecnologias associadas à quarta revolução estão
aumentando a escala das mudanças nas empresas. Isso pode ser exemplificado pela redução na
média da sua expectativa de vida, que passou de 60 para 18 anos, conforme listado pela
Standard & Poor’s na bolsa americana de ações (KNIGHT, 2014).
b) Nos produtos que serão mais inteligentes, capazes de evoluírem, mesmo depois de terem
deixado as fábricas.
c) Na forma como o processo de inovação ocorre, tornando-se cada vez mais colaborativo e
aberto à participação de pessoas de fora da empresa.
Bernardi, Sarma e Traub (2017, p. 42-45) ilustram essa transformação nas empresas por meio
de um cenário hipotético de mudança de negócios de uma fabricante de colchões. No modelo
corrente o fabricante de colchões define seus produtos em conformidade com especificações
técnicas e custos, visando atender à expectativa do cliente de encontrar o melhor produto
possível dentro de um limite de orçamento. Nesta nova revolução, o cliente não busca um
produto, mas sim a experiência de um sono perfeito, cabendo ao produtor de colchões inverter
o propósito de seu negócio, de fabricante de colchões para viabilizador da experiência de um
sono perfeito. Para tanto, a empresa pode contar com a tecnologia para instrumentar seus
colchões, monitorar o sono do usuário e sugerir ações de formar a atender às expectativas de
viabilizar tal experiência.
1.3.3. Empregos
Schwab (2017, p. 41) defende que, apesar de existir uma expectativa positiva com relação à
capacidade de as tecnologias da Quarta Revolução Industrial contribuírem para o
desenvolvimento econômico, deve-se gerenciar os possíveis impactos negativos da perda
líquida de empregos no curto prazo, de forma a mitigar a possibilidade de que os progressos da
economia e das empresas sejam desfrutados apenas por uma pequena parcela da sociedade.
Ele apresenta duas tabelas com conjuntos de profissões impactadas pelo desenvolvimento das
tecnologias associadas com a quarta revolução (SCHWAB, 2017, p. 45). Na tabela 1.1, são
apresentadas as profissões com alta probabilidade de desaparecerem, devido à tecnologia; na
tabela 1.2, outras profissões menos propensas a se extinguirem.
1.4. Conclusão
Moisés Naím afirma: “no século XXI, será mais fácil chegar ao poder, mais difícil usá-lo e mais
fácil perdê-lo” (MOISÉS, 2013, apud SCHWAB, 2017, p. 72). Este capítulo apresentou o que
consideramos os principais pontos discutidos no livro “A Quarta Revolução Industrial”, de Klaus
Schwab, e estabeleceu a relação entre essa obra e os capítulos deste livro. Essa visão deve nos
motivar a capturar este novo mundo que se abre perante aqueles que, com otimismo, buscam
uma sociedade melhor. Nesta etapa de profundas mudanças, precisaremos de líderes para nos
apoiar nessa jornada.
É possível dizer que é um privilégio podermos antecipar os efeitos de uma revolução. De fato,
todas as outras revoluções foram identificadas por seus efeitos na sociedade humana, mas isso
ocorreu após sua passagem. Agora temos a oportunidade de, uma vez convencidos do momento
em que estamos, tirar proveito dessa revolução.
Referências:
ATSORI, L.; IERA, A.; MORABITO, G. The Internet of Things: a survey. Computer Networks, 31
maio 2010. Disponível em: <http://www.cs.mun.ca/courses/cs6908/IoT-Survey-Atzori-
2010.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2018.
BERNARDI, L.; SARMA, S.; TRAUB, K. The Inversion Factor: how to thrive in the IoT economy.
Cambridge, MA: MIT Press, 2017.
BRYNJOLFSSON, E.; MCAFEE, A. Machine, Platform, Crowd: harnessing our digital future. New
York: W. W. Norton & Company; June 27, 2017.
DELONG, J. B. Making do with more. Project Syndicate, 26 fev. 2015. Disponível em:
<https://www.project-syndicate.org/commentary/abundance-without-living-standards-
growth-by-j--bradford-delong-2015-02?barrier=accessreg>. Acesso em: 05 jan. 2018.
EVANS, D. The Internet of Things: how the next evolution of the Internet is changing everything.
White Paper, Cisco, Apr. 2011. Disponível em:
<https://www.cisco.com/c/dam/en_us/about/ac79/docs/innov/IoT_IBSG_0411FINAL.pdf>.
Acesso em:05 jan. 2018.
FERNANDEZ, C. Watch the incredible moment paralyzed monkeys WALK again using brain
implants – and the treatment could be used in humans by 2020. Daily Mail, Science, 10 nov.
2016. Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-3920332/Watch-
incredible-moment-paralysed-monkeys-WALK-using-mind-reading-brain-implants-treatment-
used-humans-three-years.html>. Acesso em: 05 jan. 2018.
KNIGHT, E. The art of corporate endurance. Harvard Business Review, Strategy Execution, 02
abr. 2014. Disponível em: <https://hbr.org/2014/04/the-art-of-corporate-endurance>. Acesso
em: 05 jan. 2018.
WETTERSTRAND, K. DNA Sequencing Cost: Data from the NHGRI Genome Sequencing Program
(GSP). National Human Genome Research Institute, 24 maio 2016. Disponível em:
<https://www.genome.gov/27541954/dna-sequencing-costs-data/>. Acesso em: 08 jan. 2018.
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Sumário
3.1 Conceituação e aplicabilidade
3.2 Aspectos históricos
3.3 Definição e formação de famílias de peças
3.3.1 Inspeção visual
3.3.2 Análise do fluxo de produção
3.3.3 Classificação por código
3.3.4 Reconhecimento de padrões
3.4 Sistema de classificação e codificação
3.4.1 Características e finalidades
3.5 Sistemas celulares de manufatura
3.5.1 Células flexíveis de manufatura (CFM)
3.6 Concepção e operacionalidade de CFM
3.7 Estratégia de implementação de TG
3.7.1 Padronização de procedimentos
3.7.2 Sistemas de informação
Referências
Uma filosofia que vem sendo utilizada com sucesso, para contornar boa parte
destas dificuldades na área de manufatura, é a Tecnologia de Grupo (TG), que,
aplicada a manufatura, é a filosofia para o gerenciamento das atividades de
produção, na qual se procura obter vantagens econômicas da similaridade das
peças fabricadas em pequenos lotes, tratando-as em conjunto, como se fosse uma
produção em massa. A TG é também uma filosofia que concilia organização e
produtividade com satisfação no desenvolvimento do trabalho, refere Lorini (1993, p.
3).
vários lotes pequenos, mas sim como uma produção em série de todo o grupo.
Assim, cada família de peças passa a ser tratada como uma peça composta com
todos os atributos do grupo em que se insere. Busca-se deste modo, obter para
manufatura de pequenos lotes, as vantagens, principalmente econômicas, de uma
operação em massa, refere Lorini (1993, p. 17).
Por sua vez, Davis; Aquilano; Chase (2001, p. 276-277) referem que um
leiaute de tecnologia de grupo (celular) aloca máquinas não-similares em células
para trabalhar em produtos que têm pesos, formas e exigências de processamento
similares. Leiautes de TG são agora amplamente utilizados na fabricação de metais,
manufatura de chips de computador e trabalho de montagem segundo os mesmos
autores. O objetivo geral é obter os benefícios do leiaute de produto em tipos de
produção por processo. Esses benefícios segundo os autores acima
incluem:
O termo família é usado para designar uma lista de peças agrupadas por
algumas características de similaridade. Não há regras rígidas ou gerais para
determinar que peças serão agrupadas em que famílias. Deve-se considerar, no
entanto, que a formação das famílias de peças é um requisito básico, para que
dentro da filosofia de TG, se possa projetar uma célula de manufatura, ou seja,
organizar racionalmente um leiaute de grupo.
Peças
P1 P2 P3 P4 P5
Máquinas
M1 1 1 1
M2 1 1
M3 1 1
M4 1 1
Peças
P1 P3 P2 P4 P5
Máquinas
M2 1 1
Célula 1
M4 1 1
M1 1 1 1
Célula 2
M3 1 1
A classificação pode ser feita basicamente sob três orientações quanto ao seu
objetivo, que são:
A TG, por sua vez, é a base racional para fornecer os meios de organização
da manufatura celular, e através das aplicações da filosofia, obter-se uma série de
vantagens operacionais e principalmente econômicas.
estes possam ser rapidamente comprovados, ou seja, é preferível começar por algo
relativamente pequeno, e então, expandir a implantação com base em tais
resultados.
REFERÊNCIAS
1. Introdução
Para garantir sua sobrevivência perante um mercado cada vez mais competitivo e globalizado, as
empresas de manufatura têm recorrido a um sem número de "novas" abordagens, tecnologias,
filosofias, etc... Muitas vezes esses modismos trazem realmente resultados significativos. No
entanto, a quantidade de mudanças esgota a capacidade dessas empresas em discernir qual o
caminho a seguir (figura 1).
A Manufatura Integrada por Computador (CIM) também teve seu tempo de glória, mas foi
ultrapassada por novas abordagens, tais como Qualidade Total, Reengenharia e outras. Logicamente
sabe-se que essas novas abordagens podem ser encaradas como complementares à Manufatura
Integrada por Computador. Porém alguns consultores, aproveitando-se de clientes acossados pela
concorrência global, sempre lançam novas siglas oferecendo um "novo produto", como a salvação
para os problemas e desafios enfrentados pelas empresas de manufatura.
Não se está afirmando que todas essas novas abordagens são enganosas com o único intuito de se
vender consultoria. Elas possuem conceitos valiosos, que sem dúvida podem alavancar os negócios
de manufatura. Além disso, as pessoas dentro das empresas de manufatura ficaram fossilizadas,
principalmente no Brasil, pois não tinham com quem competir. Neste contexto, elas necessitam de
2
consultores atualizados, muitas vezes contribuindo com o óbvio, pois "santo de casa não faz
milagres".
Neste artigo procura-se mostrar que a sigla CIM ainda é atual, se for lida com uma outra ênfase
do que na sua versão original. Esta ênfase estaria no significado amplo do termo Integração. Essa
nova leitura pode trazer no seu bojo a conotação de uma nova sigla. No entanto, isso fica a cargo do
leitor que pode adotar a moda que achar mais conveniente. O objetivo desta contribuição é discutir
conceitos comuns a várias abordagens de melhoria das empresas de manufatura, a fim de apresentar
uma reflexão sobre a importância da Integração hoje e no futuro.
A palavra hólos veio do grego e significa inteiro; composto. Segundo o dicionário, holismo é a
tendência a sintetizar unidades em totalidades, que se supõe seja própria do universo. Sintetizar é
reunir elementos em um todo; compor [FERREIRA 1975].
A visão holística de uma empresa equivale a se ter uma "imagem única", sintética de todos os
elementos da empresa, que normalmente podem ser relacionados a visões parciais abrangendo suas
estratégia, atividades, informações, recursos e organização, assim como suas interrelações (figura
2).
Estratégias
Estratégias Atividades
Atividades
Informações
Informações
Organização
Organização Recursos
Recursos
•estrutura • técnicas/métodos
•cultura holismo: tendência a • equipamento
•aprendizagem sintetizar unidades • hardware
• pessoas em totalidades. • software
(Integrar) • rec.financeiros
Todo empresário e o seu pessoal gerencial deveriam ter uma visão holística de sua empresa. Essa
visão possui diferentes ênfases e graus de abstração. No entanto, a visão do todo ( a imagem única)
é essencial para que eles cumpram o seu papel. Algumas empresas possuem pessoas com essa
visão, e normalmente elas se destacam de suas concorrentes. Porém uma grande parte dos dirigentes
atingiu seu posto vindo de uma área específica, trazendo assim uma visão distorcida do todo. É
comum encontrar gerentes empolgados com os recursos computacionais, outros achando que a
solução está somente na estrutura organizacional, outros que consideram suas máquinas e
equipamentos como sendo a salvação da empresa, etc...
Com uma visão holística é mais seguro tomar decisões relativas a uma das visões, pois a
influência desta decisão sobre as outras visões da empresa é observada à priori. Se esta visão
holística for então formalizada, pode-se discutir problemas específicos sem se perder a abrangência,
nivelando-se o conhecimento entre os participantes da discussão. No entanto, é impossível
representar o todo de forma completa. Este todo é algo abstrato, que forma uma unidade na mente
dos dirigentes.
É preciso discutir amplamente este conceito da visão holística dentro das empresas, para poder
partir para um formalismo maior, se necessário, trazendo à consciência dos dirigentes, que eles já
possuem (ou deveriam possuir) esta visão. Em seguida deve-se difundir esse conceito para as
demais pessoas da empresa.
- processos de gerenciamento: com os quais a alta cúpula dirige a empresa, interage com os
funcionários, toma decisão e se comunica. Esses processos marcam o contexto organizacional da
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empresa e determinam o estilo de trabalho. Como exemplos desse tipo de processo têm-se: gestão
estratégica e definição de investimento a longo prazo.
- business processes (BP): definidos abaixo e escopo deste capítulo. Como exemplos têm-se:
desenvolvimento de produtos, comercialização de produtos, fabricação de produtos e atendimento
ao cliente.
Um business process (BP) é um fenômeno que ocorre dentro das empresas. Ele contém um
conjunto de atividades, associadas às informações que manipula, utilizando os recursos e a
organização da empresa. Forma uma unidade coesa e deve ser focalizado em um tipo de negócio,
que normalmente está direcionado a um determinado mercado/cliente, com fornecedores bem
definidos (figura 3).
Fornecedor Cliente
Business
Process
Informação Informação
Atividades
Recursos
Organização
Esta focalização no negócio é importante, pois é comum encontrar diversos negócios de uma
empresa compartilhando os mesmos elementos estruturais e recursos, o que dificulta a definição do
BP (e em muitos casos a própria operação da empresa). Se o compartilhamento de recursos for
inevitável, o conhecimento dos BPs que utilizam esses recursos traz este fato à consciência de uma
forma sistemática, auxiliando então no seu gerenciamento (que não deixa de ser complexo). O BP é
algo natural que acontece hoje em todas as empresas, mas muitas vezes ele é mascarado por
disfunções estruturais, principalmente naquelas empresas que ainda trabalham com uma
organização burocrática funcional. A existência de atividades, que não agregam valor ao produto,
também dificulta a identificação dos BP.
5
Em algumas empresas a existência dos BP não era consciente. Os novos requisitos dos clientes,
competição mais acirrada e a disponibilidade de tecnologia de informação mais flexível fizeram
com que fosse necessário se identificar os BP. Assim se consegue gerenciar os negócios de uma
forma mais efetiva, focalizando-se nas exigências dos clientes [GARVIN 1995].
Mesmo sem ser explicitamente citado como business process (BP), ele é utilizado em diversas
abordagens atuais, como se procura mostrar a seguir de uma forma bem sucinta. São analisadas aqui
a Reengenharia, o Sistema de Qualidade e o Custo baseado em Atividades (ABC).
A ênfase atual de se definir os business processes das empresas advém da febre da Reengenharia
[MOREIRA 1994]. Pode-se dizer que a Reengenharia é que forneceu este termo com o significado
atual de conjunto de atividades, que normalmente são realizadas por diversos departamentos de uma
empresa. Normalmente uma Reengenharia do Negócio, onde a estrutura organizacional da empresa
sofre alterações para ficar enxuta e preparada para os desafios da concorrência, deveria ser
precedida pela Reengenharia do Processo. Nesta última oBP deveria ser identificado e melhorado, à
luz do potencial da tecnologia de informação, partindo-se de um white-paper, ou seja, sem vínculo
com a situação atual. Esta mudança teria que ser radical, buscando-se índices de melhoria
significativos[HAMMER 1994]. É discutível se os benefícios alcançados com essas medidas
radicais compensam o trauma que a empresa pode sofrer a médio prazo [WOOD 1995]. A prática
mostra porém que, em todas as situações não importando o grau de radicalismo, o conhecimento da
situação atual, sem um grande formalismo, é necessário para um trabalho de Reengenharia. Este
conhecimento estabelece um ponto de referência comum, uma base line, pois se obter uma visão
nivelada - um consenso - sobre a situação atual da empresa já é um grande ganho.
A obtenção de um Sistema de Qualidade segundo a norma ISO 9000 exige um certo formalismo
dos procedimentos em vigor na empresa. Um resultado natural da preparação para a certificação
segundo a ISO 9000 deveria ser uma melhoria dos processos atuais, apesar que muitas empresas
preocupam-se somente com a certificação. Estas perdem a chance de se obter os verdadeiros ganhos
que a abordagem da qualidade fornece. Observa-se então que os BPs tornam-se uma referência para
a formalização dos procedimentos. Muitas empresas não adotam essa premissa, tratando os
procedimentos como ilhas desconectadas, pois eles normalmente referem-se ao processos de
trabalho (segundo a classificação anteriormente apresentada). Elas deveriam tratar dos BPs no
6
contexto da certificação e da aplicação da Qualidade Total [GARVIN 1995]. Existe hoje uma
proposta de se unificar o ínicio das abordagens da qualidade e de CIM através de uma modelagem
única dos BPs [ALLIPRANDINI 1996].
A abordagem de ABC (Activity Based Costing) é um método alternativo ao custeio clássico por
absorção. O ABC propõe que se direcione os custos indiretos para os produtos, pois eles são cada
vez mais significativos nas empresas de manufatura, . Assim deve-se obter um custo mais real dos
produtos, apoiando a tomada de decisões gerenciais[NESS 1995]. Alguns autores afirmam que o
ABC é um outro tipo de custo por absorção [CAT92]. O verdadeiro ganho está no ABM (Activity
Based Management) [SPOENE 1994]. O ABM preconiza que se deve analisar as atividades visando
a sua otimização, antes de serem custeadas através de seus direcionadores de custo. Percebe-se
então que o conhecimento do business process é essencial para a prática do ABM. Em algumas
empresas a definição das atividades para o ABC/M parte do estabelecimento dos BPs.
Como pôde ser visto nesta sucinta apresentação, a determinação dos BPs é um ponto em comum
de algumas abordagens em uso atualmente.
Para que os BPs possam servir de referência para essas diversas abordagens e mesmo para a
manufatura integrada, eles devem ser mapeados [BARRET 1993]. A organização inteira deve
pensar em termos de BP [GARVIN 1995]. O mapa do BP é essencial como base de referência para
discussões, a fim de apoiar a obtenção sistemática de uma a visão holística da empresa. No entanto,
a visão holística é algo abstrato. Existe então uma dificuldade de representação do BP.
Normalmente, representam-se visões parciais de um BP. Elas são representadas por formalismos
advindos da área de análise de sistemas, tais como DFD (Data Flow Diagram) ou SADT (Structured
Analysis Design Technique). Nesses formalismos estão contidas somente as visões de atividades e
informações. Outras técnicas advindas de OEM (Organização e Métodos) poderiam também ser
utilizadas. São porém precisas demais para a intenção de se mapear os BPs. Um dos problemas, que
contribuíram para o desuso de algumas técnicas de OEM, foi o seu grau de detalhamento. Muitas
vezes a documentação de um fluxo de trabalho otimizado não era atualizada, devido à dificuldade
de manipulação da sua representação. Os conceitos de OEM, no entanto, continuam válidos, quando
se procura, por exemplo, eliminar atividades que não agregam valor ao produto, na análise de um
BP.
Uma adaptação da técnica SADT foi utilizada com sucesso em alguns casos práticos, no
mapeamento do BP [ROZ95a,TIBERTI 1995]. Nas caixas onde se desenha uma atividade
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acrescentam-se informações sobre os recursos utilizados nessa atividade, assim como a organização
que a realiza. Desenham-se somente dois níveis de detalhamento, montando-se com isso um
"poster", que fornece uma visão abrangente do BP (figura 4).
Organização Recursos
Essa representação segue o lema "é melhor ser aproximadamente correto do que precisamente
incorreto". Isto significa que neste "poster" não estão representadas todas a nuâncias e nem todos os
detalhes do BP. No entanto, ele fornece um frame para obtenção da visão holística da empresa.
Pode ser uma referência para discussões. Porém deve-se ter sempre em mente, que a pessoa (ou
equipe) responsável pelo BP é que possui a visão completa e abstrata. Em outras palavras, os
responsáveis interpretam aquele modelo mapeado. É difícil imaginar, que uma representação
aproximada do BP seja suficiente. Mas a experiência mostra que assim se consegue melhores
resultados, porque não se perde muito tempo com a precisão da representação, que na maioria das
vezes é impossível.
Desde os primórdios da utilização da sigla CIM, a ênfase estava na letra "C" de Computador, ou
de uma forma mais ampla, Tecnologia de Informação.
A essa visão tecnológica foram sendo acrescentadas uma visão estratégica, "CIM deve ser
entendido como um meio para se aumentar a velocidade de negócios de uma empresa através de
uma estratégia orientada ao consumidor e uma produção flexível" [ENKAWA 1991]; uma visão
organizacional, "CIM é um padrão contemporâneo de organização da produção, que utiliza os
computadores e a automação como ferramentas para a integração de todas as fases do ciclo de
fabricação do produto, desde sua concepção até a sua comercialização" [VALLE 1991]. Este
mesmo autor acrescenta, quatro anos depois, que este padrão deve estar associado às decisões nas
áreas de estratégias de produção, informatização e cultura técnica [VALLE 1995].
Nesse período surgiu uma grande quantidade de propostas de modelos CIM, arquiteturas CIM,
soluções CIM, etc.. Uma arquitetura bem ampla que pode ser adotada até hoje como referência é a
proposta pelo projeto europeu AMICE (sigla invertida de European Computer Integrated
Manufacturing Architeture) do programa europeu ESPRIT (European Strategic Programme for
Research and Development of Information Technology). Essa arquitetura chama-se CIM-OSA (CIM
Open System Architeture) e fornece um framepara os usuários planejarem e implantarem CIM
[JOR91]. Ao mesmo tempo, os fornecedores de software deveriam adotar o CIM-OSA como padrão
de referência no desenvolvimento de soluções individuais a serem integradas. Após a proposição do
frame, esse trabalho não foi continuado no âmbito do AMICE, pois os interesses comerciais dos
participantes não contemplavam mais a criação de um padrão de referência comum.
As três dimensões propostas pelo frame do CIM-OSA continuam válidas, segundo o autor deste.
Nelas pode-se encaixar os modelos de representação de uma arquitetura CIM. Em uma dimensão
têm-se as visões de função (atividade), informação, recursos e organização. Deve-se acrescentar
aqui a visão de estratégia. Em uma outra dimensão, são propostas as visões de requisitos, projeto e
implementação. Na terceira dimensão estão os modelos gerais, os parciais (específicos por área de
atuação da empresa) e os modelos específicos de uma empresa em particular.
A letra hoje então mais importante da sigla CIM é o "I" de Integração (figura 5).
9
CIM:Computer Integrated Manufacturing
C I M C IM
Atividades Informação
Estratégias
Visão Holística
Business Process
Recursos Organização
A Integração parte de uma visão holística da empresa, onde todas as visões fazem parte de um
todo unificado. O que sustenta esta visão holística é a compreensão da empresa através de seus
business processes.
7. Considerações adicionais
Com a abrangência maior do significado da sigla CIM, qualquer mudança nos cenários atuais
relacionados com novas estratégias, formas organizacionais, tecnologia, etc... influencia a
10
manufatura integrada. Apresentam-se aqui alguns exemplos que podem influir na integração da
manufatura.
Uma outra tecnologia disponível parece que pode ser o caminho para a criação de software no
futuro. Essa tecnologia tem a sigla BPA (business process automation) e seu princípio está na
automação de atividades específicas definidas em um BP resultante, por exemplo, de um trabalho
de Reengenharia. O desenvolvimento desses buiding blocks de software específicos seria realizado
com um ferramenta de desenvolvimento orientada por objeto com grande produtividade e alto grau
de abstração.
A homogênea parte do princípio que existem uma base de dados única para todos os aplicativos
[PET92]. Isto é conseguido através de sistemas integrados, que contém teoricamente todos os
aplicativos que uma empresa de manufatura necessitaria. Esses sistemas são bem flexíveis, pois
podem ser configurados para diversas alternativas. O problema maior desses sistemas integrados é o
seu tempo e custo de implantação. Hoje no entanto já surgem sistemas integrados baseados na
arquitetura cliente-servidor, com cliente Windows TM Assim, esses aplicativos podem fazer uso da
tecnologia OLE (object link embebed), o que facilita a integração funcional com outro aplicativo
que trabalhe também com o padrão OLE. O problema ainda fica na integração da base de dados,
pois os modelos dos sistemas integrados normalmente fazem um uso extenso da integridade
referencial, dificultando a troca on-line de dados com aplicativos não nativos no sistema integrado.
Alguns sistemas, no entanto, fornecem interfaces de dados padrão, onde se armazenam os dados
que se deseja inserir, ficando a criação do relacionamento referencial a cargo do próprio aplicativo.
A integração heterogênea, como o próprio nome diz, preocupa-se em integrar sistemas distintos,
desenvolvidos por fornecedores diferentes [PETRIE 1992]. Ela toma como base um repositório de
dados também conhecido como meta base de dados, que é uma espécie de dicionário de todos os
dados que estão nas bases de dados de cada um dos aplicativos a serem integrados. A grande
desvantagem aqui é o armazenamento redundante de dados. Por utilizar sistemas diferentes pode
11
acontecer que em um ambiente heterogêneo existe também uma redundância das funções oferecidas
por dois aplicativos ou mais. Um exemplo de uma integração deste tipo pode ser visto no Ambiente
de Engenharia Integrado desenvolvido pelo autor deste e que utiliza sistemas comercias
[ROZENFELD 1995a,TIBERTI 1995]. Esse princípio de se trabalhar com meta base de dados pode
também ser utilizado na integração de diversos building-blocks da tecnologia BPA.
Outro aspecto a ser considerado é a cultura técnica da empresa, que é o "reservatório de saber"
partilhado intersubjetivamente pelos agentes técnicos de uma organização, ao qual remetem os
enunciados técnicos, por ocasião de uma tomada de decisão [VALLE 1995]. Segundo este autor,
uma alternativa para a obtenção da cultura técnica apropriada à manufatura integrada é a adoção de
estratégias incrementais de modernização.
Muitos outros aspectos poderiam ser apresentados aqui, a fim de se montar um arcabouço de
alternativas e considerações relevantes à manufatura integrada, segundo a visão holística mostrada.
No entanto, isso fugiria do escopo desta contribuição. As considerações realizadas servem de
exemplos.
Um tema final de reflexão está na questão de como se deve implantar a manufatura integrada
considerando-se os conceitos e aspectos até agora discutidos.
8.Integração da Manufatura
Dentro da nova leitura da sigla CIM apresentada, o caminho para as empresas de manufatura
atingirem os objetivos de suas estratégias deve passar pela Integração da Manufatura, pois nesse
enfoque todos os elementos da empresa são considerados e existe a possibilidade de se combinar
certos aspectos de diferentes abordagens para a melhoria da manufatura. Integrar é, segundo o
dicionário, tornar inteiro, completar [FE75]. Holismo compõe unidades em um todo. Ou seja, a
visão holística da empresa é uma condição para que se possa integrar.
A questão que se coloca então é como integrar dentro desta visão holística. Segundo o autor
deste a integração depende de dois fatores básicos: educação e metodologia. A integração começa
com educação, passa por educação e continua com educação. Utiliza-se aqui o significado amplo do
termo educação, que se inicia fora das empresas e continua por toda a vida profissional do
indivíduo. A metodologia deve ser um frame de métodos, técnicas e ferramentas, que o indivíduo
educado (ou grupo de indivíduos) pode acessar e utilizar conforme a sua necessidade específica.
O outro fator básico é uma referência de como se deve agir para se implantar a integração.
Toma-se aqui como referência uma Metodologia de Integração da Manufatura proposta há 2 anos
[AGUIAR 1994], que após alguns casos práticos de implantação [AGUIAR1994, RENTES1995]
está sendo aperfeiçoada para uma metodologia mais abrangente, não apenas aplicável em empresas
de manufatura, e que hoje serve até de referência para se educar pessoas em seus princípios
[BREMER 1996].
Desenvolvimento de Projetos
Custos por Atividades
Reengenharia ISO9000
Engenharia Simultânea
Implementação e Monitoração
Na figura 6 é apresentado este frame, mas uma discussão mais detalhada sobre o seu conteúdo
pode ser consultada na bibliografia citada. São mostrados aqui somente seus conceitos, que se
relacionam com a nova leitura da sigla CIM. Ela possui três grandes ciclos que podem ser sempre
repitidos: diagnóstico, desenvolvimento de projetos (planejamento e especificação) e
implementação/monitoramento. A visão holística da empresa com base no conhecimento e
especificação do business process está contida no desenvolvimento de todas as suas fases. A ênfase
aqui é criar uma sinergia entre as abordagens passíveis de serem aplicadas, reaproveitando-se por
exemplo o modelo do BP levantado.
13
Para a etapa de diagnótico existem algumas técnicas disponíveis na metodologia. Nesta etapa já
foi utilizado com sucesso o levantamento de disfunções da empresa, envolvendo todas as visões já
citadas. Com isso não se perde a abrangência, no momento de se definir alguma ação corretiva
específica. Em um caso prático de estabelecimento da automação do BP "vender" pôde ser
constatado pelo diagnóstico, que um problema raíz estava na falta de capacidade de gerenciamento
dos dirigentes da empresa e consequente descrédito das pessoas nos procedimentos adotados.
Assim, não adiantava revolucionar o BP "vender", sem antes atacar o problema raíz. Este é somente
um exemplo ilustrativo de tantos outros que puderam ser constatados na aplicação da metodologia.
Nessa etapa não se deve modelar os BPs atuais de forma muito detalhada e pode-se até adotar
algum formalismo já empregado pela empresa, a fim de se obter a base line. Existem outros
métodos disponíveis dentro da metodologia para a fase de diagnóstico que tratam da definição de
estratégias, índices, etc... Porém somente alguns são utilizados em uma aplicação prática,
dependendo dos objetivos da integração e da situação atual.
A etapa de desenvolvimento é mais ampla e depende dos resultados do diagnóstico. Passa pela
definição dos BPs, com diferentes graus de detalhamento, conforme o caso. É nesta etapa que se
obtém a maior sinergia. Deve-se aqui incorporar possíveis resultados já obtidos em projetos
realizados pela empresa no passado, ou mesmo em andamento. Ao mesmo tempo pode-se
reengenheirar um BP específico da empresa enquanto paralelamente se aprimora um processo atual,
apenas eliminando-se deste algumas atividades que não agregam valor ao produto. Com base nos
BPs mapeados, pode-se especificar as atividades para o ABC e mesmo os procedimentos a serem
detalhados para uma certificação da ISO 9000. Essa sequência apresentada é um exemplo e a
metodologia prevê que novas abordagens possam ser incorporadas a ela e que mesmo outra
sequência possa ser empregada em um caso prático.
Na etapa final implementam-se as ações planejadas na etapa anterior. Essa é a etapa mais
demorada e que exige uma maior flexibilidade de ação, pois as condições estão sempre mudando.
Enquanto se implementa uma ação/projeto definido, pode-se estar refazendo um diagnóstico mais
detalhado de um BP específico, visando um outro objetivo. Assim é possível que se realizem
aplicações simultâneas da metodologia , mas sempre em cima de uma mesma base de referência.
Com isso, a empresa evita de sempre estar recomeçando do zero, quando for aplicar uma nova
teoria. Uma análise crítica desta nova teoria tem que ser realizada, para que seja possível identificar
pontos em comuns com informações á existentes, visando a sua reutilização. Considera-se que
somente a partir de um primeiro ciclo de aplicação da metodologia é que se pode falar em melhoria
contínua, pois então existe uma base de referência confiável, que é o mapa dos BPs, com diferentes
graus de detalhamento, conforme as necessidades exstentes.
14
As reflexões desta contribuição indicam que a obtenção da visão holística de uma empresa de
manufatura com base em seus business process é essencial para o seu corpo dirigente, podendo
fazer com que aconteça uma sinergia entre várias abordagens de melhoria da manufatura hoje
existentes. Esse mesmo princípio deve ser utilizado por toda empresa com diferente níveis de
detalhamento. É melhor ser aproximadamente correto, do que precisamente incorreto.
A tecnologia de informação oferece um novo potencial que deve ser explorado para a melhoria
dos BPs, mas não se pode esquecer que o domínio das técnicas de manufatura é a condição básica
para se ter excelência nos negócios. Esse domínio parte do desenvolvimento de produtos, sua
comercilização até a sua fabricação e assistência técnica. A visão tecnológia de CIM é importante,
mas deve estar contida na visão holística, como parte de um todo.
A educação das pessoas da empresa (em todos os níveis) é o maior fator de sucesso da
Integração da Manufatura, associada a uma metodologia de implantação abrangente e flexível.
A educação e sobretudo a reeducação são os maiores desafios existentes hoje em dia para se
viabilizar a Integração da Manufatura. E dentro destes coloca-se um desafio para a Universidade em
formar arquitetos de integração. Esses arquitetos devem possuir uma visão abrangente das
tecnologias técnicas, métodos, business processde referência, modelagem, etc... Eles devem ter
condições de contribuir para a obtenção e formalização da visão holística dentro das empresas,
acelerando o processo de adaptação às novas condições de mercados e aos novos paradigmas.
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Convulsivas e Mudança Organizacional. Revista de Administração de Empresas. 35(5):13-21, São
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AUTOMAÇÃO
Osmar Brune
EXEMPLO DE MÁQUINA -
FERRAMENTA COM CNC
CVX = k * SV
Os programas de usinagem do
CNC possuem recursos para
interagir com o CLP integrado,
através de funções auxiliares. Por
exemplo, uma função no meio do
programa de usinagem pode so-
licitar que o CLP ligue a bomba
de líquido refrigerante para a
peça, durante uma par te da
usinagem.
ARQUITETURA INTERNA DO
CNC
Comando
Numérico
Computadorizado
parte - 2 Osmar Brune
REFERENCIAMENTO
A detecção da posi-
ção, conforme visto no
artigo anterior, é feita através da con-
tagem de pulsos provenientes de um
sensor de posição, por exemplo, um
codificador rotativo (ROD). Através
dessa contagem de pulsos pode-se
determinar o deslocamento realizado
por um eixo desde a energização da
máquina, mas não é possível conhe-
cer a posição absoluta deste eixo.
Pelo menos uma vez, depois de
energizar a máquina, é necessário
descobrir a posição absoluta do eixo
para depois, somando os desloca-
mentos, continuar atualizando a po-
sição absoluta. Esse processo, que
deve ser repetido a cada energização
da máquina, é denominado
referenciamento .
SUPERVISÕES
E ALARMES
Figura 8 - IHM de uma máquina CNC.
DURANTE
POSICIONAMENTOS
Outra super visão impor tante Ou, opcionalmente, aler tará o
Durante o posicionamento de ei- é a checagem da trajetória (ou operador da máquina.
xos, é importante supervisionar a po- supervisão de contorno) que
sição, trajetória e velocidade, para está sendo seguida pelo eixo, CONCLUSÕES
verificar se nenhuma anormalidade para verificar se não se distan-
está acontecendo. cia demais daquela que foi pro- Com este artigo, es-
Uma das supervisões normalmen- gramada, quando ocorre peramos que o leitor te-
te feitas é a verificação do erro de inter polação entre 2 ou mais ei- nha adquirido conhecimentos que
acompanhamento, que não deve ul- xos. Em cada instante, calcula- podem ser-lhe valiosos, por exem-
trapassar um valor máximo configu- se a distância entre a trajetória plo, no projeto de um sistema ca-
rado em dado de máquina. Se isso vier programada e a trajetória real. paz de executar posicionamentos e
a ocorrer, é possível, por exemplo, que Se essa distância ultrapassar interpolações simples entre eixos.
o eixo tenha sido travado por algum um valor máximo estabelecido Em outros subseqüen-
obstáculo. Neste caso, o sistema en- em dado de máquina, o sistema tes, novas funções e ca-
tra em alarme e bloqueia todos os ei- entrará em alar me e bloqueará racterísticas de CNCs
xos, por segurança. todos os eixos, por segurança. serão analisadas.
Comando
Numérico
Computarizado
3ª parte Osmar Brune
N
este artigo, descreveremos um sistema de posicionamento ou um
Nos ar tigos anteriores os dados de máquina mais CNC.
importantes que normal- Passemos à descrição destes da-
desta série sobre CNCs, ci-
mente se encontram em qualquer dos de máquina.
tamos dados de máquina em CNC. Os nomes empregados para
diversos momentos. Dados estes dados de máquina podem dife- VELOCIDADE MÁXIMA
rir entre um modelo de CNC e outro,
de máquina são importantes
mas o importante é compreender os Deve ser informado para cada
parâmetros que devem ser conceitos envolvidos. A compreensão eixo, em mm/min (milímetros por mi-
configurados no CNC duran- destes conceitos é extremamente nuto). O CNC utiliza este dado de
te o comissionamento importante para diversos objetivos, máquina para diversos propósitos,
alguns mais simples como o “setup” tais como:
(“setup”) da máquina- ferra- de uma máquina-ferramenta, outros - evitar que o eixo se desloque aci-
menta. mais complexos como desenvolver ma desta velocidade
MECATRÔNICA ATUAL Nº 5
6 -- AGOSTO/2002
OUTUBRO/2002 55
AUTOMAÇÃO
Se o eixo começa a se atrasar, mentado, esta velocidade tende a po entre cálculos sucessivos da ten-
conforme discutido anteriormente ao ser atingida. Seja qual for o fator KV, são do D/A.
descrever o dado de máquina LIMITE portanto, a velocidade final será a
DE TENSÃO, a tensão calculada pode mesma. Portanto, se o fator KV for Utilizar um KV muito baixo, embo-
resultar num valor maior do que TEN- aumentado, será verificada, em ra resulte num sistema estável, pro-
SÃO PARA VELOCIDADE MÁXIMA. compensação, uma diminuição do voca erros de acompanhamentos al-
Após o cálculo, avalia-se esta tensão, erro de acompanhamento, ou seja, tos e uma resposta mais lenta nos
e toma-se uma das seguintes deci- a posição real ficará mais próxima posicionamentos. Outro efeito indese-
sões: da posição desejada. Este é um jável é que, quando o eixo estiver pa-
- se for menor do que LIMITE DE comportamento altamente desejá- rado, o erro de acompanhamento de-
TENSÃO, comanda-se esta tensão na vel, contudo, há limites para o cres- vido ao “drift” também ficará muito alto,
saída do conversor D/A. cimento do fator KV. o que poderá causar um po-
- se for maior ou igual do que LI- Estes limites são estabelecidos sicionamento final bastante impreci-
MITE DE TENSÃO, e menor do que pela teoria de controle de laços so (adiante descreveremos este fenô-
TENSÃO PARA ALARME, comanda- realimentados, por exemplo, laços de meno e um dado de máquina para
se LIMITE DE TENSÃO na saída do controle PID (proporcional, integral, compensação de “drift”).
conversor D/A. derivativo). O laço de controle Utilizar um KV exageradamente
- se for maior ou igual do que TEN- implementado no CNC (neste exem- alto, por outro lado, leva o sistema à
SÃO PARA ALARME, bloqueia-se o plo) é meramente proporcional (P), não instabilidade e, freqüentemente, ao
eixo e o programa de usinagem, cau- possuindo componentes integral e de- desarme através de alarmes, tais
sando um alarme para o operador. rivativa. No entanto, deve-se observar como aquele provocado pelo dado de
que existe um outro laço de controle máquina TENSÃO PARA ALARME. O
Esta última situação pode ocorrer, externo, o servo-acionamento, que gráfico da figura 3 ilustra um exem-
por exemplo, se um obstáculo está normalmente tem as 3 componentes plo do que pode acontecer com a ten-
obstruindo o avanço do eixo, o que (P, I, D), e está em série (cascata) com são do D/A e velocidade real quando
causa um aumento drástico do erro o controle de posição do CNC. o KV é muito alto, num processo de
de acompanhamento. O máximo valor suportado para o aceleração do eixo. Observa-se que
O gráfico da figura 2 mostra três fator KV depende geralmente de di- a velocidade não consegue se esta-
situações em que o eixo está progra- versos fatores, tais como: bilizar e que o sistema oscila, causan-
mado para se deslocar com VELOCI- - qualidade do servo-acionamento do um efeito altamente indesejável
DADE MÁXIMA: na regulação da velocidade denominado “overshoot”.
a) um situação em que existem - qualidade do conjunto mecânico Como se vê, é necessário estabe-
atrasos (e também adiantamentos) da (baixo atrito, ausência de folgas, lecer um valor adequado para o fator
posição real em relação a posição linearidade, etc). KV, não tão baixo a ponto de permitir
desejada, embora de pequena mag- - atraso entre um efeito na saída altos erros de acompanhamento, nem
nitude, de forma que o LIMITE DE (variação da tensão do D/A) e a cor- tão alto a fim de permitir oscilações.
TENSÃO não é alcançado. respondente verificação do efeito Uma maneira de ajustar o KV é
b) um situação em que um atraso provocado na entrada (realimenta- aumentá-lo gradualmente, até que se
maior se acumulou de forma que o ção de posição). Este atraso depen- iniciem leves oscilações, o que pode
LIMITE DE TENSÃO foi alcançado. de, inclusive, do tempo de ciclo do ser observado monitorando-se a saí-
c) uma situação em que um atra- CNC, ou seja, do intervalo de tem- da de tensão com um osciloscópio,
so tão grande se acumulou de forma
que a TENSÃO PARA ALARME foi
alcançada, bloqueando o eixo e ge-
rando alarme.
FATOR KV
COMPENSAÇÃO DE DRIFT
MECATRÔNICA ATUAL Nº 5
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AUTOMAÇÃO
Quando o eixo está parado, e o a instalação, o instalador pode se dar A figura 5 ilustra os dois tipos de
erro de acompanhamento é maior do conta de que o eixo está se movendo sistema.
que a TOLERÂNCIA DE POSI- para o lado oposto ao esperado. Por Quando existe uma folga no
CIONAMENTO, uma mensagem “fora exemplo, ao comandar um movimen- acoplamento entre o fuso e o eixo, e
de posição” é exibida para o eixo. Esta to para o sentido positivo, o eixo se ocorre uma reversão no sentido de
mensagem não chega a causar o de- desloca para o sentido negativo. Nes- movimento, o fuso (e o ROD a ele
sarme da máquina, mas impede, por te caso, seria necessário inverter dois acoplado) giram sem que o eixo se
exemplo, a execução ou o prossegui- fios da entrada diferencial de tensão mova. Desta maneira, surge um erro
mento da execução de um programa do servo-acionamento. Outra possibi- no cálculo da posição real. Este erro
de usinagem. Se isto ocorre, é tipica- lidade, mais simples, é inverter o dado acaba se corrigindo quando uma
mente um sinal de que uma compen- de máquina POLARIDADE DA TEN- nova reversão ocorre. Todavia, pode-
sação de “drift” pode ser necessária, SÃO. se dizer que em qualquer momento
conforme se discutiu anteriormente. pode existir um erro na posição real,
POLARIDADE DA POSIÇÃO com a dimensão da folga. Para cor-
LIMITE DE PARADA rigir este erro, pode-se medir a fol-
Deve ser informado para cada ga e introduzi-la no dado de máqui-
Deve ser informado para cada eixo, com valor + ou -. Após execu- na COMPENSAÇÃO DE FOLGA.
eixo, em µm (micra). Informa o máxi- tar a instalação, o instalador pode Toda vez que o sentido de movimen-
mo erro de acompanhamento tolerá- perceber que a posição do eixo to for revertido, a compensação será
vel em um eixo que se encontra para- incrementa quando o eixo se des- somada (em reversões do sentido
do. Se este limite for excedido, a má- loca para o sentido negativo, ou positivo para negativo) ou subtraí-
quina é desarmada e um alarme de vice-versa. Isto pode ser soluciona- da (em reversões do sentido nega-
“limite de parada” é exibido. Tipica- do, novamente, invertendo fiação no tivo para positivo).
mente, o LIMITE DE PARADA é ajus- ROD ou régua ótica. Ou de maneira
tado com um valor que é o dobro da mais simples, pode-se inverter o ATIVAÇÃO DA COMPENSAÇÃO
TOLERÂNCIA DE POSICIONA- dado de máquina POLARIDADE DA DE ERRO DE PASSO DE FUSO
MENTO. Potenciais causas para este POSIÇÃO.
alarme de limite de parada são as Deve ser informada para cada
seguintes: COMPENSAÇÃO DE FOLGA eixo, com o valor SIM ou NÃO. Caso
- “drift” excessivamente alto, sen- o valor seja SIM, ativa-se tal compen-
do necessário compensá-lo Deve ser informado para cada sação, que será descrita a seguir.
- problema de hardware ou mecâ- eixo, em µm. Este dado pode ser útil
nico da máquina (exemplo: falha no para compensar folgas em sistemas COMPENSAÇÃO DE ERRO DE
sistema de leitura de posição, movi- de “medição indireta” da posição. Por PASSO DO FUSO
mento inesperado do motor, etc). exemplo, quando um ROD está
acoplado no eixo do motor, e o motor Trata-se de uma tabela que deve
ACELERAÇÃO aciona um fuso, e este aciona um eixo, ser informada para cada eixo, conten-
temos um sistema de medição indire- do valores em µm correspondentes a
Deve ser informado para cada ta. Por outro lado, uma régua ótica diversas posições do eixo. Na figura
eixo, em mm/s2. É utilizado pelo siste- colocada ao longo do eixo, é um sis- 5, mostra-se que um sistema de me-
ma interpolador para calcular a varia- tema de medição direta. dição indireta confia que, a cada rota-
ção da velocidade nas rampas de ace-
leração e desaceleração.
RESOLUÇÃO
POLARIDADE DA TENSÃO
MECATRÔNICA ATUAL Nº 5
6 -- AGOSTO/2002
OUTUBRO/2002 59
MANIPULADORES
Fernando A. Pazos
1ª Parte
Coordenador do Laboratório de Robótica
Instituto de Tecnologia ORT do Rio de Janeiro
se de revolução, seja qual for a orientação deste ân- movimento relativo de um elo com respeito ao anteri-
gulo. O movimento também pode ser de deslocamen- or. No caso das juntas de revolução, serão os ângu-
to linear, onde um elo se afasta ou aproxima do ante- los de rotação entre um elo e o anterior; no caso das
rior uma determinada distância, caso em que a junta juntas prismáticas, a distância entre um elo (ou um
é chamada de prismática, seja qual for também a di- ponto determinado dele) e a junta que o une com o
reção deste movimento linear relativo. Um mesmo elo anterior.
manipulador não precisa ter todas as juntas do mes- Observe-se que o estado dessas variáveis é sufi-
mo tipo, podendo ser algumas de revolução e outras ciente para determinar a posição do efetuador, pois,
prismáticas, segundo a conveniência da configuração se for conhecida a posição de cada uma das juntas a
projetada. Nos braços mecânicos as juntas costumam partir da primeira (a que une a base com o primeiro
ser de revolução, justamente por visarem uma proxi- elo) e os comprimentos dos elos, é possível conhe-
midade com o braço humano. cer a posição do efetuador. Essas variáveis são co-
Na figura 3 são mostrados vários tipos de juntas. nhecidas pelo nome de coordenadas generalizadas. Em
As juntas, então, determinam os movimentos pos- geral elas são representadas por meio de um vetor de
síveis do manipulador, e juntamente com as caracte- tantas componentes quantas juntas tem o manipulador,
rísticas físicas dos elos como suas formas e tama- independentemente de que algumas dessas compo-
nhos, determinam a anatomia do manipulador. A ana- nentes representem ângulos, e outras distâncias.
tomia do robô deve considerar suas aplicações espe- Na figura 4 é mostrado um robô manipulador de
cíficas. Por exemplo, um manipulador destinado a co- duas juntas de revolução. As coordenadas generali-
locar componentes eletrônicos numa placa de circui- zadas serão dadas pelo vetor [q1 q2], cujas compo-
to impresso deve ser substancialmente diferente de nentes representam os ângulos dessas juntas. Co-
um outro destinado a deslocar carros de um ponto da nhecendo o valor desse vetor, bem como os compri-
linha de produção a outro. mentos dos elos, os quais foram denominados no
desenho como L1 e L2, é possível determinar a posi-
COORDENADAS GENERALIZADAS ção do efetuador (ou, mais precisamente, do extremo
do último elo), expressa em função de um par de ei-
As variáveis características das juntas são aque- xos cartesianos ortogonais (x;y) com a origem soli-
las grandezas físicas que permitem representar este dária com a primeira junta.
total conformado pelo percurso do extremo do último ção, por exemplo, existirá um ângulo máximo de giro,
elo (o punho), quando o manipulador efetua todas as determinado por limites mecânicos).
trajetórias possíveis. A posição do punho do manipulador pode ser re-
Em geral, não é considerada a presença do presentada no espaço de trabalho ou no espaço das
efetuador para definir este volume de trabalho, pois juntas. A “posição no espaço de trabalho” é determi-
se fosse assim este volume ficaria determinado pelo nada pela posição do punho segundo um sistema de
seu tamanho, o qual depende do dispositivo terminal três eixos cartesianos ortogonais, cuja origem em
utilizado. Por exemplo, este volume variaria dependendo geral é solidária com a base do robô. Portanto, a posi-
do efetuador ser uma garra ou uma ponta de solda ção do punho é representada no espaço de trabalho
comprida. como um vetor de três componentes [x y z]. A “posi-
Note-se que este volume dependerá da anatomia ção no espaço das juntas” é representada pelo vetor
do robô, do tamanho dos elos, assim como dos limi- de coordenadas generalizadas, ou vetor cujas com-
tes dos movimentos das juntas (nas juntas de revolu- ponentes significam a posição de cada junta (ângulo,
Figura 8 - Manipuladores de configurações cartesianas (a), cilíndrica (b), esférica (c) e de revolução (d).
se for de revolução ou distância, se for prismática), ção, ou uma combinação de ambas. Para cada com-
relativas a uma posição inicial arbitrária. Como foi es- binação possível haverá uma configuração física ou
pecificado anteriormente, o conhecimento dos valo- anatomia, diferente. Observe-se que a configuração
res das coordenadas generalizadas é suficiente para física independe do tamanho dos elos, pois eles de-
determinar a posição do punho dentro do espaço de terminarão em todo caso o tamanho do espaço de
trabalho. trabalho, mas não sua forma.
A influência da configuração física sobre o vo- As configurações físicas, então, estão caracteri-
lume de trabalho é ilustrada na figura 7. Observe- zadas pelas coordenadas de movimento das três pri-
se que, dependendo da configuração, este volume meiras juntas, ou pelas três primeiras coordenadas
pode ser um semi-esfera parcial, um cilindro, ou generalizadas, que são as variáveis que represen-
um prisma. tam o movimento delas.
Nos robôs reais, os limites mecânicos no movi- Na maioria dos robôs manipuladores industriais,
mento das juntas produzem um espaço de trabalho independentemente do tamanho e formas dos seus
com contornos complexos, como é ilustrado na figura elos, dispõe-se de quatro configurações básicas:
8, acima.
Coordenadas cartesianas;
ANATOMIA DOS MANIPULADORES Coordenadas cilíndricas;
Coordenadas esféricas ou polares; e
Existem diferentes configurações físicas ou dife- Coordenadas de revolução.
rentes anatomias, nos robôs manipuladores. Cada
uma delas encontrará utilidade em alguma aplicação ACIONAMENTO DO MANIPULADOR
específica. Essas configurações estão determinadas
pelos movimentos relativos das três primeiras juntas, O movimento em cada junta é realizado por
aquelas destinadas ao posicionamento do efetuador. atuadores. Os principais utilizados são motores elé-
Efetivamente, elas podem ser prismáticas, de revolu- tricos, pistões hidráulicos e pistões pneumáticos, os
quais podem dar às juntas um movimento linear ou de para conhecer a posição da junta. Às vezes são em-
rotação. Os atuadores são conectados mecanicamente pregados potenciômetros rotativos também, onde o
às juntas por meio de diferentes mecanismos de trans- sinal analógico entregue é proporcional ao ângulo de
missão de potência mecânica, tais como engrenagens, rotação da junta. Na hipótese da junta ser prismática,
polias, correntes e parafusos de acionamento desti- uma engrenagem pode converter o movimento linear
nados a dar ao movimento a desejada direção, força e para uma rotação e assim entregar a informação para
velocidade. um encoder. Também podem ser usados sistemas de
No caso dos braços mecânicos, o mais comum é visão digitais, pois analisando a imagem fornecida, o
empregar motores elétricos, que podem ser de cor- controlador pode conhecer a posição de todas as jun-
rente contínua, com ímã permanente ou de passo. Na tas do braço.
hipótese de alguma das juntas ser prismática, em geral Dependendo da tarefa, o efetuador é capaz de exer-
o movimento linear é conseguido através de um para- cer uma determinada força sobre uma superfície so-
fuso de acionamento, que transforma o movimento de bre a qual desliza, por exemplo para efetuar uma sol-
rotação do motor num deslocamento linear. O da, ou um corte, entre outras aplicações possíveis.
acionamento elétrico propicia ao robô uma maior pre- Nesse caso, o controlador não mais controlará ape-
cisão, além de requerer espaços reduzidos para sua nas a trajetória do efetuador, mas também a força
montagem, podendo se colocar os atuadores na pró- que este exerce sobre a superfície, a fim de não
pria estrutura física do manipulador. quebrá-la ou não deteriorar a ferramenta utilizada. Para
O acionamento hidráulico é geralmente associado isso é necessária a utilização de sensores de força
a manipuladores de maior porte, pois eles propiciam no punho do manipulador, e em geral são usados strain
ao robô maior velocidade e força. Em contrapartida, gauges.
ele se soma ao espaço útil requerido pelo robô, o Em alguns casos os programas de controle preci-
que o aumenta consideravelmente, além de sofrer sam conhecer as velocidades das juntas também,
de outros inconvenientes tal como a possibilidade não apenas as posições, e isto depende da lei de
de vazar óleo. Os robôs com acionamento hidráuli- controle a ser implementada. Porém, não é comum
co podem ter juntas prismáticas, movimentadas utilizar tacômetros nos manipuladores por causa do
por meio de pistões, ou de revolução, através de alto nível de ruído desses dispositivos. Em geral, o
motores hidráulicos. controlador deriva a posição com respeito ao tempo
O acionamento pneumático é empregado em ro- para estimar a velocidade.
bôs manipuladores de pequeno porte e com poucos O manipulador deve ser controlado por algum tipo
graus de liberdade, geralmente não mais de dois. Por de controlador programável. No caso dos braços me-
não terem os pistões pneumáticos uma grande preci- cânicos, o mais comum é trabalhar com computado-
são, devido à compressibilidade do ar, esses robôs res digitais. O programa de controle é responsável
assim acionados são utilizados em operações de “pega por conseguir que a operação feita pelo manipulador
e põe” (conhecidos como pick & place), onde os elos acompanhe, da maneira mais fiel possível, a posição
se deslocam bruscamente entre dois extremos pos- de referência. Esta posição pode ser inserida exter-
síveis, dados pelos limites mecânicos dos pistões no namente através de um mouse, um joystick, ou pelo
modo de bang-bang, sem possibilidade de controle teclado, ou pode estar já programada dentro do
sobre a trajetória intermédia do efetuador. software de controle.
Como já foi visto anteriormente, o controlador cui- Interfaces, placas de potência e conversores A/
da, através do programa de controle, para que o D e D/A completam a estrutura do sistema de con-
manipulador realize a tarefa programada com a maior trole e da planta apropriada para um funcionamen-
precisão possível dentro das especificações técnicas. to adequado. l
Em caso do robô ser movimentado por motores de
passo, ele pode ser controlado em malha aberta, por
possuirem esses dispositivos precisão na rotação. Mas
NO PRÓXIMO NÚMERO:
se for acionado por motores de corrente contínua, é
necessário fechar a malha através de sensores, por-
que o controlador precisa conhecer a resposta do - Controle de manipuladores
manipulador a fim de imprimir nos motores os sinais - Precisão e repetitibilidade
de excitação necessários para executar a trajetória
com precisão. Os sensores utilizados são sensores - Efetuadores
de posição, um para cada junta. Os mais comuns são - O robô manipulador Armdroid
os encoders óticos incrementais, onde o controlador
vai contando os pulsos entregues pelo sensor ótico
2ª Parte
Fernando A. Pazos
O primeiro é utilizado
Na edição anterior abordamos vários con- em robôs acionados por
ceitos a respeito da definição e classifica- pistões, que podem ser hi-
ção dos robôs, detendo-nos numa classe es- dráulicos ou pneumáti-
cos, sendo esta última
pecífica que tratava dos robôs ma-
possibilidade a mais fre-
nipuladores. Foi mostrada como é compos- qüente. Limites mecâni-
ta a sua estrutura básica, cuja continuidade cos (ou "topes"), que po-
é o assunto deste artigo. Aqui trataremos dem ser os dos próprios pis-
tões, limitam o movimento
os conceitos de controle, precisão, deles. Dessa maneira, o
repetitibilidade e os efetuadores. Abordare- controlador simplesmente
mos também um exemplo prático: o robô ativa ou desativa as eletro-
válvulas correspondentes para
manipulador Armdroid. que o ar comprimido ou o fluido pressurizado,
empurrem ou puxem as hastes dos pistões até seus limi-
H
á diversos tipos e classificações dos dife- tes, movimentando assim os elos ou a peça de maneira
rentes algoritmos de controle para robôs adequada. Logo, as diferentes posições atingidas pelo
manipuladores, que são empregados na robô são muito restritas; por exemplo, em um manipulador
prática. Esses algoritmos, dependendo de dois elos e duas juntas movimentadas por pistões,
da sua complexidade, podem ser implementados apenas 4 posições possíveis podem ser atingidas. Esses
por controladores de diversas tecnologias, desde sistemas usualmente operam em malha aberta, não pos-
alguns muito simples tais como sistemas suindo, portanto, nenhum tipo de sensor para o controlador
eletromecânicos de relays e switches, até poder monitorar as posições dos pistões, no máximo um
microcomputadores ou microcontroladores sensor para a detecção da presença da peça a manipular.
digitais. Esse tipo de controle é chamado de bang – bang e é
Nesta seção será realizada uma classificação ge- utilizado principalmente em manipuladores do tipo pick
ral dos algoritmos de controle, a qual refere-se ao tipo & place (“pega e põe”). Os controladores desses siste-
de movimento fornecido ao manipulador. mas também podem ser muito simples, tais como cir-
Existem três tipos básicos de controle de cuitos eletrônicos com temporizadores e saídas digi-
manipuladores, a saber. tais para o acionamento das eletroválvulas.
MECATRÔNICA
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Nº 3
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1 - O Programa ArmRobotÒ
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ROBÓTICA
para indicar em que sentido os motores devem vimento. Caso este parâmetro esteja em true, o braço
girar. somente se moverá se este movimento não ultrapas-
MaxPos: número máximo de posições que podem sar as posições limites de cada articulação. Se esti-
ser memorizadas. A posição 50 está reservada para a ver em false, o braço se movimentará de qualquer
posição de início do braço. maneira, mesmo que seja instruído para ir além dos
zero: posição dentro do vetor de memória de posi- limites. É recomendável deixar este parâmetro sem-
ções (Mem_pos) reservada para que o usuário possa pre em true.
utilizá-la para resetar o sistema. Exemplo:
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ROBÓTICA
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ROBÓTICA
cada eixo movimenta-se na sua má-
xima ou razão limitada até que ele
alcance a posição desejada. Apesar
de que todos os eixos iniciarão o
movimento simultaneamente, eles
não completarão necessariamente
seus movimentos ao mesmo tempo.
O Controle CONTROLLED PATH
(CP) concerne ao controle da coorde-
nada de todas as juntas de movimen-
to para alcançar um caminho deseja-
do entre dois pontos programados.
Neste método de controle, cada eixo
move-se suavemente e proporcional-
mente para fornecer um previsível mo-
vimento de caminho controlado.
Código-fonte - 1
//INST
///DATE 2002/04/08 19:55
///ATTR SC,RW
///GROUP1 RB1,BS1
NOP
MOVJ C0000 BC0000 VJ=50.00
SET B010 0
SUB P020 P020
*A
MOVJ C0001 BC0001 VJ=50.00
MOVL C0002 BC0002 V=50.0
MOVL C0003 BC0003 V=33.3
TIMER T=1.00
DOUT OT#(9) OFF
DOUT OT#(10) ON
TIMER T=1.00
MOVL C0004 BC0004 V=66.7
SFTON P020 UF#(20)
Figura 4 - Exemplo de uma unidade de
MOVL C0005 BC0005 V=75.0 controle do robô, onde serão armazenados
MOVL C0006 BC0006 V=50.0 Figura 3 - Programming pendant (PP) e gravados todos os dados de
TIMER T=1.00 Motoman. programa.
DOUT OT#(10) OFF
DOUT OT#(9) ON 1. A coordenada do ponto de “teaching” é tratado também
TIMER T=1.00
movimento deve ser identificada e como “lead-through” em algumas
MOVL C0007 BC0007 V=75.0
armazenada na unidade de contro- literaturas e outras abordam o as-
SFTOF
le. O ponto pode ser armazenado sunto levando ao entendimento
ADD P020 P021
INC B010 como coordenada de eixo, junta in- que o método “lead-through” seja
JUMP *A IF B010<3 dividual ou coordenada geométri- diferente do “teaching” e semelhan-
MOVJ C0008 BC0008 VJ=50.00 ca do tipo que o robô possa arma- te ao método “walk-through”. Bus-
MOVJ C0009 BC0009 VJ=50.00 zenar. cando a concepção da etimologia
END 2. As funções serão executadas da palavra “LEAD”, significa con-
nos pontos específicos, devendo ser duzir, guiar; posso assim enten-
identificadas e gravadas. der que o método de conduzir o
1
Painel de acionamento e con- robô através de um “teach-pendant”
3. Os dados dos pontos e fun-
trole é a interface homem-máquina, é razoável, e a etimologia da pala-
ções são organizados dentro de um
que possui diversos nomes na lite- vra “WALK”, caminhar, passear, me
caminho de seqüência lógica e
ratura, tais como “teaching box”, leva a entender que o método é de
subseqüências. Isto inclui estabe-
“teaching pendant”, etc... não é co- caminhar junto ao robô no proces-
lecer que caminhos deveriam ser
mum a tradução deste termo para a l
so de ensino.
feitos sobre condições específicas
língua portuguesa, ficando em uso a
e quando várias supervisões de es-
nomenclatura de origem de seu equi-
tados seriam feitas.
pamento que é adotado de maneira BIBLIOGRAFIA
própria por cada um dos fabricantes Não podemos deixar de lado a
de robô no mercado, por exemplo a questão de segurança no manuseio
- Handbook of industrial
Motoman utiliza o nome pro- do robô, na programação on-line ,
robotics, NOF, Shimon Y. 2a. Ed.
gramming pendant (PP), conforme principalmente no método “walk-
New York, John Wiley;
vemos na figura 3 ; Kuka, kuka pa- through”. O programador corre sé-
- Como usar de maneira cor-
inel control (KPC) ; Reis , main rios riscos, pois está dentro de
reta os robôs industriais,
programming control (MPC) ; etc... uma posição em potencial de risco SUGIMORO, Nobor u. SCSul,
Na figura 4, temos a exem- de acidente, no envoltório de tra- Escola SENAI Armando de
plificação de uma unidade de con- balho do robô com os dispositivos Arruda Pereira;
trole do robô, MRC Motoman de segurança desativados ou - h t t p : / / w w w. o s h a _ s l c .
inoperantes. gov/dts/osta/otm/otm_iv/
CONCLUSÃO Existem algumas divergênci- otm_iv_4.html ,Osha te-
as, nas literaturas, em relação chnical manual – section IV:
A programação das tarefas envol- aos processos de ensinamento: chapter 4
ve a integração de três fatores básicos: o método descrito como
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ROBÓTICA
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ROBÓTICA
- Integração com sistemas exis-
tentes de CAD/CAM:
- Simplificação de atividades com-
plexas;
- Verificação de programas de
robô:
- Softwares de simulação po-
dem ser usados para demonstrar
tarefas livres de colisão antes da
geração do programa do robô.
Conforme ilustram as figuras 3 e
4.
É possível enumerar outras
possibilidades de utilização da
ferramenta de programação off-
line e simulação, além das descri-
tas acima, que fogem do contex-
to, mas que é interessante a sua
menção:
- Planejamento da produção;
Figura 1 - Exemplo de uma célula de trabalho virtual. - Projeto e otimização de dispo-
sições “lay-outs”;
- Projeto de produto e otimização;
- Supervisionando e coletando
dados;
- Construção de Robôs;
- Educação;
CONCLUSÃO
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