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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE HISTÓRIA (BACHARELADO)

NATHÁLIA RODRIGUES DE LIMA

ANÁLISE CRÍTICA DO TEXTO “EM BUSCA DA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES


NAS LUTAS PELA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA NA AMÉRICA LATINA”

(TEXTO 11)

PROF. PERE PETIT

BELÉM
2023
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PRADO, Maria Ligia C. ''Em busca da participação das mulheres nas lutas pela
independência da América Latina''. Revista Brasileira de História (Impresso) , São
Paulo, v. 23/24, n.23/24, p. 77-90, 1992.

Maria Ligia Prado é graduada em História pela FFLCH/Universidade de São Paulo


(1971), Mestre e Doutora em História Social, FFLCH/USP (1982), também é Professora
Titular em História da América Independente, FFLCH/USP (2002). Maria Ligia Prado é
especialista em História da América Latina, trabalhando na interseção dos campos da
História Política, História da Cultura e História das Ideias.

O artigo da historiadora intitulado Em busca da participação das mulheres nas


lutas pela independência da América Latina, tem como tema a participação das mulheres
nos processos de independência, que, apesar de ter sido massiva, não é reconhecido nos
escritos da História. Assim, Maria Lígia Prado objetiva evidenciar como estas mulheres
foram importantes e protagonistas — de diversas formas — das devoluções, assim como,
busca mostrar como as construções ideológicas sobre o sexo feminino passa uma imagem
distante da realidade.

A princípio, a autora discuti o fato da exaltação constante da figura masculina como


responsáveis, representantes e mártires das independências ocorridas na América Latina —
Brasil, Venezuela, México. Já a mulher era vista como omissa e submissa, longe dos
assuntos importantes e alheia aos acontecimentos. Esse posicionamento é repetido na
historiografia, sendo necessário um trabalho que desmistifique essas ideias (P.77 e 78).

Dessa forma, a historiadora aponta a participação das mulheres até mesmo


acompanhando seus maridos nos campos de batalha, com filhos ainda bebês. Mas, Maria
Prado foca na figura brasileira de Maria Quitéria, que diferente dos outros exemplos
citados anteriormente no texto, teve que esconder seu sexo, disfarçado-se de homem para
participar da guerra, no fim foi reconhecida e condecorada pelo imperador. Também é
estudado o exemplo da figura boliviana de Juana Padilla, que liderou grupos de soldados
com o marido, sendo reconhecida como corajosa e habilidosa, mas que depois da
independência, ficou esquecida. 

Maria Lígia Prado também discute o trabalho das mulheres como mensageiras e
cooperadoras dos rebeldes, e enfatiza a inclusão não só de mulheres ricas, mas pobres e
mestiças também (P.83-84). Tem-se de formas escassa aescrita da história dessas mulheres,
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mostrando alguns exemplos das ações realizada por elas, mas também sua invisibilidade na
escrita da história. 

Na historiografia sobre o sexo feminino, produzidas por homens, as mulheres são


representadas como simples, gentis, altruístas, e quando os seus atos a favor da revolução
eram retratados, era justificados pelo “amor à pátria” ou “sentimentos e desejos do
coração”, o que as moviam eram suas paixões, a razão, nesses relatos, não era relacionada
as mulheres. Assim, não buscavam reconhecimento, buscavam apenas o bem de sua pátria,
e após isso, deveriam voltar para a segurança do lar — que era seu devido lugar —
enfatizando sempre sua ligação com a família (P.85-88).

Desse modo, precisa se destacar a participação feminina na política, seja de forma


direta nas batalhas, quanto na criação de estratégias para o bom andamento do movimento.
Entretanto, apesar de tal importância, não se tem nenhuma figura feminina como símbolo
de heroísmo nacional na América Latina. Além disso, a natureza de suas atitudes foi
completamente deturpada para se encaixar em um padrão feminino ideal, ao invés de
verem a rebeldia e insubordinação, seus atos foram escritos como “virtudes cristãs e
patrióticas”.

Por fim, vale ressaltar a importância do papel das mulheres e sua coragem nas
participações das devoluções de independência e em diversos outros fatos históricos. Da
mesma forma, deve se conceder o direito de passar para frente, ensinar e admitir a
relevância do sexo feminino para nossa história. Portanto, tem-se a esperança de mudança
historiográfica conforme aumenta-se o reconhecimento do papel do sexo feminino do
mundo.

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