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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


FACULDADE DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS E REGIMES
AUTORITÁRIOS NA AMÉRICA LATINA
DISCENTE: STEFFANY DOS SANTOS FLORES

PRADO, Maria Ligia Coelho. Em busca da participação das mulheres nas lutas pela
independência política na América Latina. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol.
12, nº 23-24, p. 77-90, 1991-1992.

Maria Ligia Coelho Prado em seu artigo intitulado “Em busca da participação das
mulheres nas lutas pela independência política na América Latina” trata sobre a “participação
política das mulheres durante as lutas pela independência na América Latina” (PRADO,
1991/92, p. 90). A autora argumenta como a presença dessas mulheres é muito significativa
nas batalhas pelas independências, porém esquecida pela historiografia tradicional. Seu artigo
mostra — analisando as biografias escritas por homens no século XIX em que essas mulheres
são apresentadas como grandes mães e viúvas, católicas devotas, que foram tomadas por um
sentimento de paixão que as empurrava pelas trilhas de insurreição1 — como se constroem
ideologias sobre suas vidas que apagam qualquer traço de rebelião.
A autora começa seu artigo discutindo sobre as peças principais que construíram as
narrativas históricas desse período. A necessidade de escrever a história dos nascentes
Estados e a criação dos heróis nacionais, são os dois elementos que Maria Ligia argumenta
serem basilares para a produção dessas perspectivas históricas. O tema dos heróis nacionais,
sempre sendo figuras masculinas, configuram as questões que a autora aborda, sendo estas: “a
busca da participação das mulheres nas lutas pela independência e a construção de seu lugar
como heroínas e patriotas” (PRADO, 1991/92, p. 78).
Após trabalhar com exemplos de diversas mulheres que atuaram nas lutas pelas
independências, argumentar sobre suas ações e punições que sofreram, a autora aborda a

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PRADO, Maria Ligia Coelho. Em busca da participação das mulheres nas lutas pela independência política na
América Latina. Revista Brasileira de História, São Paulo, 1991/92. p.86.
questão das narrativas produzidas em biografias do século XIX e começo do XX, que
possuem cunho patriótico e que, apesar das distorções, exaltam a participação consciente das
mulheres nessas ações. Isso faz com que a autora trabalhe, a exemplo, com panfletos chilenos
para entender "a necessidade de convencimento das mulheres da importância da "causa
patriótica"" (PRADO, 1991/92, p. 84).
Por último, a autora expõe que por mais que a atitude dessas mulheres não fosse
considerada "adequada e correta" para o período colonial, narrativas posteriores a esse
momento, transformaram-nas em heroínas respeitáveis movidas pelo amor à pátria. Esse é um
ponto que Maria Lígia chama atenção pois essa narrativa solidifica a ideia de que a mulher é
um ser movido apenas por sentimentos, e suas ações são tomadas sem um pensamento
racional, "arrebatadas por forte sentimentos tornaram-se insurgentes" (PRADO, 1991/92, p.
86).
Em suas considerações, a autora ressalta mais uma vez a importância do
reconhecimento da participação das mulheres nas lutas pelas independências na América
Latina para além do que já foi apontado pela historiografia. Em segundo lugar, chama atenção
para como em nenhum dos países lanito americanos essas mulheres foram transformadas em
heroínas nacionais, tendo suas homenagens como "fundadoras da pátria" extremamente
restritas.

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