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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR ALMEIDA RODRIGUES LTDA

CNPJ: 04.284.276/0001-04 – Insc. Est.: Isento


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ATIVIDADE 01 - Leitura Complementar e Questionário

- TEXTO 01 –

JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS

O surgimento de grupos de justiceiros no Rio de Janeiro, revelados quando um garoto foi espancado e preso
pelo pescoço a um poste, é um sinal de alerta que não pode ser negligenciado. Ele aponta numa direção muito
perigosa, na qual as pessoas não reconhecem mais a noção de Estado, retornando da civilização à barbárie. Se parece
exagero, é bom lembrar que para muitos o momento fundador da civilização é quando todas as pessoas abrem mão
do uso da força física, delegando exclusivamente ao Estado essa prerrogativa. Fazer justiça com as próprias mãos
seria, literalmente, barbaridade.
Ocorre que o senso de injustiça é muito arraigado em nós. Pesquisas com diversas espécies animais mostram
que essa noção tem origens antigas na escala evolutiva: de ratos a gorilas, punir infrações parece ser útil há muitas
eras. Noções de dano, contaminação, deslealdade e desobediência sinalizam em nós com muita força as sensações de
certo e errado, automaticamente dando origem a desejos de vingança ou reparação. Mas ser civilizado significa
exatamente conseguir conter tais impulsos primitivos, franqueando às autoridades superiores a efetivação da justiça.
Quando as pessoas sentem que podem – ou que até devem – tomar de volta a possibilidade de usar a força
física, com a alegação de que estão fazendo justiça, a mensagem transmitida é que não se crê mais no pacto social.
Quer por falta de ação do Estado, quer por excesso de violações com que se deparam, elas considerarem que seu
senso de justiça não está satisfeito e resolvem agir por si mesmas. A gravidade está no fato de isso indicar uma
situação de anomia, na qual os fundamentos da sociedade colapsam levando à ausência de regras e consequente
incapacidade de adequação aos padrões de conduta.
Forma-se um círculo vicioso no qual as pessoas se sentem injustiçadas, não creem na ação do Estado e por
isso rompem o pacto social, o que gera mais injustiça. É um dos poucos momentos em que não há muita margem
para debate: tanto quem está à esquerda como quem está à direita concorda que a única saída é o resgate da
legitimidade do Estado.

(disponível em: http://blogs.estadao.com.br/daniel-martins-de-barros/justica-com-as-proprias-maos/)

- TEXTO 02 -

A CONCILIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE PACIFICAÇÃO SOCIAL NA RESOLUÇÃO


DE CONFLITOS

Por Nykson Mendes Lacerda Cavalcante

Artigo completo disponível em: http://www.editorajc.com.br/2013/08/a-conciliacao-como-instrumento-de-


pacificacao-social-na-resolucao-de-conflitos/

O QUE É CONCILIAÇÃO?

Na definição do Conselho Nacional de Justiça, conciliação é “um meio alternativo de resolução de conflitos
em que as partes confiam a uma terceira pessoa (conciliador), a função de aproximá-las e orientá-las na construção
de um acordo”. (online)
Destarte, a conciliação é um instrumento alternativo e acessível ao cidadão, seja na fase pré-processual, ou
processual, que tem como finalidade por fim ao conflito entre as partes de forma simples, célere e eficiente,
alcançando a pacificação social, um dos objetivos fins do sistema judicial brasileiro (art. 3º, inciso I e art. 5º,
LXXVIII).

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Nesse sentido, Dinamarco (2005, p. 138) afirma:

Melhor seria se não fosse necessária tutela alguma às pessoas se todos cumprissem suas obrigações e
ninguém causasse danos nem se aventurasse em pretensões contrárias ao direito. Como esse ideal é utópico,
faz-se necessário pacificar as pessoas de alguma forma eficiente, eliminando os conflitos que as envolvem e
fazendo justiça. O processo estatal é um caminho possível, mas outros existem que, se bem ativados, podem
ser de muita utilidade.

Percebe-se que o autor, sem menosprezar o processo estatal, define bem a necessidade de buscar outros
caminhos que resolvam os conflitos de forma mais célere e acessível ao povo, dentre esses caminhos está à
conciliação, que vem demonstrando ser uma ferramenta útil e eficiente.
Para Cintra, Grinover e Dinamarco (2008, p. 32),

A primeira característica dessas vertentes alternativas é a ruptura com o formalismo processual. A


desformalização é uma tendência, quando se trata de dar pronta solução aos litígios, constituindo fator de
celeridade. Depois, dada a preocupação social de levar a justiça a todos, também à gratuidade constitui
característica marcante dessa tendência. Os meios informais gratuitos (ou pelo menos baratos) são
obviamente mais acessíveis a todos e mais céleres, cumprindo melhor a função pacificadora. Por outro lado,
como nem sempre o cumprimento estrito das normas contidas na lei é capaz de fazer justiça em todos os
casos concretos, constitui característica dos meios alternativos de pacificação social também a delegalização,
caracterizada por amplas margens de liberdade nas soluções não-jurisdicionais (juízos de equidade e não
juízos de direito, como no processo jurisdicional).

Para os renomados autores, a característica fundamental que emerge dos meios alternativos de resolução de
conflitos resume-se na ruptura com o formalismo processual e na gratuidade da justiça, tornando-a mais acessível e
célere as pessoas de menor poder aquisitivo, cumprindo assim o Estado-juiz com a sua função precípua de pacificação
social.

OBJETIVOS DA CONCILIAÇÃO

Em consulta ao site do Conselho Nacional de Justiça, verifica-se que o objetivo das campanhas pelo
Movimento da Conciliação é propagar em todo o país uma cultura voltada para a paz social e o diálogo,
desestimulando a conduta da litigiosidade entre as partes. (online)
Em artigo publicado no Correio Brasiliense (2007, p. 01), a então presidenta do Supremo Tribunal Federal e
do Conselho Nacional de Justiça, Ellen Gracie afirmou que o objetivo da implantação do Movimento pela
Conciliação (agosto de 2006) é “alterar a cultura da litigiosidade e promover a busca de soluções para os conflitos
mediante a construção de acordo”.
Percebe-se que ao implementar a política conciliatória, o legislador tem buscado inculcar no âmbito do
judiciário e na mente da sociedade brasileira, a cultura do diálogo e da paz, a fim de viabilizar a solução de conflitos
por via mais simplória, célere, acessível, barata e acima de tudo consensual, objetivando atingir com maestria a tão
sonhada cultura da pacificação social, prevista no artigo 3º, inciso I, da CF/88, evitando com isso, a interposição
desnecessária de ações e reduzindo as que se encontram emperradas.

A IMPORTÂNCIA DE SE CONCILIAR AS PARTES

Como já comentado anteriormente, fatores como o crescimento populacional, grande números de contendas
ajuizadas e um sistema judicial centralizador e caro, foram os principais motivos que contribuíram por décadas para
uma prestação jurisdicional morosa e ineficaz.
Para o Conselho Nacional de Justiça “[...]. Esse sistema de incapacidade do Estado em pacificar todos os
conflitos e oriundo do aumento da população e da litigiosidade decorrentes da consolidação dos direitos. (PROJETO
MOVIMENTO PELA CONCILIAÇÃO, 2006, p. 02)
Para Rafael Oliveira Carvalho Alves, (2008, p. 4):

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A questão é bem mais árdua do que se apresenta. Escusa-se o mesmo órgão jurisdicional, encarregado do
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário (CF/88, art. 103-B, § 4º), de apontar
outros motivos fundamentais para o cabimento de tal incapacidade: a quase inércia do Judiciário brasileiro
frente ao problema do acesso à justiça, o despreparo técnico e muitos profissionais da área, a corrupção
desenfreada etc.

Esse cenário fez com que o Estado-Juiz repensasse sua forma de fazer justiça e buscasse alternativas que
melhor resolvesse os conflitos de forma rápida e menos burocrática (informal), a fim de que realmente cumpra com
o seu papel de pacificador social.
Segundo a Ministra Ellen Gracie (2007, p. 2), “[...] uma justiça mais acessível, efetiva, simples e informal é
o que deseja a população brasileira. A adoção da conciliação tem se revelado fórmula hábil para atender esse anseio
[...]”.
Nesse contexto, a conciliação tem se mostrado ferramenta hábil na composição de litígios que envolvem
direitos disponíveis, cooperando satisfatoriamente para desafogamento do judiciário e para a satisfação das partes.
Importa dizer ainda, que além de resolver a lide em tempo recorde, a conciliação tem como pontos positivos
o restabelecimento da comunicação entre os litigantes, além de retirar das partes aquele sentimento de animosidade,
pois, a sensação pós-acordo é a de que todos sagraram-se ganhadores, sobressaindo do processo a paz social desejada.
Segundo a Ministra Ellen Gracie (2007, p. 01), “a implementação da conciliação como prática permanente é
simples. Não demanda grandes gastos nem providencias complicas. Prescinde da construção de prédios e da
contratação de pessoal. Não depende de edição de leis e não exclui a garantia constitucional de acesso a justiça”.
No entanto, é bom ressaltar que o processo conciliatório depende da mudança de mentalidade e do empenho
de todos os envolvidos para o alcance dos resultados pretendidos (acordos).
A Ministra Ellen Gracie (2007, p. 01) reafirma esse entendimento ao dizer que é necessário que os envolvidos
“[...] promovam profunda alteração de mentalidade e adotem a disposição de modificar condutas consolidadas por
longos anos de atuação com foco na litigiosidade”.
Esse é o ponto crucial que vem sendo trabalhado pelo Conselho Nacional de Justiça juntamente com todas
as comarcas do país e demais órgãos vinculados, ou seja, imprescindível é que as pessoas entendam a importância
da disseminação da cultura do diálogo, principal veículo para se chegar a um acordo.
É bom lembrar que a prática da conciliação não retira do Estado-Juiz as suas prerrogativas, pelo contrário,
exurge como mais uma ferramenta hábil a contribuir para resolução de conflitos.

O EMPENHO DA JUSTIÇA NA DIFUSÃO DA CONCILIAÇÃO

Desde a primeira edição do Movimento pela Conciliação, deflagrado em 8 de dezembro de 2006, o Conselho
Nacional de Justiça, vem difundindo esse instituto hábil e célere na resolução de conflitos. Naquele ano, foram
realizadas quase 84 mil audiências em todo o Brasil, cujos acordos superaram 55% (cinquenta e cinco por cento).
(FERNANDES, 2007, p. 04)
Em razão disso, associada à necessidade do desafogamento do judiciário, o Conselho Nacional de Justiça
vem anualmente promovendo edições da semana da conciliação, em conjunto com os Tribunais de todo o país, cujos
resultados continuam sendo bastante positivos e os seus efeitos extremamente satisfatórios as partes, motivo pelo
qual os organizadores vêm melhorando a cada ano a forma de atendimento e a realização do evento.
Segundo o balanço apresentado pelo Comitê organizador do Movimento Nacional pela Conciliação, nas seis edições
ocorridas (2006 a 2011) foram realizadas um milhão e meio de audiências, atendendo a mais de três milhões de
cidadãos com processos tramitando em tribunais.
(...)
Dessa forma, percebe-se que a mudança do paradigma da litigiosidade vem sendo alcançado, conforme
anseia o Conselho Nacional de Justiça e a própria sociedade.
A despeito disso, José Roberto Neves também afirmou:

Nas faculdades de direito os alunos aprendem só a se defender, esquecem um pouco da conciliação, da


arbitragem, da mediação. Nós estamos mostrando esse outro lado, para que possamos ter mais paz social.
Por isso a Resolução 125 do CNJ (que instituiu a política nacional da conciliação) determinou o

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desenvolvimento de centros permanentes voltados para esse tipo de atendimento aos cidadãos. Assim a
população tem mais acesso ao Judiciário e mais interesse em conciliar.

No mesmo evento, a então Corregedora Nacional de Justiça, Ministra Eliana Calmon afirmou que, “Estamos
chegando à conclusão de que as alternativas de resolução de conflito são a solução para o Poder Judiciário, deixando-
se aquela tradicional. [...]. Das alternativas de solução de conflitos que possuímos, a conciliação é a que se apresenta
mais adequada”.
Por essa razão, Pinho (p. 4) entende “que as partes deveriam ter a obrigação de demonstrar ao Juízo que
tentaram de alguma forma, buscar a solução consensual para o conflito”. Ou seja, a conciliação deve ser regra
(tentada) antes de se pensar em movimentar a máquina judiciária, entendimento esse que comungamos.

QUESTIONÁRIO 01

Com base nas primeiras aulas e nos textos da Atividade 01 – Leitura Complementar do Caderno de Questões,
responda as questões abaixo:

01. Comente acerca da Autotutela (justiça com as próprias mãos), destacando se é permitida na legislação
brasileira.

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02. O Brasil destaca meios alternativos para a resolução de conflitos de interesse, tais como a Conciliação,
Mediação e Arbitragem. Sendo assim, trace um parâmetro diferenciador entre estes meios.

03. No que se refere a conciliação, esta poderá ocorrer apenas antes da instauração do processo ou também
poderá ocorrer durante?

04. Destaque a vantagem e a importância de se resolver o litígio através da conciliação.

05. No tocante a Justiça, o que vem a ser o seu conceito legal?

06. Na atualidade, qual acepção de justiça é aplicada, isto é, Absoluta ou Relativa? Comente o porquê.

07. Aponte os critérios formais e materiais para se atingir a justiça em seu contexto legal, conceituando-os.

08. Do que se trata a equidade?

09. Aponte as características do Direito, comentando-as brevemente.

10. O que se quer dizer ao afirmar que o Direito possui uma dimensão espaço-temporal e possui uma estrutura
formal sistematizada?

11. Qual será a diferença entre os Instrumentos de controle social (moral, religião e regras de trato social)
sobre o Direito? Comente.

12. O Direito brasileiro é adepto da common law ou civil law? Comente.

13. É possível o indivíduo se escusar das consequências de uma lei sob o argumento de não conhecê-la?
Comente.

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